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As Novas Tecnologias ea Formacdo dos Polos Tecnoldgicos Brasileiros José Adelino Medeiros Universidade de Sao Paulo e Instituto de Estudos 1 Avancados da AS NOVAS TECNOLOGIAS E A FORMACAO DOS P6LOS TECNOL6GICOS BRASILEIROS” José Adelino Medeiros Introducao, 1 Configurac&o dos pdlos tecnoldgicos, 4 Formag&o e consolidacdo, 6 Conclusées e recomendacdes, 16 Desdobramentos e limites, 24 geen Outubro - 1990 1. Introducso As relacBes entre as empresas e as instituicdes de ensino e pesquisa vém se tornando frequentes nos setores tecnologicamente mais dindmicos. A proximidade fisica entre os parceiros envolvidos no processo de inovacdo tecnoldgica facilita o intercambio formal e informal de idéias e pessoas. 05 pesquisadores podem continuar a manter os seus vinculos com a universidade e institutos de pesquisa, participam da criacdo de empresas ou se engajam em empresas ja existentes, que se deslocam para perto dos centros geradores de tecnologia. A academia, por sua vez, também se beneficia dessa proximidade com as empresas e incorpora sistematicas e parametros que norteiam o funcionamento do setor produtivo () Esta pesquisa foi desenvolvida com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnoldgico (CNPq), no ambito da cooperacéo entre o Instituto de Estudos Avancados (IEA) da Universidade de Sdo Paulo e o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). As opinides = aqui expressas #40 de responsabilidade exclusiva do autor. Um tipo especial de desenvolvimento tecnoldgico facilita esse esforgo cooperative, integrado e convergente entre as instituicdes de ensino e pesquisa e as empresas: as novas tecnologias. Essa expresso usualmente abrange as areas de informitica, eletrénica, mecanica de precisio, novos materiais, biotecnologia, auimica fina, aeroespacial e telecomunicacées. As novas tecnologias se consolidam, ganham forma e chegam ao usudrio final através de mecanismos de gestSo especificos, como o pdlo tecnoldgico, conceito detalhado a seguir Um pdlo tecnoldgico - ou pdlo cientifico-tecnoldgico Cexpressio mais representativa do fendmeno mas pouco utilizada) ~ 6 definido por um conjunto que possui quatro componentes 1. instituicdes de ensino e pesquisa que se especializaram em pelo menos uma das novas tecnologias; 2. aglomerado de empresas envolvidas nesses desenvolvimentos; 3. projetos de inovagio = tecnoldgica conjuntos (empresa~universidade), usualmente estimulados pelo governo dado o cardter estratégico das novas tecnologias (projetos chamados de mobilizadores); e 4. estrutura organizacional apropriada (mesmo informal) As empresas que fazem parte do pdlo tecnoldgico ~ as chamadas empresas de base tecnoldgica - possuem caracteristicas peculiares utilizam 0 conhecimento cientifico-tecnoldgico como seu principal insumo de produc&o; relacionam-se intensamente entre si e com a universidade ou instituto de pesquisa; e utilizam os recursos humanos, laboratérios e equipamentos pertentences as instituigées de ensino e pesquisa A estrutura organizacional que existe no pdlo tecnolégico (ou, abreviadamente, pdlo) ¢ usualmente representada por uma entidade coordenadora que, no Brasil, adquire a forma de fundacdo privada, sociedade civil ou empresa, a qual se encarrega de coletar e difundir as informacdes e facilitar o intercambio entre os parceiros envolvidos no processo de inovacio tecnoldgica, inclusive o governo. Em alguns casos essa entidade coordenadora também gerencia a utilizac&o de terrenos, prédios e instalagdes de uso individualizado (espaco ocupado por apenas uma empresa) ou compartilhado, Neste dltimo caso est&o as incubadoras de empresas, onde um prédio maior 6 subdividido em mddulos ocupados por empresas nascentes, com infra-estrutura de uso comum O pdlo tecnoldgico da forma @ interacio sistamatizada entre as instituicdes de ensino e pesquisa, de um lado, @ as empresas, de outro. 0 governo, em seus diversos niveis, ¢ 0 terceiro parceiro ‘nesse processo de inovacio tecnoldgica e estd sempre presente nos pdlos, pois existe uma relacao estreita entre as novas tecnologias e as dreas consideradas estratégicas pelos diversos paises. Além das implicacdes geopoliticas e militares das novas tecnologias existe, nos planejamentos governamentais, o objetivo de levar esses desenvolvimentos tecnoldgicos para os diversos setores da sociedade. Espera-se, dessa forma, que as novas tecnologias penetrem no tecido industrial do pais, dentro do espirito de modarnidade, t&o prestigiado nos dias atuais Essas aces ganham importancia nos paises em desenvolvimento, onde se constata uma distancia significativa entre o patamar tecnoldgico do pais e a fronteira mundial, pelo menos em algumas dreas. Apesar de nio ser recomenddvel a transposic&o “in totum" do mecanismo pélo tecnoldgico para os setores econémicos tradicionais (aqueles menos dinamicos do ponto de vista tecnoldgico), existem adaptacdes aceitdveis e mesmo necessdrias Alguns resultados da geste dos pélos tecnoldgicos podem ser aproveitados na vinculaco entre as instituicdes de ensino e@ pesquisa e as empresas tradicionais - nio enquadradas na classificacao “base tecnoldgica”. Neste caso a proximidade fisica com a academia no é crucial para a mencionada interacéo. Pode-se pensar em nucleos ou pdlos de modernizac&o tecnoldgica, constituidos por pessoas ligadas a essas inddstrias tradicionais (como alimentac&o e téxtil), que se capacitam a rastrear e a promover a modernizacdo tecnologica do setor que estio envolvidas. Assim esses agrupamentos se transformam em agentes do processo de inovacio e passam a atuar no interior de suas empresas Qs estudiosos da gest%o tecnoldgica tém dedicado atencSo especial a vinculacio entre o setor de pesquisas e as empresas. Os pdlos surgem nesse contexto e adauirem importancia porque permitem identificar mecanismos que facilitam e aceleramo processo de inovacéo tecnoldgica, especialmente a transferéncia de tecnologia dos centros geradores para o setor produtivo S%o analigados sete pdlos tecnoldgicos brasileiros, propée-se uma configuracéo para os mesmos e mostra-se como eles se formaram e consolidaram. Os pdlos surgiram dentro de condicées e limites precisos, decorrem de um processo de descentralizac’o e posterior concentrac3o, e representam o espaco onde as novas tecnologias se desenvolvem. Finalmente, discute-se a dindmica do desenvolvimento cientifico- tecnoldgico e apresentam-se algumas razées que permitiriam, aos setores econdmicos tradicionais, aproveitar resultados da vinculacdo universidade-empresa oriundos da gest’o das novas tecnologias 2. Configuracdo dos polos tecnoldgicos 0 termo “pélo tecnoldgico" tem sido utilizado em sentido amplo, © que prejudica a compreensio de seu verdadeiro significado e@ a identificacio dos resultados Acaba englobando iniciativas antigas e ja consolidadas, como aquelas existentes nas grandes metrdépoles. Nestes casos existe uma inegdvel capacitacio cient ifico-tecnoldgica materializada pelas instituicdes de ensino e pesquisa pioneiras no pais e pelo conjunto de empresas que se envolvem com as novas e “antigas” tecnologias. As cidades de S80 Paulo e Rio de Janeiro representam dois exemplos tipicas e@ a concentrac&o de recursos humanos, laboratérios e equipamentos, de um lado; e os novos produtos, processos e servicos, de outra, transformaram essas metrdpoles nos mais importantes “polos tecnoldgicos” do pais, quando se toma esta expressao no sentido amplo Existem ainda os casos onde © termo “pdla tecnoldgico” @ utilizado para representar realizacves genéricas, desprovidas dos pré-requisitos necessirios para a existéncia de um verdadeiro pélo. 4 fraca concentrac&o de atividades cientifico-tecnoldgicas; o tipo e o numero de empresas resultantes; e a estrutura organizacional adotada nao justificam a adocio do termo. Esto presentes apenas o modismo e as imitagdes que nio procedem e, portanto, desfiguram a iniciativa Os politicos de diversos paises se queixam que os polos tecnoldgicos locais” passam a fazer parte do pacote turistico que os prefeitos programam aos visitantes, com a intencSo de mostrar a suposta importincia da cidade nesse setor. Como realca Marcovitch (1987, p. 69), analisando a situacio da América Latina, os verdadeiros pdlos tecnoldgicos “basearam-se em esforcos consequentes e de longo prazo e nio apenas de sonhos e discursos”. Um agrupamento de empresas e instituicdes de pesquisa e ensino nio se transforma automat icamente num pdlo tecnoldgico. Essa ressalva é necessdria porque a fébre de pélos tecnoldgicos (na expressio de De Certaines, 1989) tem se alastrado por muitas cidades 45 observacdes anteriores foram necessdrias para justificar a configurac&o tipica dos pdlos tecnoldgicos que se pretende adotar. 05 pdlos usualmente surgem nas cidades médias ou, ainda, em determinados bairros nas grandes cidades. Resultam da concentracio espacial das instituicées de ensino e pesquisa e empresas envolvidas com as novas tecnologias; da maior pré-disposi¢io ao intercambio (facilitado pela proximidade fisica); e da utilizacio de procedimentos e estruturas organizacionais mais dgeis, destinadas a facilitar a transferéncia e a difusio de tecnologia. Nota-se que os pdlos ngo se criam por projeto ou decreto, mas decorrem de algumas pré-condicées existentes em determinado local. ¢ necessdrio, portanto, explicitar as formatacées dos pdlos tendo como base resultados concretos Podem ser adotadas trés formatacSes para os pdlos tecnoldgicos quando se considera o caso brasileiro. As duas primeiras sio aproximacées aceitdveis ou adaptacdes bem sucedidas do conceito discutido na literatura especializada. @ terceira formataco, conforme realca Dalton (1987), representa 0 caso mais completo de pdlo tecnoldgico 1. FORMATACAO “P6LO COM ESTRUTURA INFORMAL": As empresas e as instituigdes de ensino e pesquisa estio dispersas na cidade, mas existem acdes sistematizadas e@ projetos conjuntos que proporcionam alguma interacio entre esses agrupamentos, apesar da auséncia de uma estrutura organizacional formal, concebida para facilitar a vinculacio entre eles Eventualmente, existe uma incubadora para abrigar as empresas nascentes 2, FORMATACAO “PLO COM ESTRUTURA FORMAL”: As empresas e as instituig¢des de ensino e pesquisa esto dispersas na cidade, mas existe uma entidade coordenadora, formalmente constituida, encarregada de acelerar a criagio de empresi facilitar seu funcionamento, e promover a integracio entre os parceiros envolvidos no processo de inovacio tecnolégica. Eventualmente, existe uma incubadora para abrigar as empresas nascentes 3. FORMATACAO “PARQUE TECNOLGGICO”: As empresas est&o reunidas num mesmo local, dentro do campus da universidade, ao lado deste ou em drea proxima (distancia inferior a cinco km). Existe uma entidade coordenadora do pdlo, concebida para facilitar a integracdo universidade-empresa e para gerenciar o uso das facilidades existentes no pdlo. Estio disponiveis, para venda ou locacéo, terrenos e/ou prédios, os quais abrigam uma incubadora ou condominio de empresas A estrutura organizacional que coordena o pdlo deve decorrer do amadurecimento da vinculac3o entre os parceiros envolvidos no processo de inovagéo tecnoldgica, os quais 6 sentem a necessidade de desenvolver acdes cooperativas e convergentes. Caso contrdrio, essa entidade coordenadora transforma-se numa estrutura vazia, artificial e onerosa, fruto dos modismos que impregnam a gestSo tecnoldgica 0 governo, a nivel federal, estadual e municipal, pode estimular o surgimento das pré-condicées que, eventualmente, resultem na exist@ncia de um pdlo tecnoldgico. Pode, por exemplo, apoiar o surgimento de instituicées de ensino e pesquisa de exceléncia; proporcionar treinamento em gest%o tecnoldgica; facilitar o acesso a terrenos ou incubadoras; promover a reduc&o de impostos; e abrir linhas de capital de risco, Contudo os drgfos sgovernamentais nfo devem “fundar™ pélos ou criar estruturas para gerencid-los. Estas agdes sio privativas dos dois atores principais do desenvolvimento cientifico-tecnoldgico: instituicdes de ensino e pesquisa, de um lado, @ empresas, de outro. 0 governo, nesse cendrio, é um coadjuvante importante e, as vézes, imprescindivel, Mas deve agir na retaguarda, atuando de trés formas distintas colaborando no planejamento, no co-financiamento da iniciativa e na avaliacio dos resultados 0 pdlo tecnoldgico ¢ uma heranca direta de experiéncias americanas do Vale do Silicio (na Califérnia) ou da Estrada 128 (perto de Boston). Essas areas se transformaram em grandes centros industriais voltados para a eletrénica e, em especial, a informatica. No caso do Brasil, e demais paises tecnologicamente retardatdrios, essa tendéncia deve ser ehearada apenas came uma referéncia @ rr estudada. Como discutido em Medeiros, Torkomian e Perilo (1990), no processo de difusio dessa experiéncia o conceito se modificou e@ adquiriu caracteristicas distintas nos diferentes paises 3. £ i x Nenhum pdlo tecnoldgico brasileiro adotou a configuracio “parque tecnoldgico", citada anteriormente Existem planejamentos @ mesmo algumas construcdes em andamento que tentam reproduzir, no Brasil, as condicdes existentes no parque tecnoldgico, como previsto pela literatura especializada. Presentemente, contudo, os sete casos analisados enquadram-se nas outras duas configuracdes de pdlo tecnoldgico discutidas na sec&o anterior. Existem ainda outras iniciativas, n&o discutidas neste texto, que jd pretendem nascer como parque tecnoldgico, aproveitando a infra-estrutura cientifico-tecnoldgica existente no local. Trés casos estSo nessa situacéo e as obras jd estio em andamento: o Parque de Tecnologia do Rio de Janeiro (BIO-RIO), o Parque Tecnoldgico de Jacarepagud no Rio de Janeiro (RIOTEC) eo Distrito Industrial de Alta Tecnologia (DIALTEC) de Manaus. Estes dois ltimos representam aproximacées do conceito de parque tecnoldgico. Descrevem-se, a seguir, os casas. que jad apresentaram resultados concretos. Isto constatou a criacdo de novas empresas ou a atracio, para perto das instituicées de ensino e pesquisa, de empresas jd existentes, ou de suas divisdes ou, ainda, de pequenas empresas formadas a partir de outras empresas ja constituidas. Os casos discutidos representam todos os pélos tecnoldgicos brasileiros, se for adotada a configuracéo discutida neste artigo Aldm de utilizar relatérios @ descricdes relativas a cada caso, o autor visitou todos os pdlos analisados e obteve as informacdes “in loco” utilizando trés questiondrios, aplicados as instituicdes de ensino e pesquisa, a5 empresas e a coordenacfo formal do pdlo - ou pessoas que, informalmente, realizam a coordenacdéo. Detalhes adicionais dos casos discutidos estio em Medeiros (1990), Medeiros et alli (1990), De Marchi (1990), Medeiros, Torkomian e Perilo (1990), Droulers (1989) e Pereira et alli «1988 Levando em considerac&o configuracio dos pdlos antes descrita, trés casos enquadram-se na classificacio “pdlos tecnoldgicos com estrutura informal”: S&o José dos Campos, Campinas e Santa Rita do Sapucai; e quatro iniciativas representam os “pélos com estrutura formal": Curitiba, Campina Grande, Floriandpolis e Sio Carlos. P6LO TECNOLSGICO DE SAO JOSE DOS CAMPOS S. José dos Campos tem cerca de 400 mil habitantes, dista 90 km da capital do estado de S. Paulo e situa-se as margens da rodovia que liga o Rio de Janeiro a S%o Paulo, na regiio sudeste, a mais desenvolvida do pais em termos econémicos e industriais. Além de diversas faculdades e escolas técnicas, a cidade conta com dois importantes centros de ensino e pesquisa, responsdveis pela constituicado do pélo tecnoldgico: o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), instituigio militar | subordinada ao ‘Ministério da Aerondutica, e o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), ligado a Secretaria da Ciéncia e Tecnologia 0 parque industrial da cidade, em termos esquematicos, 6 composto de empresas dos setores tradicionais, empresas multinacionais intensivas em tecnologia (por exemplo a Johnson & Johnson, Kodak e Monsanto), e empresas nacionais de base tecnoldgica, que atuam nos setores aeroespacial, i . Estas 8&0 responsdveis pela ocupacio de cerca de um terco da mio-de~ obra do municipio e mantém um intenso relacionamento com o CTA e INPE. Criadas na década de 60, trés empresas se destacam: a Empresa Brasileira de Aerondutica (Embraer), a @vibras Aercespacial e a Tecnasa. Nos anos 60 surgiram outras empresas que, embora relativamente menores, tem excelente desempenho e atestam a vitalidade do pdlo 0 inicio da formacio do pdlo de S. José dos Campos ocorreu em 1950, época em que se instalou na cidade o Instituto Tecnoldgico de Aerondutica (ITA), o primeiro dos institutos do CTA. 0 ITA possuia uma concep¢%o inovadora de ensino superior, que rompeu coma tradicSo universitdria vigente na época. 0 ensino e a pesquisa, desde o inicio, eram atividades integradas ao setor produtivo. Os outros institutos da cidade, criados posteriormente, mantiveram esse espirito e os resultados foram muito significativos. 0 projeto da aeronave Bandeirante, por exemplo, foi elaborado no CTA, Posteriormente a equipe responsdvel pelo seu desenvolvimento formou a Embraer, que atualmente exporta para 47 paises e conta com 12 mil funciondrios. O INPE, outra instituicéo de porte na cidade, foi criado em 1961, e é o principal organismo civil brasileiro voltado para a realizacio de atividades espaciais. @ partir de 1980 o INPE impulsionou dois programas de desenvolvimento e fabricacéo de satélites e do segmento solo associado. Atualmente estes programas absorvem =u parcela significativa dos esforcos da instituicio e ja se fazem sentir seus impactos na sociedade e na criacSo de empresas Virios fatores levaram & constituicio do pdlo tecnoldgico em andlise. 0 governo federal desempenhou um papel central e, por se tratar de drea prioritdria e sensivel do ponto de vista estratégico, os financiamentos foram significativos, inclusive através do poder de compra do Estado. Quanto aos mecanismos que proporcionaram a criagdo de empresas, os pesquisadores das instituicées citadas detectaram um nicho de mercado e decidiram aproveité-lo, criando suas empresas. 0 INPE e, especialmente o CTA, incentivaram fortemente este tipo de procedimento. 0 outro mecanismo acionado foi a transferéncia de pesquidores para o setor produtivo e a criacio de novas empresas Existem ainda as empresas formadas para serem fornecedoras do mercado aeroespacial; as industrias que resultaram de empresas jd constituidas; as subsididrias de empresas existentes em outras cidades, que se envolveram com a especialidade do pélo; e as empresas que so criadas por estimulo direto dos institutos de pesquisa, como € o caso da Composite e Engespaco. Embora nfo adotando a terminologia de pdlo tecnoldgico, formou-se em S. J. dos Campos um dos mais importantes pdlos brasileiros, no sentido hoje atribuido a esse termo. 0 governo no poupou recursos e esforcos no estimulo as dreas a consideradas politica e militarmente estratégicas. Também merecem destaque a capacidade técnica, a habilidade administrativa e a visio das pessoas envolvidas nesse empreendimento. Assim, foi possivel formar recursos humanos altamente capacitados e desenvolver pesquisas que desembocassem nas industrias © P6LO TECNOLSGICO DE CAMPINAS Campinas possui cerca de 1 milh&o de habitantes e dista 100 km da capital do estado de $. Paulo. Suas principais industrias concentram-se no setor mecanico, metalurgico, eletro-eletrénico, transporte, madeira, mobilidrio etc. A importancia da cidade no cendrio cientifico-tecnoldgico do pais é antiga: possui instituicées de pesquisa de relevancia no setor agricola e algumas delas sio centendrias. Desde 1941 abriga instituicdes de ensino superior e, atualmente, destacam-se duas universidades. A Universidade Catdlica, que tem 19 mil alunos e 39 cursos, sendo 3 de pds-graduacao. E a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), cuja construcio foi iniciada em 1966, e se tornou um marco no panorama nacional, quando se considera o desenvolvimento das novas tecnologias Essa instituig#o, ligada ao governo do estado de § Paulo, hoje estd incluida na lista das melhores universidades do pais. Possui cerca de 12 mil alunos, dos quais quase 5 mil s&o mestrandos ou doutorandos. Dos 75 cursos da universidade, 45 sio de pds-graduacdo, o que demonstra a énfase dada a atividade de pesquisa. A postura dos dirigentes e professores da UNICAMP permitiu romper com a rigidez e 0 peso do sistema universitdrio brasileiro. E, contrariamente @ tradig&o brasileira, onde as universidades resultaram da reuniao de faculdades, a UNICAMP surgiu como um projeto pensado e organico. Essa universidade seguiu métodos semelhantes aqueles adotados pelo Instituto Tecnoldgico da ferondutica (citado neste texto). Além da concentracio de talentos em dreas tecnoldgicas, criou-se uma intensa relagio com o exterior e uma produtiva intera¢ao com as empresas, encaradas como consequéncia natural e necessdria das atividades da universidade nos segmentos tecnoldgicos. Houve uma concentragao de esforcos na formacéo de recursos humanos de alto nivel, obtiveram-se financiamentos para a montagem de laboratdrios sofisticados @ atrairam-se professores e@ pesquisadores de diversas localidades, do Brasil e do exterior A UNICAHP passou a desempenhar o papel de “Ancora” do pélo tecnoldgica de Campinas e progressivamente foram sendo reunidas as condicées para atrair outras instituicées para a cidade. Em 1980 foi inaugurado o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (CPD) da Telebrds-Telecomunicagées Brasileiras S. A., o qual atualmente reune 2 mil pessoas. Em 1984 comegou a funcionar o Centro Tecnoldgico para a Informatica (CTI) e, mais recentemente, estd sendo implantado o Laboratério Nacional de Luz Sincroton (LNLS) Essas instituicées est%o ligadas @ principal voca¢o do pdlo que ¢ o triangulo fisica-telecomunicacGes~informitica. Diversas empresas surgiram na cidade nos setores mencionados. Por limitacio de espaco sio citadas apenas duas; @BC-X-Tal (no ramo de fibras dticas) e Elebra (na drea de informatica) Um exemplo tipico da vinculagio da universidade com o setor produtivo é a Companhia de Desenvolvimento Tecnoldgico (CODETEC), criada em 1976. & uma empresa dedicada a adaptacio de tecnologias, prestacio de servicos tecnoldgicos e industrializacéo pioneira. De 1978 a 1985 a CODETEC Funcionou como promotora da criacio de cinco empresas de base tecnoldgica. Posteriormente, depois de passar por uma crise, especializou-se na drea de quimica fina e hoje possui convénios com agéncias governamentais de fomento Como apoio da prefeitura e das empresas da regiéo, os professores da UNICAMP estSo definindo uma drea para abrigar as empresas de base tecnoldgica, nos moldes de um parque tecnoldgico. As obras de infra-estrutura est%o praticamente concluidas e o terreno escolhido situa-se ao lado de uma das instituigdes de pesquisa. Muitas empresas dispersas na cidade manifestaram interesse em se relocalizar nessa drea © pionerismo da UNICAHP, quando se considera a abordagem pélos tecnoldgicos, fica evidente desde a década de 70. Pode-se dizer que, sem essa terminologia, a cidade soube antecipar uma tend@ncia que sé ficou mais nitida nos anos 0, mesmo em paises tecnologicamente mais avancados PéLO TECNOLSGICO DE SANTA RITA DO SAPUCAL §. Rita do Sapucai ¢ uma pequena cidade, situada ao sul de Minas Gerais, perto da divisa dos estados de S. Paulo e Rio de Janeiro. Tem cerca de 40 mil habitantes e sua vocacéo encontra-se no setor agropecudrio. Em 1959, por motivos acidentais e contrariando o tipo de atividade econdémica da regido, foi fundada a Escola Técnica de Eletrénica (ETE), de segundo grau, a qual contou com o apoio decisivo de forcas politicas da regido. Essa escola hoje possui 500 alunos de varios estados e de diferentes paises. Em 1965, foi criado o Instituto Nacional de Telecomunicagdes (INATEL), uma escola superior que contou com o suporte da escola técnica e tem, atualmente, 850 alunos @ prefeitura municipal forneceu algumas condicdes adicionais que eermitiram o surgimento de empresas e a constituicéo de um pdlo tecnoldgico. Desempenhou papel central no pdlo, funcionando como elemento catalisador que impulsionou 0 empreendimento. Financiou, por exemplo, o aluguel dos imdveis onde as empresas se localizavam e intercedeu junto ao governo do estado para que as empresas obtivessem financiamentos e adiamento no pagamento de alguns impostos. 0 objetivo era fixar na cidade parte dos alunos que se formavam nas duas escolas existentes em Santa Rita do Sapucai. Houve ainda um relacionamento intenso entre as instituicées de ensino e os alunos que constituiam suas empresas. O acesso aos laboratérios das escolas era facilitado e estavam a disposicZo dos novos empresdrios sem burocracia e demais formalidades Embora niio possua densidade de pesquisas e realce no setor de eletrénica e telecomunicacées, a cidade soube encontrar seu nicho de mercado e criar condicées para a existéncia de uma verdadeira sinergia entre as empresas, o poder piblico e as instituicdes de ensino. Nestes ultimos anos surgiram, em Santa Rita do Sapucai, cerca de SO empresas, sendo 40 na area de eletrénica e telecomunicacdes Retransmissores de TV, receptores de satélites, equipamentos eletrénicos para laboratérios de andlises clinicas e centrais telefénicas so alguns dos produtos desenvolvidos. Atualmente, jd existe na cidade uma area disponivel para a construcdéo de um distrito industrial destinado as empresas de base tecnoldgica. @ associac&o industrial local também colabora e proporciona assisténcia legal, contdbil e bancdria aos novos empresdrias. 0 pdlo tecnoldgico em andlise apresenta caracteristicas que o transformam num caso nico, pois todos os outros tiveram lugar em cidades médias ou grandes e@ o volume de pesquisas existente nessas cidades é significativo, o que nao ocorre em Santa Rita do Sapucai P6LO TECNOLSGICO DE CURITIBA Curitiba posssui cerca de 1,3 milhdo de habitantes, trés universidades e instituicées tipicas de uma capital de estado (Banco de Desenvolvimento, Federacéo de Industrias, Associacées de Classe, Instituto de Pesquisas etc). Nas duas dltimas décadas o estado se projetou no setor industrial e de servicos, além de manter sua vocacéo agricola. Em 1984 um grupo de empresdrios da drea de informatica estava preacupado com o afastamento do Parand desse setor e estimulou a criacio do CITPAR (Centro de Integracdo de Tecnologia do Parand), na forma de sociedade civil sem fins lucrativos. Trata~se de uma entidade de ambito estadual, com @2 sécios, entre eles: associacées patronais, banco de desenvolvolvimento, empresa do ramo jornalistico, e a Federacdo de Industrias do Estado do Parana, que cede espaco fisico para funcionamento do drgi Qs objetivos do CITPAR sie: desenvolver, integrar, Promover, coordenar e incentivar acées e esforcos relacionados ao desenvolvimento tecnoldgico e a criagao de empresas de base tecnoldgica. Mais de dez empresas surgiram a partir dessas propostas, tornando evidente o papel do Grgio na intermediacio entre os centros geradores de tecnologia e aqueles encarregados de inserir os desenvolvimentos tecnoldgicos no setor produtivo. QO CITPAR mantém intenso relacionamento com outros paises, utiliza recursos governamentais e de seus associados e encarrega-se do trabalho de “ponte”. Efetuou o cadastramento das instituicées ligadas &s atividades de P&D no estado e estimulou a criacéo de centros encarregados de formar, no curto prazo, m&o-de-obra especializada nas areas de informitica, automac&o industrial e telemitica. A forma de funcionamento do CITPAR e seus objetivos coincidem com as recomendacées da entidade coordenadora de um pdlo tecnoldgico, ja discutida neste texto. 0 CITPAR enfatiza a participacio majoritaria do setor privado e, como previsto em seu nome, efetua a integrac¢do entre a academia e as empresas Um dos resultados do CITPAR foi a incubacdo de empresas nas dependéncias de uma escola técnica, o Centro Federal de Educac&o Técnica do Parana (CEFET), na drea de automacio industrial, projeto que contou com o apoio da Universidade Catélica. Um projeto mais recente estd centrado numa das unidades do Instituto de Tecnologia do Parand (TECPAR), drgio pertencente ao governo do estado. Pessoas ligadas ao CITPAR transferiram-se para o TECPAR e implantaram uma incubadora de empresas, aproveitando instalacdes jad existentes - resultantes de um projeto cooperativo entre o Brasil ¢ 0 Japio - que n&o estavam plenamente ocupadas. P6LO TECNOLSGICO DE CAMPINA GRANDE Campina Grande situa-se na regido Nordeste, tem cerca de 300 mil habitantes, ¢ a segunda maior cidade do estado da Paraiba e localiza-se no interior, a cerca de 120 km do litoral. As atividades econémicas da cidade sio: metalurgia, mec&nica, téxtil, construg&o civil, alimentos e, mais recentemente, eletrénica e telecomunicacdes. Possui dois campi universitdrios, escolas técnicas e abriga a sede da Federacio de Industrias do estado. As dreas mais desenvolvidas da Universidade Federal da Paraiba (UFPb) em Campina Grande sio: eletro-eletrénica, 43 informatica e telecomunicacSes. Nessa cidade a UFPb tem cerca de 4.500 alunos de graduac&o, 300 de pds-sraduacio e 760 professores. Trata-se de uma instituicio de bom nivel - compardvel a outras existentes no sul do pais - com intensa colaboracéo internacional e um numero significativo de professores com formacio no exterior. Gracas ao espirito empreendedor de dirigentes @ professores da UFPb, foi possivel gerar uma base tecnoldgica que estimulou a criacio de empresas Em 1984 constituiu~se na cidade uma fundacgio privada como objetivo de ampliar os resultados que ja se faziam sentir, como algumas empresas que surgiram da UFPb. Essa fundagio foi criada pelo governo federal mas diversas entidades pertencentes ao governo do estado e ao setor privado também se agregaram iniciativa., Atualmente 17 empresas vinculam-se a fundacdo, sendo 14 do setor eletrénico e informatica Além dos esforcos relacionados com as empresas de base tecnoldgica, a fundacdo esta tentando uma aproximacdo com as empresas tradicionais, que ainda desconhecem os beneficios da articulacdo com a universidade. Com o envolvimento do governo municipal, a intencio ¢ desenvolver esforcos que permitam interferir nas dreas téxtil, confeccées, couros e minérios, reunindo 0% sindicatos patronais para detectar onde esto os estrangulamentos. S80 acées que visam o rejuvenescimento da industria tradicional mas ainda estio embriondrias. Se wmaterializadas elas representariam uma ampliacdo dos objetivos do pdlo, e estimulariam a criagéo de nucleas ou pdlos de modernizacao tecnoldgica, como discutido neste artigo A vocagio atual do pélo em andlise ¢ o setor eletro- eletrénico. A fundacéo antes mencionada desempenhou um papel vital na consolidacéo do mesmo e, além de estimular a criac¢io de empresas a partir da universidade, jd incubou algumas empresas, dividindo o espaco que seu corpo administrativo utiliza e oferecendo infra-estrutura como servicos compartilhados de computac&o grdfica. Existe ainda © projeto, ja aprovado pelos organismos governamentais, que visa a construc&o de uma incubadora de empresas e um parque tecnoldgico PéLO TECNOLSGICO DE FLORTANGPOLIS Floriandpolis possui cerca de 250 mil habitantes e tem no turismo sua principal atividade econémica. A cidade possui instituigdes de ensino e pesquisa importantes: a Universidade Federal (UFSC), a Fundac&o de Ensino de Engenharia e a Universidade Estadual. Como a atividade industrial era incipiente, houve o esforco em melhorar o patamar industrial local, direcionando —_incentivos principalmente para as areas de informatica, mecdnica de precisio e eletrénica. Em 1984 foi criada uma fundacao privada com a nome de Centro Regional de Tecnologia de Informatica (CERTI). Participaram de sua instituico ou patrocinio mais de 30 membros, entre entidades pertencentes aos governos federal e estadual, empresas, bancos e a UFSC Os trabalhos do CERTI sio realizados em estreita colaboracio com a UFSC ¢ as principais linkhas de atuaciko referem-se & instrumentacio de precisio através da optoeletrénica, automacio de medicio e sistemas de producto computadorizadas (robdtica industrial). 0 CERTI localiza-se no campus da UFSC, dentro do Laboratdério de Metrologia e Automac&o. Além de possuir equipamentos prdprios, também usa os laboratérios da universidade, com o compromisso de fazer a manutengao O CERTI mantém, desde 1987, uma incubadora que dista cerca de 4 km da universidade e, atualmente, abriga 11 empresas. Os custos de manutencdo e prestacio de servicos feitos pela incubadora so repassados para as empresas, as quais t@m prazo definido para permanéncia no local. O preco do aluguel ¢ crescente, em funcdo do periodo que a empresa ali permanece Além de incubar empresas, o CERTI desenvolve também novos pradutos até a fase de protétipo. Ocupa~se ainda de projetos pioneiros em conjunto com as empresas. Presta servicos, realiza pesquisas - como o desenvolvimento de pacotes de software - e forma recursos humanos, entre outras atividades. 0 or¢amento do CERTI é composto de contribuicées das instituicdes membros, da prestacéo de servicos, da realizac¢ao de pesquisas para as industrias e de projetos financiados pelas agéncias governamentais. 0 pdlo tecnoldgico de Floriandpolis possui, além do CERTI, outras instituigdes que facilitam o trabalho cooperative entre os parceiros do processo de inovacéo tecnoldgica, como a Associagio Catarinense de Telematica e Eletrénica (ACATE), que ¢ um condominio de empresas. As instituicées que fazem parte do pdlo de Floriandpolis, especialmente o CERTI, esto engajadas no planejamento de um parque tecnoldgico, com terrenos que sero vendidos as empresas e a oferta de servigos compartilhados. No desenvolvimento do pdélo em andlise deve-se sublinhar a efetiva participacio das instituicées de ensino e pesquisa e empresas as quais tem se envolvido em projetos e agdes que possibilitam a transferéncia de tecnologia 14 © PoLO TECNOL6GICO DE S&O CARLOS Sio Carlos situa-se no centro geogrdfico do estado de S. Paulo, dista 230 km da capital e possui cerca de 230 mil habitantes, Sua economia é diversificada, com um parque industrial tradicional produzindo papel, lapis, conservas alimenticias, tapetes e roupas, entre outros produtos. Em 1953 comecaram a funcionar na cidade os cursos de engenharia civil e mecanica da Escola de Engenharia de S. Carlos, uma das unidades da Universidade de §. Paulo (USP), cujo campus principal fica na cidade de S. Paulo. Em 1972 foi criado o campus da USP em S. Carlos com trés unidades: a Escola de Engenharia, © Instituto de Ciéncias Matematicas, e o Insituto de Fisica e Quimica, Existem atualmente, nessa instituicio, 465 professores (200 com doutoramento) e 2.600 alunos (cerca de 1.000 nos cursos de pds-graduacdo). Outra importante instituic&o é a Universidade Federal de S. Carlos (UFSCAR), que comegou a funcionar em 1970 e possui trés centros: Ciéncia e Tecnologia, Educacéo e Ciéncias Humanas e Ciéncias Bioldgicas e da Saude. A UFSCAR conta com 460 professores (220 com doutoramento) e 2.900 alunos (500 nos cursos de pés~graduacdo). A existéncia das duas universidades e a énfase as pesquisas de contetido tecnoldgico foram as pré-condicdes necessdrias para o surgimento do pélo em S. Carlos. 0 mesmo, contudo, sé ganhou for¢a quando a capacitacéo, lideranca e agressividade de alguns cientistas-empreendedores foram colocadas a servico da criacéo de empresas, as quais se encarregaram de transformar as pesquisas em produtos Gradativamente, foi possivel contornar as resisténcias da universidade e mudar a mentalidade dos pesquisadores e das agéncias governamentais de fomento. 8. Carlos possui atualmente cerca de 5O empresas de base tecnoldgica, a maioria micro-empresas. Grande parte delas surgiu a tir de 1983 nos ramos de: polimeros, novos materiais, dptica, mecinica de precisdo, instrumentacdo, automacdo e informatica. Um fator adicional, que permitiu acelerar a consolidagao do pdlo, foi o estimulo dado pelo governo federal em 1984, instituindo uma fundacdo privada nos moldes da entidade coordenadora do pdlo tecnoldgico, discutida neste artigo. Participam dessa fundacio o centro de indistrias de S$ Carlos, as instituicies de ensino e pesquisa e a prefeitura do municipio. Apesar dos recursos do governo federal terem sido reduzidos, essa entidade coordenadora foi importante porque permitiu que as atividades que estavam surgindo em S$. Carlos tivessem uma maior integrag&o e visibilidade A mencionada fundagio tem atualmente instalacées proprias mas, até recentemente, ocupava uma casa alugada Colabora na gest%o do pdloe apoia as empresas de base tecnoldgica, novas ou jd existentes. Dentre as atividades da Fundagio destacam-se: incubagio de empresas nascentes; “empréstimo” do endereco da fundacdo e de sua infra~ estrutura administrativa (telefone, telex, fax, servico de veprodugdo etc); assessoria gerencial; criagdo de um consércio de software para fortalecer as empresas de informatica; organizac&o de cursos e feiras; e intermediacgio entre as empresas e = entidades governamentais e internacionais Desde 1986 §. Carlos também possui instalacées destinadas a incubacio de oito empresas. Esse prédio foi construido pelo governo do estado em colaboragio com a prefeitura do municipio. Trata-se de uma iniciativa importante, mas com problemas de gestio e dificuldades de entrosamento com a funda¢do mencionada anteriormente As empresas de base tecnoldgica existentes em 8. Carlos estGo dispersas na cidade e n’o houve um planejamento que orientasse sua localizacio. Contudo, com o apoio da fundagio, ja foi definida uma extensa area (cedida pela prefeitura municipal) destinada a abrigar as empresas. Esta prevista a venda de lotes de diversos tamanhos para que as empresas possam dimensionar sua implantacéo e crescimento. A fundacio também esta estimulando a criagio de uma escola dirigida a formac&o de m&o-de-obra técnica para atender as necessidades das empresas. Essas agées mostram que o pdlo astdé se consolidando @ aproximando-se da formatacdo parque tecnoldgico 4, ConclusGes e recomendacSes Os sete casos anteriormente apresentados mostram que os pélos tecnolégicos decorrem do estimulo da comunidade cientifica e do governo as novas tecnologias e, principalmente, do interesse dos empreendedores por esse novo segmento industrial. Antes de se alertar para os desdobramentos e limites dos mencionados pdlos - o que sera feito na dltima secio ~ é oportuno especificar as conclusées e recomendacées deste trabalho e as principais acées que so propostas por aqueles que est&o envolvidos no tema Diversos trabalhos serviram de base para a presente reflexdo e merecem destaque Macedo et alli (1988), Medeiros, Mattedi e De Marchi (1989) e ANPROTEC (1990). 0 autor deste artigo participou desses trés estudos @ das discussées e grupos de trabalho relativos ao assunto. 0 presente texto foi concebido para dar forma & experiéncia acumulada e, principalmente, para aprofundar as reflexées sobre o tema Partindo de uma andlise comportamental da vinculacdo entre o setor de ensino e pesquisas e as empresas, este trabalho procura fornecer elementos que facilitem o entendimento do fendmeno e suas implicagdes, aldm de subsidiar a definiciéo de uma politica de inovacio tecnoldgica que leve em conta o perfil desejado para a universidade brasileira e considere o leque de prioridades que um pais tecnologicamente retardatario possui. Nesta secio efetua-se uma sintese das conclusdes e recomendacées que podem ser extraidas das idéias discutidas neste texto. 0 principal objetivo dos pdlos tecnoldgicos ¢ agregar as acdes dos parceiros envolvidos no processo de inovacio tecnoldgica e, consequentemente, facilitar e acelerar o surgimento de produtos, processos e servigos onde a tecnologia possui o “status” de principa insumo de producio. A partir dessa visio ampla, ¢ possivel delinear cinco obietivos especificos que devem nortear as aces da entidade coordenadora do e610 1. Promover a cria¢io e/ou consolidacio das empresas de base tecnoldgica; 2. Estimular a construcéo de incubadoras (e infra~ estrutura correspondente) para abrigar, temporariamente, as empresas nascentes. Definir ainda terrenos onde as empresas possam construir sua sede definitiva @ possibilitar o uso compartilhado de espacos e equipamentos comuns; 3. Fornecer = suporte —gerencial, recorrendo a consultoria e cursos nas dreas de gestdo tecnoldgica e gestdo empresarial. Este treinamento ¢ destinado as empresas e setor académico; 4. Facilitar a interacio = sistemética entre as empresas e instituicées de ensino e pesquisa, Possibilitando o uso, pelas empresas, de recursos humanos, equipamentos e laboratérios das universidades e institutos de pesquisa, promovendo o uso compartilhado por diversas empresas; e 5. Viabilizar o envolvimento de instituicdes financeiras (as quais devem dispor de capital de visco) e governamentais, enfatizando a participacio dos governos federal, estadual e municipal Para atender os objetivos mencionados a entidade que se encarrega de coordenar os pélos tecnoldgicos deve se balizar pelas cinco _pré-condicées ou _reauisitos a seguir especificados: 1. Existéncia de pesquisas aptas a serem transformadas em inovagdes tecnoldgicas e pessoas instituicdes habilitadas a viabilizar essa transformacio; @. Empreendedores e —liderancas locais que identifiquem a voca¢io e especializacio do pélo e possam “personificar” os projetos que concretizam o surgimento das inovagdes; 3, Linhas de financiamento apropriadas (que levem em conta as especificidades das empresas envolvidas com as novas tecnologias); 4. Identificagio dos principais pardmetros da comunidade cientifico-tecnoldgica e empresarial, enfatizando-se 0 papel determinante do mercado eo uso do poder de compra governamental; 5. A atuacio das instituicdes governamentais no processo de inovacdo tecnoldgica deve ser na retaguarda do empreendimento e em complementacdo as actes das empresas e instituicies de ensino e pesquisa. Tal postura desestimula o surgimento de projetos artificiais, nao sintonizados com as necessidades locais Qs pdlos brasileiros apresentam uma significativa diversidade na concep¢io e desempenho. Usualmente ocorrem vultosos investimentos governamentais que enfatizam as novas tecnologias, identificadas com as reas chamadas de estratégicas. Esses recursos sio canalizados para a formacio de recursos humanos, compra de equipamentos e montagem de laboratérios. Séo investimentos que resultam na criacao de massa critica de alto nivel, responsdvel pela geracdo de produtos de significativo contetido tecnoldgico, alguns deles internacionalmente competitivos. Na maioria dos casos estudados nota-se a existéncia de intermedidrios que conectam os esforgos dos que geram tecnologia e aqueles que a utilizam na obtencio das inovagées tecnoldgicas. Esses intermedidrios atuam na interface pesquisa-producao, Promovendo 0 trabalho cooperative, iste 6, envolvendo nos projetos as instiuicées académicas e as empresas e, usualmente, buscando o respaldo do governo dadas as especificidades nas novas tecnologias num pais tecnologicamente retardatdrio, S80 enfatizadas as acées relacionadas a identificacéo de fontes de Financiamento @ apoio técnico externo, inclusive parceiros de outros paises Quanto @ estruturacdo dos pdlos pode-se concluir que ngo ¢ conveniente a utilizagéo de uma estrutura 1g organizacional definida a priori. Acredita-se que os pdlos mais eficientes sdo aqueles que decorrem do amadurecimento das acées dos parceiros envolvidos no processo de inovacdo Pode-se, portanto, extrair uma importante licio desse procedimento: o verdadeiro pdlo surge depois que as liderancas locais sentiram a necessidade de estruturar suas acées Em decorréncia, deve-se refutar duas posicdes extremas quando se estuda os pdlos tecnoldgicos. De um lado existem oS que argumentam que cada iniciativa possui condicdes Peculiares e, segundo esta perspectiva, nio ¢ possivel estabelecer comportamentos comuns. De outro lado existem os que defendem uma formatagio unica e padronizada para os pdlos e, consequentemente, diretrizes e etapas que devem ser atendidas por todos os casos. Essas posicdes extremas sido inapropriadas e, entendendo-se as razdes e peculariedades de cada caso, ¢ possivel identificar alguns comportamentos tipicos e agrupar os pdlos que apresentam tracos comuns. Por mais inédita que seja uma iniciativa, sempre ¢ possivel especificar algumas diretrizes e motivacdes que farao parte de modelos aproximativos que podem balizar a inicitiva que se pretende estimular. N&o analisando por enquanto as empresas tradicionais - aquelas n3o envolvidas com as novas tecnologias - deve-se admitir que a insercio do pais no conjunto de nagdes que estimula os novos desenvolvimentos cientifico-tecnoldgicos néo ¢ um processo natural ou espontaneo. Torna-se nece explicitar estruturas organizacionais que porporcionem um melhor aproveitamento dos investimentos em ciéncia e tecnologia, os quais no Brasil est%o basicamente a cargo do Estado e ainda ¢ débil a particiaco da iniciativa privada, tendéncia que a politica industrial editada em junho de 1990 estd tentando reverter No Brasil, apesar de alguns itos isolados, ainda existem dificuldades no entrosamento entre os trés integrantes do processo de inovacdo tecnoldgica. As empresas, 0 governo e as instituicdes de ensino e pesquisa, cada um deles, preocupa-se em excesso com seus valores e sua légica e descuida em excesso da perspectiva dos demais parceiros. Adotam comportamentos individualizados e acabam por se isolar. Os esforcos devem ser no sentido de se buscar uma maior compreenss3o reciproca, cada um mantendo suas especificidades mas entendendo os objetivos dos demais Agrava esse quadro a postura do governo, que ainda tem dificuldade em adaptar, para a drea tecnoldgica, seus mecanismos de fomento @ financiamento, Tais sistematicas ainda esto impregnadas por parametros validos somente para o setor cientifico, cuja comunidade soube consolidar sua atuacdo. Os pesquisadores envolvidos no desenvolvimento tecnoldgico, no Brasil, ainda no possuem suficiente tradi¢%o nem procedimentos plenamente aceitos pelas agéncias governamentais de fomento e fFinanciamento e comunidade cient ifico-tecnoldgica. 0 pélo tecnoldgico, desde os anos 60, ¢ um fendmeno que ocorre em diversos paises eo Brasil tem aproveitado a experi@ncia internacional, através da andlise de exemplos bem @ mal sucedidos. Contudo, deve-se rejeitar a postura mecanicista no estudo dos pdlos tecnoldgicos. Existem aqueles que, erroneamente, encaram o pdlo de forma evolutiva. Segundo esta perspectiva a iniciativa em andlise necessariamente deveria seguir uma trajetéria dividida em trés fases distintas, descritas a seguir No inicio o pélo possuiria uma estruturacdo informal Posteriormente, numa segunda fase, seria “fundada” uma entidade que seria responsdvel pela estruturacdo formal da iniciativa. Finalmente, na fase trés, seria definida uma drea para "abrigar” o parque tecnoldgico (uma das formatacées do pdlo). Deve-se admitir que existem casos que seguem essa sequéncia e aqueles que adotam alternativas diferentes e tal conduta nio reduz a importancia das diversas iniciativas. Um caso extremo é a existéncia de cidades que jd nascem como parques tecnoldgicos como ocorreu em Sophia Antipolis na Franca ou as tecnépolis japonesas Séo exemplos que devem ser estudados mas, ao mesmo tempo, deve-se considerar as condigées especificas de cada iniciativa e evitar transposicées prematuras, as imitagdes e os modismos. Os pélos devem levar em conta a situacdo do local onde as inovacdes tecnoldgicas florescem. N&o faz sentido “chegar” a modelos completos, os quais foram usualmente concebidos para resolver problemas que, nao necessariamente, so aqueles que retratam a diversidade da situacéo brasileira Os estudionas dos pdlos tecnoldgicos devem enfatizar a definicéo de projetos préprios e, quando for o caso, selecionar, com rigor, alguns procedimentos oriundos da experiéncia internacional. Somente assim pode-se reduzir o numero de programas que apenas sobrevivem enquanto existem recursos governamentais a fundo perdido. Reduz~se portanto o nimero de iniciativas burocratizadas, ivreais desfiguradas. Detalhes adicionais podem ser encontrados em Medeiros, Mattedi e De Marchi (1989) e@ ANPROTEC (1990). as. onclusSes especificadas devem servir de base para as treze recomendacbes descritas a seguir 4. As ag@ncias governamentais devem incluir em suas prioridades a administracéo de ciéncia e tecnologia e a gestSo de projetos de desenvolvimento tecnoldgico @s aces do governo esto mais concentradas na geragio de tecnologia e nota-se pouca énfase a transferéncia de resultados para o setor produtivo, mesmo quando se leva em conta as novas tecnologias Esse quadro 6 agravado pela pouca énfase ao treinamento de pessoas que funcionem como “ponte” entre a pesquisa e o setor produtivo. As agéncias governamentais de fomento devem fornecer bolsas de estudo de curta —duracao, vinculadas = ao desenvolvimento tecnoldgico. 2, d necessdério um maior entrosamento entre os trés niveis de governo. Deve-se definir acées e programas estaveis que se preccupem com a interacdo pesquisa praducdo e, especialmente, com os pdlos tecnoldgicos, fenémeno que possui reconhecimento internacional e eficdcia comprovada no Brasil. Deve-se evitar a descontinuidade dos projetos e as frequentes alteragées de equipes, que decorrem das mudancas administrativas nas agaéncias de fomento, =f fundamental respeitar o periodo de maturacdo de cada iniciativa e garantir recursos para sua consolidacao As avaliagdes periddicas facilitam a realimentacéo e as correcdes de rota que se facam necessdrias 3. AS agéncias de fomento do governo federal devem apoiar, prioritariamente, as iniciativas que tenham forte mobilizagao do setor produtivo, da universidade e institutos de pesquisa e da comunidade do municipio e do Estado (Prefeitura, Secretarias Estaduais Bancos de Desenvolvimento, Associacées Comerciais, Sindicatos Patronais). 0 fendmeno dos pdlos tecnoldgicos tem nos elementos de natureza local seu fator decisivo. Parece oportuna a definicio e credenciamento, por parte das ag@ncias de fomento, de interluctores locais e mecanismos de gestio dos pélos, valorizando o julgamento e aval desses gestores que conhecem os detalhes da situacio local. 4, Deve-se enfatizar a troca de experiéncias entre polos, a existéncia de publicagdes especializadas (perPil dos pdlos e diretdério de empresas e produtos) ea realizacio de reuniées. Tais condutas melhoram o desempenho dessas iniciativas. A diversidade do pais implica a definigio de agées diferenciadas e o emprego dos recursos existentes nas diferentes regides do Brasil, sempre buscando-se a especializa¢aéo e complementariedade a4 5. Um trabalho conjunto entre a comunidade de ciéncia e tecnologia e representantes de agéncias de fomento deve definir parametros que balizem o desenvolvimento tecnoldgico. Usualmente constata-se o casuismo da Posicdo “cada caso é um caso” ou camisas-de-forca que ndo consideram a diversidade regional e setorial do pais 6. AS empresas publicas, estatais e autarquias devem, sempre que possivel, privilegiar as inovacdes disponiveis nos pdlos tecnoldgicos. 0 poder de compra governamental ¢ um instrumento largamente utilizado por diversos paises e muitos desenvolvimentos tecnoldgicos s&o viabilizados por esse mecanismo. 7. 0 poder publico deve estimular a construcio de incubadoras (e sua infra-estrutura) e efetuar a cesséo de terrenos para abrigar os parques tecnoldgicos. Existe a contrapartida financeira d empresas, sendo os pagamentos crescentes no tempo, a medida que 0 empreendimento se consolida. Uma atividade complementar ¢ a criac’o de fundos patrimoniais, que permitam a formacdo e consolidacao das empresas nos pdlos tecnoldgicos (incluindo-se as incubadoras —e, eventualmente, os = parques tecnoldgicas) 8. Deve-se enfatizar a realizacio de cursos e treanamentos dirigidos necessidades dos pdlos tecnologicos. Além da pouca disponibilidade de pessoas habilitadas a efetuar a gestdo tecnoldgica, hd caréncia de técnicos de nivel médio, que entendam as especificidades das novas tecnologias 9. A legislacéo que define as acdes da universidade (seu segmento tecnoldgico) e dos institutos de pesquisa deve facilitar a liberacdo de professores e Pesquisadores para consultoria ao setor produtivo e participacéo nas empresas de base tecnoldgica, havendo regras que possibilitem a reposigéo do professor e/ou a remuneracéo da instituicdo de ensino @ pesquisa 10. AS acées relacionadas a propriedade industrial devem merecer @nfase. Especialmente a elaboracao de contratos de transferéncia de tecnologia (entre o exterior e o Brasil e entre as instituicdes de Pesquisa e ensino e as empresas). Outra preocupacéo é com a sistemitica de patenteamento das inovacées decorrentes das novas tecnologias e a forma de remunerar os pesquisadores e as instituicdes 41. Quando se considera as novas tecnologias e os pélos tecnoldgicos, deve-se repensar as acées das agéncias de fomento. As garantias reais exigidas nio se enquadram na sistemdtica tradicional dessas entidades e os prazos de caréncia necessitam ser ampliados. Deve-se estimular a pesquisa cooperativa, a existéncia de capital de risco e aceitar como forma de pagamento do financiamento os “royalties”, a participacio nos lucros ou no faturamento e a participac&o aciondria. Parece oportuno criar linhas de crédito com juros compativeis com empreendimentos de longa duracio e permitir a amortizacio dos investimentos no mesmo ano fiscal dos gastos efetuados em pesquisa pelas empresas de base tecnoldgica 42. 0s pédlos tecnoldgicos fazem parte do “Apoio a Capacitacéo Tecnoldgica da Industria’, documento integrante da Politica Industrial editada em junho/i990 e é oportuno detalhar aspectos da mencionada politica que interassam aos pdlos. Merecem destaque trés propostas: (a) atuacéo harménica e coordenada do Estado, do empresariado, da classe trabalhadora e do consumidor; (b) ao governo caberad os papgis de cordenador, a nivel estratégico, e de articulardor para execugéo ¢ avaliacéo de resultados; e (c) a politica industrial ¢ de execucéo descentralizada e o empresariado é 0 maior agente. Os ainstrumentos propostos pelo governo, além do financiamento — direto, so: recursos ndo reembolsdveis; participac#o aciondria; apoio técnico e gerencial; e incentivos fiscais. Essas propostas sio compativeis com trabalhos ja desenvolvidos pelo autor, havendo necessidade de detalhar os procedimentos operacionais 13. Elaborar programas integrados de fomento (entre a Secretaria de Ciéncia e Tecnologia, CNPq e@ FINEP) a partir de demandas concretas dos interessados, ja identificadas. Desenvolver um trabalho conjunto, integrado e sequencial, buscando a colaboracio de associacées como a ANPROTEC (Associacaéso de Pdlos Tecnoldgicos) e ANPEL (Associagao dos Centros de PaD de Empresas —Industriais), identificando as superposicées @ lacunas nas agées das agéncias governamentais — relativas ao desenvolvimento tecnoldgico. Partir sempre dos referenciais das empresas de base tecnoldgica e das instituicées de pesquisa e ensino e esgotar os mecanismos ja existentes nos agéncias governamentais

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