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ito Administrative p/ Analista Judicidrio — TIDFT fE tratégia Area Jusiciria ¢ Oficial de Justica SucuRSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 Sumario REGIME JURIDICO ADMINISTRATIVO PRINCIPIOS OA ADAANISTRAGAO PUBLICA NOCOES GERAIS. nineteen sesnnennnns PRINCIPIOS EXPRESSOS... PRINciPIO DA LEGAUDADE, 18 PRINCiplo DA IMPESSOALIDADE 22 PRINCIPIO DA MORALIDADE ven _ oe sn ve 24 PRINCIPIO DA PUBLIIOADE. 27 PRinclPlo Da EFICIENCIA o leon se os 29 PRINCIPIOS IMPLICITOS OU RECONHECIDOS .. PRINCIPIO DA SUPREMACIA 00 INTERESSE PUBLICO. nnn so sn 39 PRINCIPIO DA INDISPONIBILIOADE OOINTERESSE PUBLICO aL PRINCIPIOS OA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE 438 PRINcPIO DO CONTAOLE OU DA TUTELA, nnn « 56 PRINCIPIO DA AUTOTUTELA ns nnnninn nnn snnnnnnoninnnnnnnn 56 PRINCIPIO DA MOTIAGRO. nnn — a 62 PRINcipIo DA CONTINUIOADE 00 SeRVICO PUBUCO, 65 PRINCIPIO DO CONTRADNTORIO EDA AMPLA DEFESA 69 PRiNciPlo DA ESPECIALIOADE na PRINCipIO DA SEGURANCA,URIDICA o sos mn QUESTOES COMENTADAS NA AULA. GABARITO..... REFERENCIAS. Oa concurseiros e concurseiras. E com muita satisfagéo que estamos langando o curso de Direito Administrativo para o concurso de Analista Judiciério (4rea judiciaria e oficial de justiga) do Tribunal de Justica do Distrito Federal e Territérios - TJDFT. O nosso curso teré como foco as questées do CESPE/UnB. De imediato, vejamos as caracteristicas deste material: ¥_ serdio abordados todos os itens do ultimo edital - apés a publicacéo, © curso sera readequado para atender ao que for solicitado; ¥ grande quantidade de questées comentadas; ¥ curso elaborado com foco nos entendimentos do Cespe/Unb, ao longo das aulas, vamos destacar a “jurisprudéncia Cespiana” ©; , Direito Administraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Jicava e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 ¥ contato direto com o professor através do férum de dividas. Caso ainda nfo me conhecam, meu nome é Herbert Almeida, sou Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Espirito Santo aprovado em 1° lugar no concurso para o cargo. Além disso, obtive o 1° lugar no concurso de Analista Administrative do TRT/23° Regiio/2011. Meu primeiro contato com a Administracdo Publica ocorreu através das Forgas Armadas. Durante sete anos, fui militar do Exército Brasileiro, exercendo atividades de administragdo como Gestor Financeiro, Pregoeiro, Responsdvel pela Conformidade de Registros de Gesto e Chefe de Secdo. Sou professor do ‘Tecconcursos das disciplinas de Administracdo Geral e Publica, Administraao Financeira e Orcamentaria e, aqui no Estratégia Concursos, também de Direito Administrativo. Além disso, no Tribunal de Contas, participo de atividades relacionadas com 0 Direito Administrativo. ‘Ademais, os concursos ptiblicos em que fui aprovado exigiram diversos conhecimentos, inclusive sobre Direito Administrativo. Ao longo de meus estudos, resolvi diversas questes, aprendendo a forma como cada organizadora aborda os temas previstos no edital. Assim, pretendo passar esses conhecimentos para encurtar 0 seu caminho em busca de seu objetivo. Entao, de agora em diante, vamos firmar uma parceria que levard vocé a aprovacao no concurso piiblico para Analista Judicidrio do TJDET. 0 Ultimo edital do concurs trouxe 0 seguinte contetido para a nossa disciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO: 1 Introduga0 ao direito administrative. 1.1 Os diferentes critérios adotados para a conceituacao do direito administrative. 1.2 Objeto do direito administrativo. 1.3 Fontes do direito administrativo. 1.4 Regime juridico-administrativo: principios do direito administrativo. 1.5 Principios da administragao publica. 2 Administragéo Publica. 2.1 Conceito de administragao ptiblica sob os aspectos organico, formal e material. 2.2 Org4o publico: conceito e classificagao. 2.3 Servidor: cargo e fungées. 2.4 Atribuigdes. 2.5 Competéncia administrativa: conceito e critérios de distribuicao. 2.6 Avocagao e delegagao de competéncia. 2.7 Auséncia de competéncia: agente de fato. 2.8 Administracao direta e indireta. 2.9 Autarquias. 2.10 Fundagées Publicas. 2.11 Empresas Publicas e privadas. 2.12 Sociedades de economia mista. 2.13 Entidades paraestatais. 2.14 Dispositivos pertinentes contidos na Constituic&o Federal de 1988. 3 Atos administrativos. 3.1 Conceitos, requisites, elementos, pressuposios e classificacao. 3.2 Fato e ato administrativo, 3.3 Atos administrativos em espécie. 3.4 Parecer: responsabilidade do emissor do parecer. 3.5 O siléncio no direito administrativo. 3.6 oe Direito Administrativo p/ Analista Judicidrio — TIDFT fEstratégia Area Judiciaria e Oficial de Justica aan Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 Cassagao. 3.7 Revogagao e anulapao. 3.8 Processo administrativo. 3.9 Lei n? 9.784/1999. 3.10 Fatos da administragao publica: atos da administracao publica fatos administrativos. 3.11 Formagéo do ato administrative: elementos, procedimento administrativo. 3.12 Validade, eficdcia e autoexecutoriedade do ato administrativo. 3.13 Atos administrativos simples, complexos e compostos. 3.14 Atos administrativos unilaterais, bilaterais e multilaterais. 3.15 Atos administrativos gerais @ individuais. 3.16 Atos administrativos vinculados e discriciondrios. 3.17 Mérito do ato administrativo, discricionariedade. 3.18 Ato administrativo inexistente. 3.19 Teoria das nulidades no direito administrativo. 3.20 Atos administrativos nulos e anuldveis. 3.21 Vicios do ato administrativo. 3.22 Teoria dos motives determinantes. 3.23 Revogapao, anulapao e convalidacao do ato administrativo. 4 Poderes da administragao publica. 4.1 Hierarquia; poder hierarquico e suas manifestagdes. 4.2 Poder aisciplinar. 4.3 Poder de policia. 4.4 Policia judiciaria e policia administrativa. 4.5 Liberdades publicas e poder de policia. 4.6 Principais setores de atuacao da policia administrativa. 5 Servigos puiblicos. 5.1 Concessao, permissao, autorizacdo e delegacao. 5.2 Servicos delegados. 5.3 Convénios e consércios. 5.4 Conceito de servigo publico. 5.5 Caracteres juridicos. 5.6 Classificagao e garantias. 5.7 Usudrio do servigo publica. 5.8 Extingao da concessao de servico puiblico e reversao dos bens. 5.9 Permissao e autorizacao. 6 Intervengéo no dominio econémico: desapropriagao. 7 Contratos administrativos. 7.1 Conceito, peculiaridades e interpretacdo. 7.2 Formalizag&o. 7.3 Execucao, inexecucéo, revisdo e rescisdo. 7.4 Convénios e consércios administrativos. 8 Controle da administragao publica. 8.1 Conceito, tipos e formas de controle. 8.2 Controle interno e externo. 8.3 Controle parlamentar. 8.4 Controle pelos tribunais de contas. 8.5 Controle administrative. 8.6 Recurso de administracdo. 8.7 Reclamagao. 8.8 Lei n® 8.429/1992 @ alteragdes (Lei de Improbidade Administrativa). 8.9 Sistemas de controle jurisdicional da administracao publica: contencioso administrativo e sistema da jurisdicéo una. 8.10 Controle jurisdicional da administracao puiblica no direito brasileiro. 8.11 Controle da atividade financeira do Estado: espécies e sistemas. 8.12 Pedido de reconsideracao e recurso hierdrquico préprio e impréprio. 8.13 Prescri¢aéo administrativa. 8.14 Representacdo e reclamacao administrativas. 9 Agentes piblicos e servidores publicos. 9.1 Agentes puiblicos (servidor puiblico e funciondrio puiblico). 9.2 Natureza juridica da relagéo de emprego publico. 9.3 Preceitos constitucionais. 9.4 Funcionério efetivo e vitalicio: garantias. 9.5 Estagio probatério. 9.6 Funciondrio ocupante de cargo em comissao. 9.7 Direitos, deveres e responsabilidades dos servidores puiblicos civis. 9.8 Lei n® 8112/1990 e alteragdes. 9.9 Regime disciplinar e processo administrative disciplinar. 9.10 Improbidade administrativa. 9.11 Formas de provimento e vacdncia dos cargos ptiblicos. 9.12 Exigéncia constitucional de concurso puiblico para investidura em cargo ou emprego pliblico. 10 Bens publicos. 10.1 Classificacao e caracteres juridicos. 10.2 Natureza juridica do dominio publico 10.3 Utilizagéo dos bens Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratéegia Area Judiciaria e Oficial de Justica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 publicos: autorizagao, permissdo e concessdo de uso, ocupagdo, aforamento, concessao de dominio pleno. 10.4 Limitagdes administrativas. 10.5 Zoneamento. 10.6 Policia edilicia. 10.7 Tombamento. 10.8 Servidées administrativas. 10.9 Requisig¢éo da propriedade privada. 10.10 Ocupagdo temporaria. 11 Responsabilidade civil do Estado. 11.1 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administracao publica: evolucao historica e tundamentos juridicos. 11.2 Teorias subjetivas @ objetivas da responsabilidade patrimonial do Estado. 11.3 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administracao publica no direito brasileiro. Percebam que é bastante contetido, mas nao precisamos ter panico. Para maximizar 0 seu aprendizado, nosso curso estard estruturado em dezessete aulas, sendo esta aula demonstrativa e outras dezesseis, vejamos o cronograma: com Cenncta) Cra 1.4 Regime juridico-administrativo: principios do direito AulaQ _administrativo, 1.5 Principios da administragio publica, __—_—DuSPontvel_ 1 Introduc&o ao direito administrativo. 1.1 Os diferentes critérios adotados para a conceituaco do direito administrative. 1.2 Objeto do direito administrative. 13 p3qp Fontes do direito administrativo. 2 Administracgo Publica, 2.1 Conceito de administragao publica sob os aspectos orgénico, formal e material. 2.2 Orgo publico: conceito e classificag3o. 2.8 Administracdo direta e indireta. 2.9 Autarquias. 2.14 — gzyo3 Dispositivos pertinentes contidos na Constituico Federal de 1988. 2.10 Fundacdes Piblicas. 2.11 Empresas Publicas e privadas. Aula3 2.12 Sociedades de economia mista. 2.13 Entidades 09/03 paraestatais. 3 Atos administrativos. 3.1 Conceitos, requisitos, elementos, pressupostos e classificago. 3.2 Fato e ato administrativo. 3.3. Atos administrativos em espécie. 3.4 Parecer: responsabilidade do emissor do parecer. 3.5 0 siléncio no direito administrative. 3.6 Cassagio. 3.7 Revogacéo e anulacdo. 2.5 Competéncia administrativa: conceito e Aula4 —critérios de distribuicéo. 2.6 Avocacdo e delegagdo de 23/03 competéncia. 2.7 Auséncia de competéncia: agente de fato. 3.10 Fatos da administrac30 publica: atos da administrago publica e fatos administrativos. 3.11 Formacéo do ato administrativo: elementos, procedimento administrativo. Aula 1 Aula 3.12 Validade, eficécia e autoexecutoriedade do ato Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratégia Area Judiciaria ¢ Oficial de Justica Sot Teoria ¢ exerci jos comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 complexos e compostos. 3.14 Atos administrativos unilaterais, bilaterais e multilaterais. 3.15 Atos administrativos gerais e individuais. 3.16 Atos administrativos vinculados e discricionérios. 3.17 Mérito do ato administrative, discricionariedade. 3.18 + Ato administrativo inexistente. 3.19 Teoria das nulidades no direito administrativo. 3.20 Atos administrativos nulos e anulaveis. 3.21 Vicios do ato administrativo. 3.22 Teoria dos motivos determinantes. 3.23 Revogacdo, anulacio e convalidag3o do ato administrative. Aula 5 4 Poderes da administracao publica. 4.1 Hierarquia; poder hierarquico e suas manifestacdes. 4.2 Poder disciplinar. 4.3 Poder de policia. 4.4 Policia judiciéria e policia administrativa. 4.5 Liberdades publicas e poder de policia. 4.6 Principais setores de atua¢ao da policia administrativa. 30/03 Aula 6 7 Contratos administrativos. 7.1 Conceito, peculiaridades e interpretacao. 7.2 Formalizaco. 7.3 Execucao, inexecucéo, revisdo e rescisio. 7.4 Convénios. 06/04 Aula7 5 Servicos publicos. 5.1 Concessio, permissao, autorizacao e delegacSo. 5.2 Servios delegados. 5.3 Convénios e consércios, 5.4 Conceito de servico publico, 5.5 Caracteres Juridicos. 5.6 Classificacdo e garantias. 5.7 Usuario do servico piblico. 5.8 Extingo da concessio de servico piblico e reversio dos bens. 5.9 Permissio e autorizacio. 7.4 Consércios administrativos. 13/04 Aula 8 3.8 Processo administrativo. 3.9 Lei n? 9.784/1999. 20/04 Aula 9 9 Agentes publicos e servidores publicos. 9.1 Agentes publicos (servidor publico e funciondrio piblico). 9.2 Natureza juridica da relagio de emprego publico. 9.3 Preceitos constitucionais. 9.4 Funcionério efetivo e vitalicio: garantias. 9.5 Estdgio probatério. 9.6 Funcionario ocupante de cargo em comisso. 9.12 Exigéncia constitucional de concurso piiblico para investidura em cargo ou emprego publico. 2.3 Servidor: cargo e fungGes. 2.4 Atribuicdes. 27/04 Aula 10 9.8 Lei n? 8.112/1990 e alteragSes (parte 1). 04/05 Aula 11 9.8 Lei n® 8.112/1990 e alteragdes (parte 2). 9.7 Direitos, deveres e responsabilidades dos servidores publicos civis. 9.9 Regime disciplinar e processo administrativo-disciplinar. 9.11 Formas de provimento e vacdncia dos cargos publicos. 114/05 Aula 12 11 Responsabilidade civil do Estado. 11.1 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administracdo publica: evolugo histérica e fundamentos juridicos. 11.2 Teorias subjetivas e objetivas da responsabilidade patrimonial do Estado. 11.3 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administracao publica no direito brasileiro. 18/05 . Direito Administraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Juticiava e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof Herbert Almeida Auta 00 8 Controle da administracdo publica. 8.1 Conceito, tipos e formas de controle. 8.2 Controle interno ¢ externo. 8.3 Controle parlamentar. 8.4 Controle pelos tribunais de contas. 8.5 Controle administrative. 8.6 Recurso de administragio. 8.7 Reclamagio. 8.9 Sistemas de controle jurisdicional da administrac3o publica: contencioso Aula13 — administrativo e sistema da jurisdico una. 8.10 Controle 25/05 jurisdicional da administracdo publica no direito brasileiro. 8.11 Controle da atividade financeira do Estado: espécies e sistemas. 8.12 Pedido de reconsideragdo e recurso hierérquico proprio e impréprio. 8.13 Prescrigdo administrativa. 8.14 Representac3o e —reclamaco administrativas. 88 Lei n® £.429/1992 e alteragdes (Lei de Improbidade 93/05 Administrativa). 9.10 Improbidade administrativa. 10 Bens publicos. 10.1 Classificacio e caracteres juridicos. 10.2 Natureza juridica do dominio publico 10.3 Utilizacaodos gg /og bens piblicos: autorizaco, permissio e concessio de uso, ‘ocupacao, aforamento, concessio de dominio pleno. 6 IntervencSo no dominio econdmico: desapropriaco. 10.4 Limitagdes administrativas. 10.5 Zoneamento. 10.6 Poll Aula16 —edilicia. 10.7 Tombamento. 10.8 Servidées administrativas. 15/06 10.9 Requisic3o da propriedade privada. 10.10 Ocupagio temporaria. Aula 14 Aula 15 Por fim, informo que, com excecao da aula demonstrativa, nossas aulas sero elaboradas com cerca de 30 paginas de teoria e o restante seré somente de questées, possibilitando o estudo completo da matéria sem perda de tempo. Ateng3o! Este curso é composto somente por aulas em PDF. Nao teremos videoaulas para a disciplina de direito administrativo. Sem mais delongas, espero que gostem do material e vamos ao nosso curso. “Observagao importante: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislacéo sobre direitos autorais e da outras providéncias. Grupos de rateio e pirataria sdo clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ; Direito Administrativo p/ An: judicirio — TIDFT fEstratégia Area Judicidria e Oficial de Justica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 REGIME JURIDICO ADMINISTRATIVO A Administracao Publica pode submeter-se a regime juridico de direito privado ou de direito publico. A aplicacdo do regime juridico é feita conforme determina a Constituicio ou as leis, levando em consideracdo a necessidade, ou nao, de a Administracdo encontrar-se em situagdo de superioridade em relacao ao particular. Por exemplo, o art. 173, §1°, da Constituicéo, determina que a lei estabeleca 0 estatuto juridico da empresa publica, da sociedade de economia mista e de suas subsididrias que explorem atividade econémica de produc&o ou comercializagdo de bens ou de prestacdo de servicos, dispondo, entre outros aspectos, sobre “a sujei¢éo ao regime juridico préprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigacées civis, comerciais, trabalhistas e tributarios" (CF, art. 173, §1°, Il). Nesse caso, ficou nitida a determinagéo de que esse tipo de empresa devera submeter-se ao regime de direito privado. Isso porque a natureza da atividade (exploracao de atividade econémica) nao permite uma relacdo de desigualdade. Assim, havera casos de aplicacao de regras de direito publico e, em outros, de direito privado. Todavia, mesmo quando emprega modelos privatisticos, nunca sera intearal a submiss&o ao direito privado. Nesse contexto, Maria Sylvia Zanella Di Pietro diferencia a expresso regime juridico da Administracdo Pdblica para designar, em sentido amplo, os regimes de direito publico e de direito privado a que pode submeter-se a Administracéo Publica. Por outro lado, a autora utiliza a expressdo regime juridico administrativo para abranger té0 somente 0 “conjunto de tracos, de conotacées, que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administragao Ptiblica numa posicao privilegiada, vertical, na relaco juridico-administrativa". Em sintese, 0 regime juridico da Administrac&o Publica se refere a qualquer tipo de regramento, seja de direito puiblico ou de direito privado; enquanto o regime juridico administrativo trata das regras que colocam a Administraco Publica em condigdes de superioridade perante o particular. regime juridico administrativo resume-se em dois aspectos: de um lado, estéo as prerrogativas, que representam alguns privilégios para a Administracéo dentro das relagdes juridicas; de outro, encontram-se as Direito Administrative p An BeEstratégia Area Jia e Oficial de Justia i CONCURSOS Teoria e exerci¢ comentados Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 Judicidrio - TIDFT sujeicées, que sao restrigdes de liberdade de aco para a Administracao Publica. Regime Juridico-administrativo —e- Prerrogativas Sujeigdes -—-- As prerrogativas ou privilégios sao regras, desconhecidas no direito privado, que colocam a Administracdo em condicdes de superioridade nas relagdes com o particular. Séo faculdades especiais que o setor publico dispde, como, por exemplo, o poder de requisitar bens e servicos, de ocupar temporariamente imével alheio, de aplicar sangées administrativas, de alterar ou rescindir unilateralmente os contratos administrativos, de impor medidas de policia, etc!. Por outro lado, as sujeicdes ou restricdes retiram ou diminuem a liberdade da Administracéo quando comparada com o particular, sob pena de nulidade do ato administrativo ou, até mesmo, de responsabilidade da autoridade que o editou. Séo exemplos a necessidade de observar a finalidade publica ou de pautar-se segundo os principios da moralidade, legalidade e publicidade. Além desses, podemos mencionar a sujeicdo & realizacéio de concurso publico para selecionar pessoal e de fazer licitacao para firmar contratos com particulares. Dessa forma, enquanto prerrogativas colocam a Administracao em posicdo de supremacia perante o particular, sempre com o objetivo de atingir 0 beneficio da coletividade; as restrigGes limitam a sua atividade a determinados fins e principios que, se ndo observados, implicam desvio de poder e consequente nulidade dos atos da Administracdo. Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, o regime juridico administrative é um regime de direito publico, aplicavel aos érgdos e entidades que compdem a Administracao Publica e a atuacéio dos agentes administrativos em geral. Os eminentes autores destacam que ele se baseia na existéncia de “poderes especiais” contrabalancados pela imposicéo de “restrigées especiais’. . Direito Administraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Aret duiciaia Oficial de Justa i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 As prerrogativas e sujeicdes, conforme ensinamentos de Celso Anténio Bandeira de Mello, traduzem-se, respectivamente, nos principios da supremacia do interesse piiblico sobre o privado e na indisponibilidade do interesse publico?. A supremacia do interesse publico fundamenta a existéncia das prerrogativas ou poderes especiais da Administracéo Publica, caracterizando-se pela chamada verticalidade nas relacdes entre a Administracdo e o particular. Baseia-se na ideia de que o Estado possui a obrigagao de atingir determinadas finalidades, que a Constituic&o e as leis exigem. Assim, esses poderes especiais representam os meios ou instrumentos utilizados para atingir o fim: 0 interesse publico. Dessa forma, havendo conflito entre o interesse publico e os interesses particulares, deverd prevalecer o primeiro. Por outro lado, a indisponibilidade do interesse ptiblico representa as restrigdes na atuacdo da Administracao. Essas limitacdes decorrem do fato de que a Administragdo ndo é proprietaria da coisa publica, ndo é proprietaria do patriménio publico nem tampouco titular do interesse publico, mas sim 0 povo?. A indisponibilidade representa, pois, a defesa dos interesses dos administrados. Em decorréncia do principio da indisponibilidade do interesse publico, segundo Alexandrino e Paulo, a Administracéo somente pode atuar quando houver lei que autorize ou determine sua atuac&o, e nos limites estipulados por essa lei, Dessa forma, enquanto os particulares atuam conforme a autonomia da vontade, os agentes administrativos devem agir segundo a “vontade" da lei. E importante destacar que Maria Sylvia Zanella Di Pietro diz que os i que demonstram a bipolaridade do Direito principios fundament: Administrativo - de um lado as prerrogativas e de outro as sujeicées - so 0s principios da leaalidade e da supremacia do interesse publico sobre © particular. Perceba que a autora “troca” o principio da indisponibilidade pelo principio da legalidade para demonstrar as sujeicées administrativas. Ena prova, 0 que fazer? Em geral, as bancas adotam o posicionamento de Celso Anténio Bandeira de Mello, ou seja, os principios basilares do Direito Administrativo sao: supremacia do interesse publico sobre o privado 2 Bandeira de Mello utiliza a expressio “indisponibilidade, pela Administracio, dos interesses paiblicos”. > Alexandrino e Paulo, 2011, p. 11. Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratégia Area Judiciaria ¢ Oficial de Justica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 € indisponibilidade do interesse publico. Porém, a afirmativa que incluir 0 principio da legalidade também deveré ser considerada correta! FIQUE fpatento! Principios basilares ou fundamentals do Direito Administrative Y Supremacia do interesse publico Iso Antoni i Hh Celso Anténio Bandeira de Mello ¥ Indisponibilidade do interesse publico ¥ Supremacia do interesse puiblico Maria Sylvia Zanella Di Pietro v' ¥ Legalidade Independentemente de quais s&o os principios basilares, 0 fundamental é entender que o regime juridico administrativo resume-se em um conjunto de prerrogativas e sujeicées especiais que permitem, de um lado, 0 alcance da finalidade publica do Estado e, de outro, a preservacdo dos direitos fundamentais e do patriménio publico. Vamos resolver algumas questdes? Cp a na prova! 1. (Cespe - Anap/TC-DF/2014) Os atos administrativos praticados pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciario submetem-se ao regime juridico administrativo. Comentario: segundo Hely Lopes Meirelles, ato administrative é “toda manifestaco unilateral de vontade da Administracdo Publica que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigagées aos administrados ou a si propria”. Nao nos cabe aprofundar este conceito neste momento, uma vez que 0 assunto sera abordado em aula prépria neste curso. O que importa, agora, é que, justamente em decorréncia dessa manifestacéo unilateral, os atos administrativos aplicam-se sob o regime juridico administrativo, independente do Poder responsavel por edité-los. Assim, os atos administrativos praticados pelos Poderes Legislative e Judiciario também se subordinam ao regime juridico administrativo. Gabarito: correto. Estrategia ag ree judicidrio — TIDFT 2. (Cespe - ATA/MDIC/2014) O exercicio das fungdes administrativas pelo Estado deve adotar, unicamente, o regime de cireito puiblico, em razao da indisponibilidade do interesse publica. Comentério: contorme determina a Constituicdo e as leis, teremos situagées de aplicagao de regras de direto piiblico ou de direito privado - nunca teremos a aplicacao exclusiva de direito privado. Neste momento, vale citar o contetido do art. 54 da Lei 8.666/1993 (Lei de Licitagdes e Contratos): Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas cl4usulas e pelos preceitos de direito ptiblico, aplicando-se-Ihes, supletivamente, os principios da teoria geral dos contratos e as disposicées de direito privado. (grifos nossos) Assim, a Lei de Licitagées destaca a aplicagao subsididria de regras de direito privado em contratos administrativos. Em geral, sero poucos os casos de aplicagao tinica e exclusiva de um tipo de regramento. Tanto que alguns doutrinadores até contestam a existéncia desses dois ramos: direito publico ou direito privado. O que nos interessa, no entanto, 6 que, mesmo no exercicio da fungao administrativa, teremos a aplicacao de regras de direito publico ou de direito privado. Dessa forma, a questao se encontra errada, pois temos sim a aplicacio do regime de direito privado. Para finalizar, devemos lembrar que Maria Sylvia Zanella Di Pietro faz a distingao entre o regime juridico da Administracéo Publica, que envolve a aplicacao dos regimes de direito publico e de direito privado, e a expressao regime juridi¢o administrative, que abrange téo somente o regime juridico de direito publico. Gabarito: errado. 3. (Cespe - Advogado/Telebras/2013) O regime juridico-administrativo pauta-se sobre os principios da supremacia do interesse puiblico sobre o particular e o da indisponibilidade do interesse puiblico pela administragao, ou seja, erige-se sobre 0 binomio “prerrogativas da administrag4o — direitos dos administrados’ Comentario: vejam que o posicionamento da banca seguiu os ensinamentos de Celso Anténio Bandeira de Mello, ou seja, os principlos da supremacia do interesse ptiblico sobre o particular e da indisponibilidade do interesse puiblico pela administragao representam a base do sistema administrativo (regime juridico administrativo). Assim, de um lado temos as prerroaativas to Direito Administrativo pf Analista Judiciério —TJDFT fEstratéegia Area Judiciaria e Oficial de Justica RD cD uTs ot Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 00 que colocam a Administracao em supremacia sobre o particular, e de outro temos as suieices, que buscam preservar os direitos dos administrados. Gabarito: correto. 4. (Cespe - Analista/MPU/2010) As prerrogativas do regime juridico administrative conferem poderes & administracdo, colocada em posigo de supremacia sobre 0 particular; j4 as sujeigdes servem de limites & atuag&o administrativa, como garantia do respeito as finalidades piiblicas e também dos direitos do cidadao. Comentario: 0 regime juridico administrative 6 composto pelas prerroaativas, que colocam a administracao em posico de supremacia perante o particular, e pelas suieicdes, que servem de limites a atuacdo administrativa. Enquanto as prerrogativas auxiliam no alcance dos interesses coletivos, as prerrogativas servem de contrapeso, garantindo a defesa dos interesses individuals e conduzindo a administragao para o alcance da finalidade publica. So consequéncias légicas das restri¢es, por exemplo, o dever de licitar e de realizar concurso publico. Assim, o item esta perfeito! Gabarito: correto. 5. (Cespe — Perito Médico/INSSI2010) O sistema administrative ampara-se, basicamente, nos principios da supremacia do interesse piblico sobre o particular e da indisponibilidade do interesse publico pela administragao. Comentério: essa é para consolidar. O regime juridico administrativo pauta-se nos principios da supremacia do interesse publico sobre o particular e da indisponibilidade do interesse publico pela administracao. Gabarito: correto. Princfpios da Administragao Piiblica - Nogdes gerais A base do regime juridico administrativo encontra-se nos principios da supremacia e da indisponibilidade do interesse puiblico. Porém, temos varios outros principios que orientam a atividade administrativa. Dessa forma, é fundamental compreendermos o conceito dos principios administrativos antes de estudarmos detidamente cada um deles. Os principios administrativos sao os valores, as diretrizes, os mandamentos mais gerais que orientam a elaborac3o das leis Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratégia Area Judiciaria © Oficial de Justica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida ~ Aula 00 administrativas, direcionam a atuacéo da Administragéo Publica e condicionam a validade de todos os atos administrativos*. So, portanto, as ideias centrais de um sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a ele um sentido lgico, harmonioso e racional, © que possibilita uma adequada compreenséo de sua estrutura. Ademais, os principios determinam o alcance e 0 sentido das regras de determinado subsistema do ordenamento juridico, balizando a interpretacdo e a prépria producio normativa’. Percebe-se, pois, que os principios estabelecem valores e diretrizes que orientam néo sé a aplicagdo como também a elaboracao e interpretacao das normas do ordenamento juridico, permitindo que o sistema funcione de maneira harmoniosa, equilibrada e racional. Por exemplo, 0 principio da moralidade condiciona a atuacdo administrativa segundo os principios da probidade e boa fé, invalidando, por conseguinte, os atos decorrentes de comportamentos fraudulentos e astuciosos. Esse tipo de principio serve para balizar as acdes administrativas, auxiliar a interpretagdo das regras e direcionar a produgao legislativa. Nesse sentido, existem intimeros principios como a_legalidade, razoabilidade, moralidade, publicidade, continuidade, autotutela, etc. Os principios podem ser expressos, quando estado previstos taxativamente em uma norma juridica de carater geral, ou implicitos, quando nao constam taxativamente em uma norma juridica, decorrendo, portanto, da jurisprudéncia ou da doutrina. Saber se um principio é expresso ou implicito depende do ponto de vista. Por exemplo, entre os principios expressos, podemos destacar os principios constitucionais capitulados no artigo 37 da Constituig&o Federal de 1988 (CF/88), nos seguintes termos: Art. 37, A administragao publica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios obedeceré aos principios de legalidade, impessoalidade, morall a [...]. (grifos nossos) Os principios previstos acima sdo considerados expressos tendo como referéncia a Constituicéo Federal. Ou seja, tendo como referéncia unicamente a Constituigéo, sao principios previstos expressamente * Barchet, 2008, p. 34 ® Alexandrino e Paulo, 2011, p. 183. . Direito Administraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Judiciava e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teoria e exes jos comentados Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 para a administragdo publica direta e indireta - autarquias, fundaces publicas, empresas publicas e sociedades de economia mista -, de qualquer dos Poderes - Legislativo, Executivo e Judicidrio - da Unido, dos estados, do Distrito Federal e dos municipios: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia - LIMPE. © rive Os principios previstos expressamente no art. 37 da Ke to! Constituiggo Federal aplicam-se indistintamente as administragdes direta e indireta, de todos os Poderes e de todas as esferas. Ou seja, os principios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia ~ que formam o famoso mneménico: LIMPE ~ orientam a atuagdo administrativa dos érgios de todos os Poderes — devemos incluir aqui o Ministério Publico e o Tribunal de Contas -; das entidades administrativas que integram a administragao indireta — independentemente se so de direito publico ou de direito privado -; e de todos os niveis de governo — Unido, estados, DF e municipios. Além dos principios previstos expressamente na Constituic&o Federal, temos previsdo taxativa em diversas leis, como na Lei 9.784/1999, que dispde sobre 0 processo administrativo na Administragado Publica Federal, na Lei 8.666/1993, que estabelece normas gerais de licitacdes e contratos, ena Lei 12.462/2011, que disciplina o regime diferenciado de contratacées publicas. As normas infraconstitucionais também apresentam Esclarecendo principios expressos aplicaveis & Administragao Publica. Vejamos alguns exemplos: Lei 8666/1993 (Lei de Licitagdes e Contratos): “Art. 3? A licitagao [...] serd processada e julgada em estrita contormidade com os principios basicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculagao ao instrumento convocatério, do julgamento objetivo [...]" Lei 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo da Administragao Publica Federal) “Art. 20 A Administracao Publica obedeceré, dentre outros, aos principios da legalidade, finalidade, motivacao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditério, seguranga juridica, interesse publico e eficiéncia” Lei 12.462/2011 (Lei do Regime Diferenciado de Contratagdes Publicas): “Art. 30 As licitagdes e contratagGes realizadas em conformidade com 0 RDC deverao observar . Direito Administativo pf Anais Judicivio— TSDET Estratégia ret Judit e Oficial de Jusca i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados brof, Herbert Almeida” Aula 00 08 prineipios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da iguaidade, da publicidade, da eficiéncia, da probidade administrativa, da economicidade, do desenvolvimento nacional sustentével, da vinculaggo ao instrumento convocatério e do julgamento objetivo.” Por outro lado, os principios implicitos> nao constam taxativamente em uma norma juridica geral, decorrendo de elaboracao doutrinaria e jurisprudencial. Néo significa que eles n&o estao previstos em uma norma juridica, apenas n&o constam expressa ou taxativamente. Ou seja, o principio implicito encontra-se previsto nas normas, apenas nao consta expressamente 0 seu “nome”. Podemos encontrar principios (i) cuja aplicago conste taxativamente na Constituig0, ou seja, no consta uma designacao para chamar o principio, mas apenas o seu significado; (ii) que decorrem de algum principio expresso ou da interpretacao logica de varios principios; e (iii) outros por serem implicacdes do préprio Estado de Direito e do sistema constitucional como um todo. Vamos exemplificar. 0 principio da finalidade no se encontra previsto expressamente na Constituiséo Federal. Contudo, ele decorre do principio da impessoalidade. Assim, toda atuacao administrativa devera ter como finalidade, em sentido amplo, o interesse publico e, em sentido estrito, a funcdio especifica desenvolvida pela norma. Essa é a aplicacdo do principio da finalidade, que decorre de um principio previsto expressamente na Constituicao Federal: 0 principio da impessoalidade. No segundo caso, temos 0 exemplo do principio da seguranca juridica, que possui apenas a sua aplicacéo prevista na Constituicéo Federal, conforme consta no inc. XXXVI, art. 5°, determinando que “a lei ndo prejudicaré 0 direito adquirido, o ato juridico perfeito e a coisa julgada". Assim, a CF veda a aplicago retroativa de lei que tenha o poder de prejudicar o direito adquirido, 0 ato juridico perfeito e a coisa julgada. E justamente essa a aplicaco do principio da seguranga juridica. Contudo, n&o consta no texto constitucional algo do tipo “a lei deve respeitar o principio da seguranga juridica”. Assim, podemos perceber que, no segundo caso, n&o aparece taxativamente a denominag&o do principio, mas consta a sua aplicac3o, 5 José dos Santos Carvalho Filho denor de "principios reconhecidos” aqueles que no possuem previsio ‘expressa, Todavia, adotaremos a expressio “principios implicitos”, uma ver que esta é a designacdo da doutrina majoritaria, . Direit Administativo p Anais Judicivio— TSDE'T Estratégia Arena e Oil de Jusia i CONCURSOS Teoria e exerci¢ comentados prof, Herbert Almeida” Aula 00 cabendo & doutrina e a jurisprudéncia reconhecer a sua existéncia e designacao. Por fim, 0 principio da supremacia do interesse publico é exemplo da terceira situaco, pois é um principio geral de Direito, decorrendo de interpretacdo sisteméatica de nosso ordenamento juridico. Apesar de existir diversos dispositivos constitucionais de base para esse principio, nado ha como fazer uma mengo taxativa. O principio da supremacia significa a propria razdo de ser da Administracao, representando a légica do nosso ordenamento constitucional. Antes de encerrarmos essa parte introdutdéria, cabe fazer uma ultima observaco. Em que pese a doutrina disponha que os principios da supremacia do interesse publico e da indisponibilidade sejam os principios basilares ou fundamentais do Direito Administrativo, néo ha hierarq entre os principios. Ou seja, nao podemos afirmar que o principio da supremacia encontra-se acima do principio da moralidade, por exemplo. No caso de aparente conflito entre eles, caberd ao interpretador dar uma aplicagéo que mantenha a harmonia e unidade do ordenamento juridico. Apés essa abordagem, vamos resolver algumas questées e, em seguida, vamos abordar cada principio separadamente. Ce sssacn! na prova! 6. (Cespe - Ag Adm/MDIC/2014) Os principios da administragéo publica expressamente dispostos na CF nao se aplicam as sociedades de economia mista @ as empresas publicas, em razéio da natureza eminentemente empresarial dessas entidades. Comentério: os principios da administragao publica previstos expressamente na Constituigéo Federal, conforme seu art. 37, aplicam-se as administracées direta e indireta, de todos os Poderes e de todas as esferas de governo. Assim, mesmo que as empresas pUblicas e sociedades de economia mista possuam natureza empresarial, elas devem seguir os principios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia. Dessa forma, a Caixa Econémica Federal, 0 Banco do Brasil e a Petrobrés, exemplos de entidades da administragdo indireta que exploram atividade econémica, devem respeitar os mencionados principios. Direito Administrativo p/ An: judicidrio — TIDFT fEstratéegia Area Judiciaria e Oficial de Justica CONCURSOS Teoria jos comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 7. (Cespe — Analista Legislative/Consultor/CD/2014) O art. 37, caput, da Constituigao Federal indica expressamente a administragao publica direta e indireta principios a serem seguidos, a saber: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia, entre outros principios nao elencados no referido artigo. Comentario: segundo a Constituigado Federal (art. 37, caput): A administracao publica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unigo, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios obedeceré aos principios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia [ Assim, os principios administrativos expressos da Carta da Repiiblica sao legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia (LIMPE). Isso nao impede, é claro, a aplicagao de diversos outros principios que decorrem da Constituicao. Assim, o item esta corretissimo! Gabarito: correto. 8. (Cespe - AAmb/Licenciamento Ambiental/Tema 1/IBAMA/2013) O principio da moralidade e 0 da eficiéncia estao expressamente previstos na CF, ao passo que © da proporcionalidade constitui principio implicito, nao positivado no texto constitucional Coment cipios expressos na CF sao: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia — LIMPE -, os demais estao previstos de forma implicita. Assim, 0 principio da proporcionalidade é implicito, decorrente de interpretagao légica do devido processo legal. Gabarit : correto. 9. (Cespe - TJ/Administrativa/TRE ES/2011) Os principios elencados na Constituigéo Federal, tais como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia, aplicam-se & administragao publica direta, autarquica fundacional, mas nao as empresas publicas e sociedades de economia mista que explorem atividade econémica. Comentério: agora esta muito facil. JA resolvemos uma quest3o quase idéntica. Assim, sabemos que os principios elencados na Constituicdo aplicam-se @ administracao publica direta e indireta, sendo que esta ultima abrange as autarquias, fundagées pulblicas, empresas publicas e sociedades de economia mista. Gabarito: errado. Direito Administrativo p/ An: judicirio — TIDFT 9 AD] Area Judiciaria e Oficial de Justica Estrategia a Orca dei PRINCIPIOS EXPRESSOS Vamos trabalhar agora os cinco principios expressamente previstos no art. 37, caput, da Constituicao Federal de 1988: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia. Principio da legalidade 0 principio da legalidade esta previsto expressamente no artigo 37 da Constituicéo Federal, sendo aplicavel as administracées publica direta € indireta, de todos os Poderes e todas as esferas de governo. Este principio nasceu com o Estado de Direito, que impde a atuacao administrativa nos termos da lei. Eo Estado que cria as leis, mas ao mesmo. tempo deve submeter-se a elas. Nao se quer, pois, um governo de homens, mas um governo de leis. Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o principio da legalidade constitui uma das garantias principais de respeito aos direitos individuais. Isso ocorre porque a lei, ao mesmo tempo em que os define, estabelece também os limites de atuac3o administrativa que tenha por objeto a restrigSo ao exercicio de tais direitos em beneficio da coletividade. A legalidade apresenta dois significados distintos. O primeiro aplica-se aos administrados, isto é, 4s pessoas e as organizacdes em geral. Conforme dispde 0 inciso II do artigo 5° da CF/88, ninguém sera obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude de lei. Dessa forma, para os administrados tudo 0 que nao for proibido seré permitido. Assim, a lei tem um aspecto_negativo, pois restringe 0 campo de atuacao dos administrados. O segundo sentido do principio da legalidade € aplicdvel a Administracéo e decorre diretamente do artigo 37, caput, da CF/88, impondo a atuagao administrativa somente quando houver previsao legal. Assim, para o setor publico a lei tem conotacao positiva. Isso ocorre porque a Administracdo s6 poderd agir quando houver previsao legal. Por esse motivo, ele costuma ser chamado de principio da estrita legalidade. O inciso II do art. 5° da Constituicéo também serve de protecéo aos direitos individuais, pois, a0 mesmo tempo em que permite que o administrado faca tudo 0 que nao estiver proibido em lei, ele impede que a Administracdo tente impor as restricdes. Ou seja, 0 conteudo da norma oe Direito Administrativo p/ Analista Judicidrio - TIDFT fEstratégia Area Judiciaria e Oficial de Justica aan Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 permite que o administrado atue sobre sua vontade auténoma e impede que a Administracéo imponha limites nao previstos em lei. Nesse contexto, a Administracéo deve se limitar aos ditames da lei, n&o podendo, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigacées ou impor vedacies. Para tanto, depende de prévia edicao legal. Em sintese, o principio da legalidade tem aspecto positivo para a Administragéo, uma vez que a funcdo administrativa se subordina as previsdes legais e, portanto, o agente ptiblico sé podera atuar quando a lei determinar (vinculacéo) ou autorizar (discricionariedade). Ou seja, a atuacgao administrativa obedece a vontade legal. Por outro lado, o principio possui aspecto negativo para os administrados, pois eles podem fazer tudo 0 que néo estiver proibido em lei, vivendo, assim, sob a autonomia da vontade. Diz-se, portanto, que a Administracdo nao pode atuar contra a lei (contra legem) nem além da lei (praeter legem), podendo atuar somente segundo a lei (sucundum legem). Por outro lado, os administrados podem atuar segundo a lei (sucundum legem) e além da lei (praeter legem), sb no podem atuar contra a lei (contra legem). Por exemplo, se dois particulares resolverem firmar um contrato em que um vende uma televiséo sob a condigao de o outro cortar a sua grama, teremos uma situagéo nao prevista no Cédigo Civil, que é 0 normativo responsavel por regulamentar este tipo de relagdo juridica. Todavia, a lei nGo proibe este tipo de relac&o, sendo possivel, por conseguinte, realizd-la. Nesse caso, 0s particulares atuaram além da lei (praeter legem), mas néo cometerem nenhuma ilegalidade. Por sua vez, a Administracdo deve atuar somente segundo a lei. Assim, nao possivel, por exemplo, que um érgao puiblico conceda um direito a um servidor no previsto em lei. Diga-se, a lei ndo proibiu a concessao do direito, mas também nao o permitiu, logo ndo pode a Administracdo concedé-lo. A necessidade de lei para reconhecer direitos e Jurisprudéncia obrigacoes ja foi confirmada pelo ST), conforme bem denotam os precedentes abaixo. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. PRESCRICAO DO FUNDO DE DIREITO. AUSENCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SUMULAS, 282 E 356/STF. SERVIDORES DA FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE. fEstratéegia CONCURSOS INDENIZACAO INSTITUIDA PELO ART. 16 DA LEI NO 8.216/91. REAJUSTE. LEI 8.270/91. PRINCiPIO DA LEGALIDADE. INTERPRETACAO DISSOCIADA DO CONTEUDO DA LEI. IMPOSSIBILIDADE DE INOVACAO NORMATIVA. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA EXTENSAO, PROVIDO. C+] II - Segundo o principio da legalidade - art. 37, caput da Constituicéo Federal - a Administracdo esta, em toda a sua atividade, adstrita aos ditames da lei, nao podendo dar terpretacéo extensiva ou restritiva, se a norma assim nao dispuser. Desta forma, a lei funciona como balizamento minimo e maximo na atuacio estatal. [...] (STJ, REsp 603010/PB, Quinta Turma, Relator Ministro GILSON DIPP, DJ 08/11/2004 p. 277). (grifos nossos) ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EX-COMBATENTE. PENSAO. ACAO AJUIZADA APOS 5 (CINCO) ANOS DO INDEFERIMENTO DO PEDIDO ADMINISTRATIVO. PRESCRICAO DO PROPRIO FUNDO DE DIREITO. OCORRENCIA. PRECEDENTES DO STJ. SERVICO MILITAR PRESTADO EM ZONA DE GUERRA. NAO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. PRECEDENTE DO STJ. PRINCIPIO DA LEGALIDADE. AGRAVO NAO PROVIDO. [. 4. k irrelevante se perquirir se a UNIAO impugnou, ou nao, todas as afirmagdes de fato deduzidas pelo autor, na medida em que nao esta a Administracdo, por forca do principio da legalidade, autorizada a reconhecer direitos contra si demandados quando ausentes seus pressupostos legais. [...] (STJ, AgRg no REsp 1231752/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Dle 11/04/2011). (grifos nossos) Outro aspecto importante do principio da legalidade € que a Administragao nao deve seguir somente os atos normativos primarios ou os diplomas normativos com forca de lei. A atuacdo administrativa também deve estar de acordo com os decretos regulamentares e outros atos normativos secundarios, como as portarias e instrugdes normativas. E claro que esses Ultimos atos normativos nao podem instituir direito novo, ou seja, eles nao podem inovar na ordem juridica, criando direitos e obrigacées. No entanto, esses diplomas detalham as determinagdes gerais e abstratas da lei, permitindo a sua aplicacdo no dia a dia da Administracao. Assim, os agentes publicos se vinculam também aos atos normativos oe Direito Administrativo p/ Analista Judicidrio - TIDFT fEstratégia Area Judiciaria e Oficial de Justica aan Teor jos comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 secundarios. Nesse sentido, se um agente pubblico descumprir somente um decreto ou uma portaria, 0 ato, ainda assim, poderd ser considerado ilegal. Por exemplo, suponha-se que uma lei estabeleceu que a remessa de determinados produtos por meio postal deverd obedecer a padres de seguranca estabelecidos em decreto regulamentar. Em seguida, 0 decreto disciplinou os padrdes de seguranca e disciplinou as regras para sua fiscalizacdo. Agora, se um agente publico realizar a apreensdo do produto sem observar as normas do decreto e a forma de sua fiscalizacdo, eventual multa aplicada poderd ser considerada ilegal. No caso, apenas o decreto foi infringido pelo agente publico, mas o ato foi dado como ilegal. Para finalizar 0 assunto, vale mencionar que a doutrina apresenta como excecSo ao principio da leaalidade a edicdo de medidas provisérias (CF, art. 62), a decretacéo do estado de defesa (CF, art. 136) e do estado de sitio (CF, arts. 137 a 139) As medidas provisérias séo atos normativos, com forca de lei, editados pelo Presidente da Republica em situacdes de relevancia e urgéncia. Apesar de as medidas provisérias possuirem forca de lei, Celso Anténio Bandeira de Mello as considera excecdo ao principio da legalidade em decorréncia de uma série de limitacées, como as caracteristicas de excepcionalidade e precariedade. 0 estado de defesa poderd ser decretado pelo Presidente da Reptiblica, ouvidos 0 Conselho da Republica e o Conselho de Defesa Nacional, para “preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem publica ou a paz social ameacadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporsées na natureza” (CF, art. 137). O estado de defesa implicara na restrigo de alguns direitos, conforme constard no decreto que 0 instituird e, por isso, representa excegdo ao principio da legalidade. Por outro lado, 0 estado de sitio podera ser decretado pelo Presidente da Republica, apés autorizacéo do Congresso Nacional, ouvidos 0 Conselho da Republica e o Conselho de Defesa Nacional, em caso de “comogéo grave de repercussao nacional ou ocorréncia de fatos que comprovem a ineficacia de medida tomada durante o estado de defesa” ou de “declaragaéo de estado de guerra ou resposta a agressao armada estrangeira" (CF, art. 137, caput e incs. I e II). O estado de sitio é uma medida mais gravosa que 0 estado de defesa, representando uma série de medidas restritivas previstas na Constituicao. , Direito Administraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Juiciava e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teoria e exes jos comentados Prof Herbert Almeida ~ Auta 00 Principio da impessoalidade © principio da impessoalidade, também _apresentado expressamente na CF/88, apresenta quatro sentidos: a) principio da finalidade: em sentido amplo, o principio da finalidade & sinénimo de interesse publico, uma vez que todo e qualquer ato da administrac&o deve ser praticado visando satisfacdo do interesse publico. Por outro lado, em sentido estrito, 0 ato administrative deve satisfazer a finalidade especifica prevista em lei Assim, do primeiro significado do principio da impessoalidade, decorre um principio implicito: o principio da finalidade. Dessa forma, todo ato da Administragao deve ser praticado visando a satisfacao do interesse puiblico (sentido amplo) e da finalidade para ele especificamente prevista em lei (sentido estrito). Se no for assim, 0 ato serd invalido. Exemplificando, podemos analisar 0 caso da remogdo de servidor pubblico, que tem como finalidade especifica adequar o numero de servidores nas diversas unidades administrativas de um 6rgdo. Caso seja aplicada com 0 intuito de punir um servidor que desempenha mal suas fungées, 0 ato atendeu apenas ao sentido amplo, pois punir um servidor que trabalhe mal tem interesse puiblico. Contudo, 0 ato é nulo, por desvio de finalidade, uma vez que a lei ndo estabelece esta finalidade para a transferéncia’. b) waldade ou isonomia: o principio da impessoalidade se traduz na ideia de isonomia, pois a Administragio deve atender a todos os administrados sem discriminacées. Nao se pode favorecer pessoas ou se utilizar de perseguicées indevidas, consagrando assim 0 principio da igualdade ou isonomia. Nesse ponto, devemos lembrar que a Constituicéio Federal estabelece que todos sao iguais perante a lei (art. 5°, caput), sendo que eventuais tratamentos diferenciados s6 podem ocorrer quando houver previsdo legal. A Constituico Federal apresenta diversas referéncias a esta aplicacdo do principio da impessoalidade como o art. 37, II, que exige a aprovacdo prévia em concurso ptiblico para a investidura em cargo ou emprego public, permitindo que todos possam disputar-Ihes com igualdade; o art. 37, XXI, que exige processo de licitagéo publica para a contratacgéo de obras, servigos, compras e alienagdes, assegurando igualdade de condicdes ? Exemplo apresentado na obra de Alexandrino e Paulo, 2011, p. 194-195. . DireitoAdministraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Jdicara e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 a todos os concorrentes; e 0 art. 175, que também exige licitaco publica para as permissdes e concessdes de servico publico. Analisando esses dois primeiros aspectos, podemos perceber que o principio da impessoalidade decorre do principio da supremacia do interesse ptiblico - em virtude da busca pela finalidade ou pelo interesse publico - e da isonomia ou igualdade - em decorréncia do tratamento igualitdrio, nos termos da lei. c) vedacio de promoco pessoal: os agentes piiblicos atuam em nome do Estado. Dessa forma, n&o podera ocorrer a pessoalizagéo ou promogao pessoal do agente pubblico pelos atos realizados. Esse significado decorre diretamente da disposigao do §1° do Art. 37 da CF/88: § 1° - A publicidade dos atos, programas, obras, servigos e campanhas dos érga0s publicos deverd ter cardter educativo, informativo ou de orientacéo social, dela nfo podendo constar nomes. simbolos ou imagens que caracterizem promocéo pessoal de autoridades ou servidores puiblicos. (grifos nossos) Isso significa que as atividades da Administracdo ndo podem ser imputadas aos funcionarios que as realizaram, mas aos drgaos e entidades que representam. Dessa forma, um governador nao pode se promover, a custa da Administrag&o, por obras realizadas em seu governo. Nao poderd constar, por exemplo, que “Fulano de Tal” fez isso, mas apenas que o “Governo Estadual” ou a “Administragao Municipal” realizou determinadas obras. Se um agente se aproveitar das realizacées da Administracdo para se promover individualmente, estara realizando publicidade indevida. Isso impede que, nas placas ou propagandas de publicidade publica, constem nomes pessoais ou de partidos politicos. Impede também a utilizacao de slogans, que possam caracterizar promocao pessoal. E mister informar que a promocéo pessoal, conforme estamos vendo, fere o principio da impessoalidade. No entanto, é claro que esse tipo de conduta também infringe outros principios, como a legalidade e a moralidade. d) impedimento e suspeic4o: esses institutos possuem 0 objetivo de afastar de processos administrativos ou judiciais as pessoas que nao possuem condicées de aplicar a lei de forma imparcial, em funco de DireitoAdministraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Jiciana e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 parentesco, amizade ou inimizade com pessoas que participam do processo. Por exemplo, se um juiz possuir inimizade reconhecida com uma pessoa que seja parte de um processo, ele ndo poderd julgar de forma imparcial. Dessa forma, buscando evitar possiveis favorecimentos, preservando a isonomia do julgamento, recomenda-se o afastamento da autoridade. Na verdade, os dois ultimos aspectos nada mais sio do que consequéncia légica das duas primeiras aplicacées (principio da finalidade e da isonomia). Em sintese, 0 principio da impessoalidade representa a busca pela finalidade publica, o tratamento isondmico aos administrados, a vedagdo de promocao pessoal e a necessidade de declarar o impedimento ou suspeicéo de autoridade que nao possua condigées de julgar de forma igualitaria. Principio da moralidade © principio da moralidade, que também esta previsto de forma expressa no caput do art. 37 da Constituicdo Federal, impde que o administrador pUblico nado dispense os preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. Dessa forma, além da legalidade, os atos administrativos devem subordinar-se a moralidade administrativa. Muito se discutiu sobre a existéncia da moralidade como principio auténomo, uma vez que 0 seu conceito era considerado vago e impreciso. Dessa forma, a doutrina entendia que, na verdade, o principio estava absorvido pelo principio da legalidade. No entanto, tal compreensdo encontra-se prejudicada, uma vez que a propria Constituic&o Federal incluiu os principios da legalidade e moralidade como principios auténomos, ou seja, tratou cada um de forma individual. Ademais, so diversas as previsdes de condutas contra a moralidade administrativa apresentadas na Carta de 1988, como, por exemplo, o art. 37, §4°, que dispde que os atos de improbidade administrativa importarao a suspensdo dos direitos politicos, a perda da funcdo publica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erario; o art. 14, §9°, com a redac&o da Emenda Constitucional de Revisdo n° 4/1994, que dispde que os casos de inelegibilidade devem proteger, entre outras coisas, a probidade administrativa e a moralidade para exercicio de mandato; e Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratégia Area Judiciaria ¢ Oficial de Justica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 o art. 85, V, que considera crime de responsabilidade os atos do Presidente da Republica contra a probidade administrativa. Com efeito, o art. 5°, LXXIII, dispde que qualquer cidadao é parte legitima para propor acdo popular que vise a anular ato lesivo 4 moralidade administrativa. A Lei 9.784/1999 também prevé 0 principio da moralidade em seu art. 2°, caput, obrigando, assim, a Administracdo Publica federal. O paragrafo Unico, inc. IV, do mesmo artigo, exige “atuacao segundo padres éticos de probidade, decoro e boa-fé". Dessa forma, podemos perceber a autonomia do principio da moralidade. Nessa linha, Maria Sylvia Zanella Di Pietro dispde que “sempre que em matéria administrativa se verificar que o comportamento da Administrac&o ou do administrado que com ela se relaciona juridicamente, embora em consonéncia com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa administracdo, os principios de justica e de equidade, a ideia de honestidade, estaré havendo ofensa ao principio da moralidade administrativa”®. Assim, podemos observar uma atuaco administrativa legal, porém imoral. Por exemplo, pode no existir nenhuma lei proibindo um agente piiblico de nomear o seu cénjuge para exercer um cargo em comissao no 6rg3o em que trabalha, ou seja, 0 ato foi legal. Contudo, tal ato mostra-se imoral, pois a conduta ofende os bons principios e a honestidade. Com base nos principios previstos no caput do Gp erisprudéncia art. 37, 0 Supremo Tribunal Federal firmou entendimento sobre a vedac&o do nepotismo na Administragao Publica, sendo que o fundamento decorre diretamente da Constituicéo, néo havendo necessidade de lei especifica para disciplinar a vedacao. Vejamos: Sumula Vinculante n? 13: A nomeagao de cénjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa juridica investido em cargo de direcdo, chefia ou assessoramento, para o exercicio de cargo em comisséo ou de confianga ou, ainda, de fungdo gratificada na administrag3o piiblica direta e indireta em qualquer dos Poderes da Unitio, dos estados, do Distrito Federal e dos municipios, compreendido o ajuste mediante designacées reciprocas, viola a Constituigo Federal. * DiPietro, 2014, p. 79, DireitoAdministraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Are Jia e Ofc de Jia Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 Entretando, o STF também entende que a mencionada vedac3o sé se aplica aos cargos e funcées de natureza meramente administrativa, nao. alcancando, portanto, os caraos politicos, como de secretario estadual ou municipal. Vejamos um exemplo no RE 579.951: Ento, quando o art. 37 refere-se a cargo em comissao e fungao de confianca, estd tratando de cargos e fungées singelamente administrativos, ndo de cargos politicos. Portanto, os cargos politicos estariam fora do alcance da decisio que tormamos na ADC n® 12, porque o préprio capitulo Vil é Da Administragio Publica enquanto segmento do Poder Executive. E sabemos que 08 cargos politicos, como por exemplo, o de secretario municipal, so agentes de poder, fazem parte do Poder Executivo. O cargo ndo é em comissio, no sentido do artigo 37. Somente os cargos e fungdes singelamente administrativos - é como penso - so alcancados pela imperiosidade do artigo 37, com seus lapidares principios. Ento, essa distinco me parece importante para, no caso, excluir do ambito da nossa decisdo anterior os secretarios municipais, que correspondem a secretérios de Estado, no ambito dos Estados, e ministros de Estrado, no ambito federal." (grifos nossos) RE 579.951 (Dle 24.10.2008) - Voto do Ministro Ayres Britto - Tribunal Pleno. Em resumo, podemos dizer que a nomeacdo de um irmao para exercer um cargo em comissao na secretaria de um tribunal ofende os principios da moralidade, impessoalidade, igualdade e eficiéncia; porém a nomeacéio do irmao do Prefeito para exercer 0 cargo de secretario municipal no ofende a Constituicao. Devemos considerar, portanto, que um ato até pode ser legal, mas se for imoral, é possivel a sua anulag&o. Com isso, a moralidade administrativa ganha um sentido juridico, permitindo até mesmo o controle judicial do ato. Com isso, caso a autoridade administrativa atue de forma imoral, o ato poderd ser anulado pelo Poder Judiciario. Nao significa, pois, que os principios da legalidade e da moralidade so indissocidveis. Na verdade, eles esto muito relacionados, sendo que, na maior parte das vezes, as pessoas acabam infringindo os dois simultaneamente. Diga-se, muitos atos imorais séo também ilegais muitos atos ilegais também so imorais. Cumpre observar que o principio da moralidade se aplica as relacées entre a Administracao e os administrados e também nas atividades internas da Administracéo. A extensao aos particulares é muito importante, uma vez que nao sao raros os casos de formacéo de conluio buscando fraudar a . Direito Administrative pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Juticiava e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 realizagao de licitagées pliblicas. Nesses casos, um pequeno grupo de empresas se reune para obter vantagens em seus relacionamentos com a Administrag3o. Tais condutas mostram-se, além de ilegais, imorais e desonestas. Para finalizar 0 assunto, podemos trazer as licdes de Gustavo Barchet®, que classifica 0 principio da moralidade em trés sentidos: a) dever de atuac4o ética (orincis jo da probidade): o agente publico deve ter um comportamento ético, transparente e honesto perante o administrado. Assim, 0 agente publico ndo pode sonegar, violar nem prestar informagées incompletas com 0 objetivo de enganar os administrados. N&o pode um agente se utilizar do conhecimento limitado que as pessoas tém sobre a administrac3o para obter beneficios pessoais ou prejudicar indevidamente o administrado; b) concretizacio dos valores consaarados na lei: o agente publico nao deve limitar-se aplicacao da lei, mas buscar alcancar os valores por ela consagrados. Assim, quando a Constituico institui 0 concurso publico para possibilitar a isonomia na busca por um cargo piiblico, 0 agente publico que preparar um concurso dentro desses ditames (proporcionar a isonomia) estaré também cumprindo o principio da moralidade; c) observancia dos costumes administrativos: a validade da conduta administrativa se vincula a observancia dos costumes administrativos, ou seja, a5 regras que surgem informalmente no quotidiano administrativo a partir de determinadas condutas da Administracao. Assim, desde que no infrinja alguma lei, as praticas administrativas realizadas reiteradamente, devem vincular a Administragao, uma vez que causam no administrado um aspecto de legalidade. Principio da publicidade 0 principio da publicidade, previsto taxativamente no artigo 37 da Constituico Federal, apresenta duplo sentido: a) exigéncia de publicacdo em érados oficiais como requisito de eficdcia: os atos administrativos gerais que produziréo efeitos externos ou os atos que impliquem énus para o patriménio ° Barchet, 2008, pp. 43-45. Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratégia Area Judiciaria © Oficial de Justica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 publico devem ser publicados em érgaos oficiais, a exemplo do Didrio Oficial da Unido ou dos estados, para terem eficdcia (produco de efeitos juridicos). N&o se trata, portanto, de requisite de validade do ato, mas tao somente da produgao de seus efeitos. Assim, um ato administrative pode ser vélido (competéncia, finalidade, forma, motivo e objetivo), mas no eficaz, pois se encontra pendente de publicagao oficial. Nem todo ato administrativo precisa ser publicado para fins de eficacia, mas tdo somente os que tenham efeitos gerais (t@m destinatarios indeterminados) e de efeitos externos (alcancam os administrados), a exemplo dos editais de licitagéo ou de concurso. Esses atos irao se aplicar a um numero indeterminado de administrados, ndo se sabe quantos. Outra situacdo decorre dos atos que impliquem ou tenham o potencial de implicar em 6nus ao patriménio publico, como a assinatura de contratos ou a homologacao de um concurso publico. b) exiaéncia_de transpar€ncia_da atuacio administrativa: o principio da transpar€ncia deriva do principio da indisponibilidade do interesse pUblico, constituindo um requisite indispensdvel para o efetivo controle da Administracéio Publica por parte dos administrados. Segundo a CF/88: Art. 5° (...) XXXIII - todos tém direito a receber dos érg3os puiblicos informacées de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou qeral, que serio prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas _aquelas _cuio _sigilo _seia imprescindivel 4 seauranca da sociedade e do Estado:” Outros dispositivos constitucionais que merecem destaque sao os seguintes: Art, 37. (...) § 3° A lei disciplinara as formas de participacéo do usudrio na administragéo publica direta e indireta, regulando especialmente: G) II - 0 acesso dos usudrios a registros administrativos e a informacées sobre atos de governo, observado 0 disposto no art. 5°, X € XXXIIL Art, 216. (...) § 2° - Cabem & administracdo publica, na forma da lei, a gestéo da documentacgo governamental e as providéncias para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. Esses dispositivos foram regulamentados pela recente Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso a Informagao), que dispe sobre os procedimentos a serem . DireitoAdministraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Juticara e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teor’ jos comentados Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 observados pela Unido, Estados, Distrito Federal e Municipios, com o fim de garantir 0 acesso a informagdes. Dessa forma, esse segundo sentido é muito mais amplo que o anterior, uma vez que a publicidade torna-se um preceito geral e 0 sigilo a excecao. Assim, com excec3o dos dados pessoais (dizem respeito a intimidade: honra e imagem das pessoas) e das informacées classificadas por autoridades como sigilosas (informacées imprescindiveis para a seauranca da sociedade e do Estado), todas as demais informacées devem ser disponibilizadas aos interessados, algumas de oficio (pela internet ou por publicagdes) e outras mediante requerimento. Principio da eficiéncia Este é 0 “mais jovem” principio constitucional. Foi incluido no artigo 37 pela Emenda Constitucional 19/1998 como decorréncia da reforma gerencial, iniciada em 1995 com 0 Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE). Assim, a eficiéncia diz respeito a uma atuacéo da administragéo publica com exceléncia, fornecendo servicos publicos de qualidade & populacao, com o menor custo possivel (desde que mantidos os padres de qualidade) e no menor tempo. Segundo Maria Sylvia Di Pietro}, 0 principio da eficiéncia apresenta dois aspectos: a) em relacdo ao modo de atuacdo do agente publico: espera-se a melhor atuacdo possivel, a fim de obter os melhores resultados. Como consequéncia desse primeiro sentido, foram introduzidas pela EC 19/1998 a exigéncia de avaliag3o especial de desempenho para aquisig3o de estabilidade e a possibilidade de perda de cargo ptiblico (flexibilizaco da estabilidade) em decorréncia da avaliagdo periédica de desempenho. b) quanto ao modo de oraanizar, estruturar_e disciplinar_a administracdo publica: exige-se que seja a mais racional possivel, permitindo que se alcancem os melhores resultados na prestacdo dos servicos publicos. Nesse segundo contexto, exige-se um novo modelo de gestéo: a administracao gerencial. Assim, os controles administrativos deixam de ser *DiPietro, 2014, p. 84 . Direito Administraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Jiciava e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 predominantemente por processos para serem realizados por resultados. O momento do controle prévio passa a ser realizado prioritariamente a posteriori (apés 0 ato), aumentando a autonomia do gestor, e melhorando a eficiéncia do controle. A transparéncia administrativa, 0 foco no cidadao, a descentralizac&o e desconcentracgo, os contratos de gestdo, as agéncias auténomas, as organizacées socials, a ampla participacao da sociedade no controle e no fornecimento de servicos so todos conceitos relacionados com este segundo aspecto da eficiéncia. 0 principio da eficiéncia surge do descontentamento da sociedade com a qualidade dos servicos e os inumeros prejuizos causados em decorréncia da morosidade administrativa. Assim, a atuacéo da Administracéo nao deverd ser apenas legal, mas também eficiente. Finalizando, é importante destacar que a busca da eficiéncia deve ocorrer em harmonia com os demais principios da Administrac&o Publica. Assim, n3o se pode deixar de obedecer aos principios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade somente para alcancgar melhores resultados. Por exemplo, se um agente piiblico deixar de realizar a licitacdo em determinada situacéo, contratando a empresa de um amigo seu sobre 0 pretexto de que a contratacao foi mais célere, barata e com mais qualidade, © ato seré mais eficiente, porém sera ilegal, imoral e contra a impessoalidade. Dessa forma, devera ser considerado nulo. Vamos resolver algumas questées para consolidar 0 conhecimento! ee sssacn) na prova! 10. (Cespe - Anap/TC-DF/2014) Em razdo do principio da legalidade, a administragao publica esta impedida de tomar decisées fundamentadas nos costumes. Comentério: os costumes sao fontes do Direito Administrativo e, portanto, podem ser utilizados para pautar a atuacdo administrativa. Devemos saber, todavia, que o uso dos costumes encontra-se bastante esvaziado em decorréncia do principio da legalidade. Ainda assim, a doutrina assevera que 0s costumes podem ser utilizados quando houver deficiéncia legislativa, suprindo, assim, 0 texto legal. Apesar de representar uma situagdo um tanto estranha, uma vez que a atuagaéo da Administragao $6 deve ocorrer quando existir lei, a doutrina entende que a BEstratesia ‘wissen adocao relterada de determinadas condutas administrativas passa a constitulr a moral administrativa. Com isso, 0s administrados passam a considerar a atuagao da Administracdo como legal (sentimento de obrigatoriedade) e, assim, nao podem ser prejudicados por eventual mudanca de conduta. Por isso mesmo que os costumes preservam-se como fonte do Direito Administrativo e podem servir de base para a tomada de decisao, desde que nao ocorra contra a lei. Gabarito: errado. 11. (Cespe — Proc/PGE BA/2014) Suponha que o governador de determinado estado tenha atribuido o nome de Nelson Mandela, ex-presidente da Africa do Sul, a escola publica estadual construida com recursos financeiros repassados mediante convénio com a Uni&o. Nesse caso, ha violagao do principio da impessoalidade, dada a existéncia de proibigao constitucional a publicidade de obras com nomes de auloridades publicas. Comentario: o art. 37, §1°, da CF/88 estabelece que a “publicidade dos atos, programas, obras, servigos e campanhas dos rgaos publicos deverd ter cardter educativo, informativo ou de orientagao social, dela néo podendo constar nomes, simbolos ou imagens que caracterizem promocdao pessoal de autoridades ou servidores publicos”. Dessa forma, nao se pode utiliza da publicidade publica para se promover individualmente. Atribuir a obras e ruas o nome de autoridades puiblicas 6 vedado quando elas estiverem vivas, conforme consta na Lei 6.454/1977: Art. 10. E proibido, em todo 0 territério nacional, atribuir nome de pessoa viva ou que tenha se notabilizado pela defesa ou exploracao de mao de obra escrava, em qualquer modalidade, a bem publico, de qualquer natureza, pertencente 8 Unido ou as pessoas juridicas, da administracao indireta. (Redacdo dada pela Lei n° 12.781, de 2013) Art. 2° E igualmente vedada a inscri¢do dos nomes de autoridades ‘ou administradores em placas indicadores de obras ou em veiculo de propriedade ou a servico da Administracdo Publica direta ou indireta. Art, 3° As proibigdes constantes desta Lei séo aplicdveis as entidades que, a qualquer titulo, recebam subvenco ou auxilio dos cofres ptiblicos federais. O STF também ja analisou o caso na ADI 307/CE, considerando constitucional norma da Constituigao do Ceara que veda ao estado e aos municipios atribuir nome de pessoa viva a avenida, praca, rua, logradouro, ponte, reservatério de Estrategia Sera rele judicidrio — TIDFT agua, viaduto, praca de esporte, biblioteca, hospital, maternidade, edificio publico, auditérios, cidades e salas de aulas. No caso, o STF declarou constitucional a norma da Constituigéio cearense, considerando que a atribuicéo de nome de pessoa publica viva a bens publicos é inconstitucional por ofensa ao principio da impessoalidade. Assim, a questao esta errada, pois a vedagao existe, mas somente para pessoas vivas. 12. (Cespe — Proc/PGE BA/2014) O atendimento ao principio da eficiéncia administrativa autoriza a atuagdo de servidor publico em desconformidade com a regra legal, desde que haja a comprovagao do atingimento da eficacia na prestacao do servigo pubblico correspondente. Comentario: os principios da Administragao Publica devem ser aplicados com harmonia, néo podendo se aplicar um principio em detrimento do outro. Assim, 0 simples pretexto de busca pela eficiéncia nao pode ser justificativa para afastar a legalidade. Segundo ensinamentos de Jesus Leguina Villa’ a eficacia que exige a Constituigéo deve ser alcangado dentro do ordenamento juridico e, em nenhum caso, ludibriando este. Assim, o alcance da eficiéncia deve ser analisado dentro das normas previstas em nosso ordenamento, ou seja, respeitando o principio da legalidade. Gabarito: errado. 13, (Cespe - Agente Administrativo/DPF/2014) Em razéo do principio da eficiéncia, é possivel, mediante licitagao, a contratagao de empresa que nao tenha apresentado toda a documentagao de habilitagao exigida, desde que a proposta seja a mais vantajosa para a administracao. Comentario: o principio da ncia deve sempre se submeter ao princi da legalidade. Assim, nunca poderd justificar-se a atuacéo administrativa contraria ao direito, mesmo que o ato ilegal se mostre mais eficiente. Gabarito: errado. 14. (Cespe — Analista Legislativo/Consultor/CD/2014) O principio da publicidade como valor republicano, assimilado de forma crescente pela vida e pela cultura + Villa, 1995, apud Di Pietro, 2014, p. 85. BiEstrategia eee judicidrio — TIDFT politica, conforma o direito brasileiro a imperativo constitucional de natureza absoluta, contra 0 qual nao ha excegao. Comentério: nenhum principio administrative é absolute. O principio da publicidade, por exemplo, comporta algumas excecées: (a) os dados pessoais (dizem respeito a intimidade, honra_e imagem das pessoas) e (b) as informacées classificadas por autoridades_como sigilosas (informacoes imprescindiveis para a sequranca da sociedade e do Estado). Gabarit : errado. 15. (Cespe - Analista Legislativo/Consultor/CD/2014) O principio da impessoalidade 6 corolario do principio da isonomia. Comentario: um dos sentidos do principio da impessoalidade se relaciona com a ideia de isonomia. Dai que surge a exigéncia do concurso piblico e da licitacdo, permitindo que os candidatos aos empregos ou cargos permanentes @ 0s possiveis fornecedores que desejem firmar contrato administrativo com a Administraco possam participar de um processo de escolha em igualdades de condicées. Gabarito: correto 16. (Cespe — Analista Legislativo/Consultor/CD/2014) O principio da legalidade implica dispor 0 administrador publico no exercicio de seu munus de espaco decisorio de estrita circunscrigao permissiva da lei em vigor, conforme ocorre com agentes particulares e arbitros comerciais. Comentério: munus 6 uma expressdo que significa encargo ou atribuicao. A questéo igualou o espaco decisério do administrador puiblico ao dos agentes particulares, ou seja, o item afirmou que, no exercicio de suas atribuigées, 0 agente publico possui as mesmas restri¢ées decorrentes do principio da legalidade que os agentes particulares. Vimos que isso é errado, uma vez que a lei possui aspecto positive para a Administrago e negativo para o administrado. Assim, o agente ptiblico s6 pode fazer o que a lei permitir, seguindo a autonomia da lei; enquanto agente privado pode fazer tudo 0 que ndo estiver proibido em lei, seguindo a autonomia da vontade. Logo, o item esté errado. Gabarito: errado. 17. (Cespe — Proc/MP TC-DF/2013) Por forea do principio da legalidade, a administragao publica néo esta autorizada a reconhecer direitos contra si demandados quando estiverem ausentes seus pressupostos. Direito Administrative pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Judiciava e Oficial de Jusica Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 Comentério: segundo o principio da legalidade a Administracdo 86 pode fazer © que estiver previsto em lei. Logo, se os pressupostos — isto 6, as condicées previstas em lei — nao estiverem presentes, nao pode a Administragéo conceder 0 direito. Se assim 0 fizer, 0 ato sera ilegal. Isso jé seria suficiente para responder 0 item. Porém, para complementar, voltaremos a transcrever 0 contetido do REsp 1231752/PR do ST. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EX-COMBATENTE. PENSAO. ACAO AJUIZADA APOS 5 (CINCO) ANOS DO INDEFERIMENTO” DO PEDIDO ADMINISTRATIVO. PRESCRICAO DO PROPRIO FUNDO DE DIREITO. OCORRENCIA. PRECEDENTES DO ST]. SERVICO MILITAR PRESTADO EM ZONA DE GUERRA. NAO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. PRECEDENTE DO ST). PRINCIPIO DA LEGALIDADE. AGRAVO NAO PROVIDO. ted 4. E irrelevante se perquirir se a UNIAO impugnou, ou no, todas as afirmacées de fato deduzidas pelo autor, na medida em que por forca do principio da ada a reconhecer direitos contra si demandados quando ausentes seus pressupostos legais [1 (STJ, AgRg no REsp 1231752/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 11/04/2011). (grifos nossos) Conclui-se, portanto, que o item esté correto. Gabarito: correto. 18, (Cespe - Proc DF/2013) Com fundamento no principio da moralidade e da impessoalidade, o STF entende que, independentemente de previsdo em lei formal, constitui violacéo & CF a nomeagao de sobrinho da autoridade nomeante para o exercicio de cargo em comissao, ainda que para cargo politico, como o de secretario estadual. Comentario: inicialmente, vamos transcrever a simula vinculante n* 13, que trata da vedac&o do nepotismo na Administracéo Publica: ‘Sumula Vinculante n° 13: ‘A nomeacao de cénjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa juridica investido em cargo de diregdo, chefia ou assessoramento, para 0 exercicio de cargo em comissa0 ou de confianca ou, ainda, de fungao gratificada na administracao publica direta e indireta em qualquer dos Poderes da Unido, dos estados, do Distrito Federal e dos municipios, compreendido 0 ajuste mediante designacées reciprocas, viola a ConstituigSo Federal. Direito Administrativo p/ An: judicidrio — TIDFT BiEstrategia ee A sumula, no entanto, nao se aplica aos cargos politicos, como os de secretario municipal e estadual ou, entao, ao cargo de iro de Estado. Gabarito: errado. 19. (Cespe - Contador/MTE/2014) A supremacia do interesse pUiblico sobre o privado e a indisponibilidade, pela administracao, dos interesses piblicos, integram © contevido do regime juridico-administrativo. Comentario: para fechar 0 assunto. Veja que, mesmo em uma prova de 2014, a banca aplica uma questdo exigindo tao somente o conhecimento de que os principios da supremacia e da indisponibilidade do interesse puiblico formam a base do regime juridico administrativo. Gabarito: correto. 20. (Cespe - AdiJudiciéria/Oficial de Justiga/TJDFT/2013) Havera ofensa ao principio da moralidade administrativa sempre que o comportamento da administragao, embora em consonancia com a lei, ofender a moral, os bons costumes, as regras de boa administragao, os principios de justiga e a ideia comum de honestidade. Comentério: 0 trecho é cépia do livro de Maria Syivia Zanella Di Pietro. Segundo a autora, “sempre que em matéria administrativa se veriticar que 0 comportamento da Administragéo ou do administrado que com ela se relaciona juridicamente, embora em consonéncia com a lei, ofende a moral, 2s bons costumes, as regras de boa administracao, os principios de justica e de equidade, a ideia de honestidade, estar4 havendo ofensa ao principio da moralidade administrativa””. Gabarit : correto. 21. (Cespe - ATA/MIN/2013) Fere a moralidade administrativa a conduta do agente que se vale da publicidade oficial para autopromover-se. Comentario: a vedagéo a promocéo pessoal é um dos aspectos do principio da impessoalidade. Todavia, nao podemos negar que este tipo de conduta também se mostra imoral e, sobretudo, ilegal, pois descumpre a previsdo do art. 37, §12, da Constituigao Federal. Assim, o item esta correto, pois ao agente que se valer da publicidade oficial para autopromover-se estaré ferindo a moralidade administrativa. Gabarito: correto. Direito Administraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Juticava e Oficial de Jusica Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 22. (Cespe — ATA/MJ/2013) O principio da moralidade administrativa torna juridica a exigéncia de atuacao ética dos agentes publicos e possibilita a invalidagao dos atos administrativos. Comentario: a moralidade administrativa nado é mais um conceito vago e impreciso, uma vez que possui autonomia e previsao legal. Considera-se, portanto, que é possivel extrair do ordenamento juridico 0 conteudo da moralidade, permitindo o controle judicial e eventual invalidacéo dos atos administrativos. Dessa forma, a moralidade administrativa torna iuridica a exigéncia de atuagéio ética dos agentes publicos. Gabarito: correto. 23. (Cespe - TAIBAMA/2012) De acordo com a CF, a medida proviséria, o estado de defesa e o estado de sitio constituem excegao ao principio da legalidade na administracdo publica. conforme ensinamento de Celso Anténio Bandeira de Mello, a Comentaric medida proviséria, 0 estado de detesa e 0 estado de sitio ndo excecdes a0 principio da legalidade. O primeiro por ser um diploma normativo de excecao e precariedade, pois sé 6 aplicavel em caso de “relevancia e urgéncia”. Os dois ultimos por restringirem direitos em situagdes excepcionais. Gabarito: correto. 24. (Cespe — TA/IBAMA/2012) Caracteriza nepotismo a nomeagao de familiar de servidor efetivo do IBAMA que, em razao de sua qualificagao, seja convidado a ocupar uma das diretorias dessa autarquia. Comentério: a questéo exige uma andlise mais detalhada da sumula vinculante n° 13. Vamos transcrevé-la novamente, destacando os itens mais importantes: ‘Sumula Vinculante n° 13: ‘A nomeagéo de cénjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da [1] autoridade nomeante ou de [2] servidor da mesma pessoa wid investi m re ire chefi: lassessoramento, para 0 exercicio de cargo em comissdo ou de confianca ou, ainda, de funcdo gratificada na administrago publica direta e indireta em qualquer dos Poderes da Unio, dos estados, do Distrito Federal e dos municipios, compreendido o ajuste mediante designagées reciprocas, viola a Constituicéo Federal. (arifos e numeragdes nao presentes no original) ‘A vedacao é para a nomeagao de cénjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, das seguintes pessoas: [1] autoridade nomeante: ou /2) servidor da mesma pessoa juridica investido em carao de direcdo. chefia ou assessoramento. Estrategia ee A questo esta falando que a pessoa nomeada é familiar de servidor efetivo, que nado 6 uma das pessoas que mencionamos acima. Por isso, 0 item ja estaria errado. Ademais, a questdo nao disse que tipo de “familiar”, ou seja, No especificou 0 grau de parentesco, o que tornaria a questéo também errada. Gabarito: errado. 25. (Cespe - AdJ/Administrativa/Contabilidade/TRE ES/2011) Enquanto na administragao privada s6 € permitide fazer o que a lei autoriza, na administragao publica ¢ licito fazer tudo que a lei nao proibe. Comentario: essa é simples. A legalidade tem aspectos positive para a ‘Administraco, que s6 pode fazer o que a lel autoriza, e aspecto negativo para os administrados, que podem fazer 0 que nao estiver proibido em lei. A questo apenas fez a inversao: “Enquanto na administracao privada publica 86 6 permitido fazer 0 que a lei autoriza, na administragao publica privada 6 licito fazer tudo que a lei nao protbe.” Gabarito: rrado. 26. (Cespe - TJ/Administrativa/"Sem Especialidade"/TRE ES/2011) Contraria o principio da moralidade o servidor publico que nomeie o seu sobrinho para um cargo em comisséo subordinado. Comentario: a autoridade que nomear o sobrinho (linha colateral de 3° grau) para um cargo em comissao subordinado estaré contrariando os principios constitucionais, conforme consta na sumula vinculante n® 13. Os principios diretamente relacionados ao caso sdo moralidade, impessoalidade. iqualdade 2 eficiéncia. Gabarito: correto. 27. (Cespe — Analista/Administrativa/MPE-P1/2011) © principio da moralidade pretende tutelar o descontentamento da sociedade em razao da deficiente prestagao de servigos pulblicos e de intmeros prejuizos causados aos usuarios. Coment essa questao foi retirada de um trecho do livro de José dos Santos Carvalho Filho. O autor, ao tratar do principio da eficiéncia, destacou que, Com a incluso, pretendeu 0 Governo conferir direitos aos usuarios dos diversos servigos prestados pela Administrac3o ou por seus delegados e estabelecer obrigacées efetivas aos prestadores. N&O é dificil perceber que a insercao desse principio revela o descontentamento da sociedade diante de sua antiga impoténcia para lutar contra a deficiente prestacio de BiEstrategia ee judicidrio — TIDFT tantos servicos, que incontaveis prejuizos j4 causou aos usuarios. (grifos nossos) Logo, o item esta errado, pois a questéo trata do principio da eficiéncia. Gabarito: errado. 28. (Cespe — ATI/Administracao/ABIN/2010) O principio da impessoalidade decorre, em ultima analise, do principio da isonomia e da supremacia do interesse pubblico, néo podendo, por exemplo, a administragao publica conceder privilégios injustificados em concursos puiblicos e licitagdes nem utilizar publicidade oficial para veicular promogao pessoal. Comentario: o principio da impessoalidade se relaciona com o principio da finalidade. Vimos que o principio da supremacia do interesse publico se fundamenta na razao de ser da Administracao, ou seja, o alcance do interesse pUblico. Dessa forma, podemos relacionar a finalidade com a supremacia do interesse publico. Em um segundo momento, 0 principio da impessoalidade representa a isonomia ou igualdade, vedando, portanto, privilégios injustificados em concursos piiblicos e licitagées nem utilizar publicidade oficial para veicular promogao pessoal. Com isso, 0 item esta perfeito! Gabarito: correto. 29. (Cespe — Analista/Sebrae/2008) © principio da eficiéncia foi acrescentado ao texto constitucional pela Emenda Constitucional n.? 19/1998, conhecida como a emenda da reforma administrativa, Comentario: o principio constitucional da eficiéncia nao constava no texto original do art. 37. Ele foi incluido pela Emenda Constitucional 19/1998, também chamada de emenda da reforma administrativa, pois fol responsdvel por incluir diversos dispositivos que permitiram a realizagéo da reforma gerencial da Administragao Publica no Brasil. Gabarito: correto. PRINCIPIOS IMPLICITOS OU RECONHECIDOS Os principios abordados a seguir séo considerados implicitos ou reconhecidos quando se tem como parametro a Constituicdo Federal Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratégia Area Judiciaria ¢ Oficial de Justica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 No entanto, se considerarmos as normas infraconstitucionais, varios deles constam expressamente em alguma lei. Por exemplo, na Lei 9.784/1999, que regula o processo administrative no ambito da Administracéo Publica Federal, constam expressamente os principios da legalidade, finalidade, motivacdo, razoabilidade, _proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditério, seguranca juridica, interesse publico e eficiéncia. Feita essa abordagem, vamos partir para o estudo especifico dos principios implicitos. Principio da supremacia do interesse piiblico 0 principio da supremacia do interesse piblico sobre o privado é um principio implicito, que tem suas aplicagdes explicitamente previstas em norma juridica. Trata-se, pois, das prerroaativas administrativas. A esséncia desse principio esta na propria razio de existir da Administragao, ou seja, a Administracdo atua voitada aos interesses da coletividade. Assim, em uma situac&o de conflito entre interesse de um particular eo interesse publico, este ultimo deve predominar. E por isso que a doutrina considera esse um principio fundamental do regime juridico administrativo. As prerrogativas administrativas sao, portanto, os poderes conferidos & Administrago, que Ihe asseguram a posigéo de superioridade perante o administrado, aplicando-se somente nas relacdes em que o Poder Publico atua em prol do interesse da coletividade. Podemos ver a aplicaco desse principio quando, por exemplo, ocorre a desapropriacdo de um imével, em que 0 interesse ptiblico prevalece sobre o proprietdrio do bem; ou no exercicio do poder de policia do Estado, quando séo impostas algumas restrigdes as atividades individuais para preservar o bem-estar da coletividade Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, 0 principio da supremacia do interesse ptiblico esta presente tanto no momento de elaboracdo da lei como no momento de execugao em concreto pela Administracao Publica. Dessa forma, o principio serve para inspirar o legislador, que deve considerar a predominancia do interesse puiblico sobre o privado na hora de editar normas de carater geral e abstrato. Assim, quando 0 legislador inclui a possibilidade de a Administragao alterar de forma unilateral as clausulas de um contrato administrativo, . Direit Administrative pf Analisa Judicivio— TSDET Estratégia Areca e Oil de Jusia i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados prof, Herbert Almeida” Aula 00 obrigando o particular a cumpri-las (desde que respeitados os limites e condicées previstos na lei), fica evidente que o principio da supremacia serviu de fonte inspiradora para a legislac3o. Por outro lado, o principio vincula a Administracao Publica, ao aplicar a lei, no exercicio da func&o administrativa. Nesse contexto, quando a lei concede poderes a Administracéo para desapropriar, intervir, punir, é porque tem em vista atender ao interesse coletivo, que néo pode ceder perante interesses individuais. Assim, a aplicac&o da lei deve ter como objetivo tutelar o interesse coletivo, néo podendo ser utilizado com finalidades privadas como favorecimentos ou vantagens pessoais. Por exemplo, quando a lei permite que uma prefeitura municipal faca a desapropriacao de um imével, isso s6 deve ser feito quando o interesse geral assim o exigir. Caso a autoridade administrativa realize a desapropriacéo com o objetivo de punir um inimigo politico do prefeito ou para favorecer determinado grupo empresarial, estaré realizando por questées individuais, e no gerais, desviando a finalidade da lei. Ou seja, estaremos diante de um vicio de desvio de poder ou desvio de finalidade, tornando 0 ato ilegal. Como dito acima, o principio da supremacia se fundamenta na prépria razSo de ser do Estado, na busca de sua finalidade de garantir 0 interesse coletivo. Assim, & possivel ver sua aplicagéo em diversas ocasides como, por exemplo: (a) nos atributos dos atos administrativos, como a presungao de veracidade, legitimidade e imperatividade; (b) na existéncia das chamadas cldusulas exorbitantes nos contratos administrativos, que permitem, por exemplo, a alteracdo ou resciséo unilateral do contrat; (©) no exercicio do poder de policia administrativa, que impde condicionamentos @ limitagdes ao exercicio da atividade privada, buscando preservar o interesse geral; (d)_ nas diversas formas de intervenc&o do Estado na propriedade privada, como a desapropriacdo (assegurada a indenizago), a servidéo administrativa, 0 tombamento de imével de vaior histérico, a ocupacéo temporaria, etc. Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratéegia Area Juichra e Oficial de Justica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 meeste A imposicao de restrigées ao particular atencao. depende de previsao legal. Por fim, deve-se destacar que nas situagdes em que a Administracao nao atuar diretamente para a consecucao do interesse puiblico, como nos contratos de locagdo, de seguro ou quando agir como Estado-empresario, no Ihe cabe invocar o principio da supremacia. Contudo, Alexandrino e Paulo destacam que, mesmo que indiretamente, ainda nessas situacdes - quando nao sao impostas obrigacdes ou restricdes aos administrados -, os atos da Administracao Publica revestem-se de aspectos préprios do direito publico, a exemplo da presuncao de legitimidade. Principio da indisponibilidade do interesse publico Esse também é um principio implicito. Representa o outro lado da moeda. Enquanto o principio da supremacia representa as prerrogativas, 0 principio _da_indisponibilidade do interesse piiblico trata das sujeicdes administrativas. As sujeicdes administrativas sdo li lagdes e restricée: postas & Administragaéo com o intuito de evitar que ela atue de forma lesiva aos interesses publicos ou de modo ofensivo aos direitos fundamentais dos administrados??. Como exemplos de sujeigées podemos mencionar a necessidade de licitar - para poder contratar servicos e adquirir bens; e a realizacéo de concursos publicos, para fins de contratacéo de pessoas. Percebam que os particulares ndo se sujeitam a essas limitacdes. Uma pessoa tem disposicio de um bem quando é o seu proprietério. Contudo, essa ndo € a realidade da Administracéo ou de seus agentes. Como bem assevera José dos Santos Carvalho Filho, cabe-Ihes apenas geri- los, conservé-los e por eles velar em pro! da coletividade, esta sim a verdadeira titular dos direitos e interesses publicos. Dessa forma, a Administracéo nao possui livre disposicao dos bens e interesses publicos, uma vez que atua em nome de terceiros, a coletividade. Por consequéncia, impdem limitagdes & alienacdo de bens, que sé podem ocorrer nos termos previstos em lel; & contratacdo de pessoal efetivo, que ® Barchet, 2008, p. 55-56. Direito Administrativo p/ Analista Judiciério ~ TIDFT fEstratéegia Area Jiciva e Oficial de Jusica CONC URS OT Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 00 deve seguir a regra de concurso puiblico; a escolha de fornecedores para firmar contrato, que depende da realizacao de licitacdo, e por ai vai Uma informacdo importante é que, enquanto o principio da supremacia do interesse ptiblica ndo se aplica em algumas situagdes - como na exploracao de atividade econémica - 0 principio da indisponibilidade do interesse publico esté diretamente presente em qualquer atuacdo da Administraco Publica. Outro aspecto relevante é a relacdo do principio da indisponibilidade do interesse piiblico com o principio da legalidade. Como vimos acima, Maria Di Pietro coloca o principio da legalidade como um dos principios basilares do Direito Administrative, Para a autora é a legalidade que demonstra a preservacdo da liberdade dos individuos, por meio de restricdes impostas ao Poder Publico, uma vez que a Administracéo sé pode fazer o que estiver previsto em lei, ndo podendo pautar-se pela autonomia de vontade prevista para o particular. Em outras palavras, a Administraco deve seguir a “vontade da lei”. Nesse sentido, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo afirmam que, justamente por nao ter disposicéo sobre a coisa publica, toda atuacao administrativa deve atender ao estabelecido em lei, Linico instrumento habil a determinar o que seja interesse publico. Isso porque a lei é a manifestacao legitima do povo, que € 0 titular da coisa publica. rove Nenhum principio € ilimitado e irrestrito. Todos os latento! — Principios encontram alguma relativizaggo na sua aplicacso, permitindo a coexisténcia de todos os principios no ordenamento juridico. Assim, mesmo que os principios da supremacia e da indisponibilidade do interesse piiblico sejam basilares para 0 Direito Administrativo, eles podem ser relativizados para preservar a aplicaco dos outros princ{pios, como a moralidade e a eficiéncia. Com base nisso, o STF jé firmou entendimento sobre a possibilidade de a Administracdo fazer acordos ou transagées", relativizando, assim, a aplicago do principio da indisponibilidade do interesse piiblico (e também da legalidade), sobremaneira quando o acordo seja a maneira mais eficaz de se beneficiar a coletividade (RE n2 253.885/MG). A transagio é um instrumento previsto no Cédigo Civil para que os interessados terminem um ltigio mediante cconcessdes miituas (CC, art. 840). Em linguagem mais simples, a transagio é um acordo em que um dos lados abre mao de parte de seu direito para evitar uma longa demanda judicial, . Direito Administraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Jiciava e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 Além da relacdo com as sujeigées administrativas, Gustavo Barchet informa que ha outros dois sentidos para o principio da indisponibilidade: > poder-dever de aair: sempre que 0 ordenamento juridico conceder uma competéncia (poder) aos agentes publicos, esse poder representara também um dever. Assim, na situacdo concreta, a Administracaéo deve agir conforme manda o interesse publico, nao podendo escolher se deve ou nao fazer, mas aplicar o Direito. Um agente de transito, por exemplo, ao mesmo tempo em que tem o poder de aplicar uma multa, é obrigado a fazé-lo quando uma pessoa infringir uma regra de transito; > inalienabi lade__dos Dublicos: trata-se do impedimento imposto @ Administracdo de transferir aos particulares os direitos relacionados aos interesses piblicos que a lei Ihe encarregou de defender. Assim, quando faz uma concessé0, por exemplo, ndo se transfere o direito (ou a atividade propriamente dita), mas somente o exercicio da atividade. Da mesma forma, nao se pode alienar um bem que esteja vinculado a satisfacdo do interesse publico. tos _concernentes a __interesses A alienacdo de um bem ocorre quando o Estado transfere este bem a um terceiro. Em outras palavras, trata-se da venda de um bem. Ocorre que a Administracgao nado pode se desfazer de seus bens quando eles estiverem afetados ao exercicio do interesse publico. Nao é necessdrio aprofundar o assunto. O que devemos saber é que os bens publicos, quando possuirem uma finalidade propria relacionada a satisfacéo do interesse publico, nado podem ser alienados. Por exemplo, um prédio utilizado como sede de uma prefeitura municipal nao podera ser alienado enquanto possuir essa destinacao. Dessa forma, o principio da indisponibilidade do interesse puiblico impde que os bens piblicos, quando relacionados a satisfacdo do interesse puiblico, sdo inalienaveis. A Unica ressalva € que a inalienabilidade nao é uma regra absoluta, existindo um procedimento legal que permita a alienacdo de bens. Apés essas abordagens, vamos resolver algumas questées! Direito Administrativo p/ An: fEstratéegia Area Judiciaria e Oficial de Justica CONCURSOS Teoria jos comentados Prof, Herbert Almeida — Aula 00 Cee na prova! 30. (Cespe - Anap/TC-DF/2014) O principio da supremacia do interesse piiblico sobre 0 interesse privado é um dos pilares do regime juridico administrativo e autoriza a administracdo publica a impor, mesmo sem previsdo no ordenamento juridico, restrigées aos direitos dos particulares em caso de conflito com os interesses de toda a coletividade. judicidrio — TIDFT Comentério: realmente o principio da supremacia do interesse publico é um dos pilares do regime juridico administrativo, mas ele 6 autoriza a imposigao de restrigées de direitos, como no exercicio do poder de policia ou na intervengdo administrativa, quando existir previsdo leaal. Gabarito: errado. 31. (Cespe — Administrador/SUFRAMA/2014) A impossibilidade da alienacao de direitos relacionados aos interesses publicos reflete o principio da indisponibilidade do interesse publico, que possibilita apenas que a administragao, em determinados casos, transfira aos particulares 0 exercicio da atividade relativa a esses direitos. Comentério: 0 principio da indisponibilidade do interesse publico pode se resumir a trés aspectos: i. as sujeig¢des administrativas — representadas pelas limitagdes na atuaco administrativa, como a necessidade de licitar; ii. © poder-dever de agir - que consiste na obrigagao de agir sempre que a lei outorgar uma competéncia ao agente pliblico (ao mesmo tempo em que ele ganha o poder de atuar ele também tem o dever de fazer); inalienabilidade dos direitos concernentes a interesse publicos - impede que a Administracao transfira a titularidade de determinada atividade por meio de ato infralegal. Para explicar este ultimo caso, devemos pegar como exemplo a concessao de servigo ptiblico. Quando a Administragéo faz uma licitagéo para conceder o direito de explorar o servigo de telecomunicagées, ela estara transferindo apenas a execucao do servigo, permanecendo com a titularidade do mesmo. Assim, o particular podera explorar a atividade, ou seja, podera executé-la, mas a Administracéo permanece com a titularidade, motivo pelo qual possui © poder de controlar e fiscalizar a qualidade do servico prestado. Dessa forma, os direitos relacionados aos interesses publicos sao inalienaveis, podendo-se transferir, em determinados casos, somente a execucdo do servigo. Logo, o item esta correto. Direito Administrative pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Are Juve Ofc de Jia Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 Gabarito: correto. 32. (Cespe - Analista Legislativo/Consultor/CD/2014) O principio da indisponibilidade do interesse publico nao impede a administragao publica de realizar acordos e transagées. Comentério: 0 STF entende ser possivel atenuar o principio da indisponibilidade do interesse publico, em particular na realizagéo da transagéo, quando 0 ato nao se demonstrar oneroso para a Administracdio e representar a melhor maneira para ultimar o interesse coletivo. Nesse sentido, vejamos a ementa do RE 252.885/M Poder Piblico. Transagao. Validade. Em regra, os bens eo interesse pUblico sao indisponiveis, porque pertencem a coletividade. E, por isso, 0 Administrador, mero gestor da coisa publica, nao tem disponibilidade sobre ‘os interesses confiados & sua guarda e realizacdo. Todavia, hd casos em que o principio da indisponibilidade do interesse piiblico deve ser atenuado, mormente quando se tem em vista que 2 solugdo adotada pela Agministracso é 2 que melhor atenderé ultimacdo deste interesse. (...). (STF. 1 T. RE n°. 253.885/MG. Rel. Min. Ellen Gracie. DJ de 21/06/2002). orreto. Gabarito: 33. (Cespe — Analista/Area Judiciéria/TRE-MS/2013 - adaptada) Decorrem do principio da indisponibilidade do interesse pUblico a necessidade de realizar concurso publico para admissao de pessoal permanente e as restrigdes impostas & alienagaio de bens publicos. Comentario: a Administracdo nao pode contratar quem ela desejar para desempenhar atividades de caréter permanente. Para tanto, é necessario realizar concurso publico, permitindo que todos os interessados ao cargo participem de um processo seletivo isonémico. Além disso, a alienagdo de bens piblicos s6 pode ocorrer quando o bem for desafetado, ou seja, quando ele nao possuir mais uma finalidade publica. Ademais, a alienacdo deve seguir as regras previstas na legislacéo, em particular na Lei 8.666/1993. Assim, a necessidade de realizar concurso piblico e as restrigbes impostas A alienagao de bens piiblicos decorrem do principio da indisponibilidade do interesse publico. Gabarito: correto. 34. (Cespe — ATA/MJ/2013) As restriges impostas a atividade administrativa que decorrem do fato de ser a administracéo pliblica mera gestora de bens e de Direito Administrativo p/ An: judicidrio — TIDFT fEstratéegia Area Judiciaria e Oficial de Justica CONCURSOS Teoria jos comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 interesses pUiblicos derivam do principio da indisponibilidade do interesse publico, que 6 um dos pilares do regime juridico-administrativo. Comentario: a Administragéo nao possui livre disposicéo dos bens e interesses publicos, uma vez que atua em nome do povo, este sim titular da coisa publica. E justamente dai que decorrem as restrig¢des impostas a atividade administrativa, consequéncia légica do principio da indisponibilidade do interesse publico, um dos pilares do regime juridico administrativo. Gabarito: correto. 35. (Cespe - PRF/2013) A administragao nao pode estabelecer, unilateralmente, obrigagdes aos particulares, mas apenas aos seus servidores e aos concessiondrios, permissiondrios e delegatérios de servigos publicos Comentério: em decorréncia do principio da supremacia do interesse publico @ possivel impor, unilateralmente, obrigagdes aos particulares, desde que exista previsdo legal para isso. Por exemplo, 0 art. 58, inc. |, da 8.666/1993, permite que a Administra¢éo modifique os contratos administrativos, unilateralmente, para melhor adequagao as finalidades de interesse puiblico, respeitados os direitos do contratado. Outro exemplo é a intervencéo na propriedade privada, que também permite a aplicagao de obrigagées de forma unilateral contra o particular. Enfim, nao sao apenas os casos previstos na questéo que permitem estabelecer, unilateralmente, obrigagdes aos particulares. Portanto, 0 item esta errado. Gabarito: errado. 36, (Cespe - AJ/TRT 10/2013) O principio da supremacia do interesse piblico 6, ao mesmo tempo, base e objetivo maior do direito administrativo, néo comportando, por isso, limites ou relativizacées. Comentario: a questéo comeca correta, uma vez que o principio da Supremacia do interesse puiblico é a base (um dos pilares do regime juridico administrativo) e objetivo (denota a raziio de ser da Administracao, que é 0 alcance do interesse publico) do regime juridico administrativo. No entanto, nenhum principio possui aplicagao absoluta e ilimitada. Em alguns casos, é possivel relativizar este principio, mantendo a harmonia do ordenamento juridico. A aplicacdo deve ocorrer com a ponderacdo de outros princ{pios como da razoabilidade e proporcionalidade, da legalidade, Estrategia ean ra eee judicidrio — TIDFT do devido processo legal, etc. Exemplificando, ele pode ser relativizado para preservar os direitos fundamentais do cidadéo. Por conseguinte, o item esta errado. Gabarito: errado. 37. (Cespe — Administrador/MJ/2013) Os principios fundamentais orientadores de toda a atividade da administragao publica encontram-se explicitamente no texto da Constituig&o Federal, como 6 0 caso do principio da supremacia do interesse pilico. Comen’ os principios expressos na Constituigéo Federal séo os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia. Os dois principios fundamentais do Direito Administrative - supremacia e indisponibilidade do interesse piblico — s4o apenas implicitos. Gabarito: errado. 38. (Cespe - Analista/Direito/INPI/2013) A supremacia do interesse ptblico constitui um dos principios que regem a atividade da administragéo publica, expressamente previsto na Constituigdo Federal. Comentério: idem ao item anterior. O principio da supremacia do interesse publico é implicito na Constituicao Federal. Gabarito: errado. 39. (Cespe — TNS/MC/2013) Nos casos de desapropriagao e do exercicio do poder de policia do Estado, constata-se nitidamente a aplicagéo do principio da supremacia do interesse publico sobre o privado. Comentério: 0 poder de policia é um poder de fiscalizagdo da Administracao, que impée condicionamentos e restrigdes ao exercicio de determinadas atividades pelo particular. Tanto 0 poder de policia como a desapropriagao representam formas de aplicagao do principio da supremacia do interesse publico sobre o privado. Gabarito: correto. 40. (Cespe - Administrador/TJ-RR/2012) Do principio da supremacia do interesse pliblico decorre a posigao juridica de preponderancia do interesse da administragao publica. Comentério: este quesito resume o significado do principio da supremacia do interesse publico, qual seja a preponderancia do interesse publico quando em contlito com os interesses particulares. Direito Administrativo p/ An: judiciario — TIDFT fEstratéegia Area Jiciava e Oficial de Jusica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 Gabarito: correto. 41. (Cespe — Analista Processual/TJ-RR/2012) © principio da supremacia do interesse piblico vincula a administragéo pliblica no exercicio da fungao administrativa, assim como norteia 0 trabalho do legislador quando este edita normas de direito piblico Comentério: Maria Sylvia Zanella Di Pietro destaca o papel dupio do principi da supremacia: a) influenciar 0 legislador: que, na hora de editar as normas de direito publico, deve considerar 0 predominio do interesse publico sobre 0 privado; b) vincular a Administragdo Publica no exercicio da fun¢ao administrativa: que deve buscar a finalidade publica, e nao interesses individuais. Logo, 0 item esta correto. Gabarito: correto. 42. (Cespe — Analista/Administrativa/MPE-P1/2011) A supremacia do interesse pubblico é 0 que legitima a atividade do administrador piiblico. Assim, um ato de interesse pblico, mesmo que nao seja condizente com a lei, pode ser considerado valido pelo principio maior da supremacia do interesse piiblico. Comentario: os principios administrativos nunca seréo absolutos. Eles sempre devem ser aplicados com harmonia com o ordenamento juridico. Por exemplo, a aplicacao do principio da supremacia do interesse publico deve ocorrer respeitando o principio da legalidade. Logo, os atos administrativos devem ser condizentes com a lei, o que deixa a questéo errada. Gabarito: errado. Principios da raz abilidade e da proporcionalidade Os principios da razoabilidade e da proporcionalidade nao se encontram previstos de forma expressa na Constituigdo Federal, mas esto previstos na Lei 9.784/1999, que regula 0 processo administrativo na Administracéo Publica federal. Muitas vezes, esses dois principios sdo tratados como sinénimos ou, pelo menos, séo aplicados de forma conjunta. Por conseguinte, tentar diferencid-los é um trabalho um tanto dificil. . Direito Administraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Juticiava e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 Os dois principios se aplicam na limitag&o do poder discricionério. A discricionariedade ocorre quando a lei deixa uma margem de decisdo para © agente publico aplicd-la ao caso concreto. Por exemplo, a Lei 8.112/1990 apresenta, entre as penalidades aplicdveis aos servidores publicos, a adverténcia, a suspensio e a demissdo. No caso concreto, caberd a autoridade responsdvel decidir qual das penalidades serd cabivel. Isso é a discricionariedade. Contudo, ela ndo pode ser exercida de forma ilimitada. Vamos voltar ao exemplo. Quanto & suspensao, a Lei 8.112/1990 determina que ela sera aplicada em caso de reincidncia das faltas punidas com adverténcia e de violacdo das demais proibicdes que nao tipifiquem infrac&o sujeita a penalidade de demisséio, ndo podendo exceder de noventa dias. Agora, suponha que um servidor chegue atrasado, de forma injustificada, por uma hora e, por consequéncia, apés a realizacéo das formalidades legais, seja penalizado com adverténcia. Imagine que, uma semana apés ser penalizado, o agente volte a chegar atrasado. Apds 0 regular processo administrative, a autoridade competente aplicou a penalidade de suspensdo por noventa dias, ou seja, 0 limite maximo para este tipo de penalidade. Todavia, 0 atraso do servidor néo gerou nenhum outro prejuizo nem prejudicou ninguém. Dessa forma, podemos considerar © ato da autoridade publica desarrazoado, uma vez que ele poderia ter alcancado a finalidade publica com uma pena muito menos gravosa. No caso, a autoridade agiu dentro de sua competéncia, cumpriu as formalidades — pois instaurou 0 devido processo administrativo - e teve como finalidade o interesse publico - uma vez que buscou punir 0 agente para evitar novas irregularidades. Contudo, a medida foi exagerada, incoerente com os fatos. Imaginem um novo atraso, novamente sem outros prejuizos, seria o servidor demitido por isso!? Dessa forma, os principios em comento realizam uma limitagéo & discricionariedade administrativa, em particular na_restrigdo ou condicionamento de direitos dos administrados ou na imposicao de sangdes administrativas, permitindo que o Poder Judicidrio anule os atos que, pelo seu excesso, mostrem-se ilegais e ilegitimos e, portanto, passiveis de anulagéo. Apés esse exemplo, podemos tentar conceituar os dois principios. A razoabilidade impde que, ao atuar dentro da discrigéo administrativa, 0 agente publico deve obedecer a critérios + fxemplo adaptado de Furtado, 2012, p. 101 . Direit Administativo pf Anais Judicivio— FSDET Estratégia Arena e Oil de Jusia i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados prof, Herbert Almeida” Aula 00 aceitéveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas. Dessa forma, ao fugir desse limite de aceitabilidade, os atos serdo ilegitimos e, por conseguinte, serdo passiveis de invalidago jurisdicional. Sao ilegitimas, segundo Celso Anténio Bandeira de Mello, “as condutas desarrazoadas, bizarras, incoerentes ou praticadas com desconsideracao as situacdes e circunstancias que seriam atendidas por quem tivesse atributos normais de prudéncia, sensatez e disposicio de acatamento as finalidades da lei atributiva da discricéo manejada". A proporcionalidade, por outro lado, exige 0 equilibrio entre os meios que a Administracio utiliza e os fins que ela deseja alcangar, segundo os padrées comuns da sociedade, analisando cada caso concreto!®. Considera, portanto, que as competéncias administrativas sé podem ser exercidas validamente na extensiio e intensidade do que seja realmente necessario para alcangar a finalidade de interesse publico ao qual se destina. Em outras palavras, o principio da proporcionalidade tem por objeto o controle do excesso de poder, pois nenhum cidadao pode sofrer restrigdes de sua liberdade além do que seja indispensavel para 0 alcance do interesse ptiblico. Dos conceitos apresentados acima, é possivel perceber o quanto é dificil diferenciar um do outro. Nos dois casos, os agentes piiblicos ndo podem realizar exageros, devendo sempre obedecer a padres de adequacdo entre meios e fins. Quanto ao excesso de poder, por exemplo, podemos afirmar seguramente que ele se aplica aos dois principios. Nesse sentido, alguns doutrinadores chamam o principio da razoabilidade de principio da proibigéo de excesso’?; enquanto outros relacionam esse aspecto (excesso de poder) ao principio proporcionalidade?®. Por isso, alguns autores consideram que o principio da proporcionalidade é uma das facetas do principio da razoabilidade*, ou seja, aquele esté contido no conceito deste. Isso porque o principio da razoabilidade, entre outras coisas, exige proporcionalidade entre os meios de que se utiliza a Administrac&o Publica e os fins que ela tem que alcancar. Em que pese sirvam de fundamento para 0 Judicidrio analisar os atos discriciondrios, os principios no significam invasdo ao poder de deciséo do * Marinela, 2013, p.56. e.g, Meirelles, 2013, p. 96; Marinela, 2013, p. 54 +e, Mendes, 2001. * Oj Pietro, 2014, p. 81; Bandeira de Mello, 2014, p. 114 Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratéegia Area Jticiana e Oficial de Jusica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 Administracéo Publica, naquilo que se chama mérito administrativo - conveniéncia e oportunidade. 0 juiz jamais poderé intervir quando o agente publico possui duas alternativas igualmente vlidas para alcancar a finalidade publica, ou seja, quando existe um grau de “liberdade” e o agente age dentro desse pardmetro, o Poder Judicidrio n&o podera desfazer o ato administrativo. Entretanto, os atos desarrazoados, realizados de maneira ilégica ou incoerente, n&o esto dentro da margem de liberdade. As decisées que violarem a razoabilidade nao sdo inconvenientes; mas sao, na verdade, ilegais e ilegitimas, por isso passiveis de anulag&o mediante provocacéo do Poder Judicidrio por meio da acdo cabivel. Nesse sentido, vejamos as palavras do Prof, Celso Anténio Bandeira de Mello: N&o se imagina que a correcgao judicial baseada na violagéo do principio da razoabilidade invade o “mérito"” do ato administrativo, isto 6, 0 campo de “liberdade” conferido pela lei 8 Administracao para decidir-se segundo uma estimativa da situacéo e criterios de convenincia e oportunidade. Tal ndo ocorre porque a sobredita “liberdade’ € liberdade dentro da lei, vale dizer, segundo as possibilidades nela comportadas. Uma providéncia ‘desarrazoada, consoante dito, ndo pode ser havida como comportada pela lei. Logo, é ilegal: é desbordante dos limites nela admitidos. Dessa forma, quando 0 Judicidrio analisa um ato administrative com fundamento da razoabilidade e proporcionalidade, ele nado tomara como base a conveniéncia e oportunidade, mas a legalidade e legitimidade. Dessa forma, nao se trata de revogacao - que sé pode ser realizada pela propria Administrago -, mas de anulagéo do ato desarrazoado ou desproporcional. Os principios da razoabilidade e da Proporcionalidade nao invadem o mérito administrative, pois analisam a leaalidade e Jegitimidade. aten¢ao A proporcionalidade possui trés elementos que devem ser analisados no caso concreto: adeauacdo, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratéegia Area Jniciava e Oficial de Jusica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 © principio da proporcionalidade possui trés elementos que devem ser observados no caso concreto: FIQUE atento! > adequacio (pertinéncia, aptidao): significa que o meio empregado deve ser compativel com o fim desejado. Os meios devem ser efetivos para os resultados que se deseja alcancar. > necessidade (exigibilidade): nao deve existir outro melo menos gravoso ou oneroso para alcangar o fim publico, isto é, o meio escolhido deve ser o que causa o menor prejufzo possivel para os individuos; ~> proporcionalidade em sentido estrito: a vantagens a serem conquistadas devem superar as desvantagens. Pela adequacio, verifica-se se 0 ato realmente é um meio compativel para alcangar os resultados desejados. A necessidade, por outro lado, verifica se no existem outros atos que causem menos limitag3o e, ainda assim, sirvam para satisfazer o interesse pUblico. Por fim, a proporcionalidade em sentido estrito avalia se as vantagens conquistadas superam as limitacdes impostas ao administrado. Na Lei 9.784/1999, podemos encontrar diversas aplicagées desses principios. Por exemplo, o art. 29, §2°, estabelece que os “atos de instrucdo que exijam a atuac&o dos interessados devem realizar-se do modo menos oneroso para estes”. J4 0 pardgrafo Unico, art. 2°, dispde que, nos processos administrativos, deve ser observados, entre outros, os seguintes critérios: “adequagéo entre meios e fins, vedada a imposigao de obrigagées, restricées e sancées em medida superior 4quelas estritamente necessdrias ao atendimento do interesse publico" (inc. VI); “observancia das formalidades essenciais a garantia dos direitos dos administrados” (inc. VIII); “adogao de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, seguranca e respeito aos direitos dos administrados". Com efeito, os principios da razoabilidade e da proporcionalidade nao servem apenas para 0 controle dos atos administrativos”®, mas de qualquer outra fungaéo do Estado. Nesse contexto, néo é raro o STF pode declarar a * Exemplo de aplicacZo dos principios da proporcionalidade e da razoabilidade no controle de ato administrative ‘encontra-se no RiviS 28208/DF, em que o STF anulou a pena de demissio de servidor, uma vez que o suposto delito cometido nfo ficou comprovado no ambito Penal, além de ndo se ter noticia da prética de outros atos ircegulares por parte do agente, podendo-se afirmar que se tratava de servidor publico possuidor de bons antecedentes, além de detentor de largo tempo de servico prestado ao Poder Publica Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT Area Judiciaria e Oficial de Justica Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 inconstitucionalidade material - aquela que se relaciona com o contetido - de uma lei (que se insere na funcao legislativa) se ela se mostrar desproporcional ou desarrazoada?. E ¥ fia provi 43. (Cespe - Técnico/Anatel/2012) De acordo com dispositive expresso da Constituicéo Federal, a administragao publica deve agir de acordo com o principio da proporcionalidade. Comentario: os principios da razoabilidade e da proporcionalidade nao possuem previsdo expressa na Constituigao, existindo apenas implicitamente em decorréncia do principio do devido processo legal. Gabarito: errado. 44, (Cespe - Técnico/ANAC/2012) O principio da razoabilidade 6 assegurado no processo administrativo por meio da adequacao entre meios e fins e da vedagao a imposi¢ao de obrigagSes, restrighes e sangdes superiores Aquelas estritamente necessarias ao atendimento do interesse ptiblico. Comentério: perteito! O principio da razoabilidade exige adequacao entre os meios empregados e os fins desejados, uma vez que ninguém esta obrigado a sofrer limitagdes superiores ao necessario para o atendimento da finalidade publica. Gabarito: correto. 45. (Cespe - Analista/ECT/2011) Os principios da razoabilidade e da proporcionalidade, embora nao estejam mencionados no texto constitucional, esto previstos, de forma expressa, na lei que rege 0 processo administrative federal. Comentario: nos termos da Lei 9.784/1999, que regulamenta o processo administrativo na Administragéo Publica federal, devem ser observados “principios da legalidade, finalidade, motiva¢éo, _razoabilidade, broporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditério, seguranca juridica, interesse publico e eficiéncia” (art. 2°). Logo, esses principios sao implicitos na Constitui¢do Federal e expressos na Lei 9.784/1999. % Por exemplo, na ADi 855/PR, o STF declarou inconstitucional lei que obrigava os estabelecimentos que comercializem gés liquefeito de petréleo a pesarem, & vista do consumidor, os botijées ou cilindros entregues ou recebidos para substituicSo, com abatimento proporcional do prego do produto ante a eventual verificaco de diferenca a menor entre o conteido e 2 quantidade liquida especificada no recipiente. A Corte entendeu que ‘esse tipo de balanca no alcangaria os beneficios desejados, uma vez que sua utilizag3o ensejaria custos ‘elevados, alta capacidade tecnoldgica e inviabilizaria, por exemplo, a entrega domiciliar. Estrategia erat rele TIDFT 46. (Cespe - AJ/STM/2011) O principio da razoabilidade refere-se a obrigatoriedade da administragao publica em divulgar a fundamentagao de suas decisées por meio de procedimento especitico. a razoabilidade se refere @ obediéncia de critérios racionais no narios. A questao apresentou o conceito do 47. (Cespe - Administrador/MS/2009) Os principios da razoabilidade e da proporcionalidade, embora nao estejam previstos no texto constitucional, encontram aplicagao em sede administrativa, especialmente no controle de atos discricionarios que impliquem restrigao a direito dos administrados ou imposigao de sangdes administrativas. Comentario: a aplicagio dos principios da razoabilidade e da proporcionalidade se destina exatamente a evitar exageros nas limitagées ou condicionamentos de direitos ou nas aplicagées de sangdes de maneira excessiva. Referem-se, portanto, a um limite ao poder discricionario dos agentes publicos, podendo ser chamados de “principio(s) da proibigdo de excessos”. Gabarit : correto. 48. (Cespe - Especialista em Regulacdo/Anatel/2009) O principio da proporcionalidade acha-se vocacionado a inibir e a neutralizar os abusos do poder pubblico no exercicio de suas fungées, qualificando-se como parametro de aferigo da propria constitucionalidade material dos atos estatais. Comentario: a constitucionalidade material se refere ao controle do contetido da norma. Assim, quando um ato administrativo ou uma lei impéem limitagdes excessivas, diz-se que 0 seu contetido (material) restringe excessivamente os direitos das pessoas e, portanto, estéo incompativeis com a Constituigéo Federal. Conquanto ndo estejam previstos expressamente na Carta Politica, esses principios sao decorréncias légicas do texto constitucional, ou seja, constam implicitamente na CF/88. Logo, o abuso de poder publico, no exercicio de suas fun¢ées, pode ser qualificado como parametro de aferigao da constitucionalidade material dos atos estatais. Gabarito: ‘orreto. BiEstrategia ee ee judicidrio — TIDFT 49. (Cespe — Assistente/Unipampa/2009) A adequacaio e a exigibilidade da conduta estatal séo fundamentos do principio da proporcionalidade. Comentério: os fundamentos do principio da proporcionalidade sao: adequacao, exigibilidade e proporcionalidade stricto sensu. Apesar de incompleto, o item nao esté errado, pois ndo disse “‘somente” ou “apenas”. De fato, a adequacéio e a exigibilidade sao fundamentos do principio da proporcionalidade. Gabarit : correto. 50. (Cespe — Nivel Superior/MDS/2008) Caso a administracdo publica tenha tomado uma providéncia desarrazoada, a corregao judicial embasada na violagao do principio da razoabilidade invadira 0 mérito do ato administrativo, isto é, o campo de liberdade conferido pela lei A administracéo para decidir-se segundo uma estimativa da situagao e critérios de conveniéncia e oportunidade. Comentario: quando 0 Poder Judiciério anula um ato administrativo por consideré-lo desarrazoado ou desproporcional, ele ndo esté adentrando no mérito administrativo. Vale dizer, a andlise de mérito, que compreende a conveniéncia e oportunidade, insere-se na fungéio administrativa e, portanto, 6 privativa do agente investido dessa funcao. Logo, 0 Judicidrio nao pode invadir o mérito. Contudo, quando a medida é desproporcional, ela se mostra desconforme com alei, ou seja, nao se encontra dentro da margem atribuida pela legislagao ao agente publico. Portanto, a razoabilidade e proporcionalidade so fundamentadas no controle de leaalidade e leaitimidade, e, por conseguinte, permitem a anulacao de atos administrativos pelo controle judicial. Gabarito: errado. 51. (Cespe - Especialista em Regulacdo/Anatel/2004) O principio da proporcionalidade compreende trés outros subprincipios: 0 da pertinéncia ou aptiddo, que se revela na exigéncia de que qualquer medida restritiva deve ser compativel com a finalidade perseguida; 0 da necessidade ou exigibilidade, segundo 0 qual a medida nao pode ser substituida por outra, porventura, igualmente eficaz mas menos gravosa e tampouco ha de exceder os limites indispensaveis & conservagao do fim legitimo que se almeja; e o da proporcionalidade stricto sensu, que emerge da rigorosa ponderagao entre o significado da intervengao para os atingidos e os objetivos perseguidos pelo legislador. Comentario: apesar de antiga, essa questdo é muito boa para demonstrar a composigao do principio da proporcionalidade, que se subdivide em: Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratéegia Area Jiciava e Oficial de Jusica CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida — Aula 00 + adequacao, pertinéncia ou aptiddo — que se revela na exigéncia de que qualquer medida restritiva deve ser compativel com a finalidade perseguida - adequacao entre meios e fins: + necessidade ou exigibilidade — deve-se verificar se nao existe outra medida que seja tao eficaz para alcancar o interesse puiblico, mas que possa ser menos gravosa a pessoa que tera os direitos restringidos; + proporcionalidade stricto sensu — que realiza uma ponderacao entre as restrigdes impostas aos atingidos e os beneficios desejados pelo medida legislador. Busca verificar se os beneficios desejados superam as namentos aplicados. Principio do controle ou da tutela Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o principio do controle ou da tutela serve foi elaborado para assegurar que as entidades da Administragdo Indireta observem o principio da especialidade”. Esse principio é representado pelo controle da Administracao Direta sobre as atividades das entidades administrativas, com o objetivo de garantir a observancia de suas finalidades institucionais. Dessa forma, so colocados em confronto a independéncia da entidade, que possui autonomia administrativa e financeira; e a necessidade de controle, uma vez que a entidade politica (Unido, estados, Distrito Federal e municipios) precisa se assegurar que a entidade administrativa atue em conformidade com os fins que justificaram a sua criacdo. Contudo, como nao ha subordinacdo entre a Administracdo Direta e a Indireta, mas téo somente vinculagdo, a regra seré a autonomia; sendo o controle a excecdo, que ndo poderd ser presumido, isto é, s6 podera ser exercido nos limites definidos em lei. Principio da autotutela Nao se pode esperar que os agentes publicos sempre tomem as decisées corretas no desempenho de suas fungdes. Dessa forma, é 2 Vamos falar do principio da especialidade ainda nesta aula . DireitoAdministraivo pf AnalistaJudicivio —TIDET BeEstratégia Area Jiciava e Oficial de Jusica i CONCURSOS Teoria e exercicios comentados Prof Herbert Almeida ~ Aula 00 imperioso que exista uma forma de a Administragdo corrigir os seus préprios atos. Nesse sentido, 0 principio da autotutela estabelece que a Administragao Publica possui o poder de controlar os seus préprios atos, anulando-os quando ilegais ou revoaando-os quando inconvenientes ou inoportunos. Assim, a Administragéo nao precisa recorrer ao Poder Judicidrio para corrigir os seus atos, podendo fazé-lo diretamente. Este principio decorre possui previséo em duas stimulas do STF, a 346, que estabelece que "A Administracao Publica pode declarar a nulidade dos seus proprios atos", e 473, que dispde 0 seguinte: Sumula n° 473 A Administragéo pode anular seus préprios atos, quando eivados de vicios que os tornam ilegais, porque deles ndo se originam direitos; ou revoad-los, por motivo de conveniéncia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, 2 apreciagao judicial. (grifos nossos) Atualmente, o principio ganhou previsdo legal, conforme consta no art. 53 da Lei 9.784/1999: “A Administracdo deve anular seus proprios atos, quando eivados de vicio de legalidade, e pode revoga-los por motivo de conveniéncia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos" (grifos nossos). Nesse contexto, a autotutela envolve dois aspectos da atuacdo administrativa: a) leaalidade: em relacdo ao qual a Administracéo procede, de oficio ou por provocacao, a anulacao de atos ileaais: e b) mérito: em que reexamina atos anteriores quanto 4 conveniéncia oportunidade de sua manutencdo ou desfazimento (revoaacao). Quanto ao aspecto da leaalidade, conforme consta na Lei 9.784/1999, a Administracéo deve anular seus prdéprios atos, quando possuirem alguma ilegalidade. Trata-se, portanto, de um poder-dever, ou seja, uma obrigagdo. Dessa forma, 0 controle de legalidade, em decorréncia da autotutela, pode ser realizado independentemente de provocacao, pois se trata de um poder-dever de oficio da Administracao. Todavia, no Brasil vigora o principio da inafastabilidade de tutela jurisdicional (sistema de jurisdi¢So Unica), segundo o qual a lei nao afastard do Poder Judicidrio lesdo ou ameaca a direito (CF, art. 5°, XXXV). Assim, 0 controle de legalidade realizado pela propria Administracéo Publica Direito Administrativo p/ Analista Judiciério - TIDFT fEstratéegia Area Jicava e Oficial de Jusica CONC URS OT Teoria ¢ exercicios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 00 no afasta a competéncia do Poder Judicidrio de controlar a legalidade dos atos puiblicos. A diferenca, no entanto, é que a Administracéo pode agir de oficio, enquanto o Poder Judicidrio sé atuaré mediante provocacéo. A Administracao nao se limita ao controle de atos ilegais, pois poderd retirar do mundo juridico atos validos, porém que se mostraram inconvenientes ou inoportunos. Nesse caso, ndo estamos mais falando de controle de legalidade, mas de controle de mérito. Dessa forma, apés 0 juizo de valor sobre a conveniéncia e oportunidade, a Administracéo podera revoaar 0 ato. Aqui reside uma segunda diferenca da autotutela para o controle judicial, pois somente a prépria Administrag3o que editou o ato poder revogd-lo, ndo podendo o Poder Judicidrio anular um ato valido, porém inconveniente de outro Poder. vale dizer, 0 Poder Judicidrio poderd anular um ato ilegal de outro Poder, porém nao podera revogar um ato valido. Isso ocorre porque o controle judicial analisa os aspectos de Jeaalidade e leaitimidade, mas no pode se imiscuir no mérito administrativo?>. Cumpre frisar, no entanto, que 0 controle judicial faz parte da funcdo tipica do Poder Judiciério, que ocorrerd, por exemplo, quando esse Poder anula um ato administrativo do Poder Executivo. Contudo, quando estiver exercendo a sua funcdo atipica de administrar (fungao administrativa), 0 Poder Judicidrio também poder revogar os seus préprios atos. Isso porque, nesse caso, estara atuando como um érgdo administrativo e no como “Poder Judicidrio". Dessa forma, a autotutela 6 mais ampla que o controle judicial em dois aspectos. Em primeiro lugar, porque permite a atuagao, tanto na revogacao quanto na anulaco, de oficio, ou seja, independentemente de provocacao; enquanto a tutela jurisdicional pressupde necessariamente tal manifestacao (principio da inércia). Em segundo lugar, porque somente na autotutela é possivel revogar os atos administrativos. ® 0 Poder Judiciario, e 0s demais érgdos de controle, no poderdo invadir o mérito, ou seja, 2 conveniéncia ea oportunidade que cabe a0 gestor. Todavia, isso nao impede o controle dos atos discricionarios, que poderdo ser ‘analisados sobre o prisma da legalidade e legitimidade. Assim, se um ato discricionério fugir da liberdade atribuida pela lei ao agente publico, ou entdo se for realizado de forma desproporcional, poder o Poder Judiciario realizar 0 controle, anulando 0 ato. Dessa forma, ndo ocorreu revogac0, mas sim a anulacio em virtude de o ato ocorrer fora dos pardmetros legais, ou seja, 0 ato nao era valido. Direito Administrativo p/ An: Judicidrio - TIDFT fEstratéegia Area Judiciaria e Oficial de Justica BD eu tun sos Teoria e exercicios comentados Prof. Herbert Almeida ~ Aula 00 Resumindo Autotutela Controle Judicial Poderd anular seus atos,de Podera anular, somente Legalidade i a ; oficio ou por provocacao. por provocacéo. Mérito (conveniénci Poderé revogar seus atos, de . Grito (conveniéncia e pe serene ~ Nao pode revogar. oportunidade) oficio ou por provocacdo A despeito de ser um poder-dever, nem sempre a anulacao sera a melhor alternativa. Conforme dispée Fernanda Marinela*, o administrador devera anular os atos ilegais, salvo quando a sua retirada causar danos graves ao interesse puiblico, motivo que, considerando a sua supremacia, justifica a manutencdo do ato, desde que nao se perda de vista a proporcionalidade entre o beneficio e o prejuizo causados, além do principio da seauranca juridica. Com efeito, a autotutela também encontra limites no principio da seguranga juridica e da estabilidade das relacées juridicas. Assim, conforme consta no art. 54 da Lei 9.784/1999, 0 direito da Administracéo de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoraveis para os destinatarios decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada mé-fé. Assim, apés esse prazo, 0 exercicio da autotutela se torna incabivel. Finalmente, outra limitacao para a autotutela se refere 4 necessidade de oportunizar o contraditério e a ampla defesa, por meio de processo administrativo, 4s pessoas cujos interesses serdo afetados negativamente em decorréncia do desfazimento do ato. Todavia, conforme ensina Lucas Rocha Furtado25, a necessidade de direito de defesa sé ocorre nas hipéteses de atos individuais - definidos estes como os atos que afetam pessoa ou pessoas determinadas -, como a anulaco da nomeacao de uma pessoa aprovada em concurso. Nesse caso, a nomeagao é um ato individual, pois alcancou uma pessoa determinada. Para anular esse ato, deverd ser oportunizado 0 contraditério e a ampla defesa ao interessado, que poderd trazer argumentos para evitar o desfazimento do ato. Por outro lado, quando os atos forem gerais, como a anulaco de um concurso publico por motivo de vazamento de gabarito, no se fala em direito de defesa. Marinela, 2013, p. 64. ® Furtado, 2012, p. 114.

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