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Caros alunos, como prometido, encaminho a vooés esta lista de topicos frequentes na prova da UFRGS. Nesta reta fina, recomendo que revisem os pontos que discrimino abaixo. ‘Nao representam novidade para quem esteve presente nas aulas do periodo de reviséo, nem devem causar surpresas. Ao contrario, serviréo de maior apoio para que se sintam seguros em relagao a como os astuds teéricos fetes s80 cobrados na praca. Procurem no perder tempo fem teoria pura, pois a prova da UFRGS nao se envereda por esse caminho. Retomem as notas feitas durante a revisdo, imprimam estas dezfolhinhas,e leiam-nas até que todos os conteddos se apresentem de forma clara. E provavel que a forma da prova venha mais dificil que no ano passado, mas 0 contetida nao. Quem sabe sabe. Boa prova, e feliz 2015! Professor Madeira 1, DESLOCAMENTO DE ADJUNTO ADVERBIAL, Atencio: advérbios ¢ locugdes adverbiais podem modificar o verbo, o’adjetivo ou outro ‘adverbio, Quando modificam 0 verbo, costumam ter transito livre ao longo da oragao a que pertencem, nao podendo ir alm. Caso sejam deslocados para outra oragéo, passam a modificar 0 verbo dessa outra oracao. Em 12280 da chuva, as familias que habitavam aquela regiao foram removidas para abrigos municipais. Deve-se notar: 0 adjunto adverbial om razao da chuva pertence a oragao principal, © no & ora¢ao adjetiva. Assim, observe que ele pode ser desiocado, desde que se mantenha ros limites da ora¢ao principal. Mas nao pode ser desiocado para a oracao adjetiva, As familias que habitavam aquela regiao foram removidas,_em razo da chuva, ‘para abrigos municipais. (CORRETO) ‘As familias que habitavam aquela regia foram removidas para abrigos municipais, em razéo da chuva. (CORRETO) As familias que, em razéo da chuva, habitayam aquela regiéo foram removidas para abrigos municipais. (INCORRETO) 2. REGENCIA E PREPOSICIONAMENTO DO PRONOME RELATIVO. Atencio: quando a questdo propuser alteragdes de regéncia, deve-se cuidar se o pronome relativo € termo regido pelo termo que foi alterado. c Nao podemos admitir a destruicéo das reservas naturais que devemos proteger. 1. Substituir proteger por culdar: que devemios proteger equivale a devemos proteger 1 € VTI, deve-se preposicionar 0 pronome das reservas naturais de que devemos cuidar (devemos culdar das reservas naturais). 2. Substituir proteger por dar protecdo -> Néo podemos admitir a destrui¢éo das reservas naturals 2 que devemos dar prote¢ao (devemos dar prote¢ao a essas reservas naturals). 3, Substituir proteger por ter culdado > No podemos admitir a destruicéo das reservas naturals com que devemos ter cuidado (devemos ter cuidado com as reservas naturals). Assitn, se 0 examinador nada afimmar sobre alteragdes de regéncia, haverd erro nas seguintes construgées: 1. Nao podemos admitir a destruicéo das reservas naturais que devemos cuidar. 2. Nao podemos admitir a destruicéo das reservas naturals que devemos dar protecao. 3. Nao podemos admitir a destruicéo das reservas naturais que devemos ter cuidado. PRE-PROVA UFRGS PROF. MADEIRA 3. PONTUAGAO. Sobre 0 uso da virgula, deve-se lembrar sobretudo 0 caso em que ela isola 0 adjunto adverbial deslocado, quando extenso. Se curto, a virgula 6 facultativa, mas atende a critérios ‘como clareze e entonacdo. Quando em posigao normal, a virgula atende a critérios de olareza @ entonag&o, independentemente da extensao do adjunto adverbial Com 0 excesso de chuva, a cidade ficou alagada. (extenso desiocado) ‘Acidade, com 0 excesso de chuva, ficou alagada. (extenso desiocado) A.cidade ficou alagada, com 0 excesso de chuva. (posi¢ao normal) ‘A cidade ficou alagada com o excesso de chuva. (posicao normal) ‘Calmamente ela se drigia a todos. > Calmamente, ela se dirigia a todos. Ela calmamente se dirigia a todos. > Ele, calmamente, se diigia a todos. Ela Se dingia calmamente a todos. > Ela se dirgia, calmamente, a todos. Ela se dirigia a todos calmamente. > Ela se dirigia a todos, calmamente. Deve-se cuidar, ainda, do adjunto adverbial que representa modalizagdes (adjuntos adverbiais modalizadores), isto é, daquele adjunto adverbial que altera 0 grau de certeza sobre toda a informagdo veiculada. Esses adjuntos ndo modificam apenas 0 verbo, mas toda a oragao. Obviamente, ela se dirigia a todos. j NNa frase acima, o advérbio obviamente ngo est modificando apenas o verbo, ndo esté significando que ela se dirigia de modo dbvio @ todos. O advérbio em questao se rfere ao fato do toda a informacao veiculada na oracao ser Sbvia. Por isso, diz respelto ao grau de certeza sobre a afirmagao, Esses adjuntos costumam transitar liemente pela oragdo, mas devem ser isolados quando a clareza 0 exigir. Ela, obviamente, se dirigia a todos. Ela se dingia, obviamente, a todos. Ela se dirigia @ todos, obviamente. Note-se que o advérblo, se ndo isolado na frase pelas virgulas, poderia traduzir outra ideia Ela se dirigia obviamente a todos. (Ela se dirigia de modo ébvio a todos). Sobre 0 uso do ponto e virgula, importante lembrar sua vocago para separar oragdes, ou termos (sobretudo elementos de apostos enumerativos e distributivos) que se encontram ‘em coordenagao. Pengou nos filhos: o menino, quase sem sono, corria loucamente pelo quintal; a menina, mais timida, estava sentada estaticamente no sofa Disse 0 que pensava e ouviu 0 que nao quis: chamou a mulher de leviana; fol censurado como autoritrio, Nao era mais um jovern imaturo; era um homem, Sobre 0s dois-pontos, servem para introduzir explicagdes ou esclarecimentos de algo dito antes. Por isso, cumprem a fungao de introduzir apostos, ou oragées apositvas. Convidou trés pessoas: 0 pai, a quem era muito ligada; a mé S6 Ihe desejo uma coisa: que fique com o dinheiro, 20 irmao. Nas situagSes acima, os dois-pontos so equivalentes ao travesso. Podem tambéri equivaler ao ponto @ virgula quando se tratar de duas oragdes coordenadas e a segunda trouxer explicagao, justiicativa, esclarecimento, sintese, consequéncia ou concluséo do que se disse na anterior. PRE-PROVA UFRGS. PROF. MADEIRA © Brasil estava em festa: 0 pentacampeoriato fora conquistado, © Brasil estava em festa; 0 pentacampeonato fora conquistado, Quando se deseja realgar 0 titimo termo de uma coordenagao, pode-se separé-lo dos anteriores, mas o sinal que'o fizer nao é obrigatorio. Era uma mulher bonita, inteligente e fie. Era uma mulher bonita, inteligente, e fel Era uma mulher bonita, inteligente; e fel Era uma mulher bonita, inteligente ~ ¢ fel 4, DISCURSO DIRETO, INDIRETO E INDIRETO LIVRE, DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO | DISCURSO INDIRETO LIVRE ‘Ao entrar na sala, nao quis | Ao entrar na sala, naq quis | Ao entrar na sala, ndo quis, conversar com ninguém. Ela | conversar com ninguém. Ela | conversar com ninguém. (Ela) apenas pensou: apenas pensou que (ela) | Precisava sair dali = (Eu) Preciso sait daqui. _| precisava sair dali. Principais transformagdes do discurso direto para 0 indireto (ou indireto livre). DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO 7] Ela disse: Ela disse que (ela) estava triste. (Pret. Imp.) = Estou triste. (Pres.) Ela disse: Ela disse que perdera (havia perdido) seus = Perdi meus documentos. (Pret. Pert.) documentos. (Pret. m.-4.-p.) Ela disse: Ela disse que faria 0 bolo. (Fut Pret) = Farei o bolo. (Fut. Pres.) Ela disse: Ela disse que queria ficar al, (distancia) = Quero ficar aqui. (proximidade) 5. VERBOS IMPESSOAIS \Verbos impessoais so aqueles que nao tm sujelto. Por isso, ficam na 3* pessoa do singular. Lembrar-se dos principais: haver nos sentidos de existir e de acontecer, haver © fazer indicando tempo decorrido. Lembrar-se que ndo apenas esses verbos ficam na 3 pessoa do singular, mas ainda 8 auxiliares que os acompanharem como principais. Seus sindnimos no séo impessoais. | Havia muita gente na festa. > Havia muitas pessoas na festa. Devia haver muita gente na festa. > Devia haver muitas pessoas na festa, Existia multa gente na festa. > Existiam muitas pessoas na festa. Devia existir muita gente na festa. > Deviam existir muitas pessoas na festa, Ela saiu daqui faz um més. > Ela saiu daqui faz dois meses. Ela saiu daqui deve fazer um més. -> Ela saiu daqui deve fazer dois meses. Ela saiu daqui hé um més. > Ela saiu daqui hé dois meses. Ela saiu daqui deve haver um més. > Ela saiu daqui deve haver dois meses. 6. FONOLOGIA E ACENTUACAO GRAFICA tengo: Na prontincia cologuial, 6 comum que algumas vogais sejam acrescidas, 0 que pode alterar a quantidade de sllabas FONETICAS da palavra. Evidentemente, isso no altera a quantidade de sllabas graficas, porque estas S40 definidas pela ortografia. Exemplos desse fenémeno: optar, digno, anomo, psicélogo. ‘Nas regras de acentuagao, culdado com as paroxitonas terminadas em ditongos crescentes orais yal, /ye/, Iyol, Iwal. ‘wel, Iwol. \ss0 porque, a depender de como sé0 pronunciados, esses ditongos podem ser hiatados (diérese), 0 que faria com que essas PRE-PROVA UFRGS PROF. MADEIRA| palavras se fornassem proparoxitonas aparentes. Exempio: his-té-ria ou his-t6-r-a; sé-rie ou ‘sé-Tie; sé-rio ou sé-ri-o; 4-gua ou d-gu-a; té-nue ou té-nu-e; ar-duo ou ar-du-o. acordo ortografico nao faz diferencas entre monossilabos tonicos e oxitonos (ambos ‘so referidos como oxitonos, sendo os primeitos oxitonos monossilébicos), mas os vestibulares costumam diferencias essas duas regras: monossilabos tonicos (p, pé, pd) e oxitonos (maraja, trips. cip, refém, parabéns). 7. ELEMENTOS FORMADORES E PROCESSOS DE FORMACAO DE PALAVRAS caso a banca pergunte se dois elementos formadores de palavras s80 © mesmo morfema, @ necessaro levar em consideracdo dois ciéios: a forma e 0 sentide. A forma dove sor pelo menos parecica (na0 precisa ser igual, pols 08 elementos sofrem almorfsmo); © sentido deve ser igual. Exemplos: © prefixo que ocore em importer ngo é 0 mesmo que corre emi Imprépro, po's, ‘embora tenham a mesma forma, o sentido é diferente (movimento para dentro e negacao, respectivamente). Jd 08 prefixos que ocorrem em importar Interior sio 6 mesmo, pols OS ‘sentidos so idénticos, embora a forma seja somente parecida. Por sua vez, os prefixos que Ocorrem em endotérmico e interior nao s80 idéntlcos, porque, embora tenham o mesmo sentido, a forma nao é sequer parecida, pois eles t8m origens dstintas (0 primeio grego, 0 ‘segundo é latino). ‘Outro ponto, prefixos no precisam se agregar a bases lexicals autdnomas, pols @ palavra ja pode chegar prefixada ao portugués. Por exemplo,o prefxo hiper se agrega a uma base autdnoma em hipermercado, mas Iss0 no ocorre em hipérbole. Anda assim, a forma & parecida e o sentido € 0 mesmo (aumento, exagero); por isso, trata-se do mesmo prefixo. O mesmo ocorre em nfemet Nao importamos do inglés @ base lexical not, mas importamos a palavra prefixada. Note-se também que n&o importamos a base /oad (carregar), do inglés, mas trouxemos essa base com dois prefizos que estao em opasiggo: upload e download. Na divida sobre so um elemento formador tom p papel descr pela assertva, verficar por analogia quando a palavra for mais complexa, Assim, caso a banca pergunte, por exempio, 50 0 sufixo que ocorre em comestivel forma adjetwo a partir de verbo, veriicar em outras palavras que'0 prefixo de fo o faz (amavel > passivel de amar; inapagdvel > [ndo] passivel de pager). 8. PRETERITOS ‘Sobre 0 uso dos pretéritos, lembrar o seguinte. O pretérito perfeito simples é pontual, © expressa uma ago vista como acabada, isto 6, perfeita, sem se prolongar no passadé (inicio, meio e fim parecem concentrados num ponto da linha do tempo, ja que’o que se prioriza 0 término da agao). Eles assistiram ao filme ontem. ‘Saj de casa as duas. © pretérito perfeito composto expressa uma ago que vem se repetindo de um passado recente até o presente, sem, entretanto, tal repeticao caracterizar-se como habito abandonado ou adquirido. Ela fem comprado multas roupas. (pretérito perfeito composto ago repetida) Ela comprava muitas roupas. (pretérito imperfelto ~ ago habitual abandonada) Ela Compra muitas roupas. (presente — aco habitual incorporada) Como se v8, preterito perfeito simples e pretérito perfeito composto tém sentidos distintos. Comparem-se: Ela tom viajado ao exterior. Ela viajou ao exterior. © pretérito imperfeito s6 tem forma simples, e pode expressar ago passada vista em curso, habitual ou durativa. Por isso imperfeito, porque no se prioriza o término, mas o curso da ago. PRE-PROVA UFRGS PROF. MADEIRA Naquele momento, ela comia uma maga. (ago momenténea — vista em curso) Ela comia muito peixe. (ago habitual no pasado) + Acasa ficava em frente a uma igreja. (ago durativa no passado) O pretérito mais-que-perfeito expressa acéo pretérita anterior a outra agéo, também pretérita, A forma simples e a forma composta tém 0 mesmo uso, em regra. Quando cheguel ao colégio, a bomba ja explodira (tinha/havia explodido). (Note-se que a ago de explodir é anterior agao de chegar.) 9, LOCUGOES VERBAIS. Locugées verbals s3o agrupamentos de verbos que traduzem uma Unica ago, expressa no ultimo verbo, que ¢ denominado verbo principal Ela fem um carro. Ela fem usado um carro, Note-se que, no primeiro exemplo, o verbo ter esta, de fato, referindo uma nogéo signincatva extrainguistea: significa possur, haver, apresentar posse ol propriedade. NO segundo exemplo, ndo. Apenas o verbo usar se relaciona semarticamente com o sujeito ela {porque ela usa) © com 0 bjeto carro (porque o carro 6 usaco) © verbo fer, neste caso, auxiia ‘© verbo usar a adquirir uma categoria gramatical, no caso, um tempo um composto (pretérito Pertelto) Por isso, dz-se que usar é verbo principal e ter € auxilar. O verbo auxllar pode tradvzir para o principal as sequintes categorias: = (i) um tompo composto (ter ¢ haven: tinha feito, tem estudado, teria visto. (ia voz passiva analitca (ser, sobretudo): fol dito, & feito, seré analisado... (ii) uma modalizagao; (iv) um ponto de vista (aspecto). Sobre os verbos auxiliares modais (li), a modalizagao é feita quando o auxiliar altera 0 grau de verdade da informagao principal ou expressa uma atitude psicoldgica, um sentimento do falante, Exemplos: Pode chover amanha. (modal de possibilidade de chover) Deve chover amanha. (model de probabilidade de chover) Vai chover amanha, (modal de certeza de chover) Qusio sair amanha. (modal de vontade de sair) ‘Espero sair amanha. (modal de expectativa de sair) ‘Posso sair amanha? (modal de permissao de sair) Sobre os verbos auxilares de aspecto (Ww), podem ajudar o principal a traduzir um ponto de vista da ago (inicio, meio, fim, habit, curso...) ‘Comecou 2 chover. (aspecto incoativo — inicio da a¢ao) ‘Estd chovendo. (aspect permansivo — continuidade da ago, vista em curso) Parou de chover. (aspecto terminativo ~ conclusdo da ago) ___Atengse como cal na prova? A UFRGS costuma parafraseer trechos do texts alterando formas verbais simples para locugbes verbais. E necessério verficar se a forma composta mantém, sobretudo, © mesmo aspecto e modalidade da forma simples. Exemplo: Desde que 0 governo adotou a medida, os acidentes de transito diminuiram. ‘Substtir adofou por comegou a adotar: note-se que a conjungao desde que traduz a ideia do momento de inicio, do ponto de partide; assim, a substituicao da forma simples pela locugao verbal estaria corrta, porque manteria 0 aspecto incoativo ja presente no texto. PRE-PROVA UFRGS PROF, MADEIRA 10. NEXOS, Sobre 0 uso de nexos, recomendo revisar 0 Capitulo 3, item C, da Frente A do livro 1, pois 0 assunto 6 extenso, mas razoavelmente simples. Ressaltem-se os seguintes pontos: () nexos conclusivos e sequenciadores consecutivos A conclusao @ um processo mental em que, a partir de uma informagao A, chega-se por dedugdo a uma informagao B. Nao é que 0 fato A cause o fato B, mas afimar A permite que se afirme B. Por exempio' © carro dela nao esta no patio; portanto, ela se|atrasara, O carro dela teve uma avaria; por isso, ela se atrasara. No primeiro exemplo, no se pode afizmar que @ auséncia do carro no patio causa, gera, tem como efeito 0 atraso de alguém. Trata-se, exclusivamente, de uma associago ‘mental: 0 falante, por nao ver 0 carro da pessoa no patio, deduz, logicamente, que ela se atrasaré, Nada impede, porém, que ela tenha vindo de énibus © que chegue na hora. O felante esta apenas deduzindo algo, a partir de um processo silogistico,ldgico, tendo como base o que rnormalmente acontece. No segundo exemplo, tem-se uma situago diferente. O falante est dizendo laramente que tem 0 atraso como certo, @ que a razao desse atraso é a avaria do carro. Veja- se: a avaria do carro causa, gera 0 atraso da pessoa. Mantém o sentido do primeito nexo: por conseguinte, logo. Mantém 0 sentido do segundo nexo: por causa disso, em virtude disso, em consequéncia disso, consequentemente, em razao disso. (ii) nexos de concessao. Nao esquecer que ha preposigées e conjungdes concessivas. Nao @ necessario saber qual € 0 qué, mas € preciso que se tenham em mente, pelo menos, os sinénimos dessas reposi¢des ou conjungdes, pois essas duas classes de palavras no entram na mesma estrutura Apesar de sua forga, sofreu a derrota. (termo concessivo ~ nao ha verbo) ‘Apesar de ser forte, sofreu a derrota. (oragdo concessiva reduzida: ser) ‘Embora fosse forte, sofreu a derrota. (oragao concessiva desenvolvida: fosse) Apesar de & preposi¢do, ¢ s6 entra em oragées reduzidas (verbo no infinitive) ou em terms concessivos (sem verbo). Embora conjungao, e s6 entra em oragdes desenvolvidas (verbo no subjuntivo). Assim, embora sejam sindnimos como nexos de concesséo, nao se encaixam na mesma estrutura, exigindo ajustes. Apesar de € sindnimo exato de @ despeito de ‘8 malgrado. Embora é sindnimo exato de conquanto, posto que, mesmo que, ainda que, por mais que. . ‘A locugao nao obstante (ou nada obstante) funciona tanto como preposi¢ao quanto ‘como conjungao. ‘No obstante sua forga, sofreu a derrota. (termo concessivo ~ nao hé verbo) ‘Nao obstante ser forte, sofreu a derrota. (oracao concessiva reduzida: ser) ‘Nao obstante fosse forte, sofreu a derrota. (oragao concessiva desenvolvida: fosse) Lembrar ainda que no obstante pode significar também apesar disso. Neste caso, serviré para enfraquecer um argumento anteriormente apresentado, e podera ser substituido or conjungdes adversativas, haja vista que adversidade e concessao sao espécies diferentes do género oposi¢éo. Mantém-se o sentido global, embora os nexos traduzam ideias distintas. Ela estava com frio; no entanto, recusou o agasalho. (adversidade) Ela estava com fro; apesar disso, recusou 0 agasalho. (concesséo) Ela estava com frio; néo obstante, recusou o agasalho. (concessao) (li) nexos de adigao, | PRE-PROVA UFRGS PROF. MADEIRA N&o esquega que hé nexos aditivos capazes de\dar énfase aos elementos adicionados. Trata-se de correlagdes aditivas (por exemplo, ndo s6... mas também, e tanto... quanto). Procure lembrar-se, ainda, de que tais correlag6es dever ser usadas para estabelecer paralelismo entre os termos que-conectam (os termos devem ter estrutura sintatica semelhante = no pode ser um termo e uma oragao, por exempio) Tals catastrotes ocorrem nao_s6 porque a natureza & imprevisivel, mas também porque falta planejamento e senso de prevengdo por parte do governo, TTais catistrofes ocorrem fanto porque a natureza & imprevisivel, quanto poraue falté planejamento e senso de prevencao por parte do govern. \Veja-se um exemplo de mau uso: Tais catdstrofes ndo_s6 ocorrem pela imprevisibiidade da natureza, mas também ‘poraue falta planejamento e senso de prevencao por parte do governo. 41. CRASE E ACENTO GRAVE Nao vale a pena passar esses iiltimos dias (nem tampouco a vida) decorando regras de crase. O raciocinio ser sempre 0 mesmo, Para acentuar os casos de crase previstos gramaticalmento 6 necessario verificar se hd as condigdes para a ocorréncia da crase (preposi¢ao Gombinada com artigo ou pronome), Ela se referiu a ele. (nao ha artigo definido, s6 preposigéo regida pelo verbo) Ela se referiu a isto. (nao ha artigo definido, s6 preposicao regida pelo verbo) Ela se referiu dquilo. (hd preposicao regida pelolverbo e pronome demonstratvo “au") Ela se referiu 2 um amigo. (nao ha artigo definid, s6 preposicao regida pelo verbo) Ela se referiu a uma amiga. (no ha artigo definido, 56 preposigao regida pelo verbo) Ela se referiu @ amiga de Pedro. (ha artigo definido e preposicao regida pelo verbo) Ela fez referéncia a fala do professor. (ha artigo definido e preposicao regida por nome) Ela fez referéncia a mae. (ha artigo definido e preposi¢ao regida por nome) Ela fez referéncia aquele filme. (hd preposigéo regida por nome e pronome demonstrative “au") ‘A professora a qual fiz referéncia morreu. (ha preposi¢ao regida por nome e:pronome relativo com artigo “a qual") Além dos casos de crase, & importante lembrar que 0 acento grave também é usado ‘como diferencial seméntico. Os casos so simples: sempre que se tratar de adjunto adverbial introduzido por ou as € cujo nicleo seja feminino. Ela salu 4 noite. (tempo: ndcleo feminino noite) Eta ficou @ espera do irmao. (modo: nicieo feminino espera) Eta quis ficar @ sombra de uma érvore. (lige: nicleo feminino sombra) Ela quis pagar @ vista. (modo: nlcleo feminino vista) Ela quis pagar a prazo. (modo: nucleo masculino prazo) Ela quis ficar a quil6metros de casa. (lugar: nicieo masculino quildmetros) Ela saiu a fim de se divertr.(finalidade: nucleo masculino fim) 12, PRONOMES PESSOAIS f A prova da UFRGS sempre traz questdes envolvendo o uso de pronomes pessoais, em particular os de terceira pessoa. Lembrar que os pronomes 0, a, 08, a8 s40 pronomes direitos, (ou seja, expressam o objeto paciente, aquele que, na voz passiva, figurara como sujeito Assim: Eu avi. > Ela foi vista por mim. : © governo aprovou-g ontem. >> Ele foi aprovado pelo governo ontem. Ele entregou-as aos alunos. > Elas foram entregues aos alunos por ele, Nao conseguira apreciar a vida (a vida ¢ apreciada). -> Nao conseguira aprecié-a PRE-PROVA UFRGS PROF, MADEIRA Os pronomes she e shes, por sua vez, éxpressam 0 objeto indireto dativo, isto 6, 0 objeto afetado pela acdo, mas que nao a sofre diretamente, sendo mero destinatario dela, Entreguei o livro a ola. > Entreguei-Jhe o livro. Empreste o livro a teus irmaos. -> Empresta-lhes 0 liv. {A distingdo entre objeto paciente e dativo sé se da na terceira pessoa, jé que, nas demais, © pronome sera o mesmo. Ela me viu, (OD) > Eu fui visto Ela me deu 0 livro. (1 dativo) Os pronomes dativos as vezes podem expreséar objeto que néo seja o destinatério, mas 0 possuidor do outro objeto mencionado na frase. Isso ocorre com verbos transitvos diretos que nao apresentam sentido de entrega, de dacdo. Observel-he 0s pés, sem tocar-Ihe as maos. Note-se o sertido possessivo desses dativos Observei os pés (de sem tocar as méos (dele/a). 13, MUDANGA DE Voz Na conversa da voz ativa para a voz passiva, o objeto paciente (direto) passaré a ser ‘sujelto. O termo que antes era sujeito (agente) na voz ativa se tornara agente da passiva, forma verbal seré acrescida de um indicador de voz (verbo ser acompanhando participio passado). Assim: ‘Qs deputados (SU) aprovaram (VTD) 2 proposta (OD), ‘A proposta (SUJ) fol aprovada (L\VT0) pelos deputados (ADP). Como é 0 objeto direito que se converte em sujelto, apenas verbos com esse tipo de ‘objeto, paciente, farao a transposicdo de voz (VTDs e VTDIs). Na transposicao, ndo se pode mexer no tempo verbal; desta forma, 0 verbo ser deverd estar no mesmo tempo em que se encontra o principal na ativa. Assim: Os deputados devem aprovar a proposta. (presente com verbo modal) Aproposta fe ga dept: (presente com verbo modal) 2s deputados aprovaréo a proposta.(fituro) | Aproposta sera aprovade pelos deputados, (futuro) ‘Os deputados tinham aprovado a proposta.(pretéito mais-que-perfeito) ‘A proposte tinhe sido aprovada pelos deputados.(preterito mais-que-perfito) Quando no howver agente da passiva expresso, na conversao da passiva para a ative, 0 sujeito deverafcar indeterminado, s corpos foram encontrados. -> Encontraram os corpos. No entanto, 2 UFRGS J considerou, em questies de pardfrase, que 6 possivel lacrescer um pronome indefinido como sujeito, (Os corpos foram encontrados. -> Alguém encontrou os corpos. Note-se que, a despeito de nao ser a exata e fiel transposigao da passiva para @ ative, 6 uma pardfrase correta, porquanto capaz de manter 0 sentido original. Além disso, ressalte-se {que se 0 sujeito da passiva forem os pronomes ele, e/a, eles, elas, tais pronomes néo poderdo PRE-PROVA UFRGS PROF. MADEIRA, se converter em objeto direto segundo o portugués padrao, ¢ deverdo ser substituldos por pronomes diretos, pacientes (ver item anterior). Ele foi preso pela policia espanhola. -> A policia espanhola prendeu ele (DESVIO). > ‘A policia espanhola prendeu-9 (PADRAO), 14, ORGANIZAGAO PARAGRAFAL | A prova da UFRGS tem repetido a tendéncia de trazer uma questéo sobre a organizagéo paragrafal do texto. E importante lembrar 0 seguinte: parégrafos no sdo elementos autdnomos; eles s0 parte do todo. Exatamente por isso, eles nao precisam “Yazer sentido sozinhos”. © tinico requisito para que um trecho seja adotado como paragrafo @ que traga uma subunidade de sentido no texto, ou seja, que aborde 0 tema sob uma perspectiva particular. Observe como a autora muda a perspectiva do texto ao passar do primero para segundo paragrafo no texto abaixo. © Mercado Piblico de Porto Alegre comecou a pegar fogo por volta das 20n30 desse sébado. E, para mim, como para muitos, era como se ele fosse uma pessoa se incinerando ali, em praga publica. Era como se ele fosse uma muliddo e também cada, um - eu. AS pessoas choravam diante dele, na rua, choravam ciante dele diante do computador, as labaredas lambendo a tela. Choravam como se fosse vivo, como $8 fosse gente, porque cada um tinha uma historia, um habito, um gosto, um cheiro, uma transgresséo cometida em algum baledo, alguma mesa, alguma esquina, num véo. Suas paredes formavam um corpo afetivo que era meu, era teu, era nosso. E esse corpo, que Se esperava mais longevo e permanente, assegureria que um cia vivemos © desejamos, meio as tontas, numa vida que sempre acaba no meio, mesmo quando 0s outros nos percebem no fim. E, de repente, o Mercado queimava - ¢ com ele a memoria de nossos desojos desencontrados, a digital de nossos pasos vaciantes, os unicos ue temos. Era outra a coluna que eu havia escrito para esta segunde-feira. Mas 20 testemunhar as chamas do Mercado Palco senti que precisava ser agua também, Enquanto os bombeiros soiam com a escagsez de equipamenios para combater 0 fogo num prédio com mais de 140 anos que nd tinha um plano de combate © prevengéo a incndios, como foi avisado a prefeitura en) 2007, meu combate meio besta era com palavras. Tentando salvar nas palavras as paredes que queimavam, para que, se nada testasse, © naquela altura nao se sabia, houvesse um corpo de narrativas no qual a ‘minha pudesse se somar para formar uma ponta de orelha, talvez um pé (GRUM, Eliane. A noite em que o nanz de Porto Alegre queimou.) Na continuagao do texto, observe como o paragrafo que tem inicio em “Essa” faz referéncia clara ao pardgrafo anterior, n8o podendo fazer sentido sozinho. Sou do interior do Rio Grandb do Sul e s6 desembarquei om Porto Alegre com meus sonhos, um cabelo de hippie atrasada e uma mala troncha aos 17 anos. S6 delvaria a capital galcha quase duas décadas depois para escalar 0 mapa até S50 Paulo, com uma mala maior e 08 cabelos, s6 08 cabelos, domados. Descobri o Mercado logo cado, porque era de sous arredores que pariam muitos dos énibus que eu pegava. Fui tomada primeiro pelo cheiro. Alguns dizem que o Mercado 6 o coragao da cidade, eu mesma ja escrevi que ele é o coragso da cidade, mas para mim o que ele sempre foi 60 nariz. Um daqueles narizes bulbosos, vermelhos e cheio de cravos, com narinas que arecem asas. ‘Essa 6 a fantasia que o Mercado evoca em mim. Um nariz gigante, que aspire todos os cheiros da cidade, a0 longo de quase século e meio, @ a cada expiragao nos preenche com uma mistura deliciosamente toxica. Nao 6.0 perfume das especiarias, do café e da erva-mate, do peixe e das galinhas, das velas e do mocoté, mas também 0 perfume do mado @ do suor @ do fettco e do despacho e do amar e do esperma do sexo ‘pressado que por ali também se pratica. Da para gastar mais de uma vida tentando decompor o cheiro do Mercado, s6 para falnar miseravelmente. E eu, que sempre fui um tipo em carne viva, nem sempre pude entrar no Mercado, porque as vezes seu perfume me engotfava e me dava vontade de chorat. Achava entdo que o Mercado tinha dado uma cafungada no meu pescoco e me roubado um pouco. Suspeito que o alemao Patrick Suskind, autor de um liv que foi best-seller nos anos 80, cnamado O Perfume, tinha conhecido © Mercado e fora em uma de suas peixarias que seu assassino sem Cheiro havia nascido, abragado a um bagre bigodudo. PRE-PROVA UFRGS. PROF. MADEIRA Nas questées sobre parégrafos, que normalmente serd feita quando o texto for dissertativa (texto 1 ou texto 3 da prova), observar 0 seguinte: (0) veriicar qual paragrafo traduz de forma mais explicita a tese defendida pelo autor; @ {ese serd uma afirragao genérica, de tendéncia abstrata @, ainda que fale de um tema ‘concreto (um acontecimento), 0 objetivo da dissertagao é a andlise; no se quer, portanto, narrar o fato ou 0 acontecimento, mas reflett sobre o que ele permite concluir, © que é possivel generalizar a partir dele: (i) verifcar quais pardgrafos traduzem a andlise do caso particular ou de casos particulares; a particularizecdo 6 uma maneira de mostrar que a afirmacdo genérica que se deseja fazer ¢é valida: dai o uso de exemplos; (ii) verificar que todo 0 texto visa a um movimento do seguinte tipo: “em razo disso é ossivel concluir aquilo” ou “por causa desse particular, 6 possivel afirmar esse generico’, ou “é verdade que ha esses fatos, mas ndo se pode ignorar aqusles, que devem pesar mais”. (iv) observar se 6 texto apresenta a seguinte ordem: GERAL > PARTICULAR; PARTICULAR > GERAL; CAUSA > EFEITO; EFEITO > CAUSA; MEIA VERDADE > VERDADE INTEIRA (ressaiva), COMPARAGAO ENTRE DOIS OU MAIS FATOS OU IDEIAS. (v) atentar ao verbos usados pela banca: dertonstrar (é tipico do desenvolvimento), deduzir (6 tipico da conclusao parcial, quando ide um pardgrafo, ou geral, quando do texto); contestar (6 tipico do movimento MEIA VERDADE > VERDADE INTEIRA); ‘sugerir (6 tipico do movimento PARTICULAR > GERAL). 15, SENTIDO GLOBAL DO TEXTO A prova da UFRGS também tem demonstrado tendéncia de trazer uma questéo sobre © sentido global do texto, Atengao ao seguinte: (i)0 sentido global nunca pode set resumido 20 que se diz em apenas uma parte ou fem apenas um paragrafo do texto, a nao. ser quando o autor, por si s6, expliita uma siniese do que diz; ‘ (li) sentido global pode estar sugerido pelo titulo (verificar e ler a referéncia ao autor e 20 titulo ao final do texto), mas nao se esqueca de que o texto escolhido pela banca & uma adaptagdo e, portanto, pode ser apenas um trecho de um texto maior (cuidado, portanto, para se ater ao que est no trecho escolhido apenas); (ii) se 0 texto for dissertativo-argumentatvo (texto 1 ou 3), 0 sentido global pode ser ‘raduzido por sua tese; (iv) se 0 texto for narrativo literario (texto 2), verificar quem s&o 0s personagens: centrais e qual a ideia basica do enredo (cuidado para nao reduzir a narrativa a apenas tum de sous trechos); (V) se 0 texto for de temética metalinguistica (texto 3), verificar 0 que os exemplos linguisticos utiizados permitem afimmar sobre a lingua em geral (por exemplo, 0 autor pode referir a mudanca da voz ativa para a voz passiva para demonstrar a Complexidade sinttica de uma lingua; isso nag quer dizer que o texto seja sobre voz assiva ou voz ativa; outro exemplo, 0 autor| pode dedicar um pardgrafo inteiro a Giferencas de pronincia entre 0 portugués do sul ¢ 0 do nordeste, mas isso ndo significa que 0 texto seja sobre prontncia ou sobre portugués do sul e do nordeste ~ talvez, a tematica seja sobre a multiplicidade de variagdes do portugués brasileiro). PRE-PROVA UFRGS. PROF. MADEIRA, 19

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