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Fru esta, Peli Vos 16. ‘Sees nn, Bromma Cabra, Ri, Chino (erat eh are rr: Ri, Topol 195, tener ds ltr Pep, Yes 97. oat desc, iy Baro 174 tem ope omar on Cored Pema Re, Monin edad ms das oma) i to 1980. ep ene Ri, Frc le, 19 min cin sto! me eS a ree, 984 ce: i cite deco i, Gas, 1986 SFipbeco cm Ro, Fre 188 Oe oS tne Exe wes martin Rn Ran, 199 ret ps epee dean I, Ro, Roe 1993 Ets davon an fom Ro 193 ‘dre mine 34 eta 9, sovcors Eee ae mapa anand maition x Mao Tome, teeta erty thane Ps 186 ie Ren Ss agres lon Imagination in der tomes ei am Mn sae Wel 190 ‘The DkSueof enw, Petony onpoae, osii “nid Use Pres 1978 “he Lite Mana ele Kf Cale, Stood ‘anny Pon BPE Luiz Costa Lima Terra Ignota Aconstrugéo de Os Sertées A transcendéncia na imanénci © essencialismo nacional | NECESSIDADE E EMBARAGO DA ESSENCIA Alina da "Nota preliminae” sponta para um dos problemas bisicos {8 Os sertdes: proposta de uma esséncia nacional. Embora a "Not ‘io arena tio explctamente formulado, sea ponto de parti, a sub-raga sertanea jf estava bem enuncada, Pont de pata sem dé Vida paradonal, pois derivada da mesma antropologiabiolgica que, esd Pl Broca (1824-1880), nssia na inferioridade dos nascdos pot {samento de etnias. Sem mais repete a afirmagio de Broe, segundo ‘qual os mestgos so literalmente erie (cf Stocking Jey G. W: 1968, 48-9), para Eucldeseraentretanoinquesionsvelo crater negatvo dos mamentos: o mestigotraz diminuid a expacidade intelectual doas- ‘endene superior erestrita a expacidad fii do ascendente inferior de posse dest axioma que ele se propor entender a guerra que hé ‘doco anos estemunhara, ‘Mais a0 norte do paleo da lut, a siuasSo étnica era ainda mais ‘rave: na AmazOnia, a desvantagem da misigenasio se acrescentavam ‘ondigoesclimstias piores. AM, “a aclimatagio tradur uma evolugSo ‘gresiva", em que “o fatoraristoeritico” de nosa gens, 0 portugues, Progressivamente desaparece ante “xelragem bronco”. No que de- Pendesse poisda Amazénia, Brasil etariacondenado.Biologicamen- {que nos rermos do evolucionismo significava socialmente, a sorte oats dependera da imigrago esabelecida no Su, assim como dos dseendentes de“ vlho agregado colonial”, deirradiagio mais larga, ‘endo como padrio seu tipo opaulists, na acepsto de “os filos do Rio de Janeiro, Minas, Paulo tegies do Sul” (Cus, F. da: 1902, 1, 154). Dos paulstas singularizados por sua partcipacto nas expedishes que debravaram os serie, em euzamento com os ingens © org fram as populagbesinterioranas do Nordese. Triam sdo elas, além {do ums, boncficndas pela disposigto topogrsfica da regio: vencda ‘Serra do Mar, s populagSessertanejaspassaram esta insladas, asin ‘to sofendo “0 apego ireprimivel ao itoral” As condigbs mesolep- ‘as portato, consttram "um zolador nico eum saladorhistrico™ (Cana. Eda: 1902, I, 155. Para Eulides, o bloqueio qe prenderaosertaneo n0 interior fora sitamente posivo, porque dete modo se consti o sola sertancioy tie, enaando a parada nos cruzamentos dversos doutro modo ince nes, brigando 20 invés o contsto dos mesmosfndios € com os mes dno Branco, se contraposera 8 degenerescéciaprogressva do itor ‘Saba égde do cientfcismo evolucionis, davamse as condos paca que Eucldesexraisee coneretiase, com uma frga ants deseo ‘hecida a imagem romntia de um povo nacional. Como dria Amo- qoso Lita, "9 romastism foi um sono de brasileiro” (Lima, A {24,1 874) N'Ossertdes, esse sonho tornou-se papvel. Mas nfo nuda do plano do sonho para oda realidae vem que seu autor pro- testase ee contrapusesse 208 que se emblavam com imas fantasia, jem pelo lata surda qu ve travaré no lo cota os romintcos Teas rads apontadas,onclea da naionalidade no pois st taar no Nore; tampouco no ltral onde os eruzamentos permanente serviam de leto para a degeneresctnca ds costumes, para @ aumest? (Ge dbidade e, em decorréncia, para falta de carter dos four "ne “endrosincomscents”. Em ver dsto ra favorecido pela elaiva estab Tidade Crea do oat sertaneo. Esta ali poo depésto para a seme do pas futuro: “(.]Aquela rode sociedad, incompreendia ¢olsiady apr deed ft oo rst edo epi a dt cng (r} spunea aston aa piesa "Oba Alo ‘rao cee vigoroso da nossa nacionaidade” (Cunha, . da; 1902, 167). O papel qu ela desempenbara no séeulo XVI, “criando wa suo de eqilnio ene odesaro ds pesquisa miners ea top rominicas do apostolado” (Cunt, E, da: 1902, 1, 260), podera haver- ‘erepetido agora, na sepunds metade do XIX, cata populagio-ernenio hhouese sido dizimada pelo poltca dolor, ‘O evoucionismo pois oferecia a0 autor a possiiidade de montar dois quadros smultineos: or quadros da esencalidadee da perio: “Eaquanto mil eausas peurbadoras complicavam a mestigagem n0 li tora evovido plas imigragese pela guere [..1 alia populao in digena,aliada aos raros mocambeirosforapios, brancos escapes jus ‘igaou avenureirosaudazes, persia dominante” (Cunha, da: 1902, 17. Em Contrast e confontos, Buldesviraaexplctar o que era de ‘operat de una politica fundada na “roca viva". Aafirmagio nacional ‘exis “anes de tudo um cendio amplisimo", que “no se reduza ‘imo at hoje is bordasalteadas dos planaltos e&esreita fea de uma ‘eta desmedida,Tado quanto faermos fora deste tagado seré vio 08 efémera, Ser o eterno ttea entre as miragens de um progress fala © Ahuvidos, até agora medido pelos stocks das sacas de cae, peas levas de imigrntes e por umas combinaes policas que ninguém entende” (Cunha, Eda: 1907, 1,137). Nese livro posterior, dando um passo além na exaltaio da base essencialsa, pelo descarte do papel do imi- ante, mostra-se que o esencilismoéenico euciiano tna por meta ® ooupagio plena da terra, contéria& pragmatic das especulagdes f= ancrzas:contrapor-se 2 miragens de um progesso[.. medio pelos stocks das saas decal". Asim, abase bioldgea nacional orentaria um poder dversamente dimensionadoerejetaria as miragens foradas por ‘mitral seduzido pela Buropa A essencialdade, em suma, implicara ‘© repidio da formasio torinea dominant. CConmado, por mais que extremasse os opostos, Eclides no conse ‘ia vdieo pa entre uma pura formagio saudivel eoutra pode. A ‘Mapragto do evolucionismo a raz coméatia deixao futuro do pas ma slkernativa de ou depender do “mestgoproteiforme do itoral”(Cunhs, E, da: 1902, Il, 174) ou do “tipo mestigo bem definido, completo” do sertio (Cunha, E. da: 1902, I, 171). E um jogo com dads viciados, pois sempre se tem o mestio e ete", quate sempre, um desequlra. ‘do (Cunha, E. da: 1902, 175). 0 jtzo, em Contrasts econfrontas, se torm mas explicit: “O Bratil nio € como os Estados Unidos on @ Austr, onde o inglés, o alemfo ou o francs alteram e cambiam 3s ‘ualidads naivas oa a refundem ereinam, originando um tipo novo ‘Anus evolu pgs, por mai cdemorada qe exe destinad ase em, 250 gata de um tipo fisicamenteconinidae fore. Agua raga rma surge autdaoma ede alg moda orga, tranigacan, pla pri combina, todos os abuts herdados de sorte qu, depend sna daexsteacaelvager, pode lance avid cvlzada porte qe nfo axing de repent” (Canha Ed: 1902, 177), € mais elevado do que os elementos formadores. Es mum stagio provisbria de fraqueza,[..] em que a vaiedade dos sangues que se ‘aldeiam, implica 0 dispersivo das tendéncaedipares, que se entre: sam" (Cunha, Eds: 1907, I, 188). ‘A diferenca entre o mestigo proteforme e o bem defiido no che- ‘ava acriaroximismos. Na verdade, a alernativa nfo era alvssreca © primeiro “é um degenerado",o segundo, “um reteégrada” (Cana, E. «da: 1902, TI, 177). Se bem que anagojédevesse a0 cabocto amazénico, supostamente semethante do ponto de vista étnico ao sertanjo, a con- solidagio ou expansio de suas froneias 20 norte (ef Cunha, Eds 1907, 1, 134), ela no poderia conar seni com... um cern retrgrao. Seria inimaginsvel que um evoluconsta europea chegase, a propésito (© aumento da ciculago do liveo e a questo relgiosa provocadt pelo protestantismo ji haviam eriado, desde a segunda metade do XM, ‘quanto ao papel dae letras edo livo, um cima de tensto entre os d= fensoes da ordem estabelecda, Ess tensio se agravard no context éerevolucionsio de 1789. “Os filsofos da monarguia, de Hobbes 2 Burke, denunciam ess palavasvazis ¢exas frases desviadas do us, que os incitadores de Sedigio vo buscar no texto dos oradores antgos ou nas pginas date sagrado, para transformé-asem armas nas mios de homens sem impor" tncia, que nfo tém nada aver com a polica"(Ranciée, J: 1995, 10> A preocupagio se consid soba afrmagio de uma dornga que amet "pales oman on vot pubade prams pst perp cata ds menos que o corpo soca “x doenga da ese": “Ao mal, Sempre omesno, €semprenbém o mesmo remo que €enuncado fete pode cope o mal da esa € ua outa ext, menos que testa que era falando quando € precio faa, exqivandose Gund € precio se eaqivar, Menos que escrit:w paro tet do logos {} ue mio pasa por esis plavrapintrs ¢ ees hombni- sovimulcos qu alam com todos sem seem destnads a nngué. Masque ert uma ecritacujo eo su indeleeifalifitel pois ane tryada appa toxtura ds coin, desenando o corp male lane da pri verdade” (do, idan). Eo “proeo de una excita semmenira orgue no esr, assim comunicalacomoa exprsi0, imediata do verdadero” Get, 11). “Ta propos de “cua” recbe das inexdesopostas,rspectva- sents repesentada por Le curé de village (1839), de Blac, © por Bowand et Rewhet (1881). No primero cso, 0 fconisa “esceve art mosta oma que os romances faz: velba fabula quits, fic faa do omance, Masel far mas ainda: exceve wa fo. mance mora para most que fo soos romaners mori que earam { oenga do romance, mas obra excites de engenbeiro qu aga sa carne das cos o equivalent a obae do pate” idem, 88). No segundo, a contro, insenste incorprada letra coresponde a afro daieratur, "ese gar Patuant no wnivero do disco ©", 85. ara o exame agui propo, éextemamente importante que a wes sbrajaliteratura sem se itr el, pois enquanto part de tm problema —a"doensa da escrita"—, mis do qu oso curse, © reigioso ou ieuicnaiterarura€ um discus menos autdnomo que contgua Paadonalmens, sa televinase afm medida que ot ela pedpia doeng se intensiica ‘Que, Oe sere,» ees fn parte de una engenharia conta a dea € una ei precio Asambigidades do ator quanto Bs preten- Ses teri da obra, que seo exudadss no cep. V,dependem dew Tropico de engenaria salvia cone ox que “agua fanais (etna bea stiica ds ess [.]" (Cunha Ed: 1902 1 148. Masa questio nfo esota na determinaio do estatuto discursivo do | cia incomptive! aja com aida de evluso,teja com a “cor” da raga Thee are que Os crtescaiba no ugar de cra que se propée,traart | fore, s6 podria entrar por uma toro especfia: ado mito ‘uma lta sur, pouco notads por seus intérpretes mas dei, contra ‘mito vemem socorro de Eacldes porque “éum mado deexprimir sera dc edna: No momento apenas acrecentemos: porque arefle. | ofatode que ommundo eos poderes nee dominantes nose entegam ae anerercihaa uma tenes apa, €confundila com aespe | apuraarbitaredade”(Blumenberg, H. 1979, 0). mito-deessenia aaa secs lade pelameama aii, ltratwraémarginalada | €etdo a anes de encontrar una sf para o impaeem ave 0 cae eee Gane lenbrarmes a palawas de Roqcte-Poto: "No | econo o meters, Cabe prén considera que ex trad no ere Mtelcccohecrqocanecinalidadeeattersturafomam | e2emsi fii. Negado prion tanto pelo disposi cenfico empre se acm intereennimo [J" RaquctePino,E:1929,76) nto. | geo peloanor como, c com vecrtocia ainda main, pls aso an ee Lindecmreméiocm quesepre- | tithe que tina cpisemologeaments «cnc ¢ descr 0 Sines cones a"doenga da eri tito com a peta de Epoca atrasadat,o mito #6 pod se exguiar Tels porta de fund, como e fos um ado a ques zene de conta {eento recone A provincia cra condo indspensivel porque Sim ese ero que pera Eclds faze? Por cet, ee the esd ‘icldades pitas ag asialadas — a questo do sot ini Gina imiadacapacidae de entendinent da “essnca” — may, se to a enfentase, qv solu Therese sendo propugnar por uma Forma de apartheid ori foradequalerintecionaidde do ator, ‘ead se difarga com roupes seve, assume a apartcia de ‘enifcamentejustfindo, Noateas paves, o transcendent €conta- Sandeado como se fz parte do fenoménico observe 3. AESSENCIA COMO MITO Em seu horizont proprio, supondo uma figura marcada por densidad ce permanénca, essncia uma categoria indispensivela certo discus flosfico — as filsaias de eunhosubstancial — ou, mas genericamen te, 0 discurso das eligies. Ora, considerando qu acincia eraa orien talora fandamenta oreo eucdano 86 porumarorsioincrivel nee ee ae tae A elicit, alma forma de etal pode sisal. xa toreonto prove | eyaano alm feito do mito "O mito prods cones de fam contudo um resultado on filowfico ou reigioso. Destecikimo no Mi} aridade no 96 por meio de suas hisérias demasiado humanas dos Sequer de se coptar. Mas tampouco seria filosic, porque, em st] deus, por meio da frivolidae pouco ria do que levam aeabo, mat ‘aividade no rodua nenihum contorno propramesteflosfico. A | tape aca de tudo pela edu da escala contra a qual se poser ‘oni, @enencia, a} serdes,€ to isola eincatada como © | medio" Blumenberg #1979, (121). O mito cri famiiaidad & préprio sertangjo, aque coresponde. Assim, decore de seu préprio } medida qu, emprestando significa a um universoprovocador pa rer de subpodite reatvo a0 encaminbsmento evolacionist. Por | 0 homem da mais intens ansedade Angst) —“[.1Tnencionalidade ue easiv? bn vind deo veo comer como axioma icrefuttvel | aconscéncia eum objet” dem bide, ()) — abranda outorna ‘Nistecia de uma raga mais forte, a brane, de cnjo dsiderato um pals | facvelapresenga do muminoso, do mundo dat pottncastomadas como Jrofundamente mesigo nncs poderaseaproximar. contra ssa afi | stusas da pavoross asiedade, N'Os srt, conquanto em um quadro Theciotidaporinsofendvele wanmversalatodocliveoqueoperaaidéia | basantedesfavorvel, pois dele previament se resirara a dignidade do do vrnal dc rovka"y 1 eenca encamada pelo seraneja. Besa essto- | ito, exinca-como-mito ainda concede um sentido de famifiardade ela que fornece um alivo contra odesespero que seria inevitévelaum pas privado de uma raga “forte” Por outro lado, contado, por efit das torgbes necessrias esse resultado, tratavase de uma estranba f rilardade. Sua jusifiagso€explicta: criarase uma via mica em um terreno que ointerditavs. A questo entiose tornavavestioindeseado ctiado de tal modo que ele conseyuisse camper sem dar na vista, alge ‘nas fungées do mito J vimos que ele tem &ito mama: subsiui © terror legttimo pelo destino do pais por uma ceta famiiridade. Um segundo trago da atuagdo do mito ainda 0 socorre: ao mesmo tempo ‘que produ nna estabiizagio da vida, © mito recusaexplicagdes. “Ok tnitos nio respondem a perguntas, clam inquestiondvels” cf, Blumen: berg, Hes op et, 142), Para que Fancone, 0 mit se faz intolerant. B em si intolerante porque, em ver de explicar 0 que nele se comet, fneena uma histcla— pra os deuees que protegiam, tram on pre icavam Uaes, batava a manifestacio de seus humores.Instalado em tum texto de propésito nio mio, lgedo a uma forma que nio Ihe pertence, 0 mito permanece n'Os srtes intolerante porque @Gnica ‘anita de aceité-lo conse em responder afetiva, ainda melhor se passionalmente. Mas, pode-e agar, isso j& supe a resposta do lite E certo, porém 0 recurs 3 reagSo do leitor mio € abusvo poraue sot imolerdncia A indagago 6 corela a um mecaniso presente na pro pria consrugio do livro: 0 mecanismo da denegagSo, qu 56 adiante Exploraremos, ests tanto em Eucides como em seu eto, cwinow Imitagdo e contagio

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