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Curso de Direito

MARIA THEREZA TOSTA CAMILLO

Conciliação nos processos do Sistema Financeiro da Habitação:


Iniciativas da Justiça Federal da 2ª Região.

Rio de Janeiro
2008
MARIA THEREZA TOSTA CAMILLO

Conciliação nos processos do Sistema Financeiro da Habitação:


Iniciativas da Justiça Federal da 2ª Região.

Artigo Científico Jurídico apresentado como


exigência final da disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso à Universidade Estácio de
Sá – Curso de Direito.

Orientadores: Prof(a). Magda Ventura


Prof(a). Rafael Iorio

Rio de Janeiro
Campus Menezes Cortes
2008
2

RESUMO: O artigo analisa os mutirões de conciliação promovidos pela Justiça Federal da


2ª Região, uma bem-sucedida iniciativa no sentido de solucionar de forma célere os
processos envolvendo contratos do Sistema Financeiro da Habitação – SFH, a qual só tem
sido possível graças à parceria entre as partes envolvidas. Conclui que, apesar do êxito, a
negociação empreendida nestes mutirões ainda precisa evoluir para minorar o desequilíbrio
entre as partes.

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Desenvolvimento. 2.1. Abordagem Constitucional 2.1.1.


Igualdade Jurídica. 2.1.2. Isonomia Jurisdicional e Acesso à Justiça. 2.1.3. A Duração
Razoável do Processo, sua Efetividade e a Dignidade da Pessoa Humana. 2.1.4. Solução
Pacífica dos Conflitos. 2.2. Breve Histórico do Sistema Financeiro da Habitação. 2.3 As
causas versando sobre contratos do SFH e suas dificuldades. 2.4. Os Mutirões de
Conciliação, seus atores e respectivas posturas. 2.4.1. Empresa Gestora de Ativos –
EMGEA 2.4.2 Caixa Econômica Federal - CEF 2.4.3. Os Mutuários. 2.4.4. Os Advogados.
2.4.5 O Juiz. 2.5. Os Resultados. 3. Considerações Finais. 4. Referências Bibliográficas.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho trata da conciliação em processos do Sistema Financeiro da


Habitação, destacando, em especial, as iniciativas da Justiça Federal da 2ª Região, que
engloba o Tribunal Regional da 2ª Região e as Seções Judiciárias do Rio de Janeiro e do
Espírito Santo, com as respectivas subseções.
Depois do lançamento do Projeto Conciliar, do CNJ, em 23 de agosto de 2006,
vários mutirões de conciliação têm sido realizados na Justiça Federal, dentre os quais se
destacam os mutirões de audiências em processos versando sobre contratos habitacionais
do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Mais da metade desses processos, que em sua
maioria tramitaram por mais de cinco anos, somente na primeira instância, foram
solucionados em rodadas de negociação entre os mutuários e a Caixa Econômica Federal e
a EMGEA – Empresa Gestora de Ativos, detentora dos créditos referentes aos contratos.
A 2ª Região, que engloba Rio de Janeiro e Espírito Santo, tem realizado,
regularmente, pelo menos um mutirão habitacional por ano na primeira instância e dois por
ano na segunda instância, com resultados de mais de 50% de acordos, considerados muito
positivos. Diante da popularização dos mutirões e da adesão da maioria das Varas
3

Federais, bem como da criação do Núcleo de Conciliação do tribunal, e da ‘gestação’ da


chamada “cultura da conciliação”, mister se faz uma reflexão mais aprofundada sobre os
direitos envolvidos.
Algumas questões logo sobressaem, tais como: até que ponto a busca por
celeridade não obstaculiza o acesso à justiça, entendida aqui como o direito de obter um
provimento jurisdicional; se a cultura da conciliação, largamente incentivada, e em
especial nos processos que versam sobre o SFH, não constitui negativa de prestação
jurisdicional; ou, ainda, quão equilibradas são as negociações e se os mutirões de
conciliação não se constituiriam em “mutirões de adesão”, nos quais aos mutuários caberia
somente dizer “sim” ou “não” a propostas fechadas, estando os acordos longe de refletirem
uma construção conjunta, negociada entre as partes em igualdade de condições.
A relevância do estudo se explica porque cada vez mais a conciliação tem sido
incentivada, sobretudo nestes processos, tanto em regime de mutirão bem como
incorporada à rotina de processamento do feito, contra o que se levantam vozes que
objetam a estas mudanças por entenderem que o mutuário tem direito à sentença, sendo
esta o desfecho ordinário do processo; consideram, também, que a negociação é desigual,
havendo, na verdade, uma imposição de condições por parte do agente financeiro.
Aumenta cada vez mais, no entanto, o número daqueles que pretendem que a
conciliação seja o desfecho ordinário para os processos versando sobre causas do SFH,
conseqüentemente passando a sentença a ser o desfecho extraordinário. Sendo estes
processos de difícil julgamento, pela grande especificidade da matéria – envolvendo menos
questões jurídicas e mais circunstâncias econômicas, um financiamento com normas
rígidas, fixadas em lei, e que atravessou décadas de regime inflacionário – lhes parece que
o acordo seria o melhor desfecho possível.
O presente trabalho pretende efetuar uma análise das iniciativas de conciliação
da Justiça Federal da 2ª Região, a partir de dois grandes princípios fundamentais contidos
no art. 5º da Constituição da República: igualdade jurídica e acesso à justiça e seus
desdobramentos, tais como isonomia processual, efetividade e celeridade do processo,
para, ao final, analisar os argumentos dos defensores e opositores da conciliação nessa
esfera do judiciário, efetuando uma ponderação entre os princípios invocados, para
posicionar-se quanto à inserção, em caráter permanente, de fases conciliatórias no
processamento de feitos dessa natureza.
4

Com essa finalidade, será empreendida pesquisa bibliográfica, consultando


fontes doutrinárias, em especial constitucionalistas e processualistas, a fim de conceituar a
igualdade jurídica e a solução pacífica dos conflitos, princípios norteadores da conciliação.
Aliando-se à abordagem constitucional, com base em observação de
audiências, tanto na primeira instância quanto no TRF 2ª Região, pretende-se efetuar uma
análise crítica dos chamados mutirões de conciliação, seus atores, papéis e posturas, para
verificar se os acordos fechados são fruto de real transação conciliatória, com concessões
mútuas, ou uma mera submissão do mutuário às propostas formuladas pelo credor.

2. DESENVOLVIMENTO.

2.1. Abordagem Constitucional

Antes de iniciar a análise dos mutirões de conciliação, interessante será realizar


um estudo da base principiológica constitucional por trás da política conciliatória nos
tribunais. Em seguida, serão apontados os princípios mais relevantes, seus dispositivos e
interpretação.

2.1.1. Igualdade Jurídica.

A igualdade jurídica é direito fundamental garantido no caput do art. 5º, com a


clássica formulação: “todos são iguais perante a lei”1. No entanto, na aplicação deste
princípio deve-se atentar para a desigualdade fática, sob pena de transformar tal comando
em letra morta.
O dispositivo constitucional há que ser compreendido de forma ampla e
sistemática, em consonância com outras normas constitucionais, de forma a se extrair o seu

1
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal,
1988. Art. 5º
5

verdadeiro sentido. Fazendo-se a correta hermenêutica do caput do art. 5º, conclui-se que o
tratamento dispensado será igual para todos que se encontrem em idêntica situação.
Atualmente, encontra-se consolidada a noção de que a igualdade jurídica só é satisfeita “se
o legislador tratar de maneira igual os iguais e de maneira desigual os desiguais”2. Dessa
forma, se estabelece justiça material, e não meramente formal.
Embora o princípio da isonomia seja uma diretriz para o legislador, que se não
observada pode levar a inconstitucionalidades, é na esfera jurisdicional que a isonomia tem
maior destaque. A interpretação da norma pelo juiz deve sempre ser feita de forma a não
criar distinções onde elas não devem existir.
Além do princípio consagrado no art. 5º, há vários outros dispositivos
constitucionais que buscam realizar a igualdade material, como os insertos no art. 7º
(Direitos Sociais), e há uma preocupação constante com a justiça social que permeia toda a
regulamentação constitucional da ordem econômica e social (arts. 170, 193, 196 e 205).
José Afonso da Silva crê que a norma programática insculpida no art. 3º da
Constituição da República, que inclui como objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil “reduzir as desigualdades sociais e regionais”(art. 3º, III) e “promover
o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de
discriminação” (art. 3º, IV) constitui real promessa de igualdade material3.
Nas causas do Sistema Financeiro da Habitação há, em um pólo, o mutuário, e
do outro lado, o Agente Financeiro – Instituição Financeira ou Cooperativa de Crédito, o
que justifica uma preocupação em oferecer uma oportunidade de negociação equilibrada,
que neutralize a grande desigualdade fática entre as partes.

2.1.2. Isonomia Jurisdicional e Acesso à Justiça.

2
PERELMAN apud SILVA, José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. 31.ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2007, p. 213
3
Ibidem., p. 212.
6

A adoção do princípio da igualdade teve reflexos diretos na maneira de


conceber o processo. A princípio restrita a uma igualdade formal, sob o pretexto de
manter-se a imparcialidade do julgador, vai evoluindo no sentido da garantia da igualdade
material.
Cintra, Grinover e Dinamarco, ao definirem a jurisdição, afirmam que seu
escopo é a pacificação social, devendo o processo ser um meio efetivo para a realização da
justiça4. A mudança de critérios da isonomia – de formal para substancial – representa uma
tentativa de aproximar os resultados do processo a seu escopo social. Tal objetivo, diz, só é
alcançado quando o magistrado leva em conta as diferenças sociais, políticas e econômicas
existentes entre os diversos sujeitos da relação processual, para então, atento às
peculiaridades do caso e dos diversos envolvidos, promover a igualização entre as partes5.
Atualmente, com a nova maneira de pensar o Direito Processual – não mais
como um mero conjunto de regras acessórias, com vistas à aplicação do direito material,
mas como instrumento público de realização da justiça, e, frente à crescente
constitucionalização do processo, passou-se a enfatizar o estudo da tutela constitucional do
processo. Tal estudo abrange dois enfoques, o do direito de acesso à justiça, entendido
como direito de ação e de defesa; e o do direito ao processo, compreendido como garantia
do devido processo legal.
O direito de acesso à justiça foi ampliado pela Constituição de 1988, para
incluir também a jurisdição preventiva, isto é, a possibilidade de ingressar em juízo para
impedir violação de direito, face à ameaça de lesão a direito. Tal garantia encontra-se
insculpida no art. 5º, XXXV.
Tal direito subjetivo tem sido reavaliado, ganhando cada vez mais importância,
ao se perceber que a titularidade de direitos perde o sentido diante da ausência de
mecanismos que permitam a sua efetiva reivindicação, uma vez que, ao final, o que se
pretende em um sistema jurídico moderno e igualitário é garantir e não apenas proclamar
os direitos de todos6.
4
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; GRINOVER; Ada Pellegrini. Teoria
Geral do Processo. 23. ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2007, p.30.
5
HERTEL, Daniel Roberto. Reflexos do princípio da isonomia no direito processual . Jus Navigandi, Teresina,
ano 9, n. 761, 4 ago. 2005. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7112>. Acesso em: 07
set. 2008.
6
CAPELLETTI, Mauro, e GARTH, Bryant apud DRUMMOND, Maria Rita. Meios Alternativos de Solução de
Controvérsias e o Acesso à Justiça. DireitoNet. 08/12/2003. Disponível em:
<http://www.direitonet.com.br/artigos/x/13/93/1393>. Acesso em 25/08/2008.
7

A grande circunstância limitadora do acesso à justiça no Brasil é o fato de que


o processo judicial no Brasil é extremamente demorado e custoso, privilegiando, assim,
aqueles que podem esperar - e que têm como pagar. A grande quantidade de despesas,
taxas, honorários advocatícios e periciais, enfim, o custo do processo, obstaculiza o acesso
de pessoas economicamente frágeis à justiça.
Por tudo isso, a fim de garantir a solução das lides e a pacificação social sem
esbarrar no chamado “obstáculo processual”7, novos métodos de solução de conflitos vêm
ganhando maior destaque, tais como a conciliação, a mediação e a arbitragem.

2.1.3. A Duração Razoável do Processo, sua Efetividade e a Dignidade da


Pessoa Humana.

Reduzir a duração do processo judicial importa reduzir seus custos, pelo que se
alçou, à qualidade de direito fundamental a ser protegido, o direito à duração razoável do
processo. O inciso LXXVIII do artigo 5° da CRFB assegura a todos no âmbito judicial e
administrativo o direito fundamental a razoável duração do processo e a garantia
fundamental dos meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Para Manoel Jorge da Silva Neto, tal princípio na verdade é corolário do due
process of Law, pois há desrespeito a esta cláusula quando “o retardo na prestação
jurisdicional desveste o processo de sua eficácia útil”.8
Ainda segundo Silva Neto, tal garantia não foi, na verdade, uma inovação, pois
que já estava previsto no art. 8º, 1, do Pacto de San José da Costa Rica, do qual o Brasil é
signatário, que “Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de
um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei (...)”(grifos inexistentes no original).9

7
CAPELLETTI, Mauro, apud DRUMMOND, Maria Rita. Op. Cit.
8
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Direito Constitucional. 2.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 599
9
Ibidem.
8

José Afonso da Silva também enxerga a duração razoável do processo como


diretamente relacionado ao acesso à justiça, indicando que este já incluiria, em si, “uma
prestação jurisdicional em tempo hábil para garantir o gozo do direito pleiteado”.10
Para o constitucionalista, o enunciado da norma constitucional tem uma textura
aberta que “acena para a regra da razoabilidade” 11, enquanto que Teixeira Filho aponta que
o adjetivo razoável sugere moderação, eqüidade, algo comedido, correspondendo a colocar
interesses das partes no mesmo plano axiológico.12
A dignidade da pessoa humana é princípio positivado no nosso ordenamento
jurídico no artigo 1º, III da CRFB, ao lado da opção pela República Federativa e da adoção
do Estado Democrático de Direito. 13
A duração razoável do processo - seja considerada como direito fundamental,
ou ainda, como garantia jurisdicional - é fruto de uma busca à proteção judicial efetiva,
com a elevação do direito à tutela jurisdicional ao patamar de respeito à dignidade da
pessoa humana.14
Tal é também a posição de Dürig, para quem a sujeição do jurisdicionado a
“um processo judicial indefinido e sua degradação como objeto do processo estatal atenta
contra o principio da proteção judicial efetiva (rechtliches Gehör) e fere o princípio da
dignidade humana".15
A inclusão expressa do direito à duração razoável do processo no texto
constitucional denota um clamor social à busca de real efetividade da atividade judiciária,
ao lado de métodos alternativos de composição de conflitos, tais como a mediação, a
conciliação e a arbitragem.

10
SILVA, Op. Cit. p.432
11
Ibidem.
12
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio apud SILVA NETO, Manoel Jorge e. Op. Cit. p. 599
13
Na verdade, verdadeiro supraprincípio, como atenta TAKOI, Sérgio Massaru. O Princípio Constitucional da
Duração Razoável do Processo (art. 5º LXXVIII da CF/88) e sua Aplicação no Direito Processual Civil. São
Paulo: Faculdade Autônoma de Direito – FADISP, 2007 [Dissertação de mestrado; área de concentração: Direito
Processual], 148p.
14
GUERRA, Gustavo Rabay. O princípio constitucional da razoável duração do processo. O acesso à tutela
jurisdicional célere como direito fundamental. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1758, 24 abr. 2008.
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11188>. Acesso em: 09 set. 2008.
15
Ibidem.
9

2.1.4 . Solução Pacífica dos Conflitos.

A vocação pacificadora do povo brasileiro se faz sentir desde o preâmbulo de


constituição, no qual se lê que são objetivos do Estado Brasileiro a busca da igualdade e da
Justiça “como valores de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica
das controvérsias”(grifos inexistentes no original).
Silva Neto esposa o entendimento de que o preâmbulo é norma constitucional
no mesmo nível das contidas no corpo do texto constitucional, diferindo, porém, em
eficácia; quanto aos princípios introduzidos naquele, possuem idêntica eficácia aos
adscritos neste último 16.
Esta ótica reforça a visão pela qual o meio ordinário de solução de conflitos
deve ser o da autocomposição – seja por iniciativa das partes envolvidas, seja pela
aproximação das partes por um terceiro facilitador.
Importante ressaltar, no entanto, que não se trata de um princípio, mas de uma
diretriz, tal como conceituada por Dworkin: Llamo ‘principio’ a um estándar que ha de
ser observado (...) porque es una exigencia de la justicia, la equidad o alguna outra
dimensión de la moralidad” e “Llamo ‘directriz’ o ‘directriz política’ al tipo de estándar
que propone un objetivo que ha de ser alcanzado. A diretriz traz em si uma normatividade
programática, visa “(...) una mejora em algún rasgo econômico, político o social de la
comunidad 17.
Com o propósito de ser fiel a essa diretriz, bem como levando em consideração
a crescente demanda pela celeridade processual, o poder judiciário tem privilegiado cada
vez mais a conciliação, seja esta pré-processual ou realizada após a judicialização da lide.
Eliane Nassif18 ressalta a necessidade da construção de uma Teoria da
Conciliação, e que os profissionais do Direito se dediquem com mais propriedade ao seu
estudo, uma vez que, até então, os estudos sobre conciliação têm discurso ora focado na

16
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Op. Cit. p.152.
17
DWORKIN, Ronald. Los Derechos en Serio. 4. Reimp. Barcelona: Ariel, 1999. p.72
18
NASSIF, Eliane. Conciliação: os dois lados da moeda. Site do MPT. Publicado em 30 jan 2007. Disponível
em: <http:// www.pgt.mpt.gov.br/pgtgc/publicacao/engine.wsp?tmp.area=238&tmp.texto=2132>. Acesso em 17
ago 2008.
10

questão sociológica, na pacificação dos conflitos, ora na questão da política e gestão


judiciária, com a vantagem da conciliação no que se refere a quantidade, custo e tempo do
processo. Quanto às técnicas negociais, são herdadas da ciência da administração. A autora
aponta a urgência de se estabelecer a natureza jurídica da conciliação (negócio jurídico ou
jurisdicional), bem como de estudos direcionados à garantia do devido processo legal também
na conciliação.
A Justiça Federal da 2ª Região tem feito a sua parte, através da Escola da
Magistratura (EMARF), do Núcleo de Conciliação do TRF da 2ª Região, assim como da
Coordenadoria dos Juizados Especiais Federais, promovendo diversos eventos que
oportunizam o debate e a troca de experiências. Dessa busca de soluções inovadoras, bem
como da certeza de que através de uma prestação judicial célere e efetiva se materializa a
garantia de acesso à justiça19 - nasceram os mutirões de conciliação. Estes, por seus
resultados expressivos, trouxeram a tônica conciliatória para a jurisdição, em especial nos
casos em que a sentença não basta para pacificar a lide de forma satisfatória – caso, por
exemplo, dos processos envolvendo os contratos do Sistema Financeiro da Habitação.

2.2. Breve Histórico do Sistema Financeiro da Habitação.

A preocupação governamental com o problema habitacional não é nova,


remonta ao período do Império, mas somente a partir do governo Jânio Quadros, no
começo de 1961, houve um real comprometimento com a questão20.
Em 1964, com o regime militar, buscou-se uma ação mais incisiva no setor
habitacional, o que resultou na criação do Banco Nacional da Habitação (BNH) e do
Sistema Financeiro da Habitação (SFH), através da Lei nº 4.380/64, que segundo José
Maria Aragão era um sistema habitacional “inteiramente novo, sem precedentes na história
do país”.21Ainda segundo Aragão, a principal característica do modelo inaugurado
19
GABRIEL, Ulisses. A instituição do mutirão de conciliação, os novos valores do direito e a novel
possibilidade de acesso à justiça. DireitoNet. 12/06/2006. Disponível
em:<http://www.direitonet.com.br/artigos/x/26/79/2679>. Acesso em 29/08/2008.
20
ARAGÃO, José Maria. Sistema Financeiro da Habitação: Uma Análise sociojurídica da gênese,
desenvolvimento e crise do Sistema. 3.ed.(ano 2006), 2ªtir. Curitiba: Juruá, 2007. p.71-76.
21
Ibidem, p. 89.
11

(BNH/SFH) - original em termos jurídicos - era o fato de “concentrar em um único órgão a


coordenação dos investimentos públicos e privados no setor habitacional, centralizar no
governo federal a formulação das normas a que deveria obedecer a política de habitação e
favorecer a descentralização executiva”22.
Até então, o funcionamento do setor de financiamento habitacional era bastante
precário devido ao cenário econômico, que inviabilizava investimentos de prazos mais
longos, como os do setor em questão. A partir da instituição da correção monetária (Lei nº
4.357, de 17/07/64), no entanto, foi possível conceber um sistema capaz de atrair poupança
e de se refinanciar. 23
Outros fatos que impulsionaram o SFH, ainda na década de 60, foram a criação
do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, bem como o início de
funcionamento do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo – SBPE, que ampliaram
o volume de recursos para aplicações habitacionais.24
Até 1982, a variação anual da Unidade Padrão de Capital (UPC), indexador do
reajuste das prestações nos contratos do SFH, manteve-se abaixo das variações do salário
mínimo. A situação se modificou, no entanto, com a política de achatamento salarial que se
seguiu, passando o salário mínimo a ter reajustes inferiores à ORTN e à UPC.
Foi a partir de então que a batalha judicial dos mutuários levados à
inadimplência se intensificou, multiplicando-se as ações – de diversas naturezas – cautelar,
consignatória, mandado de segurança – com pedidos de liminar para que os agentes
financeiros fossem obrigados a receber, em juízo, até o deslinde da controvérsia, o valor
que o mutuário considerava devido.
Foi então que, com o objetivo de controlar o aumento das parcelas e torná-las
suportáveis para os mutuários, foi criado o chamado PES/CP (Plano de Equivalência
Salarial por Categoria Profissional). Tal Plano de reajuste, criado pelo Decreto Lei
2.164/84, tinha como característica a garantia de que o valor do encargo mensal só
aumentaria- e na mesma proporção - quando houvesse aumento salarial da categoria
profissional em que o mutuário fosse enquadrado. Quase uma década depois a Lei

22
Ibidem.
23
FERREIRA, Thaís Porto. A Concessão de Subsídios por meio do Sistema Financeiro de Habitação. Rio de
Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2004. [Dissertação de mestrado, Departamento de
Economia], 122p.
24
ARAGÃO, Op. Cit. p. 101.
12

8.692/93 criou o sistema chamado PCR (Plano de Comprometimento de Renda), que


previa limitação da parcela do financiamento em 30% da renda mensal do mutuário.
Logo se percebeu que tal plano, que a princípio foi celebrado como a solução
para o aumento excessivo das prestações, criou outro problema. O fato de se adotar índices
diversos para correção das prestações e do saldo devedor (este último corrigido pela Taxa
Referencial – TR) resultou no que se costuma chamar de saldo residual, que nada mais é
do que a soma dos valores mensais que não foram quitados em função da limitação da
parcela, mas que nem por isso deixaram de ser devidos dentro do financiamento, sendo,
por isso, incorporados ao saldo devedor e contabilizados para pagamento ao final do
contrato.25
As altas taxas inflacionárias da década de 80, aliadas a um contrato com
defasagem de índices, criaram financiamentos impagáveis – impasses que invariavelmente
resultaram em ações judiciais, com características peculiares.

2.3 As causas versando sobre contratos do SFH e suas dificuldades.

Como visto anteriormente, o SFH foi criado com a missão de tornar real o
sonho da casa própria para as classes média e baixa. A idéia de atrelar a evolução do
contrato aos reajustes salariais dos mutuários, boa em tese, na prática foi inviabilizada
pelos diversos planos econômicos e pela política salarial nas décadas de 80 e 90.
Desde a instituição do SFH, foram criados planos de financiamento
diversificados, com parâmetros próprios. Enquanto os processos discutindo planos mais
antigos têm como foco principal a controvérsia sobre o índice de reajuste das prestações,
pleiteando o reajuste pela variação salarial do mutuário, nos contratos posteriores a 1987 a
discussão abrange também o indexador utilizado para a correção do saldo devedor.
A diferença se deve ao fato de que os primeiros contratos contam com a
cobertura do FCVS, o que significa que, paga a última prestação, o fundo absorve o
resíduo, enquanto que nos últimos, este saldo residual é de responsabilidade do mutuário.

25
AZEVEDO, Leonardo Machado Targino de. O programa de incentivo à aquisição da casa própria do governo
e sua viabilidade . Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 955, 13 fev. 2006. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7956>. Acesso em: 04 out. 2008.
13

Em ambos os casos, a alta inflacionária dos anos 80 e 90 criou distorções, o


que gerou uma das maiores batalhas já registradas no judiciário brasileiro. O grande
desafio que se apresenta para os julgadores é encontrar uma solução que traga o menor
prejuízo possível para ambas as partes. De um lado, uma decisão favorável aos mutuários
faz com que o capital emprestado não seja reposto, trazendo um desequilíbrio ainda maior
dos recursos destinados à habitação, bem como onera ainda mais o já deficitário FCVS,
demandando o suprimento de recursos pela União. De outro, uma decisão favorável aos
agentes financeiros – no caso específico dos processos que tramitam na Justiça Federal, a
CEF – traz como conseqüência imediata a inviabilidade do contrato para os mutuários, a
perda da moradia através de execuções extrajudiciais. Qualquer decisão, seja em que
sentido for, tem repercussão social, criando um dilema para o judiciário que se arrasta há
mais de 20 anos, sob pressões políticas e sociais.
Os pedidos mais comuns feitos pelos mutuários, neste tipo de demanda, são:

Declaração de que deve ser aplicada a Equivalência Salarial no reajuste das prestações.
Alegação de descumprimento da Equivalência Salarial no reajuste das prestações.
Descumprimento do percentual máximo de comprometimento de renda.
Declaração de nulidade da cláusula que estabelece a Série em Gradiente.
Atualização do saldo devedor deve ser realizada após a amortização.
Taxa de juro menor ou igual a 10%.
Exclusão do anatocismo no caso concreto.
Substituição da Tabela Price pelo Hamburguês (Alegação de anatocismo intrínseco).
Afastamento do índice que remunera a poupança (SBPE) do reajuste do saldo devedor.
Substituição da TR pelo INPC como índice de reajuste do saldo devedor.
Aplicação da Equivalência Salarial como índice de reajuste do saldo devedor.
Expurgo dos Planos econômicos da correção monetária das prestações e do saldo
devedor.
Expurgo da URV.
Nulidade do procedimento de execução extrajudicial
Exclusão do Coeficiente de Equiparação Salarial.
Exclusão da Taxa de Administração.
Nulidade da cláusula que determina a prorrogação em caso de saldo devedor residual.
Nulidade da cláusula que determina o vencimento antecipado da dívida em caso de
inadimplência.

Os processos são de naturezas diversas, como Mandados de Segurança contra o


BNH, ações cautelares, ordinárias ou de consignação em pagamento contra os agentes
14

financeiros, sempre contendo pedidos de natureza cautelar para permitir que o mutuário
deposite em juízo o valor da prestação que entende devido e para garantir que o imóvel não
seja levado a leilão.
Independentemente do entendimento do julgador sobre cada um destes pontos,
na maioria das vezes a procedência da ação não é suficiente para solucionar a questão, seja
pelo fato de que o mutuário encontra-se muitos meses sem realizar o depósito, ou vem
depositando um valor menor que o devido – por não ter havido reajuste no valor dos
depósitos. Depois de anos de batalha judicial, em todas as instâncias, ao iniciar-se a fase de
liquidação, o mutuário se depara com um débito de grandeza tal que inviabiliza o seu
pagamento de uma só vez.
Alguns mutuários passaram a pleitear somente a manutenção possessória dos
imóveis, tendo percebido que a CEF os vendia em leilão administrativo por valor bastante
inferior ao do alegado saldo devedor. Isso resolvia a questão para aqueles que podiam
quitar o imóvel à vista, mas não para os que precisavam de readequação da dívida26.
Sensíveis a essa situação, os juízes de Maringá-PR procuraram a CEF e a
EMGEA, detentora dos créditos, para estudar uma solução pela via conciliatória. A partir
daí seguiram-se diversas iniciativas, que ganharam corpo e destaque, inseridas mais tarde
na política conciliatória sugerida pelo CNJ com o projeto Conciliar, cujo slogan é
“conciliar é legal”.

2.4. Os Mutirões de Conciliação, seus atores e respectivas posturas.

Desde a implantação dos projetos de conciliação, já foram realizados diversos


mutirões pelo Núcleo de Conciliação do TRF 2ª Região e pela Seção Judiciária do Rio de
Janeiro. Há, ainda, notícia de mutirões na Seção Judiciária do Espírito Santo e nas
Subseções Judiciárias de Niterói e Campos.
A compreensão das iniciativas de conciliação da Justiça Federal importa em
conhecer os atores envolvidos, seus papéis e relevância dentro da dinâmica dos mutirões.

26
SANTOS, Erivaldo Ribeiro dos. A Conciliação nas Causas do Sistema Financeiro da Habitação. CEJ,
Brasília, nº 24, jan/mar 2004. Disponível <http://www2.cjf.jus.br/ojs2/index.php/cej/article/viewFile/591/771>.
Acesso em 30/08/2008.
15

Segue adiante a análise de cada um deles, com base não só em informações colhidas em
pesquisa bibliográfica, mas também na observação.
De todos eles, só se exige uma coisa, para que a conciliação seja bem-sucedida:
que se desfaçam de preconceitos e que se empenhem sinceramente, com disposição e
empreendedorismo.

2.4.1. Empresa Gestora de Ativos (EMGEA)

A Empresa Gestora de Ativos (EMGEA) é uma empresa pública federal, de


natureza não-financeira, vinculada ao Ministério da Fazenda, instituída pelo Decreto nº
3.848, de 26.6.2001, com base na autorização contida na Medida Provisória nº 2.155, de
26.6.2001 – atual MP nº 2.196-3, de 24.8.2001.27
A EMGEA foi criada para absorver os contratos habitacionais desequilibrados
da CEF, que impactavam em seu balanço, devido às restrições a que estão sujeitas as
instituições financeiras. Sua missão é minimizar a necessidade de aporte de capital por
parte do Tesouro Nacional.28
Para a nova empresa foram transferidos créditos oriundos de contratos
imobiliários de responsabilidade de pessoa física, jurídica bem como de carteiras de crédito
de outros agentes financeiros. Assim que começaram a estudar a situação que tinham nas
mãos, os técnicos da EMGEA perceberam que as suas prioridades eram quatro
(informação verbal)29:

Adequar o valor da dívida ao valor da garantia hipotecária (imóvel);


Extinguir a equivalência salarial como indexador destes contratos, unificando os índices de
reajuste das prestações e do saldo devedor;
Retomar o fluxo dos contratos inadimplentes;

27
EMGEA, Portal da, histórico. Disponível em
<http://www.emgea.gov.br/portalEmgea/montaDetalheMateria.do?id=753>
28
HELOU, Nadime Maria Fleury, Papel das Empresas Públicas na Conciliação - EMGEA. Apresentação de
Slides disponível em:
<www.trf4.jus.br/trf4/upload/editor/apg_Nadime_Papel_das_empresas_publicas_na_conciliacao.ppt>
29
Palestra de Nadime Maria Fleury Helou no evento Conciliação em Debate, organizado pela EMARF, no Rio
de Janeiro, em setembro de 2008.
16

Diminuir o número dos contratos sub judice.

A necessidade de adequar o valor da dívida ao valor da garantia surgiu da


constatação de que o valor da garantia era o máximo recuperável através da retomada e
revenda do imóvel, uma vez que a jurisprudência considera que uma vez retomado o imóvel,
não cabe a execução da diferença entre o saldo devedor e o valor apurado com o leilão do
imóvel.30
Este foi exatamente o argumento utilizado pelos juízes de Maringá quando
procuraram a EMGEA em 2002, tendo surtido efeito.31A partir daí foi estabelecida uma
parceria entre a Justiça Federal, a CEF, a EMGEA e os advogados dos mutuários, dando o
primeiro passo na direção da solução conciliatória.
Desde o primeiro mutirão, realizado em Maringá, até hoje, a EMGEA vem
reformulando suas propostas de acordo; no início a oferta se resumia a quitação pelo preço da
garantia, hoje há diversas fórmulas contemplando os diversos tipos de contrato e
comportamento contratual.
A fórmula atualmente utilizada é denominada Valor de Transferência ou
Reestruturação (VTR), estando assim equacionada32: VTR = VA x Q - VPg + TO .

VA = Valor de avaliação atual do imóvel, apurado por laudo da área de engenharia da


CAIXA;
Q = Quota de financiamento, definida como a relação existente entre o valor financiado e o
valor de avalição à época da concessão do financiamento;
VPg = Valor pago pelo mutuário a título de amortização do principal da dívida.
Considerando as sucessivas trocas de moeda e as diferenças de critérios para atualização do
encargo mensal e da dívida, a EMGEA utiliza-se de modelo matemático que exclui todos os
efeitos da atualização monetária nos contratos;
TO = Taxa de ocupação cobrada dos contratos inadimplentes e correspondente a um
percentual variável de 0,4% a 0,6% do valor de avaliação do imóvel, por mês de atraso.

30
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Recurso Especial. Financiamento Habitacional. SFH.
Adjudicação do Imóvel objeto do financiamento. Quitação do débito. Exoneração da obrigação (ART. 7º DA
LEI Nº 5.741/71). (REsp 542.459/PR, Rel. Ministro José Delgado, primeira turma, julgado em 12/09/2006, DJ
02/10/2006 p. 227).
31
SANTOS, Op Cit.
32
EMGEA, Portal da, Glossário (Verbete: Valor para Transferência ou Reestruturação de dívida – VTR)
Disponível em < http://www.emgea.gov.br/portalEmgea/pesquisaGlossario.do>
17

Como se pode verificar, diversos fatores podem influir na proposta: a


valorização imobiliária, o (in)deferimento do depósito ao longo do processo, o fato de os
depósitos terem sido levantados ou não através de alvará e incorporados ao contrato, enfim,
diversos fatores, que refletem na negociação.
Para cada mutirão realizado a EMGEA manda um representante com poderes e
alçada para autorizar condições especiais. Durante a audiência, o preposto da CEF pode
ausentar-se por alguns minutos e dirigir-se a um box de retaguarda, montado exclusivamente
para este fim, onde o representante da EMGEA efetua pesquisas e recalcula valores. O
preposto da CEF, então, retorna à audiência com uma nova proposta, ou com novas condições
de pagamento.
Atualmente, o desafio proposto à EMGEA é o desenvolvimento de uma
fórmula que privilegie os mutuários adimplentes na negociação.

2.4.2 Caixa Econômica Federal – CEF.

A GITER - Gerência de Créditos de Terceiros - é o departamento da CEF


responsável pela administração dos contratos cedidos à EMGEA. Seus analistas selecionam
os contratos que serão incluídos na pauta de audiências e calculam as propostas que são
apresentadas aos interessados, a partir das fórmulas estabelecidas pela EMGEA.
A GITER encomenda a avaliação do imóvel a outro departamento da CEF,
que prepara um laudo e fixa o valor da garantia. A partir deste valor, a GITER aplica a
fórmula para calcular o valor mínimo aceitável na negociação. Para a confecção das
propostas, são verificadas a existência de depósitos judiciais, de contas fundiárias em nome
dos mutuários, adquirentes e/ ou seus respectivos cônjuges, para utilização na liquidação do
contrato ou em sua reestruturação.
Além disso, são também os analistas da GITER que funcionam como prepostos
durante as audiências, conduzindo a negociação propriamente dita, e que interagem com os
representantes da EMGEA na retaguarda. Buscam soluções, tentando aproximar as propostas
da empresa às necessidades dos interessados.
Após a audiência, fazem agendamento com os interessados, para pagamento do
acordado e providências posteriores, como levantamento de alvará, por exemplo. Também
cuidam da liquidação do contrato e acompanham todo o procedimento pós-acordo, até a
18

entrega do ofício de quitação, para o caso de liquidações à vista, ou a implantação do novo


contrato, em caso de reestruturação.
Por serem da área técnica, e terem profundo conhecimento dos contratos,
podem muitas vezes esclarecer as muitas dúvidas sobre o contrato que o interessado possa ter.
Ao mesmo tempo, o analista que funciona de preposto deve ter perfil de negociador e evitar
usar jargão, tanto jurídico quanto técnico, uma vez que as partes normalmente não têm
formação na área jurídica nem econômica. Em geral os prepostos interagem com pró-
atividade, e, quando isso não ocorreu, a área técnica da CEF, por seus supervisores e gerentes,
ao receber o feedback, apressou-se em orientá-los.

2.4.3 Os Mutuários.

A parte interessada na negociação nem sempre é o mutuário original, podendo


ser um adquirente, o chamado “gaveteiro” – quando há transferência do financimento por
instrumento particular sem a interveniência da CEF – o ocupante, o ex-cônjuge do ocupante,
enfim, são diversas as configurações que podem se apresentar na audiência, e é sempre
importante verificar os poderes de representação - e cadeias de substabelecimentos, se for o
caso. A circunstância de o imóvel ter sido vendido altera completamente o caráter da
negociação, uma vez que o contrato foi estruturado – e conseqüentemente a proposta inicial
também o será – para a capacidade de pagamento do mutuário original, que na maioria das
vezes é superior à do adquirente / ocupante.
Cabe a eles, os interessados no imóvel (que serão aqui tratados pela designação
mutuários, por comodidade) a palavra final na negociação, e as propostas deverão evoluir
para contemplar suas necessidades e capacidade de pagamento.
Para que a audiência seja satisfatória, é importante que o componente afetivo
seja contemplado, que o interessado tenha a oportunidade de verbalizar os sentimentos, de
“contar sua história” – e de ser ouvido pelo juiz – muitas das vezes quer se justificar –
explicar o motivo da sua inadimplência, com a qual se sente desconfortável – seja
desemprego, doença, separação conjugal e outros.
19

Uma vez que a tensão emocional é controlada, a negociação flui, com as partes
abordando a proposta financeira de forma mais objetiva.

2.4.4. Os Advogados.

Muito embora a audiência de conciliação normalmente não envolva questões


jurídicas, nada impede que tais questões surjam durante a negociação. A presença dos
advogados é, então, essencial, a fim de que as partes tenham assessoria técnica. Ademais, a
presença dos advogados dá segurança a ambas as partes de que todos os aspectos do acordo
serão analisados, não havendo surpresas.
A postura do advogado é crucial, e um advogado hostil pode colocar a perder
todo o esforço em prol da conciliação. Segundo Hesketh, essa postura adversarial se deve ao
fato de que a grande maioria dos cursos de Direito não incluir – ou dar pouca importância, em
sua grade curricular, disciplinas ligadas a soluções alternativas de conflitos, como conciliação,
mediação e arbitragem33.
Hesketh aponta ainda que os advogados também não são preparados para
negociar; a conciliação é encarada, muitas vezes, como uma fase obrigatória do processo que
se realiza mais para impedir uma eventual declaração de nulidade34.
A postura do advogado na audiência de conciliação deve estar de acordo com a
ética, e, principalmente, respeitar a finalidade da audiência e a vontade de seu constituinte.
Além disso, deve evitar o uso de jargão jurídico, mas ao mesmo tempo demonstrar interesse
em esclarecer as partes sobre todos os detalhes do processo, do contrato e do acordo.
Em um mutirão de conciliação, a linguagem utilizada nas audiências deve ser
acessível às partes – que na grande maioria não têm formação jurídica – evitando o
“juridiquês”. Sales e Alencar, que fizeram um estudo sobre o projeto círculo de conciliação,
na 5ª Região, constataram que era muito comum que juízes e advogados utilizassem

33
HESKETH, Maria Avelina Imbiriba. Conciliação: Dever Ético do Advogado em busca da Paz e da Justiça.
Revista da OAB. Disponível em: <www.oab.org.br/oabeditora/users/revista/1205505770174218181901.pdf>.
Acesso em 07 mar. 2008.
34
Ibidem.
20

linguagem técnica para explicar o processo, sem explicar o que cada termo significava.35 Na
experiência da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, os advogados especializados na área –
tanto de escritórios quanto de associações de mutuários – demonstraram, em geral, grande
preocupação em “traduzir” as explicações para uma linguagem simples.
Ocorreram situações constrangedoras, tanto na primeira instância quanto no
TRF2, envolvendo advogados de mutuários que demonstraram desconhecimento do processo,
ou ainda, que demonstraram hostilidade, ou que, perguntados pelo interessado acerca da
proposta, se esta era vantajosa e compatível com o pedido da ação, limitaram-se a dizer que
aquela era a proposta e que cabia ao interessado aceitar ou não. Tais situações, no entanto,
foram pontuais; em geral verificou-se um grande empenho dos profissionais em garantir o
melhor desfecho para seus clientes.
Desde o primeiro mutirão, a mentalidade tem evoluído, e, como resultado,
verifica-se um número crescente de advogados que incentivam seus clientes a participarem
das negociações. Já é comum a juntada de petições nos autos requerendo a inclusão em
mutirão daquele processo em particular, ou ainda, advogados que aproveitam os contatos
realizados com a GITER e seus técnicos durante o mutirão para tentar negociações
administrativas nos processos que por ventura não tenham sido selecionados.
Uma situação peculiar diz respeito aos honorários advocatícios. Na transação,
as partes arcam com os honorários de seus advogados. Nos mutirões, o que ocorre é que a
CEF/EMGEA embute o valor dos honorários na proposta ou na primeira parcela de uma
reestruturação, o que pode fazer a diferença para fechar ou não um acordo. Ademais, são
incluídas na proposta não somente os honorários, mas também encargos operacionais, tais
como despesas processuais, custo da avaliação do imóvel, assim como a primeira prestação.36
Os advogados dos mutuários e os juízes têm levantado a questão nos eventos
sobre conciliação realizados pela EMARF da 2ª Região. Até então o que se tem visto na
prática é que se após toda a negociação, se o valor da diferença que impede o acordo são os
honorários, os advogados da CEF têm flexibilizado a exigência, ou a EMGEA dilui esse custo
nas demais parcelas, em vez de efetuar a cobrança integralmente na primeira parcela.

35
SALES, Lília Maia de Morais; ALENCAR, Emanuela Cardoso Onofre de. Projeto círculo de conciliação da
justiça federal – algumas reflexões. Pensar, Fortaleza, v.10 n. 10 p.67-72, fev. 2005.
36
Ibidem.
21

2.4.5. O Juiz.

Ao contrário do que se possa pensar, a postura do juiz é de extrema relevância


para o sucesso da conciliação. Segundo Sales e Alencar, cabe ao juiz conciliador esclarecer às
partes o significado da conciliação, como se desenrolará a audiência, pontuar a liberdade para
aceitar ou não o acordo, permitir a interação direta entre as partes, não pressionando nem
mostrando parcialidade37.
Além disso, é importante que o juiz se assegure de que as partes compreendem
os termos da proposta. Tal atitude foi constatada nas audiências observadas, assim como
também ocorreu de o juiz questionar valores e requerer a verificação pelo preposto da
possibilidade de se flexibilizar a proposta em termos de prazo, diluição da primeira parcela ou
até mesmo um desconto maior.
Ao mesmo tempo em que pode intervir para facilitar o acordo, o juiz deve
evitar comentários que possam soar como pressão sobre as partes, em especial para que a
parte aceite a proposta sugerida. Alguns comentários, em especial sobre a incerteza da decisão
a ser tomada caso não haja acordo, podem ser mal recebidos e constranger os interessados38.
Embora o acordo seja desejável, pode não ser o melhor desfecho, e o juiz deve
ter a sensibilidade necessária para detectar tais casos. Como bem aponta Schenkel, será inútil
fechar o acordo se uma das partes, intimamente, se sentir injustiçada ou insatisfeita.39 Muitas
vezes, uma redesignação pode fazer a diferença, pois, entre uma audiência e outra, a parte se
distancia, pensa com mais frieza, consulta pessoas de sua confiança, cogita alternativas (a
venda de um automóvel, por exemplo) e eventualmente na audiência seguinte se chega a um
acordo.
Schenkel afirma ainda que a atuação do juiz nessas audiências situa-se em
linha limítrofe entre a conciliação e a mediação, pois constantemente tenta colocar cada uma
das partes “no lugar da outra”40. Esclarece aos interessados a respeito das limitações dos

37
Ibidem.
38
Ibidem.
39
SILVA, Antonio Fernando Schenkel do Amaral e. A Técnica dos Acordos na Justiça Federal. Revista de
Doutrina da 4ª Região. Edição 003. Disponível em
<www.revistadoutrina.trf4.gov.br/artigos/edicao003/antonio_schenkel02.htm>. Acesso em 14 nov 2007.
40
Ibidem.
22

prepostos das empresas públicas, impostas por seus superiores hierárquicos, controles
administrativos e instruções internas, e também permite aos procuradores e prepostos
daquelas empresas identificarem-se com as situações enfrentadas pelos particulares, que
ensejaram a propositura da ação, que justificam uma flexibilização da proposta para
patamares mais justos.
Dubugras prefere chamar a atuação do juiz nestas audiências de mediação
conciliatória41, uma vez que o juiz pode falar e incentivar que as partes falem sobre o mérito, a
distância entre a proposta e a procedência, as perspectivas de sucesso na demanda, o que não
ocorre na conciliação como tradicionalmente entendida.
Quanto ao receio que a participação do juiz nas audiências de conciliação possa
eventualmente comprometer a imparcialidade, defendendo que as audiências sejam feitas por
conciliadores leigos treinados, deve-se lembrar que em processos de outra natureza o juiz
também preside audiências em que toma contato com as partes e nem por isso se questiona a
sua imparcialidade.
Ao argumento de que nem todos os juízes têm perfil conciliador, Schenkel
responde que o juiz reúne, por dever de ofício, todas as qualidades necessárias para exercer
esse munus conciliatório: neutralidade, imparcialidade, desinteresse pessoal na causa,
conhecimento jurídico, conhecimento do caso sub judice, confidencialidade e confiança das
partes42. Dessa forma, conclui, todo juiz, com maior ou menor perfil para a negociação, pode
se tornar um hábil conciliador, desde que se empenhe.
Finalmente, o juiz é peça chave para a transformação da cultura do litígio em
cultura conciliatória, promovendo oportunidades de conciliação sempre que possível. Nos
processos envolvendo causas habitacionais, há diversos momentos especialmente propícios:
antes do saneamento, como preconizado pelo art. 331 do CPC; após a realização da perícia,
pois já se tem a noção quantitativa do quanto representa a procedência; na fase recursal, pois
já houve a primeira resposta jurisdicional e o problema já foi dimensionado; na fase de
execução, quando a demanda está traduzida em números.

41
DUBUGRAS, Regina Maria Vasconcelos. A conciliação em movimento – mediação conciliatória. Site da
ANAMATRA Publ. 10/09/2006. Disponível em: <www.anamatra.org.br/opiniao/artigos/ler_artigos.cfm?
cod_conteudo=8306&descricao=artigos>. Acesso em 25 ago 2008.
42
SILVA, Op. Cit.
23

2.5. Resultados

Os resultados alcançados têm sido extremamente positivos, tanto na 1ª quanto


na 2ª instância. Importante que se esclareça que as estatísticas são feitas com base nos
contratos, e não nos processos. Isso porque é comum o litisconsórcio, quando mutuários de
um mesmo empreendimento resolvem dividir os custos do processo. Além disso, os
percentuais são calculados a partir das audiências efetivamente realizadas, ou seja,
descontando-se as ausências e cancelamentos.
Seguem os percentuais de acordos obtidos nos mutirões do TRF243:

Mutirão %
TRF2 Acordos
out/06 71
dez/06 45
jun/07 60
out/07 59
abr/08 54

Verifica-se, portanto, um percentual médio de acordos de 57,8%, o que quer


dizer que mais da metade dos conflitos submetidos à conciliação foram solucionados. Tal
número ganha grande relevância diante do acervo do TRF2 de processos dessa natureza.
Na primeira instância, as estatísticas disponíveis são relativas ao mutirão
realizado em agosto de 200744:

Mutirão %
JFRJ Acordos
Ago/07 58,51%

43
TRF 2ª Região, Núcleo de Conciliação. Estatísticas dos Mutirões de Conciliação. Intranet TRF2ª Região.
44
INFORME JF. Mutirão de Audiências de Conciliação: um novo caminho para a prestação da justiça, ano 3,
n. 9, dez. 2007. Disponível em: <http://www.jfrj.gov.br/informejf/ano3_numero9/mutirao.asp> Acesso em 15
nov 2008.
24

Em termos de gestão do judiciário, a vantagem é inegável, principalmente face


ao baixo custo dos mutirões. Nas palavras de Marcella Nova Brandão, Juíza Federal
Supervisora dos Projetos de Mutirões de Conciliação na Seção Judiciária do Rio de Janeiro:
“Nas varas, a redução de acervo de processos é drástica e diminuem o número de petições,
juntadas e recursos a serem encaminhados”45.
Os resultados mais gratificantes, no entanto, são os visualizados nas
audiências. Todo mutirão tem histórias emocionantes, no qual a solução do conflito,
aguardada durante anos, fecha um ciclo na vida das pessoas e as “liberta” para seguirem
adiante, fazerem e buscarem novos planos e objetivos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que se busca com a conciliação, nos processos versando sobre contratos


habitacionais, é encontrar o ponto de equilíbrio entre duas metas, aparentemente antagônicas:
recuperar recursos públicos e garantir o direito social à moradia.
A experiência dos mutirões de conciliação é bem-sucedida em diversos
sentidos: para as empresas públicas, pois diminuem a inadimplência e conseguem recuperar
créditos; para os interessados, que conseguem solucionar seu problema e manter o imóvel;
para os advogados, que conseguem soluções satisfatórias para seus clientes; para a justiça
que desafoga o seu acervo, atingindo novos índices de eficiência, e para a sociedade em
geral, uma vez que os recursos recuperados podem ser reempregados em outros
empreendimentos habitacionais.
Contudo, o acordo ainda não é construído em conjunto, ocupando a EMGEA
uma posição preponderante na audiência, restando aos interessados a alternativa de aderir ou
não à proposta apresentada. A dificuldade da empresa em flexibilizar as propostas é atribuída
às diversas limitações administrativas, tais como regulamentação interna e controle externo
(pelo Tribunal de Contas da União), indicando que, para que se possa evoluir nessa seara, é
necessário um debate mais amplo, que contemple essas dificuldades para buscar-lhe as
soluções. Necessário se faz admitir, no entanto, que a empresa tem se mostrado aberta a
críticas e sugestões, o que tem se feito sentir nas audiências.
45
Ibidem.
25

Somada às dificuldades técnicas na elaboração de uma proposta satisfatória,


está a pouca familiaridade que os profissionais do Direito têm, em geral, com as técnicas de
negociação, fruto de uma formação acadêmica que privilegia a postura adversarial.
Faz-se necessária, portanto, que a chamada “cultura da conciliação” que tanto
se advoga seja acompanhada de real debate doutrinário e aprofundamento jurídico, a fim de
que se estabeleça sua natureza jurídica e seja compreendida e estudada como fenômeno
jurídico, abandonando-se o discurso puramente metajurídico e de política judiciária, sobre
resultados.
Na Justiça Federal da 2ª Região a preocupação é constante em incentivar-se a
cultura da conciliação, através de eventos mistos, com a participação conjunta de magistrados,
servidores, técnicos da CEF e da EMGEA, advogados, enfim, todos os envolvidos na busca
de soluções mais eficazes para os processos habitacionais. Tal preocupação com certeza há de
traduzir-se em resultados, com mais conflitos solucionados e partes satisfeitas, cumprindo-se,
afinal, a missão da jurisdição.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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