Você está na página 1de 3

o corao;

Esse o segredo das lgrimas,


Nas asas da virao
Mas deixemos o passado,
Suas penas, suas dores,
Deixemos auras melhores
Nos manda o porvir de alm,
Qual no meio do oceano,
Aps longnqua viagem,
Ao nauta fragrante aragem
Da Ptria falar-lhe vem.
Em que mago encantamento
Esta dita a alma me embebe!
S quem o sente o concebe;
No se exprime este prazer!
Bem hajas, cndida virgem!
De aspiraes todo cheio,
O amor fizeste nascer!
Adeus pois, passado triste,
Longas horas de amargura;
Adeus, paz da sepultura,
Sem encantos para mim;
Adeus sofrimentos vagos,
Adeus, febris pensamentos;
Esperam-me outros momentos,
Que o amor surgiu enfim.
Acorda pois, minha alma,
Chegou enfim a tua festa;
E qual se adorna a floresta
Da manh ao grato alvor,
Veste tambm tuas galas,
O teu mais florido manto

E leva um sentido canto


Ao sol da vida, ao amor!
Julho de 1859.
Nota do Autor. Em vez de enfim antes lhe devera chamar rebate
falso. A ser mais de que um sonho, no passou de um desejo. No se deve
portanto tirar ilaes arrojadas porque seriam falsas.
Repara: a imvel crislida
J se agitou inquieta,
Cedo, rasgando a mortalha,
Ressurgir borboleta.
Que misteriosa influncia
A metamorfose opera!
Um raio de Sol, um sopro
Ao passar, a vida gera.
Assim minha alma, ainda ontem
Crislida entorpecida,
J hoje treme, e amanh
Voar cheia de vida.

Onde vai o teu pensamento

Quando, os olhos elevando,


Segues das aves ligeiras
Esse harmonioso bando?
Que te dizem os gorjeios
Dessas pobres foragidas,
Que vo procurar ao longe
Outras selvas mais floridas?
Acaso temes, como elas,
As nuvens negras, pesadas,
E os ventos que descem rpidos
Das altas serras nevadas?

Você também pode gostar