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PERFIL

Ele é o astro, da TV
à sala de parto
A simpatia diante das câmeras, a
26 de março de 2003 facilidade para tratar da sexualidade
feminina e mamães que pagam até
PERFIL 9 000 reais para tê-lo como obstetra
COMIDA constroem a bem-sucedida carreira
CIDADE do doutor José Bento
IMÓVEL
Mônica Santos
MISTÉRIOS DA CIDADE
TERRAÇO PAULISTANO
AS BOAS COMPRAS
Mario Rodrigues
A OPINIÃO DO LEITOR
CRÔNICA

José Bento e 37 crianças nascidas por suas mãos: 10 000 partos no


currículo

Quinta-feira, 13 de março, 8h30. Dirigindo sua BMW preta,


o ginecologista e obstetra José Bento de Souza chega à TV
Record, na Barra Funda. Tem trinta minutos antes de entrar
ao vivo no programa Note e Anote. Mal começa a ser
maquiado, é surpreendido por mudanças de última hora.
Seu quadro vai abrir o programa naquele exato momento. O
médico corre para o estúdio sem perder o bom humor. Ao
lado da apresentadora Claudete Troiano e diante de suas
telespectadoras-fãs, veste o paletó e toma um café expresso
com a desenvoltura de quem acabou de chegar ao
consultório ou à sala de cirurgia. Em poucos minutos
começa a ser sabatinado: "Doutor, vou melhorar da TPM se
eu retirar meu útero?", "Perdi o desejo pelo meu marido.
Tem remédio?". Uma mãe desespera-se porque a filha de 18
anos deseja iniciar sua vida sexual e um homem acredita ter
baixa produção de esperma. Enquanto ele está no ar, o fax
dispara. São 2.000 cartas por semana. Em comum, todas
denotam uma intimidade surpreendente com José Bento,
guardadas as devidas proporções, uma espécie de Drauzio
Varella da ginecologia.

Mario Rodrigues

Com Claudete Troiano, na TV Record: enxurrada de


cartas e ibope 30% mais alto

Com o doutor na telinha, o ibope do Note e Anote chega a


subir 30% – o programa ocupa o terceiro lugar de audiência
nas manhãs, com a média de 3 pontos porcentuais. Não por
acaso, dos catorze médicos que integram o casting da
atração, ele é o único a ter um quadro fixo, e, sempre que
possível, Claudete faz questão de esticar sua participação.
"O José Bento sabe como trocar em miúdos os difíceis
termos médicos e fala de sexualidade com muita
naturalidade", diz. Na saída do estúdio, uma paradinha no
corredor para esclarecer mais uma dúvida, desta vez de
uma funcionária da emissora. De volta ao carro, diverte-se
ao celular com outra telespectadora, talvez a mais fiel de
todas: a dona-de-casa Emília, sua mãe, que aos 68 anos
acompanha sua carreira e, vez ou outra, dá uns palpites,
especialmente no que diz respeito à língua portuguesa.
"Meu filho, use má-formação e não malformação!"

Igual prestígio José Bento desfruta na Rádio Bandeirantes


(840 AM e 90,9 FM), em que está há cinco anos. Às quartas-
feiras fica cerca de meia hora no Manhã Bandeirantes,
respondendo ao vivo às perguntas das ouvintes. Ainda
escreve uma coluna de jornal e dá entrevistas a inúmeras
revistas. José Bento não esconde gostar dos holofotes –
mostra-se, aliás, sempre muito à vontade diante deles –,
mas descreve suas aparições na mídia como um trabalho
social, que lhe permite incentivar as pessoas a procurar
ajuda médica e esclarecer dúvidas geralmente simples (veja
as mais comuns).

Mario Rodrigues
Nascido em Perdizes,
filho de um representante
comercial, José Bento
formou-se na Faculdade
de Medicina da
Universidade de Mogi das
Cruzes, em 1981, e três
anos depois concluiu a
residência no Hospital
das Clínicas. Por um
tempo ainda deu aulas
por lá e também na
Universidade de Taubaté,
a 140 quilômetros da
capital, mas acabou se
decidindo pela carreira-
solo. Em 1982, quando
abriu seu primeiro
consultório em conjunto
com outros colegas, era Com sua Harley-Davidson: paixão de
uma festa quando sua infância avaliada em 56 000 reais
única paciente, a
empregada de uma amiga da mãe, marcava consulta.
"Chegava a ficar horas com a dona Francisca", diverte-se.
Há doze anos, o ginecologista resolveu deixar de aceitar
convênios e, mesmo assim, sua clientela só cresceu. Hoje,
entre retornos e consultas, atende perto de 100 mulheres
por semana em sua confortável clínica, que ocupa um andar
num edifício da Vila Olímpia. São de dondocas a
profissionais liberais, que pagam sem pestanejar 400 reais
pela consulta. Umas duram poucos minutos (caso das
mulheres em tratamento de fertilidade e pré-natal) e outras
passam de meia hora. Para conseguir uma vaguinha na
agenda do doutor estrelado, espera-se vinte dias.

O número de partos aumentou na mesma velocidade das


consultas. José Bento ostenta um currículo de 10.000
partos. "É um número surpreendente para quem tem
apenas 45 anos", avalia o médico Francisco Eduardo Prota,
presidente da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do
Estado de São Paulo. Com isso, ele é um dos obstetras de
sua geração que mais fizeram partos. Atualmente, realiza
dois por semana e auxilia seus colegas em outros quatro.
Tê-lo com sua equipe de cinco profissionais no centro
cirúrgico custa 9.000 reais (sem contar gastos com
hospital). O médico só aceita trabalhar no Albert Einstein e
no São Luiz, ambos próximos de sua residência. Defende
com unhas e dentes o parto normal, praticado em 70% de
suas pacientes. Para isso, uma obstetra acompanha a
mamãe desde as primeiras contrações e chama o doutor
quando chega a hora. Aí começa o show, com direito a
música erudita de fundo. Wagner ou Mozart ajudam a
acelerar as contrações, enquanto Tchaikovsky ou Chopin
dão um ritmo mais calmo. Todo o processo é otimizado, de
forma a dar mais tranqüilidade às pacientes e também ao
médico.

Fotos Mario Rodrigues

José Bento e auxiliares no parto de Camille, dia 14, no Einstein: custo


de 9 000 reais
Mas nem sempre foi assim. No início de profissão, José
Bento trazia ao mundo até quinze bebês por dia. "Enquanto
eu seguia para a sala de cirurgia, ele corria pelo hospital
ajudando a nascer outros bebês", conta a mulher, Daniela,
41 anos, dona de uma confecção de roupas infantis. Eles
estão casados há dezenove anos e têm duas filhas, Débora,
14, e Fernanda, 16, ambas nascidas de cesarianas
realizadas por outro médico. "Naquele momento fiz questão
de fazer o papel de pai", conta.

Curiosamente, nem a superexposição na mídia nem a


abastada clientela do médico provocam a ciumeira tão
comum nessa classe de egos inflados. "É verdade que
qualquer médico desse gabarito desperta inveja, mas é
praticamente impossível alguém conseguir brigar com José
Bento", diz o pediatra Marcelo Silber. "Ele é um médico
sensível, sério e atualizado que faz um brilhante trabalho de
educação continuada", completa o ginecologista Malcolm
Montgomery.

O sucesso profissional – e conseqüentemente seu retorno


financeiro (estima-se que ele fature 120.000 reais brutos
por mês, sem considerar os tratamentos de fertilização) –
trouxe ao médico a possibilidade de trabalhar menos e estar
mais ao lado da mulher e das filhas. "Ele nunca faltou a um
compromisso familiar, mas também nunca chegou no
horário", entrega Daniela. Os quatro viajam juntos para o
exterior ao menos três vezes por ano. Desde 1997 moram
numa confortável casa de cinco pavimentos, no bairro do
Morumbi. José Bento pula da cama por volta das 6 horas. Às
segundas leva pessoalmente as filhas à escola e de terça a
quinta exercita-se com a ajuda de um personal trainer.
Aliada à alimentação saudável, a prática o ajudou a
emagrecer cerca de 10 quilos nos últimos anos. Além de
disposição, ganhou mais elegância. Com 1,80 metro de
altura e 72 quilos, só deixa o terno de lado nos fins de
semana. Tem dez no armário, a maior parte Hugo Boss,
cerca de vinte camisas e mais de cinqüenta gravatas. Aos
sábados, em traje esportivo, sai para visitar suas pacientes
a bordo de um Karmann-Ghia 69 ou da Harley-Davidson
2000, modelo Road King, que custa perto de 56.000 reais.
Ela é idêntica à máquina que ele vai pilotar em agosto, com
a mulher na garupa, de Nova Orleans a Milwaukee, nos
Estados Unidos. A aventura, de quinze dias e quase 1 500
quilômetros, reunirá motociclistas do mundo inteiro para
comemorar o centésimo aniversário da moto americana –
sua paixão desde a infância.

Também aos sábados, José Bento e família batem cartão na


feijoada servida no La Tambouille. É o programa preferido
dele, e ninguém tem coragem de recusar. Vez ou outra, o
doutor de coração tricolor vai com a filha mais velha, que é
corintiana, ver jogos no Estádio do Morumbi. O passeio não
foi muito divertido no último dia 16, quando o Corinthians
bateu o São Paulo por 3 a 2. Com bom humor e esperança,
ele apostava que assistir à partida final do campeonato
paulista no último sábado seria mais agradável. Em
praticamente todos os lugares que freqüenta é reconhecido
tal como um ator global. Seja no restaurante, na fila do
cinema, no shopping, seja até no Museu do Louvre, em
Paris, onde esteve duas semanas atrás, existe sempre
alguém que se aproxima para um abraço. E, não raro, lança
a pergunta: "Doutor, como é mesmo aquela receitinha para
fazer menino ou menina?" A fórmula não é nenhuma
descoberta da medicina. Ele a conheceu por meio de um
casal de judeus há muitos anos e, desde então,
transformou-a em um folclore de suas consultas (veja
quadro). "As dicas aumentam a probabilidade, mas não
existe nada que possa dar garantia de 100% na escolha do
sexo. A maior bênção de um casal é ter um filho, seja ele
menino, seja menina."

A receita do doutor para


fazer menino ou menina

Segundo o doutor José Bento, a probabilidade de um


bebê nascer do sexo masculino ou feminino é de 50%
para cada um. Contudo, há como aumentar as chances
para até 70%, seguindo uma das receitas ao lado. Ambas
partem do princípio de que os espermatozóides
masculinos são mais rápidos, porém mais frágeis,
enquanto os femininos, mais resistentes, levam mais
tempo para chegar ao óvulo. Então, com menor acidez
vaginal, a chance dos meninos é maior. E vice-versa.

Menino

A relação sexual deve acontecer no dia ou próximo ao dia


de ovulação e ser evitada no início do ciclo menstrual;
para diminuir a acidez vaginal, a mulher tem de manter
dieta hipocalórica durante a semana e fazer, antes do
ato, uma ducha vaginal, com 2 colheres (sopa) de
bicarbonato de sódio para 1 litro de água; o orgasmo da
mulher deve ocorrer antes ou junto com o do parceiro; a
penetração deve ser profunda e preferencialmente por
trás, para que os espermatozóides sejam colocados na
secreção alcalina da vagina.

Menina

A relação sexual deve acontecer no início do ciclo e,


principalmente, até dois dias antes da ovulação; para
aumentar a acidez vaginal, a mulher tem de manter dieta
hipercalórica durante a semana e fazer, antes do ato,
uma ducha vaginal, com 2 colheres (sopa) de vinagre
para 1 litro de água; ela também deve evitar o orgasmo
para aumentar a secreção alcalina; a penetração deve
ser pouca no momento da ejaculação e com o homem
por cima, para que o esperma seja depositado na entrada
do colo do útero.

As dúvidas mais comuns

A pílula deixa minha


menstruação mais
escassa. É normal? Se
eu tomar por muitos
anos, terei dificuldade
para engravidar?
Os anticoncepcionais orais
diminuem o sangramento,
e isso é benéfico. Com
fluxo menor, é menor o
risco de anemias, cólicas e
endometriose – doença
responsável pela
infertilidade da maior parte
das mulheres hoje em dia.
Esse tipo de contraceptivo
também diminui o risco
futuro de câncer de útero
(do endométrio) e ovário.
É uma grande bobagem
dizer que o uso prolongado
da pílula deixa a mulher infértil.

O que fazer para acabar com as cólicas?

Cólicas menstruais são dores ocasionadas, geralmente,


pelas contrações uterinas. Mioma, cisto de ovário e
endometriose podem ser responsáveis por dores mais
intensas. Nas mais jovens, elas podem ocorrer devido ao
aumento da prostaglandina, substância fabricada pelo
próprio útero. Em todos os casos, há uma só indicação:
procure um médico e pare de sofrer.

É normal sentir dores durante a relação sexual?

Não. Relação sexual deve dar prazer. A dor pode ser


sintoma de alguma doença, como uma infecção pélvica,
um cisto ou até uma feridinha no colo do útero.

Como identificar uma candidíase?

Ela surge como um corrimento esbranquiçado, parecido


com nata de leite, acompanhado de coceira intensa na
região genital externa. Existem corrimentos que são
fisiológicos e outros que podem indicar alguma doença.
Portanto, é preciso investigar sua causa.

O que é incompatibilidade de Rh?

Ela ocorre quando uma mulher Rh negativo (15% da


população) está grávida de um filho positivo. Para evitar
a doença hemolítica perinatal, a mamãe precisa tomar
uma dose de imunoglobulina, vulgarmente chamada de
vacina, na 28ª semana de gestação, independentemente
de saber o tipo de sangue do bebê. Outra dose é aplicada
na mulher Rh negativo até 72 horas após o parto. Isso é
importante para evitar a sensibilização do sangue
materno ao Rh positivo.
Tenho sintomas da TPM. Devo tomar remédios?

Estima-se que 85% das mulheres apresentem algum


sintoma de tensão pré-menstrual. Cabe ao médico indicar
o tratamento adequado, mas uma dieta balanceada
costuma resolver o problema de cerca de 80% das
pacientes. Não consuma cafeína, estimulantes, comidas
muito condimentadas e doces. Substitua-os por leite e
derivados, verduras, frutas e exercícios físicos.

O que fazer se não consigo engravidar?

Chega a 15% o número de casais com dificuldade (e não


impossibilidade!) de ter um filho, e só um médico pode
detectar sua razão. A presença do homem na consulta é
fundamental, pois metade das causas é masculina.

Perdi o desejo. Há remédio?

Se o ginecologista descartar causas orgânicas


(modificações hormonais ou infecções podem
comprometer a libido), procure um psicólogo
especializado na área da sexualidade. Há um programa
(ProSex) bom e gratuito no Hospital das Clínicas.

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