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Concurso “Espaço à Poesia”

1ª edição

Apresentaram-se a concurso trinta e três poemas, distribuídos por três


categorias.
Agradecemos a participação a todos os concorrentes, que connosco
partilharam os seus poemas e, dessa forma, prestigiaram este concurso:

Ana Galantinho, 11ºA


André Rosa, 10º F
Cláudia Ladeira, 7º C
Daniela Severino, 11ºF
Diogo Silva, Ex-aluno
Eduardo Fernandes, 12ºA
Eunice Pereira, 12ºE
Iúri Quaresma, 11º D
João Mascarenhas, 10ºB
Mafalda Beijinho, 12ºA
Paulo Dionísio, Assistente Operacional
Rita Pereira, 10ºF
GRUPO A – MENÇÃO HONROSA

Ser criança

Ser criança é crescer sem doer.


É brincar ter asas e voar.
Ter uma amiga e um amigo que me possam acarinhar…
É brincar na escola e aprender a ler, escrever e viver.
Ser um adulto amanhã e na alegria sobreviver…
Quero apenas ser feliz!

Cláudia Sofia Ventura Ladeira, 7ºC


GRUPO B - 1º PRÉMIO

Absurdamente escrevendo pela noite dentro

Neste ano novo, tinha “jurado”


que não mais ia escrever
Mas como poderia saber
que tal desejo sairia logrado?

É tão intensa a minha loucura


por possuir um exótico talento
Que muitas vezes não me contento
com o velho hábito que mais perdura

Este de pegar na caneta


e desabafar o que me apetece
Porém a escrita nunca é o que parece
No meio de porcarias da treta

Até ao papel posso mentir


neste jogo de corda do coração
Escrever torna-se sinal de perfeição
posso garatujar apenas por me convir

Confesso, nunca gostei de rima interpolada


mas apeteceu imitar o Sá-Carneiro
Aquele Modernista gordo que acho porreiro
e cuja lírica me deixou para sempre enamorada

Autor de Caranguejola e do Fim


que com Manucure me deixou boquiaberta
Naquela época, não sei como se escapou o alerta
de que Mário iria acabar assim…

embaloado no caixão
inchado pela estricnina dos ratos
Logo ele, que se sentia gordo nos seus fatos
foi a enterrar voluptuoso como um balão

Gostava de ter sido rapariga na altura


em que Sá-Carneiro morreu como mau presságio
Ter-lhe-ia composto um belo adágio
Para tocá-lo com extrema brandura

Sempre me fascinaram os rapazes cheios


Talentosos, mas de ar complexado
Diz-se que Sá-Carneiro “dava para o outro lado”
Pouco me importam esses enleios!
O que gosto mesmo é de apreciar
a sua escrita bela, algo ensandecida
A realidade actual deixa-me muito aborrecida
Portanto acho que ainda posso sonhar

Imaginação não se paga


Por enquanto não tem preço
Se já o tem, desconheço
Mas pagar um sonho deve ser como curar uma chaga

Não tenho mais confissões


nem segredos para alegrar a noite
Pode ser que amnhã me afoite
escrevendo épicos gigantões

Compreendo que escrevinho


quando mais me dói a alma
mesmo quando me falta a calma
um poema ou dois surgem de mansinho

Posso não ter nenhum talento


ser a mais perfeita desmiolada
Contudo nesta miragem atrasada
escrever é aquilo que me dá alento

(escrito numa folhinha de papel, por isso a alusão a canetas e garatujas)

Eunice Salomé Pereira, 12ºE


GRUPO B – MENÇÃO HONROSA

A verdadeira história de Bartolomeu Dias

Venho por este meio vos contar


Uma história velha como o Tempo
É da época dos Descobrimentos
E sobre aragens mais fortes que o vento

D. João II de Portugal
no alto da sua ambição
Apetrechou-se de naus
(Não havia na altura o avião)

El-rei queria ser famoso


Chegar à Índia pelo mar
Bartolomeu Dias, o Navegador
Foi a quem esta missão foi calhar

Para disfarçar a viagem arriscada,


Para que não fosse el-rei tomado por maluco,
a Sorte de Bartolomeu era levar um “recado”
(Vejam bem se não tínhamos um rei astuto…)

Bartolomeu ficaria também ele famoso


Bateu a costa africana até ao das tormentas
Foi o precursor do Atlântico português
Imagine-se, de ceroulas magentas

De parceria com Pedro Álvares Cabral


Expeditou-se até terras de Vera cruz
Espetaram nas índias as insígnias da cristandade
Ensinaram-nas a ajoelhar e a temer, “Ai, Jesus…”

Mas foi Atormentado que Bartolomeu


Alcançou o seu maior feito
Domou o selvático Adamastor
Provando ser um heróico Eleito

O que o povo não sabe


É aquilo que agora vou contar
Porque os factos da História
Não são os que andam aí a circular

Tudo começou pela fome da tripulação


Num qualquer dia ensolarado
O cozinheiro, gordo e barbudo,
De tanto escamar peixe sentia-se enjoado
Os marujos começaram um motim
dizendo que era culpa do Capitão
e Bartolomeu, ficando encavacado,
mandou revistar o porão

“Só há linguiça salgada e feijão bolorento”


“E diziam vocês que o porão estava oco!
Amanhã há uma bela duma feijoada
E vejam se pescam um grande choco…”

E assim foi a comezaina na manhã seguinte


Pelo astrolábio começavam a aproximar-se de terra
Mas com a feijoada quentinha nos beiços
os marujos, pacifistas, já nem se lembravam da guerra

A noitinha chegou calma


com Bartolomeu ao volante
Digo, ao leme da nau,
Bolinando docemente a jusante

Quando uma tempestade feroz se levantou


e um hediondo monstro verde se ergueu com a escuridão
Alforrecas como cabelos, ostras mortas como dentes
Mostrengo era a imagem da putrefacção

“Quem vem poder o que só eu posso?


Comer chocos africanos gigantes
Que satisfazem desejos estomacais
Com seus tentáculos possantes?”

Dias, completamente aparvalhado


Tinha de responder como manda o figurino
“El-rei D. João Segundo!”
E dentro de si roncava o intestino

O mostrengo Adamastor
Saracoteava-se à volta da nau
E de mão na testa e cólicas na barriga
Bartolomeu só desejava espancar o bicho com um pau

“Blaaaaaaarh rawrrrrrrr”
O monstro mostrava-se assustador
Subitamente encheu-se duma ideia Bartolomeu
Como de velas se enche um faustoso andor

“Se isto falhar, não sei o que resulte


Estou a ficar liso de ideias
Mas se conseguir, beijo os pés ao cozinheiro
Mesmo que ele ainda use as mesmas meias.”
Largando o leme, de peito esticado
Bartolomeu Dias decidiu ser corajoso
Entrar nos anais da História como conquistador
E talvez achar uma dama que o achasse charmoso

O Mensageiro, o Eleito
com ar de quem não partia um prato
Correu à proa do navio
E soltou um estrondoso flato

O Adamastor, coitado,
Com tamanho ruído assustou-se
E como o cheiro acompanhara o barulho
Vencido, o Adamastor afogou-se!

A tripulação, que se fingira adormecida


Levantou em ombros um homem que valera por mil!
E no auge de tamanha felicidade e honras
Bartolomeu só pensava se ainda haveria feijão no barril.

Esta é a verdade sobre


a dobra do cabo da Boa Esperança
Bartolomeu era um bom garfo
E na feijo
ada encontrou a sua melhor aliança.

Eunice Salomé Pereira, 12ºE


GRUPO B – MENÇÃO HONROSA

Havia uma praia

Havia uma praia


Uma praia sem mar
Apenas areia
A praia de quem não sabe amar
O deserto do medo
Onde uma linha separa o lógico do emocional
Mas ainda é cedo
Há esperança de a linha se apagar
Se tal acontecer
Não vale a pena ter medo, não vale a pena chorar
É apenas uma linha. Uma linha frágil.
Com o pé, com a mão. É fácil…

Esta é a praia de quem não mergulha


A praia de quem não sabe nadar
Mas só não sabe nadar, quem nunca quis aprender
Ou quem tem fobia
Ou medo de sofrer
É um risco normal.
Para obter algo, é preciso sacrificar algo
Esta é a realidade
Quem arrisca na felicidade
Arrisca-se no sofrimento
Quem não arrisca em nada fica no vazio
Faz parte da gente que vai à praia no frio
Faz parte da praia onde não se mergulha, porque não há mar
Eu já fui à praia no verão.
Já fiz mergulho no meu coração
Já sacrifiquei algo, para receber algo
E fui feliz
Mas hoje prefiro não ter mar
Porque se não tiver onde mergulhar
Não preciso de ter medo de me afogar.

Iúri Alexandre Quaresma, 11º D


GRUPO B – MENÇÃO HONROSA

Retaliação

O Homem gerou uma guerra


A que chamou civilização
Agora, a natureza…
Quer a retaliação

Os mares engolem as costas


Que outrora foram selvagens
As dunas esboroam-se
Às mais pequenas aragens

Tudo muda, o tempo corre


O calor torra os solos inférteis
Fauna e flora padecem
No desespero da seca

Já em tempos longínquos
A Terra se rebelou
O Homem veio então
E tudo isso amainou

Agora tudo retorna


Rangem os solos
Elevam-se as tormentas
Nada escapa à sua cólera

É a natureza gasta, moída,


Cansada de lutar pelos seus domínios
Com as armas que possui
Sismos dantescos
Ondas ferozes

Retaliação!

André Nunes Rosa, 10º F


GRUPO C - 1º PRÉMIO

Música do Pensamento Achando-se

Entrei no autocarro em tempos de chuva


Apertado entre expressões embaciadas de água
Rostos e ruídos de uma vida imperceptível, e eu entre eles
Sentando-me num banco, vendo a névoa e a chuva no meu rumo
E o autocarro pondo-se em movimento.

A batida das gotas lá fora começa a marcar um ritmo


E cá dentro o conforto de não estar no outro lado
É uma melodiosa voz entoada sobrepondo-se no real
Como um rio fluindo pelos ouvidos, e eu deixando-me levar
Deixando então para trás a agitação da alma
Ao avançar da música que é um intervalo que se prolonga
Enquanto o autocarro pela névoa e pela chuva avança…

A música toma o centro das coisas


E eu ouvindo-a estou no centro do meu ser…
Tudo por fora desse centro mantém-se deixado de fora…
A chuva e a névoa estão do outro lado, no de fora
Aqui dentro o autocarro atravessa reluzentes campos nítidos
De estradas para eu escolher

Diogo André Silva, Ex-aluno


GRUPO C – MENÇÃO HONROSA

Strange Feeling

A strange feeling
Is taking care of me
I don’t know what it is
But I like what I see

My desire grows up
When I look at you
I wish for your company
No matter what you do

What feeling is this?


I know it’s strong
Is this a kind of love?
I’m certainly not wrong

Lovely and beautiful


And a sweet person like you
I’m sure in any time
In my whole life, I never knew

Nobody knows about this


But I would like to say
I’m falling in love for you
Meet me, if you may

Paulo Jorge Dionísio, Assistente Operacional


GRUPO B – MENÇÃO HONROSA

Free to love

I’m on a journey
Don’t know where I go
If my destiny is bad or good
I really don’t know

Travel around the world


I want to make a trip
Maybe Africa or Asia
On an airplane or a ship

I got to get out of here


I’m sick of this place
I think it’s the right time
To find my own space

I want to run away


To find my true home
With the skies above me
I am free to love

Rita Pereira, 10º F

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