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No prado a linfa, que a correr desliza,

E a borboleta nos rosais da veiga.


Falou-te dele esta gentil paisagem,
O azul dos cus, a secular floresta.
Esse o mistrio que em subtil linguagem
s virgens conta a natureza em festa.
Ouvindo, pois, as namoradas falas,
Que eu delirante te falei, donzela,
O que receias? porque assim te calas,
Rubra de pejo, que te faz mais bela?
Esconde a cara no meu peito, esconde,
Mas no hesites ao dizer-me que amas.
Que so quinze anos, linda flor? responde,
Quando o teu seio se devora em chamas?
Sabem a histria triste
Do bom reitor?
Msero, toda a vida
Levou com dor.
Fez quanto bem podia,
Mas... afinal
Morre, e na pobre campa
Nem um sinal.
Nem uma cruz ao menos
Se ergue no cho!
Geme-lhe s no tmulo
A virao.
Vedes, alm, na relva
Junto ao rosai,
Flores que h desfolhado
O vendaval?
Cobrem-lhe a lousa humilde;
A criao

Paga-lhe assim a dvida


De compaixo.
Pobres, que amava tanto,
Nunca, ao passar,
Choram, curvando a cara
Para rezar.
Nunca, ao romper do dia,
O lavrador
Pra e lamenta a sorte
Do bom reitor.
As criancinhas nuas
Que estremeceu,
J nem sequer se lembram
Do nome seu.
No salgueiral vizinho,
Ao pr do Sol,
Vai carpir-lhe saudades
O rouxinol.
Lgrimas... pobre campal
Ai, no as tem;
S da manh o orvalho
Roci-la vem.
Da solitria Lua
A triste luz
Grava-lhe em vagas sombras,
Estranha cruz.
E ele repousa, dorme,
Vive no Cu.
Dorme, esquecido e humilde,
Como viveu.
H nesta vida amarga
Sortes assim:

Vive-se num martrio,


Morre-se enfim.
Sem que memria fique

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