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ANTONIO SERGIC Pf meus AUTORES Bee aaa 2 PORTUGALIA PREFACIO Depois de haverem ltangado a priblico, na série Antologias Universais, algumas coleccGes dos «melhores contoss de ndo set quantas Hteraturas deste Mundo—e um florilégio de «lricas portu- guesas>, e um escrinio de «poésias brasileiras>, — ocorreu aos editores o propor-me a ideia de uma antologia de ensaistas de Portugal. Hesitei em adoptar, todavia, os dois termos de «ensaio» e de censaistas, por discordar da acepedo demasiado extensa que actwalmente se esta dando a palavra censaio>, — ou seja a de toda obra que ndo é de ficcdo. A tudo tenho visto etiquetar de ; é€ 0 da plena consciéncia do cardcter hipotético de todo nosso pensamento e interpretacdo das coisas; é 0 que nos dé uma insacidvel operosidade men- tal numa ténica atmosfera de problematica. O en- saio (diz Silvio Lima) «é uma atitude ginds- tica do intelecto que, repudiando o autoritarismo, pensa firmemente por si s6 e por si proprio». Quer dizer: «. O en- saio é o auto-exercicio de uma razdo que critica livre e firmemente>; «na palavra ensaio estado 10 inelusas as ideias de modéstia e de prudéncia, virtudes tdo caracteristicas do espirito cientifico>; «Montaigne baniria todas as maneiras de falar magistrales, résolutives, affirmatives; dd-se corno aprendiz>; «De onde provém a eredulidade do vulgo, a supersticéo, o obscurantismo?> pergunta o autor; e assim re- convém: «Justamente pelo facta de o vulso nao ensaiar as opinides> (de as ndo pér & prova de contrastaria). «Ce qui fait qu'on ne doute quére des choses» (assegura Montaigne, que Silvio Lima transcreve) «c'est que les communes impressions on ne les essaye jamais». De aqui dois coroldrios, que releva muito acen- tuar: primeiro: que uma floragdo literdria de ensaismo auténtico ndo seria possivel na Idade- -Média (na Antiguidade sim, que a todos nos li- beralizou, nos didlogos platénicos, modelos eter- nos de verdadeiro ensaismo) por falta dessa absoluta liberdade de critica, dé pensamento aut6- nomo na problemdtica, que a atitude ensaistica basilarmente exige; segunda: que sé depois da implantagdo do liberalismo entre nés existiram li no ambiente social portugués as condigdes indis- pensdveis a wm ensaismo pleno,— a um ensaismo completo, radical. (Refiro-me at ao condictionamento historico, como se estard advertindo, e ndo curo da capaci- dade do Portugués para o ensaio, porque ndo creio em génios nacionais ou rdcicos que se man- tenham invaridveis no decorrer dos tempos e que se imponham ao espirito dos escritores de um pais,—sobretudo aos grandes, aos que excedem as capacidades que nad mediania abundam). Agssinto, por isso, com decidido aplauso, a este ditame do Ensaio sobre a esséncia do ensaio: «Foi Dom Duarte um ensaista? Julgo que ndo. © que caracteriza 0 ensaio como ensaio ¢ o auto- -exercicio do espiriio que poe em jogo as suas jaculdades criticas dentro da mais ampla liber- dade discursiva. Ndo nos deizemos iludir pelo valor realistico e experiencial do Leal Conse- theiro. O homem e o livro sdo ali medievais; exibem o traco nitido da sua época. Sdo livres, mas dentro de um molde ortodoro. A liberdade de andlise e o desembaraco dos seus movimentos ndo podem verdadeiramente em auto-exercicio os Orgdos do entendimento; é um exercicio de super- ficie; hd ld dentro do entendimento zonas ador- 12 mecidas, Gguas quietas, que precisamente o terra- moto critico da modernidade renascentista des- pertard. O infante D. Pedro ¢ o rei D. Duarte sdo escritores moralizantes, ndo sdo ensaistas». So ao alvorecer do Renascimento das letras — $6 desde a instante em que se foi diluindo a ne- grume autoritdrio da Meia-idade —o espirito en- saistico se poderia arraigar. Entre nds (como diz Silvio Lima) o ensaismo renascentista s6 entre navegadores perpassa: esse, porém, muitissimo limitado na sua algada (a técnica navegatdria, a observagdo material) por isso que no dominio do filosofico e humano a estrita ortodoria do cato- licismo de Trento impunha barreiras de tal forma rigidas que tornavam impossivel o mais peque- nino ensaio. Até o meado do século das «luzes>, na prosa de ideias dos autores portugueses ndo ressumbra independéncia especulativa alguma, nenkum terso ensaismo. A pregacdo moral de feic¢do eclesids- tica (se néo estou muito em erro) resume-se a um acervo de lugares-comuns. Em Heitor Pinto, por exemplo, sempre me desolou o desfilar mondétono de um intérmino cortejo de citagdes de autores. Os nossos moralistas de cariz secular adstrin- gem-seé @ critica dos costumes do tempo, sem ne- 13 a eS ee a ee eee | nhuma audécia de aprofundaedo psicolégica, sem lavrarem uma pagina de generalidade de inte- resse, de amplitude de voo, que justificasse 0 em penho de transcrevé-la aqui. Para nos, o que realca no moralismo do nosso século de Seiscen- tos é 0 eloquente sermdo do nosso maior prega- dor sobre as consequéncias sociais da exploracéo mineira, Na segunda metade do século de Setecentos irrompe-nos a falange dos que chamei cestrangel- rados>, Com esses homens, desoneramo-nos do autoritarismo da educagdo jesuitica, do verbalismo aéreo dos peripatéticos, por aquilo que concerne as ciéneias fisicas. At, a atitude experimentatlista ja reclama wm posto. Em matéria religiosa, todavia, nado se vislumbra ainda uma libertagdo total. O que de mais audacioso nos presenteia o século é um transito do catolicismo 4 religido protestante: o do «Cavaleiro de Oliveiras, Francisco Xavier de Oliveira. G ensaismo, no entanto, ndo inspi- rou wma obra de universalidade de alcance, de perenidade de interesse, concentrando-se os espi- ritos num intulto imediato, que é administrativo e epocal; a obra da secularizacdo do Estado e do ensino. Ndo se suprimiu a censura: foi seculari- zada, apenas. Pode dizer-se que os temas de mais 14 largo atractivo foram aventados Sobretudoa por Luis Verney —o cérebro de mais ampla enverga- dura da época,—por Anténio Nunes Ribeiro Sanches e pelo mesmo Francisco Xavier de Oli- veira. Mas aqueles dois primeiros, por ma sorte nossa, expdem-nos um pensamento desamparado de gracas, numa elocucdo sem donaire. Sé 0 «Ca- vdleira» é um escritor. Porém, ja nos Opusculos de Alevandre Her- culano brota o integro alor de um verdadeiro en- saismo, —imbuido em temas de mais vasto inte- resse, modelado em formas do mais belo estilo. Maior generalidade se nos ostenta ainda nos asstintos dos ensaios que nos legou Antero, entre os quais serd justo reconhecer que prelevam as Causas da decadéncia dos poyvos peninsulares, @ Filosofia da matureza dos naturalistas e as Tendéneias gerais da filosofia na segunda me- tade do século xrx. Moniz Barreto, desventuradamente, alinha na corte dos que para cad troureram a critica do- gmitica de pretensdes cientificas. Ora, o verda- deiro ensaismo é radiecalmente critico, e o seu meétoda judicativo nunca poderd ser dogmdtico. Pois bem: como os nossos intelectuais se sabo- reiam ainda da critica dogmatica daguela época; 15 como os notdveis artigos de Moniz Barreto tém jirmado o crédito de modelares ensaios; como acho naturalissimo que sé ndo veja bem o que uso eu denotar por ccritica dogmdticas; e como é este um tema de importdéncia mdzima para a afericdo do conceito do verdadeiro ensaio, —per- mita-me o leitor que me detenha um pouco a discutir 0 caso de Moniz Barreto: —o qual é, em stimula, 0 problema de uma critica que nos cativa ha um século, ov hd quase um século. O epiteto de que se chama «ragas; a (le milieu, em francés); a «concepedo geral> que Taine chamou 0 momento. Demais disso, ouira reducdo ainda existe, neste sistema de critica: a reducdo do artista que produziu a obra @ «con- cepedo gerals de uma faculdade psiquica: a , e os gue se acham situados no mesmo meio-ambiente, e todos os que vivem em determinada época) verificamos que a esséncta deste método critico redunda na redugdo dos escri- tores a classes. Tal o processo de Moniz Barreto, inteiramente diverso do do verdadeiro ensaismo, Ora, na aplicagéo concreta deste sistema critico 18 (classificador, conceitual) duas vias se topam, igualmente sofisticas, de identificar um escritor com a respectiva classe. Primeiro artificio: defi- nir a classe em gue se quer por um homem pelos caracteres que se advertem nesse mesmo homem, —ndo sendo de dar pasmo, quando se caminha ao invés, que se comprovem no individuo os caracte- res da classe; segundo artificio: ter o critico, pré- viamente, uma nocdo da classe, e atribuir ao cri- tieado — arbitrariamente — todos os caracteres com que compos a classe. Ent resumo: consignar arbitrariamente ao eseritor estudado a totalidade dos caracteres que se cré haver numa classe, ou criar arbitrariamente uma certa classe com a to- talidade dos caracteres que se ddo a ver no escri- tor; e pensar que o inteligir é classificar as obras (ou os autores das obras) forcando-as a entrar numa dada classe,—ou sob a jurisdi¢do de uma jérmula, de antemdo.decretada como lei geral. Que é a critica da obra de um Joao de Deus, como Moniz Barreto a concebe? —& a subsungio do autor muma certa classe: a dos algarvios. E a critica da obra de um Tomds Ribeiro? —£ a sub- sungdo do autor numa certa classe: a dos beiroes. E a critica da obra de um Garrett? —E a sub- sunedo do autor numa certa classe: a dos artistas. 19 E a critica da obra de um Visconde de Castilho? —E a subsuncdo do autor numa certa classe: a dos literatos... Estais de ai a ver: em lugar da concreta realidade das obras (0 Dom Jaime, o Campo de flores, o Frei Luis de Sousa, os Chimes do bardo),— as espectrais abstraccées que sdo 0 beirdo e o algarvio, que séo o literato e o artista: entidades imprecisas em que se subverte a obra, onde ela se esfuma, se dilui, se esquiva a visdo, se perde, como no nevoeiro um barco. Ora, ndo estara este cinone — que foi o canone da época —no pino da roda, ainda hoje? Ndo pa- rece ainda «admirdvel»? Vitorino Nemésio, muito recentemente, no formoso prejacio dos Ensaios de critica (colectdnea dos escritos de Moniz Barreto) diz-nos deste o seguinte: . Admirdvelmente? E possivel; eu, porém, ndo logro prender-me a esse engodo. Dos vdrios algarvios que conheci na vida, nenkhum se me an- tolhou particularmente congénere com a obra poé- tica de Jodo de Deus; e creio que os caracteres que se atribuem a este, como sendo qualidades essencialmente algarvias, se poderiam mais ou 20 menos rastrear num Gonzaga (que nascen no Porto, que viveu no Brasil); ou ntm Diogo Ber- nardes, incontestavelmente minhoto; ou num Ro- drigues Lobo, que veio & luz em Leiria. E uma arte beiroa a do autor do Dom Jaime? Suponha- mos que o é. Mas o Aquilino Ribeiro? Nao sera também um beirdo? E o historiador Jodo de Bar- ros? Ndo era ele lé da Beira? E um Frei Ber- nardo de Brito, o arquitector de patranhas? E um Leite de Vasconcelos, um Silva Gato, um Abel Botelho, um Augusto Gil? E um Afonso Costa, na actividade politica? E, também na po- litica, o Sr. Salazar? Apurar as qualidades que sejam comuns a todos, e que se ndo cifrem em geral nas do ser bipede implume, — é acaso faga- nha de seduzir um dia cachimonias iluminantes como uma bomba atémica. Mas quais as caracte- risticas muito particularmente beiroas que se transparentam nos poemas de um Tomds Ribeiro? O critico as descortina; e diz assim o critico: «As paixdes sdo as mais simples e vigorosas: o amor, 0 é6dio, a vinganca, a paternidade, o afecto filial, a dedicagdo fraternal... Os caracteres [...] So criagées dé uma s6 peca, almas espontdneas e jrancas, munidas de paixdes ingénuas e fortes, inclinadas as accGes vigorosas, e que encontram 21 na accdo a sua plena expressio>... Ora, ou muito me iludo, ou sdo isto caracteres com que dareis de resto na fic¢do portuguesa de teor ro- miantico (acentuadamente romantico) produzida ou ndo por autores da Beira. As almas camilia- nas sao também assim; assim, igualmente, as dos herdis de Herculano. Mas que fazer-lhe, se 0 que servia de btssola ao ajuizar do critico era o dogma tainista da subsuncdo & raga, e se uma raga beirog era necessdria ao dogma? E passemos agora a faculté maitresse. Almeida Garrett, para Moniz Barreto, expli- ca-se totalmente pela classe artista. Nele, a fa- culté maitresse ¢ o temperamento artistico, Po- rém, para o explicar integralmente pela classe artista é mister que atulkemos a palavra «ar- tista> com todas as qualidades que em Garrett lustranam, embora sem vislumbres de relacdo adiguma com o dom que propriamente constitui o artista, ou seja a faculdade de criar obras de arte; e por tal artificio, é evidente que com a subsunedo nessa classe artista a personagem de Garrett fica inteiramente tragada,—com o que concerne a arte e com o que Ihe nfo concerne: eo bosquejar o autor (pela dogmdtica da escola) equi- vale ao trabatho de criticar-Ihe a obra. Ougamos 22 o critico: <0 fermo que o qualifica aos olhos de quem estuda a sua vida e a sua obra> [de Garrett] «é o de artista. E o temperamento artistico que explica os seus actos e as suas criagdes. & dele que deriva a sua miiltipia actividade, a generosi- dade das suas intencdes, a sua bondade expansiva, o seu dom de sedugdo, o seu patriotismo sincero, as suas incoeréncias politicas, as suas pretensdes de aristocrata, as suas futilidades de elegante, as suas fraquezas, os seus ridiculos, e a grande in- genuidade que o absorve de tudo. £ da riqueza do temperamento artistico que brota a abundan- cia e a exceléncia da sua produgdo literdria, De a@i nasce esse lirisma profundo, sincero, amplo, sensual, fatigado e melancolico das suas compo- sigdes soltas e dos seus poemas narrativos. De ai @ variedade e perjeigdo das suas criagdes cénicas, em que a imaginagdo simpdtica encontra um em- prego condigno. De ai a naturalidade da sua veia cémica, De ai a ampliddo e esplendor da sua elo- quéncia,— etc., etc. Creio desnecessdrio continuar a citar, e explicar em pormenor o quanto tudo isto é faldcia, ditada pelo dogma da faculté maitresse, —a qual seria suficiente, segundo quer o sistema, para expiicar a totalidade dos caracteres de um homem e todas as qualidades da sua obra escrita. 23 Ai se vé bem o que é o primeiro artificio: cons- truir a classe com os caracteres do individuo, e pretender entdo explicar este wltimo com o encai- ad-lo na classe que se fabricou para ele proprio. A intervencdo da classe é puramente ilusdria, & na verdade o escritor é subsumido a si prdprio, é por si mesmo sexplicado>. Do segundo artificio (idear préviamente uma concepodo da classe, e aljinetar no individuo todos os caracteres dessa classe, por fas e por nefas) ajigura-se-nos um exemplo particular- mente instrutivo o retrato que do autor do Leal Conselheiro um Oliveira Martins nos quis dar em estampa, com o seu buril temerdrio, num ca- pitulo de Os Filhos de Dom Joao I. Dom Duarte, para Oliveira Martins, subsume-se na classe dos komens literatos, ficando por ai completamente exrplicado: de onde vem que se nao cofbe de im- primir no rei todas as marcas constituintes da sua no¢do do literato. Argue ele assim: «Foi o literato coroado, com os vicios e qualidades desta classe de homens, e, sobretudo, com essa paralisia da vontade que provém da inclinagdo fatal de comunicar ao préximo, escrevendo, aguilo que se pensa e por isso se imagina querer. A literatura tem este defeito inerente: toma a nuvem por Juno, 24 confundindo as obras com as palavras. E o lite- rato mediocre apresenta esta agravante: dar va- lor de ensino as banalidades que Ihe passam pelo cérebro, como passam pela ideia de qualquer outro que, todavia, n@o pratica o vicio de as comunicar ao prézimos. Como literato, o rei Dom Duarte hd-de ser um timido,—com «a hesitagdo prove- niente de ter despendido toda a auddcia em fra- sess. Como literato, 6 um ser passivo; «vinga- ba-se, escrevendo, da passividade do seu génio>, e «tudo Ihe servia de tema para composigées mais ou menos interessantes>. Como literato, era meti- culoso, e por isso endo Ihe bastava ler: carecia de reproduzir por escrito as leituras prdéprias, coando-as pelo seu espirito bastante incolore: Como literato, sofria de «debilidade constitucio- nal da vontade e da inteligéncias. Como literato, tinha a «modéstia enleada em vaidade>. Como literato, revia-se nos seus escritos «com uma certa vaidade de escritor»>. Como literato, dominava-o a mania de redigir um didrio: pois que, por con- veniéncia da tese, sustenta Martins que o Leal Conselheiro tem a indole de um ¢didrio da sua vida»: fuizo que a mim se me ajigura ermo da mais minima sombra de motivo sdlido. Alids o capitulo, encabecado pelo titulo de O Leal Con- 25 selheiro, ndo nos dé sobre o livro qualquer juizo novo, qualquer relance vdlido; classijicado o autor (ou aplicada ao autor uma tese geral psicoid- gica) nada—ou quase nada—se vem a dizer sobre a obra. Na verdade, os escritos do soberano (a Ensi- nan¢a de cavalgar e o Leal Conselheira) ndo sdo estritamente composigées literdrias. Bem literd- Trios, ao avesso, séo sim os poemas em que litera- tejou Dom Dinis,—a quem o historiador, muito provavelmente, ndo quereria reduzir & etiqueta de literato. A que fontes e jfactos foi buscar Martins os lineamentos psicolégicos com que descreve o rei? Por mim, ndo dou tino da existéncia de motivo forte que nao seja o acinte de o contrair numa formula; quero eu dizer: o arbttrio literdrio de nos burilar com mestria, numa dgua-tinta lite- rdria, um exemplar acabado de certa classe psi- quica, de acordo com o dogma da faculté mai- tresse. Na esséncia, creio ser o processo que nos do- mina ainda: jugir da obra para o autor; depois, Jugir do autor para uma teoria (explicacdo pela raga, pelo ambiente, pelo materialismo histérico, pelos , e porque «pro- sas doutrinais> se nos afigurou mais justo. Os trabalhos de seleccdo da natureza deste sio sempre enieantes e questiondveis, sobretudo nos casos em que os limites do espaco nos obrigam a 27 escolher entre vdrios trechos que a nds proéprios Se nos afiguravam igualmente bons. Diversas so- lucdes seriam também legitimas, e acaso melhores. De Herculano e Antero, de Oliveira Martins e Macedo, muites outras pdginas se poderiam dar. Demais, € claro que o empreendimento poderd ser continuado (se o acolhimento do piiblico for favordvel & obra) pela publicagdo de tomos que se acrescentem a este, com trabalhos dos mesmos ou de mais autores. Adoptdmos como critério da selecedo dos trechos a generalidade do interesse do respectivo assunto (tendo em conta as preo- cupagées desta nossa época), uma certa forca € originalidade ideativa, e a amenidade ou esbeiteza da expressdo verbal. Para ponto de paragem no correr do tempo adoptdmos o comeco do presente século. Assim, os tiltimos extractos que aqui fi- guram (de Sampaio Bruno) publicaram-se no ano de 1902. Toda espécie de critica serd bem- -vinda, —e sobretudo quando indique uma metho- Tia a fazer, em segunda edic¢do ou no prossequir da obra, ANTONIO SERGIO

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