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Faculerects wooed . Tyre AL Pricdooy o. Socnad H Prfa Carine Sudn Fernandes Piscologia institucional Em continueto de um seminério para graduados sobre higiene men- tal proferido no ano de 1962 no Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia Letras da Universidade de Buenos Aires, realizou'se em 1964 = também #0 minha diregzo — outro sob © mesmo tema, mas que jé centrou totalmente na psicologia institucional; & deste dtimo que equi se 4 um resumo. © nexo entre ambos os temas é muito evidente e resi de na perspective ¢ nos delineamentos dentro dos quals desejamos ver S50 desenvolver s psicologia © @ profis¥o do psicélogo. Esta prépria pur blieaeao continu este propSsito fundamental de crar inquietagéo, pecialmente nas novas promogies de psicblogos, atraindo 2 atencio dos mesmos pare enfoques menos limitados — ou mais amplos ~ que permitem sua melhor situaeo social, um cumprimento mais eficaz de {eu papel profisional ov téonico de psicologia,voltando seu trabalho para atividedes sociais de maior envergedura, wanscendéncia e signifi cast, 'A posigdo geral sustentads pode se resumir nas sequintes propost- es, |6 dadas a conhecer anteriormente em outre publicarf0: a) 0 pales: Togo’ como profissoral deve passat da atvidade psicaterdpica (doente-0 ‘ural da prico-higienepopulegto sada e promoséo de satel; b) ara iso, impBe-se uma passage dos enfoques inividuais eos socials. O enfo- {ue social & duplo: por um lado, compreende os modelos conceitusis re Dectivos e, por outra parte, a amplisgéo do émbito em que se trabalha Para conseguir tudo isto & necesttrio o desenvolvimento de. novos int trumentos de trabalho: conhecimentos e téenicas que possam fazer viével rutiteros 0: principio, Mas, por outta part, estes instruments, at 6 podem ser cansequidos enfrentando paulatinamente a tareta, porque ests. experiénci viva podem irs gestanc, Psicologia institucional ~ tal como a entendo aqui ~ 6 um capitulo recente no desenvolvimento da psicologia e ninguém pode, na atualidade, astentar nem se apoiar em uma vasta experinela, Tampouco posto: minha experiéncia pessoal crete ¢ até agora limitadae inclu fundernental 8 quase unicamente organismos hospitalares e educationas; em outros ine. tiuigBes minha participapto foi, com grande freaUénca, indieta, através 42 supervisfo do trabalho de psicblogos. A necessidade de promover novas inguiewsSes_e de ovienar precocemente @ alaqundanete cates Profksional_correta do_psicélogo faz com que egora comunique ests experigncia © conhecimentos sobre.o ema, tl como em grande oer foram deservolvdos ¢ laborados nos seminéros @ que fiz referncia nos {uals contei com a eolaboracio inastimével de urn grupo de diplomadios na carrera de psicologa que, com grande entusiasmo e intligénci, fizerem 00 da necesidade de ter consciéncia clara de seu papel na sociedade ede Sumprilo_0_mais,fcientemente persiel, Entre ot antcadontes fur Gamentalt em que nos baseamos encontramse as cortices de Envigue ichon Rivitre e Elliot Jaques, nara quem devemos deinarcerteza de nossa sratidio pela obra realizada neste sentido. O Dr. Enrique J. Pichon Riviere {em sido, também reste eaipo, um eficz promator de inavitarSe, tl © © tem sido sempre em nosso pais ne totaidade da psicolegia, da Drlcandliseo da psiquitria. ‘Até gora, subline 8 psicologia institucional em relagdo com o Bricblogo enquento profissiona « isto pode levar 20 nal isto pode levar a0 erro de supor que © eplicatdo da psicologia, enquante que a "verdadsira” elénciapsicalS: ice #2 invetigcto psicolénics achomse em outro lado. Tois pruned ivam de uma concept abstratae irreal da cincia, A ps fe u strata e real da ciéncia, A psicologiainste ‘weional se_insere tanto na histéria das necestiades socials como na his ‘6ria.de nscologiae, dentro-desta sltima, nfo se trate 56 de um campo de olicaff0_de_psieloga,as,simtundementalmente, de un Gatice oe fm pslenogi w= nfo. 0 mesmo tempo, uma investineo.do gues (rotrendo-« do que esd se farenda, A pritca nfo. uma derivaedo subal| -terna_da_ciéneia, mas sim_seu_nicleo ou centro vital: e a investigacdo. Cin em ua ein ou oad son masse dn {0 da mesma. Neste sentido, pess 0 exompo (0 mau exempl) de out iéncis oatividades profisionas, tals como @ medicine; nel, aciéncia« 2 investigeedo est nos lborstorio, enquento que a pratica constitu a fun {0 dos médicos, que deve apicar as consaqiéneias de dita invesigacSo. Este 6 um esquema alienante e de efeitos ou resultados altamente peri closos; para os médicos, os doentes, a sociedad e a.ciéncia..O experimen- to © 0 laboretrio devem constitir um momento do processo total da in- ‘vestigagSo, que ¢ insepardével da propria prética, tanto como esta ditima ttansforme-se, som investigag#0 concomitante, em_um empirsmo gros: ¢ queto essnalar cloremente que a psiologis inst ‘tucional nao é um ramo da picélogia aplicada’, mas sim um campo da psi- ologia, que pade significar em si mesmo um avango extraordindrlo tanto fa ivestigagso como no desenvolvimento a psicologia como profi Para dizblo de outra manera, penso que nfo se pode ser pictlogo se no se 6.20 mesmo tempo, um invetigador dos fendmenos que se cuerem-/< modifier e nfo se pode ser Investigador 56 nfo s extraem os problemas a propria prética e da realidade social que se estévivendo em.um dado momento, dinds que Wansioriamante e por rezSes_metodolbaicgs de investiga islamrse momentos do proceso total.* Poce-a dizer que a psicologia desenvolve-sganhendo tereno da abs tragio e w sfirmando gradual e progtesivamente no terreno do concrete; ‘este ume psicologiainumona do homem eté uma psiolosie que eae 0 especificamente hummano, Brevemente, podemot expor as sepuintesetapas: a) Estudo de partes abstratas e abstraidas do ser humano (atengzo, meméria, jufzo, ete.); 3) Estudo do ser humano como totalidade, mes absraido do contex- to socal sistemas mecanicstas,energetnts, orgnilstas, et.) ¢) Estudo do ser humano como totldade nes situagSes concretas © em seus vincvlos interpesosis (presente epessados). A partir deste tecei ro enfoque conesitual © metadolégico, 0, desenvolvimento cumpriv-se, smpliando 08 bitos em forma progre 8) Embito psicossocial (individuos); 8) Embito sbeio-ingmico (grupos): 1 Todi sain charade pslcologe aplica tem em si uma alionaeo como vick 2— A distorego eparees enquanto dios momentos so ssumidos por pesiosscstine {as que & mantém isolads entre si @enguanto se perde 0 cardtar tcnico que tem 0 inotomento na investigecio se desemboca em um perce ou caréncia de viso global 180 imersr0 do proceso, 33 Figura Ambito da psloolosia:a) psicostocialb) sBcio-inkmico inuctonal; d) comunitrio, Ae tetas ef expend Convém eselarecer que néo sao sindnimos e que, portanto, nfo coin: cidem psicologia individual e émbito psicssocial, tanto como tampouco ‘Goincidem psicologie social com émbito sécio- _psicologia individual e social nfo reside no émbito particular que abarcam_ uma _cutre, mas sim_ne. modelo conesitual que cada uma dels utiliza; assim pode-se estudar a psicologie do grupo (Ambito sécio ) Por exemplo — com um modelo da pticologia individval, tanto como se ode estuder 0 indiv/duo (dmbito psicossocial) com um modelo da pico: logia social. Por isso eu dizia antoriormente que se imp8e uma passagem dos enfoques individuais aos socials no duplo sentido de refarma dos ddolos conceituais ¢ ampliagéo do émbito de trabatha. A psicologia insti ~~ Enquanto ampliaggo de dmbitos, o desenvolvimento da pgicologie fequiu 0 curso do sentido A (na figura 1), mas.esta diego coincidiu, em certs medida, com uma extenstio dos modelot da psicologia individual « ‘todos 0 outros émbitos, A medida que vamos abareando, na prética, no- 34 vos Ambitos e se estruturam noves modelos conceituss adequados, impde se 0 sentido B (da mesma figura); quer dizer, devemos retomar o ettudo des Instituigées com modelos da psicologia da comunidede, o estudo de grupos com modelos da pslcologia institucional e da comunidade, eo est do de individuos com os modelos da psiealogia de grupos, eomunidades ¢ insttuigdes, Fica, neste sentido, evidentemento, uma grando tarefa por realizar no desenvolvimento da psicologia. A rigor, este desenvolvimento ‘apenas comepou e é muito recente,? ‘Quando falo de modelos da psicologia individual, refirome ao fato de que 0: mesmos caracterizam-se fundamentalmente por partir do indivi dl isolado para explicar as egrupacSes humaneseaplicam estas Gitimas ‘2s cotegorias observives © conceituais que correspondem ou se utlizaram para o Individuo tsolado (orgenismo; homeostese; libido, ete.) e, deste. “/ maneira, explicernse os grupos, as instituieBes e » comunidede, pelas J. caracteristices do individuo, Quando me refiro 208 modelos de pico: / logia social tenho em conta 0 fato de utilizar categorias adequadas 20, | carter dos fendmenos das agrupacBes humanas (comunicapo, interar8o, identifcagfo, ets) que, em grande parte, tim que ter sinda descobertos€ ccados, O estudo das instituigdes abarea trés capftulos fundamentais em estreita relac3o e interdependéncia, mas que podem ser caracterizados de sequinte forma: 2) Estuda da estrutura edinémica as institugSies; b) Estudo da pslologia das inctitugBes; ¢} Estratéga do trabalho em psiologi institucional ‘Aqui no estudaremos a instituigéo om si mesma, quer dizer, sua es ‘rutura e sua dindmica e sim fundamentalmente a estratigia geal do pst 6logo no trabalho institucional; ainda que resenhemos brevemente 0 eapftulo da pslcologia das insttuigSes, tempouco not osuparemat aqut dos instrumentos especificos (es ‘técnicas), para trabalhar em psicologia ins- titucfona Da andlise realizads em nottos seminéros, surgiu como o mals fur damental ou uigente neste momenta o estudo do que chamamos de® estratégia do trabalho institucionel e, neste sentido — dentro da estraté- gia ~, 0 mais importante & 0 enquachamento da tarefa, quer der, afncagSo soll estos considera come o pono de partis dpsiclona, {ver oizer 0 eonnecimento 0 induc, nao pode seach seno preciomenta > final.” POLITZER) 35 de certas constantes dentro das quais podem-se controlar as veriéveis dor fendmeno, pelo menos em certa medida. Dentro destas constantes, que de ‘vem ser dedes pelo enquadramento, duss delas tém uma importéncia rele: vante, a saber: a) & relacko do psicdlogo com a instituigdo na contratagdo, progra magi ¢ realizago do trabalho profissional; 'b) os eritérios que sustentam dita relacdo. 10 conjunto de todos estes fatores constitui a estratdgia do trabalho tanto como sua te0r/a no campo da psicologia institucional. Este enfoque & 0 mais conveniente e 0 que mais corresponde utilizar ‘20 $0 tratar de profissionals psicdlogos, como no caso dos seminérios realizados, dado que eles jé possuem os instrumentos ou tcnices para tra: balhar tanto no £mbito psicossociel como no sécio-dingmico, institucional fe da comunidade (entrevista, pesquises, técnicas grupeis, etc.); enquento que 0 que faz falta 6 0 limite dentro do qual ditas técnices vBo ser empre- gedes, quer dizer, @ forma como se deve administrar os conhecimentos, t técices, Este esclarecimento se faz necessério em fungfo de que & pos sivel que pare outros profissionats que tentam abercar ou realizar tarefas no ambito institucional pode ser necessério ou imprescindivel outro tipo de aproximagio a0 problema, distinto do aqui utilizado. (0 fundamental do exposto até agora pode ser sintetizado de sequinte maneira PSICOLOGIA INSTITUCIONAL |A)Um Smbito especial, quer dizer, por um segmento dex 1 Corocrarizose senefo dos fendmencs por 18) Um modefo conceitvn! ertncant 2 psiologi sets |A) Estruturae dina dos institulgBies 2) Prieolegta das instivigBes 2) Fixanio de 2~ Comproonde 0 1. Enquadramento ‘ntudo de 6) Eavatigio. ce tarofa bb) Administ dotrsbalho ‘Je conhoc. ‘so psiedlogo oni: 2. Teoria 0 enquodraento 0 que é a psicologia institucional como jf virpos, a psicologia institucional caracterize-se pelo émbito {os insituig6es) e"por seus modelos conoeituais; dentro de sua estrtésia Tnelutse, como parte fundamental, o enquadramento da tarefa © 8 admi nistragio dos recursos. ‘ émbito, que compreende @ extensio ov amplitude particular em que of fenémenos s50 abarcedos pera sou estudo ou para a atividade pro fisional, é, na psicologia institucional — por certo’— a instituielo. Este titimo termo tem diversos sentidos que requerem ser, aqui, superficiak mente examinados, Em seu Dicionério de sociotogie, Fairchild inelui dues ceepgdes: 1 — “*Configurego de condute duradoura, completa, integrada € organizade, mediante a qual se exerce 0 controle social ¢ por melo da fqual te satisiazem of dosejos © nevessidades sociais fundamentals"; 2 “OrganizaeSo de coréter piblico ou semipiblico que supe um grupo dit retorio e, comumente, um ediffeio ou estabelecimento fisico de alguma Indole, destinada a servir a algum fim sacialmente reconhecido e autor zado. A esta categoria correspondem unidades tais como os asilos, univer: ‘idades, orfanatos, hospitals, eto." Em nossa definigl0 de psicologie ins fitucionel, compreende-se a institigfo no segundo dos sentidos dados por Fairchild e, dentro deste, inclu-se 0 estudo dos fetores ceracterizados na primeira das acepeSes, Psicologia institucional abarca, entéo, 0 corel {e organismos de éxisténcia fisica concrete, que tém um certo grau de per manéncia em algum campo oU setor especifico da atividade ou vida hu mana, para estudar neles todos os fondmenos humanos que ge do em rela- (flo com a estrutura, 2 dintmics, funcdes e objetivos da instituieso. Com sta definigdo, quero sublinhar que 2 psicotecia institucional no corres: pondem, por exemplo, as leis enquanto instituigdes e sim o8 organismnos fem que concretamente se aplicamn ou funcionam (tribunals, prises, etc-) itas leis em sua forma especifiea, Em algtmas ocesiGes, do-se cortas discrepdncias entre um @ outro sentido, como é 0 caso, por exemplo, de Famili, que 6 ume instituigdo social, mas que, para o psicélogo, é um gru 'po enguento organizaglo conereta que enfrente em sua terefa profissionel Da mesma forme, a religigo’é também uma instituicso social, mas a.elt ido de um grupo familiar no 6 uma institvigS0; pare a religido, 28 inst tuigSes que interessam & psieologia institucional sBo os de seus orgenismos espeoificos (lereja, parGquie, etc) Burgess (citado por Young) menciona quatro tipos prine' tituigoes: ipals de ine 31 8) instituicBes culturais bésicas (familia, gree, escola); b) instituicbes comerciais (empresas comerciais e econémicas, unis de trabathadores, empresas do Estado); ) InstituigSies recreativas (clubes atléticos e artisticas, parques, eamn= pos de jogos, teatros, cinemas, sales de baila); 4) instituigBes de controle social formal (agéncies de servigos sociais e governamentais). ‘Ales, Young acrescenta: @) instituigées sanitérias ¢hospitais, clfnices, campos e lugares para ‘convalescentes, que possam incluirse ou no no grupo de agéncias de ser- Vigo social); 4 instituigbes de comunicago (agéncias de transporte, servico pos tal, telefones,jornais, revista, rédios). Incluo esta classificagdo a titulo mais bem ilustrativo da amplitude do trabalho profissional em psicologia institucional, mas, para nosso obje- tivo presente, no se faz de maneira alguma imprescindivel uma clasifica fo exaustive ou rigorosa das insttuigGes, Dada ums instituiggo, 0 psicblogo centra sue stengio na stividede humane em que ela tem lugar e no efeito da mesma, para aqueles que nel desenvolver dita atividade, Para isto, impBe-se um mfnime de informaczo sobre a propria instituicao que, por exemplo, inclul: 4) finalidade ou objetivo da insttuigdo; b) instalaces © procedimentos com os quais se satisfaz seu obje- tivo; 0) situagio geogrética erelacées com a comunidade: ) relacSes com outres instituigées; ) origom e formacéo; 4) evolugio, histéria, crescimento, mudangas, flutuagé dices; 9) erganizagZo © normas que a regem; fh) contingente humano que nela intervém: sua estretificagio social ¢ cdo de tarefas; i) avaliago dos resultados de seu funcionamento; resultado para 8 instituigéo © para sous integrantes. Itens que a prépria instituigSo utilize Pare isto, Circunserito © amibito no qual corresponde trabalher, o que caracte: rigs especiticemente 2 psicologia institucional é um enquedramento parti- ‘cular da tarefa; dentro do enquadramento davern se contar, em primeiro lugar, dois prinefpios, estritamente inter-relacionados: 5 suas tre strat 38 ST ‘a) toda tarefa deve ser empreendide e compreondida em funcio da nidade e totalidade de instituicéo; bi) 0 psicélogo deve considerar, muito particularmente, a 2 stitucional e © trabalho psicalégico em uma institu entre. psicolos of, Em psicologia institucional, interessa-nos @ instituigéo como tote lidade; podemos nos ocupar de uma perte dela, mes sempre em funcSo da totalidede, Para ito, 0 psleblogo dedua\sus tarefa de seu prbprio estudo iagnéstico, dierentemente do psicSlogo-que trabalha em ume institut | <2, mas em funees que the si fkdes pos etre de mesma cu pot | tum corpo profissional, que no deixou lugar para que 0 psicblogo deduis se sua tarefa de uma avsliagdo propria e técnica da insttuigSo. No pri 280, 9 psicélogo &-um assessor ou consult e, no segundo, é um empre- ado e 8 tarefa que concerne& psicologia institucional ng pode se realizar ‘em situagio de empregado,4 mas sim na de aiiessor ou consultor; poraue Fi uma distincia 6tima na dependncla econémica € na dependéncia profissional, que & bésica no manejo técrico des sitsgées. Um psicblogo ‘empregado — por exemplo ~ para selecionar pessoal ou pare aplicar testes 205 integrantes ou s6cis, no realiza uma tarets dentro do enquadramento da psicologia institucional, porque a sua tarefa no derivou de seu estudo « eiagnéstico da situseéo, essim como no foi deduzida do que em s8u ji 20 profissional realmente corresponde realizar na instituicio. A experién- ia mostra, além disto, que na instituigfo que se estuda nfo se deve ter se ‘no um s6 papel; por exemplo, nfo se pode ser © psicblogo institucional fem um hospital e a0 mesmo tempo realizer, no mesmo luger, ume tarefe de outra ordem (ssistencial ou didética, por exemplol. cumprir de Paptis diferentes no mesmo luger implica uma superposieS0 € sont 6 enquedramento com situaeSes que se fazem muito diffceis de avaliar manejr. Ele ou os essessores podem sor contratados para o estudo de um pro--<— lems definido proposto pela propria insttuigdo, sem que ele, por si invalide a condicio de assessor, enquanto que o estudo se realize dentro da ‘otalidade ¢ unidade de instituicdo, valorizando 0 peso @ o significado do} Problema, os motives pelos quis foi proposto'e os teitios @ relacoes dol) mesma, '¢ Emprepede retere-se, aqui, 9 status no qual se realizam eefesdispostat por um satus superior, mm hover participeda no progrsmeysa cas mesmes; em CUHOE ‘erm 50 se cummprem ordens, 38 O realmente impottante e impreterivel & que @ dependéncia eco- rnémics do psicdlogo institucional tem que ser fixada em termos tals que nfo comprometem sua total independéncia profissiondl: todos os detalhes que concernem a inclusio do psioSlogo em ume instituigso ‘tém que ser recolhidos por ele como Indices das caracter(sticas da ins- ituigfo © das situagBes que deveré enfrentar. A condigdo de ter um sa: lério fixo mensal e uma obrigacéo no cumprimento de horétios no ine valida por si préprio e 86 por este fator a condicio de consultor ou as- sessor, mas esta dltima deve ser sempre especialmente estipulada e, de- pois, sempre defendida. A experiéneia aconselha, a fixer um horério glo- bal para uma primeira tarefa diagnéstics que tem que ser previamente | elimitade em sua duracio e, posteriormente, a fixar honcrérios, assim| ‘como a5 horas didrias ou semansis a dedicar & instituigl0, ao mesmo ‘tempo que @ estebelecer 0 horério e dias de trabalho, que logo tém que © respeitar rigorosamente. Os horérlos devem sar fixados em funcgo! do nimero de pessoas que véo intervir na tarefa, tendo em conta o cémputa do tempo que vai se dedicar, fore da propria instituigdo, 20 estudo do material recothido ou 8 redac&o de protocolos e relatérios. Tornase totslmente inadequada, e contra-indicads, a fixaglo de horé. ios em fungSo e em proporgdo des utilidades que vai trazer 0 trabalho do psicélogo & instituicio. Néo deve ser delxado sem esclarecimento prévio nenhum detathe do enquadramento de tarefs; tampouco se de- ve dar lugar 8 ambigiidade ou aos subentendidos tieitos, que devem Ser sempre explicitados. Néo & tampouco dil, a partir do ponto de viste da tarefa, a realizecio de estudos diagnésticos com © compromis: 50 de nfo cobrar ou de fixer honorérios @ posteriorl; isto induz geral- ‘mente @ uma desvelorizecio da funcio do psicélogo ou o coloca na si- tuatio de desvantagem de ter que “vender” seu assessoramento. Quan- do assinalo que estas situagies no sfo dteis ou s¥o desventajosas, isto ‘se refere basicamente 20 fato de que compromete a Independéncia pro- fissional do psicblogo © com isto seu manejo técnica correto das situacZes. Se se vai realizar uma tarefa gratuitamente, isto também deve ser expli- citado @ no deixar a situ Indeciss, nem menos ainda a eritério da Nunca vi come favorével ou positive © ingress numa instituiggo ‘como empregedo (no sentido definido ne note de rodapé da pagina 39), mas com a intengio secreta de “convencer” se transformar graduslments {em psicblogo institucional da mesma, Esta athtude vicia totalmente o en- ‘quadramento da tarefe, 0 Dentro do enquadramento da tarefa contase também © problema dos objetivos do psicélogo e da psicologia institucional, que devem ser considerados culdadosamente. Objetivos da instituieo e objetivos do psicdlogo Gade instituigdo tem seus objetivos especiticos e a sua propria ‘organizacio, coi a qual tence a satisfazer ditos objetivos. Ambos (fins e meios) tém que ser perfeltamente conhecidos pelo ou pelos psicdlogos, co mo ponto de partida para decidir seu Ingresso como profissional na ins tituigfo, ‘Toda instituigfo tem objetivos explicitos tanto como objetivos im- plicitos ou, em outros termos, contelidas manifestos.e contetdos latentes. Estes devem ser valorizados de forma soparada dos efeltos laterals que uma instituigfo pode produzir. A criecéo de uma indistria, por exemplo, faz se para produrir ~ manifestamente — detorminada mercadoria ou matériax prima, mas seu contetido letente pode ser 0 de povoar uma regiéo por razbes politicas ou militares; & distinto do caso em que a dita indistria te. ‘nha como efeito colateral o enralzemento e aumento da populaao das zo- nas vizinhas. Se bem que é certo que o efelto colateral pode se transformar posteriormente num conteddo Istente, até que isto ocorra o seu peso & totalmente distinto, Pode ocorrer que coexistam conteddos Iatentes e ma- nifestos que se equilibrem em sua gravitapfo e até entrem em contradigSo € pode também scontecer que o contetida latente ultrapasse, em sua forca, © conteido explicito. Assim, por exemplo (e para utilizar um muito sim ples), numa sala de um hospital uma situaefo conflituosa deste oardter apateceu atrs do motivo da consulte, que foi formulado como uma de- sorganizecdo crénica e desatencio da assisténcia profissional aos doentes; 0 problema residia, em parte, em que a equipe profissional, formada total ‘mente por gente muito jovem, tinha primerdiaimente propésitos ou obje- tivos de aprendizagem, nos quais se viam totalmente frustrados. O psicé= ogo deve saber que, sempre, 0 motivo de uma consulta nBo é o problema € sim um sintoma do mesmo. Se bem que é certo que se torna de grande utilidade para o psicdiogo Conhecer of objetivos explicitos de uma insttuicko para decidir e realizar Sta tarofa profissional, nfo & menos certo que os letentes ou implicites #4 a vezes $6 aparecem como conseqiiéncia do estudo diagnéstico que realize otrabalho plicitos) @ outro, aos objetivos para os quais se solicita ou eee © proprio psicblogo. do psicblogo, A isto temos agora que acrescenta a consideraro dos obje ‘Além do estudo destes objetivos e de sua dinémica conseqdéncias, tivos do proprio prilogo tos abjetivos ds psicologa institucional Sabe- devem temibém ser valorizados as finaidedes ou objetvos que ainstituiggo j mos que 2 fnalidede ou objetivo que se desea alcanear orienta acko, ‘tem pare solicitar a colsboracéo profissional de um psicblogo e aqui con- formendo parte do enquadramento da tarefa.,No que concerne ao psicb- ‘tam tanto os objetivos explicitados como aqueles que formam parte das logo e seus prbprios objetivos, esse deve resolver acerca de: fantasias de institigdo, que podem, por outra parte, ser totalmente incons: ‘) demearcacfio dos obletivos gorais ou medistos de sus tarefa; cientes. Um servigo hospitalar slicita 0 assessoramento de um psicdiogo, bb] sua aceitagdo ou ndo dos objetivos da instituigg0 e/ou dot meios ‘mas entorpece total e permanentemente sua atividade; 0 exeme da situaréo us esta utiliza para slcaneé-los; descobre 0 fato de que o interesse da instituigdo reside basieamente em os- €) diagnéstico dos objetivos particulars, imedietos ou especificos. ‘entar ume organizacio progressiva e cientifica frente a outros servicos J) A demarcagdo dos objetives mediatos ou gersis da tarefa coincide | hospitalares competidores, mas a atividade do psicdlogo ¢, na realidede, plenamente com 0s objetivos da psicologia institucional que 0 psicélogo | ‘temida, deve ter perfeltamente esclarecidos endo admitir sobre eles nenhuma \| Exes fats no invalgom, no impoilitam a fungfo oo psiio- che de equtvoon. Em todos o cto, objetivo do paelogo no compo | a0, € sim que j6 so 2s ciunstincias sobre os quaisjustemente se tem institucional é um objetivo de psco-hiatene: conseguir a melhor organiza (ue agi. Este deve saber que a sue pertcipacto nume instituleso promove | | slo @ as condigSes que tendem a promover sada @ berestar dos inte-) ] ansiedades de tipos e graus diferentes e que o manejo das resisténcias,| grantes da instituigfo. 0 psioblogo institucional pode se definit, neste| j contradiges e ambiglidades forma parte, infalivelmente, de sua tarefa. E sentido, como um téenico da relacio interpessosl ou como um te LF ‘que, slém disso, tem que eontar com estas resisténcias ainda ne parte ou! dos vinculos humanos € — pelo que veremos depois — pode s dizer Fo setor da institui¢o que promove ou alenta a sua contratago ov cl também que 6 0 técnico da explicitagio do implicito. A sjuda a compre: so. Quando 0 psiedlogo se encontra com dois bandos, um que 0 aceita ender os problemas @ todas as variéveis possivels dos mesmos, mas ele @ outro que 0 rejeita, deve saber que ambos s¥o partes de uma divisfo es- proprio nfo decide, nfo resalve nem execute, © papel de assessor ou con ‘Quisbide © no deve tomar partido de nenhum. Um clube incorporou um sullor deve ser rigorosamente mantido, deixando a soludo e execucso em ‘conjunto de psicélogos, aos qusis ofereceu todas as possibilidades de tra- ‘mos dos organisms proprios da instituicdo: o psicdlogo nao deve ser em balks, organizando pata eles uma cela de homenagem na sede social, Os rnenhum caso nem um administrador nem um diretor nom um executivo, psicélogos so declarados em disponibilidade “casualmente”” depois de nem deve sobrepor-se na instituico como um nove organismo.~ tealizadas 35 eleigSes para renovar as autoridades integrantes da comis- 0 psicblogo nao 6 0 profissional da aliens¢do nem da exploracio, so diretora: uma auspiciosa recepeo fol inconscientemente parte de ume nem da submisséo ou coercdo, nem da desumenizacdo. O ser humano, estratégia eeitoral$ sua snide, sue integracio e plenitude constituem © objetivo de seu tra EN Para que uma instituiedo solicte ¢ aceite © astessoremento de um bslho profissonal, 20s quate nia deve renuncior em nenhum c360. Sua Psicélogo enquanto psicblogo institucional, a InstituigSo tem que haver funeSo tampouco deve ser contundida com a educacfona, no sentido cor- chegado @ um certo grau de maturidade ou insight de seus problemas ou, rente que tem est iltimo termo, de sua situsg#o conflituose, mas a fungdo do psicSlogo conduz também a)) Um psioélago foi chamaco para trabalhar em uma instituigdo social {que se tome maior coniciéacie de sua nacessidade, (clube) com os espirantes da mesma (um grupo de menores de doze ancs), 8 objetivos da instituiedo que consideramos referemse, entio, @ para consagulr que estes ““melhorem seu comportamento”; © exame dois espectos diferentes; um, a seus prSprios objetives (explicitos ou im- diagndstico lovou & conclusdo de que até este sotor derivevernsesituagBes | de conflito no corpo direter, pelo que o psicblago levou a esclarecer '5= Nib coraiponde doremvouer, me tim stnaar que fi um eso panieipar do queixa como um sintoma e @ atender a verdadeirasituard0 conflituoss. banguste tanto como acl, De outra manera, 0 psicblego teria agido como agente de coerco, como 42 43 insrumento dos adultos como agente de manutengfo de um sntoms; tro pilebloyo ae deve gir nunce como agente da coerHo, nem ends com meloe pseogleos. A educinSo oo vale a, fundamentaiments, de aprendizagem (learning) que capacita a inst io a enfrentar situacdes @ poder eet sabre eas como prinmito pat para qualgutrsluglo. © equa qutlicalrente se oferce 2 pucloge corto eauta du pro ga mS eer, cara cobs rir pecs, 5 O segundo ponto, o da aceitarlio por parte do psicélogo dos objeti- vos! Insttulgo, oloca problems profesional © tics de primeira tmagnitude © da malor graded, Em primero ga, nfo se deve ocaltar em nenhum caso o trabalho numa instituico com cujos objetivos o psi- cblogo no esteja de acordo ou entre em conflito; seja com os objetivos fu ajo com oF muon quo a insttuilo tam pare lvblos a cabo. Em piicolegia, dtce coheide com a tence ou, melhor dito, a éice forma parte do enquadrement co tare, jf que nenhums trea pode se evade 1 cabo correterente seo piclogo relia inetiuigHo (ea em ses obi {ios ou em seus elon ou proces). Se um pstedlog, por exe mp, { chamado pare cumprir suas tungBes numa insti cooperatv, este no deve ecstar torte se reeta (nor qualquer motive) © movimente cooperatvt, Em segundo lugar, tampoueo pode opleSlogo altar uma tareteprofisional ke etd demasiado includ ou patcipa na organizaedo ou no movimento ieolgico de Instuleo; uma afinidade ou Wentidade ideoléglea nfo deve, no entanto, set tomede em si mesie como una contending absolut, v a decisfo depended eapacidade do plcloge para etabelecer urna certs itncia operative instrumental em st te batho protisiona, de tal mania que, dentro deste, poss trebalhar como psleslogo «no come prosltite ov politica (em qualquer dos sentios deste terme). NS est vedda 20 psiblogo uma interven aver qu auer movimento Ieeldgco ou police, mar nest cao nfo ae profi Sionalmente este stor, Devese entender clarumente que o plebloyo nfo tem por que a exigr nevttldede ner pasivdade, ras, am, tem ques exit em aun tarefepotitsionel um enquedremento que the permite te: bathar ¢operar come psesogo. @) Em twreto luge, 0 pleblogo nfo pode em deve acttar trabalho tm qulguerInsuglo ‘aul rllta, com o drimo oculto de torear seus objets ou sue procedimantos. i) Em quero term — e nfo menos importante — contaseo fto de aud ocatar o trabalho, aceitando os cbjetves de ume lstituido, ignition |p fomente uma concicio pare o enquecramento de sua tareta, mas 06 obj 44 tives de instituigio nio sao ses objetivo profissonsis0 psicblogo tem Fjeives 008 quae no eve renuncior em nenhum eo (Ot objtivos particulares, imediatos_ou especitioos se rterem etos do problema central, rat studados & maneados em funlo da ‘Tadade « totalidede da instituiedo. O pricéloge nao pode trabalher com {Gas trans ou todos o ores tug wre tee je nem tampouco Isto € de dasiar por isso, deversiéxaminar 08 “pom {or de urgéncia” sobre os quais intervir como objetivos imediatos. Erte ‘elerecimento sobre os objetivos diferencia nitidamente, i detde @ pon- toe parti, © pricblogo trabihando em uma insttuicéo do psicdloge trabalhando no bmbito da pslcologa institucional O primeio realize uma tarefa quo se Ihe encomenda realizar; segundo diagnostic a situeyoe 32 prope agit sobre os nivale ou fatores que detecta como send realmente Se necesidade pera a insttvicdo. O primeiro sere) com freaincia, de fetor eanqUllizante ("hd um pricdlogo trabalhendo”), enquanto que oe giindo no acoita dito papel e & basicamente, um agente de mudanca. © primero’ 8 um empreyedo; 0 segundo é um sssessor ou consultor com total independéncia protissionl. Como & facil entender, os objetivos maditos tampouco so fixos ou ‘sim que podem 0 dover mudar & medida que se desenvolve a Método do trabatho institucional E posstvel que se posse enumerar distintos métodos ou diferentes procedimentos e enquadramentos para o trabalho em psicologis institu: clonal, Aqui desenvolvemes o que cremos mais de acordo com nostos obje- tivos ¢ descartemos tudo 0 que possa significar uma obrigoc86, exigéncis cou urgéncia em obter resultados préticos imediatos, ng sentido de que nf interessa desenvolver um empirlsmo com certas técnices ou regros estereo- tipadas que nos distanciam dos fins que porseguimos: os de psico-higiene. Descartamos igualmente toda contaminacSo mesiénica de institut psi ‘logo e @ psicologla como “‘salvacdores” de qualquer espécie. or sua vez, vemos como impreterivel 0 fato de que o objetive.ov finalidede. que fixamos para a psicologla institucional seja reelizedo com carbtor de uma investigeeo cientifie submatida «um método ave der 45 vemos conseguir que soja progressivamente mais rigoroso. O objetivo que ‘queremos alcancar © para o qual tendemos formar parte do enquadramento da tarefa © 0 meio de alcancé-ioé através da investigacSo, Ndo se trata, em psicologia institucional, de um campo no qual hi que “aplicar" a psicolo- ja, mas sim de um campo fo qual hé que investigar os fenémenos psicolé-». gicos que nele tém lugar. Nenhume investigacto pode ser reelizada sem abjetivos — explicitos ou implicitos —, mas os abjetivos constituem partec®< do enquadramento, uma espécie de tla de fundo e,# rigor, temos que nos * ater estritamente & prépriainvestigacSo. © trabalho am pricologia institucional requer ainds uma investige ‘elo mais ample e profunda que a realizada até agora, que nos permita cconfigurer mats claremente as tcnicas e ertérios a empregar, tanto como 0 caréter 60 problema que temos que enfrenter. Todos os nossosobjetivos, 6 da tarefa& da investgeciolinvestigagdo ie fotos e téonicas) sb podem s&r abarcados, em nosso entender, com a utlizacio do método clinico. Desta maneira, 0 que vamos desenvolver aq poderse resumir, dizando que se refere fundamentalmente ao emprego do rmétodo clinico no émbito da psicologia institucional a dentro do método clinico guiamo-nos pele sistemética do enquadramento introduzido pela técnica psicanalitice, adaptedo as necessidades deste Ambito e eos proble ‘mas que aqui temos que enfrentar, ‘Sem &nimo de explicer aqui o método elfico, recordemos que 0 mesmo se ceracteriza par uma observario detelheds, cuidadose e comple- ta, realizeda em um enquadramento rigaroto; este enquadramento pode-se definir como 0 conjunto das condieBes nas quais we reliza a observacdo ¢ constitui uma fixepdo de varévals ou,— dito de outra mensira — uma el rminagio de parte das vaidvels ou uma timitaedo das mesmas, ou a finagS0 de um conjunto de constantes, que tanto nos serve come meio de padro- nizagfo como de sistema de reeréncla do observado. Sara aqui muito inte ressante e importante poder estabelecer as semelhangat,diferencas e rela- es do métode clinieo com os chamados métodos ou procedimentos epidemioléaicos. © modelo do enquadramento psicanalitioa se estende & mode lidade da observacio que se leva a cabo, que nfo consiste somente num registro cuidedoso, detalhado e completo dos acontecimentos, mas sim numa indagarto operativa, cujos pessos podem se sistematizar as 2) observacio de acontecimentos e seus detalhes, com a continuida dde ou sucesso em que os masmos se dio; 46 J compreansio do significado dos acontecimentos ¢ da forma como cles s relacionam ou intogram; ‘) Incluir os resultados de dita compreenso, no momento oportu terpretenf,assinalamento ou reflexéo; “9 passo anterior como uma hipétese que, a0 ser emi +tida, Incluise como uma nova variivel, ¢0 registro de seu efeito — tal co- ‘mo no passo (2) — leva 2 uma verificac%o, ratiicacéo, correo, enrique- cimento de hip6tese ou a uma nova; com isto, volte-s a reinicier 0 proces- 40 no pesto (2), com uma interacdo permanente entre observaglo, compre: consio € a0, (© mals importante que corre é que nfo somente podem se escle recer e corrigir problemas e situactes, mas sim que gradualmente tem lugar uma meta-aprendizagem que consiste em que os implicados na ta- rofa aprender a observar e refletir sobre os acontecimentos e a encontrar s2U sentido, sous efeftos e integraeGes. Para o préprio psicslogo nfo se tre ‘2 de uma “eplicagéo"” da psicolosia — que conduz repidemente a estereo- tipos —, mas sim a de uma conjungéo de sua condiggo de profissionale , / investigedor. A investigaeo modifies 0 investigador e 0 objeto de estudo, ‘© que, por sua vez, é investigado na nova condigSo modificada, Com isso, | dése uma préxis na qual © investigar 6 20 mesmo tempo, operar e 0 |) agit se torna uma experincia enriquecedora e enriquecida com a reflexéo | ea compreensio, ‘Técnicas do enquadramento Uma vez caracterizado 0 método a seguir (incluidos os eritérios de- Tivedos do objetivo da tarefa), que consta fundamentalmente de um enqua- cate equi desenvolver a dindmica dos grupos e a das relagtes intergrupais, que se acha fora de nosso propésito presente, Os grupos dem tro de uma mesms instituicio servem, por sua vez, pare cistribuir e contro. lar ansiedades © com isto culpas e perseguigSes, mas nem sempre so cumpre ©. postulado de que um perigo externo love @ ume maior coesao intragru- pal, jé que quando se ultrapassa determinado umbral e 0 perigo externo s@ tora ingoverndvel, 0 grupo ou a instituigfo em sue totelidade reprodu- em dentro de sua prépria estrutura a situage de perigo, como um tenta- tiva de controléo ou govern ftictamente em condigies mes contol: ‘Momentos de tensfio produzem regresséo 20 grupo primério; a este- ‘eotipis grupal no permite teis regressBes que, se s80 dindmicas, sfo posi- tives. O grupo psicologicamente atendido em uma instituigdo pelo psieé- logo tende a ser earregado com tensBes de outros que nio 0 so. Por outra parte, deve se contar com a possibilidade de existéncla, 20 ‘mesmo tempo, na mesma instituigdo, de grupos e relacées primatias, se Cundérias e estereotipadas que devem ser avaliadss com cautela. © hospital como instituiga0 ____ na instituiedo hospitalar onde a psicologia institucional provou até agora ser um dos ezmpos onde se torna muito proveitoss sua utilizacdo, mas isto pode se dover somente ao fato de que é a instituigso mais airete ‘mente ligads, na atuelidade, a parte da atividade do psicdlogo e 20 feto de serthe um dos organismos mais ecessiveis (ainda que néo facilmente aces Sivell. Os objetivos da psicologia institucional se tornam também mais cla- os no hospital j& que também se dé o fato de que esta instituicgo é menos Conflitucsa para © préprio psicélogo em tudo o que se refere a sua ideolo- Gia © seus objetivos. O fato ¢ que a psicologia institucional aplicada 20s hospitais se torne, a rigor, uma arma terapéutiea muito eficaz, no sentido 60 de que todo o hospital (sua estrutura) se transforma em si mesmo em um gente psicoterépico de grende eficiéncia, em profundidade e amplitude. E reste sentido s2 alcenca organizer a psicoterapia 2 nivel institucional @ io 20 da psicoterapia individual ou grupal. Uma tarefa altamente ansiogénica como 0 6 0 contato disrio com os problemas da doenea ¢ da morte, ctia necessariamenta na equipe médica e ‘uxiliares comportamentes defensivos de distinto tipo, entre 05 quais nos interessam particularmente aqueles que o psicdlogo deve atender em sua tateta de psicologia institucional. Um deles consiste no fato de que muitas, tens6es na equive médica, que no sSo explicitadas e resoWvidas neste ni- vel, s$0 deslocadas a0 pessoal auxiliar ou &s relecdes entre os pacientes entre si e cam o pessoal auxilisr, © médica tende - como conduta defen siva — a adotar uma atitude onipotente que em muitos casos se sproxima de uma tentago de “Joga” de mago, Esta atitude cria e fomenta uma in- ‘comuniescdo entre 0: préprios médioos e entre estes com 0 pessoal auxiliar 08 doentee: isto ¢e combina, além disso, com uma exignela implicita de dependéncia dos pacientes, que se vd facilitada pela regresslo 2 que conduz 4 propria doengs. Mas, na medida em que se fomentar a dependéncie, se incrementam também as exigéncias e as conseqUentes frustrages e ingr tidBes ou situacSes persecutéries que se deslocam 20s pacientes entre si com 0 pessoal auxiliar. O “se portar bern’ é uma das exigéncias implick ‘es que se faz ao paciente, entendendo por isto sua dependéncia, Toda esta situacéo, sltamente ansiogénica, se combina &s vezes com ‘um emprego alienante e abusivo de distintos medicamentos, especialmente sedativos e hipnéticos, com os qusis s6 se encobrem as situacSes de contl- 10, com frustragGes pars todos. Outro problema institucional, como o do ritmo de altes e aprovel- ‘tamento de leitos, se vé relacionado com uma necessidade inconsciente, por parte do médieo, de reter seu paciente e, por parte deste e em fungio de sua dependéncia, com sua necessidade de sor retido. Estrutura-e uma verdadeira simbiose hospitalar, dado que a alta de cada paciante abriga o im6dico @ reintrojetar tudo o que nele tinha projetado ou depositado!®, com a conseqiiente mobilizacdo de snsiedades; e o mesmo ovorre com o Peciente que, em suas condictes de regressdo, se vé mobilizado em sues !nsiedades ao ter que se re-situar na vida extra-hospitalar e assumir obrige ‘:6es @ conflitos dos qusis se havis separado temporariamente por sus 10 6 madico mantém projetadas em snus pacientes sues prprias ansecuces hipo- concaens e ests ae acetam em troca da sagurange da cependénel, 6 internagio. © intervir aqui sobre os pacientes @ em sua relagSo com a fa- ¢ 0 médicos torna-se de vital importincia para cortar este citculo de realimentacSo. Por responder 8s mesmas estruturas socials, 26 inst/tuipdes tendem 2 adoter 2 mesma estrutura dos problemas que téin que enfrentar. Assim, no hospital geral, a dissociacio corpo-mente que rege os pacientes rege 2 prOpria instituigSo e isto se recorda aqui, j6 que nisto reside uma das fontes da resistencia co psicélogo e a sua tarefa, cujo trabalho significa, neste contexto, no outra colsa que um retorno do reprimido, com a mobilizacio conseailiente de ansiedade. [Nas instituigdes que atendem doentes mentals estes problemas se ‘tornam ainda mais agudos. Um dos que se apresentam & sempre (até ago- ra) 0 de uma forte dissociaedo entre os abjetivos explicitos ¢ implicitos a instituigo: entra os primeitos se acha, evidentemente, 0 propésito de ccurer doentes mentais, mas em contradigSo com isto o Instituto psiquistri 60 tende 2 defender a sociedade do alienado, segregendo-0 ¢, neste senti- 9, 2 instituieSo tende, em sua organizac3o total, & slionagio e & segrega- 80 do doente mental. Como em nenhum outro caso, se faz aqui muito evidente 0 fato de que 2 instituico tence @ adquitir a mesme estrutura {© 0 mesmo sentido que o problema que se prope a retolver. O asilo tem fem sua organizago & mesma alienzeso que seus pacientes: os doentes ten- dem @ ser tratados como coisas, @ identidede se perde totalmente, os Ccontatos sociais se empobrecem, se chega a uma monotonia com uma forte despriveefo sensorial, que reforga e mantém 2 alienagSo dos pa- clentes. Os loucos, as prostitutes e delingtientes so os sintomas de ume sociedade perturbade e as instituicdes tendem a reprimir e segregar tanto ‘como a propria sociedad, jé que as instituigSes sS0 0s instrumentos deste ltima, O adotar uma atitude distinta significa tomar consciéncia ou ‘nsight dos problemas e conflitos que, por sua mera presence ou existEncia, denunciam a sociedade que cria os alienados, as prostitutes e os delin- iientes. Além disso, se compreende melhor este fato se se tome em conta luma das funcées fundamentals des instituigSes socials: @ de servir de pro- jee ou depositéria da personalidade sincrética, Mobilizar @ organiz de uma instituicéo significa, entdo, mobilizer as ansiedades psicstices que nela se acham condensadas e controledes. O préprio paciente oferece uma notdvel resistencia, dado que num limite circunscrito e rigido ele pode dis- ‘ribuir e controlar melhor sua personalidad sinerétics que no mundo mais mutante e dinémico da realidade, 62 gore © ferlomeno da desprivagio sensorial nfo é, por outra parte, exclust yo das instituieBes psiquiétrioas; ser’ encontrado com maior ou menor in- fensidade € com distintas formagSes ou aparéncias em todes as institu ‘goes, Neles se tendo sompre & estabilizaco o & estereotipia, & monotonia, {que se bem por um lado cumpre com uma das fungSes psicol6gicas da ins- titvicgo, leva, por outro lado, a um continuo e reiterado empobrecimento ‘das relagSes interpessoais, © hospitalismo se soha assim ~ em diferentes formas Ou expressBes — om todas as instituledes. A burocratizagéo respon- de 8s mesmas causes e & mesma dindmica social e psicoldgica. & 0 fenéme- rho que, em seus termes gerais, pode se designar, tal como 0 fazem Bettel- helm e Sylvester, como “institucionalismo psicolégico", do qual o hospi talismo e a burocratizecfo slo s6 dois aspectos. Todos eles significa, em Ultime insténcia, @alienaeo ou menutencio da alienaco do ser humano, seu empobrecimento e sua desprivaggo de vineulos humanos e o esvazia- ‘mento de sua condig#0 humana. Acempresa ‘A empress € @ instituigdo que colocs os problemas mais agudos quanta & elucidagdo de objetivos e & aceitago da tarefa profissional, “Toda empresa tem como objetivo fundamental, de uma ou outra rmaneira, um incrémento de sua produtividede ~ melhor dito, de suas uti- lidedes ~ e do priablogo se espera, explicita ov implicitamente, uma con- uso das relacSes humenas que leve @ esta finalidade, Em nenhum caso © pricdlogo deve se situar como agente ou promotor de produtividade, porque nfo 6 esta a sus fungdo profissional; seu objetivo é a sade e 0 bem: estar dos seres humanos, 0 estabelecimento ou eriaedo de vinculos saudaveis, © dignificantes, Seus objetivos podem levar tanto a um aumento de produ- idade — ou dos beneficios — como a uma diminuiggo da mesma, de me-| | neira passageira, transitérla ou estivel, mas em nanhum caso é isto o que! ‘mede a offcécia de sua tarefa. Infelizmente, isto pode ser um obstéculo insolGvel para seu trabalho profissional, em cujo caso deve ser sacrificado esta Ultimo e no seus objetivos profissionals. No entanto, 2 empresa néo se acha sempre interessada em um in- ‘eremento da produtividade; isto depende — em itima instancia — de que ‘eoincida ou no com um incremento de seus boneficios ¢, neste sentido, 63 /h8 6pocas ou eictos econdmicns nos quaisinteressa 8 empresa diminutr a pro dutividede e acode 20 psicdlogo para selecionar empregedos para. dispensa ‘ou para uma mudenga parcial de suas atividades e nos quals se espera que 0 psigblogo nio s6 selecione como também "conven. Em todos of casos, © psicélogo deve agir exclusivamiente segundo seus abjetivos (os da psice higiene) ¢ rejtar tareta sea v8 incompativel com seus propbsitos. Em uma oc3sido, foi sol ited a ajuda de um psicblogo para ilustrar tum grupo de dlrigentes de empresas sobre téenicas pricoldgias, O abje- tivo explicito era 0 de melhorar as relagdes humanas da empresa respec. 2:2 finalidade implfcita era @ de poder “manejar” melhor os empregedos ® operéries. © psicblogo aceitou sua tarefe, mas a levou a cabo segundo seus préprios objetivos: trabalhou com 0 grupo no sentido do esclereci mento destasfinalidades encobertas e na dos prprios contlitos que tinham estes dirigentes de empresa com suas préprias funSes, que derivavam ba. Slcamente de estar submetidos a uma dupla pressfo, que provinha, por uma parte, des exigéncias de meior utilidade da empresa e, por outra parte, sua identificegdo parcial com os interesses @ problemas de seus empre, ‘g8d0s ¢ operdrios (provinham todos de classe mBdi). Em outra ocasio, um psicblogo foi chamado para intervir numa si- {tocGo csbtica que havie desembocado em uma greve operéria, sem que se vissem com clareza quais eram os motivos e ot propésitos desta iltime, 48 que @ empresa, inclusive, pagava com remuneragBes superiores as dos convénios. Trabathou em primeiro lugar e unicamente cor © corpo di © desta reunio dorivou @ andlise do estrutura p: atuave com grande seducio sobre os dirigentes operéries, amor este| maneira a eficécia dos mesmos; mas isto levava a uma situacdo de Srande insatistago e mal-estar pela falta de identidace em que se encontre: vam 08 operirios, que se achavem assim totalmente sujeitos e dependentes, ‘A mudanea se fez somente sobre esta estrutura paternaliste, a qual levou indiretamente a uma organizecgo sindical autnoma, que dava um status efinido aos operérios. Uma estratégia fundamental em toda esta tarefa & 8 de considerar © que consulta nfo s6 como cliente, mas também como o sujeito sobre 2 gual hi que agit, de tal maneira que ele mesmo esclarega suas moti ‘es, objetivos, suas contradioSes e conflites, tanto como sue prépria ma- Ielr de agir e as consoqincias que se derivam da mesma. Nio tocar este aspecto @ $2 ocupar de outro grupo ausente compromete 0 psicésiogo em luma alianea implicita utilitéria e perde no eaminho seus objetivos como téenico da psicologi 64 ir ct especialmente neste campo,” E inegével que 0 psicblogo se encontra, espe in nie. pee a sh para ipresa, Para nés, 0 fator humano é atendic Set tee nico eu ay ae ne ca me ioe co jn jéncia em outros menos con- Sa oe nnn neaconmnee Jj das técnicas respectivas, E particulermente interessante conside- bees 08 inimigos do avango das ciéncias naturais foram as forcas: socials ee cee eae “Jo. Nao é menos certo que as for essa, porque nfo resulta progressista nem humano, Mas tods esta situack Psicologia da equipe de psicdlogos ‘A psicologia institucional deve comegar sempre por ser aplicada 20 prOprio grupo que tem a seu cargo @ tarefa numa insituicSo ¢ isto 6 assim Crozier, Friedman, jnura dx publicagas de Ti = Parsce-nos Stil recomandar @ isitura das publicg man spit non parc porto ate te even Ge ES Sosa sma Ss tag operas ure ees ae com

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