Você está na página 1de 12
(QUESTOES ATUAISDEDIREITO LOCAL Publicado trimestral —1.°01 Janeito/Margo de 2014 Propaedadettor Regaiee Associa de aids Dino Keone Leal ~ AEDRL Run da seas 9? 16 710.09 Contbuinta n° 510621 589 URL: werden ‘Comsspondéncin “Toduaconespondnca deve se dig (Quests Ati de Dizio Leal Aperado3007 S710 rage Tel-566 15208 ma cedezunaegmailcom Inpresie: Dido de Miho, 1s ‘ua de Seta Margi, A, Bogs epi da C1260 Deposit gil 3678113, ‘rng 0 empire Apolo dentin: [NBDAL = Niseode Hees de Deo Ss utara Losi Dintibolgh: libra bice scordo orginal inlegio ‘nieve exoreat dos autores: Antnlo Cn de vein Conse de Reda ‘Anta Cand de vir Prefer tr ne ie (Cale Abra Amore reser pe es Fomanda Paula lie ron Utara Cars Inbel Celeste M. Fosse, efoto Joni Prla da Rota ford nbes ee Jose el Aleendine Pfr de veri ee usenet je eae ae arse Alida Cera fra Unbeie Senta d Comp ‘Pf del Coe Prag A Jevier Feria Feiner ‘Anaerstalo de Owen ‘carlos Caaiha Carls Carvalho ara Pas Ferrie Testbed Celeste Fora Tos Astin Bae Nunes Jost Taree Tout Mel Aleeanérino are Cristina Gallego dos Santos Pedro Cesta Gongstes Composigioereviskr QUESTOES ATUAIS DE DIREITO LOCAL N.°01 ~Janeiro/Margo de 2014 AEDRL ~ Associacaio de Estudos de Direito Regional e Local a ‘A Le de Reforma de Adminstragio Local ¢os seus grandes problemas Formulada essa proposta, quanto as questdes que procurei arro- Jer, penso que as mesmas dizem afinal respeito ao défice de qualidade das nossas instituigoes, particularmente 20 amadorismoe partidarismo, ‘bem patentes na forma como a condugio de mudancas legislativas to relevantes é confiada h responsabilidade de dirigentes politicos impre- parados que pretendlem decidir contra ahistoria, contra arazio e contra a Constituigao, Em suma, na perspectiva de quem deseja o aperfeicoamento das, instituigSes e num pais de tio larga tradigao municipalista, uma reforma Iogislativa como a que estive a analisar na generalidade 6 pode ser mo- tivo de uma enorme decepgdo. Em todo 0 caso, importa dizer que, en- quanto a mesma nio for substituida, alei tem de ser estudada e aplicada ‘© melhor possivel José Mato AusxXANDRINO (*) (Professor da Faculdade de Direit da Universidade de Lisboa) oN y2e ter todavia o inconveniente de co- Novo ene Jaiico ds Auta Los) que tm Cc Cera date x7) de 12 too pores design coneponser ts ds (uate) nto materi al bj de men express. ‘cvorvontnds expen do mtr eteartgo segue aegeasantesiores so no¥0 acortoorogrti. As entidades intermunicipais — em especial, as comunidades intermunicipais Introdugio. 1. Associagies de municipios e onganizegao teritorial au tirquica (efertnclas constitucionais). 2. AssoclagSes de municipios eenti- dlades intermunicipais, 3, Em especial, a comunidades intermunicipals. 3.4 Instiuigio. 3.2. Estruturn anginica, 33. Atrbuigbes ecompetincias das CIM. 3.3. Competéncias priprias por atribuigio legal. 33.2. Competéan- cas proprias estatutrias. 33.3, Competéncias delegadas. 3.33.1. Compe- ténclas delegadas pelo Estado. 333.2. Competincias delegadas pelos smuinicipios. 34. Posigéojusidica das CIM na organizacio administraiva portuguesa Introdugio A Lein. 75/2013, de 12 de setembro, estabelece, no Anexa I, 0 re- gitne jurfdico das autarquias locas, o estatuto das entidades intermani- ipais, oregime jutidico da transferéncia de competéncias do Estado para as autanquias locais e para as entidacies intermunicipais e o regime jr ico do associativismo autdrquico; identificamos 0 Arexo I pela abrevia- tura RAL, Como acaba de se indicar, além do mais, oRAL aprova eesta- belece 0 “regime juridico do associativismo autérquica’, bem como o “estatuto das entidadles intermunicipais’ (), Sem preiuizo da dicotomnia legal etre associativismo autérquico eentidades intermnicipais, o RAL ‘estabelece que as entidades intermumicipais constituem “associagbes de ‘autarquias locais” (cf. art. 63. n° 2), As entidades intermunicipais so as dreas metropolitanas e as co- munidades intermunicipais (CIN). (°) Apesar da expres refertncia legal o concelto de asscintivisna autangulo surge apenas no suirio e nos prestes que indicam a cbjto da regalamentaco (tat Lda Lein’ 792019 eart. 1° do respetivo anex)-O dispositive doRAL ignore o conceit ad Asentidades bermunicipais Sem se descansiderarem as diferengas entre as duas categorias de ender pce dro qo RAL coniguremboscano Dro con into de a defer neo do tert e de Srosta psoa gs” intgan®, “ent” 08 "Ae municipios e que desenvolvem a sua ag@0 num plano ~ porventura, mais eanecansmnnigyl’ssupramsicl” janioder elementos corse weston expe oes as nade eran peas clave pos os ond oo BAL ls ses eranado 0“ daleinont Inte popeatete dine not 1 do Anes0, 6 se Siew so “bjto ca pesca () sgn etarmen don de uma Grande Reforma da legislagao do Poder Local. Porém, néio é 0 secant get ne do rp egies uti oc (0 sin nb we neume aera derov, Bem vinta ab cS, 0 cs mde owt «pat do ascathiomo surge eat da rer ds ade neni ova nav i em veunde niga veer arealades forex) Nota are ‘analise sobre a intencionalidade politica da reforma conduz-nos a con- Shir dass bes pence porventr,o Penal cS dfn dancondghs puna ing de un ie Ope eet mintgi xa poserado sc do uric, com ura wennomaneyal os aprenunil que wegando vos mec wie mare atng em em etn, na ea deedo ese ae ds pafcosesobrctad, denen Ao cone dose seen afm neste pot, oat da slog do RAL. ros rere ii eines de un scene darexoneliai, Paver define de uma aleve un process de ptm ana cations te dienente noel de mposielel- diode aio on dearer de main [9 Enidades que, urpreendentemerte, o RAL nio identifica, em nenhuss das suas ronnas,peferndo remefer pata oindepeteo trabalho de deduzir que as avarasies Tocaisem esa s80 omnia e a fegusis. Tate deur fala de sstomatizaco, grave ‘rom dipioma que “estabeleceo regime juidico das autarquis locas" (Quests Abus de iret Loc! + nOL + Janeeo/Margo 2018 1. Associagdes de municipios e organizacio territorial aulér- quica (referéncias constitucionais) Cart, 253° da Constituigio da Repiiblica Portaguesa (CRP) esta- belece que os municipios podem constituir associagbes (e fecleragées) “para a administragao de interesses comuns”. Além disso, desde a revi- sto de 1997, a Constituicio presé que olegislador possa conferit “atribui- es ¢ competéncias proprias” a essas entidades ‘Numa configuragéo constitucionalmente possivel, as associagées de municipios, uma vez criadas por iniciativa municipal e no exercicio de uma “liberdade de associagio”, podem-se considerar (também) asso- cingées piblicas com atribuicdese competéncias préprias —atribuigdes e com= peténcias que a leiIhes confere diretamente e que naotém de resultar do contrato associative, nem, por conseguinte, ter origem nos municipios associados. Quer dizer, embora devam ser originariamente insttuidas porimpulso municipal e, por conseguinte, com funclamento'na vontade dos municipios ¢ para “a prossecucio conjunta” de aitibuigées dos mu- nicipios associados, as associagSes de municipios podem, depois, verse investidas de atribuigSes e competéncias préprias, sem caréter municipal Neste sentido, ena concecio constitucional, ainda que, a partirde ‘uma decisio municipal (de constitui¢ao ou de adesio a uma associagao) ‘enum quadro associativo intermunicipa, as associagSes de municipios podem surgir legalmente habilitadas @ atuar também numa dimensioe com uma légica supramnicipal (com ambito de juriscicio acima do ter rit6rio municipal e, sobretudo, com competéncias no pertencentes nem derivadas dos municipios associados, mas antes conieridas diretamente da lei. As associagies de municipios nao constituem autarquias locals ‘Como se sabe, a Consttuigio estabelece um principio de tipicidade ede rumerus lausus de autarquias locais~ cf. art, 296," € 2: auta locais sd 08 municipios, as freguesias (e as regities administrativas). Mas 0 facto de se tratar de associagBes de autarquias locais coloca as as- sociagSes de municipios em situagio de grande proximidade das autar- quias locais. Jé fora do enquadramento constitucional das associacdes de mu- nicipios, em relagio as grandes éreas urbanas e&s ilkas, a Constituigao a3 Aventdadee intormoni autoriza o legislador a estabelecer,diretamente, de acordo com as condi- ces especificas das préprias grandes 4reas urbanas edasilhas, “outras formas de organizagio territorial autdrquica” (cf rt. 2368, n.°2) ~esta categeria, que abrange tum tipo de entidades intermunicipais, as éreas ‘metropolitanas, nfo tem jé uma base ou fundamento associative, mas antes um fundamento legal 2, Associagdes de municipios e entidades intermunicipais Considerando o disposto no art. 63° do RAL, existem trés catego- rias de associagies de municipios: as éreas metropolitans, as comunida- des irtermuicipais e as associagées de municipios de fins especificos. 1) Areas metropolitanas-~ consideradas associagées de autarquias locaisno n°? do art. 63. ciagae direta por lei das dreas metropolts- nas encontra uma credencial constitucional na referencia 38 outras for nas de organizagio territorial autdrquica (ars. 66°-79°). Tratavse de ‘uma categoria de entidades intermunicipais, Tvistem duas: a Area Motropolitana de Lisboa (que agrega 18 mu- nicipios)¢ a Arca Metropolitana do Porto (com 17 municipios) Considerando a divisio e a nomenciatura consitucional, revela- «se, porventurs, duvidosa a qualificagio legal das dreas metropolitanas como aesociagSes de municipios ou de autarquias locals €), Com feito, feats Ambito, a Constifuigao distingue trésrealidades: as “autarquias Tocais”, as “associagbes dle municipios” e“outras formas de organizacio texrlorial atézquiea”. Nao cobram ividas de que as reas metropoli- tanas integram este tercciro ¢ nao o segundo grupo. Em contrapesiglo ‘20s outros, 0 conceito constitucional de associagéo de municipios cor teoponde uma entidade instituicla por decisio municipal e exprime lume vontade e uma Iiberdacie de associagio clos municipios interes- ‘ey Recorde-se que s Lei 46/2008, de 27 de agosto, jf quaificava as éeas metro- poltaae de Lshoa e Porto como “forma espeiia de ssocagto dao mumipio abran- Eidos" Apesar disco, ossas entidadeseram feguladas ere propia, diferente dali que ee selec orexime judi doassociativiemo municipal (Len? €3/200, cle 27 de agosto} Quests Anais de Diet Local © n2 01 + Janeixo Margo 2014 sados ('). Ora, este néo é manifestamente o caso das areas metropolita- nas, na configuragao que as mesmas adotam no ambito do RAL (e antes dele) Pela mesma razao, pode até pOr-se em crise a qualificagao das reas metropolitanas como “entidades intermunicipai”, pois. a refexéncia intermunicipal envolve a sugestio de um cardler genuinamente associa tivo, que, em sentido estrito e rigoroso, nao existe. As areas metropoli- tanas so, na verdade, entidades supraruunicipais, clades por iniciativa do Estado-legislador, e nao dos municipios que as integram. Os muni- cipios abrangicos pelo territério de uma drea metropolitana néo bene- ficiam de opting-in nem de opting-out. ‘Apesar do que acaba de se expor —om larga medida com base n= ‘ma compreensio literal de indicagées do texto constitucional e numa in- terpretagio estrita do conceito de associaga0 -, reconhece-se que, na tipo- logia das organizagdes, e porque tém um “substrato pessoal” (integeam pessoas: municipios), as éreas metropolitanas slo entidades (criades por lei) que associam, juntam ow congregamt municipios -recorrendo a uma for- ‘miulagio da legislagao anterior, pode dizer-se que se trata de uma “forma specifica de associagao”, no caso, uma “associagio ce adesio coativa”. E trata-se, além disso, de uma essociagio govemada autonomamente por ‘orgaos que radicam a sua legitimidade nos municipios que nela se con- gregam. Neste sentido, a recondugio das reas metropolitanas ao setor da administragio auténoma (territorial) afigura-se tio correta ou rigorosa como a qualiticacéo das associagles ptiblicas profiscionais (de filiagio coativa) enquanto entidades da administragéo auténoma (funcional), Assim, julge-se pertinente a qualificacio das éreas metropolitanas como sssociagées pliblieas de administragio autdnoma tervtoral §i) Comunidades intermunicipais (CIM: arts, 80°-107*) -do mes- ‘mo modo que as éreas metropolitanas, consideradas pelo RAL associ s8es de autarquias locas eentidades intermunicipais correspondem is (*)Nesies terms se pronunciou, bem, 0 Acérdio do Tibunal Constticonal n* 296/2013, que em see defscalizasio preventva, julgouinconsiacicnais a8 normas do Decteto 1.1527 que configuravam as CIM como asiocagoes de manicipice de cana ‘igo legal e de parcipacto obzigatxla doe municipios abrangidoa tras de regime que as afastavar “nslutavelmente da caraterizaqlo com assocages de municipoe ‘As entidades intermnnicipais “associagBes de municipios de fins miiltiplos” a que se referia a Lein® 45/2008, de 27 de agosto (sobre esta caracterizacao, com mais desenvol- vimentos, cf infra, 3.4) xistem agora, com 0 RAL, 21 CIM, De génese voluntaria e preen- chende outros elementos do conceito de administragio auténoma, as CIM aamprem os requisitos que permitem qualificé-las como associagbes poiblicas da admministragito auténoma territorial iil) AssociagSes de (freguesias e de) municipios de fins especifioos (arts. 108°-110.*); como o nome indica, trata-se de associagées de autar- quias locais, mas nao sao entidades intermunicipais. A referdncia na de- signagio aos “fins especificos” explicava-se na legislago anterior, para distinguir essas associagSes das CIM, entéo consideradas “associagies de municipios de fins miiltiplos”. Estas trés categorias de entidades tém, todas, natureza de pessoas coletivas de direito priblica: on 1 do art. 63° do RAL qualifica-as ex- pressamente como “associagbes piiblicas”. No caso das associagées de (freguesias e de) municipios de fins especificos (euja natureza paiblica ‘poderia ser mais duvidosa), anatureza piiblica, que coespondeauma ‘movagzo em relacao 20 regime anterior, decorre, além do mais, da rele réncia &s “pessoas coletivas piiblicas” no art. 110. Apesar da natureza piblica, as CIM e as associagSes (de fregue- sias e) de municipios de fins espectticos constituem-se “por contrato, nos termos da lei civil” (arts. 802, n.°2, ¢ 108°, .°2), As dreas metropo- litanas sto criadas por lei A diferenca fundamental entre as entidades intermunicipais eas associasbes de fins especificos cifra-se no facto de as primeiras consti- tusrem, de algum modo, uma “criagio legislativa”, com atribuigées pré- prias, definidas dirotamente em lei ~ no RAL (arts. 67.°¢ 81.) e em legislagio subsequente (cf. n.°3 dos arts, 67. e 812 e art. 111.°) ~, que, além disso, podem beneficiar de delegagées de competincias do Estado ¢ dos municipios e com uma delimitagio territorial também definida ‘por lei (cf, anexo IT Lei n°75/2013).E certo que as CIM nio so exala- mente criadas por lei, mas antes por contrato; néo obstante,é a lei que Ihes estabelece a designagio, define o Ambito das respetivas competén- Quests uae de Diteto Local ¢ 0°01 + janeteoargo 2014

Você também pode gostar