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Contabilidade Fiscal
Professor : Geraldo Farias
1. Contabilidade Tributária
1.1 Conceito
É o ramo da contabilidade que tem por objetivo aplicar na prática conceitos, princípios e normas
básicas da contabilidade e da legislação tributária, de forma simultânea e adequada.
Como ramo da contabilidade, deve demonstrar a situação do patrimônio e o resultado do exercício,
de forma clara e precisa, rigorosamente de acordo com os conceitos, princípios e normas básicas de
contabilidade. O resultado apurado deve ser economicamente exato.
Entretanto, a legislação tributária freqüentemente atropela os resultados econômicos para, por
imposição legal, adaptá-los a suas exigências e dar-lhes outro valor (resultado fiscal), que nada tem a ver
com o resultado contábil.
Como se demonstra na parte especial, é comum que empresa com prejuízo econômico, ao qual o
fisco manda acrescentar despesas que considera indedutíveis, chega a apresentar um lucro fiscal que
recebe o nome de "lucro real"!
Ora, os sócios ou acionistas têm o direito de saber o efetivo resultado econômico, que não pode ser
modificado para atender exigências fiscais. A contabilidade deve demonstrar com exatidão o patrimônio e o
resultado do exercício.
Entretanto, as exigências fiscais impostas por lei devem ser cumpridas, o que é
feito mediante controles extracontábeis e puramente fiscais. Os tributos serão devi-
dos na forma exigida, desde que suficientemente amparada em lei.
Exemplificando: na demonstração do resultado do exercício, devem ser provisionados os valores
para pagamento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e
da Contribuição Social sobre o Lucro (CSL). Deduzindo-se do resultado do exercício
essas provisões, o que sobra é o lucro líquido à disposição da sociedade.
Se um dos sócios for conferir a provisão do IRPJ calculando-a à alíquota de
15% sobre o resultado antes da provisão, encontrará diferença.
Por isso, em nota explicativa às demonstrações financeiras, deve ser informa-
do que o IRPJ foi calculado na forma da lei (resultado do exercício + adições - exclusões-compensações),
ou seja, por outro valor, denominado lucro real, que não é o
resultado econômico antes dessa provisão, mas um resultado fiscal.
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Contabilidade é a ciência que estuda, registra e controla o patrimônio e as mutações que nele
operam os atos e fatos administrativos, demonstrando no final de cada exercício social o resultado obtido e
a situação econômico-financeira da entidade.
O conceito dado pelo CTN (Lei n° 5.172/66) em seu art. 96, é adequado e suficiente para nosso
entendimento:
"Art. 96. A expressão legislação tributária compreende as leis, os tratados e convenções
internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes."
Faz-se necessários que saibamos a hierarquia das leis que são as seguintes Constituição,
Emendas, Leis complementares, Leis ordinárias, Medidas Provisórias, Resolução do Senado, Decretos,
Portarias etc.
É importante chamar a atenção para o fato de que o art. 96 do CTN retro transcrito fala... "versem
no todo ou em parte..."Ou seja, fica claro que há leis que tratam exclusivamente de tributos e relações
jurídicas a eles pertinentes, mas também há leis que, embora tratem de outras matérias (financeiras,
econômicas, trabalhistas, comerciais etc.) versam em parte sobre tributos e respectivas relações jurídicas.
Mas não se assuste, pois, com paciência e método consegue-se transitar pelo emaranhado da
legislação tributária, sem muitos arranhões. É o objetivo de nosso estudo.
1.2 Objeto
1.3 Método
A eficiência e exatidão dos registros contábeis são fundamentais para que a administração planeje
suas ações.
A contabilidade, entre outras funções, é instrumento gerência! para a tomada de decisões. Por isso,
deve estar atualizada e emitir relatórios simples e claros para o administrador.
Sem relatórios objetivos e atualizados, não é possível fazer qualquer tipo de planejamento sério e
conseqüente.
A contabilidade tem ainda outras funções, como:
a. registrar os fatos administrativos (memória);
b. demonstrar e controlar as mutações patrimoniais (controle);
c. servir como elemento de prova em juízo ou tribunal;
d. fornecer elementos para que os acionistas ou sócios possam examinar as contas da diretoria e
aprová-las ou não;
e. demonstrar ao fisco o cumprimento da legislação tributária;
f. fornecer dados para a tomada de decisões etc.
Fundamental é, sem dúvida, a função de fornecer elementos para a correta gestão do negócio,
permitindo tomada de decisões eficazes. (Lembrar a diferença: eficiência é fazer bem feito; eficácia é fazer o
que tem que ser feito, da forma possível e no momento certo.)
O Sistema Tributário Nacional é o conjunto dos tributos que compõem o ordenamento jurídico, e
também as normas tributárias de um determinado país. É um conceito do Direito Civil.
No Brasil, o sistema tributário é constitucional, e portanto rígido. É conhecido pela sigla STN - Sistema
Tributário Nacional, nome que recebeu quando da sua primeira estruturação em 1965.
A Constituição Federal (CF) não deixa lacunas no Sistema Constitucional Tributário, ou seja, a sua
alteração impõe um procedimento mais solene e complexo do que o exigido na confecção de Leis ordinárias
Ressalta-se à evidência que o Sistema Tributário Nacional pode ser conceituado como o conjunto de
normas jurídicas que indicam de que forma e de que instrumentos o Estado se utiliza para exigir de seus
cidadãos prestações pecuniárias compulsórias.
Convém salientar que Celso Ribeiro Bastos conceitua o sistema tributário nacional como “o conjunto
de normas agrupadas pelo conceito de tributo.”
Diante análise de Ricardo Lobo Torres , o sistema tributário federado tem a equidade entre os entes
públicos, com distribuição equilibrada de recursos financeiros, em consonância com os serviços e os gastos
que também lhe sejam reservados e a autonomia dos entes públicos menores para legislar e arrecadar
tributos. Sistema Tributário Nacional é o conjunto de normas válidas interrelacionadas por princípios
jurídicos que lhes sejam comuns e que contenham a disciplina jurídica das prerrogativas da União,
Estados, Municípios e Distrito Federal quanto à instituição e modo de arrecadação de impostos,
taxas e contribuições bem como as correspectivas garantias materiais e formais dos contribuintes
quanto às limitações à imposição e aos modos de fiscalização, formalização e cobrança.
2.Tributos
2.1 Conceito de Tributos
O Código Tributário Nacional conceitua tributo como toda prestação pecuniária compulsória, em
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Para melhor entendimento sobre a definição de tributo, é possível decompor sua definição nas
seguintes características:
prestação pecuniária: significa que o tributo deve ser pago em unidades de moeda corrente,
inexistindo o pagamento in natura ou in labore, ou seja, o que é pago em bens ou em trabalho ou prestação
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de serviço;
compulsória: obrigação independente da vontade do contribuinte;
em moeda ou cujo valor se possa exprimir: os tributos são expressos em moeda corrente nacional
(reais) ou por meio de indexadores (ORTN, OTN, BTN, UFIR);
que não constitua sanção de ato ilícito: as penalidades pecuniárias ou multas não se incluem no
conceito de tributo; assim, o pagamento de tributo não decorre de infração de determinada norma ou
descumprimento da lei;
instituída em lei: só existe a obrigação de pagar o tributo se uma norma jurídica com força de lei
estabelecer essa obrigação;
A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação,
sendo irrelevantes para qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.
2.2.2Taxas: que estão vinculadas à utilização efetiva ou potencial por parte do contribuinte, de serviços
públicos específicos e divisíveis;
2.2.3Contribuição de Melhoria: que são cobradas quando do benefício trazido aos contribuintes por obras
públicas.
As taxas e contribuições de melhoria têm pouco significado, tanto no que se refere ao montante
arrecadado, como ao impacto causado no contribuinte. Já os impostos representam, de fato, o instrumento
do qual o Estado dispõe tanto para angariar recursos para gerir a Administração Pública e permitir
investimentos em obras públicas, como para direcionar o comportamento da economia.
Com a edição da Constituição Federal de 1988, surgiram para financiamento das atividades sociais as
contribuições sociais, que, embora tenham sido tratadas no capítulo dos tributos, assumem as
características destes para fazer face aos investimentos do governo nesse setor. As contribuições sociais
instituídas têm como base os lucros das sociedades, a folha de pagamento dos empregados e o
faturamento das empresas. Atualmente, são subdivididas em contribuições ao INSS, Contribuição Sindical,
Contribuição ao PIS/Pasep, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e Contribuição para o Fundo de
Investimento Social (Cofins).
As contribuições econômicas estão representadas, basicamente pela CIDE, Além daquelas autorizadas em
lei para representação de sindicatos e profissões regulamentadas. Por exemplo, a anualidade
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desembolsada pelos contadores ao CRC é considerada uma contribuição econômica, pois os recursos são
administrados por entes definidos pelo Estado em benefício da categoria profissional.
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3.1.3 Princípio da Não-Cumulatividade
Deve-se compensar o que for devido em cada operação relativa á circulação de mercadorias ou prestação
de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo menos, ou outro Estado ou pelo DF. Este princípio
aplica-se principalmente no ICMS e IPI.
art. 150, III, "a", CF/88. O Código tributário nacional permite a retroatividade em seu art. 106, quando a lei:
1- em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, ou
2- tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixa de defini-lo como infração;
b) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente á época do fato gerador ou da
pratica do ato.
A irretroatividade tributária também é espécie do princípio geral da irretroatividade da lei, expresso no inciso
XXXVI do art. 5° da CF, que diz:
"A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada."
Em resumo, a lei aplica-se aos fatos que ocorrem após sua entrada em vigor.
Não pode retroagir para alcançar fatos já ocorridos na vigência de lei anterior.
A exceção dessa regra é em matéria penal, conforme disposto no inciso XL art. 5° da CF, que dispõe:
"A lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu."
Dessa forma, a lei que prevê pena mais branda retroage para beneficiar o réu, nos casos em que a lei
anterior previa penas mais severas.
3.1.5.1 Exceções
"Art. 195.(...)
§ 6° As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigi-
das após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver
instituído ou modificado, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b."
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graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte. Aplicação pratica desse principio encontra-se
na alíquota progressiva, presente no:
* imposto de renda;
* imposto sobre a propriedade territorial urbana
* imposto sobre a propriedade territorial rural.
3.2.8 Resoluções
São instrumentos legais emanados pelo Senado Federal, com objetivo de:
a) Eliminar da ordem jurídica, norma declarada como inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como
exemplo pode-se citar a Resolução nº. 49/95, que declarou inconstitucional os Decretos-Leis 445/ e 449/88
(aumentaram indevidamente a base do PIS).
b) Estabelecer limites das alíquotas dos impostos sobre transmissão, circulação de mercadorias e serviços.
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Exemplos de fatos geradores:
A concretização do fato gerador pode fazer nascer uma obrigação principal, que é sempre de
natureza pecuniária, isto é pagar um tributo; ou uma obrigação acessória, que é um dever administrativo.
Por exemplo: emitir notas fiscais, escriturar livros fiscais, fazer inscrição no CNPJ, Estado ou
Município, manter e conservar livros e documentos, prestar declarações em formulários próprios etc.
O CTN o define nos arts. 114 e 115:
“Art. 114 Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e
suficiente à sua ocorrência”.
Art. “115 Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação
aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal”.
Denomina-se responsável a pessoa que a lei escolher para responder pela obrigação tributária, em
substituição ao contribuinte de fato, dada a maior complexidade para alcançá-lo.
O responsável não arca com o ônus tributário, que é suportado pelo contribuinte de fato. Atua como
uma espécie de agente arrecadador do fisco e como seu depositário. Cabe-lhe recolher as importâncias
descontadas ou cobradas do contribuinte de fato, ao fisco, nos prazos de lei. Não o fazendo, será declarado
depositário infiel, sujeito à pena de prisão (Lei n° 8.866/94).
Exemplos:
a. Imposto de Renda retido na Fonte;
b. Contribuição ao INSS (ambos descontados dos empregados);
c. IPI cobrado do comprador na nota fiscal.
O contribuinte e o responsável estão definidos no art. 121 do CTN:
"Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação
que constitua o respectivo fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua
obrigação decorra de disposição expressa em lei."
Exemplificando: a empresa contrata serviços profissionais de um contador autônomo, combinando
pagar-lhe honorários de R$ 2.000,00.
Por ocasião do pagamento, a lei determina que ela, como responsável, desconte o IRF devido sobre
essa remuneração de trabalho sem vínculo empregatício (Tabela Progressiva - art. 620 do RIR).
Vamos supor, no caso, que a alíquota progressiva seja de 15% (quinze por cento), que aplicada
sobre R$ 2.000,00, representa IRF de R$ 300,00. Paga-se ao prestador do serviço a importância líquida de
R$ 1.700,00.
A empresa do exemplo desembolsa exatamente a despesa combinada, ou seja R$ 2.000,00,
dividindo, entretanto, esse valor em dois pagamentos: R$ 1.700,00, para o contador e R$ 300,00 para a
Receita Federal, sem ônus financeiro, portanto para ela.
O contador que combinou por seus serviços honorários R$ 2.000,00 e que só recebeu o valor
líquido de R$ 1.700,00 é o contribuinte de fato que arcou com o ônus tributário de R$ 300,00.
Se a empresa cumpriu a determinação legal de responsável pelo IRF, retendo e recolhendo esse
imposto no prazo, não arcará com nenhum ônus. Foi simples intermediário entre o contribuinte de fato e o
fisco.
Se não retiver o IRF, será responsável por seu pagamento, acrescido de multa, juros à taxa Selic.
Se pagou os honorários contábeis de R$ 2.000,00, sem deduzir o IRF, arcará com o ônus desse
tributo, acrescido de multa e juros, o que importaria em considerável ônus financeiro, pois sua despesa será
de:
RS
Honorários Contábeis pagos 2.000,00
+IRRF por responsabilidade 300,00
Multa 20% 60,00
Juros 1 % 3,00
Despesa Total 2.363,00
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O ônus ainda será agravado pelo fato de não poder deduzir esse IRF e a respectiva multa do lucro real
(art. 344, §§ 2° e 5° do RIR), pagando mais 15% de IRPJ sobre R$ 360,00 (IRF + multa), ou seja, mais, R$
54,00, totalizando a despesa final te R$ 2.417,00.
Se retiver o IRF e não recolhê-lo à Receita Federal, poderá responder pelo crime de depositário
infiel (Lei n° 8.866/94 - art. 4°), sujeito à pena de prisão. Essa pena, entretanto, poderá ser relevada se o
responsável recolher o imposto devido, acrescido de multa e juros, no prazo máximo de 10 dias a partir da
citação judicial (art. 4°). Não recolhida nem depositada judicialmente a importância, o juiz, nos 15 dias
seguintes à citação, decretará a prisão do depositário infiel, por período não superior a 90 dias.
É o valor sobre o qual é aplicada a alíquota (percentual) para apurar o valor do tributo a pagar.
A base de cálculo deve ser definida em lei complementar (art. 146 da CF). Sua alteração está
sujeita aos princípios da legalidade, da anterioridade e da irretroatividade.
Assim, a lei complementar deve definir com muita clareza os critérios para determinação da base de
cálculo.
Como exemplos, pode-se citar:
a. Cofins - faturamento mensal, art. 2° da Lei Complementar n° 70/91.
b. IRPJ - LUCRO REAL, art. 247 do RIR.
4.4 ALIQUOTA
É o percentual definido em lei que, aplicado sobre a base de cálculo, determina o montante do
tributo a ser pago.
Sua alteração está sujeita aos princípios da legalidade, da irretroatividade e da anterioridade com
exceção, quanto a sua anterioridade, dos casos previstos na própria Constituição, ou seja:
4.5 ADICIONAL
Além do imposto devido, apurado pela aplicação da alíquota sobre a base de cálculo, às vezes a lei
determina o pagamento de mais um imposto, pelo nome de adicional, que incide sobre determinado valor
que ela fixar.
Por exemplo - Adicional do IRPJ
10% do valor do lucro real que exceder a R$ 20.000,00 (mensal) - § 3° do art.
542 do RIR.
5. CRÉDITO TRIBUTÁRIO
5.1 CREDITO TRIBUTÁRIO - CONCEITO
O crédito tributário corresponde ao direito do Estado de exigir o tributo, ou melhor, de exigir o objeto
da obrigação tributária principal do sujeito passivo. Esse direito do Poder Público decorre da realização do
fato gerador por parte do sujeito passivo. A partir do momento em que alguém realiza a hipótese prevista em
lei, ou hipótese de incidência tributária, instaura-se a relação jurídica tributária. Essa relação, de acordo com
o que já foi estudado, será entre a pessoa política competente para arrecadar o tributo (sujeito ativo) e a
pessoa que realizou o fato gerador ou que tem responsabilidade de recolher o tributo (sujeito passivo direto
ou indireto - devedor da obrigação tributária). O sujeito passivo deve entregar determinada quantia ao
sujeito ativo que tem o direito de exigi-la. Esse direito corresponde, portanto, ao crédito tributário.
Para que seja possível a cobrança do crédito tributário é necessária a comprovação de sua
existência. Todo aquele que é credor, que tem direito a receber uma obrigação, deve possuir provas da
existência de seu direito. Geralmente, essa prova se faz mediante um título ou documento.
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Em relação ao crédito tributário, o mesmo acontece com o Estado: a partir do momento em que o
sujeito passivo realiza o fato gerador da obrigação tributária, o Poder público irá aplicar a lei exigindo o
crédito correspondente à obrigação. Para tanto, a obrigação do contribuinte e o respectivo direito do Estado
devem ser documentados.
A documentação da existência da dívida tributária é feita por meio de um ato administrativo de
concretização da lei denominado lançamento.
O CTN, em seu art. 142 estabelece o conceito legal de lançamento tributário:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificara ocorrência do fato gerador
da obrigação correspondente, determinara matéria tributável, calcular o montante do tributo devido,
identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
c. determinara matéria tributável: cabe ao credor verificar a legislação aplicável ao fato gerador
ocorrido. No exemplo citado, cabe à Secretaria das Finanças do Município verificar a legislação aplicável ao
fato gerador do IPTU. A doutrina atribui a esta etapa do procedimento administrativo o ato de efetuar a
"valoração qualitativa" do fato gerador;
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responsável. Ela será notificada da existência do crédito tributário e nesta notificação constará o prazo para
o pagamento do tributo. A notificação também é denominada de "aviso de lançamento";
f. propor a aplicação da penalidade cabível: esta parte do dispositivo legal sofre sérias críticas da
doutrina, pois a aplicação de penalidade (multa) somente ocorre se for constatada a prática de um ato ilícito
por parte do contribuinte, o que corresponde à contradizer o art. 3° do CTN, pois haveria, nesta parte do art.
142, a confusão entre tributo e multa.
O art. 142 descreve, na verdade, o fato de que, geralmente, em um mesmo documento ou ato de
autoridade administrativa, pode ocorrer o lançamento tributário, em que se exige o tributo devido pelo
contribuinte, e a aplicação de uma penalidade pelo fato deste contribuinte ter deixado de recolher o tributo.
É o que ocorre, por exemplo, quando a administração emite o "Aviso de Lançamento" acompanhado de um
"Auto de lnfração e Imposição de Multa".
Tal fato ocorre se, por exemplo, em uma fiscalização procedida pela Secretaria da Fazenda do
Estado, fiscais apuram a ocorrência do fato gerador do ICMS por parte de uma pessoa jurídica e ao mesmo
tempo a ausência de recolhimento deste imposto. Nessa hipótese, será lavrado o "Auto de Infração e
Imposição de Multa", em que serão cobrados o imposto devido e a multa pelo atraso no recolhimento. A
cobrança do imposto corresponde ao lançamento e a aplicação da multa ao processamento administrativo
de fiscalização;
O ato administrativo de lançamento possui atributos ou características especiais que podem ser
extraídas dos exames dos arts. 142 a 150 do CTN:
a. Ato declaratório: é um ato administrativo cuja prática declara a existência de uma relação jurídica
entre Estado e particular. Como todos os atos praticados pela administração pública, ele tem presunção de
validade e certeza por isso mesmo é dotado de executoriedade. Isso quer dizer que até prova em contrário
se entende que o lançamento foi efetuado de acordo com a lei e o que nele consta pode ser exigido pela
administração pública.
A presunção de validade e certeza do lançamento tributário, pode ser desmentida. Como todo ato
administrativo, o lançamento pode ser contestado e conseqüentemente alterado.
O CTN estabelece as hipóteses de alteração do lançamento (art. 145) possíveis após a notificação
do devedor:
b. Recurso de ofício: a própria autoridade administrativa recorre dos atos praticados por ela, ou seja,
revê o lançamento efetuado. Isto quer dizer que a administração pública constata por si um erro ou
irregularidade no ato praticado por ela e toma a iniciativa de rever este ato. Essa revisão de ofício aplica-se
também aos casos em que a autoridade administrativa depende de informações prestadas pelo contribuinte
ou responsável para efetuar o lançamento (art. 149 do CTN).
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c. Reporta-se à ocorrência do fato gerador, o art. 144 do CTN estabelece ser o lançamento tributário
um ato retroativo, isto é, praticado de acordo com a legislação em vigor na data em que ocorreu o fato
gerador. Esse dispositivo, na verdade, atende ao princípio da irretroatividade da lei tributária, pois deixa
claro que, se após a ocorrência do fato gerador, a lei for alterada, ela será aplicada somente a fatos
geradores futuros. Por exemplo: se em novembro de 1994 a alíquota do Imposto de Importação sobre
determinado produto era de 10%, e em dezembro foi alterada para 15%, mesmo que o lançamento deste
imposto relativo a novembro seja efetuado em atraso, a alíquota aplicável é de 10%, a que estava em vigor
na data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária.
O mesmo ocorre quando o valor da dívida tributária estiver expresso em moeda estrangeira. A
conversão será feita em moeda nacional ao câmbio da data da ocorrência do fato gerador (art. 143 do CTN)
se a legislação relativa ao imposto não estabelecer de forma diversa.
Entretanto, se a legislação, após a ocorrência do fato gerador, instituir novos critérios de apuração e
fiscalização do tributo, ampliando os poderes de investigação por parte da autoridade administrativa, ela
será aplicada mesmo em lançamento que se reporte a fatos geradores já ocorridos.
Tal fato é possível porque o que se alterou foi a legislação referente ao lançamento e não a que
regula a hipótese de incidência tributária (aspectos pessoal, material, espacial e temporal).
O art. 147 fixa o que vem a ser o lançamento por declaração. Essa modalidade de lançamento é
feita com a colaboração do contribuinte ou responsável que presta informações para que a autoridade
administrativa aplique a legislação tributária calculando o valor do tributo devido e notificando o contribuinte
para que efetue o pagamento do crédito. Essa modalidade depende, assim, das informações que o
contribuinte venha a prestar ao Poder Público.
Pode ser citado como exemplo de tributo cujo lançamento é feito por declaração o ISS pago pelas
sociedades civis de profissionais liberais. Essas sociedades devem preencher uma Declaração Cadastral
(Deca) dirigida à Secretaria das Finanças do Município na qual constam os dados essenciais sobre as
atividades exercidas. Fundamentando-se nestas declarações, a Secretaria das Finanças do Município irá
calcular o ISS devido e notificar a pessoa jurídica para que efetue o pagamento do tributo.
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A falsidade ou omissão nas declarações sujeita o contribuinte à revisão de ofício (feita por iniciativa
da autoridade pública) do lançamento (arts. 147,148 e 149), bem como ao arbitramento do valor do tributo a
ser pago.
Se o sujeito passivo constatar que cometeu erro na declaração deve pedir a revisão do lançamento
à autoridade administrativa. O mesmo ocorre se verificar que esta errou na aplicação da lei tributária.
Alguns autores entendem ser o lançamento do Imposto de Renda (Pessoa Física ou Jurídica) feito
por declaração, entretanto, de acordo com o que será estudado a seguir, a forma pela qual este imposto é
lançado enquadra-se perfeitamente na hipótese de lançamento feito por homologação.
5.3.3 Lançamento por homologação ou autolançamento
Esse lançamento é feito quase em sua totalidade pelo contribuinte ou responsável e tem como
principal característica o pagamento do tributo antes do início de qualquer procedimento por parte da
autoridade administrativa.
Nessa modalidade de lançamento, o contribuinte presta informações à autoridade administrativa,
calcula o valor do tributo devido, recolhe este tributo, efetuando, portanto, ele próprio sua notificação para o
recolhimento, e aguarda a confirmação de seus atos por parte da autoridade administrativa.
O procedimento da autoridade administrativa será o de confirmar ou não se os atos do contribuinte
ou responsável estão de acordo com a legislação tributária.
A confirmação feita pela autoridade administrativa é denominada "homologação".
O art. 150 do CTN regula essa modalidade de lançamento.
A homologação por parte da administração pública poderá ocorrer de forma expressa ou tácita.
Homologação expressa ocorre quando a autoridade administrativa notifica, ou por qualquer outro
ato avisa o sujeito passivo que o lançamento por ele efetuado está de acordo com a lei.
Assim ocorre se, por exemplo, durante a fiscalização em uma empresa, não se constata nenhuma
irregularidade. Deverá o fiscal lavrar um Termo de Homologação em que constará que o contribuinte não
tem débitos para com o Poder Público. Ou ainda: quando, após examinar a Declaração de Imposto de
Renda da Pessoa Física, o Poder Público notifica o contribuinte da devolução do imposto a restituir apurado
naquela Declaração, presume-se que o lançamento feito pela Pessoa Física foi considerado de acordo com
a lei pela autoridade administrativa.
A homologação tácita está prevista no art. 150, § 4°, do CTN. A lei fixa um prazo de cinco anos,
contados a partir da realização do fato gerador pelo sujeito passivo, para que a administração pública se
manifeste sobre o lançamento por ele efetuado. Decorrido este lapso de tempo sem que a Administração
Pública se manifeste considera-se homologado o lançamento e extinto o crédito tributário.
Esse prazo, entretanto, não será aplicado se a autoridade administrativa comprovar, provar a prática
de fraude, simulação ou qualquer ato doloso pelo sujeito passivo.
O pagamento de tributo cujo lançamento sujeita-se à homologação é feito, portanto, sob condição
resolutiva, ou seja, extingue-se o vínculo entre Estado e particular após o ato de homologação realizado
pela administração pública.
Uma observação que se faz necessária é quanto ao momento em que se considera ocorrido o fato
gerador da obrigação tributária que é fundamental para a contagem do prazo referido no § 4° do art. 150 do
CTN.
O fato gerador da obrigação tributária pode ser instantâneo, periódico ou persistente.
Fato gerador instantâneo é aquele que se exaure em um único ato. Exemplo:
saída de mercadoria de estabelecimento industrial ou comercial. Dessa forma, o prazo para a
homologação de lançamento do ICM recolhido sobre uma operação realizada em março de 1990 estará
extinto em março de 1995.
Fato gerador periódico è aquele que não se inicia e conclui em um ato. Ele depende de uma série
de operações, complexas, para se determinar sua ocorrência. Exemplo: o Imposto de Renda da Pessoa
Física. Para apurar se o indivíduo realizou o fato gerador desse tributo, ou seja, se obteve renda, são
necessários cálculos que| irão determinar a diferença entre as receitas e despesas por ele apreciadas
durante! o período compreendido entre 1° de janeiro e 31 de dezembro de determinado ano, Da mesma
forma, o prazo para a homologação do lançamento do imposto de renda da pessoa jurídica relativo ao ano-
base de 1990 tem sua contagem iniciada a partir de 31 -12-90, quando se concluiu o fato gerador, e termina
em 31 -12-95 (cinco anos da realização do fato gerador).
Fato gerador persistente é aquele que se realiza constantemente e não tem prazo certo para seu
início ou conclusão. Exemplo: fato gerador do imposto sobre a propriedade territorial rural. A propriedade é
um direito permanente, exercido todos os dias, constantemente, por seu titular. Para esse tipo de fato
gerador a lei deve criar um critério artificial, ou seja, fixar uma data em que se considera ocorrido o fato
gerador para fins de cálculo do tributo devido. Assim, se a lei fixar a data de ocorrência do fato gerador
como 1 ° de janeiro de cada exercício financeiro, o ITR lançado pelo contribuinte em 1990 será homologado
em 1° de janeiro de 1995.
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5.4 ARBITRAMENTO POR PARTE DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA
Os arts. 148 e 149 do CTN regulam os lançamentos feitos por declaração e por homologação.
Caso o contribuinte venha a prestar informações falsas, expedir documentos falsos, agir com dolo,
fraude ou simulação, estará sujeito à revisão do lançamento (por declaração ou por homologação) e ao
arbitramento, por parte da autoridade administrativa do valor da dívida tributária. Assim, por exemplo, se a
pessoa jurídica deixa de declarar receita por ela apurada (omissão de receita), poderá ter seu lucro arbitrado
pelo poder público e sobre este calculado o Imposto de Renda devido. Esse lucro poderá não corresponder
àquele efetivamente apreciado pela empresa, porém como suas informações foram falsas e a pessoa
jurídica agiu dolosamente, valem, para fins de direito, os cálculos realizados pela administração pública, nas
condições e limites estabelecidos pela legislação do Imposto de Renda.
6.1 SUSPENSÃO
A suspensão da exigibilidade do crédito tributário está regulada nos arts. 151a 155 do CTN.
Significa que durante certo período o Poder Público, devido à ocorrência de uma das hipóteses previstas
legalmente, é impedido de exigir a dívida tributária do sujeito passivo. Esse impedimento ocorre ou porque o
Poder Público assim estabelece (moratória) ou porque o sujeito passivo discute a validade (no todo ou em
parte) da cobrança do crédito tributário (depósito judicial, recurso administrativo ou processo judicial).
As hipóteses legais de suspensão da exigibilidade do crédito tributário estão previstas no art. 151 do
CTN. São elas:
6.1.1 Moratória
Corresponde à concessão, por parte do Poder Público, de um prazo maior do que a lei normalmente
prevê, para que o sujeito passivo efetue o pagamento do crédito tributário. Em rigor, a moratória afasta a
possibilidade da cobrança de multa, juros de mora e inclusive de correção monetária. Está disciplinada
pêlos arts. 152 a 155 do CTN.
Não se confundem a moratória e o parcelamento de débito fiscal, pois embora a figura jurídica da
moratória importe na concessão da prorrogação do prazo para o pagamento do crédito tributário, este deve
ser pago integralmente e não em parcelas. A concessão de parcelamento se aplica a tributos já vencidos e
cujo débito está acrescido de multa, juros e correção monetária. O pagamento em parcelas é atualizado
monetariamente.
Somente a pessoa política competente para legislar sobre o tributo tem competência para conceder
moratória sobre a exigibilidade deste. A alínea b do inciso l do art. 152 do CTN contradiz a repartição
constitucional de competências tributárias estabelecida pela CF ao atribuir à União possibilidade de
conceder moratória dos tributos estaduais, municipais ou do Distrito Federal.
A moratória é concedida por lei cuja característica é a descrição de uma situacão abstrata. Cabe ao
sujeito passivo interessado comprovar que enquadra-se na previsão legal. Uma vez comprovada esta.
situação, mediante requerimento dirigido à autoridade administrativa competente para fiscalizar e arrecadar
o tributo, a moratória será concretizada para aquele interessado (concedida em caráter individual) por meio
de despacho da autoridade administrativa.
A lei concessiva de moratória pode prever sua aplicabilidade somente em di terminada região e
abranger apenas determinada classe ou categoria de pessoas físicas ou jurídicas.
São requisitos essenciais da lei que concede moratória as seguintes especificações: prazo de sua
duração; condições para sua concessão; tributos a que se aplica; vencimentos; garantias a serem
fornecidas pelo sujeito passivo para o pagamento da dívida.
Não será concedida moratória para as dívidas tributárias em que se constatar prática de atos
dolosos por parte do sujeito passivo, ou seja, dívidas em que o sujeito passivo tenha agido de má-fé, com a
intenção de causar prejuízo à administração pública.
Se a lei concessiva de moratória não dispuser de forma diferente, ela suspenderá a exigibilidade
somente dos créditos lançados até a data de sua concessão, não alcançando, assim, créditos tributários a
serem lançados (créditos futuros).
Se o sujeito passivo não cumprir as condições estabelecidas por lei para a concessão de moratória,
ou ainda, se prestar declarações falsas com o intuito de obter benefício, terá a concessão revogada e a
cobrança do tributo será acrescida de penalidades se ele agiu de má-fé.
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6.2 EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
A extinção do crédito tributário corresponde ao término do direito da Faze Pública de cobrar a
obrigação tributária. Existem várias hipóteses previstas no CTN que fixam as causas da extinção desse
direito. Elas estão arroladas nos arts. 1156 a 164 e 170 a 174 do CTN.
As modalidades de extinção do crédito tributário são as seguintes:
6.2.1 Pagamento
Consiste na entrega da quantia devida (do valor do crédito tributário) que o devedor (sujeito passivo
contribuinte ou responsável) faz ao credor (pessoa política competente para arrecadar o tributo ou Fazenda
Pública). Corresponde, assim, ao cumprimento da obrigação tributária principal.
Para que o pagamento venha a extinguir o crédito tributário ele deve atender aos requisitos
estabelecidos pelos arts. 157 a 163 do CTN. Estes requisitos referem-se aos elementos essenciais do
pagamento válido: lugar, tempo e forma.
LOCAL: A lei que institui a obrigação tributária deve fixar o local de seu pagamento. Se não houver
disposição legal a respeito, o local, para que se considere válido o pagamento, será o da repartição pública
da pessoa política competente para arrecadar o tributo situada no domicílio do sujeito passivo.
TEMPO: Para que seja considerado válido o pagamento deve ser efetuado em tempo hábil, isto é,
até o prazo fixado para seu vencimento. Esse prazo normalmente está fixado na legislação que regula a
cobrança do tributo. Na falta desta regulamentação, o vencimento do crédito será 30 dias após a notificação
regular do sujeito passivo da existência do lançamento.
O pagamento efetuado em atraso enseja, por parte do Poder Público, a cobrança de juros de mora,
multa e demais penalidades previstas na lei instituidora do tributo.
No caso de o sujeito passivo ter formulado consulta administrativa antes de ser notificado do
lançamento, ao pagamento em atraso não serão aplicadas penalidades e juros de mora.
A concessão de desconto para pagamento antecipado fica a critério da Fazenda Pública.
FORMA: A dívida tributária deve ser paga sempre em dinheiro (moeda corrente), não existe a
possibilidade de pagamento de tributo sob a forma de entrega de bens ou de cumprimento de prestações
alternativas.
A legislação que regula determinado tributo pode fixar a forma de seu pagamento em moeda
corrente, cheque, selo, estampilha, vale postal, papel selado ou qualquer processo mecânico. Entretanto, o
pagamento feito em cheque é feito sob condição resolutiva: o crédito somente será extinto após a respectiva
compensação do cheque, mesmo que o contribuinte disponha de um recibo de pagamento por parte da
administração pública.
O pagamento de uma parcela ou prestação de um tributo não importa em extinção do crédito
tributário.
A imposição de penalidade e seu respectivo pagamento não ilidem o pagamento da obrigação
tributária.
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6.2.2 Compensação
A compensação de créditos corresponde à hipótese de duas pessoas serem ao mesmo tempo
credoras e devedoras uma da outra e a possibilidade de suas obrigações serem extintas até onde se
contrabalançarem.
O art. 170 contempla a hipótese de os particulares estarem na condição de devedores de um tributo
a determinada pessoa política e ao mesmo tempo esta revestir a condição de devedora dos particulares em
razão da cobrança de um tributo indevido.
Existindo um crédito do sujeito passivo contra o Estado e ao mesmo tempo um crédito do Estado
contra o sujeito passivo, estas obrigações podem ser compensadas nas devidas proporções. Entretanto, os
créditos devem atender às seguintes condições:
a. serem de mesma natureza (tributária);
b. serem líquidos e certos;
c. serem vencidos ou vincendos.
A compensação deve ser autorizada por meio de lei expedida pela pessoa política competente para
instituir e alterar o tributo. A lei estabelecerá as condições í que se realizará a compensação, bem como as
garantias a serem apresentadas p( sujeito passivo para obter o direito a ela.
A compensação pode extinguir assim, total ou parcialmente, o crédito tributário da Fazenda Pública
em relação ao sujeito passivo, dependendo dos valores a serem compensados.
A compensação de tributos e contribuições federais é regida pelo art. 66 da l n° 8.383/91.
6.2.3 Transação
Em rigor, a transação seria um acordo celebrado entre duas ou mais pessoas com a finalidade de
extinguir uma pendência entre elas. Entretanto, a administração pública não pode transigir com o interesse
público administrado por ela. Tal fato decorre do princípio de direito administrativo que torna indisponível o
interesse da coletividade (princípio da indisponibilidade do interesse público).
Assim, a transação, em matéria tributária, seria a proposta de um acordo estabelecido pela
administração pública por meio de lei (v. art. 171 do CTN). Nessa proposta, a administração visa colocar fim
a um litígio (demanda judicial ou administrativa) que verse sobre o pagamento de crédito tributário. Seriam
feitas concessões por parte da administração pública (visando ao interesse público - exemplo: diminuir
despesas desnecessárias para o Estado na cobrança de créditos de pequeno valor) e por parte do sujeito
passivo com a finalidade de alcançar os interesses da coletividade.
Uma forma de propor acordo para extinguir a demanda administrativa ou judicial é a concessão de
parcelamento de débitos fiscais. Por meio dessa concessão o Poder Público deixa de receber o crédito em
um só pagamento e o sujeito passivo deixa de prorrogar esse pagamento mediante longa disputa judicial.
Aceitas pelo sujeito passivo a proposta da administração pública e as condições estabelecidas por
ela, ocorrerá a extinção do crédito tributário na forma prevista pela lei criadora da "transação".
Será concretizada por meio de despacho de autoridade administrativa competente para arrecadar e
fiscalizar o tributo. Portanto, cabe ao interessado comprovar, mediante requerimento, que está em
condições de celebrar o acordo com a administração pública.
6.2.4 Remissão
Também sua concessão depende de lei expedida pela pessoa política competente para legislar
sobre o tributo a que se aplica (v. art. 172 do CTN).
A remissão consiste na dispensa do pagamento total ou parcial do crédito tributário principal
vencido. Não se aplica às penalidades relativas à falta de pagamento desse crédito. Assim, por exemplo, o
contribuinte pode ser dispensado do pagamento do tributo vencido, mas estar obrigado a pagar a multa
devida pela ausência de recolhimento do mesmo.
A lei concessiva de remissão deverá ser elaborada em atenção às seguintes condições:
a. situação econômica do sujeito passivo;
b. erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo contra a matéria que envolve o fato gerador da
obrigação (o sujeito passivo não sabe aplicar corretamente a lei tributária a seu caso);
c. diminuta importância do crédito tributário;
d. equidade;
e. condições especiais de determinada região ou território pertencente à pessoa política competente
para cobrar o tributo (a entidade tributante concede remissão levando em conta peculiaridades de
determinada área ou região).
A remissão extingue o crédito tributário após ser efetivada por despacho da autoridade fazendária.
Portanto, é necessária a apresentação de requerimento do sujeito passivo à autoridade pública
demonstrando que tem direito ao benefício.
Constatando-se que o sujeito passivo obteve de forma fraudulenta a concessão de remissão, esta
será revogada e serão aplicadas as penalidades cabíveis.
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6.2.5 Prescrição
O termo prescrição corresponde à perda do direito de ação. A todo direito que lei a assegura aos
cidadãos existe uma garantia correspondente que permite ao indivíduo exercer seu direito. Essa garantia
pode apresentar-se pela forma de uma ação judicial que tem a finalidade de assegurar ao indivíduo o
exercício de seu direito quando, em relação a este, surgirem obstáculos por parte de outra pessoa.
Em alguns casos, a lei estabelece um prazo para que o indivíduo venha a ajuizar a ação destinada a
assegurar seu direito. O não-exercício do direito de ação no prazo estipulado por lei implica o entendimento
de que o indivíduo não pretenda exercê-lo.
Existem diversos prazos prescricionais e existem ainda ações imprescritíveis como é o caso, por
exemplo, daquelas referentes ao estado de filiação.
O direito da Fazenda Pública de cobrar judicialmente o crédito tributário que não foi pago pelo
contribuinte está sujeito à prescrição. |
Alguns juristas entendem ser o direito de ação do Estado imprescritível, pois o interesse público não
pode estar sujeito a desaparecer pela ausência de sua garantia. Entretanto o CTN fixa, em seu art. 174, o
prazo prescritível para que a Fazenda Pública venha a exercer seu direito de receber o crédito tributário:
cinco anos contados da data do lançamento válido (constituição definitiva do crédito),
Esse prazo será interrompido e, portanto, terá sua contagem reiniciada, nas seguintes hipóteses:
a) citação pessoal feita ao sujeito passivo (devedor) de que o Poder Público exige o crédito;
tributário;
b)protesto judicial (art. 867 do Código de Processo Civil). Corresponde a uma ação cautelar iniciada
pela pessoa que deseja prover a conservação de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo
formal. Nesse caso a Fazenda Pública poderá fazer por escrito seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e
requerer que o mesmo intime o devedor a saldar sua obrigação;
c)qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor (ato judicial que prove o atraso no
pagamento);
d)qualquer ato praticado pelo sujeito passivo, mesmo extrajudicialmente, que demonstre, deforma
inequívoca, que reconhece o débito fiscal. Assim, se o devedor não se aperceber do fato de que a dívida
tributária é objeto de prescrição e efetuar o seu pagamento, não poderá pedir restituição uma vez que
reconhece, pelo pagamento, o direito da Fazenda Pública de receber o crédito tributário.
Outra forma de interrupção da prescrição é a revogação de moratória, prevista no parágrafo único
do art. 155 do CTN. A concessão de moratória poderá ser revogada sempre que se apure que o beneficiado
não satisfazia as condições para a obtenção do benefício.
No caso de o sujeito passivo ter obtido o benefício dolosamente (fraude, simulação etc.), o tempo
decorrido entre a concessão de moratória e sua revogação não será computado no prazo de prescrição; no
caso de o benefício ter sido obtido sem qualquer ato doloso do sujeito passivo e depois revogado por este
deixar de atender às condições estabelecidas em lei, a revogação da moratória somente poderá ocorrer
antes da prescrição do direito da Fazenda Pública de cobrar judicialmente o crédito tributário, dessa forma,
a prescrição, nesta última hipótese, não se interrompe.
6.2.6 Decadência
Decadência é sinônimo de caducidade. Corresponde ao prazo assinalado em lei para o exercício de
um direito. Não há necessidade de uma ação judicial para que esse direito seja exercido, a própria lei
estabelece um prazo para que isto ocorra. Caso a parte interessada não exerça o direito que a lei lhe
assegura no prazo estipulado, entende-se que esta pessoa não tem interesse ou abriu mão de seu direito.
Em matéria tributária, o prazo de decadência refere-se ao exercício do direito da Fazenda Pública
de constituir o crédito tributário por intermédio do lançamento. Isto quer dizer o seguinte: o CTN assinala um
prazo para que a Fazenda Pública documente a existência de seu crédito tributário (isto é feito mediante o
lançamento); a falta de documentação do crédito da Fazenda Pública torna sua cobrança impossível. Se a
administração pública deixar de efetuar o lançamento do tributo no prazo estipulado por lei, entende-se que
não há interesse na cobrança, ou que a Fazenda Pública abriu mão de seu direito.
O prazo de decadência ou caducidade para que a Fazenda Pública documente a existência de seu
crédito tributário está previsto no art. 173 do CTN. Esse prazo é de cinco anos, iniciando-se sua contagem
das seguintes formas:
a. Do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento deveria j ter sido efetuado
(pelo sujeito passivo ou pela administração pública). Assim, por exemplo, se a administração pública deixar
de efetuar o lançamento de IPTU relativo ao exercício de 1995, o prazo para que se faça o lançamento tem
a sua contagem iniciada em 3-1 -1996 (exclui-se o primeiro dia útil) e conclui-se em 2-1-2001 (inclui-se o
último dia útil). A partir daí, se o lançamento não foi efetuado, entende-se que não há interesse na cobrança
do tributo.
Caso a lei atribua ao sujeito passivo a obrigação de recolher antecipadamente o tributo e
providenciar seu lançamento (lançamento por homologação ou autolançamento), a contagem do prazo
inicia-se a partir do exercício financeiro seguinte àquele em que o contribuinte deveria ter recolhido ou
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lançado o tributo. Assim, ocorre se, por exemplo, determinado contribuinte deixou de lançar o IRPF relativo
ao ano-base de 1993, que deveria ter sido declarado e pago até 30-6-1994. Cabe à administração pública
autuar o contribuinte, exigindo o imposto acrescido de penalidades. O prazo para que isto seja feito inicia-se
em 3-1-1995 e tem seu término previsto para 2-1-2000.
b. Da data em que se tornar definitiva (por decisão administrativa ou judicial) a anulação, por vício
formal, de lançamento anteriormente efetuado. Isto quer dizer que um lançamento que contenha
irregularidades, impugnado pelo sujeito passivo ou cuja revisão foi feita de ofício pela administração pública
e que tenha sido anulado por vício de forma, (o tributo lançado é devido, porém o documento foi emitido
com incorreções) deverá ser efetuado até cinco anos contados após a anulação do lançamento incorreto.
Assim, se uma decisão judicial definitiva anula um lançamento em 20-4-94 por erro formal, a administração
pública dispõe de um prazo que irá até 20-4-99 para a emissão correia do documento.
O parágrafo único do art. 149 do CTN estabelece que a revisão de ofício do lançamento do crédito
tributário somente pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública de constituí-lo. É
evidente que se a administração pública não dispõe mais do direito de lançar o tributo, não pode efetuar o
lançamento e depois pretender revisá-lo.
Decorrido o prazo assinalado em lei sem que a Fazenda Pública tenha lançado o tributo, entende-se que não se interessou por sua cobrança
ou que abriu mão de seu direito.
Devido ao princípio de direito administrativo da indisponibilidade do interesse público, a doutrina
moderna discute e contesta a possibilidade de existir a decadência do crédito tributário.
6.2.13 Restituição
Aquele que percebeu pagamento indevido está obrigado a restituir o que recebeu.
A Administração Pública que tenha recebido indevidamente tributo ou penalidade pecuniária do
particular deverá restituir a importância recebida.
Aquele que pagou indevidamente tem direito à restituição da quantia paga sem necessidade de
mover ação cautelar de protesto com a finalidade de assegurar seu direito a receber a quantia paga.
Entretanto, a devolução somente será efetuada mediante processo administrativo ou judicial.
O pedido de devolução tem seu prazo fixado no art. 168 do CTN. Esse prazo é de cinco anos
contados das seguintes formas:
a. da data do pagamento - nas hipóteses de:
• cobrança de tributo por parte do Poder Público a que o sujeito passivo não estava obrigado; de
quantia maior que a devida; ou ainda, de tributo não previsto em lei; por ocorrer erro na identificação do fato
gerador;
• pagamento espontâneo de tributo por parte do sujeito passivo a que não estava obrigado;
pagamento maior do que a quantia devida; pagamento que não tenha previsão em lei; pagamento por
interpretação errada do fato gerador feita pelo sujeito passivo;
• erro na identificação do sujeito passivo (contribuinte ou responsável foi notificado para pagar o
tributo, entretanto não era ele o obrigado);
• erro na determinação da alíquota aplicável à base de cálculo do tributo;
• erro no cálculo do montante do débito tributário (base de cálculo e/ou alíquota);
• erro na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento;
b. da data da decisão administrativa irreformável ou decisão judicial transitada em julgado nas
hipóteses de: reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão que anteriormente condenou o sujeito
passivo a pagar o tributo.
Uma vez que o pedido de restituição pode ser feito por meio de processo administrativo ou judicial,
para ambos o prazo para o pedido de restituição é de cinco anos. Assim, para o pedido via administrativa, o
prazo é de decadência, e para o pedido via judicial, o prazo é de prescrição.
A ação judicial que visa à devolução de tributo pago indevidamente denomina-se "Ação de
Repetição do Indébito Tributário". Caso o contribuinte peça a devolução mediante processo administrativo e
tenha seu pedido negado, o prazo prescricional para pedir a anulação via judicial da decisão administrativa
é de dois anos contados da intimação da decisão administrativa.
Assim, a Fazenda Pública está obrigada a restituir a quantia recebida indevidamente a título de
obrigação tributária. Esta restituição deverá ser acrescida de juros de mora e penalidades pecuniárias, se
estas foram aplicadas.
Súmula 46 do antigo Tribunal Federal de Recursos estabelece o seguinte: "Nos casos de devolução
de depósitos efetuados em garantia de instância e de repetição do indébito tributário, a correção monetária
é calculada desde a data do depósito ou do pagamento indevido e incide até o efetivo recebimento da
importância reclamada."
Para a restituição de tributos que comportem sua transferência para outro sujeito passivo (ICMS, por
exemplo, que gera direito ao sujeito passivo de creditar-se do tributo pago nas operações anteriores),
somente é parte legítima para pedir a devolução aquele que efetivamente arcou com a despesa. O mesmo
acontece com o sujeito passivo que é responsável por sucessão ou transferência pelo tributo devido pelo
contribuinte: deve fazer prova de sua despesa.
A doutrina moderna há muito vem discutindo a possibilidade da restituição de pagamento indevido
de impostos indiretos devido ao que está fixado em duas Súmulas do STF.
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A Súmula 71 do STF estabelece: "Embora pago indevidamente não cabe restituição de tributo
indireto."
Posteriormente, o STF editou a Súmula 546, que fixou o seguinte:
“Cabe restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o
contribuinte de jure (de direito) não recuperou do contribuinte de facto (de fato, a quem foi repassado o
tributo) o quantum respectivo.”
Os contribuintes de fato e direito também aparecem na relação jurídica tributária relativa aos
impostos indiretos.
6.3.1 Isenção
Regida pelos arts. 175, l, e 176a 179doCTN, significa a possibilidade de a hipótese de incidência
tributária não alcançar determinadas pessoas físicas ou jurídicas pelo fato de se alterar parcialmente um ou
mais de seus aspectos. Significa a não-incidência da norma jurídica tributária sobre determinada situação.
O legislador pode dispensar alguns contribuintes do pagamento de determinado tributo excluindo da
hipótese de incidência tributária os seguintes aspectos:
a. espacial: afasta a possibilidade de a lei tributária incidir em determinada região ou território;
b. temporal: exclui a possibilidade de a lei tributária incidir durante certo período sobre uma região
ou grupo de contribuintes, ou todas as regiões ou grupos de contribuintes que anteriormente alcançava;
c. pessoal: afasta o alcance da lei de um grupo de pessoas físicas ou jurídicas;
d. material: diminui o alcance do fato gerador ou reduz a base de cálculo ou a alíquota aplicável ao
cálculo do montante do tributo devido. Essa redução pode variar. A isenção total de alíquota é o que se
denomina de alíquota zero.
A critério do legislativo, a isenção pode excluir vários aspectos da hipótese de incidência tributária.
Assim, por exemplo, o legislador pode reduzir todos os aspectos: alíquota zero do IPI para as operações de
importação relativas a remédios (aspecto material = fato gerador) realizadas por hospitais públicos (aspecto
pessoal) da região norte do país (aspecto espacial) por dois anos (aspecto temporal).
O CTN estabelece a figura da isenção contratual (art. 167). Entretanto, a isenção deve decorrer
sempre de lei. O contrato seria a demonstração, por parte do beneficiado, de que tem direito ao benefício
fiscal. A lei geral e abstraia é que irá fixar as condições e requisitos necessários à obtenção do incentivo por
parte do contribuinte, bem como os tributos a que se aplica e o prazo de sua duração. O contribuinte, por
sua vez, irá demonstrar, documentalmente, perante a repartição pública, que preenche as condições legais
para a obtenção do benefício.
Quando a lei estabelecer muitas exigências para a concessão de isenção, devendo o contribuinte
provar que preenche todas as condições para a obtenção do benefício, ela será efetivada por despacho da
autoridade administrativa competente para arrecadar e fiscalizar o tributo. Assim, o contribuinte deverá
preencher documentos (requerimentos ou formulários) demonstrando que tem direito à isenção. Por meio de
um despacho da autoridade competente está reconhecido este direito do particular (art. 179).
Quando a isenção concedida nas condições estipuladas acima for referente a tributos lançados por
certo período (IPTU, por exemplo) o contribuinte deverá fazer prova de seu direito a cada novo lançamento
do tributo, estando sujeito, assim, a novas conferências por parte da administração pública, o que requer a
expedição (M novo despacho por parte da autoridade administrativa.
Aplica-se a esse tipo de isenção o mesmo que está disposto em relação à moratória: se o sujeito
passivo deixar de cumprir as condições estipuladas por lei, ou agir dolosamente para obter o benefício, será
revogada a isenção e lhe serão aplicada as penalidades previstas em lei, além da cobrança do tributo (art.
179, §2°).
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isenção de ISS a empresas prestadoras de serviço de auditoria, que possuam em seu quadro de
funcionários mais de cinco auditores, que exerçam a atividade por mais de três anos consecutivos,
que tenham mais de quatro anos de funcionamento e que financiem os estudos de um ou mais
menores carentes. Essa é uma isenção que não tem caráter geral e está condicionada, devendo o
beneficiado fazer prova de que preenche todos os requisito exigidos por lei;
b. incondicionada: a lei apenas descreve a hipótese de concessão do benefício sem estipular
qualquer outra condição. Exemplo: faixa de rendimento do cidadão estar abaixo de 500,00 UFIR. A
obtenção do benefício não d pende de prévio despacho da autoridade administrativa, a concessão mais
genérica e pode alcançar um número maior de pessoas;
c. por prazo certo: a lei determina um prazo em que os contribuintes terão direito ao benefício.
Exemplo: Zona Franca de Manaus -20 anos. Gera dir< to adquirido para quem obtém o benefício. Pode ser
retirada, porém a si revogação não produz efeitos para aqueles que obtiveram o benefício na vigência da lei.
Destarte, se fosse revogada a concessão de isenção da Zona Franca, esta revogação atingiria apenas as
empresas que se instalassem naquela região após a revogação da lei. Para as demais (já instaladas), a lei
continuará a surtir efeitos até o final do prazo estabelecido por ela.
d. por prazo indeterminado: como a lei não fixa o prazo de concessão do benefício, a isenção
poderá ser revogada a qualquer tempo. Entretanto, se relativa aos impostos e contribuições sociais sujeitos
ao princípio da anterioridade a sua revogação importará na instituição do tributo, devendo portanto observar-
se o princípio em questão.
A isenção somente pode ser concedida por lei editada pela pessoa política competente para instituir
e arrecadar o tributo, estando impedida a União de conceder isenção de tributos que não são de sua
competência.
Uma imposição do CTN é a de que se o legislador pretende atribuir isenção de vários tributos ele
deve especificá-los, pois o CTN estabelece que a isenção (de impostos) não é extensiva às taxas e
contribuições de melhoria arrecadadas pela mesma pessoa política e tampouco alcançará os tributos (taxas,
contribuições, impostos etc.) que vierem a serenados após sua concessão. Portanto, a lei deve ser
específica.
A concessão de isenção não importa na dispensa de cumprimento das obrigações acessórias
referentes ao tributo. Somente por disposição expressa em lei, o sujeito passivo será dispensado do
cumprimento dessas obrigações. Assim, por exemplo, a legislação relativa às microempresas concede
isenção de IRPJ a estas pessoas jurídicas e a lei concessiva do benefício determina de forma clara e
inequívoca que as microempresas estão dispensadas de manter escrituração fiscal (que são obrigações
acessórias). Não existindo disposição expressa em lei concessiva de isenção de tributo em relação às
respectivas obrigações acessórias, entende-se que estas são exigíveis pela administração pública.
6.3.4 Anistia
Está prevista nos arts. 180 a 182 do CTN. Corresponde a um benefício, estipulado em lei, que exclui
a possibilidade de o contribuinte ter que pagar as penalidades pecuniárias devidas por irregularidades no
pagamento da sua obrigação tributária.
Anistia significa não-incidência de penalidade sobre a ausência de recolhimento do tributo. Com a
concessão de anistia, o tributo continua sendo devido pelo contribuinte e, portanto, deve ser pago, porém
será excluída a aplicação das penalidades aplicáveis à ausência total ou parcial do recolhimento.
Deve ser concedida sempre por lei. Pode ser outorgada (concedida) em caráter geral ou de forma
limitada.
A anistia concedida limitadamente abrange somente os seguintes casos: infrações correspondentes
a determinado tributo; infrações que comportam penalidades de caráter pecuniário (neste caso deve ser
especificado o montante da penalidade excluída); penalidades pecuniárias (multas) que venham associadas
a outras espécies de penalidades; condicionada ao pagamento do tributo devido em prazo fixado por lei que
conceder a anistia das penalidades a ele relativas; relativa a determinada região da entidade tributante
(ficará a critério da pessoa política determinar a região que será beneficiada com anistia fiscal).
A anistia concedida de forma limitada deve ser efetivada por despacho da autoridade administrativa
competente para fiscalizar e arrecadar o tributo a que se aplica Ou seja, o particular deve comprovar, por
meio de documentação hábil (requerimentos e formulários), que preenche os requisitos legais para obter a
concessão de anis tia fiscal.
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Caso seja apurado que o contribuinte deixa de atender às exigências legais ou tenha prestado
informações falsas para obter o benefício fiscal, tal benefício ser imediatamente revogado, sem prejuízo de
imposição de outras penalidades.
A anistia concedida em caráter geral, ou seja, aquela cuja lei que a determina não estabelece uma
série minuciosa de exigências, não necessita de efetivação mediante despacho por parte da Fazenda
Pública.
Assim como existe o princípio da reserva de lei para a concessão de isenção existe o da reserva de
lei para a anistia. Somente a entidade tributante pode conceder, por meio de seu próprio legislativo, a anistia
referente aos tributos que regula, arrecada e administra.
6.3.5 Crimes e contravenções
A anistia regulada nos arts. 180 a 182 do CTN não abrange os atos qualificados pela legislação
tributária como crimes ou contravenções (Lei n° 8.137 c 27-12-90 que define os crimes contra a ordem
tributária, econômica e contra as relações de consumo; Lei n° 8.866/94, que estabelece a figura do
depositário infiel em matéria tributária etc.).
Os atos praticados pelo sujeito passivo contribuinte ou responsável, ou ainda por terceiro que
procure beneficiar o sujeito passivo, de forma dolosa, isto é, intencional, visando causar prejuízo aos cofres
públicos, seja sob a forma de sonegação, fraude, simulação, contrabando, descaminho, apropriação
indébita, conluio etc., são regulados pelas leis penais, formando assim a legislação referente ao Direito
Penal Tributário.
O Direito Penal Tributário possui institutos e figuras jurídicas tipificados em sua extensa legislação e
os crimes e contravenções regulados por ele não são objeto da anistia referida nos arts. 180 a 182 do CTN.
7. Tributos Indiretos
7.1.1 Conceito
Entre as várias classificações possíveis do tributo, pode-se destacar a que os divide em diretos e indiretos.
Essa classificação é mais econômica do que jurídica, mas de suma importância para o estudo e avaliação
do impacto que os tributos causam no patrimônio e nas etapas econômicas da produção, circulação e
consumo.
Assim são considerados tributos indiretos aqueles que a cada etapa econômica são repassados para o
preço do produto/mercadoria/serviço.
Em Ciência das Finanças, essa técnica tem o nome de repercussão.
Repercutir é transferir o ônus tributário para o consumidor, embutindo-o no preço da venda ou do serviço.
Em resumo: o industrial transfere os tributos incidentes sobre o processo de industrialização para o preço
de venda do produto. O comerciante o adquire para a revenda, passando a denominá-lo, tecnicamente,
mercadoria. Acrescenta ao valor pago na compra os tributos incidentes sobre o processo de
comercialização e os repassa para o preço de venda da mercadoria. O consumidor final, último elo da
cadeia produção-circulação-consumo, ao pagar o preço da mercadoria, paga todos os tributos embutidos
nesse preço. Não tendo a quem repassá-los, arca com todo o ônus tributário. Em linguagem popular, fica
com o "mico".
Os empresários que produziram e comercializaram são os contribuintes de direito, ou seja, responderão
pelo pagamento desses tributos perante o Fisco. Entretanto, o contribuinte de fato é o consumidor, que
arcou com todo o ônus tributário.
7.1.2 Metodologia
Para facilitar a compreensão do leitor, os tributos indiretos serão estudados por meio de caso-base de
formação de preço, avaliando-se a incidência tributária a cada etapa da referida formação de preço.
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7.1.3 Apresentação de caso-base
Matéria-prima 100.000
-ICMS(18%) (18.000)
Custo da MP 82.000
Mão-de-obra
Folha de salários 31.000
Encargos sociais (35,8%) 11.098 42.098
DGF
Água, luz, telefone
Manutenção, depreciação etc. 25.902
Custo de produção 150.000
Desp. operacionais
Comissões, fretes, propaganda etc. 50.000
Custo comercial (:0,5375) 200.000
Lucro líquido 20% 74.419
ICMS17% 63.256
Cofins 7,6% 28.279
PIS 1,65 % (+46,25%) 6.139
Preço de venda 372.093
8.TRIBUTOS DIRETOS
8.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
8.1.1 Conceito
Tributos diretos são aqueles que recaem definitivamente sobre o contribuinte que está direta e
pessoalmente ligado ao fato gerador. Assim, a mesma pessoa é o contribuinte de fato e de direito.
Incidem sobre o patrimônio e a renda. Exemplo: o IPTU, o IRPJ e IRPF e a CSL.
Pela lei, essas obrigações não podem ser objeto de repercussão, ou seja, repassado para o preço ou para
outra pessoa.
Contudo, é praxe nos contratos de locação imobiliária incluir cláusula obrigando o locatário ao pagamento
do IPTU, ou seja, repassando um imposto sobre a propriedade para quem não é proprietário.
Essa cláusula, porém, só tem validade entre as partes e não pode ser oposta ao Fisco. Como ensina
Rubens Gomes de Sousa (Compêndio de legislação tributária, p. 98);
"Os efeitos tributários dos atos, contratos ou negócios são os que decorrem da lei tributária e não podem
ser modificados ou alterados pela vontade das partes, ao contrário do que acontece no direito privado, em
que as partes, pelo menos em certos casos, podem alterar ou modificares efeitos jurídicos dos atos,
contratos ou negócios, mudando-lhes a forma embora sem lhes alterar a substância."
Por essa razão, se o inquilino não pagar o IPTU, a execução fiscal recairá sobre o imóvel e seu proprietário,
como determina a lei tributária (direito público).
A citada cláusula contratual que atribuiu o dever de pagar o IPTU ao locatário e por este descumprida é de
direito privado. Portanto, deve ser resolvida entre as partes, isto é, locador e locatário.
Em passado recente de alta inflação mensal, que não permitia uma comparação de preços pelo
consumidor, tal a rapidez com que aumentavam muitos administradores repassavam para o preço final
também o IRPJ e a CSL.
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Para isso, bastava um simples cálculo matemático de previsão desses tributos para repercuti-los no preço.
O advento da relativa estabilidade econômica, no presente, passou a permitir a comparação de preços pelo
consumidor, bem como a maior concorrência e competitividade em qualidade e tecnologia pela abertura das
importações ao mercado mundial. O preço hoje é o que o mercado estiver disposto a pagar pelo produto ou
seu similar. Logo, o preço é ditado pela concorrência e não mais pelo produtor ou comerciante.
Por outro lado, o lucro esperado é ditado pelo investidor, seja ele sócio ou acionista. Assim, só resta ao
administrador adequar seu custo para atender a essas novas variáveis.
A tentativa de repassar para o preço os tributos diretos inviabilizará a comercialização do produto. Portanto,
a tributação direta sobre o lucro tem que ser suportada por quem o auferiu e deve ser levada em conta por
ocasião do investimento.
Ironicamente, a tributação direta da renda (determinação jurídica), apesar da enorme legislação vigente a
ela relativa, passa a ser cumprida em face de uma nova realidade econômica.
Vale ressaltar, novamente, que o Direito deve estar sempre atento ao fato e ao valor que a
sociedade lhe atribui, para traçar as normas que regerão a conduta diante da ocorrência do fato.
8.1.2 Metodologia
Como foi feito com os tributos indiretos, estudar-se-á o IRPJ e a CSL por meio de caso-base, apurando-se
esses tributos pelas formas determinadas nas respectivas leis.
São apresentados casos-base para apuração do lucro real, presumido e arbitrado para efeito de tributação
pelo IR e pela CSL.
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