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la MeNemere ennath J. Gergen Ye thos: "Votes devem manter em mente 24 hipslases « 6 (que Ihea vier & eabegn quando conversarem com um fan REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS anally Process, 27 ®): 87 1-93. Bateson, G. (2972) Steps to an Boology of Mind. New mgalalty and 6. Prats, G, (1978) Paradox and Counterparadex aacelo, 2G, e Prete, G. (2980 ‘ree guidelines forthe eendu K. A terapia como construgéo social. Porto Alegre: pston, D. Proposta de uma teoria de reautoria: reviséo da vida de Rose e Artes Médicas, 1990. (cap. 7, pp.119-139). comentario. Em: Menamee, S. Gergen, whi DE PROPOSTA DE UMA TERAPI Reautoria: Revisho DA VIDA DE Rose & COMENTARIO David Bpston, Michact White e Kevin Murray aalguer que dla seja, thos a espeite do nsundo, nos chega somente atvaves tis dele; nossa experiencia do mundo tudo ¢ que t Sodemos aabox. Nao podemos nem mestao coxhecer a experiéncin de utra pessoa deste mesmo mundo. O mel - terprotar a experiencia dos outros, ou so, a expresso de sues expe: Hénelas & medida que eles as interprotamn para si mesmos.?“Qualauer hogdo que tenhamos de como as cosas se orgonizamna vidainternade putea pessoa, sopodornos oblé-a através de suas expressbes, nd abra- Gea de slguma inixomisséo mAgica er sua consciéncia, ude 6 uma uestio de arranbar a suporiice’ (Geertz, 1986, p, #73). para inler~ fretar as expressGes (e, portanto, a8 interpretagDes) de outros, temos Que confiar comonte em nossa experiéncia vivida e em nossa imagina~ 30, O mstximo que podemos fazer 6“identifcar” nossa prépria experién, Soa da exporiéneia como ela 6 expresta pelos oulros.Assim, a “empatia” 13 srt iirc Rott é um fator eritica na interpretagaa eno entendimento das experiéncias dos outros. Eatio isto & tudo « que temos — nossa exp mundo, Mas agontece que isto ¢ muito! Né vivida. Para citar Geers: "Nos todos temos muito mais da mat que sabemos o que fazer coi ela, e se falhamos em colocs-la de al forma compreens(vel, o problema tem miaito mais a ver com a falta de recursos do que com a falta de eubstAncia" (1986, p. 978) Certes perguntaa sho levantadlas por qualauiér consideraedis séria desta proposta a respeito do mundo da experiencia. = Dado que o que sabomo do mundo provém de nossa expe. cia dele, qual 6 0 procesco pelo qual desenvolvemes um © Como conferimos sentide & nessa experiéncie para nds mes- © para os outros? estamos perpetuamente env: essa experiéncia vivida para nés mesmos & outros, que processoe esto envalvidos em nossa 0a exprassfio de nasea experiéneia v .s¢ nogaos relacionamontos? seja conhecido para nds; devemos ser dle nossa experitucia vivida dentro do eontexto de padrées conhecidos de experiéncia. HISTORIAS OU NARRATIVAS Aqueles cientistas seciais (J. Bruner, Gergen e Harré, na Psi- leologia:®, Bruner, Geerte, Ciford, V.Tumer eR. Roealdo,neAntropo- " que adotani a analogia do texto, propdem que a “historia” vu “narrative” ofezece a estrutura dominante para a experiéncia viva e para a organizagio e padroniza- 80 da oxperiéncis vivida, Segundo csta propeste, uina histéria pode ser definida como uma unidade de sentido que oferece uma astrubura para a expariéncia vivida. E através destas histérias que a experiéncia ¢ interpretada, Nés entramos nas histérias @ somos levados para den- tro delas petos outros, o vivemos noseas vidas por meia destas histéri- ‘As histrias possibilitam &s pessass unir aapectos de sua ax: poriéncis pela dimeasdo da tempo, Nio parece haver qualquer outro roecanisme pars a estruturagte da experiencia quo capture deo for- ma o sentido do tempo vivido, ou que possa representé-lo adequada- mente (Ricoeur, 1988), £ através daa histSries que obterses a nog do mudange em nossas vides, B através das histérias ce vor vital para a percepedo de tum “futuro? que seja de agua ferme difer “presonte”. As bis- trias constroem cometos ¢ fins; elas impaem comecos e fine a0 Hux da exparineie, "Nos eriamos as unidades da experi partir da continuidade da vida, Todo relat Ge sentido so fluxo ds memérla, na medida mas eausas @ nagligenciames out ‘erpretativa” (B. Bruner, 19868, p. 7). na exganizacto da ex as nas quais situ 2 Sic estas histérias que determinem a celegdo daqueles as- pectos de experiéacia a secem expressos 3 Sao estas histérias que determinam a forme da expressio ‘que damos 2queles aspectos da experiancia 4 Sto estas histérias que determi: efeitos ¢ as diregées ren sins vidas @ rassos relacionamentos, AENCENACAO COMO MODELAGEM Sheile McNamee eKonneth J, Gergen 120 trutura a expresso. Mas fo estrutura a cxporiéneia, Para citar Dilthey: “Nossa conhecimento Go que é dado na experiéncia ee expande através da interpretagio das objetivagées da vida e de suas interpretagdes que; por sua've2, s6 slo jposefveis pela exploragio aprofundada da experiencia subjetiva” (1976, 195). Assim sondo, as histérias nas quais entrainos coln nossa expe- Héncia tém efeitos reais em nossas vidas. A expressio de nossas expe- Hiéncias através destas histérias modela ow cinstitut nossas vidas’ nogeas relagies; nossas vidas sfio modeladas ou constituidas p prio proceaso da interpretagdo'dentro do contexto das his quais entramos e nas quais somos inclufdes polos outros. Tato nao 6 0 mesmo que propor que vida seja um sindnimo de texto. Néo basta que as pessoss contem uma nova bietéria ou que fa- gam afirmagées a respeite de si. Ao contréio, a proposigSo trazida por stas afirmagtes a respeito do mundo de experiéncia ¢ da narrativa é ue a vide 6 uma enconaglct de textos. B 6a colocagko em cena destes, textos que tem um efeiia transformador sobre as vidas das pessons; entretanto, estas encenayées devem acontecer perente platéias rel vantes ou ser dadas a conhecer através de alguma tipo de publicaszo, “Nao basta fazormos afirmagtes, elas devern ser atuadas.As histériae transformadoras em eua oncer.agéo” (B. Bruner, 19868, ia de que as vidas sio situades em textos ov histss 1a noplo particular de autenticidade pessoa adc dade na vide através da fio de textos, Esta nog de autenticidede gam proposighes « respeito da “verdade” da ide: humana e que eugerem que, sob circunstanci pessoas serdo “libertadas” ‘ttntieas. A NATUREZA INDETERMINADA DAS HISTORIAS - Se as vides das pessoxs sto modelades através do historia- mento da experincia e da encenagdo destes hi 5 existe um fostoque limitado de histérias familiares a respeite de quem podemos ser e de conhecimentos culiurais a respeito da identidade, por que en- tao ndo somos xéplicas uns dos outros? Talves esta pergunta possa ser i oy ‘entre os Ieitores € os tex- jar a analogia do texto em nossa © processo envolvide.na al ido, e equiparar a vida vivide sob a erientagao das hist oxperiéncia doleitor sob a influtncia do texto literério. E, uma vez que fas boas histéries sto mais traneformadoras da experiaciado leiter do ‘que as histérias ruins, esta eonsideracdo pode nos levar a uma revisto da estrutura dos textos de mérite lterdrio. ‘Segundo esta premisse, acreditamos que Teer, um eritico lite- rério, pode auxiliar-nos a encontrar a rosposta para a pergunta: “Por que nio somos répliess uns dos outros?” jonstituem seus préprios objetos e nfo co- ppizun algo que jé existe. Por esta razdo, eles ndo podem ter @ total doterminacio dos objelas reais, e éjustamente o elemen; tode indeterminagao que evora o texto a "se comunicar” como Isiter, no sentido em que o induz a participar tanto da produ ‘gdo coino da compreensio dos propésitos deste trabalho. (1978, P-21) ‘Ebastanteevidente que todas as jas sho indetexzminadee*. ‘Existe umn grau de ambigilidads e incerteza em todas as histérias, ¢ também existem incoeréncias e contradigdes, Este fato se do por qualquer pessoa que jé tev envolvente e tenha ido coberio, para seu desgosto, que © Nestos eireunstancias, 0 que fi interpretagéo diferente da histérie « .determinacio. as texios literdrios eatdo cheios de lacunas que os {toros dovom preencher para que a historia posse ser atuada®, E, na comparagéo da interagao wees e 08 toxtos literérios & nteragdo entra as pessoas e as histérias através das quais elas vivem suas vidas, passamos a ter uma meior consciéncia de nossa necesside- do de preencher as lacunas da interagto didria. Assim como estas lacu- nnas nos textos mobilizam a experiéncie © a imaginagio dos leitoras, também as lacunas nas histérias por - zam nossa experiéncia e nossa smaginagdo, & medida que-nos env ‘mos em atribuigées de eentide sob a ortentagao da histéria. és de uma negociagao singu- Sheila NeNanese Rennathd. ergsn ne Portanto, a cada encenacio as pessoas eatioveescrevendo suas vides e seus relacionamentos. E cada relate ao mesma tempo enginbae vai elém do anterior, A evolugSo dae vidas © dos rel semellaante ao provesso de reautaria, 0 processo das pessoas entrerem nas histérias com sue experiéncia ¢ sua imaginagio ¢ de se spropris- rem dolas. ‘A indeterminagie dos textos ¢ 0 aspacto constitutive de si enconagio so um bom motivo para comemorapao. Clifford Geertz ci olamento de Lionel Trilling: “Como é que comegamos como original ‘tarminamos eomo eépias?” Ao eltnarmos nosso traballo no mundo da experiéncia e da nerrativa, ¢ a0 accitarmos @ que davemos storia de modo a atribuir sentido e dar expresso & sos que inverter a pargunta de Trilling: “Como & 0 eSpias e terminamos como originais?” Para esta pergunta, Geertz encontra ums resposta “surpreendentemente trang Hizadora: 6 0 ato da cépia que origina” (2986, p. 080) ‘Nao temos muita esealha sense comagarmos como eépias. Nao podembs introduir sentido em nossas vidas sem 1s Rosea ex periéncis em histérias, As histérias so, em primeiro lugax, dadas. En- tretanto, € a relativa indeterminagéo — a ambigttidade © — de todas as histérias que pademos apenas neporis se especificamente ao abuso £2 _granda miimero de préticas de “relato de histdrias’ aesoc negatn 20s abusudes seu préprio direito de “contar a iis (do que geralmente acontoce 6 que o porpetrador do abuso pas- soud sua vitina, aberts ou veladameni2, a mensagem de que ela ra a culpada por ter sido cbusada... (2) o perpetraderevai fregiientemente promover o siglo, reforgendo-o junto & erianga ou jovem de Zorma « que ele 0 afaste dos outros membros de soa ‘as varias formas poles quais o perpetvedor exercou ais de medo e pdnico nas relagdes fntimaz ‘adulta, (1990, p. 17-18) _ATerapin coms Constr Scinl Além disso, que diferenca feria se uma pessoa que tivesse sido situada em um ria" opressiva — condo contade — se achasso cam direitos préprios a “contar historias’, ou tivesse estes direitos res- taurados e, assim, pudesse se transformar na autora de sua prépria vide? AREVISAQ DA VIDA DE ROSE POR ELA MESMAS A partir dagui, Rese ¢ eu solicitames que voré se prepare pera ‘um eonjunto diferente de "respostas do leitor”, pois os géneros se tor- nam um tanto indistinies, Se os fates e a ficgdo sho lidos de forma diferente, como yoee poderia mellzor se aproximar ds “faccdo"2A seguir est um axernplo de uma "terapia de reautoria”, mas este processo serd deecrito oi outro momento, pera nfo atrapalhar. Portanto, Leiter, voc’ jas pelos textos acad@msicos? Talvez voct pos- do por slgum tompo, para interromper seu 's tarde, Pois Rose e eu lhe ofe- cia prépria ao envolver-se os de sue vida ent uma “hist6- sto diversa da histéria “std claro que somente gas even wis de uma deserigSo do do « aspectos di- de generalidade, Mas 0 que significe dix 1978, pp. 145.6). O (que significava dizormos o mes io ere mais do que apenas uma problema historiozréfice para Rose o eu. Peis vamos mostrar como modo como Rose “Ie” a sua vida — eeja sob a orientagio da bistéria “dominante”, seja da hiatérie altornativa co-criada terapeuticamente —vai ter unie influéncia considerével sobre a decisio dela de viver ox tos sob uma deserigho; mesmo evento, todas Ge tirar sua vida, e de como ela vai viver a vida que decidir manter. ‘A re-autoria vei ser representada para vee, leitor, por mci¢| ode nossas as cartas que eu (David Hpston) forneci a ela eomo re sessées, e trechos da trenscrig8o de nosso quarto seis meses depois. Tomei erdades aq de minhas perguntase fundindo elgumas respostas. Dnt, leitor, voce ve Shella NeVonse «Kenneth J. Oargen a versio da revisdo da'exper: esté pronto para prosseguir co - ma coma ela é trazida A vida pela ia de Rose por ela mesma, da guagem? ‘Acmpregadora de Rose me ligon. Ful informado de que, muito embora Ihe fosse penoso, ela nfo tinhe outra opeio eendo despedir Rose de sex amprego de recepeionista/operadora de cAmera de video em uma movimentada agéncia de publicidade. Bla ndo hesitava em reoonhecer, que sua funciondria possu‘a capacidades ébvies. Contui todas as vezes que Hose era solicitada a atentder uni ‘pedido além do uma tarofa incompleta, ela “tinha um ataque” ¢ se desmanchava em ggrimas. Sua empregadora chamou minha atengio para o fata de quo Roce tinha um dom para a preparacto de alimentos, coisa que As vezes cra solicitada a fazer durante filmagens. Ela tinba se determinado a ‘encontrar uma colocagéo para Rose nesta area, até se dar conta de que isto seria totalmente impossivel. 0 trabalho com 0 fornecimento de refeigies sujeitaria Rose a exigéncies miltiplas e urgentes. Ela tam- bbém me disse que Rose tina ums longa histéria de perda de empregos polo mesino motivo, e que estava me ligando porque els (Rese) tinha ficado totalmente inconsoléve} com mais esta demisedo e ela estava muito preocupada com seu bem-estar, Sugeri que ela passasse meu telefone para Rose e disce que faria o poasivel para vé-la imediatamen- contava Sua triste histéria de desojo antigo de se tornar a possibilidade devidoa nata- reza exigente do trabalho, Hla parecia tio desamparada que Ihe per- guntei se havia algo mais em zelagio a seu “problema” do que aquile Ela sorriu tristemente e aquiesceu com a cabega: “Sim, existem outras o uma base dentro de mim." Eu perguntel: “Voc® se sente uma pessoa falsa, ocd por dentro?” Ela receheu esta deserigio com entusiasme, como se os recursos lingiifsticos que eu tinhs Ihe ofe- reeido significassem um alivio para ela, Bu continuel dizendo: “Deve haver uma histéria por trés disso, Voe8 quer me contar sobre ela’ Bla suspirou e sorriu ao mesmo tempo: “Foi por isso que eu vi, .. eu sim plesmente néo posso mais continuar deate ie ontramos ema um relato no qual o papel de narrador — refletar era compartilhado pelos dois, Minhas perguntas reflexivas e suas respostas conduziram sua histéria pelo tempo, além de afasté-la da histéria do pai, p Artesia cme Cote Basis) ag A autoria dele da experitncia dela de abuso ficics tinha sido imposta a forsa, dada cua paternidade hegemdnica ¢ sua autoridade moral como ministro de uma igreja cristd fondamentalista, Este « rma deixava Rose particulermonte confusa, pois, apés a missa domiai- cal, os paroquianos née deixavam de comenter oquanto els era sortude do tor “um homem tio bom e gentil” eomo pai. Sue maeera uma espec- tadora desta vicléncia, que defendia seu siléncio come o tinico recursa que tinha & disposigdo para conter a violéncia do marido em relace 20s filhos. Ainda aseim, Rose sentia uma grande amarguracm relagio ‘tomara a iniciativa de di ido quando ela, Rose, tinha 19 anos, insistindo que filha fesse mandada para um colégi stante, Este gesto ere sem precedentes entre as pessoas de sua religiso. ‘Uma versdo “alternativa’ fol escrita a partir de tomadas durante a sessio e enviades para Rose pelo cor vorcir-se do inbas notas, Querida Rose, um pouca, que vor Tevoa atte protee- doe me contando esta histbrie. Imagino que ‘ido capar de conté-Ja a ninguém por mado de ser desecred iiado por vor’ té-le compartilhado comigo, © espero parte de seu peso. Posse entender co ‘ legado que voot destreveu — wma base", Crmo paderia ser diferente sob as circunstncias sua casa — a “base” dx maioria das pessoas — rao 1a desaparecer” Nao me at atualimente vocd osteja echando a vida em ralagaa aos. Buconsidero: tampougo me adinira que, a despeito de todas as su aicibutes pessoais que perecem tiv Sbvios a todos os: voc! dirante sua vida, yoct se sinta to oca e “falsa” por dentro. Neo me [Edmire que vot# se sinta desmaronar quande outras pessoas lhe fazer i= terceira do quatro filhos, de um pai que “no ha tido, insstia na oboditncia a euat vegranena iueagio de eriangas, que vistas, mas nfo ouvidas?. Desde o inicio, vood tin Tecuseva @ curvar-se ea te submeter & autoridade dele. Vor# pagou cara por ‘sua natureza voedl, e foi espancada por causa dela. Ainda assim, vort $= 196 ——$ saa evomare Ronn. Gergen nesma, embora aentisse que clo estava determinado a me conts, ole era temperames ta do qua tades ¢ @ dono da verdade. De certa forma, (0 ter side mandada para 0 eolégla, mesmo que isto de gous pais. reeusou a ronogar a saa mde, por ela nao tila protogide nfo eonhees a verdadoira exiensto da mnie suportou, Apés um certo grau de acreditar que o merece. Sou pai também tisha tina outoridade mos Sd por son trabalho. Algum dia, acredito que sua mie vat Ihe confessar saftido muito mais do que vosd imaging, B ela podia estar certa ao pens {que o nico camialao aberto pave ela era assistir em siléneio, porque, se ela s° opusesse a ele, ele teria redobrado antes seas, Fioe me pergun- anda se ela nfo tem algums bistéria tercivel demais para revelar até mesmo para si prope ‘A despelto das tentativas do seu pai de elimi placavelmente a ele, Voce desafiow sua imagen: p Vora padaria facilmente ter assumido a opinie que ele i dispensado sua préps o°8 nd estaria aqui ele era mau, 9 no ¥ meio de sa hipocrisia? ‘vord se apis im ocd nfo podia esperar filha". Ainda dale eo seu ea, Bsta foi ume ‘yoo foi eapaz de di Aistingto erities, foi eapas do criar uma boa de muita eoragem para como identidede para si mesme. Vout dove te vo anos e meio eter “sabres ‘sanetancias provou 8 uma vez por todas que voce tinka “gazra”, Voo® fi capa de se sentir orgulhosa de ai mes- ‘ma por ter 6e-virado ta bem, Voce disse que’ "Qandn aston stra a parede, flgama coisa me faz reagie .. um inatingo de sabrevivancia'. Acrodito que 0 como pegsoa e comescu a acreditar mais emt si mesma, i af que vocé comegou a se ver pelos clhos dos outros de seu pai? Quand foi que voce passou a ndo accitar mais adefi tna de vod, “lixo"” ‘ATevapia come Consttugia Soca) —————__ ar Isto deve ter atontecido em algure momento, ou voo8 teria sale por rong baldio para oles a jogeremn! Do sigur gr sua prépria imagem viva. iplamente accito de que as mulheres resolvem sous problemas sendo “salvas pelos homens” dove ter actado isto dificil de engolir, dada sza historia. 60 apreciar mais quands ficou sotinka. Eu me pergunte ee ver eeus dole inmas mais valhos eonctrasrem ved a esperanga necessdria para fazar o mesmo. Obyiamente cles tiverarm elgumas vantagens ao oncontrarom, em uma idade precoce, parceiras que ce davem ter realmente-apraciad, para quo oles pudescem apreciar a si mesmos: ‘Ba sugeri que talvaz voce gostasse Ge deseobrir como swus insnfos conseguiram eonstru quals puderam soo Wer vo08 queizs se fa conhecer como pessoas ho certo” e que tinha “dado a largada”. Tinka renovedo a relagéo com stta mie 6 agora centia uma nova compaixio e uma nova ligagao ela. Bla também tinka ligedo para todos os méos e se encontrado lee um de eada vez, por causa da carta. Todos eles logitimaras expariéneia de abuso fisicoe tomaram seu partidos pontade a la & cortar totalmente 0 contato com o pai, como os dois mais velhos +tinham feito. Bs ee aconsellou sozinha a respeite disso e decidiu man- ter seu rolacionamenta com o pai. Rose estava radiante e espirituosa $98§ state evens eat 3. ire ao contemplar seu futuro, que agora ela antecipava. Este encontro foi resumido na soguinte carta: Querida Rose, Ler a cart vado a “uma sensagio de al ‘que Ihe ofereceu uma histéria diferente, parece ter Je- .)era normal que su tiveese problemas ..) apreciar mais plenamente que “sentis qu vva definitivamenta no caminho certo”. # eu suspeite agora que voo8 est so dando conta de que jé estava no “esminho certo’ hé como You’ mesma coloca, vooS teria se "desiludia ria vida.” Bem, existe muita vide em voot "Em um progress espetacular, alguns dias apés nosso into aum emprego como chefe de cozinha e nfo permi- tiu de maneira alguma “que o terror me impedisse’, eolocouse A prova ¢ e 6 muito competente, tanto que foi ‘as férias de seu patra, Yooé sen ‘pousa tempo, e que esta pode ser ‘estou me estou apenas come- existe muito espa ‘teque foi capax de aprendor rauite coisa a carreira que tanto procurava. Como voeb mesma eclo e tenho todas estas oportunidad jerceber que vore reeém abriv uma. ‘se tdo realizada, foi spas do apreciar a contribuigao de jades. Ela também “linha ume mente ewiosa ( ra algo de dentro dela." A despeito dist ita autoconfiange", mas o que ela poderia ter se tornado se so pai, como vore diz, ndo “a tratasse como um eapacho"? ‘net taxnhém consegusit diseutir algumas quesibes pessoais com seus 3 concordarain eem @ earta, O consolho dies a voce ful jora.e vai tor ret para ales confirmarem sun histéria e, telvex por iss0, voce ob apaz de sa ver airavés das olbes de outros. O reeultade disso fbi vued Ler we fapreciado mais ¢ tar desenvalvido uma relacéo mais confortével consigo mes- Decte poato em diante, vort propts que: ea quero que ela eresga ( dependants", Veet propts un més de cot quero que cla & ‘elo ao invés ce mais experimentagies, espacialmente em relagio & sua con Pettncia em sua nova carreira, pare desenvolver mais auto-estima, para vivenciar plonamente seu sucesso (e este grau de sucesso “basta no momen- -ATrapi con Cansteusa Sela) $12 10"), 0 resistir 8'tentagho de que a solidao a conduza para uma ri insalisfatexia, Neste pont, vocé vai ter que novemente desafiar omitoealtu- ral de que ax mulheres se completam mas relagbes com os homens. Bstou muito interessado em on de novo para ouvir sobre ‘suas novas aventuras, Foi uma exporiéncia muito praterosa para mim saber ‘camo voet esté feliz e como methorou em tke pouco tempo. ‘Com vatis de felicidade, . David Novamente nos encontramos um maés depois, @ Rose estava mais cheia de vida do que nunca, Bla tinha assumido inteiramente o surante e estava expandiado suas habilidades culinérias, Ela ex- ressou uma grande eautela a respeita de uma relagéo com um homem ‘que havia conhecido, falando de sua determinagéo em ee envelver om rolagées diferantes das que ja tivera, nas quais ela costumava “se sen- tir sugade". “Eu entendo os erros que comet, Bu abria mo de meu podar e me colocava a disposigao para ser abusada a0 néo assumir a jade sobre mim mesma”. Bla disse que tinha decidido ava- mamants & medida que ele fosse se desenrolando, 6 manter orespeito por si mesma comunicando suas préprias necessida- te relagdo 6 positiva para mim como fda. Bu estou trabalhando ativa- Sintomae muito mais satisfeita convidei Rose para sejuntar aim exposto por Epaton e White (1980). puss. que as pessoas cum ‘com o tevapeuta, no gual 0 conhecimento que foi revivido e/ou gerado na terapia € docu- jmentado. O conhecimento inelvi as aiternativas e verades pre- ferides a respeito desi mesmo, dos outros e das relagtes, © 8 hhabilidades de solugio de problemas que capacitarama aa pes 8038 a libevarem suas vidas. (1990, p. 29) Ser um ‘consultor para outros” implies em uma platéis, e as platéias recrutades contribuer para a autenticag&o des afizmagzes preferidas da pessoa, derivadas da atribuigio de sentido aos eventos de sua vida do acordo coin 2 historia iva". E vote, leitor, tor s uses ia. A propria Rose wsoritas desta consulta, a partir das guinte trecho: eu versées eva foi editada 0 se- ‘quando eu ere crianga ea 0 (.) Multus dos sentimentes negatives ig ou tinha n respoite de mim mesma finkam sido reforgados quando eu era thais jovem por umie figura parental (pa?). Fou assumi aquela atitude, eons sar daquela forma sobre mim ‘mesma, "Ter phistéria medeu um. ponta dereferéncisa particde gual enxergé Js, 12]a novamente, pensar sobre ele @ formar minhas préprias opines e 09 diseutida, Bu m & «me sentei para Pensando sobre ele, talven até me Sem isto, acho que ea saber por que descobrindo a diregdo que queria. ) eusei que ainda ester que era certo, do 4 sinha propria histor ensamentos, B tanta coisa ereadau a parti ‘ame sentir mais eatlsfelta comigo mesma, Eu conec vatidade. E que eu tinha tido tantas siderar um tipo de futuro mu se acontecico, ex teria continusdo a ser ume pessoa mut chegndo a um ponto no gual cu jé néo queria mais ir era uma questi deou ‘separei das opinides de mea pal « meu respeite e formel as minha: A Trap como Contes Seat vias opinides, Eu me dai conta do periga de ser “faite Eu resumi esta “consulta” novamente por carta: Quorida Rose, Estou escrevendo apenas para agvailecer a vuc8 por ter comparti- Thado seu “conhecimento” comigo,¢ par sua boa vontade om coloed-ln & disp que do “conhecimsen ia da importineia dos quem abuso ‘essim que Gelas. Nem posso dizer o quanto fiquel impress ‘voce abteve Uma “histéria" mais fel sua prépria: ua vide, vee8 preencheu em si mesma aqucle para mim consige mesma, € ‘tempo, imagine @ manter om ATERAPIA DE REAUTORIA: PREMISSAS E PRATICAS ta terepia esté bascade na idéia de que a vidae o: namentos das possoas ef0 moldadios polo confeimento epelas historias aque elas usem para dar sentido as suas experiéncies,e por certas pré- ticas deselfou de relagbes que estto associadas com ests eonhecimento © com estas histérias. A teropia de reautoria se propée a ajudar as pessoas a resolverem problemas: (1) cepacitando-as a separarem suas Vidas erelacionamentos das histdrias/conhecimento que sejam empebre Sheila MedueseManneth I Gergen sjndendo-as a desafiarem préticas do self ¢ de relaciona- mento que sejam eubjugante; e(3)encorajando as pessoas a recontarems suas vidas de acordo com hist cimentos alternatives e p cee alternativas de self vlacionamento que teham resultados maiz desejaveis, ‘Bxternelizando seu problema’ como o fato de viver segundo & histéria de seu pai Togo nos demos cinta de que uma boa parto do sua exporiéncia vivida no podia ser accmodada pele “hist6- Ha dominante”. Muitos eventos de sua vida, vistes através'dos dela ou de outras pessoas, simplesmente nfo cal por isso, Rose nio tink sido capaz de recon tradugdo da oxperiéncia em sentido era “pré-figurada” pola narrativa existante, ne qual certos eventos eram considerados significatives outros ndo eram registrados por serem sem sentido, A encenagio de ‘sua vida segundo a histéria “dominante” levou-a ¢ se reprovar e sentir- te culpada om relagdo a si mesma como pessoa, ¢ a sentimentos de snedo ¢ diivida em relagio & conoretizagao do suas préprins capacida- des, Uroa histéria elternativa torn¢ fs “resultados singulares” forem identificados os novos sentidos ram atribufdos a les, ea histéria “dominante” comegou a sor revists Rose recrutou sua prépria pl: ns da autenticagao, no encon- tro em que serviti camo “con: para outros", COMENTARIO Tome conta de sua vida", "Soja a pessoa que voce sempre quis Os slogans da psicologia popular ppotencial de nos toriarmos a pessoa que quisermos ser, a despeita do gue os outros posserm penser". Seria a terapia de reautoria uma outra a trugdo? Beta questto dove ser considerada para I tica clinica em um dmbito social mais ample. ‘A primoira diferenga bvia entre a terapia de reautoria e & psicologia popular diz respeito aos sous respectives meios. Embora a sautoria tire sua forya dos documentos textuais, cla acon- 1 de win terapeuta, tomo um servigo de assisténcia, en- quanto que a psicologia popolar parece ser em grande parte um produ toque é levado para casa e consumido no ato p & diforenga entre um processo dislégien, no qual umm individuo se ve ATerapia coro Corsnap Seis] refletido nos othos de outro, ¢ um processe monslégieo, no qual a tinica platéia do individuo é ele mesmo" Esta distingdo nfo é totalmen Pitida: letor dos textos da psicologie popular estabelece alguma rela- ao com o autor, ainda que abstrata. Nao obstante, é poaco provavel neo autor de um manual de auto-ajuda responda as formes como 0s onselhos do livre sdo tomados por um leitor especies. A presenga de tama pessoa que testemunba as respostas do outro €0 que distingue = ‘alcoterapie da auto-andlise das leituras da psicclogia popular. O aig- na necessidade do individuo de ter sua um, enquanto que e terapia de reantoria em Delecimento de uma platéia perante a qual as formas de mudanga pos- sam ser autenticadas, Por exemplo, na carta de David Epston para Rose, ele escreve: “Deve ter sido satisfatério para cles [a famtlia de Rose] confirmezom 7 por isso, voce obviamonte foi capaz de se ver atra- és dos ol roe, O resultado disso foi voc ter se apreciage mais, beer desenvolvidoumna relagdo mais confortével consigomesma” Ast a familia € organizada come umn espelho no qual ocliente €estimulado 2 aceitar uma autonarrativa mais efetiva, Esta dimensao da pratica da terapia da reautoria levanta ques- .ndimento do que esté envolvido nas préticas de ‘o, Ema que graa a terapie de reauteria diverge dos es da Psicandlise, que dio énfase & reconstrugio das as décadas, 08 psicanalistas americenos a ‘oda narrative em seu entendimento do processo ‘Spence e&0 dais peicanalistas que '8) examinox como a Psicay tragédia e ironia, Segundo Schafer, @ veiculo para as ditensbes fundam maleabilidade do caréter, 8 compet Gade « o potencial para a f narrative faz pela Psicandlise na teoria de Schafer ¢ fazer estas pro- misgas perecerem questtes de escolha, ao invésde componentes essen- tiais da teoria, VersGes da psicandlise narrativizadas diferentemente podem ee adequar a diferentas contextos: por exemple, @ psicsndlise Vomica pode ser usada em uma situagao de assisténcia social, enquan- tite toes een Sirgen is do quo uma visto da realidate — ele tembem s visdo étice Como teérico, Spence (1982) esté menos preceupads do que Schafer com a3 jeidas no processo terapéntico. Sua éntase ests la de achar as 65- truturas epropriadas de linguagera para expressar as ansiedades in- consciantes do analisando. Spence chama esta quelidade de “verdads gto Literal do ppassado, meé um quadeo que, cm virtude de sua “finalicade estétiea’, reine a$ experincias nfo reconkecidas om um todo administs Spence apresenta uma verdade que é nedida por ses efeito terapeu co, mais do que por sua oxatidao. Bete introduglo da narrative convo- aa capacidade eriativa de anelista de prodaric uma boa histéria. ‘A poicandlize narrative yeprasenteda no mundo de Schafer & Spence assume uma recuse do paradigma eléssico da verdade histéri- ce dentro da peicanalise. Mais do que um conjunto espectfico de verda- Gos reveledas em andlise, é a forina” particular na qual esta verdade emerge que contém o potencisl de cura. H esta forma que distingue ais precisamente @ psicand a da. terapia de “reautoria”. Os fatores em joga nose limitaglo esté em ho ca, que é ver 0 protien olhar para.o problem: justifcativa nfo face narrativa, ela representa v rapia de reauteria’, A ént achax um “lay” para a so da psicandlise para ager v8 esta fora de seu orcar se ninguémt aléma do ‘bafde pelos outros —quenos eoncedem 0 ne 08 outros pensain de nés deve ser em conta. Néio basta simptesmonte mudar a propria imagom privada- mente, devemos, além disso, ter uma imagem convincente para mos; ‘rar aos outro [A TReepin era Costin¢h Sah) = ria. Hm corte grau, a idoologia dea aliberdade do individua de construir jstiria devide. Esta 008 que os individnos 1as proprias histérias de vida ter a liberdade de constr Com todas as liberdadcs, os tora possiveis: um ser encontrada ne contexte dialégiee. Podamos perguntar: por que sua nova histéria é reconhecida por seu grupo de conversagdo? O que 03 ‘outros iém a ganhar com este reconhecimento? Estas elo perguntas tro do nariz da maioria dos com a terapia so uma forma do que Gergen chama de “condigies de garantia"(1989). Amudanga, neste sentido, é uma licenga que deve ser comprada com mocdas vistas como legitimas. A mudanga pessoal & ‘uma economia vestrita, Um dos toques do génio da terapia de reautoria, que cla reconhece o poder do texto de autenticar as formas de rm ga posse: Eisie progresso cria um espago no qual outras formas de tera- iar podezn ge seguir. O que é primario 6 e sonsibilidade ao que re uma pessoa “mudac” no contexte do grupo, Brn cerfes por exemplo, a experiéncia de viajar per 10 uma demonstragdo legttima da capaci ste e Epston, 1990). Aviagem, neste caso, ‘agaptado pelas famflias segundo susa co capazde do retornar para easa tom histdrias de provagées em terras estrange:- as, Bstes hist6rias om gerel fornecem angumentos para as conversas entre os membros da familia ¢ respeito da natureza humana, Por exen- plo, uma conversa pode girar em torno da questio de se no fundo es pesscas sto todas iguais ou diferentes, Uma filho que volte para casa com evidéncias a esse respeito derivadas do sua experiéncia entre po- poderé contribuir para a conversa que mantém a fami- participa do que Bruner (1887) descreve como o “emara- ‘ncorpara difarentas pontos de vista dentro do tipo de com- versa que traz a familia para @ mesma mese™. Aqui nar a mudanga dentro do contexto dial6gico propors lia: a mudance 6reconhecide quando ela contribui para a imagem mo fs dramatsryos senualidade de ua Stalin iNemse Kenseth Orgce « Bpaton (2900) contim ralatos dv seciedule coun que os eientes toinsram af earias doe torepeutas~ levando-as consign e mostracdo-as A cures es tos de viegam (X Imaking of personel change, Tese de de Melboura) scrigze de Jerome Bruner (1987) da din recions) da fam "Goodherts”ofereco um exeaspla auit de como uma femilia pote desenvaiver Ss cecogia diseunsiva que ao mesmo fain evs mantras, REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS imagination: Four Basoys, ti. MLHolguist and ty of Toxzs Pross ‘expressions fw Yor Deubladay. 2B (1958) Aayioms, Hernsendeworsh: Pea Harré, R (1983) Perwonat Being. a Theory for nd in sblghood in M. Durraat and © with Sexual Abuse. 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