Alguns jogos de estratégia fazem bastante sucesso. Por exemplo, o famoso WAR - um jogo de estratégia militar, ainda hoje é bastante conhecido. Este jogo é baseado em guerras entre países e o vencedor é quem consegue concluir primeiro a sua missão de conquistar territórios. É necessário ter uma estratégia montada na cabeça no início e saber alterá-la no decorrer do jogo. É verdade que os jogos de estratégia fascinam mais as pessoas porque exigem não apenas sorte mas também o raciocínio do jogador. O xadrex é um dos jogos de estratégia mais praticados no mundo, e em muitas escolas os alunos são incentivados a praticar xadrex, como forma de acelerar o aprendizado através do raciocínio estratégico. Nestes dias de julgamento do casal Nardoni, o que mais se escuta na televisão é sobre a estratégia da defesa. O advogado quer utilizar a seguinte estratégia: desqualificar o trabalho dos peritos e das provas apresentadas pela investigação policial. Observando este texto bíblico, notamos um Davi totalmente distante dos padrões de Deus. Ele não é um homem ideal ou um herói sem pecados. Muito pelo contrário. Davi demonstra claramente neste texto que seus olhos deixaram de mirar exclusivamente o seu Deus. Ele vai até Nobe e encontra-se com o sacerdote Aimeleque. Neste encontro muitos fatos aconteceram que denunciam a fragilidade de Davi. Ele tirou o foco do Senhor, e passou a agir baseado em suas próprias estratégias. Neste contexto Davi passou a ser um fugitivo, depois que ele se despediu do seu grande amigo Jônatas (I Sm. 20:42- 43). Davi era um homem procurado, vivo ou morto, pelo rei Saul - a quem deixou de servir no palácio real. Se houvesse fotografia naquela época os cartazes estariam espalhados com a palavra PROCURADO. Por causa de nossa natureza carnal, nós também temos a tendência de desviar o foco espiritual do nosso Senhor. Por isso, o escritor aos Hebreus admoesta os crentes: "Olhando firmemente para o Autor e Consumador da nossa fé, Jesus." (Hb. 12:2a) Quando desviamos ou tiramos o nosso foco de Deus, passamos a adotar algumas estratégias pecaminosas para tentar manter o nosso "status". É aí onde mora o perigo! Todas as estratégias possuem um fim específico, mas na vida de um crente os fins não justificam os meios. A tônica neste mundo caído é utilizar as mais variadas estratégias para se obter êxito em alguma empreitada, mesmo à custa de valores morais e éticos. E é verdade que este mundo atrai o olhar de muitos cristãos, que passam a implementar estratégias espúrias para atingir fins específicos. O homem pós-queda passou a inventar novas estratégias para resolver seus problemas depois que tirou o foco de Deus (deixou de depender do Senhor). Neste texto podemos observar que: "QUANDO TIRAMOS O NOSSO FOCO DE DEUS, DEUS, ALGUMAS ESTRATÉGIAS SÃO IMPLEMENTADAS IMEDIATAMENTE." (leia-se: implementadas – colocadas em ação) 1) DETURPAR A VERDADE DOS FATOS PARA CONSEGUIR O QUE SE DESEJA (Vs. 2, 5, 8) Davi mentiu várias vezes para o sacerdote Aimeleque neste encontro. Esta estratégia de utilizar mentiras tinha alguns objetivos bem claros na mente de Davi: 1º) Adquirir a confiança do sacerdote; 2º) Assegurar que o sacerdote entregaria os pães da proposição; e 3º) Assegurar que o sacerdote que o sacerdote lhe entregaria a espada. Davi almejava todos estes objetivos e por isso mentiu para Aimeleque descaradamente. Davi não pecou ao comer os pães cerimoniais. Jesus não condenou esta atitude, quando confrontado pelos fariseus porque os discípulos colhiam espigas em dia de sábado (Mc. 2: 25, 26). Jesus relatou esta história para provar aos fariseus que não há erro em satisfazer uma necessidade legítima, mesmo que uma regra cerimonial seja violada. O erro de Davi foi ter conseguido os pães deturpando a verdade dos fatos a seu favor. Davi enganou o sacerdote Aimeleque em cada frase do diálogo – as suas afirmações falsas demonstram que Davi tirou o foco do Senhor seu Deus. A triste realidade em que muitos cristãos estão mergulhados é um oceano de fatos deturpados. A mentira e o engano são utilizados para conseguir vantagens, mesmo em prejuízo de valores eternos que a Bíblia tão claramente nos aponta. A estratégia da mentira traz um certo alívio imediato, mas em longo prazo só acarretará malefícios. Esta estratégia foi usada por Satanás no jardim do Éden, que deturpou verdades para iludir Eva. Desde aquele dia, o homem passou a viver criando “jeitinhos” para conseguir o que deseja. Muitos textos na Bíblia nos advertem contra a mentira. Em Ef. 4:25 lemos: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.” A verdade deve prevalecer em todas as circunstâncias na vida do piedoso, como está escrito em Pv. 13:5: “O justo aborrece a palavra de mentira, mas o perverso faz vergonha e se desonra.” Ananias e Safira também utilizaram esta estratégia para conseguir a admiração dos apóstolos. Eles deturparam a verdade dos fatos e foram imediatamente (Atos 5). O fato é que cedo ou tarde a verdade vai aparecer e as conseqüências serão destrutivas. Os profetas na época de Jeremias também profetizavam mentiras (paz, paz!), mas foram julgados por isso. 2) UTILIZAR RECURSOS HUMANISTAS PARA PRODUZIR UMA SENSAÇÃO DE PODER (Vs. 8-9) Quando Davi aceitou levar a espada com a qual matou Golias, A NVI traduz assim as suas palavras: “Não há outra melhor; dê-me essa espada.” Vamos analisar esta atitude de Davi, do ponto de vista de Deus. Por que seria necessário Davi usar aquela espada? Tomar a espada de Golias para si demonstra uma busca por auto-afirmação diante das pessoas. Davi precisava daquela espada para diminuir sua sensação de insegurança, e também elevar a sua “auto-estima” que andava meio abalada nos últimos dias. No pensamento de Davi, ostentar aquela relíquia traria o respeito dos seus opositores, porque ele foi o único que teve a coragem necessária para enfrentar o gigante Golias. Nestes dias em que vivemos, os recursos para estimular a busca por auto-afirmação não faltam no mercado. Há muitos produtos nas prateleiras que exaltam o poder interior do homem – recursos humanistas que se tornaram uma febre. Infelizmente, o crente que tira o seu foco do Senhor Deus passa a enxergar algum valor nos recursos humanistas e se torna escravo da auto-estima positiva. O cristão que tira o seu olhar das promessas de Deus contidas na Bíblia se torna inseguro. Ele resolve então utilizar estratégias alternativas para preencher esta lacuna e nesta busca insaciável por segurança a qualquer preço adota valores mundanos. As igrejas que lotam são aquelas que defendem o potencial humano, o sucesso e a prosperidade como marcas de uma vida vitoriosa. Os crentes hoje em dia são exortados a confiar em suas habilidades e ostentar suas vitórias orgulhosamente. O caminho de quem deseja agradar a Deus é diferente: a dependência do Senhor deve ser buscada constantemente. Esta era a confiança de Paulo ao afirmar que a excelência do poder procede somente de Deus (II Co. 4: 7-9), e não de recursos próprios. Precisamos voltar a mirar fixamente a vontade de Deus e abandonar qualquer recurso humanista que cega a nossa visão. Salmo 141:8: “Pois em ti, SENHOR Deus, estão fitos os meus olhos: em ti confio; não desampares a minha alma.” 3) FAZER ALIANÇAS INSENSATAS PARA GARANTIR ALGUNS PRIVILÉGIOS (Vs. 10-15) Davi buscou refúgio junto aos filisteus que eram inimigos ferrenhos do povo de Israel. Ele foi abrigar-se no palácio do rei Aquis, fazendo-se passar por louco para não ser visto como um inimigo infiltrado. Davi demonstrou completa falta de bom-senso porque tirou o foco do seu Deus e passou a confiar nos privilégios que teria próximo ao rei de Gate. Notemos que o gigante Golias era desta cidade (I Sm. 17:4) e que esta não foi a única vez que Davi buscou abrigo perto dos filisteus (27:3,4). Davi fez um papelão diante de Aquis para garantir sua própria segurança. Ele vendeu seus valores e seu bom senso naquela ocasião, porque deixou de fixar o olhar no Deus eterno. Sua estratégia foi fruto de um coração não-dependente do Senhor – ele resolveu agir seguindo a intuição e isto acabou mal. Quando nós passamos a depender desta estratégia nos submeteremos a verdadeiras loucuras para assegurar os privilégios que temos em mente. Temos uma tendência pecaminosa que nos rouba a sensatez se for deixada sem uma vigilância adequada. Quantas famílias e lares destruídos por conta de alianças insensatas! Quantos relacionamentos arruinados por causa do pecado! Considere por um momento a aliança insensata de Sansão com Dalila, que acarretou sérias conseqüências para ele (Juízes cap. 16). As amizades precisam ser bem escolhidas a fim de evitarmos graves prejuízos. Considere também o mau conselho dado por Jonadabe (homem mui sagaz) a Amnon (filho de Davi), para se aproximar da jovem Tamar (filha de Davi também) em II Sm. 13. Que possamos evitar todas estas estratégias perigosas em nossas vidas. Mas só conseguiremos evita-las eficazmente se os nossos olhos estiverem direcionados para o Senhor, dependendo exclusivamente de sua graça e amor. A estratégia mais segura a ser colocada em ação é viver na constante dependência de Deus e em comunhão íntima com o nosso Salvador e Senhor.