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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DE CASSILANDIA - MATO GROSSO DO SUL Processo: 0000843-42.2012.5.24.0101 Reclamante: JOSUE RODRIGUES DA SILVA Reclamada: IACO AGRICOLA S.A. Marcelle Botelho de Lima Abreu, infta-assinado, Engenheira de Seguranga do Trabalho e Higienista Ocupacional pela ‘ABHO n°1256, registrada no CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo sob n° 67629-2, residente © domiciiada em Paranaiba-MS, vem respeilosamente a presenga de Vossa Exceléncia expor e requerer 0 quanto seque: Tendo sido nomeada Perita Judicial, procedeu ao levantamento das condigdes ambientais do estabelecimento da Reclamada, e apés diligéncias e estudos necessérios para bem e fielmente cumprir © seu mister, vem apresentar suas conclusdes consubstanciadas em laudo técnico, requerendo que 0 ‘mesmo seja juntado aos autos do processo em epigrafe para que produza os fins colimados. Servindo-se da oportunidade para também oferecer o pleito de seus honorarios, incluindo gastos com transporte, dispéndio de tempo, consumo de materiais e manutengao dos equipamentos de medigao, estimados em 4 salérios minimos, alualizados 4 época do pagamento, requerendo a Vossa Exceléncia, com 0 merecido acatamento, receber o presente laudo e arbitrar a remuneragao do seu trabalho, com o habitual senso de direito e justica, ‘Ao final coloce-se disposiggo de Vossa Exceléncia para prester quaisquer outros esclarecimentos que se ensejarem necessarios. Termos em que Pede Deferimento Paranaiba, 15 de outubro de 2013, i ~4 LGM che Botelho de Lima Abreu SUMARIO 4. INTRODUGAO. 1.1, DADOS.... 4.2. EMENTA..... 1.3. OBJETIVO..... 1.4. AMPARO LEGAL... 1.5, METODOLOGIA DA REALIZACAO PERICIAL.... nN CONSIDERAGOES PRELIMINARES.... 2.1, PRESENTES IN LOCO NA OCASIAO DA PERICIA. 0 2.2. DESCRIGAO DO AMBIENTE DE TRABALHO... 2.3. DESCRICAO DAS ATIVIDADES...... 2.4. AGENTES NOCIVOS ......cesesotse 2.5. AGENTES ANALISADOS 3, PERICULOSIDADE... 4, RESPOSTA AOS QUESITOS DA RECLAMADA... 5, RESPOSTA AOS QUESITOS DO RECLAMANTE. 6. CONCLUSOES E PARECER.... 7, BIBLIOGRAFIA.. 8. ANEXO 14 — LEI 11.901/2009.. 9. TERMO DE ENCERRAMENTO... INDICE DE IMAGENS Figura 01 - Camino Pipa Figura 02 - Caminhao Pipa Figura 03 ~ Colheita da cana de agicar INDICE DE QUADROS Quadro 01 - Presentes durante pericia / cargo-fungao Quadro 02 - Periculosidade 4, INTRODUGAO 1.1. DADOS Processo N*: 0000843-42,2012.5.24.0101 Vara: VARA DO TRABALHO DE CASSILANDIA-MS, 24° REGIAO Reclamante: JOSUE RODRIGUES DA SILVA Reclamada: IACO AGRICOLA S.A. 1.2, EMENTA © requerente, Sr. JOSUE RODRIGUES DA SILVA, ajuizou Ago contra IACO AGRICOLA S.A., evidenciando através de cdpia da Carteira de Trabalho e Previdéncia Social - CTPS, apresentada no proceso (fl. 16), que fora contratado no dia 19 de fevereiro de 2010 para a fungdo de OPERADOR DE CABINE. A resiligdo do contrato de trabalho se deu no dia 20 de novembro de 2012. O reclamante, pelas palavras de seu advogado, alega que: “fa A fungao exercida pelo reclamante em prazo de aproximadamente um ano, foi a de motorista de Bombeiro, estando constantemente em contato com fogo, de maior ou menor intensidade. Outrossim, 0 motorista de caminho bombeiro, da mesma forma que os brigadistas e bombeiros civis, esta permanentemente em contato com focos de incéndio, transportando no caminhao botijdes de gés, para sserem utlizados pelo brigadista para aleamento de contra fogo, como prevengéo e evitando assim, 0 alastramento para outras éreas. Os botiées de gs e demais equipamentos, fazem parte dos equipamentos e permanecem acoplades no caminho de bombeiro, ullizado e a disposicéo do brigadista que permanece durante toda a jomada de trabalho, ao lado do motorista, em prontidéo para combate. Quando um trabathador exerce uma atividade que o expde a uma constante condigao de risco, ele tem 0 direito de receber, além do salério, um adicional de periculosidade. A periculosidade em saude e seguranga do trabalho, por sua vez, & a caracterizago de um risco imediato, oriundo de atividades ou ‘operacées, onde a natureza ou os seus métodos de trabalhos configure um contato permanente, ou risco acentuado. 0 Servigo de Bombeiro em geral por sua vez gera atvidade que ihe proporciona risco iminente de morte no combate a inoéndio, entre outras tantes, caracterizendo assim atividade que expoe @ uma Constante condigéo de risco de morte. Néo é diferente com o motorista de bombeiro, que permanece durante a sua jomada de trabalho, inteiramente exposto a toda sorte de risco e contato com incéndios € outros acidentes sinistros caracterizedores de iminentes riscos & vida ou no minimo @ sua satide, nas mesmas condigdes dos brigadistas e bombeiros civis.[..) E dello iquido e certo, aos empregados que laboram na atividede de brigadista (bombeiro civ), e seus respectivos motorstas, 0 direito ao adicional de periculosidade de 30% (trnta por cento), incidente sobre o montante do saléro auferido pelo empregado. Todavia, a reclamada nunca pagou ao reclamante, referido adicionel, razéo pela qual, deveré ser condenada @ pagar os futuros @ retroativos 20 inicio do contrato’. Por seu turmo, a reclamada, pelas pelavras de ado, alega aue: “[uo] Vez que 0 reclamante nunca laborou em ambiente perigoso, conforme legislagao em vigor, no ha que se falar em pagamento de tol adicional,restando a improcedéncia do pedido. Séo periculosas as atividades ou operagées, onde a natureze ou os seus métodos de trabalhos configure um contato com substéncias inflemaveis ou explosivos, em condigao de risco acentuado, Nao se aplica a periculosidade ao trabalhador que & exposto apenas eventuaimente, ou seja, néo tem contato regular com 4 situago de risco. [..] Assim, diante da no exposigéo em ambiente perigoso, ou mesmo que forma ‘eventual, néo manuseava produtos perigosos, assim, néo hé que se felar em pagamento do adicional de poriculosidade, restando a improcedéncia do pedido. Aduz o obrelro, que a profissao de motorista de bomber, equivale & bombeiro civil, € portanto, relaciona varias julyados sobre a periculosidade, porém, Exceléncia, vale ressaltar, que as jurisprudéncias colacionadas, nade refletem na fungao exercida pelo reclamante. Ressalta-se que o reclamante recebeu fodos os EPIs necessarios para protegdo de sade fisica, eliminando os possiveis riscos & sua satde, Destarte, ndo hé que so falar em condenagdo em adicional de periculosidede, visto que nunca foi exposto a tal situagao, conforme se faré prova restando improcedente o pleito. 1.3. OBJETIVO A Pericia Judicial visa prover tecnicamente sobre existéncia ou inevisténcia de determinado acontecimento, visando o esclarecimento do Juiz, e, por conseguinte, tem 0 objetivo de oferecer prova material para evidenciar fatos de interesse da justica. AA finalidade deste taudo técnico pericial & identiicar e classificar as atividades insalubres (NR15) elou periculosas (NR16 e legislagao vigente) no ambiente de trabalho, manifestando-se quanto aos limites de toleréncia, ultrapassados ou no (avaliag3o quantitativa), e quanto as avaliagdes quelitativas O perito ndo esta adstrito somente as respostas dos quesitos formulados, mas também 0 objeto da pericia, devendo esclarecer todas as questées técnicas levantadas dentro do contexto, —< ‘mesmo que néo arguidas pelas partes, ou seja, que nao forem suficientemente abrangides pelos quesitos formulados. Segundo o Artigo 429 do Cédigo de Processo Civil, no desempenho de sua fungéo, pode 0 perito e os assistentes técnicos ullizar-se de todos os meios necessarios, ouvindo testemunhas, obtendo informagdes, solcitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartigées piblicas, bem como instrur 0 laudo com plantas, desenhos, fotografias e quaisquer outras pegas. Quando se diz, ‘ouvindo testemunhas’, entende-se que pode o perito ¢ os assistentes tecnicos, ouvir pessoas em geral, no local ou ambiente onde deva ocorrer a pericia, sobre falos referentes 20 objeto da mesma, 1.4. AMPARO LEGAL Para as pesquisas, andlises e estruturagao do presente laudo, foram consideradas as rnormas em vigor relacionadas a Seguranga, Salide e Higiene Ocupacional. Tals como: © Portaria n*3.214, de 08 de Junho de 1978, Aprova as Normas Regulamentadoras (NR) do Capitulo V, Titulo Il, da Consolidagao das Leis do Trabalho, relativas 4 Seguranga e Medicina do Trabalho; * — Normas de Higiene Ocupacional - NHO - FUNDACENTRO - que compée a estrutura organizacional do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE; * Consolidagao das Leis do Trabalho - CLT; © — Lei 11.901/2009 — que dispde sobre a profissdo de Bombeiro Civil; NBR 14608/2000 que dispe sobre as atividades do bombeiro profissional civil, contendo apenas padrdes minimos, ficando as organizagdes livres para agregar outros, de acordo com as suas necessidades elou riscos envolvidos; © Outros instrumentos normativos pertinentes ao assunto analisado, 1.5, METODOLOGIA DA REALIZACAO PERICIAL Etapas basicas: Estudo da atividade e conhecimento do processo; Observagao de campo e reconhecimento dos riscos; ¥ Julgamento da aceitabildade do risco (riers tecnicos); Formulagéo de hipdteses para direcionar a investigagao; Y Coleta de informagdes através do estudo das atividades e Estabelecimento de relagdo causal entre exposigées ¢ efeitos; clerizagao de possiveis exposigdes; Avaliagdo das exposigées (qualtativa efou quantitativa) através da andlise do *GHE (Grupo Similar de Exposigéio) ~e escolha de paradigma; ¥ Parecer com base no critrio legal. *GSE — grupo de trabalhadores com o mesmo perfil de exposigéo devido a semelhanca e frequéncia das tarefas que executam, aos materiais utlizados e aos processos desenvolvidos. 2. CONSIDERAGOES PRELIMINARES 2.1, PRESENTES IN LOCO NA OCASIAO DA PERICIA s trabalhos periciais foram realizados no dia 26 de setembro de 2013, com inicio as 7 horas, na sede da rectamada. Rodovia MS 306, km 130, Zona Rural, Chapadao do SulMS. Consta abeixo 0 nome e a fungao dos colaboradores presentes no momento da pericia, NOME: CARGOTFUNGAO, Sra, Marcelle B. de Lima Abreu Perita do Juizo Sr. Ludiriey Marques de Souza Engenheiro de Seguranca do Trabalho - Reclamada Sr. Paulo Sérgio Szukala Araujo Assistente Técnico - Reclamada Sr. Maria Aparecida O. Silva Analista de Contratos - Reclamada Sr. José Nison Siqueira Peradigma - Reclamada Sr. Francisco Ferrera de Oliveira Peradigma - Reclamada Sr. Sérgio José Lima Lider de Equipe - Reclamada ‘Quadro 01 -Presentes durante peticia/cargo-fungao 2.2. DESCRICAO DO AMBIENTE DE TRABALHO O reclamante desempenhou suas fungdes como Operador de Cabine (Motorista de Caminhdo Bombeiro - caminhdo pipa) na empresa laco Agricola S.A. Os locais de trabalho eram as fazendas com plantagdes de cana de agticar da regizo, Figura 01 ~ Caminhéo Pipa \7 Figura 02 Caminhio Pipa 2.3. DESCRICAO DAS ATIVIDADES As atividades desenvolvidas como Operador de Cabine, segundo desctigéo de trabalhador paradigma e do assistente técnico da reclamada, foram as seguintes: - condugéo de caminhéo pipa com a finaidade de combater prinipios de incéndios e incéndios nas lavouras de cana de agiicar; - lavar as méquinas agricolas (lransbordo e colhedora) = durante 0s periodos de colheita, permanecer nas proximidades desta atividade, pois a palha da cana em ccontato com a colhedora pode causar fogo; - nos dias de chuva permanecer na érea de vivéncia, ou proximidades, de forma a atender ocorréncias Telativas a incéndio por descargas atmostéricas(raios); - combater incéndios nas proximidades (vizinhos), pois nesta regiéo ha petiodos de seca caracteristicos dos meses de junho, julho e agosto, o que favorece a ocorréncia de sinistros desta espécie; 2.4, AGENTES NOCIVOS De acordo com 0 item 9.1.5 da NR-9 “Programa de Prevencao de Riscos Ambientzis’ ‘consideram-se riscos ambientais os agentes fisicos, quimicos e biolégicos existentes nos ambientes de trabalho que, em fungdo de sua natureza, concentragao ou intensidade © tempo de exposigao, sao ccapazes de causar danos a saiide do trabalhador, De acordo com o item 9.1.5.1 da NR, consideram-se agentes fisicos, diversas formas, de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruido, vibragdes, pressdes ‘anormais, temperaturas extremas, radiagdes ionizentes, radiagdes nao ionizantes bem como o inftassom & ultrassom, De acordo com o item 9.1.5.2 da NR-9, consideram-se agentes quimicos as substncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiraria, na forma de oeiras, furmos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposicdo, possam fer contato ou serem absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestio. Sao representados pelas substéncias quimices que se encontram nas formas liquida, sdlida e gasosa, De acordo com 0 item 9.1.5.3 da NR, consideram-se agentes biolégicos as bactérias, fungos, baclos, parasitas, protozoérios, virus, entre outros. Estes micro-organismos séo capazes de desencadear doengas devido & contaminagdo e pela propria natureza do trabalho. Por consequéncia podem apresentar doengas infectocontagiosas, por exemplo, hepatite, InfecgGes variadas como por exemplo dermatites e doengas pulmonares. Outro aspecto importante a ser analisado diz respeito a periculosidade, a qual corresponde apenas ao risco (sinistro), que eventualmente pode atingir o trabalhador de forma violenta. Mesmo que durante todo 0 tempo de trabalho nao ocorra qualquer tipo de incidente. Diferentemente da insalubridade, a qual enquanto néo houver sido eliminada ou neutralizada afeta continuamente a saide, Insta ressaltar que o trabalhador deveré optar pelo adicional de insalubridade ou periculosidade que porventura Ihe seja devido. 2.5. AGENTES ANALISADOS De acordo com as alividades desenvolvidas pelo reclamante, alguns agentes serdo analisados conforme quadros a seguir: PERICULOSIDADE ITENS AVALIADOS ‘ANEXO 07 E LEI 12.740/12 EXPLOSIVOS. NAO ANEXO 02 LEI 12.740/12 INFLAMAVEIS NAO LEI 12.740/12 e DECRETO N°93412/1986_ ENERGIA ELETRICA NAO ROUBOS OU OUTRAS ESPECIES DE LEI12.740/12- ALTERA OART.193DA —_iglENCIA FISICA NAS ATIVIDADES. SATE ReNOGA ALE] Nt 7.360, DE PROFISSIONAIS DE SEGURANGA Mo PESSOAL OU PATRIMONIAL. ANEXO*E PORTARIA 518-0404/2003 RADIACAO IONZANTE & NkO ‘SUBSTANCIAS RADIOATIVAS LEI 11.901/2009 BOMBEIROS CIVIS sim ‘uate 02-Periculosidade {10 3, PERICULOSIDADE ‘A Norma Regulamentadora 16, que trata de atividades e operagbes perigosas, ¢ 0 instrumento normative que regulamenta 0 art. 193 da CLT, que foi alterado em 08.12.2012, pela Lei 12.740, e passou a defini e a estabelecer da seguinte forma as atividades perigosas Art. 198. S80 consideradas atividades ou operagées perigosas, na forma da regulamentagéo aprovada pelo Ministétio do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposicao permanente do trabalhador a: (Redacso dada oela Lei 1 12740, de 2012) xplosivos ou energia olétrica; (Inluido pola Lei n® 12740, de l= roubos ou outras espécies de violéncia fisica nas atividades profissionais de seguranga pessoal ou patrimonial.iIncludo pela Len? 12.740, de 2012 § 1° - 0 trabalho em condigées de periculosidade assegura ao empregado ‘um adicional de 30% (trita por cento) sobre o salério sem os acréscimos resultantes de gratificagées, prémios ou participagdes nos lucros da ‘empresa. (Incluido peta Lei n® 6.614, de 22.12.1977) § 2 - 0 empregado podera optar pelo adicional de insalubridade que porventura Ihe soja devido, (Incluido pela Le n® 6.544, de 22.12.1977) § 3° Serao descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente jé concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. (Incluido pela Lei n® 12.740, de 2012) Além dessas atividades previstas no regramento juridico apontado, 0 Ministério do Trabalho, considerando que qualquer exposigao do trabalhador a radiagdes ionizentes ou substancias radioativas é potencialmente prejudicial a sua saide e que o presente estado da tecnolagia nuclear nao permite evitar ou eliminar o risco em potencial oriundo de tais alividades, aprovou, por meio da Portaria 518, de 04.04.2003, o “Quadro de Aividades e Operagdes Perigosas", aprovado pela Comisso Nacional de Energia Nuclear — CNEN, como atividades perigosas. Portanto, sao também consideradas perigosas as alividades com radiagdes ionizantes e com substancias radioativas. Diferentemente do exercicio de at idade insalubre, que pode afetar a saiide do trabalhador ao longo do tempo, a atividade em ambiente perigoso coloca em risco imediato a integridade fisica do trabalhador. Por essa razdo, hd entendimentos de que a exposigao a radiagdo Y Y vey ionizente e a substéncias radioatives, por prejudicar 0 trabalhador 20 longo do tempo, deveria ser considerada apenas como insalubre e nao perigosa, ‘A CLT determina que a caracterizagao da periculosidade se d& pelo contato permanente, assim conceituado pela stimula 364 do TST como tendo direito ao adicional o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitent, sujeita-se a condigdes de risco. Sendo indevido apenas quando 0 contato se da de forma eventual, assim considerado 0 fortuito, ou o que, sendo habitual, dé-se por tempo extremamente reduzido. Dessa forma, no contexto atual da CLT, atividades perigosas implicam contato permanente a inflamaveis, explosivos, energia elétrica, e roubos ou outras espécies de violéncia fisica nas atividades profissionais de seguranga pessoal ou patrimonial. Porém, a jurisprudéncia do TST considera que © contato intermitente também da direito a este adicional,ficando excluidos apenas os trabalhadores que tém contato eventual, Outra atividade a ser analisada neste laudo é a do Bombeiro Civil, através da Lei n? 411.90112009 e da Norma Brasileira NBR n° 44.276/2006 a qual define bombeiro como pessoa treinada e capacitada que presta servigos de prevengao e atendimento @ emergéncias, atuando na protegao da vida, do meio ambiente e do patriménio. © bombeiro pode ser civil ou privado, piblico ou voluntério. O bombeiro civil ou privado é aquele aprovado no Curso de Formago de Bombeiros Profissionais Civis e que presta servigos de combate de incéndio, primeiros socortos e atendimento de emergéncia em edificio, comércio ou evento particular, © bombeito piblico pertence a uma corporagéo govemamental militar ou civil de atendimento a emergéncias piblicas. J4 0 bombeiro voluntério integra uma organizagao nao governamental (ONG) ou organizagao de sociedade civil de interesse publico (OSCIP) que presta servicos de atendimento a emergéncias publicas. ‘© Bombeiro Civil é um profissional com atividades muito amplas, como est explicito na Classiticagao Brasileira de Ocupagdes-CBO, que existe desde 1977, do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, relacionando 21 competéncias pessoais, 49 equipamentos de trabalho e 10 grupos com 129 atividades distintas, onde prevengéo e ago em incéndios é uma destas 129. ‘Ainda de acordo com a NBR 14.276/2006, brigada de incéndio é um grupo organizado de pessoas preferencialmente voluntarias ou indicadas, treinadas para atuar em prevencao ou socorro, dentro de uma area preestabelecida. Alei 11.901/2009, a qual dispde sobre a profisséo de bombeiro, define em seu artigo 2° como aquele que, habilitado nos termos desta Lei, exerga, em cardter habitual, fungéo remunerada e [2 exclusiva de prevengao e combate a incéndio, como empregado contratado direlamente por empresas privadas ou piblicas, sociedades de economia mista, ou empresas especializadas em prestagao de servigos de prevengao e combate a inoéndio. Ar. 22 Considera-se Bombeio Civil aquele que, habiitado nos termos desta Lei, exerga, em carater habitual, funcdo remunerada e exclusiva de prevencao e combate a incé: como empregado contratado diretamente por empresas privadas ou piblicas, sociedades de economia mista, ou empresas. ‘especializadas em prestagao de servigos de prevengo e combate a incéndio. Esta lei estabelece 0 pagamento do adicional de periculosidade para os trabalhadores que realizem estas atividades, Assim, transcreve-se: Art. 62 E assegurado ao Bombeiro Civil: | -uniforme especial a expensas do empregador, II seguro de vida em grupo, estipulado pelo empregador, Il- adicional de periculosidade de 30% (trinta por cento) do salério mensal sem os acréscimos resultantes de gratificacdes, prémios ou participagées nos lucros da empresa; IV-o direto& recilagem periécic. O exercicio de trabalho em condigdes de periculosidade segundo definigao da lei 11.901/2009 ~ Bombeiros Civis - assegura a percengao de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre 0 salério, sem os acréscimos resultantes de graliicagdes, prémios ou partcipagao nos lucros da empresa, ‘Alei deixa expliita a definigo da operagéo de combate ao fogo como atvidade que da direito a0 adicional de periculosidade. E evidente que a fungao de brigadista, como mencionado anteriormente, ndo tem a mesma qualificago técnica do bombeiro, quer pelos conhecimentos adquirdos em treinamentos com conteiido e carga horéria minima preestabelecida, quer pela propria experiéncia pratica Entretanto, ressalta-se que o instrumento legal simplesmente menciona a operagao de fenfrentamento do fogo com treinamento para tal, ficando apenas neste ponto, a atividade do brigadista Logo, a atuagéo do reclamante como Motorista de Caminhao Bombelro 0 expunha a risco acentuado em atividade de combate a incndio, na condigdo de brigadista da reclamada, nas lavouras de cana de agicar, e mesmo que néo houvesse sinistro, estava sempre em similar, sendo idéntica, a do bombeiro ci prontido para atender a tais emergéncias, ou seja, fora treinado para o enfrentamento do fogo. > 113 Insta ressaltar que 0 reclamante nao exercia as mesmas atividades dos Bombeiros Civis, pois ndo tinha qualificacdo para tal, e sim no que tange & predisposigao e treinamento para atuar como brigadista, sendo condigdo suficiente e necesséria para fazer jus ao adicional. 4, RESPOSTA AOS QUESITOS DA RECLAMADA Nao apresentou quesitos. 114 115 5. RESPOSTA AOS QUESITOS DO RECLAMANTE Quesitos transcritos Jpsis liters. Quesito 01: Descrever a atividade efetivamente desempenhiada pelo Rectamante; RESPOSTA: as atividades desenvolvidas como Operador de Cabine, segundo descrigdo de trabalhador paradigma e do assistente técnico da reclamada, foram as seguintes: - condugo de caminho pipa com a finalidade de combater principios de incéndios e incéndios nas lavouras de cana de agticar; - lavar as méquinas agricolas (transbordo e colhedora); - durante 0s periodos de colheita, permanecer nas proximidades desta atividade, pois a palha da cana em contato com a colhedora pode causar fogor - nos dias de chuva permanecer na area de vivéncia, ou proximidades, de forma a atender ocorréncias telativas a incéndio por descargas atmostéricas (raios); - combater incéndios nas proximidades (vizinhos), pois nesta regido ha periodos de seca caracteristicos dos meses de junho, julho e agosto, o que favorece a ocorréncia de sinistros desta espécie; Quesito 02: Descrever 0 ambiente, instalagdes e manuseio dos instrumentos operados pelo Reciamante; RESPOSTA: o reclamante desempenhou suas fungdes como Operador de Cabine (Motorista de Caminhao Bombeiro - caminho pipa) na empresa laco Agricola S.A. Os locals de trabalho eram as fazendas com plantagées de cana de agitcar da regiéo, Quesito 03: Informar se o Reclamante opera os equipamentos contra incéndio, tais como: extintores @ bomba de alta pressao acoplada ao carrinhao e outros; RESPOSTA: o reclamante aluou como condutor do caminhdo pipa e, em determinadas situagées, operava extintores e auxilava no combate a incéndio, pois recebeu treinamento de brigadista Quesito 04: Informar se 0 Reclamante, no exercicio de sua fungéo, mentem contato com fogo e outros agentes perigosos; RESPOSTA: o reclamante mantinha, durente as operagdes de combate a incéndio, contato com fogo. Quesito 05: Informar se o Reclamante desenvolve suas atividades laborais sob exposigao de risco tipico de bombeiro; RESPOSTA: 0 reclamante desenvolveu suas alividades laborais exposto 20 risco envolvendo fogo (incéndio), que ¢ um dos riscos da atividade de bombeiro civil Quesito 08: Informer se 0 risco de incéndio é permanente nas lavouras de cana da rectamada; RESPOSTA: sim, 0 isco & permanente nas lavouras de cana, pois simples fagulhas provenientes das maquinas agricolas (colhedoras e transbordo) podem originar principio de incéndio e até mesmo incéndio de maior proporgao. Quesito 07: Informar se existe caminhido bombeiro com motorista e auxiliar, com 24 horas de prontiddo para atender as corréncias de incénciaffocos na empresa RESPOSTA: sim, cada frente de atividade de colheita requer permanentemente um caminhao. Sendo a Colheita em tumo ininterrupto, consequentemente haverd turno ininterrupto para o condutor do caminhao pipa e seu respectvo auxiliar. gina [17 6. CONCLUSOES E PARECER PERICULOSIDADE De acordo com a NBR 14.276/2008, brigada de incéndio é um grupo organizado de pessoas preferencialmente voluntérias ou indicadas, treinadas para atuar em prevengo ou socorro, dentro de uma rea preestabelecida. A\lei 11.901/2009, a qual dispde sobre a profsséo de bomibeiro, define em seu artigo 1° como aquele que, habiltado nos termos desta, exerga, em caréter habitual, fungao remunerada e exclusiva de prevengao € ‘ndio, como empregado contratado diretamente por empresas privadas ou piiblicas, sociedades de economia mista, ou empresas especialzadas em prestago de servigos de prevengio & combate a ir combate a incéndio. ‘Ar. 2° Considera-se Bombeiro Civil aquele que, habltado nos termos desta Lei ‘exerga, em carater habitual, funcao remunerada e exclusiva de prevencdo e combate a incéndio, como empregado contratado diretamente por empresas privadas ou piblicas, sociedades de economia mista, ou empresas especializadas em prestacao de servigos de prevencao e combate a incéndio. Esta lei estabelece 0 pagamento do adicional de periculosidade para os trabalhadores que realizem estas alividades. Assim, transcreve-se: Art. 62 E assegurado ao Bombeiro Civil: | - unforme especial a expensas do empregador; II seguro de vida em grupo, estipulado pelo empregador, Ill- adicional de periculosidade de 30% (trinta por cento) do salério mensal som 0s acréscimos resultantes de gratificagées, prémios ou participacoes nos lucros da empresa; IV-o ditto & reciclagem periédica O exercicio de trabalho em condigdes de periculosidade segundo definigdo da lei 11,901/2009 ~ Bombeiros Givis - assegura a percepgao de adicional de 30% ({rinta por cento), incidente sobre o salério, sem os acréscimos resultentes de gratificagSes, prémios ou participagao nos lucros da empresa, Alsi 11.901 deixa explicita a definigdo da operago de combate ao fogo como atividade que dé direito 20 adicional de periculosidade. E evidente que a fungao de brigadista, como mencionado anteriormente, nao tem a mesma qualficago técnica do bombeiro, quer pelos conhecimentos adquiridos em treinamentos com contetido e carga horétia mi a preestabelecida, quer pela propria experiéncia pratica. Entretanto, ressalta-se que o instrumento legal simplesmente menciona a operagao de enfrentamento do fogo com treinamento para tel, ficando apenas neste ponto, a atividade do brigadista similar, sendo idéntica, & do bombeiro civil. Logo, a aluagao do rectamante como Motorista de Caminhdo Bombeiro 0 cexpunha a risco acentuado em atividade de combate a incndio, na condigéo de brigadista da reclamada, nas lavouras de cana de agicar, e mesmo que néo houvesse sinistro, estava sempre em prontido para atender a tais emergéncias, ou seja, fora treinado para o enfrentamento do fogo, Insta ressaltar que 0 reclamante no exercia as mesmas atividades dos Bombeiros Civis, pois nao tinha ualificagao para tal, e sim no que tange & predisposigao € treinamento para aluar como brigadista, sendo condigdo sufciente e necesséria para fazer jus ao adicional. De acordo com o levantamento de dados, observagao e andlise da atividade e estudos relacionados & satide, seguranca e higiene ocupacional, a fungdo do reclamante no o expunha a agente insalubre, no entanto, esta em conformidade com a descrigao das operagdes de combate a incéndios contidas na Lei 11,901/2008, a qual garante o pagamento do adicional de periculosidade, P 119 7. BIBLIOGRAFIA NUNES, Flavio de Oliveira. Sequranca e Satide no Trabalho. 1° ed. Sao Paulo: Método, 2013. RESENDE, Ricardo. Diteito do Trabalho. 3* ed. Sao Paulo: Método, 2013. ‘SAAD, Eduardo Gabriel; SAAD, José Eduardo Duarte; BRANCO, Ana Maria Saad, CLT Comentada. 46° igo atualizada. S40 Paulo: LTr, 2013. ARAUJO, Giovanni Moraes de, Normas Requlamentadoras Comentadas ¢ Mlustradas. 8° ed. Sao Paulo: VC, 2012. SHERIQUE, Jaques. Aprenda como fazer: demonstragdes ambientais, PPRA, PCMAT, PGR, LTCAT, laudos técnicos, Perfil Profissiogréfico Previdenciario — PPP, custeio da aposentadoria especial, GFIP. 7° ed. Sao Paulo : LTr, 2011 YEE, Zung Che. Pericias de Engenharia de Sequranca do Trabalho, 2 ed, Curitiba: LTr, 2011. VENDRAME, Anténio Carlos. Agentes Quimicos na Higiene Ocupacional, Reconhecimento, Avaliacdo Controle. 2* edicdo revista e ampliada. Sao Paulo: Vida e Consciéncia, 2011 SALIBA, Tuffi Messias. Insalubridade e periculosidade. 10° ed. Sao Paulo: LTr, 2011. SALIBA, Tuffi Messias. Manual pratico de avaliagao e controle de calor - PPRA. 3* ed. Sao Paulo: LTr, 2010. NASCIMENTO, Jose Augusto. Pericia judicial — teoria e pratica, ligbes de um magistrado, 19 ed. Aracaju: Jus Forum, 2010. CARRION, Valentin. Comentarios a Consolidacdo das Leis do Trabalho. Legislagao Complementar / Jurisprudéncia, 33° edigao atualizada, Sao Paulo: Saraiva, 2008. VIEIRA, Sebastiao Ivone, Coordenador. 0 PERITO JUDICIAL. Aspectos Legals e Técnicas, 1# ed., S40 Paulo: LTr , 2008. TEIXEIRA FILHO, Manoel Anténio, A prova no processo do trabalho. 8° ed. S40 Paulo: LTr, 2003. VIEIRA, Sebastiao Ivone. Manual do perito judicial: insalubridade / periculosidade, Floriandpolis: Mestra, 2002 TEIXEIRA FILHO, Manoel Anto 1999, VIEIRA, Sebastido Ivone; PEREIRA JUNIOR, Casimiro. Guia prdtico do perito trabalhista: aspectos leaais, tecnicos e questées polémicas. Belo Horizonte: Ergo, 1997. Cademos de Processo Civil: PROVA PERICIAL. 1° ed. Sao Paulo: Ltr, 8. ANEXO 1 — LEI 11.901/2009 120 Presidéncia da Republica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juridicos LEI 901, DE 42 DE JANEIRO DE 2005 Mensagem de veto Dispde sobre a profisséo de Bombeiro Civil e da outras providéncias. 0 PRESIDENTE DA REPUBLICA Faco saber que 0 Congresso Nacional decreta ¢ eu sanciono a seguinte Lei: Art. 12 0 exercicio da profissto de Bombeiro Civil reger-se-A pelo disposto nesta Lei. Art. 22 Considera-se Bombeiro Civil aquele que, habilitado nos termos desta Lei, exerga, em cardter habitual, fungao remunerada e exclusiva de prevengao e combate a incéndio, como empregado contratado diretamente por empresas privadas ou piblicas, sociedades de economia mista, ou empresas especializadas em prestagao de senicos de prevengao e combate a incéndio. § 12 (VETADO) § 22 No atendimento a sinistros em que atuem, em conjunto, os Bombeiros Civis € o Corpo de Bombeiros Militar, a coordenagao e a diregao das agdes caberdo, com exclusisidade e em qualquer hipdtese, a corporagéio milter. Art. 3° (VETADO) Art. 42. As fungdes de Bombeiro Ciil so assim classificadas: |- Bombeiro Civil, nivel basico, combatente direto ou nao do fogo; |I- Bombeiro Civil Lider, © formado como técnico em prevengao e combate a incéndio, em nivel de ensino médio, comandante de guamigao em seu horario de trabalho; Ill - Bombeiro Chil Mestre, 0 formado em engenharia com especializagéio em prevencao e combate a incéndio, responsével pelo Departamento de Prevengéo e Combate a Incéndio. Art, 52 A jomada do Bombeiro Civil é de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (rinta e seis) horas de descanso, num total de 36 (trinta e seis) horas semanais. Art. 6 & assegurado ao Bombeiro Lniforme especial a expensas do empregador, II- seguro de vida em grupo, estipulado pelo empregador, Ill adicional de periculosidade de 30% (trinta por cento) do saldrio mensal sem os acréscimos resultantes de gratificagdes, prémios ou participagdes nos lucros da empresa; IV - 0 diteito & reciclagem periédica. Art. 72 (VETADO) Art. 82 As empresas especializadas ¢ os cursos de formagao de Bombeiro Civil, bem como os cursos técnicos de segundo grau de prevengao e combate a incéndio que infringirem as disposigdes desta Lei, ficardo sujeitos 4s sequintes penalidades: 1 adverténcia; -(VETADO) Ill - proibigdo temporaria de funcionamento; \, IV ~ cancelamento da autorizaedo e registro para funcionar. Art, 9 As empresas e demais entidades que se utilize do senigo de Bombeiro Civil poderao fimar convénios ‘com 08 Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Terrtérios e do Distrito Federal, para assisténcia técnica a seus profissionais. Art. 10. (VETADO) Ant. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicagao. Brasilia, 12 de janeiro de 2009; 1882 da Independéncia e 1212 da Republica. LUIZ INACIO LULA DA SILVA Tarso Genro Carfos Lupi Joao Bernardo de Azevedo Bringel José Antonio Dias Toffoli Este texto nai substitui o publicado no DOU de 13.1.2009 123 9, TERMO DE ENCERRAMENTO Encerro o presente trabalho, realizado nos moldes da NR15, NR16 e verificagao in loco, composto de 23 laudas devidamente rubricadas, e esta tltima, assinada. Paranaiba, 13 de outubro de 2013 JED , Kher Be ‘Marcelle Botelho de'Lima Abreu canta de equa da ibaa

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