Você está na página 1de 28
DISS{DIO COLETIVO Indalécio Gomes Neto") |, NATUREZA DA AGAO DE DISS{DIO COLETIVO A agao de dissidio coletivo 6 uma das formas de solugdo dos conflitos co- letivos de trabalho. O sistema é jurisdicional, pois cabe a um érgao do Poder Ju- diciario decidir das questées concernentes ao dissidio coletivo. No dissidio individual sdo ventiladas questdes que dizem respeito, imedia- tamente, aos interesses concretos de uma pessoa ou de varias pessoas, ao pas- 80 que no dissidio coletivo estéo em discussao interesses abstratos de um gru- po ou uma categoria, Nos dissidios coletivos se pleiteia, de regra, a criagao de no- vas condigées de trabalho enquanto nos dissidios individuais plirimos se pleiteia a aplicagdo de normas preexistentes. Enfim, no dissidio coletivo de natureza econémica o Tribunal pode estabe- lecer normas e condigées de trabalho, aplicaveis aos contratos individuais de tra- balho, no ambito da representagdo das partes envolvidas no dissidio, enquanto no dissidio individual se aplica o direito preexistente a uma situagao concreta. O dissfdio coletivo tanto pode ser de natureza econédmica como de nature- za juridica. E de natureza econémica quando visa a estabelecer normas e condi- des de trabalho, ¢ de natureza juridica quando tenha por fim dirimir alguma con- trovérsia sobre norma preexistente, com efeito normativo para toda a categoria pro- fissional e econémica envolvida no dissidio, como, por exemplo, a interpretagéo de clausula de uma convengdo ou acordo coletivo, estabelecendo o real significa- do desta. © dissidio coletivo que tem por finalidade provocar o pronunciamento do tri- bunal sobre a legalidade ou a ilegalidade de uma greve, sobre sua licitude ou il citude; 6 um dissidio de natureza juridica, pois o que se quer é uma interpretagao juridica da conformidade ou nao do movimento grevista com a legislacao vigen- te. Se além da greve também se pede, no dissidio, 0 estabelecimento de normas e condigées de trabalho, o dissidio tem natureza mista, ou seja, natureza econd- mica @ juridica. Dai 0 equivoco que alguns julgados cometem em apreciar a gre- ve como proliminar, pois 6 matéria de mérito do dissidio coletivo de natureza ju- ridica, Outro equivoco é entender que, se a grove 6 reputada como abusiva, ndo pode o tribunal deferir clausulas de natureza econdmica, pois, se o dissidio é de natureza mista, o pronunclamento sobre a conformidade da greve com a lei nao prejudica o exame das clausulas que buscam 0 estabelecimento de normas e con- digées de trabalho. © exame dos aspectos juridicos da greve pelo tribunal, seja ela considera- da abusiva ou nao, nao se projeta como uma prejudicial de mérito, ou seja, nao (*) O autor & tro Togado do Tribunal Superior do Trabalho, 20 impede o exame das cléusulas de natureza econédmica. Pode ocorrer que 0 tribu- nal entenda que a greve nao é abusiva, mas a pretensao de que se estabelegam normas e condigées de trabalho nao se harmoniza com a legislagao ordinaria vi- gente. No julgamento do Dissidio Coletivo 2/66, do qual foi relator, na época, o Mi- nistro Arnaldo Siissekind, fez-se clara distingdo entre dissidio de natureza econdmi- cae dissidio de natureza juridica, Nessa parte, o acérdao assim esta fundamentado: “Ora, sempre que 0 dissidio suscitado por entidade sindical tem por objeto a interpretagao de norma legal, regulamentar ou convencional, de in- teresse de um grupo, que representa, constituide de pessoas nao identi cadas, a controvérsia coletiva e de natureza juridica, sendo resolvida por sentenga declaratéria, Nao se confunde com 0 dissidio coletivo de nature- za econémica, que tem em mira a ctiagao, por sentenga constitutiva, de no- vas normas ou condigées de trabalho para a categoria, nem com o dissidio individual, no qual um ou mais trabalhadores, identificados como partes no litigio, pleiteiam o cumprimento de uma obrigagdo prevista em norma juridi- ca aplicavel. Este, como o primeiro, s&o conflitos de direito; 0 segundo, con- lito de interesses, embora, como adverte Krotoschin, em todo litigio ha in- teresses em jogo e, mesmo o que tem em mira a criagéo de novas normas, deve ser resolvido face & ordem juridica vigente (‘‘Instituciones de Derecho del Trabajo", vol. Il, pag. 37) . Todavia, o aspecto subjetivo da controvérsia, .atinente a um grupo de trabalhadores ndo concretamente determinado, per- mite conceituar 0 conflito coletivo como de natureza juridica quando visa “a interpretagao ou aplicagéo de normas preexistentes” ¢ como de natureza econémica quando tem por objetivo o “estabelecimento de solugdes norma- tivas para o futuro” (Stafforini, “Derecho Procesal del Trabajo”, pag. 16)". (Sissekind, Arnaldo, Acérdaos no TST, Lr, So Paulo, 1968). Portanto, 0 dissidio coletive de natureza econémica é suscitado para o es- tabelecimento de novas condigées de trabalho, com a criagéo ou modificagao de normas especificas. Isto é 0 que ocorre quase sempre. A agdo de dissidio coletive é de natureza constitucional, constituindo-se num direito de natureza piiblica, que tem por contetido o exercicio da jurisdigéo, como se infere do disposto no art. 114, paragrafo 2°, da Constituigao Federal de 1988. A agao coletiva de natureza econdmica é de carater constitutive, na medida em que nao se extrai da sentenga um titulo executivo, sendo esta normativa, abstrata, re- ferindo-se aos interesses coletivos de um grupo de empregados ou a uma cate- goria, sem identificagéo pessoal dos destinatarios. Quando se diz que a sentenga normativa estabelece normas e condigdes de trabalho para um determinado grupo ou categoria, cabe reavivar os conceitos de categoria profissional e econdmica. Diz o paragrafo 19, art. 511, da CLT: “A solida- riedade de interesses econdmicos dos que empreendem atividades idénticas, si- milares ou conexas, constitui o vinculo social basico que se denomina categoria econémica”. Diz o paragrafo 29: “A similitude de condigdes de vida oriunda da pro- fissdo ou trabalho em comum, em situagao de emprego na mesma atividade eco- némica ou em atividades econémicas similares ou conexas, compée a expressao social elementar compreendida como categoria profissional”. Diz, ainda, o para- grafo 39: “Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados a que exergam profissées ou fungdes diferenciadas por forga de estatuto profissio- nal especial ou em conseqiiéncia de vida singulares”. E certo que apés a vigéncia da Constituigéo da Reptblica de 1988, néo ha necessidade de autorizagao do Estado para a fundagao de sindicato (art. 89), mas © coneeito de categoria, fixado pela legislagao ordinaria, nao colide com o texto constitucional. Logo, a sindicalizagéo deveré continuar a processar-se, quanto as categorias profissionais, paralelamente &s categorias econémicas @ os emprega- dos continuarao incluidos, em regra, na categoria a que corresponde a atividade econémica principal da empresa. Apenas os que integram categoria diferenciada tém tratamento especitico, independente da atividade econémica preponderante da empresa. Esse conceito do exato significado de categoria tem relevancia com a natureza da sentenga normativa, que fixa normas e condigées de trabalho pa ra determinada categoria, ou parcela de uma categoria, quando 0 dissidio é no ni- vel de empresa. Coqueijo Costa escreve que a Agdo Coletiva de Natureza Econémica “en- volve interesses coletivos abstratos, num conflito econémico ou de interesses, e quer obter um pronunciamento jurisdicional constitutivo do Tribunal Regional do Trabalho ou do Tribunal Superior do Trabalho, para criar ou modificar condigdes de trabalho, sobretudo cl4usulas salariais, provocando e obrigando 0 juizo a profe- tir sentenga "dispositiva” (Carnelutti), ‘‘constitutiva” (Chiovenda) ou “determina- tiva”’ (Raselll), nunca “condenatoria" (Jaeger), ‘nella controversia colletiva di fis- sazione di nuove condizioni di lavaro” (Litala). Nao objetiva a agdo coletiva de na- tureza econdmica a condenagao, porque o interesse em jogo é abstrato, e ndo con- creto. A sentenga constitui um estado juridico novo, criando ou alterando, e nao tem efeito retroativo, pois este nasce a partir dela, sentenga, e se projeta erga om- nes. O proceso, ai, 6 tipicamente dispositivo, pois a demanda provoca, sob a for- ma de sentenga coletiva, a formagdo de novas normas coletivas. A agao coletiva de natureza juridica é declaratéria, pois tem em mira a interpretagdo jurisdicional genérica do sentido de lei ou de normas coletivas vigentes (convengées, acordos, sentengas normativas, regulamentos, costumes, etc.) (Costa, Coqueijo, in “Direi- to Judiciério do Trabalho”, 12 ed., Rio de Janeiro, Forense, 1978). Il, NEGOCIAGAO PREVIA A Constituigéo da Repiiblica, promulgada em 05 de outubro de 1988, man- teve o dissidio coletivo como um dos sistemas de solugao dos conflites coletives de trabalho. O legislador constituinte atribuiu &s entidades sindicais legitimidade para ajui- zar dissidio coletivo, mas ao dizer que se trata de uma faculdade, deixa margem & interpretagao no sentido de que, em determinadas situagdes, possa-se estender essa legitimidade a outros entes, como mais adiante veremos. A negociagao coletiva, que j4 era colocada om primeiro plano pela legisla- gdo ordinaria como 0 sistema mais eficiente no estabelecimento de normas ¢ con- digdes de trabalho, continuou prestigiada na nova Constituigao, a ponto de se der afirmar, agora, como jé diz a lei ordinaria, que “nenhum processo de dissidio coletive de natureza econdmica sera admitide sem antes se esgotarem as medi- das relativas & formalizagdo da convengao ou acordo correspondente” (art. 616, paragrafo 42, da CLT). 22 Com efeito, dispde o paragrafo 29, art. 114, da Constituigao Federal: “Recusando-se qualquer das partes & negociagdo ou & arbitragem, é facul- tado aos respectives sindicatos ajuizar dissidio coletivo, podendo a Justiga do Ta- balho estabelecer normas e condigées, respeitadas as disposigSes convencionais e legais minimas de protegao ao trabalho” Portanto, por ocasiao do ajuizamento do dissidio coletivo, ha de ficar pro- vado, documentalmente, que uma'das partes recusou-se & negociagao coletiva, pois sem essa comprovagdo nao se pode admitir desenvolvimento valido e regu- lar do processo de dissidio, 0 que poder levar & sua exting&o, sem julgamento de mérito. Ao ajuizar 0 diss{dio coletivo, na propria petigao inicial, © autor (suscitante) tem que dizer que nao aceita a arbitragem, pois a Constituigéo Federal 6 auto- riza a via judicial, “recusando-se qualquer das partes & negociagdo ou & arbitra- gem”. Como a arbitragem nao é obrigatéria, mas facultativa, basta que se afirme na petigdo inicial que com ela néo concorda O disposto no paragrafo 42, art. 616, da Consolidagao das Leis do Trabalho, e, agora, no art. 114, parégrafo 2, da Constituigdo, tem por objetivo o entendimen- to direto entre as partes, sem a intervengdo do Estado. E visivel o interesse do le- gislador, no campo das relagées coletivas de trabalho, de fortalecer a atividade sin- dical e o institute da negociagdo coletiva, ndo devendo esse principio ser ignora- do pelos sindicatos © muito menos pelo Judiciario. A negociagao coletiva 6 o sistema mais democratico que a lei pée a dispo- sigéo de empregados e empregadores para a solugdo de suas controvérsias, nao 86 porque através dela a classe obreira poder obter melhores conquistas, mas também porque enseja o diélogo com o empresariado, ¢ isso contribui para um re- lacionamento mais harmonioso entre o capital e o trabalho, com reflexos benéfi- cos & prépria paz social, pois o ideal 6 que as partes envolvidas em determinado relacionamento estabelegam as suas préprias clausulas normativas e condigées de trabalho, no ambito da representagao dos sindicatos, para regular as relagdes individuais de trabalho, Nem sempre as entidades sindicais tom observado essa fase prévia que an- tecede ao ajuizamento do dissidio coletivo, ao menos antes da vigéncia da atual Constituigaéo Federal, pedindo a instauragao de instancia sem antes esgotar a via negocial; ¢ até contavam com o respaldo da jurisprudéncia uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, quando se tratasse de revisdo de dissidio, como se colhe da Instrugao Normativa n. 1, inciso Ill, TST. ‘Ao comentar o disposto no art. 616, paragrafo 42, da CLT, Mozart Victor Rus- somano escreve: “E relevante apontar-se o paragrafo 4°, segundo o qual nenhuma agao de dissidio coletivo pode ser admitida antes de esgotar todas as medidas relativas & negociagao entre os dissidentes, Esse preceito visa a estimular a negociacao coletiva e, nesse sentido, & al- tamente louvavel. Mas, infelizmente, a jurisprudéncia deformou-o, limitando sua efi- cAcla: segundo entendimento uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, essa re- 23 gta apenas 6 aplicavel &s agées de dissidio coletivo originério e, ndo as revises de sentengas normativas” (in “Comentarios & CLT”, Forense). O Tribunal Superior do Trabalho modificou a sua jurisprudéncia e, hoje, 6 rel- terada no sentide de exigit como pressuposto para o ajuizamento do dissidio co- letivo de natureza econémica o exaurimento da via negocial. Essa jurisprudéncia uniforme levou o Tribunal a definir a sua interpretagao, em votagao do Pleno, na atual Instrugéo Normativa n. 04/93, publicada no Diario da Justiga da Unido ~ Segéo | - pag. 11.807, de 14 de junho de 1993. Referida Ins- trugao Normativa entrou em vigor na data de sua publicagao, revogando, expres- samente, a Instrugdo Normativa n, 01, de 15 de outubro de 1982, Esta ela assim redigida: “O Tribunal Superior do Trabalho, em sua composigdo Plena, sob a Presidén- cia do Excelentissimo Senhor Ministro Orlando Teixeira da Costa, considerando o disposto no art. 114, § 29, da Constituigdo da Repiiblica no art. 616, parégrafos, © na Segao | do Capitulo IV do Titulo X da Consolidagao das Leis do Trabalho e de- mais disposig6es pertinentes, edita esta Instrugo para definir a sua interpretagao quanto ao procedimento a ser adotado nos processes de dissidio coletive de na- tureza econémica no ambito da Justiga do Trabalho. |~ Frustrada, total ou parcialmente, a autocomposigdo dos interesses cole- tivos em negociagao promovida diretamente pelos interessados, ou mediante in- termediagao administrativa do érgé0 competente do Ministério do Trabalho, pode- 14 ser ajuizada a ago de dissidio coletivo. 1 ~ Na impossibilidade real de encerramento da negociagao coletiva em cur- So antes do termo final a que se refere o art. 616, § 39, da CLT, a entidade interes- sada podera formular protesto judicial em petigao escrita dirigida ao Presidente do Tribunal do Trabalho, a fim de preservar a data-base da categoria. ll - Deferida a medida prevista no item anterior, a representagao coletiva se- 14 ajuizada no prazo maximo de 30 (trinta) dias, contados da intimagdo, sob po- na de perda da eficdcia do protesto. IV - Tém legitimidade para o ajuizamento do dissidio coletivo as entidades sindicais © os empregadores; estes, quando nao haja entidade sindical represen- tativa ou os interesses em conflito sejam particularizados. V - Ocorrendo a paralisagao do trabalho, pela greve, sem ajuizamento do correspondente dissidio coletivo, o Ministério Pablico do Trabalho poderd instau- rar a instancia judicial, quando a defesa da ordem juridica ou o interesse piiblico assim o exigir, VI - A representagao para instauragdo da instancia judicial coletiva formu- lada pelos interessados sera apresentada em tantas vias quantas forem as enti- dades suscitadas mais uma e devera conter: a) a designagao © qualificag&o da(s) entidade(s) suscitante(s) © suscitada(s), sindical ou empregadora(s); 24 b) a indicagao da delimitagao territorial de representagao das entidades sin- dicais, bem assim das categorias profissionais e econémicas envolvidas no dis- sidio coletivo e, ainda, do quorum estatutario para deliberagado da assembléia; ©) exposigéo das causas motivadoras do contlito coletivo e/ou da greve, se houver, ¢ indicagdo das pretensées coletivas, aprovadas em assembléia da cate- goria profissional, quando for parte entidade sindical de trabalhadores de primei- To grau, ou pelo conselho de representantes, quando for suscitante entidade sin- dical de segundo grau ou de grau superior; d) a comprovagao da tentativa de negociagdo ou das negociagées realiza- das ¢ indicagéo das causas que impossibilitaram 0 éxito da composigao direta do conflito coletivo; €) a apresentagao em forma clausulada de cada um dos pedidos, acompa- nhados de uma sintese dos fundamentos a justificd-los; f) data e assinatura do representante. VII - A representagao devera estar acompanhada dos seguintes documentos: a) correspondéncia, registros ¢ atas alusivas & negociagao coletiva tenta- da ou realizada diretamente ou mediante a intermediagao do érg4o competente do Ministério do Trabalho, na forma do item I b) cépia autenticada da sentenga normativa anterior, do instrumento norma- tivo do acordo ou convengao coletiva, ou, ainda, do laudo arbitral, acaso existente; ©) cépia autenticada da ata da assembléia da categoria que aprovou as rei- vindicagdes @ concedeu poderes para a negociagao coletiva e para o acordo ju- dicial, ou, ainda, de aprovagao das clausulas e condigdes acordadas, observado © quorum legal; 4) cépia autenticada do livro ou das listas de presenca dos associados par- ticipantes da assembléia deliberativa, ou outros documentos habeis & comprova- go de sua representatividade. Vill - Protocolizada @ autuada a representagao, com os documentos que a acompanham, os autos serdo conclusos ao Presidente do Tribunal, ou ao Magis- trado competente, na forma do Regimento Interno, que verificaré a observancia dos requisitos indicados. Verificado que a representagdo nao retine os requisites exi- gidos ou que apresenta defeitos ou irregularidades capazes de dificultar a sua apre- ciagdo, ou ainda, se estiver desacompanhada dos documentos aludidos nesta Ins- trugdo, seré determinado que o(s) suscitante(s) a emende(m) ou complete(m) no prazo maximo de dez dias IX ~ Nao cumprida a dilig&ncia determinada, na forma do item anterior, o pro- cesso sera extinto mediante o indeferimento da representagao. X — Estando conforme a representagao, sera designada audiéncia de con- ciliagdo @ instrugao a ser realizada no menor prazo possivel, cientificadas as par- tes. A audiéncia sera presidida pelo Presidente da Corte, ou, por sua delegagao, pelo Vice-Presidente, ou por Magistrado Togado integrante da Segao de Dissidios Coletivos, como dispuser o Regimento Interno. 25 XI -A audiéncia designada o suscitado deduziré sua defesa, acompanha- da de proposta de conciliagéo amigavel da lide, fundamentada nas circunstancias faticas e juridicas que recomendariam sua adogao, destacando, em relagdo as cldu- sulas que importem em elevagées salariais, as condigées financeiras da(s) empre- sa(s), bem assim a situagéo econdmica do respectivo setor de atividades. Xl — Nao tendo sido possivel a conciliagao © Juiz instrutor apresentaré a so- lugdo que Ihe parega adequada para resolver o dissidio. Persistindo a auséncia de composigéo amigavel do conflito, seréo determinadas as diligéncias necessérias a instrugdo do feito. XIll = Alcangada a conciliagdo ou encerrada a instrugéo, 0 processo sera dis- tribuido mediante sorteio. XIV - O Ministério Pblico do Trabalho podera emitir o seu parecer oralmen- te, na hipétese de conciliagdo ou apés o encerramento da instrugdo, 0 qual sera reduzido a termo, ou na sessdo de julgamento do dissidio, transcrito em sintese na certidao, pela Secretéria, ou, ainda, por escrito, no prazo de cito dias, median- te remessa dos autos pelo relator. XV - Os trabalhos da audiéncia de conciliagao e instrugdo serao registrados em ata, XVI- 0 relator tera 0 prazo maximo de dez dias para examinar e restituir os autos para conclusao ao revisor e este o prazo maximo de cinco dias para a re- visdo, devendo ser, imediatamente, submetido a julgamento o dissidio, em sesso ordinéria ou extraordinaria do érgao competente. Nos casos de urgéncia, relator e revisor examinarao os autos com a necessaria presteza, de modo a possibilitar 0 julgamento imediato do dissidio. XVII - A apreciagéo do dissidio far-se-4 cléusula a cléusula, podendo o ér- go julgador, antes da proclamagao final do julgamento, na mesma assentada, e tendo em vista 0 total dos pedidos examinados, rever a solugdo proposta, de mo- do que a sentenga normativa traduza, no seu conjunto, justa composigao do con- flito de interesses das partes e guarde adequagao com o interesse da coletividade. XVIII - Noticiando os autos a paralisagdo do trabalho em decorréncia de gre- ve em servigos ou atividades essenciais, o Presidente do Tribunal podera expedir ato dispondo sobre o atendimento das necessidades inadiveis da comunidade. XIX - O Colegiado competente, apreciando a matéria, pronunciar-se-4 so- bre a qualificagao juridica da greve e suas conseqiéncias. XX = Verificando 0 érgao julgador originario que a representagao nao red- ne os requisitos intrinsecos e/ou extrinsecos previstos nesta instrugdo, suspende- 140 julgamento do dissidio assinando prazo aos interessados para que supram a deficiéncia, sob pena da extingdo do processo sem julgamento do mérito. XXI- A deciséo que conceder aumento salarial explicitara, se pertinentes, as compensagées a serem observadas, ressalvadas as situagées decorrentes de término de aprendizagem, promogao por merecimento ¢ antigiidade, transferén- cia de cargo, fungdo, estabelecimento ou de localidade, bem assim de equipara- go salarial determinada por sentenga transitada em julgado. 26 XXII - A sentenga normativa poder determinar que as diferengas salariais resultantes do decidido sejam devidas a contar da data do ajuizamento do dissi- dio coletivo, quando proposto apés a data-base ou origindrio, a fim de se evitarem distorgdes decorrentes do petfodo de tramitagao do proceso, XXIII - Para garantir os efeitos da sentenga coletiva e desde que o empre- gador nao possua quadro de pessoal organizado em carreira, podera ser fixado salério normativo para a categoria‘profissional ou parte dela, hipdtese em que, na sua vigéncia, 0 empregado admitide para fungao de outro dispensado sem justa causa, tera garantido salério igual ac do empregado de menor salario na fungéo, sem considerar vantagens pessoais. XXIV ~ Na hipétese de empregado admitide apés a data-base, ou em se tra- tando de empresa constituida e em funcionamento depois da data-base, 0 reajus- tamento ser calculado de forma proporcional em relagdo & data de admissao, e com preservagao da hierarquia salarial. XXV - Quando a instauragao da instancla ocorrer no prazo previsto no § 3° do art, 616 da CLT, ou os interessados tiverem preservado a data-base na forma do item II desta Instrugao, 0 reajustamento salarial e as diferengas dele decorren- tes serdo devidos a paitir do termo final de vigéncla da convengao ou acordo co- letivo, ou da sentenga normativa anterior. XXVI = Peticionada a homologagéo de acordo em processo de dissidio co- letivo, antes ou apés 0 julgamento, a apresentagdo de recurso ou a publicagao do acérdao, o pedido sera imediatamente submetido & apreciagéo do Colegiado Nor- mativo origindrio ou recursal se a este jé tiverem sido remetidos os autos. XXVII - Conclufdo 0 julgamento do dissidio, ¢ proclamada a deciséo norma tiva, 0 relator ou 0 redator designado tera o prazo maximo de dez dias para lavrar © respective acérdao, que sera imediatamente publicado. XXVIII = A ocorréncia de férias, licenga ou impedimento do relator ou do re- visor ndo prejudicaré a celeridade da prestagao jurisdicional normativa, devendo 0 Presidente da Corte adotar de imediato as providéncias cabiveis. XXIX ~ Esta Instrugéo Normativa entra em vigor na data de sua publicagao, revogada a Instrugao n. 01, de 15 de outubro de 1982". O inciso primeiro esclarece que a prévia negociagao podera ser promovida diretamente pelos interessados, ou mediante intermediagdo administrativa do ér- g&o competente do Ministério do Trabalho. Tal esclarecimento visou a sanar qual- quer davida interpretativa, pois nao raro as partes ficavam sem saber como pro- ceder. Se a opgae for pelo entendimento direto, sem a interferéncia do érgao do Ministério do Trabalho, a parte que tomar a iniciativa deveré expedir 0 convite pa- ra a negociagao, marcando hora, dia e local, encaminhando, também, a pauta de reivindicagdo, com a antecedéncia que permita & outra parte, se entidade sindical, convocar a assembléia da categoria para deliberar sobre as pretensées. Se for pela intermediagdo do érgao do Ministério do Trabalho, o interessa- do a ele deverd dirigir requerimento, anexando a pauta de reivindicagéo em tan- 27 tas vias quantos forem os representantes da outra categoria, também com a ne- cessaria antecedéncia, solicitando uma reunido, para discutirem as clausulas do ajuste coletivo. Tanto em uma hipétese quanto na outra, o ocerride deveré constar de uma ata, notadamente se frustrada a negociagae coletiva, pois este documento deve- Fé ser juntado com a petigae de ejuizamento do dissfdio coletivo. O convite para a negociagao coletiva deve ficar claramente demonstrado, através do aviso de recebimento da correspondéncia, ou por outro meio iddneo. O dissidio coletivo, que tenha por finalidade renovar cléusulas de uma nor ma coletiva em vigor, ou fixar novas normas e condigées de trabalho, deve ser ajui- jade no prazo demarcado pela lei, a fim de que a categoria néo perca data-ba- vo. Esse prazo esta provisto no artigo 616, paragrafo 3°, Ja Consolidacée das Leis do Trabalho, ou seja, dentro de sessenta dias anteriores a término da norma co- letiva anterior. Entretanto, a Instrugao Normativa n. 04/93, no seu inciso II, institulu a figu- ra do protesto judicial, quando configurada a impossibilidade real de encerramen- to da negociagao coletiva em curso antes do termo final teferido no artigo 616, pa- ragrato 3°, da CLT. Esse protesto deve ser formalizado em petigdo escrita dirigi- da ao Presidente do Tribunal do Trabalho, a fim de preservar a data-base da ca- tegoria. De qualquer modo, o ajuizamento da agao de dissidio coletivo, para preservel a data-base, deverd ocorrer no prazo maximo de 30 (trinta) dias, contado a partir da intimagéo do deferimento do protesto, seb pena de perda da eficdcia deste. Trata-se, em verdade, de uma medida cautelar especifica, prevista no Cédi- go de Processo Civil, a partir do artigo 867, que nao & incompativel com 0 proces- oe de trabalho, apenas exigindo a adequada adaptagdo & natureza do dissicio co- lotive, A recopgae desse institute esta autorizada pelo artigo 769 da CLT. Outro aspecto que cabe destacar refere-se ao previsto no inciso VIll da Ins- trugdo Normativa, que determina que os autos do dissfdio coletive sejam conclu- cos ao Presidente do Tribunal, ou ao magistrado competente, na forma do Re monte Interno, para que se proceda ao prévio exame dos requisites da peticde i dial, arrolados no inciso VI. Verificando que a petigae inicial nao preenche 08 re- quisitos indicados, © magistrade concederd o prazo de 10 (dez) dias, para que a parte sane as irregularidades, sob pena de indeferimento da peticéo inicial. Tal pro- petiments decorre da aplicagao subsidiéria do disposto no artigo 284 do Codigo de Processo Civil. Nota-se, pois, que a audiéncia de conciliagdo 86 sera designada, uma vez sanadas as eventuais irregularidades havidas na peticae inicial. ‘A norma em comento ndo exige requisites apenas para a peticdo inicial, mas também para a defesa, como se colhe de seu inciso XI, sem cominar pena pela ‘omiseao, tendo em vista a natureza da agdo de dissidio coletive, que, visando @ cotabelecer normas ¢ condigées de trabalho, nao fica o réu (suscitade) sujelto & confissdo ficta, ao contrério do que acontece no dissidio individual, que, como meio 28 de prova, tem de ser considerado pelo juizo na subsungao dos fatos, deduzides e provados, & norma material incidente, do que resultara a sentenga. Isto nao significa que o descumprimento dessa exigéncia nao venha a influir em desfavor do suscitado, no julgamento do dissidio coletivo, pois nao se pode admitir que alguém descumpra uma norma processual, sem softer qualquer con- sequéncia. Anote-se, a propésito, que a Instrugao Normativa, ao tratar da audiéncia, de- termina que a defesa venha acompanhada de proposta de conciliagado amigavel da lide, fundamentada nas circunstancias faticas ¢ juridicas que recomendariam a sua adogdo, destacando, em relagdo &s clausulas que Importem em elovagdo sa- larial, as condigées financeiras da(s) empresa(s), bem assim a situagéo econémi- ca do respectivo setor de atividades. Logo, se 0 suscitado nao comparece a au- digncia, deixando de se contrapor as pretensées do suscitante, nem propde qual- quer conciliagdo, sera razoavel deduzir que a categoria econémica tem condigses de suportar as normas e condigées de trabalho pleiteadas pelo suscitante. Essa exigéncia de que as partes comparegam & audiéncia e atendam ao cha- mamento judicial tem a ver, também, com 0 disposto no artigo 82, VI, da Consti- tuigéo da Reptiblica, que tem como obrigatéria a participagao das entidades sin- dicais nas negociagées coletivas, Ausente uma das partes, frustra-se esse objetivo No inciso XVI, exige-se que 0 dissidio seja examinado clausula por clausu- la, e essa exigéncia conjuga-se com 6 disposto no artigo 93, IX, da Constituigao da Repiblica, que obriga que todas as decisdes dos érgdos do Poder Judiciério sejam fundamentadas. No incixo XVIII, confere-se poderes ao Presidente do Tribunal, na suspensao. do trabalho em servigos ou atividades essenciais, para expedir ato dispondo so- bre o atendimento das necessidades inadiaveis da comunidade. Aqui, também, interpreta-se preceito legislative, especificamente o dispos- to no artigo 12 da Lei 7.783/89, que atribui ao Poder Piblico a manutengao das ati- vidades inadidveis da comunidade, sempre que inobservado o disposto no artigo 11 da referida lei. Nao ha como deixar de reconhecer que essa orientagao normativa 6 da maior relevancia, pois o direito de greve nado pode se sobrepor aos interesses inadidveis da comunidade, néo havendo como se admitir que possa ser suspenso integral- mente 0 servigo de transporte piiblico, atendimento hospitalar, luz, gua, combus- tivel, por exemplo. Esses sdo alguns dos aspectos relevantes dessa Instrugéo Normativa, cujo objetivo é orientar os jurisdicionados a respeito do entendimento predominan- te no Tribunal Superior do Trabalho, a fim de que nao venham a ser surpreendidos no curso da tramitagao processual, pela inobservancia de alguma formalidade. Di- rige-se, também, aos Tribunais Regionais do Trabalho, pois, sabendo do entendi- mento normativo da Corte Superior da Justiga do Trabalho, certamente seguirao essa orientagado, sob pena de alimentarem recursos desnecessérios, com o retar- damento da solugao judicial, o que ndo 6 desejavel, nem razoavel, 29 Nao faltardo vozes a dizer que a exigénoia de prévia negociagao como con- digo para o ajuizamento do dissidio coletivo, contraria o disposto no art 59, in- ciso XXXV, d4 nova Constituigéo Federal, que dispée: “A |ei nao excluiré da apreciagéo do Poder Judiciério leséo ou amea- ga adireito”. ‘A Constituigao anterior, no seu art. 153, paragrafo 4°, dispunha: “A lei nao poderé excluir da apreciagéo do Poder Judiciério qualquer lesdio de direito individual. O ingreaso em juizo poderé ser condicionado a que se exaur ram previamente as vias administrativas, desde que nao exigida garantia de ins- tancia, nem ultrapassando prazo de cento e oltenta dias para 4 deciséo sobre © pedido". Nao resta davida que o novo texto constitucional eliminou a expressao “in- dividual" e bastard a oxisténcia de um interesse coletivo ou difuso para merecer a tutela jurisdicional. Aliés, a propria Constituigéo assegura, por exemplo, o Man- dado de Seguranca Coletivo (art. 5°, LXX). Nao h4, no entanto, que se averbar de inconstitucional a exigéncia de pré- via negociagao para 0 ajuizamento do dissidio coletivo, pois, ao dizer que a lei néo subtrairé da apreciagao do Poder Judiciério lesdo ou ameaga a direito, a Consti- tuigdo ndo regulamenta o acesso ao Poder Judiciério, por se tratar de atribuigéo das leis de natureza processual, ¢ estas podem estabelecer os pressupostos Pa- ra esse acesso, sem que isso configure qualquer ofensa & Lel Maior. Assim, quando a lei processual estabelece requisitos a serem observados pela parte que ven a juizo, nao esta contrariando o principio constitucional da aces- Sibilidade ampla ao Poder Judiciario, como também néo contrarla quando exige que, primeiro, se esgote a fase negocial, como requisite para o ajuizamento do dis- sidio, N&o cumprido esse requisite, o processo poderd ser extinto, sem julgamen- to do mérito, a exemplo do que ocorre no processo civil © Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Reourso Extraordinario n, 87.358-9 — Tribunal Pleno, por unanimidade de votes, assim decidiu: “MATERIA TRABALHISTA - DISSIDIO COLETIVO — NECESSIDADE DE POSTULAGAO NA ESFERA ADMINISTRATIVA ~ § 4°, DO ART. 616 DA CLT. NAO E INCONSTITUCIONAL 0 DISPOSITIVO DE LEI QUE PREVE A PREVIA POSTULACAO NA ESFERA ADMINISTRATIVA, SEM OBSTAR, ENTRE- TANTO, MANIFESTAGOES DO JUDICIARIO, RECURSO EXTRAORDINARIO CONHECIDO E PROVIDO”. Na fundamentagao do acérdao esta dito: “0 aresto impugnado néo mencionou a jurisprudéncia remansosa, ¢ este Co- lendo Supremo Tribunal Federal, ao contrério, tem entendido nao atentar contra o § 49, do art. 168 da Constituigéo Federal, a lei que determina a postulagao previa @ obrigatéria na jurisdigao administrativa, No RE n. 72.071, 0 eminente Ministro Thompson Flores, como apoio dos demais membros que compunham o Tribunal, teve a oportunidade de ensinar: CEXPERIOR CO 30 Z a Rag “.. a exigéncia do prévio apelo & Administragdo, per se, compreendido, sem exageros, sem radicalismo, de molde a nao originar abusos, sempre foi aceito, co- mo sem afronta & garantia individual, a qual, vindo das Constituigdes anteriores, de 1946 e 1967, mantém-se integra no art. 153, § 42, da vigente, 1969. Nessa conformidade estao julgados varios desta Corte, dos quais permito- me rememorar os mais expressivos: RE ns. 8.724, 19.656, 19.887 e 31.214, @ os MS ns. 998 € 1.904; deles participou como voto vencedor 0 eminente Ministro Luiz Gal- lott, sendo relator do terceiro deles, datando 0 acérdéo de 19.06.1952 (RDA, v. 38, paginas 66/9)". Realmente, se 0 dispositivo que obriga a prévia postulagao na esfera admi- nistrativa néo obsta o exercicio da ago, longe de ser inconstitucional, é ele até sa- lutar, principalmente, na esfera trabalhista, onde o ideal 6 a convivéncia amiga en- tre empregados e empregadores. A franquia constitucional, consistente na apreciagao pelo Judiciario da even- tual leso aos direitos dos cidadaos, esta permanece integra, submetida apenas, no tempo, ao exaurimento da via administrativa. © § 49, do art. 616 da CLT, ora impugnado, procura somente aplainar o ter- reno das discussées, para posterior e definitiva manifestagao do poder jurisdicio- nal do Estado. Este preceito, entretanto, foi desaplicado sob o pretexto de colidir com o art. 153, § 4° da Constituigao. Como dispositive constitucional, nao tem ele o alcance dado, e foi, efetivamente, contrariado"” (Relator Min. Cunha Peixoto, DUU de 20.06.80). Portanto, se na vigéncia da Constituig&o de 1967, com a Emenda n. 01/69, © Supremo Tribunal Federal jé havia deixado certo que o disposto no paragrafo 4°, do art. 616, da Consolidagao das Leis do Trabalho, nao afrontava o texto cons! tucional, com mais razéo, agora, que a exigéncia de prévia negociagdo se respal- da na propria Constituigéo Federal de 1988, como se infere do disposto nos pa- ragrafos 1° @ 29, de seu art. 114, E essa exigéncla de prévia negociagdo nao se restringe as agdes de dissi- dios coletivos originarios, alcangando, igualmente, as agdes de revisdo das sen- tengas normativas anteriores. E uma nova perspectiva que se abre no campo da livre negociagao coletiva, que nao deve ser desfigurada pelo juiz ao interpretar a norma legal. A convengao coletiva de trabalho, nos paises do mundo ocidental de demo- cracias sélidas, pelo seu papel histérico e como instrumento juridico de uma con- cepgao que visa a equilibrar as forgas do capital e do trabalho, tem se mostrado apta a construir uma nova ordem social. Dai a afirmativa de Wilhelm Weisser: “Dentro da autonomia das associagées, garantida por nossa Constituigéo, 6 a convengao coletiva o mais importante instrumento para, no seu limite de atua- go, estabelecer uma ordem social. A conclusdo de toda convengao coletiva 6 em suma a expressdo de uma luta de poder e, com ela, fica estabelecida, pelo tem- po de sua duragao, a paz entre as partes contratantes” (apud Da Silva, Anténio Alvares, in “Convengao Coletiva do Trabalho perante o Direito Alemao”, Rio de Ja- neiro, Forense, 1981). 31

Você também pode gostar