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‘ties, and in diferent regions and it shows: differences. -uyisiey si0US "sappy «Se TREE) ‘always the desire to ot ain ev a more ut detive) Wy, “duct varieties. Toward this « id rese rch * afk 4 vation |labo, “i ts een canted on +f put ot cites obtained Team)! germinating spores hav. been ie ated + id tested | Such) /ut cultures are in some casi ‘mai i dundé laborata ¢eond| or sedgsgneal"=ia | CM Meal be Daeroks are» in cl & wate Conee) WP | dark cellars, and in >¢ ally b ilt, ushm m house , TF s{ar ‘not alloy a rear’ tb (fall expan. “ie wdition: sur fe bat esichin the), vel do ght, Sout aioe Baie tsctegh sroresseCes vo tall orm They Ge tisually packed neatly ia atteactive containees. ‘Though they’ re | being. arowa in increasingly large quantities, they ote still jx- pensive and constitute a delicacy rather thon spe artic ‘bf food. Though nutritious, their food value fs not as great s their extcemely high protein coatent would indicate See) Foci; | Monet; PURP-BALL; TRUFFLE { | Bntiocearay—Carleton Rea, British Basidiomycetae (1923) | W. || Eslconer, Muthrooms; How to Grow Them (139); M. C. Cake, ible ahd Poisonous Mushrooms (1834) ; George F- Atkiscon, its ‘pom, faible, Bouoweus, ele asee, Wot 120) ie ‘iar Htnttros Gate en te ieee fear ei ‘MUSHROOMS, COOKERY OF, tile mushroors fox || tain some nitrogenous food and about ‘go% water. Eaten ith | other foods they are of great service inthe diet on account of {heir Aavouring properties, Tt is dangerous to eat mushrooms hich have been gntered by anyone who bas not sued the een | Winds ‘Assong the most familiar kinds are the common meadow rs | room (dparscus campestris); button Gmmature) :usksodns bn. |) ployed ciety for gamishing purposes and 3s. an ado in high-class dishes; and trufles (underground fungi). i (Pte prepare ovdiacy mushrooms: fer cooking, pick ove} had » wipe with a flannel dipped in salt, Peel and remove stalks [ ecessary. ‘The latter may be used for Aavouring stews, Magnet be grilled (broiled) and served with ooms may and seeved with 1 adel or puta bats, Sc baled is ee oven ex ash ‘shallow dish); stewed in a casserole with other foods, ellis ) pastes, rice, or in a wellflavoured sauce: or, they may be w: | Hutings for turkey, poultry and game; they are also employe f for ‘eamishes in making galantines, ete N Stewed Musirooms.—Place the mushrooms in sti ‘with 2 on, of butter, salt, a squeeze of lerion juice and a bl:Be of mace, When cooked, stir in a white Histon of flour and | Blended together. Stir well and serve either as an entré | toast as a savoury. "This dish may be varied by adding |) ingredients and may be served as a cream by addi | of cream and eaten-up tags, to'a mixed gril. Frying = be do th adtep pa ob fat testy. good tar wine “by Grilled Masd” «i Stare), '® fons # ud bc for efiling Gir aisr (ediron a fecckiny “ce ® rhtde mont on e4¢i MBtutted My ftoor —Goodeized cushro ns sc need te ov leet (ed foreemeat can by ded out cil tushy MUSHROOMS ner diferent modes of eltfe | teach and pile the ’ sree eat In th’ conf, 0 EVES dey Ratu e, b bude th aS ee a a + ato) T aig ica OE ty, Bi GSICN) Re\C Sek does Ge, xr) om which tis more iB deh val sed ci sehen “ly fo all the ats of the fine Mi es C eastes th ya) ‘ore (gymnastic) it incl ed the lure 9 the Ing ag dish vs 2 fom eet ot Shel mpg Shes rea GAN ga nf te fore ot se Hh ila) fa of} th Pha 20 hick net ee Or Nie aster iomy be ides a | thea § of tate “he philosophers vals ute otk tie ak fad in our re- file i ghee -obicth CO ASR Pig the formation of character} so that Wwe QDI them on the ure aesthetics of the Greek art off 1 ee i ‘The present article deals mainly Wi matured by European civilization since ancient music is discussed frankly as ciation except in the light of prebistor of music stands in the unique po: wholly cfeated by art. use oWes'bur litle to nature in the form and still 188 to the: sounds that occur outs is already amature musical ort that belles just as to paloting de. is art that. determine optical facts, Wise eritieS have, since, Rusk the attempt 16 settle prior! how system ought fo digest; and music d literature and the plastie arts as to ia Yet the diference is often impor 4 Science before it jas take-up by. experience before ib became, 3. scien spectatdr has seen enough of it in pict its neglect, whetRebin modem actor in find Japa, In snusipsthe nearestanalogy gum of sole na: fs lessardea! Seat Sagar, (See . int evotuion bos ea foray ciel years after the end of Wagner's long career not musician was ready ‘Wagnesian tonal enlargement of the ciéscal syst \ em, If we set aside fd the orgie! art of msc, the power of sasations of sound is no more com: plex than the pot inguishing colours, On the a ce sound fs the 1 mediuin by which most fius boch gapress sndleatlte emotion, : Tolted niSines saab eae a elaborate human a, i sUBices for bird-songs that a prior to language ae brant colours of skins, fathes and aoe ash onsite Aux pesdian overlie fe ‘menace is an important means of self-preservation; and it is Prrauced esr prl Pate Vs Pree git ER Brest nye fa + tory 90% butts avou Wietox + of m sical arts) * nitive wusic + ould ) ys, ri dre Nicer Fahy Deak (io By he cinta ay 1 ing ap see serlt of, gue, mad ia at The He solid dbjeciat pace ut} @pow (we use emain And) sill fe vei he and) (he) ie arate of la ‘eal G cece. Wi may epert etiyst '4 Greeks be phenomenon he SS) DE SEGUNDA AUM ANO Novas Conferéncias e Escritos de JOHN CAGE Tradugdo de ROGERIO DUPRAT revista por AUGUSTO DE CAMPOS EDITORA HUCITEC Sto Paulo, 1985 Para nds ¢ todos aqueles que nos odeiam, para que os E.U.A. possam se tornar simplesmente uma outra parte do mundo, nem mais nem menos. SUMARIO CAGE : CHANCE : CHANGE, Augusto de Campos: IX ANTEPAPO: XV DIARIO: COMO MELHORAR © MUNDO (VOCE $6 TORNARA AS ‘COISAS PIORES) 1965: 3 DIARIO: SEMINARIO DE MUSICA DE EMMA LAKE, 1966: 21 SPRIAMENTE VIRGULAI: 26 ‘HAPPY NEW EARSI: 30, DUAS PROPOSICOES SOBRE IVES: 36 MOSAIC: 43 DIARIO: AUDIENCIA 1966: $0 DIARIO“ COMO MELHORAR © MUNDO (VOCE SO TORNARA AS. ‘COISAS PIORES) CONTINUADO EM 1966: 52. 126 PROPOSIGOES SOBRE DUCHAMP: 70 JASPER JOHNS: ESTORIAS E IDEIAS: 73 MIRO NA TERCEIRA PESSOA: § PROPOSIGOES: 85 [NAM JUNE PAIK: UM DIARIO: 89 AQUI, FARA ONDE ¥AMOS?: 91 ‘CONFERENCIA NA JUILLIARD: 95 CONFERENCIA SOBRE © COMPROMISSO: 112 . RITMO, ETC: 120 (COMO PASSAR, CHUTAR, CAIR E CORRER: 133 PAPO? I: Id DIARIO: COMO MELHORAR © MUNDO (VOCE SO TORNARA AS ‘COISAS PIORES) CONTINUADO EM 1967: 145 FIM DE PAPO: 163 NOTAS DOS TRADUTORES: 165 CAGE:CHANCE:CHANGE prefécio preparado por augusto de campos depois que pound morreu © maior poeta vivo americano talvez 0 maior poeta vivo 6 um misico JOHN CAGE talvez porque nao pretenda ser poeta “eu estou aqui endo tenho nada a dizer € 0 estou dizendo @ isto é poesia” diz cage em sua conferéncia sobre 0 nada (1949) enquanto os poetas que pretendem dizer tudo jd ndo nos dizemn nada 0 sen didrio: como methorar o mundo (voce 86 tornard as coisas piores) 1965-1972 euujas primeiras séries fragmentérias ‘so coligidas neste livro €0 unica poema longo consistente ix escrito depois dos cantos de ezra pound ‘que consegui ler e amar (absorveu ep sem imitd-lo © que me parecia impossivel) ‘poema? talvez ele pretenda — como ex — que isto seja prosa se 0 for ; é um dos poucos exemplos de prosa critica \ original quanto a prdépria linguagem rosa ou poesia reconcilia pound e gertrude stein (outro imposstvel) definiga John cage figura mais paradoxal de toda a musica contempordnea 0 misico com 0 qual muitos compositores pés-webernianos ¢ eletrénicos estdo fregiientemente em polémica sem poder subtrairse & sua fascinagéo” (umberto eco) nascido em los angeles em 1912 ; atravessou os seus 70 anos continuando jovem 0 que & quase incompreenstvel entre nds onde a regra (ou a maldigio) € 0 envelhecimento-precoce intelectual | como disse pignatari observando que volpi € um dos raros artistas brasileiros | que nao decatram depois dos 40 aluno de henry cowell e de schoenberg interessou-se desde cedo pelos instrumentos ‘ de sons indeterminados © pela misica e filosofia orientais ‘mas também por artes grdficas € pintura fensinow na escola de design de chicago) © que explica a invencao visual de seus textos ¢ partituras arnold schoenberg (que the dava aulas de graca Sob uma tinica condigio: devotar a vida & milsica) recriminow um dia 0 seu descaso pela harmonia dizendo-the que para um milsico isso era o mesmo que defrontar-se com um muro 0 jovem cage the respondeu: “nesse caso eu devotarei @ minha vida a bater a cabeca nesse muro” e foi 0 que ele fez literalmente passando a compor ‘muiisica para percussao sob a inspiragao de ionisation de edgard varése donde first construction in metal (1937) escrita s6 para percussio metélica (eameldo, sinos, gongos, folhas de aco, cilindros de freio de automdvel, bigornas, etc) onde aplica 0 principio da tala hindu miisica medida: uma estrutura ritmica baseada na duragdo ndo das notas ‘mas dos espacos de tempo em 1937 jé dizia: “enquanto no passado 0 ponto de diseérdia estava entre a dissondncia e a consonéncia ‘no futuro préximo ele estaré entre o ruido @ os assim chamados sons musicais.” dat, para a invengio do “piano preparado” (um piano acondicionado com pedacos de metal borracha e outros materiais entre as cordas para atterar-Ihe a sonoridade): “uma orquestra de percussdo para um unico instrumento eum tinico executante” ou uma livre “klangfarbenmelodie” (melodia-de-timbres) que associa webern ao gameldo indonésio de certa forma cage antecipou-se facticamente aos europeus na compreensiio do fenémeno webern: no choque de siléncios entre WEBERN e CAGE — 0 europeu e 0 americano — estd capsulado todo 0 futuro dilema da misica enire ordem e caos (ver 0 meu profilograma n? 2 HOM'CAGE TO WEBERN — on? J fundia os perfis de pound e maiakévski) bacanal (1938) foi a primeira peca para piano preparado seguiram-se amores para p/p e percussao (1943) sonatas ¢ interhidios para piano preparado (1946-48) € concerto para piano preparado (1951) entre outras em 1939 compée palsagem imagindria n? 1 proto-musique concrete combinando gravacdes de fregiiéncias pratos e cordas (de piano) xii @ atuagdo de cage nos anos 50 no auge da revolucao concreto-eletrénica foi fulminante valorizado por boulez ¢ schaeffer or suas pesquisas no domtnio da actistica nao se contentou em historicizar-se como profeta preferiu intersir criativamente mais novo do que os novos @ critica crucial de cage aos methores misicos da geracdo batizada de “pés-weberniana” nao faziam musica por causa da musica de webern ‘mas apenas musica depois da musica de webern ndo havia nela nenhum trago de klangfarbenmelodie nenhuma preocupasao com a descontinuidade — antes uma surpreendente aceitagdo dos mais banais artificios da continuidade alguns remédios: acaso e siléncio “a miisica européia poderia ser methorada com um pouco de siléncio” reagindo contra 0 conceito de miisica totalmente predeterminada, levado as tiltimas conseqiiéncias pelos jovens serialistas pés-webernianos (boulez, stockhausen) cage cria a “musica indeterminada”. desde 1950 comecara a desenvolver @ sua teoria da indeterminagio em miisica derivou-a do i ching 0 cldssico livro-de-ordculos chinés mediante operagdes de acaso 4 partir do i ching (livro das mutagées) compos, em 1952, music of changes (musica das mutagbes) com sons ¢ siléncios distribuidos caswalmente. xiii lancamento de dados ou moedas imperfeicaes do papel manuscrito passaram a ser usados em suas composi¢oes que vdo da indeterminagao @ muisica totalmente ocasional, rmisica? em 1951 cage apresenta 0 primeiro “happening” no black mountain college, em north carolina. paisagem imagindria n? 4 (do mesmo ano) compée-se de 12 aparethos de rédio 20 aces e simulianeamenie (@ dindmice, rigorosamence conirolada) em 4°33” (1952) um pianista entra no paleo toma a postura de quem vai tocar endo toca nada a misica & feita pela tosse 0 riso e os protestos do puiblico incapaz de curtir quatro minutos e alguns segundos de siléncio 6 siléncio sempre o interessou (de fato, sew primeiro livro se chama silence) e nesse sentido ninguém entendeu melhor webern do que ele por mais que os dois parecam distantes ¢ embora para ele sob outro éngulo 0 silencio ndo exista: “there is no such thing as silence” “nenhum som teme o siléncio que 0 ex-tingue endo hé siléncio que ndo seja grdvido de som’: dentro da camara anecdica (i prova de som) ele owviu dois sons um agudo outro grave 0 aqudo era o seu sistema nervoso xiv © grave 0 seu sungue em circulacao 0 siléncio ou “a 13° som” ‘ainda em 1952 outra inovacao: paisagem imagindria n? a primeira composicéo de “tape music” Seita nos e.ua. em 1954 (em donaueschingen — reduto dos serialistas europeus) cage apresentou as composigées 12°5.5078 para dois pianos € williams mix para 8 magnetofones ligados a alto-falantes (as obras incluiam ruidos, gravagées em fitas magnéticas € inesperadas intervengées dos executantes) stockhausen-e-bewlee- assaram.q incluir 0 acuso mais ou menos controlado em suas comy foi aque ral da musica “aleatoria” cage continuou fazendo das suas: @ dria (1958) para soprano tem uma curiosissima notagdo em curvas coloridas e interrompidas que deixam livre a intérprete a escotha de quaisquer estilos Ulirico, folelorico, jazz, cangao napolitana, dpera, etc) além de toda a sorte de ruidos (choro de bebé, ganido, gemido voluptuoso, etc) @ dria pode ser tovada junto com fontana mix ‘mistura de varios teipes atlas eclipticalis (1961-62) instrumentos ies. do firmamento forma de notas em HPSCHD (harpsichord) ‘para cravos ¢ computadores composta em 1967-69 em colaboracao com lejaren hiller teipes de sons eletrOnicos microtonais produzidos em computador sdo combinados a citagdes de varios compositores ds valsas para cravo compostas ao lance de dados atribuidas @ mozart tudo articulado por uma programacdo de computadores com sistema numérico derivado do modelo digital do i-cking certos trechos da composi¢do foram gravados no canal da direita outros no canal da esquerda outros em ambos de modo gue 0 ouvinte pode alterar a composicio faumentando, diminuindo ou eliminando algumas partes) se acionar os botdes do seu amplificador para cage a musica no é sé uma técnica Compor sons (e siléncic — = mas um meio de tefletir @-de abrir a cabeca do ouvinte para o mundo (até para tentar melkard-lo correndd 0 risco de tornar as coisas piores) com sua recusa a qualquer predeterminagéo em musica propée o imprevisivel como lema um exercicio de liberdade que ele gostaria de ver estendido & propria vida pois “tudo 9 que fazemos” (todos os sons, rusdos.e ndo-sons incluidos) “é misica” por exemplo cogumelos~ isica € Cogumelos music and mushrooms i duas palavras casualmente préximas no diciondrio (Ingles age ganlou tan cone re na tv italiana respondendo sobre cogumelos (@ improvisando concertos com panelas de pressio) bem entendido ele ndo tem nada a ver com drogas interessam-thé os cogumelos comestiveis é im através Ga Filosofia indiana EY due algumas vezes Vac€ UG 0 acaso e otras, nag je outras, ri 0s cogumelos.sio uma dessas ocasibes em que vocé ndo pode usar 0 acaso BOrGite VOCE Corre 0 TIS Ue’Se Matar’: ara libertar-nos de nossos gostos e preferéncias ermitindo-nos experimentar coisas de que ndo gastamos 0 acaso & também (segundo cage) uma forma de disciplina do ego @ mudar nossa mente acaso € mudanga ‘por acaso @ palavra CAGE estd contida na palavra CHANGE \“\ID ANA que pode ser vista como uma casual mudanga da palavra CHANCE /\(/€A) depois de ter levado a musica 0 limite da entropia € ao silencio ‘cage parecia ter perdido 0 interesse em compor ‘em 1961 apareceu SILENCE © primeiro de uma série inclassificdvel de livros-mosaicos_ com artigos manifestos conferéncias ‘pensamentos aforismos anedotas exemplares (keans) depois dele foi a vez de A YEAR FROM MONDAY (de segunda a um ano) 1967 © segundo compéndio da visto anarcosmusical de cage segue-se M (1973) reunindo escritos de 1967-72 ¢ incluindo mais uma série do ditrio: como melhorar 0 mundo, etc (0 titulo M foi escothido sujeitando as 26 letras do alfabeto @ operacées de acaso baseadas no 1 ching segundo cage ‘qualquer outra letra serviria embora M seja a 1? letra de muitas palavras e nomes de seu interesse: de “mushrooms” 0 “music” de marcel duchamp e merce cunningham @ marshall meluhan e mao tsé tung) 0 ultimo livro dessa linkagem € EMPTY WORDS (palavras vazias) 1979 nele aparecem mais fragmentos do didrio no prefdcio cage afirma que em 1973 recomecou 0 didrio ‘mas néo conseguiu conclut-lo: “sou um otimista essa é.a minha ‘raison d’étre? mas as noticias didrias de certo modo me detxaram muda" xviii os livros de cage séo inovadores e imprevistveis como d'sua musica em todos eles hd uma mistura aparentemente disparatada de eventos cage ndo fala de rmisica ‘mas de ecologia politica zen-budismo cogumelos economia e acontecimentos triviais extraindo poesia de tudo e de nada ‘wm MOStice de Idbias citagees & esidrias ‘0s textos se apresentam em disposigées grdficas personalissimas indo desde 0 uso de uma IBM com grande variedade de tipos até a combinacdo de numerosas familias de letraset dos signos desenhados para indicar pausas e ruidos como a respiravdo e a tosse até as tonalidades reticulares das letras a mesma criatividade visual que ele aplica as suas partituras e obras pldsticas somo a série de objetos-poemar = “plesigramas” — que (de parceria com calvin sumsion) realizou em 1969 sob 0 titulo not wanting to say anything about marcel duchamp (ndo querendo dizer nada sobre marcel duchamp) se diz interessade na e ree rr a citando norman o. brown £thoreay, “quando ouge uma sentenca — xix ougo-nés.marchando” arm AME-se-4OrTOT um devoto da linguagem “desmilitarizada” ndo-sintética @ compéde poemas nonsense-visuais super-e-ou-justapondo polavras/silabas/letras escolhidas a0 acaso entre dezenas de alfabetos de letraset: os “mesdsticos” ‘mas seria ingénuo tabeld-lo ‘com os rétulos de “antiarte” ou “antimulsica” ‘ele diz ndo acreditar que a arte deva ser abandonada que a auséncia de um objetivo material para a arte a utilidade do init é uma boa noticia para os artistas: “a drvore que dava a melhor sombra de todas ‘era muito vetha e nunca fora cortada porque a sua madeira era considerada imprestével” (chuang-tsé) mien! itor e videoartista nam june paik ‘cujas obras Conversas apresentapoes atos colidianos divertem deliciam chocam e as vezes aterrorizam ao proprio cage disse-the um dia: “por que néo destruir todas as partituras e fitas antes de morrer e deixar para a historia da musica ‘apenas uma linha: ‘aqui viveu um homem chamado john cage’?”” resposta de cage: “muito dramdtico” felizmente para nds ele ndo cessou de compor nem de escrever depois de HPSCHD (iniciada no mesmo ano em que ssaiu este livro) criow muitas outras obras ‘em 1969 comecou a compor cheap imitation (imitecdo.barato)- leitura para piano (com operacées de acaso) de “socrate” de satie depois vieram musicircus (1970) obra multimidia bird cage — gaiola de pdssaro e de cage (1972) renga with apartment house 1976 composta em homenagem ao bicentendrio da independéncia norte-americana misturando orquestra solos vocais e instrumentais melodias populares hinos protestantes cantos de peles-vermelhas acompanhados da projecao de 361 desenhos extrados dos “didrios” de thoreau (apresentado por seiji osawa em boston por boulez em nova york @ obra provocou 0 maior éxodo de publico durante um concerto nos wiltimos 25 anos segundo o comentarista allen hughes) @ john cage reader livro-homenagem aos 70 anos de cage (1982) registra outras tantas composigées parando provisoriamente em posteard from heaven (postal do céu) para 20 harpas ultimamente cage vem dedicando ‘muitos trabathos ao “finnegans wake" 0 mais radical e 0 mais musical dos livros de joyce em 1942 ja musicara um pequeno trecko dessa obra the wonderful widow of 18 springs (@ maravilhosa vitiva de 18 primaveras) ara vor e piano fechado (sic) ‘numa de suas novas incurs6es criou uma série de “mesdsticos” sobre o nome de james joyce ‘pescado aleatoriamente do texto (writing through finnegans wake, 1978) ‘numa outra viagem escavou sons e rufdos para o seu roaratoria, an irish circus on finnegans wake (1981) @ ele ainda promete um atlas borealis com as 10 trovoadas sobre as 10 palavras de 100 letras que atravessam 0 livro ("a fala do trovio”) 4 para amé-lo do. é preciso concordar com cage (os cagistas sdo geralmente charos: zm demasiado Titeralmente as suas idéias) inspirado na methor.tradigdo-nostesamericana @ da desobediéncia civil e da ndo-violéncia de thoreait @ martin luther king hore @ 7 wher king na era do pés-tudo em pleno musicaos de produssumo os livros de cage como a sua propria musica sdo um i-ching de idéias e invencées que nos fornecem se ‘respostas que. ‘a0 menos um novo estoque de perguntas Para-nos-abater-e rebelar " HAPPY NEW EAR feliz anouvido novo (YEAR/EAR trocadilho intraduztvel) NEW MUSIC ; NEW LISTENING ou em canibalés brasileiro: ouvidos novos para 0 novo ‘ouvir com ouvidos tiv Seta por dentro e por fora € 36 usar 05 ouvidos 1973-1985 xxili ANTEPAPO Quando foi publicado Siléncio, dei uma cépia a David Tador. Depois de dar uma espiada, ele disse: “Que pena que a Conferéncia na Juilliard nao esteja incluida’. Aque- Je texto esta incluido nesta coleg’o, que consiste naquilo que eu venho escrevendo desde 1961, exceto a Conferéncia sobre o Compromisso, escrita enquanto Siléncio estava em laboragdo, © outras estérias encontradas aqui ¢ ali, neste livro, ¢ aquelas englobadas sob 0 titulo Como Passar, Chutar, Cair e Correr. A questo é meu pensamento est mudando? EstA e no esté. Uma noite, depois do jantar, eu estava dizendo a uns amigos que agora eu estava preocupado em melhorar co mundo, Um deles disse: eu pensei que vocé sempre tivesse estado. Ai, eu expliquei que acredito — e meu comportamento o confirma — na proposicao de/Marshall McLu- ‘han segundo a qual temos produzido, através da tecnologia eletrénica, uma extensio de nossos cérebros, para o mundo anteriormente exterior a nds. Para mim, isso significa “que as disciplinas, gradativa e repentinamente (principalmente as orientais), antes prati- cadas por individuos para pacificar suas mentes, pondo-as de acordo com a realidade atual, devem agora ser praticadas socialmente — isto &, no s6 dentro de nossas cabe- as, mas também fora delas, no mundo, onde nosso sistema nervoso central de fato esta agor Isso me levou a considerar o trabaiho de Buckminster Fuller de primeira importan- cia. Mais do que qualquer pessoa que eu conheca, ele vé claramente a situacio do mundo — toda ela — ¢ cucou profundamente projetos para desviar nossa atengio da “matanca” [kllingry (NT)] para a “‘vivenca” [livingry (NT)}. Todavia, quando recentemente reli minha Conferéncia na Juilliard, fiquei surpreso com as correspondéncias entre o pensamento nela contido ¢ 0 pensamento que eu consi- dero mais atual na minha cabeca; p.c., “Estamos ficando livres da propriedade, que vamos substituindo pelo uso” (1966); ¢ “Nossa poesia agora é a visio de que nada possuimos” (1952). Certamente, minhas idéias comecaram no campo da miisica. E esse ‘campo, digamos, é como um brinquedo de crianga. (Aprendemos, é verdade, naqueles dias idilicos, coisas que agora somos obrigados a lembrar.)Nosso trabalho, agora, se ‘amamos @ bumanidade e © mundo em que vivemos, ¢ a revoluglo/ ‘A razio pela qual estou cada vez menos interessado em misica, nao é 56 que eu ‘acho 08 sons € ruidos que nos envolvem mais tteis esteticamente do que os sons produ- zidos pelas culturas musicais do mundo, mas sim que, se voc’ prestar atengao, farm xxXy compositor ¢ simplesmente alguém que diz aos outros o que devem fazer/Bu acho isso uma forma pouco atrativa de fazer as coisas. Eu gostaria que nossas atividades fossem, assim, mais sociais ¢ andrquicas. Na verdade, mesmo no campo da misica, € isso que est acontecendo. J4 nos anos 50 nés tinhamos o Once Group, em Ann Arbor, Michigan, ¢ 0 Grupo Guigi em Osaka e Téquio, Agora, quando a gente viaja, encontra grupos mais ou aap Zaj, em Madri, Fluxus, ii ¢ no exterior, Bang 3 em Richmond, Virginia; em Estocolmo, a construc do. Hon, por Niki de Saint Phalle, Jean Tinguely ¢ Per Olof Ultvedt. Quando a gente volta a NY., encontra-se no bloco de artistas ¢ engenheiros que realiza um Festival de Teatro ¢ Engenharia, um grupo que planeja, sob 0 nome de EAT [to eat =comer (NT)} Experiments in-Art-and Technology), permanecer reunido, como as familias costumavam fazer, mas agora fazem raramente, Passamos, pode-se dizer, do tempo da reunido familiar para © tempo presente, que leva as pessoas ¢ suas energias € os recursos materiais, energias utilidades do mundo, para um caminho que aceita com prazer © desconhecido ¢ as descobertas, usufruindo da sinergia (uma energia maior do que a soma de energias diversas ¢ isoladas) Voltando a idéia de que meu pensamento est4 mudando. Digamos que ndo esteja. ‘Uma coisa, porém, que o mantém em movimento é que estou continuamente encon- trando novos professores. Eu tinha estudado com Richard Bublig, Henry Cowell, Ar- nold Schoenberg, Daisetz Suzuki, Guy Nearing. Agora.cstou estudando.com-N.-O... ‘Brown, Marshall McLuhan, Buckminster Fuller, Marcel Duchamp. Ligado aos meus ‘habituais estusos-com-Duchamp. hao {ato de ser eu um medlocie jogador de xadrez Minha cabeca parece de tal forma vazia, que ago lances obviamente estdpidos-Em: nao duvido ném ‘nm por ut lim momento que essa falta de inteligéncia afete minha, musica €_meu pentsamento em geral. Todavis, eu tenho uma qualidade redeito Sobre’o ule’ dee Wvio (além de sua ambighidade e meu intsiesse na nio- ‘mensuracio); era sébado; estivamos, seis pessoas, jantando num restaurante do Hud- son ao norte de Newburgh; combinamos um encontro no México (eu nunca estive em outra parte do México além da Baixa Califérnia); trés tinham estado no México € se deliciavam com a perspectiva de voltar; um tinha nascido ld, mas estava fora ha cinco anos; sua mulher, com quem se casou na {ndia, como eu, nunca estivera Id; dois outros, ndo presentes ao jantar, ¢ que esperamos que nos acompanhem, tinham ambos estado. no México e adorado; talvez seja um grupo de oito; a fim de realizar esse encontro, [todos nds (sabendo dizer Sim) teremos de aprender a dizer Nao — isto é Nao a 1udo " que, possa obstar.a realizagio do nosso plano. =Te XXVE Este texto fon escrito para ser publicado por Clark Coolidge na sua revista Joglars, Providén- cla, R. 1, (Vol, [, n? 3, 1966). E um mosaico de idéias, proposigdes, palavras ¢ estérias. E também lum diério. Para cada dia, a partir de operaydes a0 acaso, determine! quantas partes do mosaico escreveria e quantas palavras haveria em cada uma. O niimero de palavras por dia deveria ser igual ov superior a cem, ao fim da ultima proposicao. Como a revista de Coolidge era impressa em foto-offset tirado dos escritos datilografados, Usel uma maquina IBM Selectric para escrever o meu texto, Usei doze diferentes tipos, deixando que operagdes ao acaso determinassem que tipo seria usado para cada proposigio. Da mesma forma foram determinadas as margens esquetdas, resultando as diretas do fato de eu nBo colocar hifens separando palavras, conservando 20 mesmo tempo 0 nimero de quarenta e trés ou menos caracteres por linha.! Li varias vezes este texto como conferéncia, primeiro no Beloit College, em Wisconsin, e ais recentemente (junbo de 1966), na International Design Conference, em Aspen, Colorado. Depois, ele foi reimpresso na edicdo de primavera da Aspen Magazine. DIARIO: COMO MELHORAR O MUNDO (VOCE SO TORNARA AS COISAS PIORES) 1965 I, Continue; eu deseobrirei onde voce sua (Kierkegaard). Estamos ficando livres da propriedade, que vamos substituindo pelo uso. Comecando com idéias. Quais podemos pegar? Quis podemos dar? Desaparecimento da politica do poder Ni mensuragéo. _Japonés, ele disse: nés também ouvimos com os pés. Eu citara Busoni: imcerposa entre © misico risa, esta a notagda —Anies, eu dere a dlc: operagbes ao ccasa indeterminacdo- Ex citara as misices da India: a notagao elas ¢ posterior co fate. Eu falara da cacao musical direta (a partir dos cowvidos, sem interpor os olhos). 2 da mand, Jensen dse, “Mesto que vocts nko tenham gstado os eskados (Lindy, ec) expermes que tenkam gosto da convesi" Costar da (conversa! Nos estamos lt enquanto estava xonecendol I lca minima: Baga 0 que ocd disse que faria. —Imposstvel? Telefone. Nao respondem? Minha idéia era que se cles quisessem Iutar (natureza humana ¢ essas coisas), deviam fazé-lo no Antartica, 0 resto de nés arriscando no resultado didrio: subsidios para o bem-estar mundial. Em lugar disso eles ficam por ai em cooperagto, trocando dados, amigavelmente. Abril 64: O homem do Departamento de Estado dos E.U.A largou © papo de Honolulu ~ “aldeia global, gostemos ou nic” ~, citou cingienta e cinco servigos que sao globais em extensio. A cadeia de montanhas que divide Oahu, antes fortificada (guarnigoes de ameias para autoprotegao quando atiravam flechas), agora tem tineis, permitindo a cireulagdo Ga populagio. Guerras, etc, parte da morte das estruturas politico-econdmicas. © trabalho social iguala 0 aumento do némero de servigos globais, ill. COMO DIZ McLUHAN. TUDO ACONTECE DE REPENTE. ‘A IMAGEM N&O € MAIS UMA CORRENTE DE AGUA CAINDO SOBRE AS ROCHAS, INDO DO LUGAR ORIGINAL PARA 0 FINAL; & COMO TENNEY EXPLICOU: UM COMPLEXO VIBRANTE, ONDE QUALQUER SOMA OU SUBTRACAO DE COMPONENTE(S), INDEPENDENTE DE POSIGAQ(OES) APARENTE(S) NO SISTEMA TOTAL, PRODUZ ALTERACAO, UMA MUSICA DIFERENTE, FULLER: ENQUANTO UM SER HUMANO TIVER FOME, TODA A RAGA HUMANA TERA FOME. A planificagéo urbana esta obsoleta. © que é necessério 6 um planejamento global para que a Terra possa parar de pular como um polvo sobre seus préprios pés. Buckminster Fuller usa sua cabeca: ciéncia do “comprehensive design”* inventario dos recursos mundiais. Converséo: a mente dé voltas, nao mais preocupada com a prépria direcdo. Utopia? Autoconhecimento. Alguns 0 fargo, com ou sem LSD. Os outros? Oram pela intervengdo divina, crises, falta de luz, sem 4gua pra beber. IV. Nos vemos simetricamente: canoa no lago canadense do norte, estrelas no ctu da meia-noite repetido na dgua, margens arborizadas precisamente espelhadas, Nossa audigao é assimétrica: 0s sons que percebemas nos surpreendem, cs ecos dos gritos que dames transformam nossas vores, a linha reta de som de nds para a beiva & seguida de ecos que deslizam em volta do perimetro do lago. Quando eu disse, “Cingtienta e cinco servigos globais.” ‘0 homem da California Bell Telephone replicou — (serembro 65), “Agora sé sessenta ¢ um" As estagies (criaclo, preservagao, destruigio, repouso): esta era a experiéncia € a idéia resultante (nao & mais: ele voa pare 0 Rio). © que usaremos quando viajarmos por ai? Um taje de verdo com ou sem ceroulas? Que tal 2 idéia de Stein: as pessoas s20 do jeito que sua terra € seu ar sto? —-V.-— Quando eu disse que a cultura estava mudando da Renascenga pro que ela 6 agora (MoLuhan), Johns objetou que o que ele disse ere uma supersimplificagdo. Mas Johns estava falando de acordo com nossa experiéncia néo- Renascenga: campo total, multiplicidade nao enfocada. _Nés estamos, no estamos? sociaimente falando, numa situaclo de © velho moster e 0 novo passar a existir? Para o velho — pagar contas, buscar 0 poder ~- tomar 2 atitude do jogo: jogos. Para 0 novo — fazer 0 que niio € necessério, “levar areia de uma parte da praia pra outra”” (Buckminster Fuller) — tomar a atitude religiosa: cerebragio. (Celebram,) Todos se mandaram. © gato ¢ os filhotes foram levados para o ‘A casa esté cheia de pulgas. VI. Dizem que miisica totalmente determinada misica indeterminada soam igual. Eu SPCA. visitei Hamada. Erguendo-se do torno, ele disse, “Eu no estou interessado em resultados; negécio ¢ ir pra frente. A Arte ‘esté em processo de retornar ao que Ihe & proprio: # vidi © Lago é indefinido, A terra em volta (© envolve obscurecendo sua imagem, imagem que precisa permanecer irrevelada, — Cantada, “Mundo flucwante’. — Chuva, cortina da superficie do Lago vento-varrida, além: segunda visto ha outras, diz ele, uma com névoa subindo), — Ontem era ealma e reflexos, grupos de bolhas. Um Jardim americano: dgua, sem areia vegeracao, sem pedras. Trova Sem pretensio, vou de um Iago para outro lago, Ar salgado. Lago Salgado. VII. ugh Nibley. Niio 0 via desde os dias de colégio, —Perguntei-Ihe 0 que pensava de outros planetas € populacdes sensiveis. Sim, disse ele, por todo o universo: é « doutrina mérmon. —Dissemos adeus. Eu abri ‘2 porta do carro, peguei minbs pasta de documentos ¢ tudo que estuva dentro caiu ma grama ¢ oa sarjeta. Sea comentério: Sempre acontece algo memorivel. —Coisas que famos fazer, esto ‘agora sendo fetta: por outros. Ao que parece ‘p80 ostava om nés fazé-las (estévames, 00 elas estavam, fora de nés2) mas, simplesmente, pronlos para entrar em qualquer cuca absrta, qualquer cabeca suficientemente perturboda para néo ter uma idéia dentro. Vill. © calor diario que nds expertmentamos, meu pat disse, nao ¢ transmitido pelo Sol para a Terra, mas ¢ 0 que a Terra fax 2m resposta ao Sol Medidas, ele disse, medem metos de medir Basho: Matsuake ya shirnu ko no ha no hebaritsuku A fotha de alguma drvore desconhecida gruda 10 cogumelo (Biythe) © cogumelo n20 sabe que a folha esti grudada nele (Fakemitsu), Projeto: Descobrit um meio de Iraduric textos escritos em extremo-orientés de modo que os homens do oeste possam ler orientalmente Comunicagio? Bakarashit—Palavras sem sintaxe, cada palavra polimorfa, Ele queria que ew concordasse que © afinador de piano ¢ © fabricante de piano aio tém nada a ver com isso (a composigio). Os mais mogos tinham dito: quem quer que tenha feito @ tela niio pode ser separado da pintura. — (E ndo para ai) IX. QLHANDO EM TODAS AS DIRECOES, NAO APENAS NUMA DIRECAO; Fazer casas (Faller) seed, como 2 telefonia, um servigo. Cinica circunstancia pra que voce no passa ir morat li: alguém j4 esté morando (est6 ocupado). Por isso, aprendemos a desejar 0 vazio. Sendo incapazes de dizer “isto € meu", ado vamos querer, quando perguntarmos, receber resposta alguma, 4h da tarde no mundo todo. Gostemos ou nao (6 0 que ole disse), ‘estd nos acontecendo. Os amtinclos, sio todos bons; as noticias, todas més (McLuhan). Mas a maneira pela qual recebemos més noticias pode mudar: ficamos satisfeitos de ouvir falar da incrementagio do desemprego. Em breve, tudo o que send solicitado de nés seré uma hora de trabalho por ano (Fuller). -X.—Eles perguntam qual 00 propésito da arte. EF assim que as coisas sio? — Diigamas que howesse mil artistas @ um s6 propésivo, ficaria um artista de posse dele e todos os novecentos . ¢ noventa € nove restantes ficariam chupando 0 dedo? O letreiro de Arcata Bottom dizia: experimente sem parar e permaneca humilde. “Escreva para o Centro para o Estudo das Instituigdes Democréticas; eles sabem tudo sobre servigos globaix” Eu eserevi, Eles responderam que no sabiam de nada, sugeriram que escrevesse a0 Departamento de Estado. Os livros de que a gente precisava antigamente eram difiecis de conseguir, Agora eles saem todos em brochura. A sociedade esté mudanda. E dificil obter informagdes relevantes. Logo elas estaréo por toda parte, despercebidas. XI. ELETRONICA. —_Viré o dia om que vamos Ha sempre menos o que fazer: as circunstancias 0 fazem por nds. A Terra. ‘As velhas razdes para fazer as coisas 6 ndo existem. (Durma sempre que puder. Seu trabalho continua sendo feito. Voce ¢ ele néo tém mais modo de separar-se) Nés tivemos a chance de fazé-lo individualmente. Agora, temos de fazélo juntos: globalmente. A. guerra nao serd conflito de grupo: serd assassinato, puro € simples, concebido individualmente. Curiosidade, consciéncia, les voltaram ao fato de que todos nés precisamos comer, para explicar sua devogdo pelo dinkeiro, mais do que pela misica. Quando eu falel da equagéo, trabalho igual a dinheiro igual a virlude, eles ‘mo interromperam (ndo me deizaram dizer que hoje em dia nao ha equacdo), dizendo, “Como 4 que vocé pode falar de dinheiro @ virtude a0 mesmo tempo?” XII, ONDE NAO PARECE HAVER NENHUM ESPAGO, SAIBA QUE NAO SABEMOS MAIS 0 QUE £ ESPACO. TENHA FE, O ESPAGO ESTA LA, DANDO AS PESSOAS ‘A CHANCE DE RENOVAR SUA MANEIRA DE RECONHECE-LO, NAO IMPORTA POR QUE MEIOS, PSIQUICOS, SOMATICOS, OU MEIOS QUE ENVOLVAM EXTENSOES DE AMBOS. As pessoas ainda pedem definigdes, mas agora € tanghilo que nada pode ser definido. Muito’ menos a arte, seus propésitos, etc. Nao estamos certos nem sobse cenoutas (se €2s sio 0 que pensamos que so, quio venenosas elas so, quem as desenvolveu € em que circunstancias) ELA FICOU INDIGNADA QUANDO EU SUGERI © USO DE UM AFRODISIACO = POR Que? NATURALMENTE, ELA CONSIDERA A TV UMA PERDA DE TEMPO. VIII. O propésito de uma atividade jd nao est4 separado do propésito de qualquer outra atividade. Todas as atividades se fundem num tinico propésito, que é (cf. Huang-Po, Doutrina da Mente Universal) nenhum propésito. __Imite as areias do Ganges, tornando-se indiferente ao perfume, indiferente 4 sujeira. Influéncia. De onde ala vem? Responsabilidade? Os doentes agora so cardiacos. Narcisos, ficaram extasiados com emogées, propdsitos, iistificados por viver no século vinte 6s inventamos algo mais, nao a roda. — Entendemos os sistemas nervasos. —MeLuban- Agenbite of Outwit (local, Primavera 63). (A incapacidade das pessoas para ficarem inativas Como disse Satie: Se eu nao fumo, alguéms 0 fard em meu lugar Participacdo da auasencta, passividade aiivay ‘XIV. Desde que o Espirito 6 onipresente, hé uma diferenga nas coisas mas nfo no espirita MeLiuban foi capaz de dizer “O meio 6 ‘4 mensegem" porque comegou por no se preocupar com o conteéda. Ou escolher quantidade, nfo qualidade (a qualidade sai na urina): ié, nds gostariamos de ficar vivos, as mudancas que estdo ccorrendo sto tantas t4o interessantes, A. composi¢do teré, ele diss, cada vez menos a ver com o que acontece, ‘As coisas acontecem mais depresss, Um dos sinais que voeé vai encontrar € 10 ‘que Ihe dirdo que as coisas vdo indo bem & que voeé € todos os caras que voeé conhece estaro abitando leves casas Dymaxion, desvinculadas da propriedade & das violadas paragens da Terra (lia Fuller). XV. Sorrindo, ele dis ‘os velhos sairem; néo hé mesmo muito a fazer com eles. Distragdes? Interrupedes? — Bem-vindas. Elas the dio a chance de saber se voce esth disciplinado. Assim voce néo precisa se aborrecer por sentar com as pernas cruzadas na posicéo de lotus, Fonttica, Ele era um fisico € um compositor de-computador nas horas, wagas. Por que era tdo estipide? Por que era de opinido que a tinica coisa que pode engajar o intelecto é a medigao das relagées entre as coisas? Quando alertado para o fato de que sua mente podia mudar, sua vesposta foi: “Como? For qué?” 0 eonflito ndo estard entre pessoas € pessoas mas entre pessoas e coisas. Neste conflito vamos tentar regular as coisas’ de forma que © resultado, como em filosofia, nunea seja decisive. Trate os pinheiros, por exemplo, como entidades que tém ao menos uma chance de vencer. XVI Ele vagueia pelos mercados como se eles fossem florestas e ele, um explorador botinico (no joga nada fora). Lago. Leve aquilo em que vocé esti trabalhando com voct; isto & se voce tem algo a fazer. Brechas. Que pena que ela se sentisse obrigada a resolver as coisas por conta préprial (Nao hi 1 deixe i ee ee Jé se verificou que © dinheiro tem sido economizado.) México. (Os europent ainds esto cone, Eke parecer slcar um cento de vecerese. Els comprendem & tag, mas, 4 propria vid (€ toda ate que & como el) ox perturba, parece insatifxéri, ‘Temos sede de entretenimento agradecimentos as duas mulheres). XVI. No que fiquei com raiva, eu simplesmence site! minha boguiica,levando duas horas pare me recuperst. — Entretant, a5 crcunstancias contnusram cereceizades pelo hibit. Indo em diferentes divegdes, a gente consegue, em vex de separacdo, um sentido de espago. Mitsiea como discurso (jazz) nfo funciona. Se yoe® val armar uma discussiio, faca-o ¢ use palavras. (Didilogo & um outro papo,) Atos ¢ fatos. Gota d'igua que faz 0 copo transbordar: 0 fato de eles dizerem Nao (eles anunciam que vio dizer Sim). — Principios? —_Entdo tudo & intolerdvel. Sem princtpios (0 que nao quer dizer que vamos deixar de ficar furiosos). —Entdo? Nos nadamos, afogando-nos aqui eli, Bu preciso escrever e Ibe falar sobre a beloza, a urgincia de evttd- fa, XVII. Ouvindo falar de atos do passado, (politica, economia), as pessoas logo sno conseguirso mais imaginar como tais coisas podem ter acontecida. A fusto de politica com economia, preparou ‘0 desaparecimento de ambax Ain invisiel. Chegando, perceber que ‘munea partimos. Ele mencionou cabecas 12 no teto. Ao vé-las, também © notamos. Fuso de cartdo de crédito com passaporte, Meio de fazer ouvir a propria voz: a recusa de accitar 0 cartio de crédito. Fim do més? Isso também pode ser mudado: a medida do tempo, seja qual for a estacdo, seja noite ou dia, Em qualquer caso, nada de contas, 86 informacao adicionada. “Va com calma, ‘mas vi". Que fiemas? (Antes do almogo) “Déthe asa. XIX. Se eu quiser uma lista dos servi¢os glohais disponiveis, como os consigo? _Longas e custosas correspondénc (O Pentigono aconsetha a telefonar:) Eu vou. eserever ao Presidente (dos Estados Unidos), 20 Secretario (de Estado dos Estados Unidos). Se tempo for passando, perguntarei Aqueles que eu encontrar se eles tém alguma informacio. (McLuhan nao tinha nenhuma.) ‘Vou escrever a0 Fuller. Devia ter feito isso em primeiro lugar (Papa Paulo, Lindsay: Tomem nota). 0 afiecionado (costumava dizer “Nao mexa nisso") agora fala de partieipagdo da audiéneia, sente que algo, tudo, é necessério, poderia ajudar, —Desenvolva a panopticidade da mente (Ouga. Q QUE IRA ACONTECER QUANDO A INTELIGENCIA FOR RECONHECIDA ‘COMO UM RECURSO GLOBAL (FULLERI? AS ORGANIZAGOES POLITICAS — DESISTINDO DO ENVOLVIMENTO COM 0 JOGO (PARCEIROS, OPOSITORES) E DO ENVOLVIMENTO COM OBJETIVOS INATINGIVEIS (VITORIAS, VERDADES, LIBERDADES) — SIMPLESMENTE SE APAGARAO DO QUADRO. A IMAGEM EMERGENTE € A DAS UTILIDADES (GAS, ELETRICIDADE, ‘TELEFONES): INQUESTIONAVEL, EMOCIONALMENTE 13 INEXCITAVEL. XX. © que ¢ um desenho? Ninguém mais sabe. Algo que no requer que vocé espere secar enquanto vood esti fazendo? Algo no papel? diretor do museu disse (Tobey, Schwitters), “E uma questio de énfase.” Agéo de gragas. Arte. Plano de transporte (finalmente sem despesas, a condugfo reconhecida como o que elt & una extersio de cade ser humano ¢ sua bagagem): para curtas distincias, caro (taxi de um prédio pre outro: um hac, longas vigens, bento como Ino feruar continents, oosos) Beto do Videofone sobre as viagens! Que nés ficaremos em casa, dando uma de deases, por causa da impressio ave dienes de esarmot em odor ot gees 20 meso tem XXL Em nda parte em yue economia ¢ pelitiva predominam toda parte’), é a lei da sciva. Veja as carifas de taxi nas diversas cidades. — Numas mais cures que nus ourras. motorist que vai de uma para ourra, tem de voltar vazio. Um relaxamento das regras, des lagos (casamento pe) é aconselhavel. Agora que temos rodovias de quatro pistas, j4 ndo temos nenhum uso para elas, (Bom pra patinagdo, ele disse.) Recuse juizos de valor = Dado que ‘os atrasos eram desordenadamente longos, as mudangas sdo agora bem-vindas. A propaganda desaceditow-se. ‘Quando eles ania agama coi, nos @ ents Nao bd nada que nds realmente precisemos fazer que nao seja perigoso Os artistas da Rua Oito sabiam disso bd muitos anos: falavam 14 constantemente de risco. Mas 0 que significa risco? Perder alguma coisa? —Propriedade vida? Principios? A forma de perder nossos brincipios examind-los, areja: Jos XXII. eb ja nao é pavimentado de ouro (mudangas na arquitetura das igrejas). 0 eéu é um motel. Ele mudou uma parte do coro: earpete de parede a parede, TV portatil. Sem conflitos Vinlo © duas chamadas telefénicas foram feitas por Betty Zeiger, “rompendo a eficiéncio, das agéncias federais .. . dedicodos & busca da paz”. © Departamento de Estado disse que o representante do Havaf era uma mulher, Cingiienta e cinco (agora sessenta © um) servigos globais estéo na dea das humanidades “além da mera provisio de alimento/abrige”, Nao sao servigos tecnolégicos. Departamento de Estado A aldeia global se desenvotveu a partir das ‘Aldeias Literdrias” (plano para a metboria da vida na india) “Nos somos pacotes de dgua gotejante’. “A préxima Agua que voeé beber, pode ser a sua’ XXII, CHAMEMO-LA DE CONSCIENCIA COLETIVA (JA TEMOS © INCONSCIENTE COLETIVO). A QUESTAO €: QUAIS SAO AS COISAS DE QUE TODOS PRECISAM, A PARTE OS GOSTOS E AVERSOES? — COMEGO DE RESPOSTA: AGUA, ALIMENTO, ABRIGO, ROUPAS, ELETRICIDADE, COMUNICAGAO AUDIOVISUAL, TRANSPORTE, FORMA DE RESPOSTA: UMA REDE GLOBAL DE UTILIDADES. io tema que sua vida die ndo pesmaneg fu sewer, confome 0 css) IS Se ed ee eee ee iBuninads snreuleamente, A med que 0 lake enanis 8 otitidade, Voce. lo srt wad 0 que her, ete @ gue fark vee — Una anineidade vals Galle)! No saguto, depois que a misica de La Monte Young parou, Geldzahler disse: E como estar num iitero; agora que estou fora, quero voltar pra dentro, Eu senti diferentemente, assim como Jasper Johns: nés ficamos aliviados por sermos liberados. XXIV. Saber-ver, adaptar-se A realidade. Anscombe ¢ uma feminitia, imsiste em usar calcas Obrigada a dar a patestra de ectide, levou um consigo esto, dew a patestra, tr01-0, foi pra casa (lecionande todo 0 tempo) de calgas. Como the disseram: "Quando vocd vai se despir de suas taéfas?” — Nao tem escapaiéria, Billy Kldver disse que uma decisio. de um juiz na América do Sul (pe) 6 tomede come precedente por um j O trabalho de Brown (Vida Contra Morte) é profético (também a observagao de Kooning: nao temos mais tragédia; a situagiio em que um individuo pode estar, € somente patética): 4 a sociedade como massa é que precisa de f psicanilise (Por isso a perversidade polimorfa, a necessidade de Utopia). Diante de a bilhdes, a0 contrério de Nebr, temos de tratd-los como uma nica pessoa, XXV. ELA DIZ QUE A VIDA E COMO UMA PAREDE BRANCA, IMPASSIVEL. DEDUGAO CORRETA: ELA ESTA AMANDO. —Kiiver: a ITU far um rol de muitos ‘ acordos internacionais, a saber: cédigo Morse, elegramas, telefones, ridios, televisiio, 16 . | | sinais de emergénci formagses meteorolégicas, freqiiéncias € poténcias de estagdes, meios de prevenir a estitica. “Como seria se esses acordos niio existissem?” —(pergunta a ITU). “Nao se teriam noticias, fotos nos jornais, programas de ridio de intercdmbio, recepeio de ridio livre de estitica. previsies meteorolégicas, alertas contra tempestades, seguranga no mar, no ar.” Kliver informa: a ITU (International ‘Telecommunication Union) foi estabelecida em 1865 (nove anos mais velha do que a UPU — comeio — ¢ dezessete mais velha do que os acordos sobre ferrovias). XVI A verdade & que tudo € causa de wdo Nao falamos, pois que uma coisa causa outra, Nao hé segredos. E56 que pensomos que oles dissoram morto quando disseram torte, Ou que nde tishamos ligade quando se dev o transmissdo, Tendo ouvido falar de servigos globais, Barnett Newman enfatizou a importancia das arte: A sociedade tem gravadores, programas de ridio, ¢ também leis de “copyright” (que ela pensa em ampliar), (Tropega em si mesma.) —_Livrar-se dos copyright (este texto & copyright.) Estamos fazendo interpenetracées néo-especialistas. Automagio, Alteragao da sociedade global através da eletrénica, de maneira a que o mundo venha a girar por meio de inteligéncia unida em lugar de por meio de uma inteligéncia divisionista (politica, 7 economia), —Digamos que esta idéia nao tem base ‘em falos, mas surgiu apés ee ter varrido a desinformacso. Som suor. Surgiu (a idéia existe, 6 falc.) XXVIl Nao imagine que ndo hd muitas coisas a farer. NOs precisamos, por exemplo, dé uma Aeenologia totalmente sem fio. Assim como as c6pulss de Fuller (céipula dentro de cépula, teanslicidas, plantas dentro) dario 2 Impressto de ff nto se viver em cast nenhuma (espago externo), assim toda a tecnologia precisa caminhar em diregdo 2 maneita como as coisas cram antes do homem comecar a mudé:las: dentificagio com a natureza na sua mancira de operagio, mistétio complet A profecia de Fuller, no fim do perfil que o Tomkins fer dele, acabou sendo eliminada (New Yorker) pelos editores. Assunto: rede slobal para forca elétrica (incluindo a China, que paticiparia por um principio de praticidade), As observagdes de Fuller so consideradas risiveis diante do blackout de novembro, _{Precisamos de um outro blackout, um nao Ho agradivel, Jum que sugira que usemos nossas cabecas como Fuller usa a sua). XXVIEL —-Nés. envenenamos nosso alimento, poluimos nosso ar ¢ nossa égua, matamos péssaros e gado, eliminamos florestas, empobrecemos, depredamos 2 terra. Somos altrufstas, ‘ibeis: inclufmos nos nossos atos ‘8 exeeutar — jf tivemos um ensaio — © altimo deles. ‘Como voed o chamaria? Nirvana? "Ndo 6 a instantanea comunicago verbal universal foi prevista por David Sarnoff, mas também a televisio 18 instantinea, jornais instantaneos, revistas instantineas e servigo telefdnico visual instantineo . . . 0 desenvolvimento de um tal sistema global de comunicagbes deveria unir as pessoas em toda a parte... para reorientagio em diregdo a um ‘conceito uunimundial de comunieagdo de massas numa ‘era mareada pelo surgimento de uma linguagem universal, uma cultura universal ¢ um mereago eomum universal." XXIX.- POPULAGAO. A arte obseureceu a diferenga entre arte © vida. Deixemos agora a vida obscurecer a diferenga entre vida e arte A vida de Fuller 6 arte: a ciéneia do “comprehensive design’, inventario dos recursos mundisis (se jé existe bastante cobre minerado, reuse, nfo minere mais: ‘© mesmo para as idéiasl. _ Q mundo precisa ser ordenada. Serd como viver uma pintura de Johns: Estrelas e Listas serdo utitidades, nossas vidas didrias as pineeladas = McLuhan: O nabalho € obsolet. Por qué? trabalho envolve parcialmente arividade, A atividade agora € necessariamente envolvimento total (ef 0 trabatho dos artiscas, erabatho nao envoluide em ginko). Por que total envoluimento? Flervinica, Por que mdo-ao-mesmo-tempo? A maneina pela qual nés-coisas somos. Yathabhutom ‘Onde houver uma tradigéo de organizagdo (arte), introduza desordem. ‘Onde houver uma tradicéo de desorganizacko (sociedade mundial), introduza ordem. — Estas diretrizes nio sto mais opostas uma a outra do que io ume primavera. ere naquilo?” Longa vida. > Mies van der Rohe disse: “O menos £0 mais”, Con- cordo com ele completamente. Ao mesmo tempo, 0 que ‘me preocupa agora é a quantidade. Quando recebi uma carta de Jack Arends pedindo- ‘me uma palestra no Teachers College, respondi e disse ue eu gostaria, que ele 56 precisava me dizer a data. Ele disse, Entao eu disse ao David Tudor: “A conferén- cia esté tao préxima que eu ndo creio que tenha tempo de escrever as noventa estérias; nesse caso, de ver em quando, vou ficar de boca fechada’’. Ele disse: “Vai ser ‘um alivio”, Um compositor imundo estava tentandé explicat 2 um amigo como era sujo um cara que ele encontrara recentemente, Disse ele: “Ele tem sujeira nas mos, no meio dos dedos, tanto quanto voce ¢ eu temos nto dedo do pe. ‘Uma senhora carregando um monte de pacotes su- ‘bin num Gnibus da 3? Avenida, Antes que ela tivesse tempo de se sentar oGnibus andou. Os pacotes cairn, vrios deles em cima dum Sebum que estava resmun- gando sozinho. Olhando pra madame meio perereco, dis- se: “Quéissho, p82" A mulher respondeu com solictu- de: “Sao presentes de Natal, meu bom homem, 0 se- thor sabe, é Nata!” “Dabo”, disse ele,“ passhado", David Tudor dé a impressdo de no ser muito che- ‘gado aos cogumelos. Mas uma noite ele comeu duas por- bes de “moréis” e depois limpou a travessa, inclusive ‘0 molho. Na tarde seguinte, enquanto ele se barbeava, evi alto a seguinte citagao de Leonardo da Vinci: “Ve- 20 A THORMRAA BO tempo ae “Como & que voce pode crer nisso quando Como no posse? det Alguns hd que néo se podem chamar mais do que uma estrada de comida, produtora de detrtos, enche dores de latrinas, pois deles nada mais aparece no mun- do, nem hé nenkuma virtude em seu trabalho, pois de- les nada sobra além de latrinas cheias": David Tudor dis- se: “Talvea eles fossem bons budistas" Minha av6 era As vezes muito surda, ¢ ovtras vezes, particularmente quando alguém estava falando dela, nfo ranada surda. Um domingo, ela estava sentada na sala de estar, bem na frente do rédio, Estava com um serm&o, ligado tdo alto que podia ser ouvido por todos 08 pré- dios vizinhos, Mesmo assim, ea estava ressonando ¢ ron- cando, Eu entrei na sala na ponta dos pés, pretendendo pegar um manuscrito que estava no piano e sair denovo sem despertévla, Quase consegui. Mas quando eu jd es- tava na porta, desligou-se 0 radio e vové falou rispida: “John, voce est preparado para a segunda vinda do Senhor?” No dia seguinte aquele em que eu finalmente g2- hei o concurso da TV italiana sobre cogumaelos, recebi anonimamente, pelo corzeio, o volume II de um livo francés sobre cogumelos que tinha sido publicado na Alemanha, Eu 0 estava estudando num bonde cheio, in- do para a cidade baixa em Milgo, A senhora ao meu lado disse: “Pra que o senhor esté endo isso? O concur- so ja terminou’ < “Elisabeth, esté um lindo dia. Vamos dar um pas- seio, Talvez encontremos alguns cogumelos. Se encon trarmos, nds os colhemos ¢ comemos”. Betsy Zogbaum perguntou a Marian Powys Grey se ela conhecia & dite renga entre os bons cogumelos 0s venenosos. “Creio {que sim. Mas imagine, querida, como a vide seria chata sem uma certa incerteza" Imediatamente antes de sair para Saskatchewan, para conduzir um semindrio de mmisica no Lago Emma, em julho de 1965, recebi uma solicitago de um editor da Canadian Art para ‘um artigo cam mil e quinhentas palavras. Como eu andava ocupado com varios projetos, estava a ponte de responder que ado tinha tempo, quando notei que estaria no seminério por quinze dias, ¢ que se eu escrevesse cem palavras por dia no seria muito para mim, e a revista teria ‘0 que queria. Entio respondi com certa firmeza, dizendo ao editor que eu sé o faria se cle aceitasse meu trabalho antecipadamente, ndo 0 mudasse de forma alguma tipograficamente, ¢ ime deixasse ver ¢ corrigir as provas (eu ainda estava chateado com 0s editores da Kenyon Review por causa da forma como tinham tratado meu texto sobre as Cartas de Schoenberg). Tudo foi acertado, e quando vieram as provas, no havia nada a corrigit. Todavia, quando 0 artigo foi impresso em janeiro de 1966, saiu acompanhado de um prefacio que sugeria o estado mental que © leitor devia ter se quisesse desfrutd-lo. Seguiam-se notes explicativas. Todo esse material foi omitido aqui, Em lugar de diferentes tipos, usei parénteses ¢ itélicos para distinguir uma proposigao de outra. Pus o'texto num tinico bloco, como um parigrafo de prosa, Alem disso, usei a disciplina- mosaica de esctever descrita na nota que precede Didrio: Como methorar etc. 1965. DIARIO: SEMINARIO DE MUSICA DE EMMA LAKE, 1965 15 de agosto. A funcdo do compositor é diferente do que era. Lecionar, também, ndo € mais transmissio de um corpo de informagoes tteis, mas é conversagdo, a ss, juntos, num local combinado ou no, com gente por dentro ou por fora do que esté sendo dito. A gente fala, mudando de uma idéia pra outra como se féssemos caca~ dores. Lago Christopher Linha Quatro Chamar Dois-Um. — Telefonista nao res- ponde, Todos que estio chegando ainda estao chegando, outros partindo por um dia, (Por miisica nds entendemos som; mas o que é tempo? Certamente nao algo que comeca acaba.) 16 de agosto. Hoje é 0 dia de abertura do seminério, mas, devido as circunstdncias — um concerto em Saskatoon — abriu ontem. — Ama- nha? (Cacei cogumelos por aqui. Me perdi.) (Perdi a almogo.)__Correspon- déncia. Ouvindo miisica, © que fago? _Aquelas convengdes musicais me leva areconhecer relagdes. Blas ndo exercitam minha faculdade de atingir a impossibili- 2) | dade de uma memoria auditiva que fosse suficiente pra transferir de um evento seme- thante pra outro a impressdo na meméria (parafraseando Duchamp). Eu consegui, no caso de Mozart, ouvir entusiasticamente os sons ligados do clarinete. Eles me lem- bravam do feedback [realimentagdo (N.T)}. 17 de agosto. Plano: encontrarmo- ‘nos como um grupo todos os dias as quatro da tarde para discussdo de minhas preocu- pages atuais: miisica sem mensuragdes, som passando através das circunstancias. A sala em que nos reunimos é um laboratério de biologia. H4 um piano ¢ uma estufa para secar fungos. Deixamos nossa misica sobre mesas (cada um no grupo tem acesso 4208 outros, enquanto musicos) Cada pessoa tem liberdade de me trazer seu traba- tho, discuti-lo comigo particularmente. Tudo 0 mais que acontece, acontece livre- ‘mente: indo pegar um jarro dégua na bomba, eu passo pelo laboratorio; dois deles estdo Id falando de Vivaldi. 18 de agosto. _ primeiro estudante foi facil de ensi- nar: i, ndo considere sua composicao terminada antes de ouvir sua execucao. — (Ho- jettivemos 0 segundo encontro de grupo. _No primeiro, eu tinha descrito as Variagées ¥, para a qual ainda nao fiz uma “partitura”, Isso me envolveu numa breve historia da tmisica eletrdnica e finalmente em uma descrigdo das antenas, dispositivos fotoelétri- cos, etc, que capacitaram os movimentos da danca a ativar fontes sonoras.) Mais dois estudantes me visitaram: um com um poema ¢ sentido dramético. © outro. & jovem. —Serd que ele também é dotado? 19 de agosto. (O gedlogo se vai amanha. Nossos papos o envolveram na musica com computador; hé um computador em seu escritério em Calgary. Ele jé tinha escrito musica sinfénica, que nenhuma onquestra tocou. Agora ele vé miisica como programacao.) _Parece uma cagada ma- Juca: examinar 0 fato da composi¢do musical a luz das Variagdes V, vendo composigao como atividade de um sistema sonoro, seja construfdo de componentes eletrSnicos seja de “componentes” que a cabega pode comparar (escalas, controles intervalicos, etc) Mais cinco pessoas no semindrio de hoje. 20 de agosto. Hoje € on- tem. O que aconteceu? —_Caga de fungos; almogo; tomei notas sobre a espécie Leceinum; discuti seu trabalho com dois compositores; continuei a indagacdo sobre 0s componentes — discutindo Young, Brown, Kagel; jantar — a comida est4 ficando um assunto sério: ndo hé verduras; palestras de Alloway sobre pop € op; giro de barco depois da meia-noite: “Uau!” Comecei a mostra de cogumelos na sala de jantar, dando os nomes latinos e fazendo observagées sobre comestibilidade. Ha aqui um jovem 22 poeta convincente (sua postura fisica, sua energia de espirito, seu rosto). Ele quer que sua poesia seja titi, que melhore a sociedade. —_Sé tornard as coisas piores (Kwang- ‘Tsé)? 21 de agosto, [Ele manja de cnon e permutacdes. Sera que ele precisa entender de variacdes (papo de Alloway sobre arte op ¢ sistemética)?] Eo lugar, © povo, a terra e o ar com mosquitos € tudo, mais do que musica ¢ pintura: zodlogos, poetas, ceramistas, eles também estdo nessa. Buckminster Fuller: a praticabilidade de viver aqui ou Id, ‘Um professor devia fazer algo mais do que preencher lacu- nas. (Dei minha palestra Para onde estamos indo? e 0 que estamos fazendo? — quatro textos superpostos. —Parece-me que a vida j4 quase a desertou.) —Pergun- fas. Sem tundra, mas um sentido nérdico de elevado bem-estar. 1 Outra despedi- da. 22. de agosto. Lindner convidou varios de nds para ver suas pinturas: obser- vacdo da natureza — troncos com musgos ¢ Hiquens naturais; habil descrigio do que ele vé. Sua devocao é pelos seus primeiros planos; os fundos séo melhores quando ele no os faz: simplesmente deixa a superficie sem pintar. _Vienense, ele se instalou em Saskatchewan, Autodidata, passou a vida ensinando os outros nas escolas supe- riores por aqui. Colhemos framboesas selvagens. Alloway: informado, inteligen- te, simpatico; Godwin sempre em frente: conversagdo sobre pinturas deGodwin, — (Did- tio.) Rick Miller ¢ eu colhemos muitos boletos. Plano: cozinhé-los, digamos, para vinte pessoas. Mas que vinte? —_ As pessoas se tornaram uma famili Afor- tunadamente, havia cogumelos suficientes pata todos (todos que ousassem comé- los), 23 de agosto. +O cara com o poema esta indo muito bem, dada a estrutura, escrevendo partes, partitura depois. Enviei pelo correio cogumelos secos com notas e marcas de sementes ao Smith. Varios sairam, depois do almogo, para o pantano: de dner. _Achei um grande sortimento de Hydnum repandum, — Quando os ou- tros se foram para um lago vizinho, eu me recusei. Combinamos encontrar-nos na estrada as 4 horas. As 3.¢ 30 comecei a volta. As 4 me apressei, As 6 ¢ 30, perdido. Gritando, assustei um alee. 8 horas, escuridfo, sapatos encharcados; insta- lado para a noite numa toca de esquilos. (Familia de pdssaros; vento nas arvores, Arvore contra drvore; pica-pau.) Fogo. L. aurantiacum fritos. _Cigarros ra- cionados (um cada trés horas: eles durariam até o meio-dia). _Pensei na diregdo (sem estrelas). Onde € 0 norte? raio de 6 pés. 24 de agosto. Céu nublado. 6 horas em busca de lugares secos, irritado (7 horas): volta em cfrculo completo (observei 23 se tinha apagado o fogo). _Objetivo: andar numa s6 direso. Cogumelos. —_Per- dios cigarros eo papel encerado. _Reconheci a picada interligando os dois lagos.Vi- sitando o maior, passei por uma Amanita virosa. horas: ouviuma buzina, —Gri- tei, Recebi resposta, Don Reichert ¢ Rick Shaller me acharam. — Amizade vs. natureza: uarte de St. Ives, sanduiches de presunto ¢ canoa. _ (Distingui entre os sons ¢ as relag6es entre eles: nenhum som.) Cozinhei hydnums. Deiaula —Bus- ca organizada por Jack Sures, ceramista. Homens do DNR. —_Cingiienta pessoas, amajoria artistas. Helicéptero. Cao. Jeep. A noite, holofotes, gritos, bu- zinas, _Aquela noite também: cuca fundida, cabana destru(da pelo fogo, a Sra. Kal- dor hospitalizada. 2S de agosto. Discussfo: fuga. (A pergunta permanece sem. resposta.) _ Ouvindo varias gravagdes de sua musica, fiquel chocado pela diferenca entre as segdes, sem transigdes. Sugeri levar isso ao extremo (Satie, McLuhan, jor- nal): sem me importar com cadéncias. {| Nao fiz esforgo (“trabalho ndo-executado nao esta acabado”) para 0 concerto do seminario. _Portanto, ele aconteceu ¢ cheio de habilidade: solos de piano por Ted Bourré, execucdo do poema de Duncan (duas vozes-canto, fala, dois pianos e pereusséo) por Martin Bartlett. Tocaram também miisicas de Jack Behrens, Boyd McDonald e minhas. (Tendo perdido a leitura de poesia, ouvi uma gravagdo. Gerry Gilbert falou de poesia falada em vez de palavras numa pagina, Como uma danca: humana por natureza.) 26 de agosto. Art McKay, © que aprendemos ndo ¢ o que nos ensinam nem o que estudamos. A. gente n&o percebe que est aprendendo. Algo sobre a sociedade? Que se 0 que acontece aqui (no Lago Emma) acontecesse I (em Nova York), coisas como passeatas € greves, guerras orientais inexplicadas, ndo aconteceriam. Algo sobre arte? Que cla & experiéncia compartithada? Que precisamos ter tido a experiéncia antes de ter aarte? (Rock'n Roll. Duas palavras prestando servicos ao norte com amplifica- dores, alto-falantes, as damas vestidas de prateado.) Auto-educacdo. [Seminario (ditimo dia): respondi questdes sobre notacdo grifica.] A sala de jantar transformou-se em saldo de baile. 27 de agosto. Os indios Cree, antigamente, achavam fungos debaixo da terra, em blocos chamados Pao Indiano. Os indios do Iago Montreal com que falei, alguns j4 idosos, nunca ouviram falar disso. Os auténticos desenhos indios jé no sao geométricos: sdo florais. Se eles pedirem pra vocé escrever alguma ‘iisica e the disserem que musica vocé deve escrever, a duragéo, etc. (uma encomenda), 24 faca 0 que eles pedem, eu the disse, ¢ tudo 0 mais, ainda, que vocé puder. (Partidas a toda hora; gente chegando, indo e voltando; diferenga de diregdes; a Sra. Kaldor, que assou as tortas de vacinio ¢ de framboesa, ainda no hospital. Fui comprar 28 de agosto. _Ele tinha escrito uma composicao num estilo ¢ estava terminando uma encomenda em outro. © que eu pensava disso? OK. (O pro- jeto de cem anos em Regina: montanha artificial (destiza), lago artificial (mato crescen- do), universidade, A terra & plana. Que maravilha se ela pudesse ficar assim, as pessoas vivendo subterraneamente, prontas para a surpresa didria de vir a superfi- mocassins.) ie!) correr? © fim-de-semana? ‘{Dera-se um roubo. parar? de moedas. Saskatchewan, eck diz que seas coisas vio bem em jardins, pode- se esperar que, em bosques, campos ¢ locais desolados, se encontrem plantas selvagens indo igualmente bem. Num inverno, David Tudor eeuestévamos viajando ‘pelo Médio Oeste. De Cincinnati fomos de carro para Yel- low Springs a fim de nos reunirmos a um encontro com ‘Merce Cunningham esua Companhia de Danga. Foi as- sm que encontramos os MeGarys. Keith estava ensinan- Uo filosofia no Colégio de Antioquia e Donna ensinava {ecelagem e balé. Minha conversa com Keith McGary smal comecara quando descobrimos nosso ratuo inte- teste por cogumelos. Fu disse que nunca vira a hibernal Collybia veluripes: Ele abriu a porta da frente, usando ‘uma lanterna, mostrou-me a planta que crescia na neve, fo toco de uma érvore ao lado. Falou-me das dificulda- doa de encontrar livros sobre fungos. Dei-lhe meu exem- plar de Hard, que tinke levado comigo. Este livro trata peclalmente dos cogumetos de Ohio. No dia seguinte Socallzal dois exemplares do livo num sebo em Colum- thus. Comprei ambos. Nos invernos seguintes passei a ‘encontrar a Collybia, a de pés veludosos, em quantida- We, Como 6 que eu ndo a tinha notado nos invernos an- {etlorer ao meu encontro com Keith MeGary? Por que partimos antes do tempo? 25 Circunstancias? As distancias a per- Haviamos estado juntos ¢ assim poderfamos nos se- Nenhum dos quadros foi roubado, sé a colecdo Lois Long, Fsther Dam, Ralph Ferrara e cu estva- mos no cemitério de Haverstraw, recolhendo Tricholo- ma personatum. Uma senhora idosa, de chapéu, que es- preitava enquanto um homem, com quem estava, cui- dava de uma sepultura, notou nossa presen¢a. Ela nos chamou, perguntando o que estavamos fazendo ali, Dis- semos que estdvamos procurando cogumelos. Sua vor subiu um pouco quando perguntou se o Volkswagen de Lois Long, estacionado ali perto, pertencia a um de nds. © que ela perguntou em seguida, a voz ja mais aguda, foisetinhamos algum ente querido enterrado I. Ao sa- 'ber que néo, falou firme e forte: “Bem, ev no gosto iss0;¢ acho que ninguém mais gostara, Se os cogume- Jos crescem aqui, deixem-nos!” Enquanto isso, o homem que a acompanhava nao prestava atencio, Prosseguitt fazendo seu trabalho. E és, caminhando respeitosamen- te para carrinho, passamos por quantidades de nossos. cogumelos favoritos, sem a menor tentativa de apanhé- Jos. Quando partimos, a mulher estava gritando: “Caiam. fora’, berrava ea, “Caiam fora e nunca mais voltem!" Na Iha Yap, fungos fosforescentes sio usados co- ‘mo ornamentos de cabelo em dangas ao Ivar, O compositor André Boucourechliev conduziu uma enquete sobre as atitudes frente & Muisica Serial Hoje. Eu contribu com 0 artigo que se segue. Ele foi publicado em Preuves (Paris), marco de 1966. SERIAMENTE V{RGULA! Admitindo que, seja o que for, uma coisa segue a ou- tra (Wolf; “torna-se uma melodia”), que no ha es- ago ent atividades (Varlagées I7), concorda-se que nao se trata aqui do fato-linear bidimensional (ou mul- tiplicidade de tais fatos inter-relacionados) mas Mckuchan insiste na I pdgina do jor- campo-fato intermindvel, sem-inicio. O espago, mi- nal como o protétipo da existéncia Jagre, surge entéo onde nao havia nenhum. atual. Lendo, jd néo lemos sistemati- camente (concluindo cada coluna ou mesmo virando a pdgina para concluir um artigo}: nds pulamos. McLuhan (Gutenberg Galaxy, Understanding Media) de novo: Que a impren- sa (alfabeto; b se seguindo a a inflexivelmente) fez a Renascenca é evidente. A eletrOnica, igualmente, esté nos fazendo. ELA OASTA. SEU TEMPO CONTANDO 0S. CARROS QUE PASSAM: 26 A MUSICA NAOESTA ESPERANDO, MASCANTA A DISSOLUCAO FINAL Uma coisa ele disse: “Jd ha bastante do desco- DA POLITICA-ECONOMIA DE MO- nhecido:’ Estava ele pensando em algo como um DO QUE, EM TROCA, DIGAMOS, DE tempero ou vitamina, adiciondvel em qualquer UM DIA DE TRABALHO POR ANO, medida a algo diverso, algo conhecido? Saben- CADA UM RECEBA SEU CARTAO- DE-CREDITO-PASSAPORTE (ACES- ‘SO AO QUE A RAGA-HUMANA-DA- ALDEIA-GLORAL TEM A OFEEE- CER). do, como sabemos, que a gravidade nao age, 0 que consideraremos que sabemos? ‘P Invada areas onde nada € definido (reas — micro e macro — adjacentes & que conhecemos agora). Nao vai soar como miisica — serial ou eletrd- nica. Vai soar como 0 que ouvimos quando ndo estamos ouvindo muisi- ca, s6 ouvindo qualquer coisa em qualquer lugar que estejamos. Mas para conseguir isso, nossos meios tecnolégicos tém de estar em constante mudanga. ELESISSERAM ALGOENVOLVENDOSIM- Eu the perguntei 0 que é uma partitura musical agora. Ele disse que era uma boa pergunta, Eu disse: E uma relagio prefixada de partes? Ele disse: Claro que nao; isso seria insultuoso, TENDIAM, MAS ENTAO ELES DISSERAM [ALOOMAIS — QUES DIASDAESCOLAF [BOLDS— RELACIONAMENTOS LINEARES — QUE ME FEZPENGAR QUE ELESNAOEN. ‘CAR ABERTA SERIAM IMPREVISIVELMEN. ‘TE ARRANJADOS. 0 RESULTADO FOL QUE. PASSAMOSUM DIA AGRADAVEL JUNTOS, 27 Y Acusacdo: voc’ abre portas; o que que- remos saber é quais vocé fecha. (As por- tas que eu abro fecham-se automatica- mente depois que eu passe.) A coisa mais ofensiva na série éa nogdo de que ela é0 principio do qual todos os aconte- cimentos fluem (seria perfeitamente aceitével que uma série entrasse numa situagdo de campo). Mas a prediedo da série iguala a harmonia, iguala a mente humana (imutdvel, usada como obstdculo, no como um componente fluido, aberto dos dois lados)! Ligar coisa com coisa permanece um privilégio de cada individuo (p.e: Eu: sedento: be- bo um copo déguay; mas esse privilégio ndo deve ser exercido publicamente, exceto em emergéncias (no existem emergéncias estéticas). PERMISSAO CONCEDIDA. MAS NAO PARA FAZER TUDO QUE VOCE QUISER. 28 Espécies (de peixes), separadas e rotuladas, nao é 0 mesmo que um aquério, agora: uma grande casa d’égua de vidro com peixes ndo-identificados nadando livremente, Obser- vagio — Descoberta. Presentemente, parece ser uma série de componentes — um sistema sonoro — mas é uma série de componentes, nao uma série de com- ponentes. Logo serd feito sem-fi (0; entdo nao parecerd mais diferen- te do que ja, essencialmente, é: ndo uma série de componentes. Jé néo se trata de as pessoas serem conduzidas por alguém que assume a responsabilidade. E como diz McLuhan: uma situacdo tribal. Precisamos de ajuda miitua para fazer (colheita, arte) © que tem de ser feito. ‘Mexendo com linguagem (enquanto espero por algo além da sintaxe) co- ‘mo se fosse uma fonte sonora que pu- desse ser transformada em tatibitate. 29 ‘TEMDESERFEITODEUMA FORMA ‘QUE NAO POSSA SER ENSINADA (ELE SIMPLESMENTE ME PASSOU LUMA ESPECIME E FOI BEM GENE- ROSO EM DIZER: FACIL DE IDEN. TTIFICAR, NAO DISSE MAIS NADA. [ENTAONOTEIAS FOLMASOPOSTAS [ARRANJADAS ALTERNADAMENTE NO CAULE EM ANGULOS RETOS), RESTA VER SE VOU ME LEMBRAR, SE TEREI TEMPO DE PESQUISAR, Fiz duas turnés de concertos no Jap&o, uma, em 1962, com David Tudor, outra, em 1964, com a Companhia de Danca Merce Cunningham. Ambas foram patrocinadas pelo Centro de ‘Artes Sogetsu, uma organizasao viva que faz parte da escola de arranjos florais, em Téquio, «stabelecida por Sofu Teshigahara, Compreende um estidio de musica eletr6nica, um teatro para cinema, concertos e espetéculos, galerias para exibigdo de quadros ¢ esculturas, e varios bares onde ¢ servido ché, e mesmo comida, a qualquer momento, O Centro de Arte Sogetsu tem muitas publicagSes. Para nossas turnés foram impressos programas elaborados, contendo textos. © material impresso & muito solicitado no apo. Os jornas, as revistase o Adio freqlentemente precisam dele. Em dezembro de 1963, a Radio japonesa me pediu para cumprimentar os amantes de misica do Japo por ocasido do Ano-Novo (com um limite de um minuto). Depois de algumas observacées prliminares, eu escrev: “A misiea agora é misica quando néo ¢ interrompida por sons ambientais, assim como a pintura € pintura se nao é corrompida pela agdo das sombras Qual ox do problema, no que concerne a0 ouvinte? E o seguint: ele tem ouvidos; deixe-o usé-los". HAPPY NEW EARS!‘ (Os ouvidos so 56 uma parte do seu corpo: eu desejo a ele todo € a todos vocés, os que gostam. 05 que no gostam de miisica, Feliz Ano-Novo! Este Ano € Todos os Anos!) Os textos que se seguem foram minhas respostas a dois outros pedidos, um escrito antes de uma visita, outro escrito no avio, na viagem de volta para Sao Francisco. Foram traduzidos para o japonés ¢ publicados em algum lugar dentro ou fora do Centro de Arte Sogetsu Max Ernst, por volta de 1950, falando no Clube das Artes, na Rua 8, Nova York, disse que alteragdes significativas nas artes ocorriam, antes, a cada trezentos anos, en- ‘quanto que agora ocorrem a cada vinte minutos. ‘Tais mudangas acontecem primeiramente nas artes que, como plantas, estdo fixas em pontos particulares no espaco: arquitetura, pintura e escultura. Elas acontecem de- pois nas artes de espetdculo, musica ¢ teatro, que requesem, como os animais, passagem de tempo para sua realizacio. Em literatura, como se dé com os mixomicetos e 0s organismos similares, que so classificados ora como plantas ora como animais, as mudangas ocorrem tanto cedo quanto tarde/Esta arte, se compreendida como material impresso, tem a caracteristica de objetos no espaco; mas, entendida como espetaculo, assume o aspecto de processos no tempo/ 30 Eu aceitei por muitos anos, ¢ ainda aceito, a doutrina sobre Arte ocidental e orien- tal desenvolvida por Ananda K. Coomaraswamy no livro A Transformacdo da Natureza na Arte, segundo a qual funcao da arte é imitar a natureza no seu modo de operagao. Nosso entendimento de ‘seu modo de operag4o” muda de acordo com os avangos nas ciéncias. Esses avancos, no nosso século, introduziram 0 termo “espaco-tempo” no nosso Vocabulario. Em vista disso, as distincdes feitas acima entre artes do espaco € do tempo sao presentemente uma hipersimplificagao. Observem que a apreciagdo de uma pintura moderna conduz a atencdo da gente nao para um centro de interesse, mas para toda a tela ¢ sem seguit nenhum caminho particular. Qualquer ponto da tela pode ser tomado como inicio, continuacdo ou fim da observacdo da gente. Esse é 0 caso, também, de obras simétricas, j4 que ai a atengio do observador se faz mével pela rapidez com que ele supera o problema de entender a estrutura. Pode-se determinar se uma pintura ou escultura tem ou ndo um centro de interesse observando se ela é destruida pelos efeitos das sombras. (Intromissdes do ambiente so efeitos de tempo. Mas clas so bem-vindas no caso de uma pintura que nao se preocupa em focalizar a tengo do observador.) Observem também os trabalhos de pintura, escultura ¢ arquitetura que, empregando materiais transparentes, se tornam insepardveis de seu ambiente instdvel. © atraso da musica em relagio as artes mencionadas é a sorte dela. Ela & capaz de tirar dedugdes das experiéncias das outras (artes) e combind-las com experiéncias ssariamente diferentes que surgem de sua natureza especial. Primeiro de tudo, en- to, um compositor, neste momento, libera sua miisica de um tinico climax dominante. Procurando uma interpenetracao e uma ndo-obstrucdo de sons, ele renuncia & harmo- nia € seus efeitos de fundir os sons num relacionamento fixo. Desprezando a nogdo de Aauptstimme [voz principal (NT)}, seus “contrapontos” sdo sobreposigdes, eventos que se relacionam uns com os outros s6 porqué ocorrem ao mesmo tempo, Se ele man- tém em seu trabalho aspectos de estrutura, eles so simétricos em cardter, candnicos, ou apresentando igual importancia de partes, seja as que esto presentes ao mesmo tempo, seja as que se sucedem, Sua mtisica ndo ¢ interrompida pelos sons do ambiente, ‘© que ele confirma incluindo siléncios em seu trabalho ou dando & sua continuidade a propria natureza do siléncio (auséncia de inten¢ao). Além disso, os mtisicos, j& que eles s40 varios em lugar de um s6, como um pintor ou um escultor, sao atualmente capazes de serem independentes um do outro. Um com- Positor escreve, neste momento, indeterminadamente. Os executantes jé no sao seus ‘escravos, mas homens livres. Um compositor escreve partes mas, para ndo fixar suas relagdes, nao escreve partitura. As fontes sonoras so uma multiplicidade de pontos pe 31 no espaco em relacdo a audiéncia, de forma que cada ouvinte tem sua propria experién- cia. Os “mdbiles” da escultura moderna so algo parecido, mas as partes que eles tém no so to livres como as de uma composigao musical, jé que possuem meios de suspensio comuns e seguem a lei da gravidade. Em arquitetura, onde o trabalho tam- bém é dividido, como na musica, ainda ndo se pode observar a mesma liberdade que nesta, A pino sobre a terra, um edificio bem construido nao cai. Talvez, nao obstante, quando 0s sonhos de Buckminster Fuller se tornarem realidades (casas, por exemplo, que sejam lancadas do ar, em lugar de bombas), a arquitetura inicie uma série totalmen- te nova de mudancas nas artes, através de meios flexiveis ainda desconhecidos. As mudangas na musica precedem mudangas equivalentes no teatro, ¢ as do teatro precedem mudancas gerais nas vidas das pessoas. © teatro é consumido, eventualmente, porque se assemelha 4 vida mais de perto que qualquer arte, requerendo, para sua apreciago, 0 uso simultaneo de olhos e ouvidos, espago e tempo. “Um ouvido sozinho nao € um sex” Por isso, encontramos sempre mais obras de arte, visuais oi audiveis, que jé ndo sao estritamente masica nem pintura. Em Nova York sao chamadas “happen- ings”. Assim como as sombras jé ndo destroem a pintura, nem os sons ambientais a misica, as atividades ambientais ndo destroem um happening. Ao contrario, podem causar mais prazer. O resultado, para citar um exemplo da vida didria, € que nossas vidas no sao perturbadas pelas interrupedes promovidas continuamente pelas pessoas © coisas. ‘Tentei aqui apresentar brevemente uma visio das artes que ndo as separa do resto da vida, mas em vez disso confunde a diferenca entre Arte e Vida, assim como minimiza as distingdes entre espaco ¢ tempo, Muitas das idéias envolvidas vém do Oriente, parti- cularmente da China e do Japdo. Entretanto, com a imprensa escrita, 0 avido, a telegra- fia, ¢ hoje em dia com o Telstar, as distingdes entre Ocidente € Oriente esto desapare- cendo rapidamente. Viverios num tinico mundo. Da mesma forma, as distingdes entre © eu € 0 outro estdo sendo esquecidas. Em toda parte do mundo as pessoas cooperam para executar uma ago. Ouvindo falar de anonimato, a gente pode imaginar a auséncia de competigao. Alguém pode dizer quantos artistas nascerdo nos préximos vinte minutos? Esta- mos atentos as grandes mudancas que esto ocorrendo a cada instante em grande ni mero de pessoas neste planeta, Sabemos também das mudangas igualmente grandes na praticidade — isto & 0 que através da tecnologia, as pessoas esto capacitadas a fazer. Grande mimero de homens vai decidir sobre as futuras obras de arte. B elas tomarao mais direedes do que as que a histéria registra. Nés ndo temos mais de nos, embalar na expectativa do advento de algum tinico artista que venha satisfazer nossas 32 necessidades estéticas. Haverd em vez disso uma incrementagao no volume € nas espé- cies de arte, que serdo 40 mesmo tempo capazes de provocar perplexidade e alegria. Em abril passado, no Havai, perguntei a Tohru Takemitsu 0 que é que Maki (sua filha de tr8s anos) pensava sobre os Estados Unidos. Ele disse: ela pensa que é uma outra parte do Japa. Visitando Hamada em Machiko, eu esperava, fugindo da rotina, encontrar coisas especificamente japonesas, Hamada mostrou vasos, objetos ¢ méveis de toda parte do mundo — Espanha, México, China, Arizona. A misica se encontra, no Japio, na mesma situagio que nos Estados Unidos e na Europa. Vivemos numa aldcia global (Buckminster Fuller, H. Marshall McLuhan). Maki é que esté certa. {Uma das coisas que sabemos hoje em dia, é que algo que acontece (tudo), pode ser experienciado, por meio da técnica (eletrdnica), como outra (qualquer outra) coisa (acon- tecimento). Por exemplo, gente entrando e saindo de elevadores e os elevadores andando cde um andar para outro: essa “informacao” pode ativar circuitos que levam aos nossos ouvidos uma concatenago de sons (misica)Talvez vocé néo concordasse que 0 que vvocé ouvit era misica. Mas, nesse caso, outra transformagao teria ocorrido: © que voc8 ouviu levou sua mente a repetir definigdes de arte e miisica que se encontram ‘em diciondrios obsoletos. (Mesmo que nao tenha pensado que aquilo era musica, vocé teria de admitir que o recebeu através dos ouvidos, nao através dos olhos, nem o sentiu ‘com as maos, nem andou por dentro da coisa, Talvez tenha andado: a arquiteturalidade da miisica € hoje uma possibilidade técnica e um fato poético.\/ Se essa miisica elevador-gerada tivesse sido ouvida, que miisica moderna japonesa teria ela sido? Quem entre os seguintes (Yori-aki Matsudaira? Yuji Takahashi? Joji Yu asa? Tohru Takemitsu? Takehisa Kosugi? Toshi Ichiyanagi?) teria feito dessa possibilida- de uma realidade (uma misica que logo ouviremos, estejamos em Téquio, Nova York, Berlim ou Bombaim)? Toshi Ichiyanagi. Durante minha recente visita ao Japao, ouvi fitas gravadas com imtisicas de todos os compositores que mencionei, exceto Kosugi. O trabalho de Kosugi eu vi no Centro de Arte Sogetsu, (Sua misica esta vestindo roupas de teatro e usando-as, de uma forma que redignifica ambas as artes.) E em abril, no Centro Leste-Oeste no Havai, eu estive com ‘Takemitsu, Todos esses compositores me interessam, ¢ mais do que 0s europeus, porque eles me déo mais liberdade & audigao. Eles no usam sons que me levam a ouvir 0 que ndo quero. Todavia, todos eles se vinculam (suas idéias, 33 seus sentimentos, 0 acidente de que so japoneses) aos sons que fazem. Menos Ichiya~ nagi. Ichiyanagi encontrou varios meios eficientes de libertar sua miisica das barreiras de sua imaginagdo. Numa pega chamada Distancia, ele pede aos executantes que subam numa rede acima do auditério, tocando de I4 instrumentos que estdo I embaixo, no chao. Essa separaco fisica conduz a uma técnica de execugo desusada, que associa 6 sons, da maneira natural como eles aparecem nos campos, nas ruas, nas casas ¢ nos edificios. Num quarteto de cordas chamado Nagaoka, Ichiyanagi pede aos miisicos ue passem o arco onde normalmente deditham, e dedilhem onde se passa 0 arco, Isso € milagroso, produzindo uma miisica que no faz o ar em que ela esta nem um pouco mais pesado do que ja era. E com a ajuda de Junosuke Okuyama (um cara que, se 0 Senhor conhecesse bem 0 seu servico, deveria ter multiplicado € colocado em todos os esttidios de miisica eletrénica do mundo), Ichiyanagi fez varios trabalhos iiteis: Musica Vital, Mixagem sobre Tinguely, Pratyahara. Estas pecas (s6 ouvi as duas primeiras recentemente) sdo to chocantes e intermindveis quanto os servicos ¢ medita- ‘98es budistas. Mas, como tantas outras coisas e experiéncias desagradaveis, so boas para nés. Por qué? Porque, se ndo nos pouparmos, mas realmente nos acomodarmos a idéia de suportarmos a sua experiéncia, vamos descobrir mudancas em nossos ouvi- dos e nossas vidas, ndo de forma a nos obrigar a recorrer a Ichiyanagi (ou, por isso, a0 Japao) para obter “o som nosso de cada ia”, mas de maneira a nos qualificar, a cada momento (no importa onde vivamos), para fazer nossa propria miisica. (NEO estou falando de nada especial, s6 de ouvido aberto, mente aberta ¢ saber apreciar 08 ruidos didrios.) Neste mutavel mundo musical, o Japao nao esta menos centralmente colocado do que qualquer outro pais. Tendo os compositores ¢ a assisténcia técnica que tém, esté populado mais afortunadamente do que a maioria. Misicae cogumelos /music and mishrooms (NT}} dduas palavras seguidas, em muitos diciondrios. Onde cele escreveu a Opera dos Trés Vinténs? Agora ele esta sepultado sob a relva, ao pé de High Tor. A medida que a estagdo muda do verdo para o ourono, desde que chova bastante, ou mesmo s6 com a misteriosa umida- de que ha na terra, crescem cogumelos Ia, continuando, estou certo disso, 0 trabalho, que ele teve, de operar com sons. O fato de nao termes ouvidos para ouvir a misica ue 0s esporos langados pelos basidios fazem, nos obri- ga a estarmos ocupados microfonicamente. 34 ‘Enquanto cagava cogumelos com Alexander Smith znos bosques perto de Ann Arbor, mencionei 0 fato de ter encontrado grandes quantidades de Lactarius deliciosus nos bosques ao norte de Vermont. Ele dis- "As hastes eram viscosas?” Eu disse: “Sim, eram”. Ele disse: “Néo € deliciosus; & thyinos”: Ble prosse- guiu dizendo que as pessoas passam a vida inteira pensando que as coisas s4o isso quando realmente so aquilo, e que esses erros sio cometidos preci mente com as coisas com que as pessoas esto mais familiarizadas. ‘Uma vez, quando eu estava em Ann Arbor com Alexander Smith, eu disse que uma das coisas de que ‘eu gostava na boténica era que ela estava livre dos cit mes € personalismos que infestam as artes, e que, por essa razdo se no pot outra, eu daria minba vida para viver outra vez e ser um botnico em lugar de misico. Ele disse: “Isso mostra como vocé sabe pouco de bota- nica”, Mais tarde, na conversa, aconteceu de eu mencio- nar o nome de um micologista ligado a uma outra uni- versidade do Oeste médio. Incisivamente, Smith disse: “Nao mencione o nome desse homem em minha casa’. Havia uma conferéncia internacional de fil6sofos no Havai, cujo tema era a Realidade. Durante trés dias Daisetz Teitaro Suzuki ndo disse nada. Finalmente, 0 presidente voltou-se para ele € perguntou: “Dr. Suzuki, © senhor podéria dizer se esta mesa, em torno da qual estamos sentados, é real?” Suzuki levantou a cabega ¢ disse Sim. O presidente perguntou em que sentido Su. zuki pensava que a mesa era real. Suzuki disse: “Em todos os sentidos”. A primeira vez que anunciaram aulas sobre cogu> ‘melos na Escola Nova, muitas pessoas se inscreveram, Ossecretario ficou alarmado, telefonou-me e perguntou: “Que limite vamos estipular?” Bu disse que se mais de ‘quarenta pessoas estivessem envolvidas, seria dificil. Mais ‘ou menos esse mimero se registrou para o curso, mas quando se deram realmente as saidas para 0 campo, nunca havia mais de vinte pessoas nos bosques. As ve- 2es a freqiiéncia baixava para s6 uma dizia. Eu ndo podia imaginar 0 que estava acontecendo. Esqueci quem foi, mas um dia, nos bosques, uma aluna confessou que quando ela se inscreveu no curso, ndo era sua intengo ficar girando pelos bosques perto de Nova York, com Fungos ou sem fungos. Ela estava interessada em ir 4 Europa. Alguma companhia de aviagdo tinka anuncia- do turnés baratas, exclusivamente para pessoas adultas insoritas na Escola Nova. As pessoas tinham estudado © catdlogo como se fosse um cardépio, procurando os ‘cursos mais baratos, independentemente do que estava sendo ensinado, A senhora que me contou tinha muda- 35 do de idéia, ou seu vbo particular tinha sido adiado, nfo me lembro bem. De uma forma ou de outra, ela perdeu o interesse pela Europa. Um outro, encontran- do cogumelos nos mercados da Bavéria e de Milo, en- viou cartdes postais. Quando Colin McPhee descobriu que me interes: sava por cogumelos, disse: “Se voc® encontrar algum ‘morel {tipo de cogumelo (NT)] na préxima primavera, chame-me mesmo se for um 6. Vou largar tudo, sair € cozinhar” Veio a primavera. Encontrei dois moréi Chamiei Colin McPhee. Ele disse: “Vocé nao pretende que eu faca todo esse caminho por causa de dois peque- ‘nos cogumelos, pretende?” © Sr, Romanoff tem sessenta anos. O Sr. Nearing tem setenta anos. A mie do Sr. Romanoff tem oitenta cinco, Numa das saidas para o campo de cogumelos, veio um fotdgrafo enviado pelo The New York Times. Pegamos a trilha de Stony Brook. Mal chegamos, 0 fo- ‘t6grafo se ocupou em tirar fotografias. Logo perdemos 0 Sr. Romanoff de vista. O Sr. Nearing puxou Lois Long de lado e disse: “O Sr. Romanoff teve um acidente com as calcas. O senhor poderia descobrir se uma das se- horas tem um alfinete de gancho?” Lois Long obede- eu. Achou-se um alfinete de gancho mintisculo, ¢ Lois Long deu-o a0 Sr. Romanoff. Este voltou parao grupo. Sendo pequeno demais, 0 alfinete mostrou-se ineficaz. Sr. Romanoff, apesar disso, permaneceu com o gru o ¢, quando o passeio continuou, o rasgo em suas cal- 2s progredia, até que foi completo, de braguitha até a bainba. Paramos para almogar numa nascente. O Sr. Romanoff olhou para as calgas e disse: “Minha mae vai ter gue me ouvir, por causa disto” © Sr. Romanoff diz que as excursdes dominicais a0 campo sio melhores do que ir a igteja. Todavia, um domingo ele disse: “Domingo que vem eu ndo posso vir porque é Rosh Hashana, e eu combine com minha mie, que, se eu ficasse em casa no Rosh Hashana, po- deria vir no Yom Kippur”. Em abril de 1964, Michael O. Zahn, de Milwaukee, Wisconsin, escreveu-me perguntando ‘minha opinido sobre Charles E. Ives e sua misica. Eu respondi (como se vé adiante), manuscre- vendo em papel de notas estenogréficas, que eu costumo ter sempre em estoque. Eu nao guardei cOpia dessa carta, mas quando o Sr. Zahn me respondeu para me agradecer, 0 fez com tanto entusiasmio que Ihe pedi que me mandasse um xerox. Ele 0 enviou. Eniio, em setembro de 1965, Irving Glick, um produtor da Canadian Broadcasting Corpora- tion que estava preparando um programa documentério sobre Ives, pediu-me uma proposicio sobre a influéncia do compositor e sua relevancia atual, Eu a fiz no estidio da CBC em Nova York. Quando ouvi a fita, gostei do que tinha dito ¢ escrevi ao Sr. Glick pedindo uma c6 Quando ela chegou, j4 no gostei mais: minhas observagdes pareciam inoportunas, indignas de serem conservadas. Lembrei-me entao de um texto em Explorations in Communication, um livro editado por E. S. Carpenter ¢ H. Marshall McLuban, Esse texto omitia a pontuagéo, intro- duzindo espagos no seu lugar, dando a impressio de um texto falado, nfo escrito, Em dezembro de 1966, usei uma hora da aula de poesia de Keith Waldrop na Wesleyan University, desenvolven- do, com a ajuda dos estudantes presentes, um plano geral para apresentacio do discurso (na ual os hum ¢ mm ¢ outros ruidos que a gente faz involuntariamente quando forma os pensamen- tos enquanto fala, assim como as inflexdes e as mudancas de volume, deviam ser representados sraficamente). Nao dei atengdo no texto, grafia de alturas, énfases ou mudancas de timbre. As respiracdes silo indicadas por tridngulos; os goles de saliva aparecem como uma série de circulos descenden- tes; 0s rabiscos representam os hum ¢ outros ruidos, alguns dos quais esto ligados aos fins de palavras. ‘A maneira pela qual estas proposigées so apresentadas & 0 resultado da influéncia que sofri do trabalho de Marshall McLuhan, que to dramaticamente chamou a atencio de muitos para as influéncias dos meios de comunicagdo sobre a percepgio dos sentidos, e do trabalho de Marcel Duchamp, que hé cingiienta anos mais ou menos chamou a atengo para o valor de coisas &s quais no se atribuia habitualmente nenhum valor, € que, numa outra ocasifo, na ‘CBC, quando o entrevistador Ihe perguntou o que estava fazendo, disse: “Respirando”. DUAS PROPOSICOES SOBRE IVES 36 7 de abril de 1964 (Caro Sr. Zahn: Obrigado por sua carta. Creio que a unica proposigdo que publiquei sobre Ives € a das paginas 70-71 de Siléncio. E esta proposiglo talvez néo Ihe sirva, Agora que o senhor 4 apontou (essa omisséo nos meus escritos), pretendo escrever algo sobre Ives. Seo fizer logo, enviarei 20 senhor. ‘A gente fica inteirado, eu ereio, do passado, pelas coisas que @ gente faz. 0 que.a-gente-faz langa luz sobre-o-passado--Por isso, nos anos 30 e 40, quando eu estava preocupado com estrutu- ras ritmicas, eu ndo estava interessado em Ives. Mas mais fecentemente, por causa dos meus trabalhos indeterminados e ndo-estruturados, eu fiquei interessado em Ives, Esse interesse ndo ‘me conduz & andlise ou ao estudo de seu trabalho, Eu quero dizer simplesmente que, se alguma rmiisica sua fosse executada na minha vizinhanca, eu aproveitaria a oportunidade para ouvi-la. De imediato, eu penso que a relevancia de Ives cresce & medida que o tempo passa. (Na pag, 71 eu faco abjestes aos aspectos americanos do seu trabalho, mas tendo em vista a “pop at", cles sto pertinentes.) E agora que temos uma musica que no depende da histéria musical euro- péia, Ives parece ser 0 comego dela. ‘Oui (recentemente, em Sdo Francisco) uma gtavago de uma peca do jovem compositor Ramon Sendes, chamada Desert Ambulance, Era para fita magnética e acordedo solo. O fim era muito denso, num registro médio-som de muitas cordas e clusters de acordedo — como um cabo de som, Fez-me pensar sobee a complexidade de Ives ¢ 2 maneira com que a gente percebe algo nela, £ ela que emerge? Ou nds que entramos nela? Eu acho que € mais ela que emerge, no caso dele (Ives). E que hoje nds temos a tendéncia de fazé-lo por nossa conta (somos os ouvintes), isto 4 queremos entrar nea. /A diferenga & a seguinte: todos ouvem a mesma coisa se ela emerge, Cada um ouve 0 que s6 ele ouve se ele entra nelyf James Tenney poderia responder suas perguntas melhor do que eu. Ele tem descoberto trabalhos de Ives e conseguido sua execugio. Creio que o senhor pode Ihe escrever. Aos cuidados da Escola de Musica, Yale University, New Haven, Connecticut. Eu no admiro tanto a forma com que Wes tratava sua misica socialmente (separando-a de seu negécio de seguros): isso fazia sua vida segura demais economicamente, ¢/é vivendo em perigo economicamente que-@ gente mosira “bravura” socialmente! Mas sua “contribuigdo & misica americana” se den em todos os sentidos e foi “nao 86 espiritual, smas também coneretamente musical”. Hoje em dia, tudo que ougo de Ives me aurada. Todavia, ‘4 oportunidade de ouvir seu trabalho € rara, Eu poderia nao aprecié-lo tanto se foste menos rara Durante o més de abril a/c Depto. de Musica Sinceramente, Univ. do Havaf, Stony Point, NY. Jobn Cage Honolulu, A) Ha sar ots fle, par ¢ le a al ust I adhmcthanthat —infle Tosi go A BC Thal is tosyy fom Ties 6 ime sgn ten Teg 6 BE paahle Bile yougor ci aT thal pthen Live ig a act gf, fil Sition <4 sar thith Sp nae acts Oy hal we So cart ww To Se what ehes pp B aim Sf ht we 144. a $B vid in ary iw aegis lamin vite inh we ca ean anapiTle masicaf Tes a mine than tha the asic tf Ties wie ut Bo what we Yo lh, theese T Segom' ts RD wile msi. tke panel dae sous tale mat by « y mg conten cn Sasa ms. itanSiaiy A he wus ow cwiliny silicon pa” (yt al elated told cE GbebteaniTie Oh. a A het Oamghithe gain ype rains an the re Glia gl aad Toes Tans na So ntoustS im Raggls thay ems hy sis din Sih ie olyie es 1 Si ins inlsti im Vase ewe the. =a inalasion Of noses om Bis sie a Ts i lel Des case wp the clusions in is cic Hfasbecls fe Aneucanr Bex ont afer malin ~ in acting Chin Srvenga pipe co loon oT orm He << 1 §lenliope which gues wii the istic lh vasa Thal pense whe is aye. é Siing thre Tong ning =I Tha he is harm his ew Symphony —=a) ths T Phang, is C8 fr al inti nT furs He gad ae <5 Zt he emf ier ly a the ont 0d uy snaannd i Hall Set abc ust Re very lifted oe weliving << end That ne wll able wind Sees so RRel ferfrsmers snd 50 foi Sinplyte SIL

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