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79 CAA2 N. REGISTRO oS 2 © Ales (Gp universiaade Federal de Uberlandia DATA DA DEVOLUGAO Esta obra deve_ser devolvida na tiltima data carimbada voy SN eager eer 7 — __YV —— TE L cera | eee le ee | VICER 175 AMARTYA SEN” SISBIJUFU QU SOBRE ETICA E ECONOMIA Tradugio: LAURA TEIXEIRA MOTTA Revisio técnica: RICARDO DONINELLI MENDES 5# reimpresso & 1 DE UBERLANDI CS MVERSIDADE FEDERAL DE UBERLANDIA UV COO Copyright © 1987, 1988 by Amartya Sen Titulo origin On ethics & economics Capa: Raul Loureiro indice remissivo: Maria Claudia Carvalho de Mattos Preparagio: Isabel Jorge Cury Revi Carmen S. da Costa Ana Maria Alvares Dados Internacionais de Catalogagio na (Camara Brasileira do Liv ‘Sen, Amartya Kumar, 1933- Sobre ética e economia / Amartya Sen ‘Teixeira Mon Uwadugio Laura visio téenica Ricardo Doninelli Mendes. — Sto Paulo: Companhia des Letras, 1999, ‘Titulo original: On ethies & economics, Bibliogratia, ISHN 85-7164.921-9 |. Economia — Aspectos morais e éticos 1, Titulo, ‘logo sistemstico: 4 2005 Todos os direitos desta edigio reservados & EDITORA SCHWARCZ LTDA Rua Bandeira Paulista, 102, ej. 32 ‘40 Paulo — sp Telefone: (1 1) 3707-3500 Fax: (11) 3707-3501 wwo-companhiadasletras,com,br UNIVERSIOADE a a a Para Ken Arrow INDICE Preficio - COMPORTAMENTO ECONOMICO E SENTIMENTOS MORAIS .......+-+++++° Duas origens Realizagoes e ponto fraco sees i nalidax da Comportamento econdmico € racion rit Racionalidade como consisténcia Sadl i. Uto-interesse e Se ge ee ee bis Adam Smith e o auto-interesse ... -- 3 MORAL... - - JUIZOS ECONOMICOS E FILOSOFIA Comparagées interpessoais de utilidade: mica . i Otimalidade de Pareto e eficiéncia om jsmo”..- ++ Utilidade, ee ee Bem-estar e Condigio de agente.....--- Valoragao e valor Utilidade e bem-estar Realizacées, liberdade e direitos ae Wlo-interesse e economia do bem-estar « Direitos e liberdade .. . . VV 3. LIBERDADE E CONSEQUENCIAS Bem-estar, condigao de agente e liberdade Pluralidade ¢ avaliago..... 0.0... “Incompletude” e “supercompletude” Conflitos e impass Direitos e conseqiiénci: . Avaliagiio conseqiiencial e deontologia . Etica e economia Referéncias bibliograficas Indice remissivo PREFACIO Este pequeno livro é uma “arca do tesouro” para os €CO- homistas, fildsofos e cientistas politicos interes! ados nas rela- $0es entre a economia contemporanea e a filosofia moral. O Professor Amartya Sen, com um estilo claro, enxuto e estimu- i apresenta mais do que uma sintese concisa da literatura Televante Nos campos da ética e da economia. Ele aponta as con- inibuigdes que a economia do equilfbrio geral, sendo substan- Cialmente recente, pode trazer ao estudo da filosofia moral, as pore Cuigses que a filosofia moral e a economia do bem-estar ae dar & corrente dominante da economia, e 0 dano que © = “TOneo da suposig&o do comportamento auto-interessado fm causado a qualidade da andlise econ6mica. / ee demonstra que economia e ética se a econdmix gerando uma das principais deficiéncias a tena ica contemporanea. Como ele argumenta persuasive é ee vez que 0 comportamento real dos seres ee ieee ‘0 por Consideragées éticas e influenciar @ con 7 sas Cepgs ae aspecto central da ética, deve-se admitir ate : PgOes da economia do bem-estar tém algum impacto sobre 0 co pact ae t mPortamento Teal e, em conseqiiéncia, devem ser importan: in. nto, Sen ressal- i do a economia d Onomia logistica moderna. No enta 0 4 economia logistica tenha influencia a ee m-estar, a economia do bem-estar praticamente nao in Neiou g ; Clou a economia logistica. 9 VS Ele mostra que tanto as origens éticas como as origens lo- gisticas da economia tém seu proprio poder de persuasio. A abordagem logistica da economia, ele salienta, com freqiiéncia tem sido extremamente produtiva, permitindo compreender me- Ihor a natureza da interdependéncia social e langando luz sobre problemas praticos precisamente em raziio do amplo uso dos métodos logisticos. O desenvolvimento da formal “teoria do equi- librio geral” é um bom exemplo, e Sen ilustra sua aplicagao aos problemas criticos da fome e da miséria. Contudo, os argumentos de Sen fundamentam-se na con- cepgao de que a economia, do modo como emergiu, pode tor- nar-se mais produtiva se der uma atengao maior e mais explici- ta as consideragées éticas que moldam 0 comportamento e o juizo humano. Com esclarecedora brevidade, Sen analisa cer- tos afastamentos das suposigdes de comportamento tradicio- nais da teoria econdmica que podem proceder de consideragdes éticas distintas. Esses afastamentos podem originar- liagSes intrinsecas e de avaliagdes instrumentais do ou do grupo. Sen chamaa atengao para as varias caus: dem origind-los, causas essas que testemunham e1 papel instrumental do comportamento social contemporfineo. Esse comportamento pode conflitar com a estratégia aparente- mente dominante de cada Pessoa, Mas condigdes de racionali- dade de grupo de um tipo especifico muitas vezes influenciam © comportamento real sem implicar uma deficiéncia no conhe- cimento das pessoas. Em Conseqiiéncia, Sen discorre sobre os modos como a economia do bem-estar pode ser enriquecida se atengao a ética, de que formas a economia descritiva, a predigio e a politica econémica podem ser aprimoradas abrindo-se mais €spago para a economia do bem-estar na deter- minagao do comportamento do individuo e do grupo e de que modos 0 estudo da ética pode, por sua vez, beneficiar-se de um Contato mais estreito com a economi ia. Compreensivelmente, se de ava- individuo as que po- ‘m favor do embora Sen critique a economia 10 Como ela se apresenta hoje, ele nao acredita que a literatura éti- Ca tenha lidado adequadamente com os problemas levantados. Portanto, a questéio nao é meramente incorporar as ligGes da li- eratura ética & economia. De fato, ele sugere que algumas das Consideragdes éticas podem ser proveitosamente analisadas Mais a fundo usando varias abordagens e procedimentos hoje empregados em economia (p. 86). Ilustrando esse argumento Com a literatura moderna sobre direitos e conseqiiéncias, ele Observa que a literatura pertinente terd muito a ganhar se os di- Teltos forem considerados nao apenas primordialmente entida- es legais com uso instrumental, mas também detentores de es valor intrinseco. Além disso, ele apresenta sugestdes siste- aac Sobre como uma formulagio adequada dos direitos & ane pode basear-se significativamente no raciocinio d rs tipo regularmente empregado na economia da inter- “pendéncia geral. ca brian uma de suas argumentagdes mais originais, om - inaiae A emer a riqueza da atual literatura ética seja st Sigdo ext ee a parte que foi incorporada 4 economa, a sup ns Temamente restrita do comportamento ee ; muito Se na economia tem impedido a andlise dere! aa tifica lis ificativas, A teoria econémica dominante, pore, Hs len- aa. i do comportamento humano com caer auto-inton i escolha e, adicionalmente, com maximizagao lo corobore, Porém, como Sen observa, nio ha provas aus Se 60 a a afirmacao de que a maximizagao do es de ates melhor reflete o comportamento humano rea rd mas, Sen pariiae necessariamente a condigoes er eae . Pao, onde 5 eresse a economias de livre mercado, com: a iMteressady_ afastamento sistematico do CO eee =i — dever ee diregao ao compen ps: e Portancia lade e boa vontade = tem sido e nied NO © do Para a obtengdio da eficiéncia econdmica do inet £Tupo. Uma interpretagio acurada de Adam Smith, 11 Sen demonstra, nao da sustentag&o a quem acredita e advoga uma interpretagiio estreita do comportamento auto-interessado na ética ou na economia. Tecnicamente, como demonstra Sen, sob um esquema de condigées extremamente limitadas, a economia do bem-estar admite circunstancias nas quais agir inteiramente segundo 0 auto-interesse poderia ser eticamente justificado. Mas a impor- tancia pratica dessa teorizagao é muito questionavel. Assim, ele identifica as limitagdes dos conceitos “welfaristas” nos quais, inter alia, a analis se fundamenta. Distinguindo entre 0 “as pecto do bem-estar”, que abrange as realizagdes e oportunida- des de uma pessoa no contexto da vantagem pessoal do indivi- duo, do “aspecto da condigio de agente”, que examina essas realizagGes e oportunidades em termos de objetivos mais abran- gentes, a andlise vai além da busca do bem-estar do individuo, com resultados produtivos. Sen distingue entre elementos de justica distributiva e valoragdes mais amplas do individuo ou grupo. Isso conduz a uma discussio sobre “pluralidade e ava- liagdo”, “comensurabilidade”, “completude e consisténcia”, “teo- remas de impossibilidade”, bem como a resultados positivos de possibilidades e caracterizages construtivas. Aplicando a lite- ratura filoséfica recente sobre conseqiiencialismo 4 economia, Sen mostra como esse raciocinio — que inclui a interdepen- déncia e a interpretagio instrumental — pode ser combinado nao s6 com a valoracao intrinseca, mas também com a relativi- dade quanto a posigio ¢ a sensibilidade ao agente da avaliaca0 moral. De fato, ele mostra que, em condigées realistas, uma abordagem conseqiiencial abrangente pode fornecer uma estru- tura sensivel e sdlida para o pensamento prescritivo sobre ques- toes tao fundamentais quanto direitos e liberdade, Sen demonstra que os afastamentos das suposigdes de comportamento tradicionais da teoria econémica — incorpo- rando os componentes mais importantes do comportamento autocentrado — podem ter origem em avaliagGes intrinsecas & em avaliacdes i aoe ae do individuo ou do grupo: Isso € eficiéncia ie Heevel 4 casos econdmicos tipicos de falhas de pendéncias ea por fatores como externalidades, interde- tica econémica ct ao mercado e falta de credibilidade na poli- centivo Reciteaie isoveRne: Sen sugere que 0S problemas de in- Ser reformulad fT tratamento dessas quest6es podem ter de afastamentos fs se na andlise econémica forem admitidos que 0 que haa comportamento auto-interessado. Ble afirma do uma See ou grupo maximiza pode ser considera- Varidves de ee dependente de quais parecem ser aS das como um m ole apropriadas e de quais variagdes sao julga- Pelo agente ou as de controle conveniente ou corret® exercido quando o a enone Pode emergir uma genuina ambigiiidade Para a busca ppstrimienta de certas regras SoC nis & aceito hes: inate de objetivos individuais. A reciprocidade stancias pode ser considerada instrumentalmente importe ‘ante, poi : is 4 Afici c “. . de outro modo ¢ dificil afirmar que os “objet Vos reaj. S Teais” d Ss" de alguém guém devem obedecer reciprocidade em veZ le a0s propésitos reai compontament Teais dessa pessoa. Salientando que normas © ‘eoria econdmi eevee ser mais estreitamente integrados & : Sen Dt : apresentando meios sistematicos para fazé- © critérios de ‘= caminho para uma ane aprofundada us uma tira path a alternatives mais especificos. lifsmis do Behtamc os membros do Departamento de Eco- e fila, em Berkeley nto de Filosofia da Universidade da Ca rénci sofo de ae ° professor Amartya Sen. economista ‘fama Royer de ee tenha proferido as Confe- na a We 0 leitor cont nas quais se baseou este livro. Acredi- Reng oyeuisdio ni partilhard de nossa gratidao pela oportu- Olivieri, dg zee or Sen e de nossos agradecimentos a . da Basil Blackwell, pela preste2@ na publicagao- lise mail John M. Letiche PALAVRAS DO AUTOR = a é uma versio modificada das Conferéncias Royer que pie bee Universidade da Calif6rnia, em Berkeley, de a Sofia oe 6. Agradeco ao Departamento de Bnonom, Fi 7 2er ag "encia Politica dessa universidade pelo convite Laan 105) ~ Conferéncias © pelo estimulo intelectual e espléndida Thaitidade que me foram concedidos durante a estada em erkeley, mente « PreParacaio deste texto revisto beneficiei-me imensa- erek Pay ae com Jack Letiche, Martha Nussbaum, Mentérios q © Bernard Williams. Também foram titeis os co- onald Ds © Ima Adelman, George Akerlof, Pranab need Sheffer ¢ eson, John Harsanyi, Jocelyn Kynch, Samue! Suiram ag enjamin Ward ¢ os e: imulantes debates que se & ales pela Minhas trés conferdncias. Agradego ainda a Emma lente digi excelente edig&o de texto e a Caroline Wise pela efi- Igitag 10 dos otiginais, Amartya Sen 1 \MICO COMPORTAMENTO ae E SENTIMENTOS MORA ‘lerihew Ben- Em Versos njio totalmente ruins, Edmund on da econo- ney assim comentou a respeito de um dos i a matéria: ~~ ©U economia Politica, como se chama’ John Stuart Mill Bya mighty effort of will ; vercame his natural bonhomie anne And wrote Principles of political econ ” rimentos Ainda due John Stuart Mill merecesse os are Pa Por Teftear tio Cficazmente sua bonachona cor a anetecone ®St8 total “nte claro que congratulagdes — a Det mia Politica Por sua alegada exigéncia, parafr s Paha oon toda Cordialidade, 6 vés que entrai: ee Pudesse dmitir no €conomista, como pessoa, i” aeenonnis dose de “ordialidade contanto que em seus mode Sod baie pe ele Mantivesse as motivagdes dos seres hum eter ie S Praticas, nao estorvadas por coisas como © OU og Sentimentos morais, sein amplamente ee essa Concepgao da economia sej pee iealenta 4 (€ nao Sem raziio, considerando 0 mo! ee Pe - CONomig moderna) existe ainda assim a Fearn = fato de ut economia haver de fato evoluido OI Le “uray bono Stuart Mit Com rou sua Na- je/ Superou s digiosa forga de vontade/ Sup prodigios &screveu p, ) ic itica. (N. rinctpios de economia politic neira, caracterizando a motivagiéo humana nesses termos tao espetacularmente restritos. Uma raziio dessa singularidade é que a economia supostamente se ocupa de pessoas reais. E di- ficil crer que pessoas reais poderiam ser totalmente indiferen- tes ao alcance do auto-exame induzido pela questio socratica “Como devemos viver?” — uma questao que também é, como demonstrou Bernard Willia s (1985), fundamentalmente mo- tivadora da ética. As pessoas estudadas pela economia podem mesmo ser tao insensiveis a essa questo flex{vel e ater-se ex- clusivamente a impassibilidade rudimentar a elas atribuida pela moderna economia? Outra caracteristica surpreendente é 0 contraste entre 0 ca- rater cot ientemente “nao ético” da economia moderna e sua evolugao hist6rica, em grande medida, como um ramo da éti- ca. Nao s6 0 “pai da economia moderna”, Adam Smith, foi pro- fessor de filosofia moral na Universidade de Glasgow (reco- nhecidamente uma cidade assaz pragmatica), mas também 0 assunto da economia foi por muito tempo considerado de cet- ta forma uma ramificagdo da ética. O fato de até bem pouco tempo atrds ensinar-se economia em Cambridge simplesmente como parte do “Moral Science Tripos”* é apenas um exemplo do diagnéstico tradicional da natureza da economia. De fato, na década de 1930, quando Lionel Robbins, em seu influente livro An essay on the nature and significance of economic science, afirmou que “nio parece logicamente possfvel associat os dois estudos [economia e ética] de forma nenhuma além da Justaposi ‘10”,' ele estava assumindo uma Postura na época bas- tante inusitada, embora hoje ela esteja extremamente em voga- (*) Na Universidade de Cambridge, Tripos & 0 programa de estudos 0 conjunto de exames prestados para a obtengio do BA (bacharelado em huma- nidades) com distingdo. (N. T.) (1) RopBiNs (1935, 148). Evidentemente, Robbins sabia muito bem estar contradizendo uma idéia amplamente aceita. PUAS ORIGENS “/De fato, Pode-se dizer Muito diferentes, ambas rel, nadas de modos bem diverso: Stica”’ de u que a economia teve duas origens ionadas a politica, porém relacio- Ss, respectivamente concernentes a ee m lado, e ao tia q i que poderfamos denominar “engenha- 2 SC outro! A tradica ligada Atist6tetes 1g C40 ligada a ética remonta no minimo a soci Ba 00 no. inicio de Etica a Nicémaco, Aristételes sua tena da economia aos fins humanos, ref Pagdo com a ri estra”, Politica tem q * economia, 14; € “como, po. MOS © 9 guy Bi erindo-se a queza. Ele considera a politi ¢ usar “as demais ciénci T Outro a © nao devemos faze, cisa inetyj ‘azer, ‘a arte ”, inclusive lado, legisla sobre 0 que deve- a finalidade dessa ciéncia pre- Para o ee Outras, para que e: a finalidade seja ° bem imediatameny ~ O estudo da economia, embora relacionado esta Ij ea busca da Tiqueza, em um nivel mais profundo brangendo a avaliagao e intensi- ficacie : Sutros estudo al "ho & uma Roe mais basicos. “A vida empenhada no ga- eM que — posta, e evidentemente a Tiqueza nao é o tra Cigar os Sendo ela apenas unl eno interesse de ou- a tica g Snomia, em Ultima andlise, relaciona-se ao es- ttica de Mcgee & esse ponto de vista é elaborado na Nao StOteles J Con at Margem em tudo isso i: © estudo da ética e d a bseryar aqui que n : ais S40 especi vimeing que sig €specialm Testy 4 MOS 0 Problema d an ‘amente Ctica Para dissociar 0 estudo da a filosofia politica. Particular- essa abordagem ha duas ques- ente basicas para a economia. 4 Motivagio humana ligado a “Como devemos viver?”. Ressaltar Na traducdo inglesa de Ross (1980, pp. 1-7) “Ta Sobre o papel do Estado nos assuntos ‘0 fim do Estado” & olitica, W.ix; na tra- olitic ’indona a postura de que“ boa i e vida” (Py atker, 1 i A qualidade de vida’ (P de uma 71798) Dp. 117), Ver também Po viii-x, WY tT essa ligacao nao equivale a afirmar que as pessoas sempre agi- rao de maneiras que elas proprias defendem moralmente, mas apenas a reconhecer que as deliberagées éti totalmente irrelevantes para o comportament Denominarei essa idéia “conce a ética”. s néo podem ser to humano real. Pgao da motivacdo relacionada A segunda questiio refere-se 4 avaliagdo da realizacdo so- cial. Aristoteles relacionou-a a finalidade de alcangar 0 para o homem”, m mente agreg: “bem as apontou algumas Caracteristicas especial- ativas no exercicio: “Ainda que valha a pena atin- gir esse fim para um homem apenas, é mais admirdvel e mais divino atingi-lo para uma nagao ou para cidades-Estados” (Eti- ca a Nicémaco, 1.2; ross, 1980, p. 2). Essa “concepgiio da rea- lizagao social relacionada 2 ética” nao pode deter a avaliag’io em algum ponto arbitrério como “satisfazer a eficiéncia”. A avaliagio tem de ser mais inteiramente ética adotar uma vi- abrangente do “bem”. Esse é um aspecto de certa im- portincia novamente no contexto da economia moderna, espe- cialmente a moderna economia do bem-estar, (A primeira das duas origens da €conomia, relacionada & ética eA concepgiio ética da politica, abordagem caracteriza-se mordialmente logisticas em vez es Como O que pode promover 0 Como devemos viver”, Considera que os fins sio dados muito diretamente, ¢ o Objetivo do exer- cicio € encontrar os Meios se tipicamente mente Caracterizaveis\\ enheira” da economia proveio de va- Essa abordagem “eng i eee Tias direcdes ¢ ‘guns engenby 85 do século 80S problemas aqueles ligndo Os Pioneiros a ida por dsito — foi ei fran- inclusive — a pr ae Walras, econo! aahietae pesca eet pare eet oo lactea econdémicas, esp jitos foram seenicos ai e ae abs mercados. meta Até foe eae oa ee Petty, jus- era, imeiro capt- © Comeca com a ane de 0 tulo, ent “quatro campos de ene ae pot Ctafisicg Sonhecimento do “certo e do Poig gy ’ is praticos de cone, i do na discussio de tipos mais Pl “Mento, “NCementes a (3) “cigneia do gove 7 “ = oblemas. see : “« iscutinds uma grande variedade de ‘alae sl da “nstrucsg de a deias”, “classificagio de tel jer a rihasastra. - xistem SONLOVErsiang quanto a época exata is nie oe we » iSponi ye Patece ter sido escrita alguns scala iz presumnvel ae Utilyg na lerceing Pessoa, citando suas ee oe nt se fig ANtetior do documento. Para pags ae eS * A sas 1967 Ver amb WY receita”, “manutengao de contas”, “regulamentagao de tarifas” etc. a “manobras diplomaticas”, “estratégias para Estados vul- nerdveis”, “pacto de colonizacio”, “influéncia sobre facgdes de um Estado inimigo”, “emprego de espides”, “controle de des- falques de altos funciondtios” etc., 0 enfoque soberano do livro sio os problemas de “engenharia”. As Motivagdes dos seres hu- manos séo em grande medid: simples, e nelas deparamos, inter alia, com a mesma auséncia de bonomia caracteristica da deragdes éticas de sentido p nem as aristotélicas aparece gilidade criado por um cont rofundo. Nem a questao socratica ™ Nesse outro documento da Anti- lemporaneo de Aristoteles, nomia, nao 5 ~~ Dada a natureza da eco) e Bentley); as contribuigées de, David Ricardo, AUS on Walras, que se preocuparam mais Ogistica e engenharia na economia. lenhum dos géneros é puro em sentido al- ibrio das duas abordagens da a entes da abordagem ética, de Atis- ém se ocuparam intensamente 45 H ety, Francois Quesnay, gustine Cournot ou Le Com os problemas de | Evidentemente, n gum; € uma questio de equil nomia. De fato, MUitos expo, tteles a Adam Smith, tamb a ee i Westies de “INio ético, _ P0de-se dizer que a importancia da abordagem ética dimi- aul Substancialmente Com a evolugao da economia moderna. : eee Ogia da chamada “economia Positiva” nao apenas se qui An . efeite U da andlise €conémica normativa como ta engenharia, dentro do enfoque direcional do racio- Comportamento humano real e que, do fovea 0s €conomistas que estudam esse comportamen- ; tos © nao juizos normativos. Exami- S nas publicagdes da economia tar a aversiio As Sobre a ee escaso Pela influéncia das MZagao do Comportamento andlises normativas Consideragées éticas humano real. REA 5 WAC Ons 5 PONTO FRACO ( Udi “almente — Wea Natureza da €conomia moderna foi substan- “conom;. geobrecida Pelo di ‘anciamento crescente entre 2 desatio cay) Procurare} analisar a natureza des perda e “Vitar g Vi presenta, Porém, antes de Prosseguir, para clare... a S0staria de fazer duas Observagdes a titulo de Theirg> “Meiro, nao afirmo que a abordagem “enge- 1a nado fo} Proveitosa. A meu ver, ela fre- (5 TEN e644, LO “nfoque dest Seonomig n tmang i livro seja sobre esse id mod, que 88a 6 a tin a fonte import KORN ay °™Ma, Para indicagg, cr cacdes (1979) 7 19gs Feat Varios outros tipos de Problemas, ver Bag fASTER (oye a (1972), tnexs (1979, 1984, 1983), SCHELLING 980), ory et 1979, 1983 ; 5 (logy 1535) Cidgh % 3), HAHN: & HOLLIS (1979), simon (1979), \Spicay May AKERLOF (1984), HELM. Problema, obviamen- ante de dificuldades na afin. M4 ZnO & winrar (1989, (198]) © "8, ver ¢ (1984), Mec OSKEY (1985). 5, i\ ‘ambé, ieee : (9g) PYRE (gg) Sobre questées metodo- iy RoBINson (1962), Larsis ), BELL & KRISTOL, ‘SUPT KRAUSE (1986), woo (1976 UPri 4), STEDMAN & "ff WY See eo eae qlientemente 0 foi. Muitos sao og aspectos aos quais a econo- mia conseguiu Proporcionar melhor com mento precisamente gra engenheira, ipreensdo e esclareci- gas a0 amplo emprego da abordagem Essas contribuigdes foram pela abordagem ética, uma vez que existem importantes ques- toes logisticas na economia que realmente requerem atengdo € que podem ser tratadas com eficdcia, até certo ponto, mesmo dentro do formato limitado de uma visao nio ética estreitamen- Possiveis apesar do descaso te deduzida da motiva: dar apenas um exem do equilfbrio gerat”, de mercado, trouxe a lu: cio e do comportamento humano. Para plo, o desenvolvimento da formal “teoria Sas andlises tedricas revela- problemas Ppraticos prosaicos. A 8Sa_observagdio aplica-se perfeitamente iL andlise causal dos tragicamente reais problemas da fome indi- ‘ undo modemo, O fato de a fome coleti- em situagdes de grande e crescente dis- Ponibilidade de alimentos pode ser mais bem compreendido trazendo-se para a andlise 0S padrdes de interdependéncia que 4 teoria do equilibrio geral Tessaltou ¢ enfocou, Em particulat revela-se que as fi i i s teori- los tet e mode saltar que é apenas ressaltar q Patt Ui néio é 0 objetivo aq COs mui dncia importan i SEPOLE io. ter um bv nao obstante, ser bastante dem, leve ito ee fato esse que d dtica cons; rave] — Praticg Considey Zio sin- izagio aracterl smo a Cc: fatizar que mesm 5 de enfatiz; eM se Preten, gul, con- -se de stendo-se de | on a, abstet mpre s ana, ‘aa cor Sa ita da motivacaio oe util para peat sn “Mente estreita a ainda assim, s iais de imp agem nio Sideracseg Eticas, ae relagGes socia ae a — mos- as | staria is a vatureza Raut estou afirmando te Seerete ‘ial ©Conomia, Portanto,/niio er improdutva, ode Soule consi- &conomia tem de Ne ela emergiu, ia explicita 7 huma- ia, com iore mais juiz @ economia, non maior e mi lento eo ju do alcan- Produtiva Se der uma es 7 =a ou esta sent Geers: a 0 TAGSeg Sticas que mo escartar o quer mais. nature- Nos.) Nag © meu intuito de ente, exigir 1 iz respeito a entre - ih estionavelm cedora diz -rescente entre 0, @ gj > Inqu ‘Ao esclarece iamento cre: onomia Servaca istanciam aec BUNdabbse, do dista > que das a : sultante i-me no q cionadas a “Abilateral¢, Perda a concentrei-me 2es relaciol darei “conomig © btica até agora, i ar as ele to, aprofun ees erar as > fato, atten a perder Por desconsi so social c, de Stieg da Otivaciio e Tealizag: Mais &sse ex, tarig di 4 OS~ ambém g io. Mas tam ente saio. Ma : tnnalin sto deste ensai Eeie u een i nos moe alia com se oder s existe al a inter aética mi pi Mostrar que relacionados is para a éti ia e ética wMPregadog "a economia, podem ser ne e economia “ atia”, que enti a ae “sen A ae oo ultima devam innate sag r, prejudicia enonomik ‘4 men- “mbm fat Sido, ao ver, mento dos eck totélicas jé . sar Ges aris! » embora no fae questes ar as ObvViamente Impor 8S, nig 0 sernen- Ao concel esto c retudo de vista que a satiolien aml S perder 5 ri e ar sta a levantada por Al cientemente "ag Papel da Sconomia foi tina visto mific No “Ontexe le Proporcionar da Sticg e 5 4 Polit] ®cons, cas Pode (es Gti Cas, ine) Very» des 5 quest As q is ine as ques ica a Nicémaco, r ona : es Ca (Eticg Air ra ema imp on socratica “Cc indagaca ‘ ™ ser de Usive A : a e- Com efeito, excluindo o Papel direto da economia na mi lhor compreensao da nature za de algumas das quest6es éticas, existe também 0 aspecto metodolégico de que alguns dos ne sights empregados na economia ao lidar com problemas de i terdependéncia podem ter uma importancia substancial quando (ratamos de problemas éticos complexos, mesmo niio havendo varidveis econdmicas envolvidas. Recentemente, vériog filésofos morais ressaltaram — com acerto, a meu ver — g importancia intrinseca de muitas cone deragées que a escola ética dominante do pensamento utilita- rista julga terem apenas um valor instrumental, Porém, mesmo ssa importancia intrinseca Sendo aceita, a necessidade da and- lise instrumental e Conseqiienci instrumentais, influenciando Outras coisas intrinsecamente a Portantes. Acontece que foi na investigaeo de complexas re terdependéncias Que 0 raciocinio €condmico, influenciado pel abordagem “engenheira”, logrou avangos muito significativos- Asse respeito, a ética pode ganhar com raciocinios do tipo co- Omia. Haverd oportunidade de exami- aisle A an- discutirmos a natureza e a importa cial, no terceiro capitulo. mumente usado em econ ac a ques-_/ arel principalmente da ques / do “comportamento racional” €conomia modern; Supbe-se Portam racionalment ym- que os seres humanos se CO le e, dada 26 col . oe Aad oe sensato abordar ° problema de prever 0 com- sine eaiariot Ree © conceito de racionalidade atuar como to racional na i lesmo se a caracterizacao do comportamen- tamente correta es tradicional fosse aceita como absolu- que as pessoas ae leria nao necessariamente ter sentido supor Tacterizado. Hé i pec compenanamn do modo racional ca- mente sei : ae dificuldades obvias nessa via, especial- erros, com fre ne ca claro que todos nés de fato cometemos sith po aKa eat experimentamos, nos confundimos e as- Macbeths as aad decerto tem sua cota de Hamlets, Povoar As i iS nee Os tipos friamente racionais podem Bildonieinene didatic s, Mas O mundo € mais rico. modema na ide nn Peace basear uma critica da economia portamento Sata aha do compartamento real com 0 com- com grande eg pong D — respas criticas de ato foram expressas Portamento re See Em defesa da hipotese de que 0 com- ia dizer a Fe neta ao comportamento racional, poder- e- va de aed Es ora 1880) tenda a conduzir a eros, a alternati- provavelments o quer po especifico de irracionalidade muito uma questao e ene a erros bem mais numerosos. Esta € venha a ea unda, que deixarei de lado por ora, embora Val ‘4-la mais adiante neste capitulo. is aa one ork itecet, dots comentfrios preliminares de Sr ee ee € possfvel uma concepgao Vos; isso et le admitir padrdes de comportamento alternati- sozinha nao prenido; a suposi¢ao do comportamento racional real ree adequada para definir algum comportamento objetivos fn o » mesmo se foggem totalmente especificados os are — ais © as restrigdes.) Segundo, a questao de identifi- portamento real com o comportamento racional (in- HMAN (1970, 1982), KORNAT (1971), scl- (6) Ver, em especial, HIk ER (1983), SCHELLING (1984), STEEDMAN & TOVSKY (1976), sim , SIMON (1979), KRAUSE (1986), sir 27 dependentemente de como se defina racionalidade de OE tamento) tem de ser distinguida da questao do contetido do es portamento racional propriamente dito) As duas quest6es a Sao desconexas, mas ainda assim sio muito distintas una! a outra. Como ja mencionado, na teorizacio econdmica tradicio~ nal, essas duas Caracteristicas foram, de fato, Tregilentemen usadas de maneira complementar. As duas juntas foram ee para Caracterizar a natureza do comportamento real por meio um duplo proceso: (1) identificar 9 Comportamento real com 0 Comportamento racional e (2) especificar a natureza do com portamento racional em fermos muito Testritos,) RACIONALIDADE COMO CONSISTENCIA ( Como o comportamento racional é Caracterizado na teor! a econdmica tradicional )f justo dizer que existem dois métodos Predominantes de definir Tacionalidade de comportamento m4 Corrente dominante da teoria econémicalUm deles consiste conceber a Tacionalidade Como uma consisténcia interna de eS- a, 5 <5) aan colha; 0 outro, em identificar "acionalidade com maximiza¢a do auto-interesse.\ Considerando inicialmente a Primeira dessas abordagens» OS requisitos da Consisténcia podem Ser variados, mas os tradi- Cionais tendem a Telacionar-se — direta ou indiretamente — Com a possibilidade de ‘ aciio bind Tepresentive] Por uma relagao bi denomina “, ee : er ‘4 mais exigentes, requ! ee i ainda 4 Inteiramente transitiva e, com ail 28 mais rigor, que seja inclusive representavel por uma fungao nu- mérica que supostamente a pessoa maximiza.’ Nao cabe aqui enveredar pelas dessemelhancas analiticas Entre os diferentes requisitos de consisténcia interna ou inves- gar © grau de congruéncia que algumas condigées de consis {€ncia aparentemente distintas realmente apresentam.* Porém, nao importa quais sejam condigdes’ € dificil crer que a consisténcia interna de escolha possa ela propria ser uma con- digao adequada de racionalidade. Se uma pessoa fizesse exata- Mente o oposto daquilo que a ajudaria a obter 0 que ela deseja, € fizesse isso com impecavel consisténcia interna (sempre es- colhendo exatamente 0 oposto daquilo que aumentaria a ocor- rencia das coi que ela deseja e valoriza), essa pessoa nao po- deria ser considerada racional, mesmo se essa consisténcia obstinada inspirasse algum tipo de admiracio pasma no obser- Vador, A escolha racional tem de exigir algo pelo menos com Tespeito a correspondéncia entre o que se tenta obter € como se busca obté-lo” Igualmente se poderia questionar que 0 com- portamento racional deve, inter alia, requerer certa consistén- (7) Nem todas as ordenages completas sio numericamente represen- taveis (sobre iss }, 1959). (8) Investiguei as conexdes entre essas relagdes em SEN (1971, 1977a). Ver também HANSSON (1968), RICHTER (1971), HERZBERGER (1973), FISHBURN (1974), KELLY (1978), sUZUNURA (1983), AIZERMAN (1985) e SCHWARTZ (1986), entre outros. (9) Obviamente, pode-se considerar que a racionalidade requer mais do que isso, porém nao menos. Pode-se dizer que 0 que almejamos obter deve- ria também satisfazer alguns critérios de avaliagao racional (sobre este aspec- to, ver BRoomE, 1978, parFiT, 1984, SEN, 1985e), de modo que um conceito puramente “instrumental” de racionalidade pode ser absolutamente inade- postura seja adotada, © papel “instrumental” da escolha precisa inter alia ser aceito. O que se pode denominar “racionali- dade de correspondéncia” — a correspondéncia de escolhas com objetivos etc. — deve ser uma condigaio necessdiria da racionalidade como um todo, in- dependentemente de ser ou nio também suficiente — isto é, independente- mente de a “racionalidade de correspondéncia” ter ou ndo de ser suplemen- quado. Porém, mesmo que e 29 la pessoa. E Heeneceay 40, a pessoa maximiza sua *7SSO no acrescenta Coisa alguma 20 > &M Particular, niio €std dizendo nada sobre Pessoa est tentando maxi, mizar. Denominar essa te- lagdo bindria “funcao de Utilidade” da pessoa nao nos diz que € sua utilidade em qualquer Sentido independentemente defint- do (como felicidade OU Satisfagdio de um desejo) que a pessoa esta de fato tentando Maximizar, que a pessoa deveria d Sejar, valorizar 0U almejar (9 que cionalidade de Teflexiio” em g , 1985e). (10) Em meu discur ica, em 1984 (SEN, 1984), ; ae : conomé- 'SO de posse na Presidéncia da Sociedade Econot Ser publicado em f Conometrica com o titulo “Consistency 30 AUTO-INTERESSE E COMPORTAMENTO RACIONAL Examino agora a segunda abordagem da racionalidade — ada Maximizagdo do auto-interesse. De fato, ela se fundamen- fa no requisito de uma correspondéncia externa entre as esco- Ihas que uma pessoa faz e seu auto-interesse. Essa abordagem Certamente nao se presta a critica que se fez & concepgiio de ra- Clonalidade como consisténcia interna, Em termos de linhagem historica, a interpretagdo da racionalidade como auto-interesse € bastante antiga, e hd varios séculos tem sido uma das carac- leristicas Principais da teorizagio econémica predominante. oO Problema dessa abordagem da racionalidade reside em Outro aspecto.\Por que deveria ser unicamente racional empe- nhar-se pelo auto-interesse excluindo todo o resto? Evidentemen- te, pode nao ser de todo absurdo afirmar que a maximizacdo do auto-interesse nao é irracional, pelo menos nao necessariamen- te, mas asseverar que tudo 0 que nao for maximizagao do auto- Interesse tem de ser irracional parece absolutamente insélito.) A visio da racionalidade como auto-interesse implica, in- fer alia, uma decidida rejeigao da concepgao da motivagao “re- lacionada a ética”, Tentar fazer todo o possfvel para obter 0 que Sostariamos pode ser parte da racionalidade, e isso pode incluir © empenho por objetivos desvinculados do auto-interesse, os quais podemos valorizar e desejar promover.|Considerar qual- quer afastamento da maximizagao do auto-interesse uma prova de irracionalidade tem de implicar uma rejeigéo do papel da Ctica na real tomada de decisiio (que nao seja alguma variagao ou mais um exemplo daquela ex6tica concepgao moral conhe- cida como “egofsmo ético”)," A estratégia metodolégica de usar 0 conceito de raciona- lidade como um “intermediario” é particularmente inapropria- da Para conduzir a Proposigaio de que 0 comportamento real (11) Para um exame eritico de diferentes verses do “egoismo ético”, Ver WILLIAMS (1985, pp. 1 31 tem de ser maximizador do menos absurdo afirmar que a: zaM 0 auto-interesse do que i . r auto-interesse. De fato, pode S pessoas sempre de fato maxim A afirmar que a racionalidade dev' mo uma realidade pode muito bem ser falso, mas 0 egoismo universal como um requisito da raciona- lidade & patentemente um absurd) O complexo procedimento de igualar a maximizacao do auto-interesse A racionalidade & entao identificar o Comportamento real com ° comportamento racional parece ser totalmente Contraproducente se a inten¢40 é x wk si¢AO final é apresentar uma atgumentacio aceitdvel para a suposi¢a' da maximizacao do au to-interesse na especificagao do compo tamento real na teoria econémica. Tentar usar os requisitos de racionalidade ao sair em batalha para defender a hipotese tra dicional de comportamento da teoria econdmica (ou soja, a red a i A arga de Interesse) € como liderar uma carga Cavalaria montado em 7 . e Deixando de lado por um Momento a racionalidade, 44 valor tem como hipotes imi MO caracterizacio do um burro manco, ancias Por €xemplo, em suas Conferénci 71)s » 1985), Nace, (1970), KoRNal (19 IER ; STEIN (1976), sctrovsky (1976, 1985)s ad (1977), mrscu ( 1977), ULLMAN-MARGALIT ( 1977), Broome (1978), COL! 3 (1978), ROSE-ACKERMAN (1978), scHELLiNG (1978, 1984), wonG 1978) (1980), co 982), Honus C979, 19g MaruDaR (1980), PArTANet® (1980), sonow (1980), winston 1980), DvkE (1981), purreRMAN (I 2, 1986), VAN pip VEEN (1981), AKERLOF & DICKENS (1982), mepHERson (1 1984), Marco, (1982), AkERLOE (1983, 1984), pouctas (1983), HIN ae Tanner intituladas “Economia ou ética?”, George Stigler (1981) “Presentou uma defesa bem articulada da concepedo de que vivemos em um mundo de pessoas razoavelmente bem infor- madas que agem de modo inteligente para realizar seus interes- Ses proprios” (p, 190). que Stigler apresenta a titulo de comprovagio dessa Porém, parece em grande medida restringit-se a previ- tas por ele mesmo: ctenga, SOes fej Petmitam-me prever o resultado de testes sistemiticos e abran- 8entes do comportamento em situagdes em que o auto-interesse = valores éticos amplamente alardeados entrem em contflito. Na Maioria das vezes, de fato, a teoria do auto-interesse (como eu a ‘nlerpretei na linha smithiana) sera a vencedora." Stigler nao revela em que fundamentou sua previ: "a crenga de que esse resultado “é o predominantemente éneontrado pelos economistas n&o apenas em uma grande va- Nedade de fenémenos econémicos, mas igualmente em suas lvestigagoes ' . i Nvestigagdes sobre o comportamento conjugal, reprodutivo, Fe ea (1083), romLicK & oppentiMeR (1984), GEORGE (1984), nem (984), PARFIT (1984), scHicK (1984), pavipson (198Sa), DIWAN & LUTZ (1985), FRANK (1985), HiRSCHLEIFE (1985), scHOTTER (1985), STEEDMAN & KRAUSE (1986), Mas é justo dizer que, apesar dessas (e de outras) criticas, a hipétese lo comportamento puramente auto-interessado permanece como a mais uti- lizada na economia, fornecendo os alicerces do comportamento para a teoria Scondmica e a anilise da politica econdmica tradicionais e servindo de base Para boa parte do que € ensinado aos estudantes de economia. R (1981, p. 176). Mais adiante, Stigler afirma que “a hips- lese da maximizagiio da utilidade € [...] dificil de testar, menos em razdio das ias ambigiiidades do que por nao existir um conjunto aceito de crengas Consisténcia com a hipétese possa ser testada” (pp. 189-90). Con- tudo, pode-se argumentar que se realmente nao existissem ambigiiidades na definigio da “hipétese da maximizagio de utilidade”, deveria ser possivel mentos em diregdo aos in- ‘estar o8 resultados dessa hipdtese vis-a-vis ; teresses de outros. Além disso, ao testar se a hipdtese da maximizagio de uti- lidade, nao sendo ela ambigua, é ou nio é correta, nao hd necessidade de con- ‘rasté-la com um determinado “conjunto aceito de crengas éticas”, Be: criminoso, teligioso ¢ out Po rém, 0 fato é que foray desse tipo, COS Comportamentos sociais” ( Pp. 176). m feitos pouquissimos testes empiricos } Seja em questdes como as rela- Seja em economia nada nos di: Z sobre que Motiva agentes eco) nomicos em uma ©conomia desse tipo, De fato, no Caso japonés, existem Clogiientes provas empfricas de que afas- lamentos sisteméticos do Comportamento auto-interessado em diregao ao dever, lealdade € & boa Vontade tém desempenha- do um papel importante NO &xito da indistria,’® O que Michio Morishima (1982) d ina “o thos japonés? ficil de encaixar em qualquer descrig i Ssado (mesmo leva ® 408 quais Stigler co efeito, estamos comecando todo um Conjunto de teorias io dos certamente é di- 40 simples de comporta- indo em consideragao 0S rretamente se refere). COM 4 perceber o desenvolvimento de alternativas Sobre 0 comportamen” (14) Sobre esse. 1980), GRoosBarp (1980), nas Tuas, a pouca fr de advogados ¢ criminalidade mesmo nivel de Tiqueza, Nici dc mee 7 yequen® eqliencia de litigios, um numero incomumente p' baixo indice de crimi ga lixO ade com que se joga ! tees dO aises ©M comparagao com pats! 34 ' econdmico vi as stu- isando ao éxito da teense adie sis los Comparativos de sociedades diferentes en Ronald Dore femas de valores predominantes (a Ghsemvagc ' fuciana para 0 (1984) sobre © que ele denomina “a receita con ias al- i | S32 ssas teorias a &Xito, industria” éum exemplo interessante dess: ‘emativas),« Vale a pena coment; Vio q Ue negar que as 'Usivamente auto- ‘™pre agem com Se nao ter um pay & de fato, g ‘ar — correndo 0 risco de pela sto Pessoas sempre se comportam af interessado nao equivale a ee altruismo. Seria ehiaordinae = ee pel importantissimo em eet es econdmicas normais entra al a COlapso se © auto-interesse nio desempenhasse a Taestancial €M nossas escolhas (sobre esse argumento, 19g3py) interes. Cisdeg questao é se existe ou nao uma be be © Motiva eS OU se unicamente © auto-interesse reg : ima mn é 0 contraste ma segunda Observacao esclarecedora é cue a 0 86 Hecessariamente entre o auto-interesse, de 7 ©algum tipo de Preocupacio geral por tod: aS Pes nee at aa tradicional dicotomia entre “egoismo” & “utilit maar Wer sirowie,. 1874; EDGEWorTH, 1881) é enganosa em pect S, inclusive no Medidriog €ntre 0 indi dade OU grupos cup; uitas AEGes que eny, ) Committed bel fato de os grupos que atuam a Viduo e 6 todo — como cl Sse, CO i acionais — fornecerem o —_ Olvem comportamento com aa oe haviour) Os membros de cada grup 5 esse contexto; ver HICKS (16) A per tiva evolucionista é importante nesse conte: 5 HIRScH at 1, 1985), * (1977, 1985), Guia (1981), sensor om 8 rat i & wintry (1982) HELM (1984a), MarTHEWs (1984). § wins (1976, "8 da freq biol6gica, ver MAYNARD smari (1982), além de haar ages m2) ewns9 1978, 1980). 0 arguments simples da selegiio ieaer tae ek on Hero (ver HEDMAN, 1953) requer modifica lanciaig na H evolutivo. rocesso evo Presenea de "conhecidas complexidades do pro (1969, Ne BD. dem ter interesses que so em parte convergentes e em parte conflitantes. As agdes baseadas na lealdade ao grupo podem implicar, em alguns aspectos, um sacrificio de interesses pura- mente pessoais, assim como podem também facilitar, em oUF {ros aspectos, maior realizacio do auto-interesse, O equilibrio relativo desses dois resultados pode variar. Os elementos con- gruentes podem ser dominantes, digamos, na ag’o combinada de grupos de presto militando por concessi aos interesses de todos os membros,! bém possam estar dispostos a sacrific: pela “ S que atendam ” embora militantes tam- ‘ar alguns ganhos pessoais “causa” do grupo. Em outras relagdes, como por exemplo cm muitos casos de responsabilidades familiares, o grau de sa- crificio pode ser extraordinariamente elevado,'* A mistura de comportamento egofsta e de altruista é uma das caracteristicas importantes da lealdade ao 8TUPO, € essa mistura pode ser Ob- Servada em uma grande variedade de Ociagdes de grupo, de relagdes de parentesco e comunidades 0s sindicatos e grupos de pressiio econdmica.” E importante distinguir entre dois aspectos no problema (17) Ver, por exemplo, AUMANN & xu (1977), BECKER (1983), LIND” BECK (1985), Ver também FREY (1983), (18) Em mu gido sacrificios 4 jonais tem exi- S sociedades, as Telages familiares tradicionais tm €* 60 de “ética” no qual desigualdades gritantes no modo de vida podem nio Parecer inaceitaveis e, as vezes, niio ser efetivamente reconhecidas ¢ expost lao da percepgio é crucial para a compreens; X08 nas sociedades tradicionai me 7 5 tradicio- © um desatio ético as moralidades tradicl” 0s. Procurei discutir es questées it © morais inter-relacionadas, prin palmente & luz, de dados obtidos na {ndi Mm SEN (1984a, 1985b, 1985); ver também KYNCH & SEN (1983). fle (19) 0 chamado “ethos japonés” (MoRistIMA, 1982; porE, 1983) © te um caso especial de leald, contra- fade ao grupo de um tipo que pode ser ence do em grau menor ou maior €M muitos tipos de usam trabalho em equipe de varias pessoas. ie micas oY atividades econdmict 36 : 40 comportame e se ag Pessoa Mente auto-inte; a Comportasse, CAngarian ee Cia de al sto imeiro, a que xi rimeiro, oat : ssado. Existe, p) exclus -Interessado. ado ae is rai ie comportam de ee bas pes - ne ida questa alovale 4 uma segun eressado, a ee ean eficién- m de um m como, por exe! ibuidas a S éxi ificos, com ae TtOs Exitos ae proposigoe! a jos de que ele Essas dua -caliridicios ha : = stantes idade ha pouc: ena e Mas na realidad aera oa Acreditayg Nessas Proposigdes, Speen eae ee icici feréncias a Visio “smithiana” sobre a ee pee ciseati ss lo “omportamento auto-interessado. be ee tial itp Mesto Porque Smith foi uma figura de sono- m econ egadas em ec 08" ficiéncia empregada ‘io 6 p incipais definigdes de eficiénc do a qual n algum 20) As duas Principais definig téeniea”, sepundk vrenos de al f eficiéncia 16 Seats inado produto sem produ 0s); (2) “ell lity), Tar mais de y, n determinado pro eoative iad ae i i insumos como produtos n tae [Pareto opt alguma Considerando 8 insum amt aiatele bie ora gt eae oid” identifi “com a “otimalida stado sem e “efici condi ha oueee? ce melhorar seu estado ne a iia do 4 at cri mel outta pessoa lo eas 2 examinaremos critica ‘stico (N.T)] i orist S*seond mcg [tipo de poema hume jmerick (6 QA Segunda é 9 tema do limeric de Stephen Leacock: 10, Fespectivamente: (1d) “ Sive| era Adam, Adam, Adam Smith - Listen What I charge you with! Didn't you say In the clas a That Selfishness was er a a i Of ail doctrines that was the ce ‘“Sn’t it, wasn’t it, wasn’t it, § ickonomics. ents of Hickor 75) acock, Hellements ¢ ae ne eben Mead @ICOR Nova York, . ol/ Niio disses one day Adam, Adam, Adam Smi "Na aula yr HM dial Que o Tinas esce foi ai te fag ith/ Ouve a acusagaio que as dou- » todas as ar?/ De 0 boven 0 i averia de comp Smith’ goismo haveria i esmo, S ea ° ere Nao foi, ngio foi, nio foi me: or chamar-me s aa stow Pi eth Rosto ABradocg iMensamente ao Professor Elspetl atengaig na day mi a de jo comum etagiio cor a interpretag ntagao de uma interp! a nvincente represer a Mith, 37 i 4 le ha origem da economia e também porque o tratamento que ¢) deu ao problema é verdadeiramente esclarecedor e titil. ADAM SMITH E O AUTO-INTERESSE Em seu divertido ensaio “Smith’s travel on the ship of ns State” [A viagem de Smith no navio do Estado],‘George Stig = comega interpretando a observagiio smithiana de queembora peace ad a 9S principios da prudéncia comum nem sempre governem Conduta de todo individ MO, eles sempre influenciam a da maioria de toda classe ou ordem” como implicando que “o auto-inte- resse domina a maioria dos homens» Na verdade, no € cor reto identificar “prudéncig” Com “auto-interesse”{ Como Smith explica em Teoria dos , . aera tiara RO! sentimentos Morais, prudéncia 6 “a unia das” duas qualidades da « nominava “amor-préprio’} lself-love]., De fato, as raizes estdi timentos morais” também autodisciplina tiveram y bom comportamento de “o homem, segundo rado e desvinculado, da vasta comunidad de comunidade, ele “i use cas da Concepeao smithiana de “Se! deixam claro Por que a simpatia ie ™ Papel tio importante na nogao Smith" Como cle mesmo salientou, 98 estdicos, deve Considerar-se nao sepa » Mas um cidadao do mundo, um membro (22) STIGLER (1975, P. 237); stifo meu, (23) Sobre a influ dos Pensadores Nc} RAPHAEL & Macrie (1976, pp. 5-1 De, obviar Smith a literatura esti (24) Sobre 0 sdo das emogoes, 1 &st6icos sobre Adam Smith, ia Mente, as referéncias do prop! ica (SMrrH, 1790), Papel crucial ¢; na abordagem estdicg a Gtica, ver Nusspaum (19860). Fe a supres” “autodisciplina, Particularmente na sup! es 38 . ” . Embo- 80 sacrificio de seu mesquinho anto-inter : He Seaes "a prudéncia va muito além da maximizagao a “de todas Se, Smith em geral a considerava apenas po . asso que “hu- aS Virtudes a que mais auxilia o individuo tien sao as qua- Manidade, Justiga, generosidade e espirito pul 189) lidades mais Uiteis aos outros” (smrrH, 1790, P < dinianal da E instrutivo examinar como foi que a ds oe 0 “au- “simpatia” [simpathy|, além da “pradéncia” (ine i" e nos escri ‘Cdominio”), tendeu, em grande medida, a perder-se eb f0s de muitos conomistas defensores da chamada ae ate thiana” sobre o auto-interesse e suas realizagdes. Sem julgatia, Verdade que Smith julgava, como de fato qualquer um j We muitas de nosg Oe: ue algumas delas com trecho de Adam Smith c Tecentes 6 9 Seguinte; do “ervejeiro ou do pa © sim da aten Mos nao Thes fata io realmente ae efeito produzem bons ee = itado a exaustao pelos smithianos mi 7 “Nao é da benevoléncia do — deiro que esperamos obter 4 ord C40 que cada qual da ao préprio a oe Asua humanidade mas ao seu amor-préprio, e ; seus interesses” Mos das nossas necess idades, e sim de seus inte (Svirn, 1776, pp. 26-7). ith nao paregam ter Mbora muitos admiradores de Smith nao p Ci *Vangado alé ™ do trecho sobre o agougueiro € 0 vo oe Mesmo Uma leitura dessa assagem indicaria que 0 ae a a aqui € especificar por que e como se efe' Ze ee lormais no mercado e por que e como ae “ 2 e € 0 tema do capitulo onde se encontra Sst fazendo tansagdes n S sao muito comuns nao zics on ‘va que © amor-préprio unicamente, rage em uma interpretagio ee "e para a existéncia de uma boa a tie * exatamente 0 oposto. Smith niio alicerga €conomia em alguma motivagao tinica.) 4 prudéncia Ser suficien Cle afirmay, Vacao da 39 De fato, Smith criticou Epicuro por tentar conceber a vit- tude inteiramente em termos d tunidade para desancar os do a uma s6 virtude: ja prudéncia, e aproveitou a opor- “filésofos” que tentaram reduzir tu- Emendando todas as diferentes virtudes também a essa tinica es- pécie de atributo, Epicuro permitiu-se uma inclinagio que é na- tural a todos os homens, mas que os fildsofos especialmente ten- dem a cultivar com particular Predilegao como o grande modo de ostentar seu engenho: a propensiio a explicar todos os fen6- menos a partir do menor niimero possivel de princfpios. (SMITH, 1790, p. 299) Ironicamente, essa “particular Predilecao” viria a ser atri- ' buida ao proprio Smith Por seus exaltados admiradores ao fazé- i lo “guru” do auto-interesse (contrariando o que ele realmente afirmou).?> A atitude de Smith com reg ‘Peito ao “amor-préprio” tem algo em comum com a de Edgeworth, para quem 0 “célculo econdémico”, contrariamente 4 avaliagiio ética, era particular- mente relevante para duas atividades especificas: “guerra € contratos”,2* imples empenho © grande redentor, ¢ Smith nao atti- buiu um Papel geralmente Superior & busca do auto-interesse (25) Discorri sobre a natureza dessa inlerpretacdo errénea em um atti- 80 inttulado “Adam Smith's prudence”. gna (1986). Ver também wiNcl (1978) © BRENNAN & LoMAsKy (1986). Sobre t6picos afins, ver HOLLANDER (1973), RAPHAEL (1985), SKINNER & WILSON (1975), ROSENBERG (1984). . (26) EbcwortH (1881, p.52). Como bom utilitarista; Edgeworth rele @penas ao utilitarismo como uma possivel abordagem ética, mas seu Contraste geral entre ulos éticos é bem claro, Ver também COLLARD (1975), Mee re-se auto-interesse e efile, &m nei y nhuma di iMteressado fe Suas obras. A defesa do comportamento auto- Become eae on commextos especiticos; particularmente Tsttigdes a ee barreiras burocriticas da época € a outras ClO e atrapath sees Ccondmicas que dificultavam o comér- a Palhavam a produgio.” Qa foi eh €specifica em que a andlise econdmica smithia- 6ada ann ane mal interpretada com graves conseqiiéncias Papel do ene questo relaciona-se apenas indiretamente 20 pau freqiieneig do lucro, Smith de fato afirmou que, embora fome em eee culpem os comerciantes por causar 0s SUITOS ®Pidémica decome, eles na realidade nfo os causam, e a fome Se2” (Suarry ty do que Smith denominou “uma real esca ING%0 do eo 776, p. 526). Smith opunha-se supressao ou Fe- a ajud. Mércio, Ma a ; Ptblica agg S isso ndo significa que ele desaprovava Mith nao a S Pobres. De fato, ao contrario de Malthus, SeVeridade e ie as Leis dos Pobres, embora as criticasse pela Bras Testitivas, a Natureza contraproducente de algumas das re- 7 pee os afetavam os beneficiarios (pp. 152-4). ! MU sobre a An iqueza das nagées, Smith realmente dis- Vendo ne Possibilidade de um processo economico envol- nismo de mereado gerar surtos de fome coletive 2) smi mui Mith ress. itas Ssaltou com toda a contemporinea de ci © suas a clareza a naturez: Cientifien tS CONSideracdes. De f. 5 ap fica com 4 po: Tagdes, De fato, ele parece ter tido uma preocupa xto tempo! idade de nao se compreender 0 conte’ “Nota do autor” da terceira digo de A rig *feleencias de Smith ae vamente a esclarecer 0 contexto ee conse Ta foi impressa a0 “atual estado de coisas”: “A primett ‘a e oe etme, na mig eins do ano de 1775 ¢ no principe ee leve-se Rhienic te do livro, sempre que se menciona © atual esta ° oa cidem al ler © estado em que nos encontravamos, S¢}* nage esta ter ava de eserevet |] Em todos condigdes Vi (na edigae jez pe Peviodo anterior em que eu me 0 Bentes nS 0 atual so, contudo, fiz varios acrése i ©0 ano d estado de coisas refere-se sempre as CT Mpbell & gy, 1° 1783 € 0 inicio do presente ano de 1784 inner, srr, 1776, p. 8). 41 SF sem que eles decorressem de uma “verdadeira escassez” pro- vocada por um declinio na produgao de alimentos propriamen- te dita.™ Mas seria diferente em um nutengao de trabalh: te. A cad; das. Pais onde os fundos destinados 4 ma- adores estivessem declinando sensivelmen- la ano a demanda Por servidores e trabalh: as diversas classes de Ocupagdes, seria menor que a do ano anterior, Muitos dos nascidos nas Classes superiores, incapazes de encontrar emprego na prépria atividade, de bom grado o bus- cariam nas inferiores, Na classe inferior, nao $6 com um exce- dente de seus Préprios trabalhadores mas com ‘obras de to- das as demais lasses, tal seria a competiczio por emprego que se reduziriam os ganhos do trabalho & mais miseravel e parca subsisténcia do trabalhador. Muitos Nao Conseguiriam encontrar emprego sequer nessas condigé implacdveis, morrendo de fome ou sendo levados a subsistir com e€smolas ou perpetrando grandes atrocidades, Necess idade, fome e mortandade prevale- ceriam imediatamente nessa cl; ‘Asse e dali se estenderiam a todas as classes superiores, (smitH, 1776, Pp. 90-1) adores, em to- Nesta anilise, as pessoas ‘40 levadas & pentiria e a fome Por um processo sobre o qual elas tém Pouco controle, Embo- ta freqiientemente og administradores do Império citassem Smith quando justificavam sua Tecusa a intervir na fome coletiva eM lugares diversos ¢ , India e China, nada in Mnith certamente se opusesse A supres- (28) As complenasidsias de Smith sobre as causas das fomes coletivas foram examinadas M SEN (1986a), (*) O emprego ( Por Amartya Sen do termo entitlemei Por “direitos”, tem, com, nts, aqui traduzido © Varios outros termos usados Por esse autor, um SIE" nificado especttico e vine Samento de Sen como um todo. Nest? caso, entitlement refere-se “capacidade de uma Pessoa para dispor de all: mentos segundo os meios eguis encontrado Sociedade, incluindo 0 US? de possibilidades de produggo, Sportunidades de troca, direito a beneficios 42 Sd0 do comérej : KOR iene © fato de ele indicar 0 desemprego e 0s bai- de possiveis ee s da fome sugere uma variedade PCA ae public s em resposta ao problema.” com respeito a a errénea da postura complexa de Smith andlise ética dos 2 sae € aos mercados e 0 descaso por sua quanto a econe s en| Haentos e do comportamento refletem bem mia se distanciou da ética com o desenvolvi- Pagos pelo Estado ¢ 19815 do é 5 . a, cap. 5. (Np outros métodos de aqui de alimentos”. Ver SEN, (29) Podemos 1 cient ay en a impossibilidade de uma pessoa obter alimen- ! (Por exemplo, decor se a “insuficiéncia de poder aquisitivo” [pull failu- Clinio do salitio realy on ny de uma queda na renda por desemprego ou de- exemplo, os comen Yeu a “insuficiéncia de resposta” [response failure] (por ndo seja adequada antes manipulam 0 mercado de modo que a demanda trolan do 0 meta ine suprida e eles consigam auferir grandes lucros con- Contestou Z ei claro, pela andlise smithiana da fome, que ele nao Slencia de poder at eae ed a fome em massa ser gerada por uma “insufi- ineuicencin de YO} mas ele por certo reeitou a plausibilidade da Mensagem “smithia pe Assim, pode-se argumentar que a verdadeira {n2ezo, mas acer ~~ Com respeito s politicas de combate A fome nfo 6 a e a geracio de ee ~ direitos [entitlements] de grupos vitimados median- lemanda resultant : Suplementar, deixando a cargo do mercado responder & Sem essas, Bera eS rendas geradas dos grupos que teriam sido vitimados bates sobre ag Tnahits Essa andlise tem influenciado acentuadamente os de- politcas Tials-crient de politica social do presente e aponta em diregao a pea atten - tadas para a produgio (niio apenas de alimentos mas tan simples aUxilio ay na Poderiam: ser trocados por alimentos), em vez do Uxilio direto en: di inheiro ou géneros aos necessitados. No que tange a0 Vantajoso ee inheiro ou géneros no curto prazo, essa andlise indica ser ss norm; onde os necessi- oferta di ‘ar mais énfa = mere oe ao auxilio em dinheiro no loc rabalha asi = abalham e residem, em combinagiio com um aumento le aliment 0s = s NO mercado, em vez de o Estado tentar resolver 0 pro- para campos de deméritos ema logs ico de CO de levar tanto as vitimas como os alimentos No julgamento dos méritos © cada, Examined ocial, a andli e de Smith permanece im- ‘ilise econdmica minei essas opgdes de politica social (¢ @ releviin- a de Smith para os debates do presente) em SEN 43 VS mento da economia moderna. Smith de fato deixou contribui- g6es pioneiras ao analisar a natureza das trocas mutuamente vantajosas e 0 valor da divisio do trabalho e, como essas con- tribuigdes sao perfeitamente Condizentes com 0 comportamen- to humano sem bonomia e sem ética, as referéncias a essas par- tes da obra de Smith tém sido profusas e exuberantes. Outras partes dos escritos de Smith sobre economia e sociedade, que contém observagées sobre a miséria, a necessidade de simpatia © 0 papel das consideracées éticas no comportamento humano, particularmente 0 uso de normas de conduta, foram relegadas um relativo esquecimento a medida que essas proprias cons!- deragées cafram em desuso na economia, O apoio que os crentes e defensores do comportamento auto-interessado buscaram em Adam Smith é na verdade diff- cil de encontrar quando se faz uma leitura mais ampla e menos tendenciosa da obra smithiana. Na verdade, 0 professor de fi- fia moral e economista Pioneiro nao teve uma vida de im- Sstonante esquizofrenia, De fato, € precisamente o estreita~ mento, na economia moderna, da ampla visio smithiana dos Seres humanos que pode ser apontado como uma das principals deficiéncias da teoria econdmica Contemporanea. Esse emp~ brecimento relaciona-se de Perto com o distanciamento entre economia e ética. No terceiro capitulo discorrerei mais profun- damente sobre essa questao. ‘ (Outra conseqiiéncia Brave desse distanciamento é a diml- nuigdo do alcance e relevancia da propria economia do bem-eS" tard Esse € 0 tema do Segundo capitulo, 44 2 JUIZOS ECONOMICOS E FILOSOFIA MORAL moder si da conomia do bem-estar na = eae 8 nag me Sido muito precéria! Na aaa ee do be “tstiam fronteiras detinidas entre a andlise oan M-estar ¢ Outros tipos de investigagao eo dics &M eg, H Qe aumentou a desconfianga averen dg ete ae 2p womia, a conomia do bem-estar foi se afigural iene tigen Att Ha. Confinaram-na em um al eg nel como €Xiguo, Separada do restante da economia. ee dey mundo ©Xterior tem ocorrido principalmente ae : 8Cionamento de mao tinica, no qual se permite pe Tomia do pot C¢MOMia preditiva influenciem a ae ots Mia do M-estar, mas nao se permite aque a8 . aan pois s¢ Consider, estar influenciem a economia pre ee i Wointers © # A¢40 humana real tem por base A ation de ea, Sem impacto algum de considerago Dot aii Plo, ide, Provenientes da economia do oS ye Tiais tat Hore a Tesposta dos trabalhadores a See a bre, digg oduzidas na andlise da SEE ea Admite gue? Politica salarial ou tributagdio étima, Be mento q. “AS da economia do bem-estar asi * prsprio Problem, ce trabalhadores e, com isso, ance cana “SPEcie ge Bi centivo, A economia do Demmest me ali as Oisas D = “quivalente €condmico do “buraco ne “mM entrar, mas de 14 nada pode escapar. era 45 WY - COMPARACOES INTERPESSOAIS DE UTILIDADE As proposigées tfpicas da moderna economia do bem-es- tar dependem de combinar comportamento auto-interessado, de um lado, e julgar a tealizacao social segundo algum critério fundamentado na utilidade, de outro. De fato, 0 critério tradicio- nal da economia do bem-estar era o critério utilitarista simples, julgando 0 éxito Segundo a magnitude da soma total de utilida- de criada — nada mais Sendo considerado possuidor de valor intrinseco, Na medida em que a anilise ética é levada adiante, nao se pode fazer muito com uma interpretacdo tao restritiva, mas aquele lado da histéria tornou-se ainda mais restrito quan- do as comparag6es interpessoais de utilidade passaram a set criticadas na década de 1930 Por Lionel Ropins (1935, 1938): Por motivos que nao esto totalmente claros, as compara interpessoais de utilidade foram entio diagnosticadas COs mo “normativas” ou “€ticas”.! Obviamente, € possivel afirmar que comparagdes interpessoais de utilidade nao fazem st &, de fato, so totalmente sem sentido — uma posigao que ju A g0 dificil defender? mas certamente nao tenho dificuldade pat GO Tene [.] Ela contém um elemento d& V" ‘ncialmente normativa” (pp. 138-9)- em na tealidade estava mais preocupado po- due comparagdes interpessoais nO PE Camente” do que em defender a assergaio pee a que essas comparagdes so “normativas” oy “Gticas”, Sobre a natureza com Comparagdes “normativas” de utiidade (orm especial sua dependéncia © ; myer SE relag&o a alguma especifica “norma” ou concepgiio do “bem”), (1982a, ensaios 12 e 19). (2) Sobre essa questo, ver Ha\ (1957), suppes (1966, 1969), VAN pra, lorago convencional. Portanto, & tretanto, pode-se dizer que Robbii estabelecer a Proposig&o negativa dem ser feitas “cientifi tL RSANYI (1955), GRAAFF (1957)> 10 D, 8G (1968, 1971, 1978), JEFFREY ( 46 Compreender, Se essa posicao fosse aceita, a afirmagio de que 4 Pessoa A é mais feliz do que a pessoa B seria nonsense — fanto em termos éticos como descritivos. Creio que seja um re- Flexo do modo como a ética tende a ser vista pelos economis- Ea © fato de afirmagdes suspeitas de ser “sem sentido” ou nonsense” serem prontamente tachadas de “éticas”. A concep- So Singularmente estreita de “sentido” defendida pelos positi- Vistas 16gicos — suficiente para causar desordem na propria fi- losofia — acarretou 0 caos total na economia do bem-estar Wando foi suplementada por algumas confusdes domésticas adicionais Prodigamente fornecidas pelos proprios economis- tas. Os filésofos positivistas podem ter se equivocado ao con- Siderar sem sentido todas as proposigdes éticas, mas nem mes- Mo eles haviam sugerido que todas as proposigdes sem sentido Cram €ticas! OTIMALIDADE DE PARETO E EFICIENCIA ECONOMICA Seja como for, com 0 desenvolvimento da tendéncia anti- quando as comparagées interpessoais de utilidade passaram Ser evitadas na economia do bem-estar, 0 critério sobrevivente 1 a otimalidade de Pareto(Considera-se que um determinado €stado social atingiu um Gtimo de Pareto se e somente se for ™Possivel aumentar a utilidade de uma pessoa sem reduzir a “ullidade de alguma outra pessoa, Esse é um tipo muito limita- do de éxito ©, em si mesmo, pode nio garantir grande coisa. &tica, a VAN Praag & ¢ C WN PRAAG & KAPTEYN (1973), HAMMOND (1977), NG (1979), SEN (1979C), HARE (1981), GrizFIN (1982), suzumuRA (1983), KANEKO (1984), NOZICK (1985), pavinson (1986), cipaao (1986). A comparabilidade interpessoal pao Preeisa assumir uma forma de “tudo on nada”. Vérias estruturas e inte- prcta6es de comparabilidade interpessoal parcial podem ser encontradas em SEN (19702, 1970b), nuackorBy (1975), INE (1975a), BASU (1979), BEZEM- PNDER & VAN ackER (1986). Ver também LEVI (1974) sobre 0 problema com- Paravel das “probabilidades indeterminadas” 47 Um estado pode estar no étimo de Pareto havendo algumas pessoas na miséria extrema e outras nadando em luxo, desde que os miserdyeis nao Possam melhorar suas condigées sem fee duzir 0 luxo dos ricos.' A otimalidade de Pareto, como “o espt- Tito de César”, pode “vir quente do inferno”. 4 A otimalidade de Pareto as vezes também é denominada (3) Entretanto, temos observado em anos recentes um consideriivel = Vivescimento do interesse Por quest6es distributivas relacionadas & andlise normativa da desigualdade; yer especialmente ATKINSON (1970, 1975, 1983)- Ver também FisHEr (1956), AIGNER & HEINS (1967), THEI, (1967), KOLM (1969, 1976), penrze1, (1970), NEWBWRY (1970), TINBERGEN (1970), PEN (1971), SHESHINSKt (1972), DASGUPTA, SEN & STARRET (1973), roriscHILD & StIGLITZ (1973), SEN (1973b, 1976b, 1982a), MuELLBAUER (1974, 1978)» ft BLACKORBY & DONALDSON (1977, 1978, 1984), HamMonD (1976b, 1977 4) 1978), MEADE (1976), MitRAN (1976), Pyart (1976, 1985), BHATTACHARYA . CHATTERIEE (1977), CowRLL, (1977), GRAAFE ( 1977), HANSSON (1977), FIELDS & ret (1978), KERN (1978), ARCHIBALD & DONALDSON (1979), BOURGUIGNON (1979), purta ( 1980), DEATON & MUELLBAUER (1980), KAKWANI er 1981, 1986), Roberts (1980c), sHorrocks (1980, 1983, 1984), NYGARD , SANDSTROM (1981), ATKINSON & BOURGUIGNON ( 1982), BRODER & MORRIS i (1982), MOOKHERIEE & SHORROCKS (1982), osMANI (1982), ANAND (1983) 1 | HICHORN & GEHRIG (1983), JORGENSON & SLESNICK (1984a, b), LE GRAND (1984), EBERT ( 1985), La BRETON, TRANNOY & URIARTE (1985), SHORROCKS f FOSTER (1985), FOSTER (1986), KaNBUR & STROMBERG (1986), MAASOUM! | (1986), TesaktN (1986), entre outras Contibuigdes. Hg também obras afins $ ‘ bre a mensuragao da pobreza, atentand especialmente para a avaliagae ails desigualdade que, inter alia, faz Parte dessa mensuragiio; ver SEN cg7 ca i] 198, 19822), ANAND (197, 1983), taynog (1977), anowata (1978) PUTTS (1978), HAMADA & TAKAYAMA (1978), TAKAYAMA (1979), THON (1979), BLAC ic ORBY & DONALDSON (1980), FIELDS (1980), KAKWANI (1980a, b, 1986), CLA®! a HEMMING & ULPH (1981), SRINIVASAN (1981), sTREETEN (19814), ose (1982), KUNDU & SMITH (1983), FOSTER, GREER & ‘THORBECKE (6 CHAKRAVARTY (1983a, b), FOSTER (1984), Lipron (1985), BIGMAN ag DONALDSON & WEYMAR| pIDE * (1986), JORGENSON & suEsnicK (1980) 5! (1986), entre outros, “sats (°) “Caesar's spirit [.J come hot from hell”, Shakespeare, Jiilio Cé ato Il, cena 1, linha 270: : tim * Sen esta aludindo ao potencial devastador da 0 at e de Pareto, como 0 do espirito de Jilio Césa de ; ar, que, no discurso de 1) Co Antonio, haveria de retornar 4o inferno e tumultuar toda a Itdlia. (N- i lllllrllrlrlrlrlrlr=EEnD$N'$’'—_—#=@_ sesesuspwn9R' “/>?;/} “eficigneia econémica”, Essa (xpressio 6 apropriada de um Ponto de vista, pois a otimalidade de Pareto concerne exclusi- Vamente & eficiéncia no espaco das utilidades, deixando de la- © a8 consideracdes distributivas relativas 2 uti ade) Porém, £m outro aspecto é inadequada, uma vez que todo o enfoque da anilise neste caso continua sendo a utilidade, e esse 6 um lega- do da tradigdo utilitarista anterior. Obviamente, ¢ possivel intro- Uzir outras consideracées na avaliacio do éxito das pessoas e, Portanto, da sociedade (ver, por exemplo, RAWLS, 1971, 1980, 1982). a Otimalidade de Pareto capta os aspectos da eficiéncia #Penas do célculo baseado na utilidade. Precisarei retomar em neve esta questiio, mas por ora eu gostaria de prosseguir com ‘histéria do estreitamento da economia do bem-estar.* No diminuto compartimento em que a economia do bem- estar ficou confinada, com a otimalidade de Pareto como 0 tini- £0 critério de julgamento € 0 comportamento auto-interessado (4) Um modo de ampliar a economia paretiana do bem-estar sem intro- Comparagées interpessoais é mediante o uso de um “teste de compen- N10”. Id se aventou que a possibilidade de os ganhadores mais do que com ae 6s perdedores pode ser vista como uma melhora social (ver KALDOR, ' € HICKS, 1939), Esses critérios de melhora social geram inconsisténcias (sobre este Aspecto, ver scrrovsKi, 1941, SAMUELSON, 1950, GORMAN, 1955). 3S esse € apenas um dos problemas dos critérios de compensagio. Outro Problema — que se poderia afirmar ser mais basico — relaciona-se & ques- ‘80 de por que a mera possibilidade de compensar os perdedores deveria ser Aleduada para estabelecer uma melhora social mesmo se a compensaio no fort de fato paga. Entre os perdedores poderiam incluir-se as pessoas me- * Tavorecidas e mais miseriiveis da sociedade, ¢ nao é nenhum consolo para cles Ouvir que & possivel compen: plenamente, mas (“Deus do céu! ) "io ha nenhum plano para fazé-lo. Se, por outro lado, os perdedores forem éfetivamente compensados, o resultado geral — apss a compensagio — ¢ ca’ melhora paretiana, portanto nao hé necessidade do teste de compens S40 como suplemento do principio de Pareto. Assim, 0s critérios de compen- Sacto ou ndo sao convincentes ou sao supérfluos. O principio de Pareto no Pode ser amptiado para abranger juizos sobre distribuigdio sem que realmen- ‘Se fagam juizos distributivos comparativos interpessoais (sobre este asp ‘©. Yer LITTLE, 1957, puistes, 1973, MEADE, 1976, NG, 1979) 49 como a tinica base da escolha econémica, 0 campo para dizer algo interessante em economia do bem-estar tornou-se reduzi- dissimo.’ Uma importante Proposi © chamado “Teorema Fundament tar”, que relaciona os resultados do equilfbrio de mercado e concorréncia perfeita com a otim; alidade de Pareto. Esse teore- ma mostra que, em determinadas condigdes (especialmente au- séncia de “externalidades”, isto 6, de interdependéncias que Se- Jam externas ao mercado), cada equilibrio perfeitamente Cori petitivo é um 6timo de Pareto e, com algumas outras condigdes (especialmente auséncia de economias de grande escala), cada estado social Pareto-6timo € também um equilibrio perfeita- i mente competitivo em telacio a algum conjunto de pregos @ ‘ para alguma distribuigdo inicial das dotagdes das pessoas). Esse é um resultado notavelmente elegante, que também pet mite discernir profundamente a natureza do funcionamento 40 Mecanismo de pregos, explicando a natureza mutuamente val C40 nesse territdrio exiguo € al da Economia do Bem-Es- (5) 0 “teorema da im pane modo dramatico, a tensio Tuso do uso de eomparagoes ime Pessoais de utilidade, ao Agtegarem-se preferéncias individuais em escoll ae Fide tes © Completa satisfazendo algumas condigdes brane oubilidade. Seguindo-se ao pioneiro teorema de Arrow encontramos U i vasta literatura que discute a Significdneia do resultado de Arrow, baa 4 modos de sait da impossibilidade, estendendo-a e investigando questo afins. Sobre a natureza dos varios problemas Pertinentes, ver HANSON ( so76). SEN (1980a, 1986e), PATTANAIK (1971, 1978), risupuRN (1973), Brown ( LAK PLOTT (1976), GortincER & LEINFELLNER ( 1978), KeLty (1978), POH (1979), BLAIR & PoLLAcK (i yuLIN 983), CHICHILNISKY & HEAL (1983), wed (1983), PATTANAIK & SALLES (1983), SUZUMURA (1983), DUMMETT ( yl PFLEG (1984), nURLEY (1985b), wtp an IZAN & PAROUSH (1985), BL LAND (1986), scHwarrz ( 1986), entre outros, pen (6) Ner aktow (19516), DEBREU (1959) e exe ( 1959), Ver tam ada MAaNvauD (196) Uma excelente exposigig sen pode ser encontti ARROW & HAHN (1971), Para ¢, $, 5 afins | OMProvacao desse resultado e de outro: ywaY em varias vertentes da economia do bem-estar, ver no (1979) ¢ BOAD\ BRUCE (1984), i e—=—rclc llrrrlclcelLlLllLlLUCUClmS tajosa da troca, produgiio e consumo regidos pelo auto-interes- Se. Um aspecto significativo das relagdes econdmicas via me- Canismo de mercado foi esclarecido por esse resultado e outros afins, Apesar de sua importincia geral, 0 contetido ético desse Fesultado da economia do bem-estar é bem modesto. O critério da otimalidade de Pareto é um modo extremamente limitado de avaliar a realizagdo social, e assim a parte do resultado que afir- ma que um equilibrio perfeitamente competitivo, nas condigGes ©Specificadas, deve ser um 6timo de Pareto é correspondente- Mente limitada. A proposi¢aio inversa, ou seja, de que todo es- tado Social definido como 6timo de Pareto é um equilibrio per- feitamente competitivo para uma dada distribuigao inicial de dotagdes, € mais atrativa, pois se considerou razodvel supor ue o melhor de todos os estados teria de ser no minimo Pareto- Otimo, de modo que também o melhor dos estados seria obte- nivel por meio do mecanismo competitivo. Varios procedimen- fos para suplementar 0 principio de Pareto mediante avaliagdes de distribuigaio foram considerados (ver, por exemplo, FISHER, 1956; LITTLE, 1957; FISHER & ROTHENBERG, 1961; KOLM, 1969; PHELPS, 1973, 1977; MEADE, 1976; SEN, 1976b, 1979c; HAM- MOND, 1978; NG, 1979; ROBERTS, 1980b; ATKINSON & BOUR- SUIGNon, 1982; OSMANI, 1982; ATKINSON, 1983; JORGENSON & SLESNICK, 1984a, 1984b; YAARI & BAR-HILLEL, 1984; MAASOU- MI, 1986), (7) Uma abordagem interessante e importante da suplementagiio da oti- Imalidade de Pareto mediante jufzos distributivos emprega 0 critério de “eqiii- dade” fairness}, no qual se requer que ninguém inveje o pacote de bens que Outra pessoa desfruta. Hé uma vasta literatura que emprega essa abordagem (Ver Fou , 1967; scHME! & VIND, 1972; FELDMAN & KIRMAN, 1974; PAZNER & SCHMEIDLER, 1974; VARIAN, 1974, 1975; SVENSSON, 1977, 1985; FELDMAN, 1980; suzumuRa, 1983, entre outras contribuigdes). Cabe notar {Ue a auséncia de inveja pode coexistir com grandes desigualdades de bem Estar, uma vez que as comparagées siio “circunstanciais” [situational], ¢ nao abrangentes” [comprehensive], pois as variagdes interpessoais das fungdes ae sultado Contudo, parte da dificuldade! para aplicar esse a 4 agao ptiblica origina-se do fato de as murat ae =e para calcular a distribuigao inicial nece: ria de fi re podem Tem rigorosas e muito dificeis de obter, e os indivi fu vvanism0 nao ter incentivo para reveld-las. Embora 0 préprio met acne de mercado competitivo assegure uma economia ge iisribi g6es no que concerne aos agentes individuais (dada a rages ii ¢40 inicial), os requisitos de informagdes para as ects obtidos blicas relativas as Propriedades iniciais nado podem a 2? com facilidade por meio de nenhum mecanismo simples. Ao as fun- de bem-estar niio so levadas em consider ago. Se Wi(x) © W:0%) a aa > Goes de bem-estar respectivamente das pessoas | ¢ 2, e Wil ) aie one W200) > We (x), quando x: e flo os pacotes de bens respect et pessoa fruidos pelas pessoas | ¢ © € a pessoa I que inveja 0 pao oa 2 que 2, enquanto a pessoa 2 n ente inveja, muito embora seja a pess' )> 4 claramente pior em termos de bem-estar. Adem: Wie) > Wan) > Walxn), entio mente satisfeita para mente pior do que a temente associados el se tivermos eae 8 condigio de auséneia de inveja ser 10 ambos os lados, muito embora a pessoa 2 ore” Pessoa 1. Como os inforttinios econdmicos S40 mar’ 4 Variagées nas fungdes de bem-estar devido o vargetl » doenga, idade, discriminagao social etc., hd muita ? io de eqiiidade, : as supe natureza rigorosa das seit tenha validade, como por erate eo arth D Jon fareza em anos recentes Pe nte € Fe ; ambie' consideragdes sobre o meio ambi & HEALY » 1971; MALER, 1974; pascuPTA 1979; bascupra, 1982a), (9) Recentemente, o « ar” foi ampliado para Para 0s quais 0 consui exemplo, 0 uso de u “4, os bens seja, OS abranger também os bens ptiblicos, ou seja» yor ‘tra (P imo de uma pessoa ndo reduz o consumo de PL arrONT m Parque piiblico nao lotado); ver GREEN & w (1979) ‘SGUPTA, HAMMOND & MASK! jasse 4° ‘ ssa C) 52 Dado 0 comportamento auto-interessado, 0 mecanismo de Mercado fornece bons incentivos para cada agente escolher “Propriadamente, dadas as suas dotagdes iniciais, porém neo €xiste um mecanismo compardvel pelo qual as pessoas t¢m In- “entivo para revelar as informag&es com base nas quais a esco- "4 entre estados Pareto-Gtimos pudesse ser feita e a distribui- Sao inicial apropriada pudesse ser fixada. Os mecanismos usuais de alocacdo de recursos descentralizados também nao tém uti- lidade na obtengao das informagées de base, pois atuam funda- Mentados no “trabalho de equipe” por parte dos diferentes agentes envolvidos, enquanto as decisdes distributivas encer- “un conflitos entre um agente e outro. Assim, pouco se pode avangar em termos de acdo efetiva com base na segunda parte © “teorema fundamental”, ; 7 Existe ainda o problema de que, mesmo se essas informa- SEs estivessem disponfveis, a segunda parte do “teorema fun- ‘amental” Seria usada apenas se fosse politicamente pos: vel Tedistribuir recursos entre as pessoas de qualquer maneira que fosse €xigida por consideragées de otimalidade social. Mesmo Se as requeridas transferéncias agregadas [/ump-sum transfers] fossem identificaveis e também economicamente exeqiifveis, as estdes de viabilidade politica podem ser, obviamente, de ex- tema importincia ao lidar com questdes tao fundamentals “Manto mudangas radicais de propriedade. Muito embora a n- Yocacéio da segunda parte do “teorema fundamental” possa com *eqtiéncia provir de fontes acentuadamente conservadoras que “fendem 0 mecanismo de mercado, tal resultado pode ter ut lidade teal apenas como parte de algum “manual revoluciona- Tio”, transformando a propriedade dos meios de produgao antes © deixar que © mercado faca 0 resto [Nao sendo possivels re- TZ, i‘ : - eee a escolha da distribuigdo inicial apropriada de dotagoes- Se ade Ses afins, ver GiBBARD (1973), SATTERTHWAITE (1975), PATTANATC 5 SCHMEID, (1984), ELEG ER & SONNENSCHEIN (1978), LAFFONT (1979), MOULIN (1983), PE 53 sbnick isa ‘ Hewiimen tit ire- distribuig6es radicais de propriedade, os movimentos em ni co a otimalidade social global exigiriam mecanismos mistos de um tipo nao abrangido pelo “teorema fundamental”. UTILIDADE, OTIMALIDADE DE PARETO E “WELFARISMO” HA outro aspecto no qual 0 significado do “teorema fun- damental” requer esclarecimento. A idéia de que a otimalidade Social global precisa inter alia requerer a otimalidade de Pare- to baseia-se na concepgao de que, se uma mudanga for vanta- Josa para cada pessoa, tem de ser uma mud: anga proveitosa para a sociedade. Es ‘a Concepgao deve ser correta em certo seont mas identificar vantagem com utilidade nada tem de Sbvi0. Se, em contraste, fosse aceita alguma interpretagio de vio gem que no a da utilidade, entao a otimalidade de Pareto — definida, como ela é, em termos de utilidades individuais — P™ deria seu status de ser até mesmo uma condigio necessarid, S¢ nao suficiente, para a otimalidade social global. A imensa importincia da otimalidade de Pareto na ecO"” mia do bem-estar, como JA foi discutido, relaciona-se este mente com a posicio Consagrada do utilitarismo na econo do bem-estar tradicional (antes de ter sido questionada @ poe bilidade das comparacées interpessoais de utilidade), S¢ ir sem postas de lado as Comparagées interpessoais de utlida mas ainda assim a utilidade fosse considerada a tinica cols ft valor intrinseco, a otimalidade de Pareto seria o critério sobre vivente natural, pois leva o mais longe possivel a I6gica utile rista sem realmente fazer Comparag6es interpessoais de utili De fato, pode-se demonstrar facilmente que 0 critério utilitare quando combinado a utilidades inteiramente nao comparsver produziraé uma ordenacao parcial [partial ordering] de r anki eae A sarc Sociais [social rankings] inequivocos, e essa ordenagao P™* 54 a es ido pelo crité- Coincidira exatamente com o ranking social obtido p tio de Pareto,” . ser considerado O utilitarismo como principio miorlipar ae “ma combinagdo de trés requisitos mais elementares: ; jade de |. “welfarismo” [welfarism], requerendo que 2 Edi um estado de coisas seja fungao apenas das informag utilidade relativas a esse estado. : rendo que as in- 2. “ranking pela soma” [sum-ranking], Seas sejam ava- formagdes sobre utilidade relativas a qualquer oatas = utilidades liadas considerando apenas 0 somatério de todas as desse estado, " ere! ue 3. Mconsbabri th 0” [consequentialism), en toda escolha — de agées, instituigdes, es aie as Seja em tiltima andlise determinada pela bondade dos es Coisas decorrentes. x cap- Pode-se considerar que, sozinho, o ent de ee 'a.um aspecto especifico do “welfarismo”: um ran aa 0 ran- Me das utilidades individuais tem de ser See nas ing social global dos respectivos estados."' Na re: trapola 0 Politicas econémicas 0 uso do critério de Poe eee pois “Welfarismo” ¢ abrange também 0 “conseqien ce etc. §: Se requer que todas as escolhas de agoes, Sot eee lisfacam a Otimalidade de Pareto e, portanto, 0 : wa Lar ém inequivoca- “lalismo” € exigido de um modo implicito, poré Mente, 970a) igdes © oul fi contradas em SEN (10) Essas proposigées e outras afins podem : iv aa (isa lo 7. Ver também BLACKORBY & DONALDS‘ 977) e WITTMA! (1984), bel “welfarismo” do principio (11) De fato, pode-se efetivamente derivar 0 “welfarismo” do p' de Par Teg ; inio ir- iedio de independéncia e domini eto e de uma combinagiio da condigio de indepe inter sem comparagde’ ito de Arrow, aplicada a uma estrutura com oS aD & GEVERS, Tenis de utiidade (ver Gutta, 1972; BLAU, 1976: 1979a; GEVERS, 1979; 1977; Descuamps & Gt 1978; sen, 1977, , RoBERTs, 1980a; D’ asprEMoNr, 1985). S. 55 «dade Deixarei de lado por ora a questo do status da ae de Pareto para tratar de alguns aspectos gerais Oa io aceitabilidade do “welfarismo”.!? “Welfarismo” é Sea ra de que as tinicas coisas de valor intrinseco para 7 ian Te & a avaliacao dos estados sao as utilidades individuais. BEM-ESTAR E CONDICAO DE AGENTE yer 0 E util distinguir entre duas criticas que se podem ee “welfarismo” e especialmente a pratica de considerar a ut aa de a tnica fonte de valor, Primeiro, pode-se argumentar 4! aa utilidade, na melhor das hipdteses, é um reflexo do beak [well-being] de uma Pessoa, mas 0 éxito da pessoa nao Pa ser julgado exclusivamente em termos de seu bem-estar (0 73a, * (12) Sobre esse tema, ver também SEN (1970a, 1979b), aes oa 1981), Scanton (1975, 1983), Broom (1978), pworKIN (1978, 198). (1983, 1985), parrrr ( 1984), GAUTHTER ( 1986), entre outras exttic 7 dos (ver (13) Obviamente, Podem-se definir as utilidades de muitos ae 1973: RAMSEY, 1931; PIGOU, 1952; HaRSANYI, 1955: 30SLING, 1969; Se Ge HARE, 1981; GRIFFIN, 1982, 1986; HAMMOND, 1982; MIRRLEES, eat ak za da perspectiva utilitarista relaciona-se a essa versatilidade. Entre jos fe a ido tentad! guns defensores do célculo baseado na utilidade parecem ter sido redefinir 0 termo “ seje" way de modo a abranger qualquer cosa que Were mos valorizar. Como defesa do céleulo ético baseado na utilidade rempres™ toldgico e pouco acrescenta ao debate. Porém, “utilidade” pode ser & do como um ten em-estal MO mais curto € menos preciso para designar 0 oe gai vell-being} sem grand da felicidade ou a satis E nes © Comprometimento especificamente com fa 1982): ‘agdio de desejos (ver, por exemplo, AMM vag “ que o termo tem sido empregado em sruura & ‘as de varias regras baseadas no bem-estar em uma “ yor exe” “funcionais de bem-estar social” [social welfare functionals| (vets a Plo, SEN, 1970a, 1977; 1tAMMoND, 1976a; stRasnick, 1976; ARR wn, 1978: D'ASPREMONT & GEVERS, 1977; DESCHAMPS & GEVERS, 1978; MASKIN |g GEVERS, LDsO! 1979; ROBERTS, 1980a; MYERSON, 1983; BLACKORBY, DONA! WEYMARK, 1984; D’ASPREMONT, 1985), forma genéri 56 MO se 0 &xito social for julgado inteiramente segundo os éxitos Individuais componentes). Uma pessoa pode dar valor a pro- Moco de determinadas causas e a ocorréncia de certos eventos Mesmo que a importincia atribuida a esses fatos nfo se relacio- ne com uma melhora em seu proprio bem-estar. Segundo, Pode-se contestar a idéia de que a utilidade e nao alguma outra “ondicéio é 0 que melhor representa 0 bem-estar pessoal. Tra- larei a seguir da primeira dessas criticas. _ Procurei demonstrar em outro trabalho (SEN, 1985a) que “xiste uma “dualidade”. essencial e irredutivel na concepcao de ma pessoa no céllculo ético. Podemos ver a pessoa em termos © sua condicao de agente [agency], reconhecendo e respeitan- © Sua capacidade para estabelecer objetivos, comprometimen- tos lcommitments}, valores etc., e também podemos ver essa Pessoa em termos de bem-estar [well-being], o que igualmente Tequer atencgdo. Essa dicotomia perde-se em um modelo em que a Motivagdo € baseada apenas no auto-interesse, nO qual a Sondigao de agente da pessoa tem de ser inteiramente voltada Para seu Proprio bem-estar. Mas assim que removemos @ cami- Sa-de-forca do auto-interesse, torna-se possivel reconhecer 0 ato inquestiondvel de que a condigdo de agente de uma pessoa Pode muito bem orientar-se para considerag6es que nao Sao abrangidas — oy pelo menos nao sdo rotalmente abrangidas — Por seu Proprio bem-estar. VALORACAO E VALOR Pode-se indagar se. dar importéncia & condigao de agente de cada Pessoa nao equivaleria a adotar uma concepgao sub- Jetlvista” da ética, ja que tudo o que uma pessoa valoriza e dese- J@ obter pode ter de ser, assim, considerado valioso precisamen= s Porque a pessoa o valoriza. Porém, de fato, a controvertida Questo da objetividade (a esse respeito, ver, entre outras con- a7 VS tribuigdes, SCANLON, 1975; MACKIE, 1978; NAGEL, 1980, 7 MCDOWELL, 1981, 1985; HURLEY, 1985a, 1985b; SEN, y Yr 1986f; wicawns, 1985; WILLIAMS, 1985) niio fica excluida Pp considerar-se importante a condig’o de agente. + impor- Isso acontece Por dois motivos. Primeiro, atribuit aoa tancia ao aspecto da condigiio de agente de cada pessoa ie 1 Plica aceitar tudo o que a pessoa preza como sendo valios ioc incondicionalmente € (2) tio intensamente quanto isso € be a zado pela pessoa. Respeitar 0 aspecto da condig&o de agen! do a dica a adequacao de ir além do bem-estar da pessoa, aes de Suas valoragdes, comprometimentos etc., mas a nec Ht ada avaliar essas valoragées, Comprometimentos etc. nao é aa a pela mera aceitagdio dessa adequagiio. Pode-se dar importan’ lo Condigio de agente (nao 56 instrumentalmente paraa eis bem-estar, mas também intrinsecamente), mas isso ainda e set ©m aberto a questiio de Como essa condigio de agente deo avaliada e aquilatada, Procure’ mostrar em outro trabalho 5500 1985a) que, embora “o uso da condigfio de agente de uma i a seja, em um sentido importante, uma questao a ser julgada Jos propria Pessoa”, “a hecessidade de uma cuidadosa avaliaga0 Objetivos, ASPiracdes, lealdades ete, e da concepcao de! ee Ser importante © rigorosa” ( P. 203). A questiio da chjetiviae ti laciona-se interpretacdo dessa “cuiidadosa avaliacéo” — de Procedimento que se julga ter sido empregado. + otivista Segundo, corre também que uma metavisaio objet lui da ética Pode coexistir Com uma ética substantiva que a 0 Entre os objetos Valiosos a Capacidade da pessoa para ob e 5 que ela de fato valoriza. Obter (ou ser capaz de obter) © a Valoriza nao difere, nesse aspecto, de outras coisas que ee ser valorizada como por exemplo a felicidade, o bem-es" 40 liberdade & assim, pode figurar em uma fungdio de vali objetivista exata Ente como esses outros objetos podem da figurar, A questao da natureza dos objet nail fundamentaedio precisa ser disting teorl? °S que So valorizados, Mesmo uma 58 objetivamente fundamentada pode atribuir um papel importan- fe As coisas a que as pessoas de fato dio valor e a capacidade dessas pessoas para obter essas coisas." CONDICAO DE AGENTE E BEM-ESTAR: DISTINCAO E INTERDEPENDENCIA Reconhecer a disting’o entre o “aspecto da condigao de agente” [agency aspect] ¢ 0 “aspecto do bem-estar” well-being spect] de uma pessoa nao requer que consideremos que 0 éxi- tode uma Pessoa como agente deve ser independente, ou total- Mente separdvel, de seu éxito em termos de bem-estar. Uma Pessoa pode muito bem sentir-se mais feliz e prospera em con- Seqiléncia de ter obtido 0 que desejava obter — talvez para sua familia, sua comunidade, classe, partido, ou alguma out ae Além disso, é bem possivel que o bem-estar da pessoa di- Minua como resultado de frustragio caso ela nao consiga obter © que desejava obter como agente, muito embora essas realiza- S0es nao estejam diretamente relacionadas a seu bem-estar. 0 existe realmente nenhuma base s6lida para requerer que © aspecto da condigao de agente e 0 aspecto do bem-estar de uma Pessoa sejam independentes um do outro e, suponho, 6 possivel até mesmo que cada mudanga em um dos dois venha a afetar 0 Outro também. Contudo, a questio em pauta nao é a plausibili- dade da interdependéncia dos dois aspectos, € sim a sustenta- bilidade ¢ relevancia da distingao. O fato de duas ve jdveis po- derem Ser tio relacionadas que uma nao pode mudar sem a outra nado implica que elas sejam a mesma varidvel ou que terdo os Mesmos valores, ou ainda que o valor de uma possa ser obtido * partir da outra por meio de alguma transformagao simples.) i (14) Examinei essa questo mais a fundo na introdugio da versio em ro de minhas Conferéncias Dewey (¢ outros ensaios), Well-being, agency and freedom, a ser publicada por Blackwell € Columbia University Press. 59 VS A importancia de uma tealizagdo da condigao de agente nao reside inteiramente no aumento de bem-estar que ela pode trazer indiretamente, Por exemplo, se uma pessoa lutar ardua- mente pela independéncia de Seu pais e quando essa independé cia for alcangada a pessoa ficar mais feliz, a principal realiz” $do €a independéncia, da qual a felicidade por essa realizag#0 “ apenas uma conseqiiéneia, Nao 6 anormal ficar feliz com es4 realizagéio, mas ela nao consiste apenas nessa felicidade. Por lanto, € plausivel afirmar que a realizagio da condigao dé agen” 'e lagency achievement} a realizagdo do bem-estar [well-bein’ i achievement), ambas Possuidoras de uma importancia distint@ i! Podem ligar-se de modo causal uma 4 outra, porém ess¢ fen i nao compromete a importincia especifica de cada uma, Name dida em que o calculo “welfarista” baseado na utilidade CO | Centra-se apenas no bem-estar da pessoa,'® deixando de lado © \ ‘Specto da condigao de agente, ou de fato deixa inteirament® “rae ‘ de desejo”. Mas a inte : Para a interpretacao da utilidade como “se tamente a ser ea TPretagko como “escolha” pode prestar-se L, e200 tes Panes aia s —. Tepresentativa do exercicio da condigao fe, a neira como a ed e relacionada a bem-estar. iio €, abelian ‘a ne 18 (por'exei mere Clacdo da utilidade como escolha é vista tradicion é considerate a i Coria da “preferéncia revelada”). De fato, & & moet? | asta alegada eS rtante Na perspectiva utilitarista t visio tar divional¢ eee com 0 bem-estar. Mas, afastando-se ie je 10" na 0 eaeulo t i argumentar que a interpretagiio como eerste do que # eave Utilidade mais associado 4 condigio de aa ialiada com basen Stee” (assim imterpretada) pode, dess OT os apectos da ee mportancia da condigao de agente. Contudo, os vl” 0 de agente requerem uma avaliagio cuidados’ ov" Fee valoracées, a fy 7 » Férmula que considera qualquer escolha um reflex. condigao de de on ai+ agente € patentemente inadequada. csivel oe 40 de agente pode no ser inteiramente PO » ‘1a interpretagao da utilidade como “Felicidade” OU dor” e também ni 6 f es idade como “felici gent? eS ee es, ee de distinguir entre o aspecto da condigio de agente e 0 aspec- '0 do bem-estar, perde-se algo realmente importante. UTILIDADE E BEM-ESTAR A segunda dificuldade do “welfarismo” origina-se da in- ‘erpretagio especifica de bem-estar dada pela utilidade. Julgar o bem-estar de uma pessoa exclusivamente pela métrica da feli- Cidade ou s tisfacdio de desejos tem algumas limitagGes bvias. Essas limitagdes sio particularmente prejudiciais no contexto ““S Comparages interpessoais de bem-estar, pois 0 grau ue fe- ‘cidade reflete o que uma pessoa pode esperar € como o “tra- 10” social se afigura em comparacdo com essa expectativa. Uma Pessoa que teve uma vida de inforttinios, com pouquissimas °Portunidades © quase sem esperanga, pode conformar-se mais facilmente com as privagées do que outras que foram criadas em “cunstancias mais afortunadas e abastadas. A métrica da feli- Cidade pode, portanto, distorcer 0 grau de privacdo, de um Modo espeeffico e tendencioso. O mendigo desesperancado, 0 ‘rabalhador agricola sem-terra, a dona de casa submissa, 0 de- ce at ©M termos da promogio dos objetivos da pessoa e pode requerer um 0 i "MaO que nao seja tio toscamente “maximizador” quanto a representagao tpuética de uma funcio de escolha tem de ser (sobre esse aspecto, ver pr 982b, 1983c, e também a Conferéncia 3). Nao obstante, essa perspectiva Pode servir de base para uma interpretagao diferente do célculo ético funda- Mentado na utilidade. Evidentemente, na medida em que a utilidade repre- Sentara condigzio de agente, néio pode ao mesmo tempo refletir o bem-estar © assim, 6 impossivel pauta ado na utilidade — como flculo be if {Wer que esta seja interpretada — aptar a base dual do bem-estar e da Huis de agente na ética substantiva, A dualidade entre realizagao ¢ liberda- Hn OE™ Mao pode ser captada na estrutura “monista” do ealculo baseado na tulidade. © contetido informacional [informational] de um valor numéric € uti :

também i 'S questOes em SEN (1980, 1985a), onde tam ob sqade de forma da capacidad e ‘0 alternativa de bem-estar na forma da cap nvol e dese! ter funcionamentos [functionings] valiosos, Essa abordagem, que “ ‘déias examinadas anteriormente por syrin (1776, 1790) & = ae 1875, 1883), e antes ainda por Atistoteles (sobre este shim, ver 1986c),encerra varios problemas de mensuragao e ponderagid, ee Cels mas nao insohiveis (ver N, 1985b). Esse modo de concer cst 8 ‘ar tem implicagdes significativas nao 86 para a economia do a de, divi também para a avaliagdo de padres de vida, pobreza, rT aan $0eS sexuais © justia social (ver SEN, 1980a, 1982a, 183d, aiscuss0es 1985b, 1985c, 1985t, 1986e; ver também sey’ etal, 1987, com a e Bommel Keith Hart, Geoffrey Hawthorn, Ravi Kanbur, John Muellbau Williams), spauM go dif bem 62 Portanto, pode-se dizer que, como a afirmagio de que a Utilidade € a tinica fonte de valor fundamenta-se alegadamente ha identificagado de utilidade com o bem-estar da pessoa, ela Pode ser criticada porque: 1. 0 bem-estar nao é a tinica coisa valiosa; 2. a utilidade nao representa adequadamente o bem-es Na medida em que estamos preocupados com as realiza- Ges da pessoa, ao fazer 0 juizo ético, a realizagao de utilidade Pode muito bem ser parcial, inadequada e desorientadora."” REALIZACOES, LIBERDADE E DIREITOS Ha ainda a questéio — em certo sentido, mals basica — de Se € ou nfio melhor conceber a vantagem de uma pessoa em ter Mos do que ela realiza. Essa questdo surge quando se avaliam tanto 0 bem-estar como a condigdo de agente. Pode se dizer que a vantagem pode ser mais bem. representada pela liberd de que a pessoa tem, € nao (pelo menos, nao inteiramente) pelo iza — em termos de bem-estar ou de sua con- om base nessa liberdade. Esse tipo de consi- considerei explicitamente aqui a interpretagiio de utilidade em termos de escolha, Essa abordagem é dificil de usar no que respeita as com- ragSes interpessoais de utilidade, pois uma pessoa nao se v almente dian- ‘eda escotha de tornar-se outra pessoa. E possivel ampliar a estrutura da es- Colha para comparagdes interpessoais (como habilmente fizeram VICKK 1945, © HARSANYI, 1955), apresentando escolhas hipotéticas entre tornar-se luma pessoa ou outra, Mas a compreensibilidade e relevaneia dessas escolhas extremamente contr Jo nem um pouco claras. Ademais, jas aos fatos nao Como a interpretag’io de escolha deve ao menos em parte depender da moti- 4¢d0 que norteia essa escolha, nao esta claro que exista uma tradugio ime- iata © facil de escolha — independentemente da motivacio subjacente — Para bem-estar. Ver também a nota de rodapé 15, p. 60. 63 deragdo nos conduziré em diregio aos direitos, liber oportunidades reais. Se na ponderagao ética vantagens a pessoa forem julgadas — pelo menos parcialmente — aad base em consideragées ligadas & liberdade, ent&éo nao mer ‘ mente 0 utilitarismo e 0 “welfarismo”, mas também varias OU . a realiza- tras abordagens que se concentram exclusivamente na real G40, terdio de ser rejeitados,'* Na literatura ética, as teorias mor: fundamentadas ¢™ direitos so bem antigas; de fato, utilitaristas como Jeremy Be tham muito se empenharam em Tejeité-las, depreciando as vA rias doutrinas como “simples bobagem”, “alarido no papel “disparate retorico, retérica em pernas de pau”.” Entretantoy (18) Modos diferentes de avaliar a vantagem de uma pes afetam a natureza de nossa avaliagdo da desigualdade e injustiga. Vari ‘ Tes (Como WEALE, 1978; Rak, 1981; risuKIN, 1983; Walzer, 1983) eee de modo veemente concepgies miiltiplas de igualdade. Esse € a oe 4 Freaas ane de nota, Por outro lado, a Fonte da pluralidade da igual “to freqiiéncia nao reside na natureza da propria igualdade, mas no one vantagem de uma pessoa, Se as vantagens forem vistas de formas difert esma (ambém deve ser vista de forma diferente a avaliacdo da igualdade. A eae Pluralidade se aplicaria a outros conceitos “derivados” que se Aan fal, — de modo exclusivo ou inch oa oe € to sujeito a miltiplas al 8 inexisténcia de outro estado exequive pende totalmente do conceito escolhido de vantae™ i a signcia coine! Se iauala vantagem a uiidade, a eficincia CO 4 otimalidade de Pareto, Alter: Se a esséncia da eficiéneia tanto qui soa também jos auto- am vo — na concepe nesse aspecto 0 conceito de “eficiéncia” $0es quanto 0 de igualdade, poi Vantajoso para todos dey Quando, por exemplo, com ando-se a concepgio de vag fanto a esséncia da igualdade. Obv ode ef 4 concepedo de vantagem nao preci: 4 assuumir uma forma escalar; ela Ps ir um coneebida como um vetor ou um conjunto de elementos ¢ pode inte mike “pluratidade constitutiva” tanto quanto interpretagdes competitivame” Uiplas. Essas questies so examinadas em stn (1980, 19852, 1985). (19) Para a discusstio de Bentham sobre moral e direitos na HARRISON (1983, capitulo 1v). Marx (1843) menosprezou tanto quant altou# tham “os chamados direitos do homem”, porém ao mesmo tempo Fess mportincia da perspectiva da liberdade positiva em geral ( iat ap 1875; MARX & ENGE ‘S, 1845-46). Parte do contraste reside na énfase 4 vet or 64 nao foi tao facil livrar-se das teorias baseadas em direitos e, apesar do longo predominio do utilitarismo na ética, elas foram Vigorosamente revividas, de diferentes modos, por autores Co- NO KANGER (1957, 1985), RAWLS (1971), NOZICK (1974), DWORKIN 1978), Mackie ( 1978), entre outros.” : .__“M economia recorre-se com freqiiéncia ao conceito de direitos e, de fato, os conceitos econdmicos basicos de dotagao, toca, contrato etc. encerram, todos, varios tipos de direitos. orém, na tradigdo utilitarista, esses direitos foram vistos como “endo inteiramente instrumenta para a obtengio de outros "S, em particular utilidades, Nao se atribui nenhuma impor- Ncia intrinseca a existéncia ou fruicdo de direitos, ¢ estes tem ido avaliados segundo sua capacidade de obter boas conse- Gencias, entre as quais nao figura 0 gozo de direitos. Essa tradicdo especifica foi levada para a fase pods-utilita- da economia do bem-estar, concentrada na otimalidade de “eto € na eficiéncia. Isso nao surpreende, pois a rejeigao a itribuicao de importincia intrinseca aos direitos provém do Welfarismo” em geral e niio do utilitarismo per se (isto é, a cae Tacteristica especifica do ranking pela soma [sum-ranking] nao © Particularmente crucial na rejeigiio do calculo ético baseado NOS direitos). E justo dizer que a concepgiio de que os direitos Nao podem ser intrinsecamente importantes esta razoavelmen- a arraigada na tradig’o econdmica hoje estabelecida, € isso se Marx ao papel iti di stentagiio do que freqiiente- mente se a aa Politico na criagio is se Se uid a phee Sideram “direitos humanos fundamentais”. I Pria filosofia moral de Marx incorporou intensamente 0 que se denominow Stica da liberdade” (BRENKERT, 1983). Para diferentes aspectos da complexa abordagem de Marx sobre os direitos e a liberdade, ver BOSE (1975), COHEN 978), BUCTIANAN (1982), roca (1982), LUKES (1985), ELS in (1986). : breo teas WALDRON (1984) fornece uma proveitosa coletd ea aes aa coe puntata com uma introdugaio. eaeinrecedora: : oa cota ) © GAUTHIER (1986). Sobre assuntos afins, ver A : 21 183, ARCHIBALD & DONALDSow (1979), perrir (1980), DASGUPTA (1982b, 986) © WIGGINS (1985), ta Si Tista 65 deve em parte & influéncia do utilitarismo (e eapecificamen 3 do “welfarismo”, como parte desse pacote), mas também a Fi ta de interesse que a economia do bem-estar tem demonstra por qualquer tipo de teoria ética complexa. ee atte A concentragio no que se denominou, no primeiro ea! a lo, o aspecto da “engenharia” na economia tendeu a andar a is a lado com a adogdo de uma vi oO muito restrita da éti oa. HO é Se dizer que 0 critério utilitarista também o da eficiéncla Pareto foram atrativos es pecialmente por nao exigirem ee da imaginaco ética do economista convencional.” Embora a €conomista questionador como John HICKs (1959) pos ace mar que a defesa cla: da “liberdade econdmica” foi a a de justificé-ta com Base na “eficiéncia econdmica”, que peti cia “nao mais do que um apoio secundario” a liberdade, eay ifi- que Hicks certamente seja convincente ao questionar a u ty Cativa por “esquecermos, tdo completamente quanto a etre de nés esqueceu, 0 outro lado do argumento” (p. 138), dec va GGes desse teor raramente foram feitas, e ainda mais raramen™ di- levadas avante.” Nao se pode duvid: eitos e da liberd: na abord: ar de que a questao a : terrogaca lade crava um importante ponto de inter ili a ‘agem geral do “welfarismo” (incluindo, inter 4 (21) De fato, a corre ‘deta A a desconside ‘nte dominante da economia tende a dese até mesmo “aitaristfO> aS Verses mais complexas e refinadas do proprio peer siene Bor exemplo as que encerram “telagdes indiretas” (ver, por &* LEES. SIDGWICK, 1874; HARE, 1981: HAMMOND, 1982; HARSANYI, 1982; soos . 1982; Raz, 1986), concentranddo-se nas Verses mais simples (mais ead (22) Entretanto, a Perspectiva da liberdade e dos direitos recta ie Gao de te6ricos influenciados Por vis6es libertarias, como por exemple? Ce (1960), Nozick (1974), FRIEDMAN & FRIEDMAN (1980) © BUCHANAN qT 1986); ver também BUCHANAN & TULLOCK (1962), USHER (1981)s iol ie (1983), SUGDEN (1985), Embora a abordagem libertéria da liberdade ©, reitos seja, a meu ver, arbity iamente limitada (como demonstt ab s 1983a, 1985), niio se pode egar que os escrtos libertérios e com alins foram uma substancia influénca eviativa na cesnomnia¢ um dere Portante & ortodoxia utilitarista, Outro grupo dedicado a reviver © miu elo papel dos direitos e da liberdade compée-se de autores que com! aN 66 Utilitarismo e a otimalidade de Pareto).”’ Essa questo ser, de fato, €xaminada com certa profundidade no terceiro capitulo. AUTO-INTERESSE E ECONOMIA DO BEM-ESTAR Neste capitulo, concentrei-me até agora no en ipobreci- — Mento da economia do bem-estar como conseqiléncia-do-cres~ Gute distanciamento entre ética e economia e particularmente “A inad quagio dos critérios avaliatérios empregados em > hi » €M especial na moderna economia do bem-estar._ Mas iniciei este capitulo referindo-me a assimetria direcional que foi arbitr ‘ariamente imposta entre a economia preditiva € a eco- Tomia do bem-estar, com a primeira sendo levada em conta na S*gunda, Porém sem nenhuma influéncia vinda da diregao Pesta. Se, contudo, 0 comportamento real dos seres humanos ee Part a teoria da escolha social, por exemplo, SEN (1970a, 1970c, 1976c, 19832), NG (197] ), BATRA & PATTANAIK (1972), PEACOCK & ROWLEY (1972), NOZICK (1973, 1974), weennotz. (1974, 1980), GipparD (1974), BLAU (1975), FINE 15) sto. (1975), cammnti, (1976), FARRELL (1976), KELLY (1976a, ee 1978), aLbRicH (1977), BREYER (1977), PERELLI-MINETH (1977), FER~ ToalN 198), kay (1978), stevens de rostex (1978), suzUMURA (1978, 1980, £238): austen. sya (1975, 1982), MUELLER (1979), BARNES (1980), BREYER FARDNER (1980), BREYER GIGLIOTTI (1980), FOUNTAIN (1980). GARDNER us )» GREEN (1980), McLEAN (1980), WEALE (1980), GAERTNER & xROGER (i981, 1983), GARDENFORS (1981), HAMMOND (1981, 1982, 1985), SCHWARTZ (1981, 1986), sucpen ( 1981, 1985), evi (1982, 1985), wRIGLEswoRTH (1982, ee CHAPMAN (1983), KROGER & GAERTNER (1983), Bast (1984) ona hy, 85, 1986), KELSEY (1985), SCHOTTER (1985), BARRY (1986), ELSTER ( fs for AN® (1986), mackre: (1986), wenstER (1986). WRIG eC! UM guia esclarecedor da literatura, além de dar suas préprias con- Uribuigdes, Pa (23) Examined esse aspecto do problema em SEN (1970a, ede b). ara defesas do “welfarismo”, ver HARSANYI (1976), HARE (1981), No (1981), mneEes (1989) Argumentos ¢ contra-argumentos podem ser encontrados em SMART & WiLitams (1973) e sun & WILLIAMS (1982). Ver também RILEY 1986) @ ROEMER (1986a, b). 67 € afetado por consideragées éticas (¢ influenciar a conduta ve mana 6, afinal de contas, um aspecto essencial da ética), oe claramente se deve permitir que consideragdes da economia 1 bem-estar tenham algum impacto sobre o comportamento td € que, portanto, também sejam relevantes para a economia pre a ditiva. De fato, seria um grande absurdo dedicar muita atenga' a0 tema da ética se efetivamente consideracées éticas NUNC afetassem © comportamento real das pessoas. I A sensagiio de invulnerabilidade a ética que parece mear a economia preditiva surge em parte da alegada forga a hipotese de que 0 comportamento humano, pelo menos “a quest6es econdmicas, pode ser satisfatoriamente previsto ca r base na maximizagio do auto-interesse. Uma parte substan do primeiro capitulo foi dedicada a questionar essa ae comportamento. Agora chegou a hora de relacionar aquela ce Cussao sobre 0 comportamento real (e 0 conceito subjacent’ racionalidade usado como intermediério) A presente discuss ‘I sobre os fundamentos éticos da economia do bem-estar. E ee perceber que se Consideragdes da economia do bem-estar i 0 tam o comportamento real, ent&io a natureza da economla jes- bem-estar aceitavel deve ser de enorme importancia para @ crigdo, explicagao e previsio de ocorréncias econdmicas. lie De fato, se a eficiéncia econémica (no sentido da ont dade de Pareto) fosse 0 tinico critério para a avaliagdo ae le Ca, & Se as varias condigdes (como por exemplo a ase externalidades) impostas pelo chamado “Teorema Funda da Economia do Bem-Estar” Vigorassem, nao haveria ¢™ ey nenhum argumento da economi seu Comportar-se a nao ser do m 5 Proprio intere: ia do bem-estar para uma a odo exigido para maxima gs Um comportamento assim por parte oe realmente produziria a otimalidade de Pareto, € a ‘eta qualquer pessoa de afastar-se da maximizacio do ato at Se, Se Viesse a produzir algum efeito, seria apenas 0 de araad a obtengiio da “eficiéncia €condmica”, ou seja, da oinmall 68 de Pareto, Portanto, se a economia do bem-estar fosse de fato €ncerrada nesse compartimento extremamente exfguo, € Se as Suposigées estruturais fossem validas (inclusive a exclusao das interdependéncias alheias ao mercado), nao haveria verdadei- Tamente nenhum argumento da economia do bem-estar contra © Comportamento auto-interessado. Assim, dadas as suposigoes struturais, 0 formato unilateral da relagio entre a economra Preditiva € a economia do bem-estar, que pode ser visto na tra- digdio €conémica dominante, é inteiramente sustentivel contan- £0 que a economia do bem-estar fique confinada ao reduzido Compartimento que proclama a adequagio da otimalidade de Pareto} Quando esse reduzido compartimento for explodido ao Se trazer para ele consideragées éticas mais abrangentes, a sus- tentabilidade da telacdo unilateral também deve desaparecer. Na fase seguinte do exame, pode-se indagar qual seria a Conseqiiéncia da adogio de um critério “welfa ista” mais exi- Bente, como o utilitarismo, Isso decerto seria adequado para re- Jeitar a otimalidade do comportamento auto-interessado em Muitas circunstancias. De fato, Francis Edgeworth (1881) con- cebeu o conflito de princfpios na determinagio do comporta- Mento individual como um contflito entre “egofsmo”, de um a do, © “utilitarismo”, do outro. Obviamente, é verdade que © timo Uutilitarista deve ser, inter alia, um 6timo de Pareto, e também é verdade que — nas circunstancias requeridas pelo chamado “teorema fundamental” — qualquer afastamento do COmportamento auto-interessado pode muito bem ameagar a Obtencio da otimalidade de Pareto. Mas nao é verdade que ualquer movimento que se desvie de um estado que é um 6ti- Mo de Pareto para outro ndo-6timo deva reduzir a utilidade gregada. Na verdade, com freqiiéncia isso nao acontecera. Entretanto, como j4 argumentamos, 0 “Teorema Funda- Mental da Economia do Bem-Estar” produziria uma justificati- ¥8 para © comportamento auto-interessado por parte de cada UM sea distribuigio inicial de dotagdes fosse apropriada ao ob- 69 admitia cit- Jetivo de bem-estar escolhido. O esquema ctimeceere te Cunstancias nas quais agir inteiramente Ae io a Nesse caso, Se poderia ser eticamente justificado na oe ie tar nfo re- novamente, as consideragées da economia do ene onseqiiente- jeitariam o comportamento auto-interessado ‘a ines livre de Mente, a andlise da economia preditiva poderia © significado qualquer “infeccao” da economia do bem-estar. Feat bem Pratico dessa parte do “teorema fundamental po . encerrandd ser bastante limitado, por motivo: ja mencionados, ideas Bes dificuldades nas esferas da informagio, economia € a uma rém, no ambito ledrico, essa estrutura de hea que Vez possibilitou conceber os seres humanos como a sem buscam exclusivamente atender a seus pr6prios interes possam ser pressp oa ‘amos do aenpecinelle nhado Para outros mais amplos sem precipitar Sn base G40 necesséria do comportamento auto-intere: ces digdes €m argumentos da economia do bem-estar (com as nessa CON iniciais” desempenhando um papel ian Ortantiesuo imo” est ciliagio), Porém, em todos esses estdgios, o ee a cara” desempenhando um papel importante na obtengio iat an bene teristica, Enquanto 9 critério avaliatério for da aaa seja al- estar, seja ele simplesmente a otimalidade de Pare| 7 ‘dade Sum outro mais complexo (como 0 utilitarismo), a i maximi- de ocorrerem NO Comportamento real afas amentos da estar é do auto-interesse baseados na economia do bem condicionalmente eliminada, a > for rejeita No estagio Seguinte, se o proprio “welfarismo’ | pasa tides do, o “teorema fundamental” Ja nao pode garantir oreta9d0 a pendéncia Condicional do Comportamento real com I stat, 8 televancia das Consideracdes da economia do Dein este co” varios afastamentos do “welfarismo” JA mencionados nes ae com i s para rejeitar 0 Pitulo podem, todos, fornecer argumentos para rejeita portamento auto-interessado, Nesse estdgio da andlise, ps 70 ‘Isso ocorre de modo mais evidente quando se da impor- tncia ao “a: specto da condigio de agente” de uma pessoa. De fato, a Pr6pria pessoa pode ter motivos para empenhar-se por Objetivos outros que nao o proprio bem-estar ou interes Vidual. 0 respeito pelo aspecto da condigio de agente de outras Pessoas também pode conduzir a afastamentos semelhantes. Oo Comportamento auto-interessado dificilmente pode ser suficien- e quando a condigio de agente 6 importante por si mesma (e Mo simplesmente redutivel & busca do auto-interesse). Surge outro tipo de problema quando se adota uma con- Cepgdo de bem-estar que difere da utilidade, pois 0 “eorema fundamental” nao € facilmente traduzivel para outras manciras de aval av © bem-estar individual. Uma concepgio de bem-es lar individual nao baseada principalmente na preferéncia, mas &m algumas circunstincias “objetivas” (por exemplo, as reali- 7€G6es ligadas ao “funcionamento” [functioning achievements] de uma pessoa),™ também pode solapar a simplicidade do qua- dro da escotha auto-interessada implicito nas suposigdes de Comportamento que alicergam o “teorema fundamental”. Em- bora 4 escolha possa muito bem divergir da preferéncia, pode divergir muito mais facilmente dessas outras concepgoes de em-estar baseadas em outros aspectos que niio a preferéncia. DIREITOS E LIBERDADE A inadequagao do comportamento auto-interessado Se bém pode ser grave em abordagens éticas que dao énfase a i- (24) Ver, por exemplo, SEN (1970a, 1985a), SCANLON (1975), BROOME (1978), scuwakrz, (1982), NUSSBAUM (1986c). Ver também a literatura sobre desenvolvimento que trata dos critérios de realizagdes “objetivas” como Sa- Uisfacdo de “necessidades biisicas” (ver, por exemplo, SEN, 1973c; ADELMAN, 1975; risntow, 1978: GRANT, 1978: STREETEN & BURKI, 1978; MORRIS, 19795 CHICHILNISKY, 1980; STREETEN, 1981a, 1981b; DASGUPTA, 1982b; ANAND, 71 ++ Sbvio, Algu- reitos € liberdades, Esse fato pode nao ser muito ane a oi mas teorias sobre direitos, como por exemplo a i. N aaaleuet defendem o direito de uma pessoa empenhar-se i eee coisa que Ihe aprouver desde que com isso nao on caine goes deontolégicas que a impedem de interferir nas bestest legitimas de outra pessoa. O individuo é livre para at oe sem nenhum Se por seus interesses (sujeito a essas restriges), sem impedimento. Contudo, 6 de: exe «otancia preciso reconhecer que a OTe Ss direitos nao indica que seria eticamente LAs ercé-los por meio do comportamento aulorinieres eo: afous téncia de um direito Como esse serve de restrigfio para a bus! {ras pessoas no impecam esse individuo caso ele ot rail cara maximizagio de seu auto-interes je, mas isso ie De fato, para que ele realmente se empenhe por esse ce uma teoria dos direitos como a de Nozik pode ser co ypriad® | até mesmo com a afirmagiio de que é moralmente ea 0s que cada pessoa da sociedade pense em como Le ss polar 0 Outros. Portanto, se o argumento ético em favor de Bx ze seri comportamento auto-interessado tiver de ser rejeitado, i J ses 2 ‘a prioridade de: Possivel justificar essa tejei¢do com base na priorid direitos, +o. ceoull- s direitos seg! Isso ocorre mesmo quando se concebem 0s direi! ejeitat jn- Wy do 0s chamados termos “negativos” (por exemplo de ser ait” terferéncias em vez de Conceder um direito positivo odin “Ii kardndenepanval ail dado pelos Outros). De fato, valorizar a “liberdade neg! ntes 5 icdes corresponde! em vez de meramente obedecer as restrigdes corresp' 1983; BaRDHAN, 1984; § méttica das preferén “necessidades merit tragio em condigdes mini (1952), embora ele relacion m da r ir alér ‘WART, 1985). O argumento em favor oe a0 individuais e atribuir valor espe 0) ‘A conce®™ foi apresentado por Mi RAVE, ( ee de moot mas de vida remonta propria aA ands nasse o valor dessas realizagdes em 56 das nece™ Said : aly fe ot cotta ‘e utilidade, A verdadeira questio néio € arelevancia da satis! a essa que i i fio, Examinei eS Sidades bésicas, mas 0 fundamento dessa preocupagio. Exam tdo em SEN (1985a, b). 72 —~ Pode ter implicagdes em favor de uma conduta em defesa Positiva dessa liberdade para outros, como por exemplo 0 de- Ver de ajudar os outros quando estes forem ameagados com a Violacio de direitos negativos.** E, naturalmente, est claro que jaiatizar a liberdade positiva (isto é, a pessoa poder fazer ou ser *St0 ou aquilo) e o dever de ajudar os outros nesse aspecto tam- ™ Poderia reforgar a importiincia de consideragdes éticas ma ecrminagio do comportamento real (ver SEN, 1980, 1985c). hs Hts moral dos direitos (especialmente os que sao valori mc Apoiados, e nao apenas respeitados na forma de restrigdes) Pode requerer afastamentos sistematicos do comportamento auto tetessado, Mesmo um movimento parcial e limitado da condu- reel nessa diregao pode abalar os pressupostos de comporta- eat que fundamentam a teoria econémica dominante.” : ra €mpobrecimento da economia relacionado a seu distan- wanento da ética afeta tanto a economia do bem-estar (restrin- oes alcance e relevancia) como a economia preditiva (en- “duecendo Seus alicerces nas suposigdes de comportamento). se retire Ultimo capitulo, tratarei com mais profundidade ons aisitos da avaliagio ética sistematica e do papel das innedtencias, da liberdade e dos direitos nessa avaliagio. . wacla dessas consideragées éticas mais amplas sobre ocom Portamento real eane eM terd de so c le, portanto, sobre a economia predi T examinada. Jo positiva da liberdade (25) 0 argumento em favor de “uma concepgio positiva Z ae Negativa ‘ z 1986) € RAZ (1986), (1982b, 1986), HAMMOND (1982), FREY (1983), HELM ( ) DASGUPTa (pascutido em sEN (1981b, 1982b). Ver também ust (26) Ver ta KANGER (1966), rae (971), un (1979), FEINBERG GauTHER (1986), mbém KANGER (1957, 1972), KANGER & (19; INDAHL (1977), DWORKIN (1978), HAKSAR ), JAMES ( O'NEn 1982), wiccins (1985), GooDIN (1985), 1 (1986), raz Ones ee Ei erceira con- Bas Bes si ai res na terceira feréneig, SSS questdes so tratadas com mais pormeno 73 3 LIBERDADE E CONSEQUENCIAS seituagao No capitulo anterior procurei mostrar que a conceit de realizagio e vantagem pessoal na economia do ae é sofreu profunda influéncia da visio utilitarista do — pos- que essa influéncia continua importante mesmo na svitarist® utilitarista da economia do bem-estar. A concep¢ao a mais Como vimos, é restrita e inadequada e empobreceu ain a ae na moderna economia do bem-estar com a imposi io de para mas limitagdes adicionais, especialmente a de evitar ace Goes interpessoais de utilidade. Esse empobrecimento a wtilita- pode ser combatido com um retorno a uma concepga0 | tureZ ista mais castiga, Mas isso nada fara para eliminar a nal indigente da visio utilitarista bas’ ‘a da pessoa. ‘s iE BEM-ESTAR, CONDICAO DE AGENTE E LIBERDAD. «tea npes 8 No capitulo anterior foram identificadas trés ny Concep¢ao utilitarista, essencialmente independents ned outra, Para avancarmos, € necessério atentar particuly i para a natureza dessas limitagdes e 0 modo como elas P' ser superadas. Primeiro, Precisamos d estar” lwell-being aspe lagency fog _ do bem, istinguir entre 0 bela agen! ct] © 0 “aspecto da condigio as realiZ” aspect] de uma pessoa. O primeiro abrange 4 74 ran Oportunidades do individuo no contexto de sua vanta- Aa Pessoal, enquanto o segundo vai além e examina as ae e Ses e oportunidades também em termos de outros oie alors Possivelmente extrapolando a busca do bem-estar do aa individuo. Ambos os aspectos requerem ateng: 0, a © Modos distintos e por motivos diferentes. O “aspecto ¢o cl é particularmente importante na avaliagdo oe aes z ce Justiga distributiva (incluindo o diagnéstico da injustt Fee eonomica) ena avaliagaio da natureza do “quinhao” que ca- ceanene €m termos de vantagem individual. oO =aspeclo 7 'g40 de agente” contém uma visio mais abrangente Ca ea incluindo a valorizagio de varias coisas que ela gosta- tia . a enone {ue acontecessem e a capacidade de formar esses objetivo! © tealizatos, a Embora tanto bem-estar como condicao de agente es cap CEItOS ativos, pois abrangem varios funcionamentos (: sobri “'cionamentos” [functioning], ver SEN, 1985a, b), © a distin- fe Entre esses dois spectos nao corresponda & distingao entre Paciente” © “agente”, 0 aspecto da condigao de agente atenta va Completamente para a pessoa como quem faz. ee ee fe distinggo nao implica que a condigiio de agente | Et me on ‘a independe de seu proprio bem-estar. Como ee : Ea ‘pitulo 2, 6 natural esperar que n&o se possa obter uma va i Fag tbstancial em um dos aspectos sem que haja oe a Se NO outro. Nao obstante, eles nao siio idénticos, Snes Mamente ligados que um possa ser visto como mera tr2 a Gusto do outro. A abordagem utilitarista da pessoa pee — 4 Por nao distinguir entre esses aspectos cite Ee Nlar fundamentar a avaliagio normativa somente no asp 40 bem. star, rare Segundo, a concepgiio utilitarista oferece uma visio avaliagao 1985a, PP- 1) A necessidade de considerar ambos os aspectos Ps gentiva foi examinada em minhas Conferéncias Dewey SP 5-7, 203.8), Norm, 75 bem: ar deficiente (¢ sistematicamente tendenciosa), ¢ as lim!- tages das diferentes interpretagdes de utilidade (por exemplo, felicidade, satisfagdio de desejos) foram analisadas nesse contex- to. Embora sentir-se feliz seja uma realizagio de grande impor tancia, no é a tinica realizagiio que importa para o bem-estar de uma pessoa (sobre esse aspecto, ver RAWLS, 1971). Além diss» embora 0 desejo de alcangar algo seja com freqiiéncia um bom indicador da natureza valiosa daquilo que se deseja, a métrica do desejo pode ser um reflexo muito inadequado do valor — de fato, mesmo do que a propria pessoa realmente valori sem mencionar © que ela valorizaria depois de uma reflexiio séria ¢ Corajosa, livre das limitacdes impostas por circunstincias desfa- vordveis. Essa limitaciio é particularmente significativa nO con- texto das comparacdes interpessoais de bem-estar. Terceiro, a liberdade de uma pessoa pode ser considerad4 valiosa em adigao as realizagdes dela mesma. As opgdes ¢ PO tunidades de um individuo podem ser julgadas importantes au uma avaliagéo normativa em adi¢ao Aquilo que ele acaba reali- Zando ou assegurando, A liberdade pode ser valorizada 12° meramente porque auxilia a realizacdio mas também em a de sua propria importincia, extrapolando 0 valor do resulta s realmente alcangado. Se, por exemplo, todas as alternativ® além daquela verdadeiramente escolhida fossem eliminadas, : afetaria a realizagio (uma vez que a alternativa €S°° Ihida ainda pode ser escolhida), mas a pessoa clarament© & menos liberdade, ¢ isso pode ser considerado uma perda certa importéncia2 uplntiog (2) Um modo alternativo de ver a liberdade 6 caracterizar 08 a jo hamentos” de um modo “refinado” (ver SEN, 1985a, pp. 200-2), observ asalternativas que estavam dispontveis. Por exemplo, escolher x quand? ro \t disponfvel pode ser considerado diferente de escolher x quando Y 920° disponivel. A linguagem de uso comum de fato iA me “refinada”; por exemplo, “jej ey Apesar de ter a opgiio contrari sume as vezes a r” nao é apenas passar fome, mas ed a ‘a. O jejum pode muito bem ser av 76 A perspectiva da liberdade pode ser aplicada a0 “aspecto “a M-estar” tanto quanto ao “aspecto da condigao de agente - en Portanto, quatro categorias distintas de informagoes Vantes sobre uma pessoa, abrangendo “realizag#o de bem ae bwell-be ing achievement, “liberdade de bem-estar” [well- “ing freedom, “realizaciio da condigio de agente” [agency achie~ Yement}, e “liberdade da condigiio de agente” agency. freedom|. © formato tipico da corrente dominante da economia do bem- “star, essa pluralidade reduz-se a uma tinica categoria gragas @ “mm duplo procedimento: 1. Considera-se a liberdade valiosa apenas instrumentalmen- te (de modo que, em tiltima andlise, s6 conta a realizagao); 2. Supde-se que a condigio de agente de toda pessoa se orien- ta exclusivamente par: interesses individuais (de modo que @ condigtio de agente também niio conta por si mesma). Ja demonstrei (no capitulo 2) por que essa estrutura ee gecicnal [informational] arbitrariamente limitada € inadequada. PLURALIDADE E AVALIA AO r A multiplicidade de categorias de informagoes eticamnent® “icvantes tem sido vista como um problema em algumas ver ntes* De fato, na abordagem utilitarista todos os divers 8 3S So reduzidos a uma magnitude descritiva homogénea oe Se supde que seja a utilidade), e ent&o a avaliagio ética “implesmente assume a forma de uma transformagao monot6- mca dessa magnitude. E ébvio que, na medida em que se supoe ™aneita diferente de outros tipos de privagdo de alimento precisamente em "240 do elemento de “escolha” implicito na descrigdo refinada, (3) Procurei examinar os papéis distintos dessas quatro categorias ¢ ‘as Conferéncias Dewey (SEN, 1985a). aa As principais questées foram identificad minh; fas ¢ examinadas em STEINER (198: 77 V c de uma que a avaliagao ética em Ultima andlise assume a ee re- ordenacio completa ¢ transitiva, Possivelmente nt nada fol” Presentagiio numérica, a meu ver n&o poderia ideal como malmente estranho em conceituar a bondade [good n diante que um valor ético homogéneo, Procurarei demonstrar a termos d€ essa propria Concepgaio — conceituar a bondade Oe an uma ordenagaio necessariamente completa e aoe ie masiado restritiva ¢ deficiente, mas vale a pena nr jeto de VO que a insisténcia na homogeneidade descritiva do obj jsitO : ilidade é um requi lor na forma de alguma quantidade de utilidade é u adicional — ¢ ¢a0 unificada qui jetos 5 objeto Z smo os ObJer™ tes objetos de valor), mas até mesm en moe ipo (singular e ho de ser todos do mesmo tipo (singulai neo) nessa Concepeaio “monista” A multiplicidade d Cluida em nossa estrutui estar quanto 3 Condigg mos de Tealizacio e [i para uma metodologi de des : aljosas i le consideragées eticamente a bem Ta, que atribui importancia 5 em ter (0 de agente e considera cada q) mbaragos! berdade seria, evidentemente, mmogenel ja ‘a “monista”, que insiste na oe natureZ4 critiva do que deve ser valorizado. Contudo, » contribu! riamente Testritiva dessa abordagem tee me eS” 'MO para tornar esse critério convincente, vad por ob- i mais aqui sobre a: razes para nio ser aaa SENs Jeces “monistas” (tratei dessa questo em outro tr 1985a), eas im ad bens ¢ & A questiio do pluralismo ¢ da diversidade de Plicago i Stica racion Hes ue esas duas caracteristicas tém aa eee pe 4 certamente Tequerem atengio, no minimo em a mente mu s blemas Metaéticos serem bem pouco claros e a menos s importantes Para a economia do bem-estar. Nao i procu zando a importincia dessas questies gerais e, de fal jarando #4 _ abordé-las adiante neste Capitulo. O que se estd ac ae € a recusa 4 Ver 0 problema em termos de uma = yaloriZ4! Priori de homogeneidade descritiva do que deve se lo ida 78 Esse requisito arbitrério da homogeneidade descritiva dos obje- tos de valor tem de ser claramente distinguido da questao de se 4 Waliaggio ética deve ou nao conduzir a uma ordem completa e Consistente,s Q problema importante — e absolutamente nao ar- bitratio — de ordenar diversos pacotes de bens certamente per- manece, ¢ tera de ser abordado ao lidar-se com a questao cru- “ral dos conflitos éticos. Mas a questo da ordenagio ética nao “ve ser confundida com a da homogeneidade descritiva.” ambém cabe acrescentar que a natureza da pluralidade Pode, de fato, ser muito mais extensa na abordagem ora em dis- CUSSd0 do que a classificagao quadrupla das categorias de in- formacio moral pode sugerir. Isso acontece porque existem di- Versidad dentro de cada uma dessas categorias. Por exemplo, "ealizacio de bem-estar” exigira que se atente para as varias Coisas importantes que uma pessoa consegue fazer ou ser. Es- “funcionamentos” podem abranger um conjunto variado de Tealizacdes, que vao de estar livre da subnutrigio e morbidez é Aes A questo da “comensurabilidade”, muito debatida oe eee ae ie ea esses dois aspectos — 0 da homogeneidade eset So be a hatenagiio geral consistente e completa, Ambas as questoe iceoris Suto tempo nas discussdes éticas, inclusive na filosofia ¢ literature ie “lassica (sobre esse aspecto, ver NUSSBAUM, 1984, ue sane (1989 WILLIAMS (1973b, 1981), BERLIN (1978), NAGEL ( ines) ‘ > SEARLE (1980), HAMPSHIRE (1982), TAYLOR (1982), FOC " *® (1983), Levi (1986a). Se Pele a ») Ordenar diversos pacotes de objetos bons é, eaueienen a e Cotes a ot ConOMIa (Ver DEATON & MU LLBAUER, 1980). Por ean ea ae At mercadorias diferem na composigio das ¢ shee se Catacten gs HerAdos totalmente ordenados no espaco i i ee eee fiat TISticas (ver GORMAN, 1956, 1976; LANCASTER, 1966, Te tedoatis Re *rdagem tradicional a ordenagéio supostamente reflita as atti e ae jet homogéneo, ou seja, a satisfagio, nas versiies mais ie ie rie Consumidor néio se impoe esse requisito, pols pa fo (oepectll Gm 4 representagao em valores reais de eel tine pacotes de Ciikttesn Aquela revelada pela escolha). A ordenacao de — epectico, Mas corte PO88 Pode ser ow niio problemyitica em um caso ese Tlamente uma ordenagdio niio requer homogeneidade deser 79 evitavel a alca sua? DE . isfactio eelativa’ ngar a auto-estima e a Satisfagao criat fato, € nessa fi : “estar feliz”, que a- sta que 0 funcionamento de “estar feliz”, 4 ie i aciio, pode in- Suns utilitaristas Consideram a base de toda valoragao, P ter alia figurar — ndo sem razao, iio ém para a avaliaga Essa diversidade interna é levada também para a avi da “liberdade de bem-estar” » € existe nesta, adicionalmentes diversidade Oriunda dos diferentes modos como um oan Poderia ser avaliado mesmo quando os elementos do co role Possuem todos Valores claramente especificados — une m di- Ma que examine; €M outro trabalho (SEN, 1985 ond Versidades Correspondentes no Ambito da “realizagaio da Gao de agente” € da “liberdade da condigiio de agente dade de Ademais, quando passamos das realizagdes e libes ines “ma pessoa para as de 4M Conjunto de muitas aoa e Tomita e Capavelmente Presente na maioria das avaliagdes sonia Gticas — Salienta-se ainda mais a natureza de: Paes um Se, de fato, a Pluralidade em si mesma fosse consi ee EStOrvo, esse teria Sido um modo totalmente yao de a uma Contudo, nada existe de Particularmente embaragoso as” 10 Sstrutura plural, ¢ a j Sisténcia em estruturas “monista Pode escapar de Ser arbitrariamente excludente. idas pel@ Acontece que as estruturas analiticas desenvolvi fo plu teoria da escolha social abordaram 0 problema da ede Jiagdo Tal em muitos Contextos diferentes, inclusive o da vite" normatiyg |, 1970a, 1986c). De fato, toda essa ar ess . Cujo pioneito & agrow (1951a), aceita sem quae i Pluralidade, Ademais, como em alguns exercicios de oe mo le6rica o terme Utilidade com freqiiéncia é empregado 5 estuda intercambigye| Com valoracdo, og problemas analiticos sobre abordagem § (7) Ver se (1980, '985a, b). Pode-se perceber que a abordage™ 5°, algo sf ; ; strabalhos tem #80 os Luncionamentos e capac les desenvolvida nesses traba Jivro 1) “omum com a anélise das fungdes de Aristoteles (ver Politica, sses com uM exame da abordagem atistotélica © sua relagdo com discu © 0 bem-estar, yer NUSSBAUM (1986c). 80 dos no ambito da estrutura das “fung6es de utilidade” também Permitem discernir aspectos significativos da natureza da ava- liacao prural, Os problemas de completude [completeness] € onsisténcia [consistency] nesses varios contextos foram alvo de muita atengio, ea literatura formal sobre teoria da escolha Social em Particular esta repleta de variados “teoremas da iit Pessibilidade”, bem como de resultados de possibilidade posi- Vos € teoremas de caracterizago construtiva estreitamente re- lacionados as Pluralidades. a {ue se deve indagar nesse contexto é se as condigdes de ‘aridade que foram impostas na formulagao da aval ae ada sto aceitaveis e adequadas com relagao a nogoes es- S de “avaliz Tegu]. agre, Pec 740 racional”. INCOMPLETUDE” “SUPERCOMPLETUDE” agig indo existem varios objetos de valor, uma owes rG alternativa pode ser mais valorizada em um aspe ae i Menos em outro, Ha trés modos de lidar com esse proble rs Primeiro consiste em examinar os “trade-offs” apropria- a decidir Se, tudo ponderado, uma combinagao alternativa © objetos é Superior A outra.* Essa abordagem requer que os utltos Sejam “resolvidos” antes de as decisbes serem toma- a Isso deixa em aberto a questiio de o que se deve fazer se * “onflitos nao estiverem resolvidos. . Em contraste com a “ordenagao completa ponderada [ba- enced complete ordering], a segunda abordagem pode deixar (8) as”, reque- endo um re 2 Ponderaciio, porém, pode implicar “escolhas triigicas’ se terd le fen Conhecimento apropriado da natureza dos Saute 1978) bar (Ver a esclarecedora exposiciio de CADRE! fo abrangente S0- a VI (19864) recentemente apresentou uma vests il ‘ceis” quan- 0 aloe Pema a fim de decidir sobre a ago em aS s resol- vias ie Conflitos nao foram ponderados até a obtengao de ava él fio requel Sem ordenacig duas alternativas, Essa abordagem na mple- uma ordenagio Completa em cada Caso, € permite a da avalia- tude” Lincompleteness} Na ordem parcial que ee Quan- ¢ao plural (sobre esse @Specto, ver SEN, 1970a, ¥ Jural, um do ha Congruéncia das diferentes partes da avaliagao aie base ranking global claro evidentemente pode ser obtido do que Y no “raciocinio de dominancia”, OU seja, “x é Eee em £M todos os aspectos” A ordenacao parcial quests ode, 0b altima andlise incluiré a Telactio de domindncia mas Pp i Viamente, ir muito além, a ponderadal Tanto a abordagem da “ordenagiio See i como a das “ordeng Parciais” exigem a ponsistenels nflito inte terceira abordagem Contraria isso e, diante de um = a superio” dutivel de Principios imperiosos, pode admitir tan G justO tidade de uma alternativg sobre i abordagem —a tentes” — nag € bem vista pel maioria dos fildsofo, termos d a outra como o invers oe dmitindo avallagags: fato, pela 0s economistas e, ean em s. Ela pode Parecer apna ‘ °S Tequisitos tipicos de rer yoiege deita a Reconhecer essa “inconsisténcia”, Dee aa como # abordagem, Pois tanto a exeqiiibili a justific® 4 “consisténcia” também ea sii SPecto, ver sen, 1967b, 1984c). - imperios resultar da aceitacaio da oe avalias OS potencialmente ne ected supe dominio Sobreposto, Es ie a a aval lovercomplete Judgements} relaciona fa clés cae “mente discutidas na literatura e filoso! sobre, dis Sntemente da visio que alguém Se eolvid? oe lema de Agamenon, este nio pode ser oe molde © requerendo que Agamenon forgosamer ICAo de Preferénciag antes de agir.’ de dois Prine{pi global com um Completas” tOes ampl. Independ Mos, o di Plesment Ordena spauM issue e Martha NI ae (9) Ver Bernard WILLIAMS (1965, 1973p, 1981) e Mi (1985, 19869), 5 wal aa (1962), Sobre (est6es afins, ver também LEMMON 82 No exame dessas abordagens diferentes é importante, a meu ver, distinguir entre, de um lado, os requisitos das politi- as puiblicas institucionais e, de outro, os das decisGes pessoais. © contexto das politicas ptiblicas institucionais, 0 argumento a favor de Seguir a primeira abordagem — a da “ordenagao “ompleta ponderada” — € realmente poderoso, e nesse contex- 0 nao é dificil simpatizar com a necessidade de fungdes de bem-estar social Consistentes ¢ completas ou com a necessidade de fungdes de escolha social completas, especificando conjun- tos de escotha nao vazios para todos os conjuntos nao vazios de alternativas dentre as quais escolher (ver FISHBURN, 1973, sobre sale Ultimo aspecto). Isso ocorre nfo apenas porque uma deci- S40 ptiblica de base institucional precisa, em algum estagio, re- querer instrugd inequivocas, mas também porque qualquer Valor que Pp riqueza” de in- con: Pessoal ‘a existir no reconhecimento da ; €ncia oriunda de conflitos de principios é tipicamente 1 para 0 individu envolvido no conflito. De fato, as necessidades das politicas requerem que algu- Coisa ou outra tenha finalmente de ser feita; no minimo, que nada seja feito, o que niio deixa de ser uma dessas coisas. Ontudo, isso nao significa — e esse é um aspecto importante ue precisa ser compreendido — que tem de haver uma razao Adequada Para escolher um caminho e nao outro. A “incomple- tude” ou a “supercompletude” em avaliagdes globais pode mui- ‘0 bem ser um tremendo inconveniente para as decis mas a Necessidade de decidir em si mesma nao resolve 0 conflito, a implica que as vezes mesmo as decisdes ptiblicas institu- sai Podem ter de ser tomadas com base em justificagao ‘arcial, ma Creio que nao existe um afastamento da escolha racional or aceitagao. Por exemplo, o asno de Buridano, que morreu cate 3), busin : (1973), ELSTER (1979, 1983), NAGEL (1979), MARCUS (1980), SEARLE ( 1980), ARE (19 (19 g6 1282). FINNIs (1983), store (1983, 1986), STEINER (1983), LEV! 6a) © STEDMAN & KRAUSE (1986). 83 5 de ¢ montes ‘ue nao conseguin decidir qual dos i aie a frente era Superior, poderia ter escolhit a boas ta Mente qualquer um, dos dois Montes, uma vez que tin! Mas Z6es para escolher ¢ do ott, e ele nao tinha Tazao para escolher um monte em vez nas parcial escolher qualquer um deles teria sido, Portanto, ape cigam con Mente justificado, A. decisdes piiblicas ene rR €scolhas parcialmente Justificada de fome pore feno a sua f formar-se Com essas CONFLITOS E IMPASSE: Quando se trata de a 60° is, 0 rec! = sods, A Valiagdes e decisdes pessoa lento da diversida cre? indefinl- de de bens com a suid or impossibitidade Se for 0 caso — as nee colt ‘ denagiio Completa podem ter alguma ina sao exig! ética, Obviamente, também aqui os Tequisitos de bitraria ce 4 ponderagao, quer alguma ri solugao art 7 reflexa0 ? Mas isso nao é a “nica coisa importante veaida de im Plo, mesmo que peso reveles Or Motivos frios e EES f 4 boas conseqiiéncias cans pen 08 efeitos indiretos nio 6 abs' dos ea (10) Disco $40 parcial» dena ti Sobre a Utilidade e Mm SEN (1970a, b, 1985, completa Pode nao ser nec um dado conjunto, Pog SeM estorvar a escolha 6 SEN (1970a, 1971, nae adequaciio da ST Tae ul eed a, b). Cabe observar ai de um “me Hi para a existéncia aa ie alguma inconsr ties me lima. Sobre as gaeent cn 1982a, 1984e, 1986c), aeanalk oe » 1986), KuLLy (1978), nN (1985) Bi 3), PELEG (1984), arzi a melhor” ele ee TaMente dificeig Surgem quando nao ex: a el seomplett e", to do qual Precisamos escolher (devido a “in tras afi estiio e outras ou nttansitividade), Sobre essa questao, (1986a), completude” tinentes, ver PLorr (1976), s MOULIN (1983), SUZUMURA (198 tes verdadei ' no conjuny 84 Sar que é desprezivel conseguir ser friamente desumano e im- Passivel diante de pedidos de ajuda. ane O valor desses dilemas, e de seus correspondentes psicol6- Bicos na forma de incerteza, hesitacao, pesar etc.,!' € obviamen- ‘e maior para muitas atividades culturais e sociais do que pode Ser para decisées econdmicas. Mas esses conflitos e 0 conse- qliente impasse nao devem ser de todo insignificantes também Para a €conomia, j que podem influenciar 0 comportamento de Seres humanos cujas agdes a economia tenta estudar. Estudos empiricos recentes acerca do comportamento em ig de incerteza revelaram 0 que pareciam ser InCOnsIs- 'encia Sistematicas na apreciagao do risco e na avaliagéo com- Parativa de decisdes alternativas.’ Muitos desses resultados esam interpretados, talvez, com certa corregao, como simples Mente “erros” de percep¢ao ou raciocinio. Mesmo que enn Concepedio seja plenamente aceita, a prevaléncia desse compor- famento indica ser acertado dar lugar para afastamentos dos re- Auisitos usuais de “racionalidade” na compreensao do compor- lamento real, Mas também se pode dizer que, na verdade, alguns desses ditos “erros” apenas refletem uma concepgao diferente © problema de decisao, concepgiio essa que contrasta com a formalizada na literatura tradicional.” uma margem considerdvel para ampliarmos nossa com- Preensdio sobre og problemas de decisfio no contexto de argu- Situa (11) Sobre esse aspecto, ver WILLIAMS (1985) ¢ NUSSBAUM (1986a). 7 (12) Ver especialmente KEENEY & RAIEFA (1976), KAHNEMAN, SLOVIK KY (1982). Ver também ALLAIS (1953), ALLAIS & HAGEN (1979), DAVID- Cn SUPP & sie (1957), MaccRIMMON (1968), KAHNEMAN & TVERSKY 1912) © ARROW (1982, 1983). Ver ainda Levi (1974, 1982, 1986a, b), MACHINA (1081), tL (1982), Loomes & svaDEN (1982), MeCLENNEN (1983), SCHELLING }» DAVIDSON (1985), SEN (1985e), sobre varias questées afins. Também ‘aios apresentados em sTIGUM & WENSTOP (1983) € DABONI, MONTESANO ES (1986), (13) Argumentei nesse sentido em SEN (1984c, 1985d, e). Ver também MACHINA (1981), sRooME (1984), HAMMOND (1986). ‘Ter 8 ens, &un 85 mentos éticos e avaliag&o na economia do bem-estar. De Pa o modelo de “ordenagiio completa ponderada” pode nao ser wa | lista e ser profundamente enganoso para a descrigao & pers do comportamento, além de possivelmente indefensdvel 4 i " ca substantiva. E claro que no ha uma forte razdo para ines tar dilemas profundamente divis6rios quando nao existe nen mas quando eles de fato existem — como parece ocorrer CO le | muita freqiiéncia — reconhecer a natureza desses dilemas P fe- | contribuir no apenas para o entendimento e avaliagao 405 a. ndmenos econdmicos, mas também para a previsdo econdmn Problemas desse tipo podem ser particularmente mE ves | tantes nas relagGes trabalhistas (no que tange a aderir a ae ‘ ou ajudar a dissolvé-las), negociagées salariais (relacionad? 0° agao ou ameaga de acio coletiva da inddstria), eficiéncia ¢ ra dutividade industrial (com telagao a cooperagao & conflito se" fabrica) ¢ varios outros contextos que de modo nenhum Bee x cundatios para 0 funcionamento de uma economia (ver a 1984a). Por exemplo, no exame do complexo processo St ol ve dos mineiros ocorrida na Gra-Bretanha em 1984-85, ‘ Proporgoes variadas de mineiros grevistas e fura-gtev complexidade ética e as exigéncias pragmaticas com que a frontaram Os mineiros precisam ser adequadamente compre 10° didas. Embora os aspectos ligados a teoria dos jogos dess¢ p blema possam ser formalizados até certo ponto na estrutur Ls : as rest modelos tradicionais de racionalidade estrita, as severs * goes impost: Sith Por esse modelo s&o muito limitadoras. DIREITOS E CONSEQUENCIAS RAN . i ser i A riqueza de Consideragdes éticas que poderiam i e Portantes tanto para a economia do bem-estar como pat a homia preditiva é, portanto, muito maior do que tradicn os : E trig Mente tem sido aceito ou proposto nessas areas. AS rest ‘mpostas pelo “welfarismo” € pelo “conseqiiencialismo”, bem breil demandas de decis6es racionais estreitamente CON” cebidas, tm tornado muitos tipos de consideragoes relevantes inadmissiveis na avaliagio econdémica OU previsao do compor- tamento. Procurei mostrar que isso requer uma expansio repa- Pa no conjunto de varidveis & influéncias que encontram ‘Ugar na andlise econdmica. e mbora esta discussao tenha criticado severamente a eCO- nomia em seus moldes presentes, nao €é meu intuito dar a en- tender que esses problemas foram satisfatoriamemte abordados Pela literatura ética existente, de modo qe pastaria apenas IN- Corporar as ligdes dessa literatura a economia, aproximando- — ética. Infelizmente, esse nao € 0 Caso. De fato, pode-se di- Zer que algumas dessas consideragGes éticas podem ser provei- ‘osamente analisadas mais a fundo empregando varias aborda- Bens e procedimentos usados pela propria economia. hal di passe argumento pode ser iIustrado com base na idéia dos ‘eitos morais e da liberdade. Evidentemente, é preciso admi- ie ja que direitos morais ou liberdade niio si, de oa itos aos quais a moderna economia da muita atengao. “* Verdade, na andlise econdmica os direitos 82° vistos tipicamen- ‘© como entidades puramente Jegais com uso instrumental, sem ot valor intrinseco. Ja discorri sobre esse iecaertees eli » pode-se dizer que uma formulagao adequada 7 is : F iberdade pode fazer bom uso do raciocinio conseqiiencial do Io tradicionalmente encontrado em economia. tiv No renascimento da ética fundamentada direitos que “Yemos em décadas recentes, 0 direitos com freqiiéncia (€™m pu Vistos em termos deontoldgicos, assumindo @ forma de Testrigdes a que os outros simplesmente tem de obedecer. oO Clegante sistema de estrutura moral paseado em direitos pro- Posto por Robert Nozick (1974) € um exemplo desse caso. pee dizer que esse tipo de estrutura deontoldgica talvez HO seja particularmente adequado para tratar dos problemas 87 VY lagdes? Mas esses Tequisit miriam eles Proprios a for de fazer alZ0 positivo, ou 0 asl" ‘OS morais, caso presentes, a sobs ma de restrigées, e sim de ee ores: Seja, tentar impedir os transg ireil® T Violando gravemente algum dever ncando-o, a pessoa C tem correl0 a0 ajudar a Impedir isso? Adicionalmente, C estaria i- : : : outro Cometer alguma violagao Pouco importante de ee impor" sit Teito da pessoa D Para ajudar a impedir a violagao SAE arma i ante dos direitos de B pela pessoa A, que esté fortem( » Por exemplo, espai (14) Aceitar esse dever evidentemy { Clocinio utilita sta, pois a Utilidade de 1 — sofre em poder de A. 0 objetivo dest i de raciocinios fundamentados em direit ase um lente pode também ter por bi jet08 B — e nao meramente foes tS fe exemplo é comparar a [2 Sem compart los resper es Sta Contudo, se o intuito for ilustrar cre as for Hencial baseado em direitos ndio meramente ém sobre” icas nio Conseqiienciais de direitos mas tam acuma i Plo poderia ser ampliado de modo a nao a “utili 4 iMtervit. Isso pode ser feito fucilmente Pie wilde & i mo de atos” fact uilitarianism), fazendo-se 9 ganho total ah que ® fs i Agtessor (ou mais Plausivelmente de ‘muitos agressores) mal0e tado de m0 ¢ i i 0, © exemplo pode ser ori ) welfarismo” preocupados com is utiidaoe? 'S que maximizam apenas a poe empl! a ‘azo para recomendar a intervengiio de C (por _ depois ituagio muito boa e ainda as ioe jos A © mais vantajosa relativamente & conic cee Ses indiretamente Utilitaristas e “welfaristas A sen com i duais também podem ser apresentat ‘ a c . mplo, ou seja, emit ‘i le incorporar fruigies e violagses de direitos em uma ce vm exert juestoi iscutidas mais completamente, ¢0! eM SEN, (1982p, 1983¢) Mi ti ( tt‘ mulagdes deontolgg; uuilitarismo, o exemy gens a exemplo, C poderia pegar sem permissao — digamos, aca fim Ea carro pertencente a D, que nao quer empresté-lo espancad le chegar rapido ao local e salvar B, que estd sendo trigdes ae A? Se os direitos apenas assumem @ forma de res: como as wo viole 0s direitos dos outros”) & as restrigoes mad claray especificadas, digamos, no sistema de Nozick, entéio mente nao deve tentar ajudar B dessa maneira, pois C: 1. nao tem obrigagao de ajudar B; 2. tem obrigacio de nao violar os direitos de D. ado no conceito de se eran de direitos nozickiano, bi S ‘ tc mUitas o ‘Ss, fornece respostas implausiveis a essas questi ; quando he afins, mas elas sao inevitavelmente importantes le fato se pretende levar a sério € defender os direitos. que : ae Mostrar em outros trabalhos (SEN, 1982b, 1985¢) io fe ipo de “interdependéncia geral” requer a internali Doetiocer cn externos, sendo mais praticdvel fazé-lo incor Gao de ee valor da fruicdo de direitos ¢ 0 desvalor da viola- Hreitos & avali Jo resultante." A estrutura déncias © raciocinio conseaii zo da situagao resulta a extensivam, conseqtiencial ec investigagdo de inter leper rer tos (inclu ponte desenvolvida em economia em muitos a Capitulo BA © da andlise do equilibrio geral, examina lo no capaveis ) facilita o discernimento quando investigamos 0S ines Gado di . Problemas de interdependéncia envolvidos na aprecta- 0 valor dos direitos em uma sociedade. Bestdes j INER (1986) fez um exame critico de minha propos’ Sears Yereng otantes. No semindrio em que seu trabalho fot apresentado (fe 4a abor - 1986, em Louvain-la-Neuve), houve outros exames ce ne muitg Bem due tentei empreender (especialmente de Jos a eo rijs) ¢ bla a08 organizadores do semintio (Le0 ‘Apostel ¢ Philipp ‘08 participantes 89 V AVALIACAO CONSEQUENCIAL, E DEONTOLOGIA er Esse tipo de abordagem dos direitos tende a econ ta resisténcia, especialmente Porque 0 Tevivescimento oe mentacao fundamentada em direitos proveio com ee. de posigdes filos6ficas Suspeitas de empregar raciocinie ea seqiiencialista” (por exemplo, RAWLS, 1971; Nozick, 1974; aitar a Com KIN, 1978; ACKERMAN, 1980). Desconfia-se que ec Cepgio dos direitos como Testrigdes deontolégicas in pode ter 0 efeito de « ba- ‘Jogar fora o bebé junto com a agua oe: nho”.* A importincia intrinseca dos direitos pode ser som metida por Contra-argumentos Conseqiienciais, e es8eg Oe odem j metimentos podem ser cticamente indefensdveis, jA pa P ij tornar os direitos frageis e indevidamente contingent elmer” ty ivel que essas dividas possam plaus! cad 05: 0, OS Teceios gio €ssencialmente equiv combir Tem, em certa medida, da tradigao de jo ape lismo com “Welfarismo”, de modo es GOES etc. so julgadas segundo a bondade de es ment? ®, mas esta também, por sua vez, € julgada ae i Segundo as utilidades Conseqiientes, O fato de o aa co} |; j Corporar tanto 6 Conseqiiencialismo como ° “welfarist poré™ tf freqiiéncia tem dificultado dissociar os dois elementos. "1. in € Sbvio que eles so elementos distintos e essencialment®! pendentes. -deradas ool De fato, se aS violagdes de direitos forem consider ow - AS € © goz0 de direitos for julgado uma coisa boa, wer aU farismo” fica obrigatoriamente Comprometido, pois s os dF nada além das Utilidades Possua valor intrinseco. Quan que: | ferentes elementos do utilitarismo sao desmembrados, V& E compreens; te surgir. Contudc Primeiro, eles su nar Conseqiiencial nas as sas, 7) a, (N- fio presta- us (*) Descartar 0 Mmportante ao tentar livrar-se do queso. ve wiLLAN (16) Sobre esse aspecto, ver sin (1979a, b, 1985a) € SEN (1982, “Introduction”, 90 SE | oo mina teoria moral baseada em direitos ne P ae | rankin ee Welfarismo ou com o ranking pela some! ai 8], pode muito bem coexistir com 0 conseqiiencialismo. | aten, o Segundo aspecto a destacar € que seria um erro noe ‘NEaO As conseqiiéncias mesmo quando se estd lidando com obietos intrinsecamente valiosos. O argumento em favor do ra- | “'0cinio conseqiiencial surge do fato de que as atividades tem Teseatincias. Mesmo atividades que sao intrinsecamente va- sas podem ter outras conseqiiéncias. O valor intrinseco de ele atividade nao € uma razio adequada para menospre- in: oe Papel instrumental, e a existéncia de uma por eanicts lumental ndo é uma negacao do valor intrinseco de uma ati- Vidade, Para chegar a uma avaliagio global do status etico de a atividade é necessério nao apenas considerar seu valor in- o nsec (se ela © possuir), mas também seu papel instrumental Pe Conseqiiéncias sobre outras coisas, isto 6, examinar as ey Conseqiiéncias intrinsecamente valiosas ou desvalio; d S due essa atividade pode ter. O que se denominou o aspecto © “engenharia” da economia tem um correlato dentro da pro- Pria Stica. Ble pode nao ser tio essencial em muitos problemas ticos quanto na corrente dominante da economia, mas pode “Tuma importéncia significativa. ‘ San terceiro aspecto que eu gostaria de aa é ee so a Conseqiiencial pode ser empregado de modo i as é eo quando ° conseqiiencialismo Propri po are Tiare M0. Nao fazer caso das conseqiiéncias é deixar un ] + Gtica pela metade. Entretanto, 0 conseqiienc alismo requer ee que contar a hist6ria. Ele exige, em ee dag ¢, das ade eja julgada inteiramente segun lo . 92 “S Conseqiiéncias, ¢ isso é uma exigéncia nao meramente aa M consideragao as conseqiiéncias, mas de deixar de lado °0 mais. E dbvio que essa dicotomia pode ser reduzida ven ace Conseqiiéncias em termos muito amplos, incluindo 0 va- pr as ages empreendidas ou o desvalor dos direitos violados. "Seurej demonstrar em outros trabalhos: 91

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