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3 LeIToRES DE ALEM-MAR: ‘a Eprrora GARNIER E SUA AVENTURA EDITORIAL no BRASIL Eliana de Freitas Dutra Minar el vio hecho de tiempo y agua Y recordar que el tiempo es oto rio Saber que nos perdemos como el rio Y¥ que los wstros pasan cono el agua Jorge Luis Borges |A peregrinagio em velhos catélogos de uma livraria que, embora no cexista mais, ainda persiste no presente como vestigio de outra realidade hhistorica, se assemelha ao que ja foi chamado no discurso da histéria “um jogo da vida e da morte” ou “‘uma troca entre vivos” (Certeau, 1982, p.57), uma vez que, por meio de antigos catdlogos da livraria Garnier ~ os quais, ao perdurar no tempo, tostram-nos 0 que seus editores propunham aos _leitores de outrora— & possivel pensar hoje, por contraste, emnossa prépria condicao de leitore em nossos horizontes de leitura, CO trabalho com eatéloges de livraria, usado aqui para contar a historia de uma aventura editorial no estrangeiro, permite-nos explorar 2s relagdes, entre a livaria e Editora Garnier no Brasil e a Gamier ‘Freres na Franca, ‘analisando, sobretudo, © papel de seus editorex Bapliste Louis Garnier, no Rio de Janeiro, « Hippolyte Garnier, em Paris na divelgagio edistribui- do no Brasil de obras de autoria europeia vendidas./ou editadas pela casa Garnier, Como veremos, esse trabalho de divulgagao nao apenas assegurard 4a expansio e consolidasio dessa casa editorial no Brasil, mas, sobretudo, definiré um repert6rio de loituras que tragara uma iopografia de temas, de assuntos, de interesses e de priticas que perpassardo, para além da vida in- 68 ANIBALBRAGANCAE MARCIA ABREU (ORGS) telectual e politica, os hébitos citadinos e a vida cotidiana dos brasileiros dos principais centros urbanos da segunda metade do século XIX a década de 1920. (O que se lia no Brasil & época? Que livros e géneros de publicagio inte- gram o repertério de leituras que um editor francés julgava importante ofe- seeer 20s leitores brasileiros? O que atribuia autoridade a certas obras e pu- blicagbes? Que segredos de organizacio guardam os catdlogos da Garnier? So algumas questdes sobre as quais pretendemos nos deter neste texto. No rastro dos catdlogos Se admitirmos que o discurso sobre o passado tem como estatuto sero discurso do morto e que o ausente é 0 que possibilita o diélogo entre o nar- adore seus leitores,' é necessario interrogarmos sobre 0 que os catalogos de ivraria nos comunicam. Nao qualquer catélogo de livraria, mas aqueles dos. orimérdios da atividade livreira como negécio sem fronteira de nacionali- dade ou lingua, em que, ao lado da variedade e amplitude de temas e assun- tos — dos chamados classicos da literatura mundial aos livros de savoir-faire © a0s modelos de cartas, formulérios etc. —, pontificava a figura do editor, cujo surgimento na paisagem editorial europeia da primeira metade do Oi- tocentos revolucionaria o mundo da livraria. A figura moderna do editor ultrapassaria, em muito, a condigdo de fiador intelectual e financiador eco- némico dos talentos literarios, para se afirmar entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, tanto nacional como internacionalmen- ‘'@,como um poder de tipo miditicoe um poderoso instrumento cultural de soca intelectual, artistica eliterdria, bem como de construgio identitaria.? (O ponto de partida teérico deste texio se ancora, por um lado, na noco do -atdlogo de livraria como instrumento topogrifico, © qual define e estabe- lece lugares, ou seja, disposigdes espaciais, e ordens, ainda que por vezes imaginarios, para leitores e leituras. Tal como nas literaturas, é neles que se assenta o significado destas linhas.’ Ao incorporar saberes, no caso, 0s 1 Tal como proposto por Certeau, 1982, pS. 2 Ver Moller, 2005, p.183-92. Ver também WALTY, et.al, 2009, 3 Como nos lembra Pglia, 2006, p66, IMPRESSONO BRASIL 69 saberes da modernidade, o catlogo de livraria cria uma ordem na maneira como coloca ¢ classifica os livros. De outro lado, a ideia do catélogo como complementar a biblioteca, en- tendida nao como um espaso fisico para a acumulagao de livros ou um lu- gar de leitura, mas, sobretudo, como um lugar simbélico que acolhe novas relages com o tempo, tal como sugerido por Goulemot (2006); um tempo deacumulagdo, um tempo de leitura, concebida, neste caso, primeiro como um didlogo diferenciado entre leitores e editores, um tempo de difusio, que acompanha a histéria do surgimento das bibliotecas.* Pensar o catélo- go nesse registro parece-nos 0 mais adequado para a abordagem dos caté- logos da livraria Garnier, tipicos exemplares de um tempo da historia das livrarias e de certa cultura da leitura como instrumento de construgio da modernidade. E essa relagao com o tempo, mais do que a coeréncia ética do desenho intelectual do catélogo, que pretendemos explorar aqui. Interessa- -nos, sobretudo, reter como as informagdes e sua disposicao no catélogo estabelecem uma relacdo com o mundo exterior e 0 fixam.* O imagindrio que se apresenta nos catalogos de livraria, como se vera 4 frente, tal como o da biblioteca na sugestao de Goulemot, parece habitado * por mitos, a exemplo da biblioteca de Babel. O francés, no nosso entender, no caso dos catilogos da livraria Garnier, €a lingua que unifica a “diver- __sidade cacofénica do saberes”,* v-a tradugao parece-nos seu instrumento. privilegiado para vencer os empecilhos & comunicagio. O editor, homem dos livros, € aquele que, tal como o compreendemos, realiza plenamente a vocagdo de por fim “a dispersao dos saberes e & errancia dos homens de cultura”,? Assim, no interior dos catalogos, a biblioteca, por via do mito de Babel, compoe-se com a perspectiva topografica que modifica a relagio _ como espago, retirando as culturas do seu lugar e aproximando-as por meio da difusio e divulgacao aos leitores de leituras e livros que propiciam outros 4 Ainda que esta ideia ndo conflte ou invalide a nosio de biblioteca, tal como proposta por Jacob (2001, p.53-76) e por nés utlizada para pensar a nogio de colesao e de encclopédia, ‘a perspectiva aberta por Goulemot (2006), permite-nos explorar de maneira mais pontual alguns espectos do catélogo da livraria Garnier. Ver Dutra (2006, p.299-314). 5 Emoutro texto sobre o Catdlogo da exposirdo da historia do Brasil de 1888, trabalhamos com ‘a ideia do catalogo como um lugar de inacriglo, desenho intelectual, submetido a um olhar ceserutinador, tal como sugerido por Latour, 1996, 23-43. Ver Dutra, 2004, p.159-79. 6 Segundo expressio de Goulemot, 2006, p.47 7 Idem, ibidem, 70 ANIBAL BRAGANCA E MARCIA ABREU (ORGS) deslocamentos. Nao por acaso, os livros de viagem, que contém descrigdes ‘geograficas, bem como os mapas, constituem enormes listas de titulos ofe- recidos no catalogo da livraria Garnier. Um pouco da histéria da livraria Garnier Instalada no Brasil desde 1844, a livraria Garnier é um exemplo eloquen- te das novas estratégias do comércio livreiro no movimento internacional de producdo e circulago de mercadorias na segunda metade do século XIX, bem. como da insergao brasileira nesse circuito de negécios com livros e livrarias, quando os irmaos Frangois Hippolyte, Auguste Désiré e Pierre Auguste instalaram livraria Garnier Fréres no Palais Royal, considerado entao “o centro mais animado de Paris”, em parte pela preximidade do grande teatro da Comédie Fran- aise, em parte, pelo fato de que suas galerias ja abrigavam varios livreiros. Com métodos inovadores, entre o quais o de expor os livros na rua para 0 manuseio dos transeuntes, os irmaos Garnier ~ num momento em que a cena literéria francesa era marcada pela emergéncia do romantismo, pela presenca e influéncia da Revue de Deux Mondes, em que autores como. Chateubriand, Saint-Beuve. Benjamim Constant pontuavam o debate in- telectual do periodo — acolheram jovens autores, como Musset, Théophile Gautier, George Sands e vérios outros que, ao se afirmar como figura de primeira grandeza, carrearam-lhe parte da sua reputagéo no mercado livrei- A historia da Garnier remonta a Franga, em 1837, ro e editorial. Outro irmao, Baptiste Louis, ligou-se a empresa com uma misséo espe- cifica: expandir o negécio dos irmaos instalando e dirigindo uma filial da livraria Gamer Fréres na cidade do Rio Janeiro, © Brasil era considerado um mercado promissor, além de um ponto estratégico para a distribuigao de livros em espanhol para os paises vizinhos, latino-americanos, ‘Uma vez no Brasil, Baptiste Louis iniciou suas atividades no Rio de Janeiro em sociedade com a livraria de seus irmaos em Paris, pasando a comercializar no Brasil os titulos editados pela Garnier Freres de Paris e 3 Sobre a trajetria dos iemios Garnier no comérco de livros em Para, ver Champion, 1913 Mollier, 2005; ¢ Martin, 1990, p.176-226, Sobre sua atuasio no Brasil, ver Hallewell, 1985 Dutra, 2000, p477-504 mwpressonosrast. 71 gando-os da impressio das edigdes dos autores brasileiros, os quais «a principal casa editorial brasileira entre ‘aqui instaladas, editando elcomprando os direitos edigio de obras dos i mmportantes nomes da itatura brasileira da segunda metade do sécslo "KIX, no dominio da poesia, do romance, da critica, do ensaio; vitor Baptiste Louis manteve sociedade com 0s irmos parisienses quando assumiu a condigao de propritério exclusivo da entao Jade B. L. Garnier. O rompimento da “sociedade nao o impedits, c de continuar’a imprimir as obras de autores brasileiros em Paris, bem ven comercalizi-las e, sobretudo, de vender no Brasil os titulos, traduzi- “dos ou no original, publicados pela parisiense Garnier Fréres, Com amore eB. L. Garnier em 1893, a livaciaretornow, por dreito de heranga, a 90 jrmio Hippolyte, da Garnier Freres. "Até a década de 1920, a livraria Garnier monopolizou o melhor comércio Gelivros da capital, tomando-te a principal referéncia no Brasil na impor- tagio de livros de autores europeus em lingua francesa ena difusdo de au- toves franceses em geral, bem coro de almanaques erevistas publicados na Franca, além de manter sua condigio de centro catalisador de publicagao das obras dos nossos maiores homens de letras. ‘Como tal, seus catélogos guardam a condicdo de fonte preciosa pars o7=%- gate da aventura editorial no além-mar vivida pela livraria Garnier. Se sua lei- tar: feita numa época em que o catélogo tinha a utlidade de forneser wma informagio premente e necessria aquele tempo, era que he dava valor, sua Ieitura hoje, passado mais de um século, guarda outro valor que no apenas © utilitario. Assim, sua ia. suas edificagdes temporais imaginarias nos Jateressam, sobretudo, por sua capacidade de nos fazer mergulhar em alguns ngulos do mundo dos livros forjado como parte do patriménio cultural einte- rrtal do Brasil, entre a segunda metade do século XIX eas primeiras décades do século XX, e que teve no horizontea Europa como uma miragem. Perambulagoes Maiores ou menores em namero de paginas, mais ou menos detalhados -ctitados em francés ou em pertugués, mas sempre com divisdes bastante 72 ANIBAL BRAGANGAE MARCIA ABREU (ORGS) clucidativas que mostram os arranjos e composigées organizativas dos ti- tulos, bem como a concepgio de seu enquadramento em meio as miriades de temas ¢ assuntos, assim sio os catélogos da Livraria B. L. Garnier de 1857-1858, 1863 e 1920, aqui percorridos. Passaremos rapidamente pelo Catalogo Geral da Garnier Fréres de Paris em 1912-1913.'° Produzidos num espaco temporal que abrigou eventos significativos tanto da histéria da Franga (Revolucéo de 1848; Guerra Franco-Prussiana; queda de Napoledo IIT, advento da III Repablica) quanto do Brasil (consti- tuigao do Estado nacional, crise do Império, supressao do trafico negreiro, aboligdo da escravatura e advento da Replica), os catalogos, com sua lin- guagem silenciosa, levam-nos a percorrer ‘meandros sutis de tantas mudan- as ea sugerir os interesses de leitura dos presumides leitores. Assim, no catalogo de 1857-1858, os titulos sdo um celeiro de dados so- bre os dilemas, os debates ¢ 0s combates no campo da politica francesa, as voltas com as ideias dos intelectuais da Restauragao, e sobre o tema das revolugées politicas e os desafios na definigdo e na organizacio politica da ordem institucional, os quais vao ressoar pelas plagas brasilenses, as voltas com questies do mesmo calibre, ainda que integrantes de outra fatura. ‘Na sua relagao inequivocs com a atualidade politica, os autores e titulos editados no catalogo 2, de 1857, sob a cobertura da rubrica Direito, Legis- ago, Politica, Administra¢o, Economia Politica, Financas, Estatistica e Comércio, desenham um penorama rico que aponta para a sagacidade e 0 senso de oportunidade dos editores — como veremos abaixo ~ seja em cap- turar os melhores autores do momento politico em anos tio efervescentes; ‘seja em buscar no passado obras classicas da tradicao greco-latina, as quais, como textos fundadores, nutrem as referéncias dos autores em questao; seja em indicar tais autores e obras aos seus leitores dos dois lados do Atlantico, confrontados com semelhantes problemas politicos, tais como o principio 9 Catalogue dela Librairie B.L. Garnier a Rio de Janeiro, 69, Rua do Ouvidor, 1857, n.2-10, Méme Maison a Rue de Saints Peres, 6, et Palais Royal, 215. Bibliotheque National de La France, 8¢Q, 10B; Catalogue de a Librairie B. L. Gamier a Rio de Janeiro, 69, Rua do Ou- vidor, 1858, n. 12. Bibliothéqu: National de La France, 8 Q, 10B ; Catalogo da LibrariaB. LL Garnier a Rio de Janciro, 6, Rua do Ouvidor, Pari, mesma casa, 1863, n.23. Catélogo Geral da Libraria Garnier, 109, Rua do Ouvidor, Rio de Janeiro, 1920. Bibliotheque Natio- nal de La France, 8° Q. 10B. 10 Catalogue Général. 1912-1913, Librarie Gamier Fréres, 6, Rue de Saints-Peres, Pati, Bi bliothéque National de La France, 8*Q. 10B, impResso No BRASIL 73 da representacio, anormalidade do imperativo constitucional, a pratica de- mmocritica ea escolha do regime politico. Entre os autores temos polemistas, jornalistas, publicistas,cronistas,lteratos, filésofos,historadores, acacé- ‘micos, professores, exploradores, economistas ¢ politicos. 'A sintonia com as questdes mais candentes do debate politico e com a vivacidade deste introduziu interesses que ultrapassaram livros ¢ ensaios «foram contemplar obras de referéncia, como 0s dicionérios politicos, no- eados como enciclopédia da linguagem e da ciéneia po fica, 08 dicioné. rios histéricos das instituigdes, dos usos e costumes da Franca € também as seqbes, com as respectivas resenhas, da Academia de Ciéncias Morais ¢ Politicas da Franca, a qual desde 1832 voltara a ocupar lugar de destaque na cena politica e intelectual francesa, apés ter sido fechada em 1803 por Napoleio Bonaparte. Nao por acaso, Frangois Guizot, artifice da recupera- do da abertura da ‘Academia, teve titulos importantes no: catélogo, entre os Gquais Dos meias de governo e de opcsigao no Estado atual da Franga, Do go- ‘verno da Franca apés a Restauragao, Da pena de morte e Histéria do governo representativo na Europa. “A politica, de Avistételes, 0 Estado ou A repiblica, de Platio, O principe scurso de Tit © espirito das leis e Grandeza e ~ decadénca dos romanos, de Montesquieu, trazem a autoridade do psssad ‘exemplar para o presente e tem como companheiros na mesma segdo desse catalogo de 1857 autores como Alexis de Tocqueville, com A democracia na ‘América e O antigo regime e a revolucao, Mably, com seu livro Teorias sociais e politicas, Auguste Comte, com as ‘obras Reptiblica ocidental e Ordem e pro- _gresso, Victor Cousin, com seu Discursos politicas, 0 qual vem acompanhado ide uma introdugio sobre o principio da Revolugao Francesa e do governo representativo, Benjamin Constant e seu Cursos de politica consitucional e Lamartine, que ‘em trés obras Indicadas no catélogo de 1857, a saber: “Tribuna politica ou estudos oratérios e politicos, O passado e futuro da repi- blica e O conselheiro do povo. Obras de cunho social se compdem, de forma complementar e harménica, com os temas politicos. Esse é caso de O povo, de Michelet, e Visdo sobre a propriedade e a legislacdo, Catecismo politico dos industriais e Pardbola politica, de Saint-Simon, ‘Chama atengio o pequeno abstract que acompanha o livro Da liberdade itimitada da imprensa, de autoria de C. P. Lasteyrie, no qual se diz. queaim- prensa livre é “a base inquebranvavel da liberdade civil, politica e religiosa 0.0 discurso de Tito Livio, de Mac 74 ANIBALBRAGANCAE MARCIA ABREU (ORGS) em qualquer espécie de governo; 0 tanico meio de impedir as revolugSes & comogdes populares; o meio poderoso de fazer florescer ciéncia, as artes, a inddstria e 0 comércio; de moralizar e civilizar as nagbes”. Essa é uma pla- teforma com muitos adeptos entre os autores acima citados, em due PSP® guas diferencas. Nao por acaso, junto aos livros mencionados acima, com igual dignidade se faz anunciar a Revue de Deux ‘Mondes. Compartilhando esse importante espaco de indicagoes de leituras, ela segue altaneira como ‘uma referéncia para a intelectualidade de aquém e além-mar, com seus ar _tigos de reflexio filosofica, de critica literéria ede andlisehistorica, Modelo ~ para outras revistas que surgiram na mesma ppaisagem intelectual e politica who século XIX, a Revue de Deux Mondes foi um importante veiculo de for- magao de opinilo, de extilo ¢ de gosto no Focante as artes, & literatura e as questBes politicas do Oitocentos, desde sua criacé0, Por Buloz, em 1829. De postura liberal conservadora, a revista defendia o principio da repre- sentagao parlamentar, o sufrdgio universal e a imprens# livre, com grande ddestaque para os ensaios historicos. Publicada para set lida, sobretudo, no etrangeiro, reatualizando, em nova conjuntura, 2 ideia da universalidade ddos receituarios politices do pensamento francés, teve entre SHS autores exponenciais muitos daqueles nomes que, Da qualidade de maitre a penser, integraram a segao do catélogo aqui em analise. Entre eles podemos citar “Benjamin Constant, Guizo:, Lamartine, “Michelete e Tocaueville. “Também os estudos comparados ~ no tocante {3s relagoes constitucio- pais, legas, judicidrias, religiosas, comerciais, jindustriais e cientificas—em que pontificavam os inevitiveis contrastes com os vizinhos do outro lado Jo Canal da Mancha, ou seja, os ingleses, que seriam presensa importante, abrigando reflexdes tais cemo a de Guizot, no live Porgue @ Revolugdo na Inglaterra foi vitoiosa; a de Montalembert, em seu Do futuro politico da In- glaterra; ade Delacroix, em suas Teflexdes sobre Constituigdes dos principais Estados da Europa e dos Estados Unidos da América: ¢ também a de Do- rmingo Faustino Sarmiento, em Protesto contra 0 governo de Rosa e Facundo. ‘De fato, esses autores foram uma presenca legitimadora dos discursos politicos de uma elite que, no caso brasileiro, antes mesmo da chamada crise doImpério, apés 1870, estavas voltas com problemas: similares aqueles tra tados por algumas das obras aqui seferidas e dezenas de ovtras, 0° D8 mes- ma linha povoam o catélogo de 1857, Dentre os temas abordados, podem ia da onde pablica do Império, ameagado entre ipresso noweasi. 75 primeira e segunda metade do século XIX pelas varias rebelides provinciais; a debates sobre as teorias do sistemade gevern® representativo; os desafios da construgao de um sistema’

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