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DIMENSIONAMENTO EXPEDITO DOS PERFIS VERTICAIS DE ESTRUTURAS DE CONTENCAO TIPO BERLIM DEFINITIVAS Simplified design of soldier piles of definitive Berlin-type retaining walls Nuno M. da Costa Guerra* Manuel Matos Fernandes** Ant6nio Silva Cardoso"** Ant6nio Gomes Correia’ RESUMO - Destac-se 0 papel dos perfs metiicos vertcas nas eteuurs de contengo tipo Rerim efntivas © a importincia do dimensionamento desis estrutrss em relagio uo carepamento vertical Apresena-se os resultados de um estudo paramético, usando um modelo de elementos fnitos, de est rs de contengio tipo Berlim definitivas coasiderando diferentes tipos de slo, inclinasto des ancoragen, uo de deformabilidade do solo, pofundidade de escavag, ave de pr-esforgo das ancoragens edrea dos pris verticais. Sao apresentadayslgumas concusdes relatvas 3 influtacia que os parimetos analise ‘dos tem no esfor normal transmit aos pers. Com base nas anise numrcaseealizada propée-se ume metodologiaexpelita de dimensionamento dos peri vertics. SYNOPSIS -Theeole ofthe vertical piles of Bern ype retaining walls and the importance of vertical lo- ‘ads inthe design ofthese sutures are emphasised. The results of a parametic study using afte element ‘ade, on Beslin-type definitive retaining walls considering different soil conditions, anchor inclination, soi ‘modulus, excavation depth, anchor pe-stress level and pile section are resented. Some conclusions are Arawn regarding the inluence ofthe parameters considered onthe ile vertical load, Based on these nume- ical parametcic analyses, a simpliied method forthe design of vrical solar piles of Berlin-type walls is proposed 1-INTRODUGAO So frequentemente usadas, em Portugal, para suporte de escavagGes urbanas, cortinas de contengo tipo Berlim defintivas. Nestasestruturas, como ilustra a Figura 1, procede-se & insta- Jago prévia de pertis verticais em furos realizados na periferia da rea a escavar e a escavagio € conduzida por nfveis e acompanhada da execucdo alternada de paingis de betao armado, primé- rios e secunditios, estes dtimos executados aps os primérios. “Apesar de a concepsao destas estruturas de contencio se basear nas contengSes tipo Berlin Provisérias, hé que refeir que, sob 0 ponto de vista de funcionamento. de dimensionamento, as ‘duas estruturas ~ provisériae definitiva ~ tm pouco em comum, Inst SupeioeTécico, Departamento de Engebria Cl e Angry, Fai ngwera@civiLs. pt olde de Engen, Uaiesidade do Fort, Dpartameat de Bagenaria Clann tc op Focal de Engeaara, Univesidade do Pre, Departamento de Engsnara hil, E-tal sctdos fe o p Escola de Bagenaria, Uivesiade do Mink, Depart. de Engsohara Chl, E-nail gc chil miso pe Geoteenia n° 99 —Nov. 03 ~pp. 81-103, st ~ N | = | i | 1 nom ow vi IT [een avi comes TI esr J ae por an cae TV ep por id aon, pads oc age REST da 1 san el or pa aes {| sco por ind tena pans A ala Cpe Ua ORE eseavago do 3° nivel, por painsis altemados ‘execu por pains alta, dos pani do nivel (esr geal (©) Descrigio dead (fases Ve VD Fig, 1 - Descrigdo esquemstiea do processo constrtivo das estruturas de contengio tipo Berlim definitivas. 82 Conceptualmente, as estruturas tipo Berlim provisérias deverdo ser encaradas como uma alternativa a solugdes como as cortinas de estacas-pranchas. Os elementos verticais, perfis mets- licos H ou I, colocados com os banzos paralelamente a face da escavagao, garantem a absorci0 das pressdes do terreno através da sua rigidez. flexao, fungio para a qual estes tipos de perfil so particularmente competentes, ‘A disposigdo dos perfis facilita, sob o ponto de vista construtivo, a colocagdo entre eles de pranchas de madeira, que permitem transmitir-Ihes a totalidade das presses do terreno do lado “activo” Por seu turno, nas estruturas de contengao tipo Berlim definitivas os perfis verticais nfo so usualimente contabilizados como elementos conferindo rigidez por flexio & contenglo, uma vez ue esta fungao ¢ conseguida através da parede de betio armado, betonada no local, que possui rigidez consideravelmente superior. A fungio dos perf verticais 6, assim, a de transmissao das caargas verticais que provém do peso préprio da parede de betio e da habitualmente forte compo- nente vertical das forgas das ancoragens, nao sendo usualmente considcrada no dimensionamento qualquer fungao de absorgao de momentos flectores, tanto mais que é habitual a escavagio atrs dos perfis, como representado na Figura 22), para permiti a colocagio da armadura. Nao é este, no entanto, o procedimento desejével no caso de paredes tipo Berlim provis6rias,iustrando-se 1a Figura 2(b) 0 modo adequado para a sua execugio. ‘Sintomética da inspiragao daquele procedimento no método construtivo das paredes de con- tengao Berlim provissrias & a adopgd0 quase generalizada de pertis metilicos Hi também nas ‘estruturas definitivas, colocados em obra com os banzos paralelamente & face da parede. Esco- thendo um perfil deste tipo, esta colocagao poderé justificar-se pelo facto de possiveis momentos flectores de pequeno valor serem mais provaveis nesta direegio, devido as acybes impostas pelo pré-esforgo nas ancoragens ¢ pelas presses do terreno (Guerra, 1999). Contudo, uma secga0 tubular ou de forma similar parece ser muito mais adequada a situagbes de esforeo normal pre- Fanesenar € a forga vertical total devida as ancoragens, Fé a forga que se desenvolve na baso da parede, FP &a forgade corte na interface solo-parede do lado passivo e Fy € a forga de corte na interface do lado activo. qari pare N= Won 4 © Baten Ng Wye tise ea TH ea hi Wwe |S Fae Foe fy Nn fs (0 Perse moan (6) aed io Bet Fig. 3- Equiltrio vertical de paredes de contengio ancoradas, A forga F, deverd verificara seguranga em relago & capacidade resistente vertical do terreno © 0 seu calculo € conhecido para os casos de estruturas de contengao como as paredes moldadas, podendo para tal seguir-se referido em Xanthakos (1994) ou metodologias semethantes. No caso de paredes como cortinas de estacas-pranchas, no entanto, a menos que a cortina esteja assente num estrato muito resistente, ndo ha a possibilidade de desenvolvimento de reaogao na base (7, ~ 0), por esta nao possuir largura significativa 84 Estudos numéricos usando um modelo de elementos finitos publicados por Matos Fernandes (1983, 1985) mostram que numa estrutura de suporte flexivel ancorada ou escorada com ade- ‘quado comportamento ¢ fundacdo competente as forgas tangenciais aplicadas & parede nas duas interfaces tém os sentidos indicados na Figura 4, Este Facto permite compreender a razio por que, de acordo com os resultados do autor, quando nas cortinas ancoradas a forga vertical assume um valor elevado em relagio a resisténcia da fundagio: forga ascendente F?, representando uma clevada percentagem da resisténcia da respec- tiva interface, pode ser mobilizada com muito pequenos assentamentos; ‘56 A custa de assentamentos mais elevados & possivel inverter o sentido da forga FY, pas- sando esta a ser dirigida para cima, logo a contribuir para 0 equilibrio da carga vertical exterior da corting; «esta forga Fi* com sentido ascendente dificilmente atinge uma importante percentagem da resisténcia da interface, mesmo que a cortina experimente assentamentos que correspon- dem jé a um desempenho muito deficiente do sistema de contengo, até porque a esses assentamentos se associam tipicamente deslocamentos laterais também muito elevados. Fig. 4~ Movimento de uma estrutura de suporte lexivele da macigo envolventee forgas tangenciais desen- volvidas nas interfaces solo-esteutura. Estas conclusées sio corraboradas por resultados de ensaios em modelos fisicos a escala reduzida (Hanna ¢ Matallana, 1970) ¢ por outros estudos numéricos posteriotes (Trigo, 1990; Matos Fernandes et al., 1993, 1994), Veritica-se, no entanto, que mesmo em literatura actual se admite serem adequadas as ten s8es de corte entre a parede ¢ o solo suportado para fornecer a reacgdo vertical indispensével a0 ‘equilforio (ASCE, 1997). A importincia deste assunto parece, contudo, estar clara desde o inicio da utilizagdo de ancoragens pré-esforcadas em obras de contengo. Com efeito, Broms (1968) identificara jé a importincia de FP e a dificil mobilizagio de Fj ¢ Hanna (1968) referira que nos ‘casos de rotura de patedes ancoradas de que tinha conhecimento, a causa tinha sido, invariavel- ‘mente, 0 apoio inadequado da base da parede. A mesma ideia é transmitida por Goldberg et al. (1976), a0 afirmarem que a maior parte dos problemas que ocorrem relacionados com cortinas ancoradas dizem respeito aos movimentos verticais excessivos 0 complexo processo de mobilizagao da resistencia na interface do lado activo faz.com que a verificagto do equilibrio vertical em paredes de contengaa tipo Berlim seja uma questio de particular relevancia e controvérsia, Com efeito, neste tipo de parede de contengiio nio existe 85 lado passivo da parede de contengio, uma vez que abaixo do nivel de escavagaio, em cada fase, iio hd parede mas apenas os perfis verticais (Figura 1), Os pertis verticais e, eventualmente, o lado activo da parede, devem assim, para as corti- nas tipo Berlim definitivas, garantir 0 equilibrio das Forgas verticais, o que significa, conforme apresentado na Figura 3(b), que Mata = Wparede +7 Fancttna = Nperj + F @ onde Wparede & 5 Fanosena tém 0 significado ja referido, Ngeryis 6 a forga transmitida aos perfis metdlicos verticais F; € a forga de corte, mobilizada por adesio e (ou) atrto na interface solo-parede. Estudos numéticos efectuados relativamente a estruturas de suporte tipo Berlim definitivas, (Guerra etal, 2002) mostram, a respeito da mobilizagao da forga F no paramento de tardoz da ‘cortina, uma razodvel semethanga com o que se passa nas cortinas convencionais continuas. Com feito: ‘em estruturas com fundagaio competent (isto & com perfis com adequada resistencia es- trutural e dotados de adequado apoio no pé) a percentagem mobilizada da resistencia € relativamente baixa; ‘© neste caso, a forca aplicada a parede pode ter sentido ascendente ou descendente, depet sdendo isso em especial da rigidez axial dos perfis verticais e, também, do proprio maci suportado; ‘© s6.apés a cedéncia dos perfis por encurvadura.a resisténcia ascendente se mobiliza em per- centagens significativas, mas tal corresponde naturalmente a nfveis deficientes de desem- penho da estrutura de contengiio, nomeadamente em termos do controlo dos movimentos dda prépria estrutura e do terreno envolvente. Atendendo ao exposto, tem sido proposto pelos autores e, em algumas situagées, praticado o ddimensionamento dos perfis verticais admitindo nula a resisténcia mobilizada na interface e con- siderando, portanto, que aqueles deverdo ser dimensionados para resistir A totalidade das com- ponentes verticais das cargas nas ancoragens (incluindo eventuais acréscimos de carga devide 20 processo construtivo) e ao peso da parede (incluindo eventuais sobreconsumos de bet), sta proposta, apesar de atractiva pela sua simplicidade e conduzindoa um dimensionamento dos pertis verticais que acautela, pelo menos na maioria das situagées, uma rotura do sistema por falta de equilfbrio vertical, apresenta todavia as seguintes limitagbes: * niio permite ter em conta a influéncia do comportamento em termos de tensio-deformagiio na interacgao solo-cortina, que pode conduzir, em certas condigies, & mobilizagao de for- «gas de corte na interface favordveis & redugao da carga vertical ransmitida aos perfis, logo possibilitadoras de um dimensionamento mais econémico dos mesmos; ‘© niio permite identificarsituagdes ~ como aquelas, por exemplo, em que se combinam perfis, com clevada rigidez. axial, solos mais deformaveis e escavages mais profundas ~ em que a forga tangencial na interface tender a ser de sentido descendente, agravando a carga nos pertis verticas, Esclarecer em que medida se posieré mobilizar a forga de corte do lado activo e em que sen- tido & que tal mobilizagio se manifesta constitu pois questio relevante para o dimensionamento dos perfis verticais. Com o presente trabalho pretende-se apresentar uma metodologia expedtita 86 de dimensionamento daqueles perfis, que permita considerar, pelo menos nos seus aspectos es- senciais, o comportamento tensio-deformacao do conjunto solo suportado-estrutura de suport Esta proposta é baseada num vasto estudo paraméirico que eavolveu um niimero muito elevado de analises com um modelo de elementos finitos, 3~ESTUDO PARAMETRICO USANDO UM MODELO POR ELEMENTOS FINITOS 3.1 ~ Generalidades Para a proposta de metodologia expedita de dimensionamento dos perfis verticais recorreu- se a um programa de elementos finitos (Cardoso, [987; Almeida e Sousa, 1998; Guerra, 1999) desenvolvido para aplicagdes geotéenicas e que permite a resoluglo de uma grande variedade de problemas bidimensionais, As anslises podem ser realizadas adoptando um modelo de com- Portamento elastoplistico, com endurecimento e amolecimento, com eritérios de Von Mises, Drucker-Prager, Tresca ou Moht-Coulomb, Para a resolugio do sistema de equagdes o programa utiliza 0 método frontal de resolugao. de matrizes definidas positivas. As anzlises slo realizadas por incrementos ¢ por iteragdes, cor- respondendo os incrementos as diversas fuses construtivas e sendo as iteragGes realizadas para garantir a tesposta da estrutura de forma globalmente equilibrada. Para a modelagao das diversas componentes de uma estrutura geotécnica, estio dispontveis, ‘elementos finitos tipo barra de 2 e 3 nds (Zienkiewicz, 1977), elementos de junta de 4 e 6 nbs (Goodman et al. 1968), elementos bidimensionais isoparaméiticos de 4 e 8 nds (Zienkiewicz, 1977) ¢ elementos bidimensionais subparameétricas de 5 nés (Doherty t al., 1969), Podem ser simuladas diversas solicitagdes e operagdes construtivas, como a colocagio de reforgos ou apoios estruturais (pregagens, escoras, ancoragens), a realizagiio de escavagbes, a construgao de aterros, a aplicagio de forgas concentradas distribudas, a imposigiio de desloca- ‘mentos e a retirada de apoios. 3.2 Caso de estudo Conforme foi referido, pretende-se com este trabalho apresentar uma metodologia expedita de dimensionamento dos perfis verticais em cortinas de contengio tipo Berlim definitivas. Esta metodologia ¢ baseada num estudo paramétrico conduzido usando o modelo de elementos finitos 'mencionado em 3.1 e considerando 0 caso de estudo cujas caracteristicas genéricas se encontram. apresentadas na Figura 5 No caso em estudo, 0 solo, a parede e os perfis verticais foram modelados por elementos de. 8 ns, o contacto entre 0 solo c a parede com elementos junta de 6 nds e as ancoragens através de elementos barra de 2 nds, Dado que as zonas de selagem dos perfis verticais esto localizadas no substrato de elevadas caracteristicas mecinicas, ndo existem, praticamente, movimentos destas zonas, Por este motivo, ‘8 pontos representativos destas selagens foram considerados fixos. Admitiu-se que os bolbos de selagem das ancoragens esto localizadlos em zona susceptivel de sofrer deslocamentos associados & escavagio, pelo que a sua modelagio foi feita com base na metodologia de Matos Fernandes (1983) ¢ apresentada em Guerra (1999). O solo e a interface solo-parede foram admitidos com comportamento eléstico perfeitamente plistico, usando-se o critério de Tresca (andlises no drenadas, em tensdes totais) ou o critério de Mohr-Coulomb (andlises drenadas, em tensGes efectivas). Os elementos representativos da cortina foram admitidos com comportamento eldstico linear, com as propriedades de um betao (€20/25 (ENV 1992-1.1, 1991). Os elementos barra (ancoragens) foram considerados com com- 87 Ja slo-pred (sracterisies varies) Eyou = 29 Pu Sy Ac), Ee = 200 GP str met 4 al ; Solo ! Cancer ies | f = | ; eal Gane covet i jee mS | variivel a ™ ~ ' a i pe nS eee i ig. 5- Geometsia do caso de estudo e propriedades dos materiais (ver também Quadros I € 2). portamento eléstico perfzitamente plistico, Os perfis verticais, dado 0 objective da modelagio, foram considerados com comportamento elstico linear. ak ‘A descrigo detalhada da simulago do proceso construtivo de paredes tipo Berlim definit ‘vas pode ser encontrada em Guerra (1999) ¢ Guerra et al. (2002). ~ CondigSes do estudo paramétrico ‘Com base na situagdo genérica apresentada na Figura 5 procedeu-se a um conjunto de ang lises de situagbes tfpicas, num total de 3780 eélculos, em que se fez. variar as grandezas que so indicadas no Quadro 1. variveis dos efleulosrealizados “rans de pone E a FY Amy] B (a) comin {| oo | “The 300 v700 |) 6 0, | 2 faz | 2267 |) 8 too, | 35 |} 00 | 3400 |) 12 BUTTON] 45 |] oa] si00 | 5 HNRONS 30 12so0 || Neste conjunto de andlises fer-se, assim, variar: © 0 tipo de solo: = considerou-se cinco solos, correspondentes a irés solos argilosos, para os quais foram realizadas anélises nfo drenadas,e dois solos granulares, para os quais foram realiza- das anlises drenadas; nos Solos granulares foi considerada alguma coesio, dado que as cortinas em anélise 86 sfo aplicaveis a solos com uma certa componente coesiva 88 Quadro 2- Propriedades dos solos e das interfaces solo-patede nos cdleuls realizados Bio? 2 [ae ] we = v [m= le] em wea |e) | arm | ee) |e | c/n) 1 ~ [= [300 300 aay [07 | 99 | 0 | 45000 2 150) a 7 [-@ [0 [30000 ~ 3 =| 20000 [049 [a7 | 40 | 0 | 20000 | 4] 30 [ao |] 500300 mPa [030 [06 | 0 [32] ~asoon, San [30 [J atasomen [030 [a6 | 0] 28 [00] de resisténcia; no caso dos solos argilosos, o niimero de estabilidade da base, Ni, ais clevado ¢ 0 correspondente & escavagio de 15 m de profundidade e com 6 me. nor valor da resisténcia ndo drenada, Ny = yH/cy = 20 x 15/80 = 3,75, adequado Para o processo construtivo da contengao em anise; ~ a8 caracteristicas dos solos © das interfaces solo-parede so apresentadas no Qua- dro 2; neste quadto, v é 0 coeficiente de Poisson, Ko é o coeficiente de impulso om Tepouso, ca é a adesdo da interface solo-parede, 6 € o Angulo de attito da interface solo-parede e IX; € a rigidez tangencial assumida para a interface solo-parede; '* 0 médulo de deformabitidade do soto: = para os solos argilosos considerou-se médulos de deformabil iguais a 300, 600 e 1000c,; ~ pata os solos granulares admitiu-se os médulos que se indicam nos Quadros 1 ¢ 2; lade niio drenados © a inclinagdo das ancoragens; * nivel de pré-esforyo das ancoragens: ~ © nivel de pré-esforgo esté representado no Quadro 1 pelo pardmetro f, que define © valor da pressio horizontal méxima do diagrama trapezoidal de Terzaghi e Peck correspondente a argilas rijas; ~ este mesmo diagrama é, nos edlculos realizados, apicado também aos dois solos arenos0s; para estes solos ndo é rare tomar como referencia o diagram de pressdes de Terzaghi e Peck rectangular com pressio horizontal igual @,654,7#1, sendo K, © coeficiente de impulso activo; constata-e, no entanto, uma equivaléncia prion nie as duasrepresentagées: * a resultante do diagrama trapezoidal 6 ie? = rama rectangular é I%82t = 0.65KqyH2. * favendo 1ipgt = Izgeobiémse K, = S28, 0 que, para f= 0,2, conduz a K, =0,231¢ ¢' 39° ¢, para 3 = 0,3, conduza Ky = 0,346¢ ¢! = 29°; * portant, o diagram trapezoidal com f= 0,2 € aproximadamente equivaente ‘0 diagrama rectangular do solo 4 (9 = 40°) enquanto o diagrama trapezoidal com J = 0,3 € aproximadamente equivalente ao diagrama rectangular do solo 5 30°); para cada um dos solos 4 e 5 foram, no entanto, realizados. cAlculos 75H a resultante do dia- o com 9 = 0,2,0,3¢ 04; ~ om todas as ancoragens foi aplicado o mesmo pré-esforgo, hipotese que é frequente- ‘mente considerada em projecto; 89 ‘¢ a profundidade da escavaao: ~ considerou-se quatro profundidades de escavagio; = admitiu-se que a profundidade de escavagdo é simultaneamente a profundidade do strato jo; a razio pronde-se com 0 facto de esta opgdo implicar uma maior rigidez axial dos perfis, conduzindo pois a estimativas da forga neles actuante do lado da seguranca; '¢ a rea de ago dos perfis metélicos: ~ admitiu-se que os perfis tm comportamento eléstico linear; por este motivo, é apenas, ‘a drea de ago que controla o comportamento destes elementos: = para o dimensionamento, todavia, dado o diferente comportamento & encurvadura dos diversos perfis passiveis de serem utilicados, ha que considerar também o tipo de perfil; este aspecto serd referido ap6s a apresentagio dos resultados, Em tudo 0 resto as anélises realizadas slo idénticas entre si, Admitiu-se valores correntes em ‘casos de escavagbes realizadas com cortinas de contencao tipo Berlim. Para a parede de be- tio armado considerou-se uma espessura de 0,40 m, correspondente a uma espessura te6rica de 0,30 m, habitual neste tipo de estrutura de contengao, acrescida de um sobreconsumo da ordem dos 30%, As fases de escavagio foram consideradas com 3 m de altura, tendo-se para a primeira fase admitido a execucto de uma viga de coroamento com 0,80 m de altura ‘Admitiu-se que as ancoragens sao distribuidas em todos os nfveis de escavagio, com excep- ‘40 do titimo, Esta dima hipstese pode, sob certa perspectiva, ser considetada menos adequada para a escavagio de 6 m, que corresponde a apenas dois niveis de escavagio, pelo facto de im- plicar a aplicago de todo o pré-esforgo num tinico ntvel de escavagio. 4— RESULTADOS OBTIDOS 4.1 Apresentagao 0s resultados obtidos do conjunto de célculos realizados so apresentados nas Figuras 6 @ 11. As figuras correspondem 2s situagdes indicadas no Quadro 3. Para cada tipo de solo e inci hago das ancoragens, apresenta-se 0§ resultados para as diferentes profundidades de escavagio, médulo de deformabilidade, érea de ago e nfvel de pré-esforgo. Quadro 3- Correspondéncia ente as situagies analisadas eas figuras com os resultados Tipo wate Tiga eo mn PS |e wens) | 25 | 7 apa) | 35 | 8 sweats) | 35 | 9 agin) | 45 | 10 seas) | 4s |i ‘Assim, para cada um dos solos e para cada uma das inclinagGes das ancoragens, indica-se os resultados para as quatro profundidades de escavago consideradas, correspondendo aos quatro _gnificos apresentados. Em cada um destes graficos, apresenta-se em abcissas a érea de ago dos perlis metélicos e em ordenadas a relago entre a carga transmitida aos perfis ¢ a carga vertical teérica total, isto é, a soma do peso da parede com a componente vertical do pré-esforgo aplicado 90, | | i as ancoragens. Estes resultados dizem respeito & situagio condicionante no dimensionamento dos perfis verticais, ito & aquela que correspond ao iltimo nivel de escavago, em que a parede tinge o seu peso méximo antes de ser dotada da respectiva sapata ¢ todas as ancoragens estio pré-esforgadas. Cada curva apresentada em cada grafico corresponde a um nfvel de pré-esforso ‘© médulo de deformabilidade do solo. Note-se que a relagio apresentada em ordenadas nio traduz.@ carga real total, uma vez. que cesta depende das variagdes de pré;esforgo ao longo do processo construtivo, mas constitu: a sgrandeza mais dtil para o dimensionamento, uma vez. que se baseia numa grandeza de céleulo simples. Distingue-se, assim, entre carga vertical total tedrica e carga vertical total real, A-carga vertical total, conforme tem vindo a ser descrita, 6a soma do peso da parede com as componentes verticais das forgas das ancoragens, representando, assim, a carga vertical total aplicada, que ever ser equilibrada pelo esforgo normal nos perfs metilicos e pela forga de corte na interface solo-parede. Esta carga vertical total € iedrica se for caleulada considerando os valores aplicados das forgas das ancoragens (pré-esforgo) ¢ serd real se se considerarem as variagées de carga nas ancoragens devidas ao processo construtivo, que resultam do calcul. ‘A expresso seguinte permite determinar os valores da carga vertical total te6rica: NEB = epareaeo(H ~ h) + 0,758 7H? igor @) fem que ¢yarede 6a espessura da parede de betio (considerada igual 0.4 m), 5 60 peso voltimico do betio (tomado igual a 25 KN/m?),h€ o acréscimo de altura de parede correspondente a cada nivel de escavago (Lomado igual a 3 m) e os restantes simbolos t8m o significado ja referido. Conhecidos a inclinagdo das ancoragens, 0 tipo de solo, 0 méidulo de deformabilidade do solo, o nivel de pré-esforgo aplicado as ancoragens ea profundidade da escavagio, fica definida a curva a considerar. Para determinada érea de ago fica, entio, a conhecer-se a relaglo entre 0 esforgo normal nos perfis metalicos verticais e a carga vertical total 4.2.~ Anilise dos resultados Observandoas Figuras 64 11 pode tirar-s algumas conclustes sobre arelagio Nperyia/ NESE «esta relagio cresce com a Area de ago dos perfis, embora tenda para a estabilizagio quando esta atinge a gama dos valores mais elevados; «© arelacio pode ter valor superior 1,0 (atingindo mesmo 1,6), significando que, como atrés dliscutido, 0 atrito ¢ (ou) a adesao solo-parede podem aumentar a carga vertical nos perfis; ‘© a relagio atinge os valores mais elevados para os solos menos consistentes, as maiores profundidades de escavagio ¢ as maiores éreas de ago; com efeito, perfis mais rigidos com fundagio adequada podem conduzir, em particular se os solos forem mais deformaveis e as profundidades de escavaco assumirem valor significativo, a que o macigo assente mais do que a parede, solicitando-a em ver. de a suportar no que respeita as acgées verticais; ‘¢ a mesma relagio € tanto menor quanto maior & 0 nivel de pré-esforgo, © que se expliea pelo facto de um maior nivel de pré-esforgo implicar: ~ maior deslocamento vertical da parede; — menor deslocamento lateral da parede, logo, menor assentamento do solo suportado; 91 Noel Ne 06 04 02. 2 SOLO I: H=6m 9m etm Helsm, 0 25 50 75 100125 0 25 50 75 100125 SOLO 2: H=6m rea dos peti (mm) © 25 30 75 100125 Helm 0 25 50 75 100125, Heism 0 25 50 75 100125 0 25 50 75 100125 0 25 SO 75 100125 ‘Area dos pertis (mm) SOLO 3: H=6m 9m HeI2m 0 25 $0 75 100125 WA ay hy | 0 25 50 75 100125 0 25 50 75 100125 0 2s so 75 100125, ‘rea dos petis(m*/m) SH ORK Ey Ht000, —o— 0. Ey=60ne, 2 03H E=10000, Fig. 6 Relagio Nperjo/ NES para os solos 1,263 0 025 $0 5 100125 a oh £22005, Se oan econ SE oat Fy=10008, Sj SOLO 4: Ha6m oa 0 25 50.75 100125 0 25 SO 75 100125 0 25 $0 75 100125 0 25 50 75 100125 ‘Area dos pestis (em?) ~~ 02k E90 MPa 2 0391; B90 MPa a ost 90 MPa “3 02yth E=180 MPa —o— O31 E180 MPa a Osyth Elko MPa 2 Oy E=300 MPa 5 03481 300 MPa = bey E=300MPa SOLO 5: H=6m 9m HeI2m Het5m aN wh 0-25 50 75 100128 0 25 $0 75 100125 0 25 $0 75 100125 0 25 50 75 100125 ‘Area dos pertis min) 0 oH: Beat Pa Oe OSH Bats MPa = 031 B80 MPa AS Oy B28 MPa = 0.4 E48 MPS Soa B80 MP Fig. 7- Relapio Nyerye/Nist paraos solos 4¢ Sea = 25" 93 SOLO 1: H=6m 9m SOLO 2:16 m 0 25 50 75 100125 0 25 50 75100125 0 25 50 75 100125 ‘Area dos pets (em) H=9 m 0 25 30 75 100125 Sm 0 25 50 75 100125 0 25 50 75 100125 0 25 50 75 100125 025 $0 75 100125 Area dos perfis (em?/m) 50103 6m 9 Het2m veism Lo ———— us gpa 5 ee 1 gee z a “i os os 0 25 50 75 100125 0 25 $0 75100125 0 25 50 75 100125 —o~ ODF: £y=3006, “OH E=6ey -o-— OH EV=10000, Fig. 8 Relopio Nye ys/AsH; para os soos 1,263 Area dos pestis (em) 0 25 50 75 100125, a 04H: B,93006, Se ots Ee=sone Bye 000e, SE of 35" SOLO 4: H=6in H=9m 0 25 30 75 100125 oy E90 Ma 3 02H E=180 MPa “3 Oy E=300 MPR SOLOS: H=6m 5075 100125 0 25 50 75 100125 0 25 50 75 100125 ‘Acs do pestis (om) =2= Ot 2-90 MPa So ORM: F180 MPa = 0348 F300 MPs x= 04H; E290 MPa = ONE BIRO MPa I sy; E5300 MPa 0 25 30 78 100125 ~~ 02311 B=24 MPs SOB Eats MP -S—~ O2H, E=80 MPa © 25 50 75100125 0 25 0 75100125 0 25 50 75 100125 ‘Area dos petis (m/e) —— 038 E24 MPa AS Oa B24 MPa “O03 Eats MPa oe 0g Bas MPa —— 0H Eto MPS = be eso a Fig. 9 -Relaglo Nperyus/ NEES para os solos 465 e a = 35° 95 028 50 75 100125 SOLO2: H=6m 0 25 50 75100125 0 25 $0 75 100125 ‘rea dos peti emi) 0 25 50 75 100125 0 25 50 75100125 0 25 50 75 100125 0 25 50 75 100125 Area dos pers (em) SOLO 3: H=6 m H9m Hel2m HeIsm 16 a oe © 25 50 75 100125 0 28 30 75 100125 ‘Area dos peti em2hn) 2— O39: F006, Bre6dey o— 03% 8S oe Eyat00Ke, Fig. 10 Relagio Nperssa/Nivini pata os solos 1,2¢3 ea 96 025 $0 75 100125 a Oth F306, He 04: Esc00e! = 04 Es=t0008, 5 \ : yg . } . n Area dos peefis (em?/m) us Ms ge oa * nl oma we ‘Area dos pers (em#m) Fig. II - Relagio Nperyis/NiSht; para os solos 4e 5 €a = 45". 7 ‘© a relagio diminui com o aumento da inclinagao das ancoragens: uma ancoragem mais inclinada, aplicando uma maior carga vertical, causa uma maior deformagao axial dos Pertis verticais e permite uma maior mobilizagdo das tensdes de corte aplicadas & parede, na interface, com sentido ascendente; ‘* atelago em causa 6, de uma forma geral, tanto maior quanto menor é 0 médulo de defor- ‘mabilidade do solo: ~ este comportamento verificou-se sempre para as profundidades de escavagio médias € grandes, o que esté relacionado com as maiores deformacées experimentadas pelos solos mais deformaveis, com 0 consequente aumento do deslocamento relativo entre osoloe a parede; = para as reduzidas profundidades verifica-se 0 mesmo comportamento até determi- nado valor da drea de ago, invertendo-se depois a relaglo; até determinado valor da 4rea de ago, hd um movimento horizontal e vertical da cortna, este sltimo no sentido descendente; com 0 aumento da fea de ago dos perfis,verifica-se que 0 movimento vai sendo sobretudo horizontal, nao se observando qualquer movimento relativo solo- patede preferencial, constatando-se que o solo menos deformavel acaba por permitir ‘uma menor mobilizagao da forga de cortee, consequentemente, uma maior carga nos perfis metélico ~ ainda para o caso anterior, a drea de ago para a qual a referida inversio se verifica & tanto maior quando menor é 0 nivel de pré-esforgo. 5 PROPOSTA PARA O DIMENSIONAMENTO EXPEDITO DOS PERFIS VERTICAIS Para 0 dimensionamento dos perfis verticais de cortinas de contencdo sugere-se a u das Figuras 6 a 11 da seguinte forma: izagio 4) escotha da curva a utilizar em Fungo da inctinagio das ancoragens, do tipo de solo, da profundidade da escavagio, do médulo de deformabilidade do macigo, do nivel de pré- esforgo e da inclinagio das ancoragens; ») escolha de um valor iniial da drea de ago a usar; ©) determinagio, com base na curva escothida, da relagio Nporsa/NEsiis 4) caleulo de Nye pi, utlizando a relagdo indicada ea expresso 3; ¢) determinagao de Neg [FL~*), usando um coeficiente de seguranga parcial adequado; 1) escolha de uma solugdo de perfis metélicos (tipo de perfil e afastamento entre perfis) que verifique a seguranca; 8) com 0 novo valor da rea de ago, voltar a (¢), até que a diferenga entre este valor © anteriormente considerado seja suficientemente pequeno. Faz-se notar que a metodologia proposta ndo considera explicitamente o dimensionamento tendo em atengao os deslocamentos, aspecto que em muitas situagSes constitui uma condicio- nante do projecto. Apenas de forma indirecta o considera, dado que os niveis de pré-esforgo apticados nas situagbes analisadas so os habitualmente considerados nestas situagdes e devendo 98 csies ser escolhidos em fungo de um adequado nfvel de deslocamentos, face as caracterfsticas dda contengao, do terreno e da envolvente. Refere-se, por outro lado, que, como seria de esperar, ‘0s deslocamentos sfo tanto menores quanto maior € a érea de ago dos perfs verticas; tendendo as curvas das Figuras 7 a 11 para a horizontal, pode fazer sentido escolher uma area de ago que esicja naquela zona das curvas, para a minimizagao dos deslocamentes. ‘A metodologia nfo considera igualmente outros aspectos do dimensionamento das estruturas ‘de contengo tipo Berlim definitivas: pretende apenas estimar de uma forma expedita, para uma ‘dada rigidez dos pestis veticais, a carga esperada nestes. 6~EXEMPLO Considere-se 0 exemplo esquematicamente representado na Figura 12. ay LEAL A fro Solo Aria (e= 180KPa, B= ey Jo KN/m?, Ky = 08 — oN | Fig, 12 Geomeria do exemplo considerado, Adoptando para pré-esforgo total inicial a resultante dos dois diagramas representados na Figura 12, tem-se um valor total, P, dado por: P=0,75 0,3 x 19 x 12? 40,8 x 10 x 12 = 712 KN/m o ‘A carga vertical total, para a situasio condicfonante,admitindo a profundidade do whimo nivel de escavagao igual a3 m, ¢ dada pela soma das componentes vetiais das forges nas ancoragens com o peso da parede. Considerando que a espessura real da parede € 0,4 m ver: Mishap = 712 x sen35° 40,4 > (12 ~ 8) 25 = 498 KN/m © “Tratando-se de um salo com as caactristicas do solo 2¢ endo a inclinagio das ancoragens igual a 35, a figura a consular é a Figura 8. Reproduz-se na Figura 13(a) a parte da Figura & correspondente ao solo 2 e& profundidade de eseavagio de 12 m Pode, enti, iniciar-se o processoiterativo descritoanteriormente: 4) a curva a utilizar 6a assinalada a trago grosso,correspondente 20 médulo de deformabi- lidade do solo e ao nivel de pré-esforgo;note-se que apesar deo pré-esfrgo aplicao ser tum pouco superior ao valor de 0,371, a escotha da curva correspondente a ese valor é do Indo da seguranga, como se viu anteriormente; 99, SOLO2: HeI2m 0 2% 50 78 100 125 0 2% 50 75 100 125 ‘Area dos pais emi) ‘Area dos peti em?/n) @ o mp ORE: E2000, a 03 B,=2006, He Ht By=3006, So 03 nh Etacos: S— 03M Kesey Se ot £005, 3 OH EL=I0O0e, A= 03H; By=s0008, = oa £,=10005, Fig. 13 - Reprodugio da parte da Figura 8 cortespondente ao solo 2 e & profundidade de 12 m, para exem- plificaglo do processoiterativo de dimensionamento: a) perfis HEB 160 de aco Fe360; b perfs tubutares de 139,7 mm de didmetro © 10 mm de espessura, de ago Fe430. ) escotha-se como valor inicial da drea de ago 50 em? /m; ©) de uma primeira iteragdo obtém-se, conforme também indicado na Figura 13(a), arelagsio Noersia/NEQ% que toma o valor de 0,84; 4) dado que a carga vertical Nf; 6, como se viu, igual a 498 KNim, Nper fi 6 dado por: 418 KN/m. oy ©) considerando um coeficiente de seguranga parcial igual a 1,5, em que Nga ~ 1,5 x 418 627KN/m; 1) considerando que um perfil HEB160 de ago Fe360 com um comprimento de encurvadura 4de2,1 m (adoptado para esta situaso) tem, de cordo com o Buroeédigo3 (ENV 1993-1.1, 1992), um esforgo resistente de céleulo considerando o dimensionamento & compressio ‘com encurvaduraigual a Nyy = 998 kN, 0 afastamento médio entre perfs, numa primeira iteragio, devers ser s = 998/627 = 1,59 m; £8) a frea de ago a que corresponde este afastamento & de 34 cm?/m. Esta primeira iteragdo corresponde & primeira linha do Quadro 4. Fazendo nova iteragio ‘com 0 valor da drea calculado e fazendo nova utilizagio da Figura 13(a), obtém-se os valores indicados na segunda linha, Procedimento semelhante permite obtr a terceira linha do quad. Ao fim desta terciraiteragio,o valor da rea calculado corresponde ao inicialmente considerado, pelo que se dé por findo o processo iterativo. Nesta hipotese, escolher-se-ia, pois, perfs HEB160 afastados, em média, de 1,71 m. Quadro 4 - Determinagaa da solugso de perfis HEB 160 (ago Fe360) para o exemplo considerado “Areainil | NyocralNista | New (extn) enim 7 30 om a z H os 0 z = or SEE Pretendendo-se usar, em lugar dos perfis HEB 160, perfis tubulares de ago Fe430 pode proceder- se a um processo semclhante, ilustrado pela Figura 13(b)e pelo Quadro 5, adoptando, por exem- plo, como primeira iteragdo 0 resultado anteriormente obtido. Quadro $- Determinagio da solugto de perfis uhulares(dfimetro de 129,7 mm eespessura de 10 mm, ago e430) para o exemplo considerado Tesagio | Aral | Ryarja TWEE | Naa | o | Ares oad {cxn? fn) kNim) | (om) (om? jm) r 2 oe safle 35 z B Te SIL te 0s afastamentos indicados no Quadro $ foram obtidos tendo em atengdo que a resisténcia de céleulo & compressio com encurvadura de um perfil tubular com as caracterfsticas indicadas é ‘Nona = 932 KN. Ao fim da segunda iteragio, considerando-se que a érea final ¢ suficientemente prOxima da inicial, dé-se por findo © processo iterativo, Nesta hip6tese, escolher-se-ia perfis tubulares de 139,7 mm de diémetro e espessura de 10 mm, afastados, em média, de 1,69 m. 7 - CONCLUSOES As analises realizadas, admitindo boa fundacdo para os perfis metdlicos verticais, permi- tem tirar algumas conclusdes sobre as cargas que si transmitidas a estes elementos, Fazendo a andlise em termos da relagio entre a carga transmitida aos perfis metilicos e a carga vertical total te6rica (peso da parede acrescido da componente vertical das cargas nas ancoragens, sem cconsiderar as suas variagdes) conelui-se, sobre esta relagio, que: ‘© pode ter valores substancialmente superiores & unidade, 0 que significa que a adesio ¢ (ou) o atrito na interface solo-parede podem contribuir para o aumento da carga nos perfis verticais; ‘© 6 tanto maior quanto menos consistente € o solo, quando menor é a inclinago das anco- ragens, quanto maior & a profundidade da escavagdo, quanto maior é a rigidez axial dos perfis verticais ¢ quanto menor é o nivel de pré-esforco; 101 «© diminui com o aumento do médulo de deformabilidade do solo para as profuundidades mé- dias e grandes; para reduzidas profundidades de escavaglo verifica-se o mesmo comporta- mento até determinada rigidez axial; arelagio inverte-se para rigidezes axiais superiores. Propés-se uma metodologia expedita de dimensionamento que permite a escolha da solugio de perfis metiticos a adoptar em fungiio das caracter(sticas da escavago, Esta metodologia baseia-se ‘num processo iterativo de aplicagio relativamente simples e parte dos seguintes pressupostos: ‘* 05 pertis nfo so sujeitos a momentos flectores significativos, o que torna a metodologia aplicavel a situagbes em que aqueles estio centrados na parede de betZo, sem deficiéncias de implantagio significativas; ‘+ a metodologia nfio considera explicitamente 0 dimensionamento tendo em atengd0 os des- ocamentos, aspecto que em muitas situagOes constitui uma condicionante do projecto: ‘apenas de forma indirecta o considera, dado que os niveis de pré-esforgo aplicados nas situagdes analisadas sfo os habitualmente considerados nestas situagdes e devendo estes ‘ser escolhidos em fungo de um adequado nivel de deslocamentos, face As caracteristicas da contengao, do terreno e da envolvente; ‘+ a metodologia considera-se vélida apenas para valores do nimero de estabilidade da base, Np inferiores ou iguais a3,75, gamaa que corresponde o campo de aplicago mais corrente da solugao tipo Berlim, Apresentou-se, finalmente, um exemplo de aplicaglo da metodologia de dimensionamento proposta. 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