Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Residuos - Legislacao Portuguesa - 1997/09 - DL Nº 239 - QUALI - PT
Residuos - Legislacao Portuguesa - 1997/09 - DL Nº 239 - QUALI - PT
c) To supply information which would disclose any For the Portuguese Republic:
trade, business, industrial, commercial or pro-
fessional secret or trade process, or information,
the disclosure of which would be contrary to
public policy (ordre public).
Foi ouvida a Associação Nacional dos Municípios d) Resíduos urbanos: os resíduos domésticos ou
Portugueses. outros resíduos semelhantes, em razão da sua
Assim: natureza ou composição, nomeadamente os pro-
Nos termos das alíneas a) e c) do n.o 1 do artigo 201.o venientes do sector de serviços ou de estabe-
da Constituição, e em desenvolvimento do regime jurí- lecimentos comerciais ou industriais e de uni-
dico estabelecido pela Lei n.o 11/87, de 7 de Abril, o dades prestadoras de cuidados de saúde, desde
Governo decreta o seguinte: que, em qualquer dos casos, a produção diária
não exceda 1100 l por produtor;
e) Resíduos hospitalares: os resíduos produzidos
CAPÍTULO I em unidades de prestação de cuidados de saúde,
Disposições gerais incluindo as actividades médicas de diagnóstico,
prevenção e tratamento da doença, em seres
Artigo 1.o humanos ou em animais, e ainda as actividades
de investigação relacionadas;
Objecto
f) Outros tipos de resíduos: os resíduos não con-
O presente diploma estabelece as regras a que fica siderados como industriais, urbanos ou hos-
sujeita a gestão de resíduos, nomeadamente a sua reco- pitalares;
lha, transporte, armazenagem, tratamento, valorização g) Produtor: qualquer pessoa, singular ou colec-
e eliminação, por forma a não constituir perigo ou causar tiva, cuja actividade produza resíduos ou que
prejuízo para a saúde humana ou para o ambiente. efectue operações de tratamento, de mistura ou
outras que alterem a natureza ou a composição
Artigo 2.o de resíduos;
h) Detentor: qualquer pessoa, singular ou colec-
Âmbito tiva, incluindo o produtor, que tenha resíduos
Ficam excluídos do âmbito de aplicação deste na sua posse;
diploma, quando sujeitos a legislação especial: i) Gestão de resíduos: as operações de recolha,
transporte, armazenagem, tratamento, valoriza-
a) Os resíduos radioactivos; ção e eliminação de resíduos, incluindo a moni-
b) Os resíduos resultantes da prospecção, extrac- torização dos locais de descarga após o encer-
ção, tratamento e armazenagem de recursos ramento das respectivas instalações, bem como
minerais, bem como da exploração de pedreiras; o planeamento dessas operações;
c) Os cadáveres de animais e os resíduos agrícolas j) Recolha: a operação de apanha de resíduos com
que sejam matérias fecais ou outras substâncias vista ao seu transporte;
naturais não perigosas aproveitadas nas explo- l) Transporte: a operação de transferir os resíduos
rações agrícolas; de um local para outro;
d) As águas residuais, com excepção dos resíduos m) Armazenagem: a deposição temporária e con-
em estado líquido; trolada, por prazo não indeterminado, de resí-
e) Os explosivos abatidos à carga ou em fim de duos antes do seu tratamento, valorização ou
vida; eliminação;
f) Os efluentes gasosos emitidos para a atmosfera. n) Reutilização: a reintrodução, em utilização aná-
loga e sem alterações, de substâncias, objectos
Artigo 3.o ou produtos nos circuitos de produção ou de
consumo, por forma a evitar a produção de
Definições resíduos;
Para efeitos do presente diploma, entende-se por: o) Valorização: as operações que visem o reapro-
veitamento dos resíduos, identificadas em por-
a) Resíduos: quaisquer substâncias ou objectos de taria do Ministro do Ambiente;
que o detentor se desfaz ou tem intenção ou p) Tratamento: quaisquer processos manuais, mecâ-
obrigação de se desfazer, nomeadamente os pre- nicos, físicos, químicos ou biológicos que alte-
vistos em portaria dos Ministros da Economia, rem as características de resíduos, por forma
da Saúde, da Agricultura, do Desenvolvimento a reduzir o seu volume ou perigosidade, bem
Rural e das Pescas e do Ambiente, em con- como a facilitar a sua movimentação, valoriza-
formidade com o Catálogo Europeu de Resí- ção ou eliminação;
duos, aprovado por decisão da Comissão Euro- q) Estações de transferência: instalações onde os
peia; resíduos são descarregados com o objectivo de
b) Resíduos perigosos: os resíduos que apresentem os preparar para serem transportados para
características de perigosidade para a saúde ou outro local de tratamento, valorização ou eli-
para o ambiente, nomeadamente os definidos minação;
em portaria dos Ministros da Economia, da r) Estações de triagem: instalações onde os resí-
Saúde, da Agricultura, do Desenvolvimento duos são separados, mediante processos
Rural e das Pescas e do Ambiente, em con- manuais ou mecânicos, em materiais constituin-
formidade com a Lista de Resíduos Perigosos, tes destinados a valorização ou a outras ope-
aprovada por decisão do Conselho da União rações de gestão;
Europeia; s) Eliminação: as operações que visem dar um des-
c) Resíduos industriais: os resíduos gerados em tino final adequado aos resíduos, identificadas
actividades industriais, bem como os que resul- em portaria do Ministro do Ambiente;
tem das actividades de produção e distribuição t) Instalação de incineração: qualquer equipa-
de electricidade, gás e água; mento técnico afecto ao tratamento de resíduos
N.o 208 — 9-9-1997 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4777
por via térmica, com ou sem recuperação do sua intervenção no circuito de gestão desses resíduos
calor produzido por combustão, incluindo o e salvo o disposto em legislação especial.
local de implantação e o conjunto da instalação, 2 — Para efeitos do número anterior, consideram-se
nomeadamente o incinerador, seus sistemas de responsáveis pelo destino final a dar aos resíduos,
alimentação por resíduos, por combustíveis ou nomeadamente:
pelo ar, os aparelhos e dispositivos de controlo a) Os municípios ou as associações de municípios,
das operações de incineração, de registo e de no caso dos resíduos urbanos, sem prejuízo do
vigilância contínua das condições de incine- disposto no n.o 6 do presente artigo;
ração; b) Os industriais, no caso dos resíduos industriais;
u) Aterros: instalações de eliminação utilizadas c) As unidades de saúde, no caso dos resíduos
para a deposição controlada de resíduos, acima hospitalares.
ou abaixo da superfície do solo.
3 — Os custos de gestão dos resíduos são suportados
CAPÍTULO II pelo respectivo produtor.
4 — Quando o produtor seja desconhecido ou inde-
Da gestão de resíduos em geral terminado, a responsabilidade pelo destino final a dar
aos resíduos e pelos custos da respectiva gestão cabe
Artigo 4.o ao respectivo detentor.
Objectivos gerais 5 — Quando os resíduos sejam provenientes de países
terceiros, a responsabilidade pelo destino final a dar
1 — A gestão de resíduos visa, preferencialmente, a aos resíduos e pelos custos da respectiva gestão cabe
prevenção ou redução da produção ou nocividade dos ao responsável pela sua introdução em território nacio-
resíduos, nomeadamente através da reutilização e da nal.
alteração dos processos produtivos, por via da adopção 6 — A responsabilidade atribuída aos municípios ou
de tecnologias mais limpas, bem como da sensibilização associações de municípios, nos termos da alínea a) do
dos agentes económicos e dos consumidores. n.o 2 do presente artigo, não isenta os respectivos muní-
2 — Subsidiariamente, a gestão de resíduos visa asse- cipes do pagamento das correspondentes taxas ou tarifas
gurar a sua valorização, nomeadamente através de reci- pelo serviço prestado, a título de gestão directa ou
clagem, ou a sua eliminação adequada. delegada.
b) A origem e destino dos resíduos; responsável, nos termos do artigo 6.o, e as infracções
c) A identificação da operação efectuada. ao disposto nos artigos 7.o, n.os 1, 3 e 4, e 8.o, n.o 1,
bem como às regras a que se refere o artigo 15.o, n.o 1,
2 — Os destinatários da obrigação prevista no número do presente diploma, nomeadamente as fixadas na Por-
anterior têm o dever de guardar o registo aí referido taria n.o 335/97, de 16 de Maio, constituem contra-or-
durante os cinco anos subsequentes à respectiva actua- denação punível com coima de 100 000$ a 750 000$,
lização e de o disponibilizar a solicitação das entidades no caso de pessoas singulares, e de 500 000$ a
competentes para a fiscalização do cumprimento do dis- 9 000 000$, no caso de pessoas colectivas.
posto no presente diploma. 2 — As infracções ao disposto nos artigos 7.o, n.o 2,
16.o, n.os 1 e 2, e 17.o, n.os 1 e 2, constituem contra-
-ordenação punível com coima de 50 000$ a 500 000$,
Artigo 17.o no caso de pessoas singulares, e de 100 000$ a
Envio de registo 3 000 000$, no caso de pessoas colectivas.
3 — A tentativa e a negligência são sempre puníveis.
1 — Os produtores de resíduos, salvo os gerados em
resultado das operações referidas no número seguinte, Artigo 21.o
têm o dever de enviar anualmente às autoridades com-
Sanções acessórias
petentes um registo dos resíduos que produzam, nos
termos definidos por: 1 — Às contra-ordenações previstas no artigo anterior
a) Portaria conjunta dos Ministros da Agricultura, podem, em simultâneo com a coima e nos termos da
do Desenvolvimento Rural e das Pescas, da Eco- lei geral, ser aplicadas as seguintes sanções acessórias:
nomia e do Ambiente, no caso dos resíduos a) Perda a favor do Estado dos objectos perten-
industriais; centes ao agente e utilizados na prática da
b) Portaria conjunta dos Ministros da Saúde e do infracção;
Ambiente, no caso dos resíduos hospitalares; b) Interdição do exercício de actividades de gestão
c) Portaria do Ministro do Ambiente, no caso dos de resíduos que dependam de título público ou
resíduos urbanos; de autorização ou homologação de autoridade
d) Portaria do Ministro do Ambiente, no caso de pública;
outros tipos de resíduos. c) Privação do direito a subsídios ou benefício
outorgado por entidades ou serviços públicos;
2 — Os operadores que exerçam actividades de arma- d) Privação do direito de participar em concursos
zenagem em local diferente do local de produção, tra- públicos que tenham por objecto a empreitada
tamento, valorização ou eliminação de resíduos devem ou a concessão de obras públicas, o forneci-
enviar anualmente às autoridades competentes um mento de bens e serviços, a concessão de ser-
viços públicos e a atribuição de licenças ou
registo dos resíduos armazenados, tratados, valorizados alvarás;
ou eliminados, bem como das operações que efectuem, e) Encerramento de estabelecimento sujeito a
nos termos definidos por portaria do Ministro do autorização ou licença de autoridade admi-
Ambiente. nistrativa;
f) Suspensão de autorizações, licenças e alvarás.
CAPÍTULO V
Fiscalização e sanções 2 — As sanções referidas nas alíneas b) a f) do número
anterior têm a duração máxima de dois anos, contados
Artigo 18.o a partir da decisão condenatória definitiva.
Fiscalização
Artigo 22.o
A fiscalização do cumprimento do presente diploma Instrução de processos e aplicação de sanções
incumbe ao Instituto dos Resíduos, à Direcção-Geral
do Ambiente e às direcções regionais do ambiente e 1 — Compete às entidades fiscalizadoras do cumpri-
dos recursos naturais, bem como às demais entidades mento do presente diploma, salvo às autoridades poli-
com competência para autorizar operações de gestão ciais, instruir os processos relativos às contra-ordenações
de resíduos e às autoridades policiais. referidas nos artigos anteriores.
2 — A instrução dos processos cujo auto seja lavrado
por autoridade policial compete às direcções regionais
Artigo 19.o do ambiente e dos recursos naturais.
Medidas cautelares 3 — Compete ao dirigente máximo da entidade que
tenha instruído o processo de contra-ordenação decidir
O Ministro da Saúde ou o Ministro do Ambiente da aplicação de coimas e sanções acessórias.
podem, por despacho, em caso de emergência ou perigo
grave para a saúde pública ou o ambiente, adoptar medi- Artigo 23.o
das cautelares adequadas, nomeadamente a suspensão
Produto das coimas
de qualquer operação de gestão de resíduos.
O produto das coimas previstas no presente diploma
Artigo 20.o é afectado da seguinte forma:
Contra-ordenações a) 10 % para a entidade que levanta o auto;
b) 30 % para a entidade que processa a contra-
1 — O incumprimento do dever de assegurar um des- -ordenação;
tino final adequado para os resíduos, pelo respectivo c) 60 % para o Estado.
4780 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 208 — 9-9-1997
PREÇO DESTE NÚMERO 304$00 (IVA INCLUÍDO 5%) • Avenida de Fernão de Magalhães, 486 — 3000 Coimbra
Telef. (039)2 69 02 Fax (039)3 26 30
Diário da República Electrónico: Endereço Internet: http://www.incm.pt • Correio electrónico: dco l incm.pt • Linha azul: 0808 200 110
Toda a correspondência, quer oficial, quer relativa a anúncios e a assinaturas do «Diário da República» e do «Diário da Assembleia da República»,
deve ser dirigida à administração da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, E. P., Rua de D. Francisco Manuel de Melo, 5 — 1099 Lisboa Codex