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JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. DIREITO DO CONSUMIDOR |. Dos direitos de corsumider. sn 7 2 Il. Da polltca nacional das relagbes de consumo. of II Bos direitos basicos do consumidor. 05 IV. Da qualidade de produtos e servigos, da prevengo e da reparagio dos denos. o7 V. Das préticas comers. evsneinnnseninnns - au Vi. Da protege contratual sv 7 sve 7 15 VIL Das sangGes administratvas..u... - sv 19 Ill Da defesa do consumidor em juito. a | y Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. DIREITO DO CONSUMIDOR I DOS DIRFITOS DO CONSUMIDOR CONCEITO DE CONSUMIDOR Att 2° Consumidor é toda pessoa fisica ou juridica que adquire ou utliza produto ou servico como destinatario final © destinatirio final, a que se refere o art. 2° do CDC, segundo Claudia consumidor final, o que retira o bem do mercado a0 adquin-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinatério final fitico), aquele que coloca um fim na cadeia de produedo (destinatario final econémico), & no aquele que utiliza o bem para continuar a produzir,( ..)" 1, adotando, na hipstese, a interpretagao finalistica sma Marques, “é 0 A jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justiga, ao mesmo tempo em que consagra o conceito finalista, reconhece a necessidade de mitigagio do critério para atender situagées em que a valnerabilidade se encontra demonstrada no caso concrete, permitindo, por excesio, a equiparagda e a aplicabilidade do CDC nas relagdes entre fomecedores e consumidores-empresarios. Isso ocorre, todavia, porque a relago qualificada por ser “de consumo” ndo se caracteriza pela presenga de pessoa fisica ou juridica em seus polos, mas pela presenga de uma parte vulnerivel de um lado (consumidor e de um fornecedor, de outro (Resp. 661.145; Resp 476 428) ‘A interpretagio maximalista aceita como consumider qualquer pessoa fisica ou jusidica, ¢ © destinatirio final pode ser apenas de fato (ex: locadora de veiculos seria consumidora do automével, ‘mesmo que economicamente quem arque com o seu prege seja o locatario). 2. CONCEITO DE CONSUMIDOR POR EQUIPARACAO, Att. 2° Pardgrafo Unico. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indeterminaveis, que haja intervindo nas relacées de consumo, A referida norma trata niio mais daquele determinado individualmente considerado consumidor, mas sim de uma coletividade de consumidores, sobretudo quando adeterminados e que tenham intervindo em dada relagao de consumo, © exemplo clissico de aplicaglo deste dispositivo é a hipstese em que o fornecedor veicula publicidade enganosa ou abusiva. No caso, nfo se faz necessirio que o consumidor adquira o produto ou servigo ou tenha danos efetivos, bastando, to-somente, que haja a veiculaggo da publividade enganosa ou abusiva para a configuragio da relagio de eon: MAROUES. Clas Le, Comentfor a ddgo de dfea co consumbor at 1a 74 aspects mates So Pal: RT, 203,p 71 2 Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. 3. CONCEITO DE FORNECEDOR Ait 3° Foinecedor @ toda pessoa fisica ou juridica, publica ou privada, nacional ou ‘estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de producéo, montagem, cago, construgao, tansformagao, importagao, exportarao, distribuigao ou ‘comercializagao de produtos ou prestagao de servicos. (© requisito fundamental para a caracterizagio do fornecedor na relagio juridiea de consume & a habitualidade, ou seja, o exercicio continuo de determinado servigo ou fomecimento de produto, Além disso, quanto ao fornecimento de produtos, 0 citério caracterizador é desenvolver atividades tpicamente profissionais, de modo que todos os contratos firmados entre dois consumidores, nio-profissionais, serio regidos pelo Codigo Civil, 4. CONCEITO DE 1. Produtos Att 3° (..) § 1" Produto é qualquer bem, mével ou imével, material ou material Para que aeja considerado um produto devera o bem ter algum valor econémico, embora seja dispensivel que haja remuneragdo, diferentemente do servigo. Assim, responde o fabricante, por ‘exemple, também pelas amostras gritis postas no mereado e que causem danos aos consumidores 2. Servigos ‘Simula: 297 0 Codigo de Defesa do Consumidor ¢ aplicavelsinstitigdes anceras. ‘SGmula: 321 (© Cidigo de Defesa do Consumidor & aplcavel & relagdo juridice entre @ entidade de previaénela privada e seus partcipantes, '§ 2° Sewico 6 qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneracao, inclusive as de natureza bancaria, financeira, de crédito e securitria, salvo as decorrentes das relacdes de carater trabalhista, Aneoessidade de que haja uma atividade remunerada para que incida 0 CDC vem expressa no § 2° do seu art. 3°, em cujos termos servigo é qualquer atividade fomecida no mercado de consumo, mediante remuneragdo, inclusive as de natureza bancizia, financeira, de crédito e securitaria, salvo as a reclamagao.comorovadamente formulada pelo consumidor perante o fomecedor de fraduos e sere ae a tesponta negaiva cofespondea, que Gove ser Vanesa ir etado), ll'za metaurago de inguért civil até seu enceramento $3" Traandeae de vice eciio, 9 praze decsdeneal iniia-se no momento em que fear Svidenciado o deft, ‘Ait 27. Prescreve em cinco anos a pretense a reparacdo pelos danos causados por fato do produto ou do semviga prevista na Secdo Il deste Capitulo, iniciando-se a contagem do prazo ‘a pattit do conhecimento do dano e de sua autoria. Paragtafo Unico. (Vetado) (0s prazos para o exercicio do diteite de reclamar vém diseiplinados nos artigos 26 e 27 do CDC. O primeiro trata dos prazos decadenciais; o segundo, do prescricional. : y Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. DECADENCIA - Conforme exposto anteriormente, os vicios aparentes ¢ de facil ‘constatagio devem ser reclamados pelo consumidor dentro de 30 dias em se tratando de produtos ou servigos ndo durdveis, como 2 exibigio de um ante adquirido em um supermercado {art 26, me. 1) © em 90 dias no caso dos durdveis (art. 26, inc. I), sendo exemplos o servigo de TV a cabo e a compra de um eletrodoméstico O iicio da contagem desses prazos é a entrega efetiva do produto ou 0 tétmino da execugdo dos servigos ( art. 26, §1°). No ca50 dos vietos oeultos, o term0 inicial de contagem é, logicamente, o momento em que ficar evidenciado o defeito (§3°) filme ou o reli © curso do prazo decadencial fica obstado (suspenso) desde a reclamagio comprovadamente formulada pelo consumider perante o fornecedor até a resposta inequivocamente negativa (ait 26, § 2°, me. D, bem como a partir da instauragdo de inquétito civil até seu encerramento (art. 26, § 2, ine im) Suponha que © consumidor compre um automével, bem de consumo durivel, que apresente visio oculto somente 10 meses apos a compra, Neste caso, tem o consumidor 0 prazo de 90 dias, a partir da revelagio do defeito oculto, para fazer reclamagiio por escrita a0 fornecedor Se o constimidor faz notificagao extrajudicial de 5 dias apés a descaberta do vicio, o prazo fiea suspenso até que a montadora informe ao consuumidor a respeito do conserto do veioulo, Se a resposta da montadora for negativa, 0 consumidor terd mais 85 dias para ingressar com a ayo em juizo, requerendo 0 conserto do veiculo, bem como as perdas e danos, se for 0 caso. PRESCRICAO - © prazo prescricional para reclamar o fto do produto ou do servigo & de 5 anos, na forma do art 27 do CDC. Este mesmo diploma legal nio estabelece nenfuma hipotese de intorupodo ou suspenséo dos prazos prescriionais, valendo, potanto, a8 reprasprevisas nos arts. 197 £204 do Cadigo Civil A contagem do prazo prescricional somente se inicia se o consumidor tem © conhecimento do dano ¢ de sua autoria No que diz respeito 20 conhecimento do dano, a ressalva do legislador foi deveras importante, uma vez que pode o consumidor ter sido letado © no ter-te dado conta do cocorride, Exemplo disso eté na utlizagdo de medicamentos, cujos efeitos danosos somente poderdo parecer apés algum tempo de uso Ademais, havendo garantia contratual (arts. 24, 25 ¢ $0 cle art. 7°), @ garantia legal somente ‘comegara a correr depois de terminada aquela, o prazo do art. 27 tem inicio a depender da garantia ‘contratual, por exemplo, em matéria de construgéo civil 5. DA DESCONSIDERAGAO DA PERSONALIDADE JURIDICA ‘Att 28. © juz podera desconsiderar a personalidade Juridica da sociedade quando, em ‘etrmento do consumider, nouver abuso de dito, excesso de poder, nfacao da lal, faio OU ‘ato feito ou violagao dos estatutos ou contato social. A desconsideragao também sera efelivada quando nower falencia, estado de Insohencia, encerramento ou inatvidade da pessoa ica provocados parma adminstacio Pe Ne Scdedades inagrantes dot grupos socetros o as sociadades contolad, #80 Subsidiariamente responsave's pelas obmigacdes decorrentes deste codigo, § 3" As Socledades consorciadas $20 soldaramento responsavels pelas obrigacées Secorrentes deste cédigo §§ 4” As soc edades coligadas 86 responderdo por culpa 5° Tambem podera ser desconserada a pessoa judica sempre que sua personalidade for, de alga forma, obstaculo ao ressarciento de preluizos causados aos consumelores. : y Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. © Codigo de Defesa do Consumidor acolhen direta e expressamente a teoria da desconsideragio da personalidade juridica (disregard doctrine), protegendo © consumidor, parte vulneravel da relagdo juridica © reflexo desta doutina no esforgo de protegdo aos interesses do consumidor é facilitar 0 ressarcimento dos danos causados aos consumidores por fomecedores - pessoas juridicas IMPORTANTE. => A teoria da desconsideragao da personalidade juridica (disregard doctrine) consiste na possibiidade de afasiamento da autonomia da sociedade, passando os sécios e administradores a responderem pelos prejuizos causados pela pessoa juridica A desconsideragio da pessoa juridica esta prevista no caput e no § 5° do art. 28, e somente ocorerd not casos em que @ personificagio da empresa implicar Sbice ao restarcimento do consumidor. 14 os $9 2° a 4° do mesmo artigo, embora inserides na segdo referente a desconsiderayao {da porsonalidade juridica, versam sobre a responsabilidade subsidiéria ou solidaria das sociedades, Inmportante notar ainda que a deciséo judicial que desconsidera a personalidade juridica no implica a dissolugdo da sociedade, mas o seu afastamento momentaneo, para aquele caso conereto, a fim de que haja a reparagio do dano causado ao consumidor. Ademais, caso 0 juiz decrete a desconsideragio da personalidade juridica, o patriménio atingido sera o do proprietario, do acionista ‘controladar ¢ do s6cio majoritirio E facultativa a0 juiz a decretagdo da desconsideragdo da personalidade juridica, devendo ser analisado os seguintes requisitos: 1. lesdo ao patriménio do consumidor, 2. patriménio da pessoa juridiea insuficient 43. pratica de atos faudulentor ou enceramento das atividades da empresa Como conseqiéneia do método escolhido pelo CDC, de imputar de forma objetiva (ndependente de culpa) deveres solidariamente a todos os fomecedores da cadeia de fomecimento, temse que o art 28, caput e § S°, permite a desconsideragao de toda e qualquer sociedade em caso de abuso de dueito © “sempre que a sua personalidad juridica for, de alguma forma, obsticulo ao ressarcimento” dos consumidores, O art. 28 refere-se a todos of fornecedores (diets ¢ indsetos) da cadeia, contratante ou nio, de forma @ permit © ressarcimento (art. @, VI) dos danos morais © rmaterias, individuais e coletivos ocorridos no mercado de consume, menciona especialmente at sociedade pertencentes @ grupos societios ¢ as sociedades controladas, as sociedades consorciadas, © prope um tinivo privilégio para as sociedades coligadas, que respondem somente por culpa y Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. V. DAS PRATICAS COMERCIAIS 1. DA OFERTA, A oferta ou proposta é a declaracao inicial de vontade direcionada a realizagio de ur contrato «e postui forga vinculante em relagio a quem a formula, devendo ser mantida por certo tempo (0.CC02 utiliza a expresso proposta, afirmando, em seu art. 427, que “a proposta de contrato obriga o proponente, se 0 contrario néo resultar dos termos dela, da natureza do negécio, ou das circunstincias do caso” A diferenga entre oferta © proposta esta na sua finalidade, pois existem ofertas voltadas para o consumidor (varejo) e ofertas voltadas para os comerciantes, estas s20 reguladas pelo CC, aquelas, pelo CDC. 1.1. Principio da vinculasio da oferta e da publicidade A oferta nao tera forga obrigatoria se ndo houver veiculagio da obrigag2o. Uma proposta que deixe de chegar a0 conhecimento do consumidor nfo vincula fommecedor. Em segundo lugar, a oferta (informago ou publicidade) deve ser suficientemente precisa, isto é, o simples exagero nio obrign 0 fomecedor. #3 0 caso das expresses que no permitem verificagio objetiva, como “o melhor sabor”, “0 mais bonito”, ‘A vinculagio atua de duas maneitas. Primeito, obrigando o formecedor, mesmo que se negue a ‘contratar, Segundo, introduzindo-se (¢ prevalecendo) em contiato eventualmente celebrado, inclusive ‘quando seu texto o diga de modo diverso, pretendendo afastar o carater vinculante 1.2.A oferta no publicitiria — dever de informar A informagdo, no mercado de consumo, oferevida em dois momentos principais. Ha, em primeiro ugar, uma informagao que precede (publicidade, por exemplo) ou acompana (embalager, por exemplo) o bem de consumo, Bm segundo lugar, existe @ informagio passada no momento da formalizagio do ato de consumo, isto é,no instante da contatag Li, temos a informagdo pré-contratual. Aqui, deparamo-nos coma informagdo contratual. So dois estigios distintos do iter da comunicagao com 0 consumidor Ambos tém o mesmo objetivo, out seja, preparar o consumidar pata um ato de consumo verdadeiramente consentido, livre, porque fundamentado em niformagies adequadas, A Segiio I do Capitulo V relative a praticas comerciais, cuida, basicamente, da informagiio pré-contratual, vindo a informapo contratual regida pelo Capitulo VI, notadamente pelos arts. 46 « 54, §§ 3° € 4°, do Cadigo, Para a protegao efetiva do consumidor nio é suficiente 0 mero controle da enganosidade © abusividade da informagio. Faz-se necessirio que © fomecedor cumpra seu dever de informagiio positiva. Toda a reforma do sistema juridico nessa matéria, em especial no que se refere a publicidade, relaciona-se com 0 reconhecimento de que © consumidar tem direito a uma informagio completa ¢ cexata sabre 03 produtos e servigos que deseja adquiri. Oart 31 ter © principio da tanspardncia, previsto expressamente pelo CDC na sua origel (art. 4°, caput). Por outro lado, ¢ decoméneia também do principio da boa-fé objetiva, que perece em ambiente onde falte a informagao plena do consumidor. y Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Tal dispositive aplica-se, precipuamente, @ oferta nio publicitaria, Cuida do dever de informar 4 cargo do fornecedor. O Codigo, como se sabe, da grande énfase a0 aspecto preventivo da protegao do consumidor, E um dos mecanismos mais eficientes de prevengao é exatamente a informagao preambular, 2 comunicagdo pré-contratual, Nao ¢ qualquer modalidade informativa que se presta para atender aos ditames do Cédigo. A informagio deve ser correta (verdadeira), clara (de ficil entendimento), precisa (sem prolixidade), costensiva (de facil percep) e em lingua portuguesa 1.3.Descumprimento da oferta Att. 95. Se o fornecedor de produtos ou servigos recusar cumprimento a oferta, apresentacao ‘ou publicidade, o consumidor podera, alternativamente e a sua live escolha | exigir 0 cumprimento forgado da obrigagao, nos termos da ofetta, apresentagao ou pubiicidade; Il -aceitar outro produto ou prestagao de servigo equivalents: Ill = rescindir © contrato, com direito @ resttui¢do de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, © a perdas © danos, 0 art 35 6 bem claro ao especificar que, se o empresiio recusar dar cumprimento a sua oferta, o consumidor poderé exigir 0 cumprimento forgado da obrigagéo. Nota-se aqui que o CDC pressupée o fechamento do contrato, em vittude da simples manifestagio do consumidor aceitando a ‘oferta Avutilizagao do art 35 em agdes coletivas, visando 0 cumprimento da promessa feita através da publicidade, teria efeitos verdadeiramente saneadores no mercado, evitando publicidades falsas, pois o consumider, ou sua entidade de defesa, nio necessitaria recorzer norma do art. 37, sol publicidade enganosa, 2. DA PUBLICIDADE, Para fins de incidéncia do CDC, pode-se dizer que a publicidade ¢ toda informagio ou comunicagiio difimdida com o fim direto ou indireto de promover, junto ao consumidor, a aquisigio de um produto ou a utilizagdo de um servigo, qualquer que seja o local ou 0 meio de comunicagao utilizado, Ha, portanto, a finalidade do consumo, (© CDC meneiona a publicidade como atividade juridicamente relevante em trés momentos: 1) ‘quando suficientemente precisa, integra a oferta contratual (art. 30), 0 futuro contrato (arts. 18 e 20), vincula-o como proposta (arts. 30 a 35); 2) quando abusiva ou enganosa, ¢ proibida e sancionada (art 37); 3) nos demais casos, como pritica comercial, deve ser correta nas informagSes que presta (arts 36, paragrafo tino, e 38), identificavel enquanto publicidade (art. 36, caput) e, sobretudo, legal (art. 6.1) ‘+ Principio da identificagio da publicidade — A publicidade deve ser identificada pelo consumidor, sendo vedada a tilizagio de publicidade clandestina ou subliminar; ‘+ Principio da vinculagio contratual da publicidade — Diz que o consumidor pode exigit do fornecedar o cumprimento do conteiido da comunicagio publieitaria, © Principio da veracidade da publicidade — Consagrado na medida que 0 CDC proibe a mice a ° @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. * Principio da nao-abusividade da publicidade — Visa reprimir desvios que prejudicam ‘gualmente os consumidores (art. 37, §2°) + Principio da inversio do Gnus da prova Ii decorrente dos prncipios da veravidade e niio- abusividade da publicidade, assim como do reconhecimento da vulnerabilidade do consuumidor (art. 38) + Principio da transparéncia da fundamentacio da publ parigrafo tinico, do CDC. Seti expresso no att 36, * Principio da corresiio do desvio publicitario — Uma vez que desvio publicitario ocorra, a0, lado de sua reparagio civil © repressio administrativa © penal, impée-se, igualmente, que os seus maleficios sejam comigidos, ou seja, que seu impacto sobre os consumidores seja aniquilado, * Principio da lealdade publicitaria — Consagrado no att. 4°, VI, do CDC. + Publicidade enganosa e abusiva ENGANOSA - O art 37 proibe a publicidade enganosa, caracterizada no § 1° como sendo”” qualquer modalidade de informasao ou comunicagio de caréter publicitirio, inteira ou parcialmente Jalsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissio, capaz de inducir em erro 0 consumidor a respeiio da nalureza, caracteristicas, qualidade, quantidade, propriedades, origem, prego e quaisquer outros dados sobre produtos ¢ servigos”. © ponto principal desta forma de publicidade ¢ sua capacidade de formar no consumidor tums falsa nogao da realidade ‘A publicidade enganosa pode ser de dois tipo: por comissdo, em decorréncia de uma informagio total ou parcialmente falsa vinculada pelo fornecedor sobre o produto ou 0 servigo (sobre © tema: STJ - Resp. 447303), por omissio, quando o anunciante deixa de informar sobre dado essencial do produto ou servigo (art 37, $3°. = ABUSIVA - Igualmente proibida pelo art 37, a publicidade abusiva vem conceituada no § 2° como, dentre outras, a publicidade discriminatéria de qualquer natureza, a que incite & violéncia, explore 0 medo ou a superstigdo, se aproveite da deficiéncia de julgamento ¢ experiéncia da crianga, destespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzit o consumider a se comportar de forma prejudicial ou perigasa a sua saide ou seguranca. #, portanto, a publicidade que, de forma antiética, fare valores basicos de toda a sociedade, + Inversio ope legis do Gnus da prova da veracidade da mensagem publicitaria. © art. 38 estabelece que © énus da prova da veracidade © comeydo da informagio on comunicagdo publicitiria cabe a quem a3 patrocina Assim, fomecedot & responsavel pelas informagies transmitidas por meio da oferta e da publieidade veiculada, 13 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. 3. DAS PRATICAS ABUSIVAS 0s ineisos do art. 39 do CDC enuneiam priticas vedadas ao fornecedor de produtos ou servigos, de forma apenas exemplificativa, haja vista a presenga, no caput, da expresso “dentre outras praticas abusivas” So condutas comissivas ou omissivas por meio das quais o fornecedor abusa de seu dieito, a saber | - condicionar @ fornecimento de produto ou de sevigo ao fomecimento de outto produto ou ‘servigo, bem como, sem justa causa, a limites quantitatvos; Il - recusar atendimento as demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibildades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; Ill = enviar ou entregar ao consumidor, sem solcitagao prévia, qualquer produto, ou fornecer ‘qualquer servigo: IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorancia do consumidor, tendo em vista sua idade, satide, ‘conhecimento ou condigao social, para impingir-Ihe seus produtos ou sewicos; V - exigir do consumidor vantagem manitestamente excessiva; VI - executar servicos sem a prévia elaboracdo de orcamento e autorizacdo expressa do ‘consumidor, ressalvadas as decorrentes de praticas anteriores entre as partes; VII- tepassar informaco depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercicio de seus direitos; Vill - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou servigo em desacordo com as notmas expedidas pelos digdos ofciais competentes ou, se normas especifioas nao ‘existfem, pela Associacéo Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalizacao ¢ Qualidade Industral (Conmetro); IX - recusar a venda de bens ou a prestacao de servicos, diretamente a quem se disponha a adquirt-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediacao regulados em leis especiais; (Redagao dada pela Lei n* 8 884, de 11.6.1994) X-- elevar sem justa causa 0 preco de produtos ou sewvicos. (Incluido pela Lei n* 8884, de 11.6.1994) XI"- (Dispositivo incluido pela MPV n* 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inc'so Xill, ‘quando da converdo na Lei n® 9.870, de 23.11.1999) XIl- deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigacao ou deixar a fixagdo de ‘seu termo inicial a seu exclusivo ofitério.(Incluido pela Lei n® 9.008, de 21 3.1995) Xill - aplicar formula ou indice de reajuste diverso do legal ou contratuaimente estabelecide (Incluido peta Lei n* 9.870, de 23.11.1999, Dentre essas priticas descritas no art. 39, merecem destaque a proibigdo da dita venda casada (inc. D, 0 dever de cumprira oferta enquanto hi estoque (inc. II) e a proibigdo do estimulo as vendas por impulso (ine. IV). Ademais, a combinagdo do inc. HI com © parigrafo tinico desobriga 0 consumidor de pagar por servigos prestados ou produtos entregues sem sua prévia solicitayao, pois estariam equiparados is amostras gritis, Trata-se, para alguns, de uma autorizayao legal 20 ‘enriquecimento injustificado. ‘A chamada “venda casada” consiste no fornecimento de produto ou servigo sempre ‘condicionado a venda de outro produto ouservige, A “venda quantitativa”, do mesmo modo considerada pritica abusiva pelo CD consiste na incia imposta ao consumider em adquirir produto ou servigo em quantidade maior ou menor do que necessita Ao fornecedor também & vedada a recusa imotivada de demanda dos consumidores, na medida de suas disponibilidade de estoque, e, ainda, em conformidade com os usos e costumes (art. 39, ID. E © caso, por exemplo, de o taxista recusar uma corrida, ou do cliente que quer pagar o produto a vista e recebe recusa do fornecedor 14 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. 4. DA COBRANCA DE DivIDAs. © caput do aut. 42 informa que na cobranga de débitos, o consumider inadimplente nao sera ‘exposto a ridicule, nem sera submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaga. Nao ha diivida de que o credor pode langar mao dos meios legais para exigir 0 cumprimento da obrigagio assumida pelo consumidor, pretendendo o legislador somente que © fornecedor niio abuse deste direito face & hipossuficiéneia e vulnerabilidade do consumidor. Ademais, por forga do parigrafo tinico, existe o ireito a chamada devolugdo em dobro, isto é, 0 consumidor cobrado em quantia mdevida tem direito & repetigio do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrercido de comesdo ‘monetiria ¢ juros legais, salve hipétese de engano justificavel. 5, DOS BANCOS DE DADOS E CADASTROS DOS CONSUMIDORES (art 43 dispde sobre os cadastros ropistros de dados do consumidor, aos quais este deve ter pleno acesso © que devem ser objetivos, claros ¢ verdadeiros. Deles no podem constar informagses nnegativas referentes a periodo superior a 5 (cinco) anos (§ 1°). de 5 (eineo) dias o prazo concedida 20 arquivista para que comunique aos destinatarios a alterag3o de dados do consumidor quando este verifica a inexatidao e exige a correcio do registro, exercendo seu diseito previsto no § 3°. Por forga do § 4, os bancos de dados e cadastros relatives a consumidores, bem como o: servigas de protegao 420 crédito s80 considerados entidades de caréter piblico, embora possam ser mantidos por entidades priblicas (ex. Bacen) ou privadas (ex. SPC). Por fim, prescrita a cobranga do débito, mio podem os servigos de protegio ao crédito prestar quaisquer informagées que dificultem o acesso do consumidor 40 crédito junto a outros fornecedores (§ 5°) VL DA PROTECAO CONTRATUAL 1. PRINCIPIOS 1.1. Igualdade Inspira 0 Direito do Consumidor hija vista que este busea, em itima unilise, igualar os desiguais. Tratz-se, portanto, de igualdade material ou substaneial, que, por ser 0 objetivo maior, ¢ 6 fundamento dos demais prineipios. Esta previsto no inciso II do art. 4° do CDC, que menciona a necessidade de equilibrio nas relagdes entre consumidores e fornecedores. Outrossim, 0 CDC institu: normas imperativas, as quais proibem a utilizag4o de qualquer clausula abusiva, definidas como as que assegurem vantagent unilaterais ou exageradas para o fomecedor de bens © servigos, ou que sejam incompativeis com a boa-fé © a equidade (art 51 do Do). 1.2. Liberdade © Principio da Liberdade significa que © consumidor deve ter possibilidade plena de escolha, isto é, devem lhe ser assegurados um correto entendimento ¢ uma adequada disposigio das cliusulas contratuais. Isso ocorre porque a total liberdade de contratagio 26 existe ene partes em situagdo de ‘equilibrio ¢ igualdade y Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Este principio, previsto no inciso II do art. 4° do CDC, obriga as partes a terem condutas adequadas aos padrées aceitaveis ¢ exigiveis de comportamento contratual. Dele decorrem diversos deveres anexos, como transparéncia, informagéo, nao aceitagio de linguagem complexa, interpretagao ‘em favor do consumidor, eooperagio, confianga e lealdade. Destaca Claudia Lima Marques que o principio da boa-fé objetiva na formagio ¢ execusio das ‘obsigagSes possui muitas fungdes na nova teoria contratual: 1) como fonte de novos deveres especiais de conduta durante © vinculo contratual, os ‘chamados deveres anexos (Fungo criadora); 2) como causa limitadora do exer (Gangao limitadora); », antes licite, hoje abusive, dos direito eubjetivos 3) na concregio e interpretagio dos contratos (fungio interpretadora) 2 1.4. Transparéncia Pelo principio da transparéneia a relagio entre consumidores ¢ fomecedores deve ser @ mais sincera e menos danosa possivel, devendo ser respeitado desde a fase pré-contratual até a execugao do contrato, Para tanto, os fornecedores devem informar clara e corretamente 0 produto a ser vendido e/ou sobre o contrato a ser firmado, razao pela qual 0 CDC institui um novo e amplo dever para o fomecedor, o de informar nio s6 sobre as caracteristicas do produto ou servigo, como também sobre o conteiido do contrato, evitando que o consumidor vincule-se a obrigagSes que nao descjava ou no teria condigées de suportar 1.5. Confianga © principio da confianga garante ao consumidor a adequagio do produto e do servigo, para evitar riscos e prejuizos oriundos dos produtos © servigos, para assegurar 0 ressarcimento do consumidor, em caso de insolvéncia, de abuso, desvio da pessoa juridica-fomecedora, para regular também alguns aspectos da inexecugde contratual do prdprio consumidor 1.6. Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor © reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo vern expresso no inciso I do att 4° do CDC. E por poder o consumider ser mais facilmente atacado em suas manifestayGes de vontade que merece maior protegdo. A vulnerabilidade existe no plano fitico, téenico-profissional e jurdico, e é conceit de dveito material, segundo o qual o mais fraco pode ser Tesedo pelo mas forte E caracteristiea inerente a qualquer consumidor, diferentemente da hipossuficiéncia ~ conceito processual ~ ¢ que somente esté presente quando 0 consumidor, além de ‘vulnervel, nd diapSe dos mteios necessarios para litigar, quet por earénoia material, quer intelectual ° @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Tipos de vulnerabilidade y - Fatica: & a desproporcionalidade de fatica de forgas, intelectual e econémica, que caracteriza a relagto de consumo; - Técnica-profissional: o comprador no possui conhecimentos especificos sabre o objeto que esi adquirindo e, portanto, & mais faciimente enganado quanto as caracteristicas do bem ou quanto a sua utlidade, o mesmo acorrendo em matéria de servigos: = Juridica: € a falta de conhecimentos juridicos espectcos, conhecimentos de contabildade ou de economia (& presumido relatvamente aos consumidores. nao profssionais e para o consumidor pessoa fisica; quanto aos profissionais e as pessoas Juridicas vale a presungéo em contaro 1.7. Educagio e informasio de fornecedores ¢ consumids res quanto a direitos e deveres Sem davida, a educagao e informagdo dos consumidores so fuandamentais para uma sociedade mais justa ¢ equilibrada, Por esta raziio, o legislador inseriu no art. 4°, IV, a necessidade de formagao de cidadaos aptos a exercer a livre manifestagdo de vontade, conscientes de seus direitos e deveres perante a sociedade Em consonaneia com o ditposto no art. 4°, 0 art. 6° Il, do CDC garante a0 consimidor direito de educagio © divulgagdo sobre o consumo adequado de produtos ¢ servigos, para que 0 consumidor possa, efetivamente, exercer seu direito de escolha e manter pé de igualdade com © fomecedor nas contratagées Ademais, 0 direito de mformagzo, descrito no art. @, IT, determina que o ‘contrato de consumo deve ser firmade em ambiente de absoluta wansparéncia entve a8 partes, sob pena de macular a manifestagdo de vontade do consumidor. ‘Harmonizagio dos interesses entre consumidores e fornecedores com base na boa-fé objetiva © caput do at. 4° do CDC meneiona além da transparéneia, a necessaria harmonia das relagdes de consumo. Esta harmonia sera buscada através da exigéncia de boa-f nas relagdes de consumo entre consumidor ¢ fornecedor, Segundo dispe o art. 4° do CDC, inciso terceizo, todo 0 esforgo do Estado ao regular os contratos de consumo deve ser no sentido de harmonizagdo dos interesses dos participantes das relagSes de consumo e compatibilizagio da protesio de contumidor ‘com a necessidade de desenvolvimento econémico e teenoldgico, de modo a viabilizar os prineipios nos quais se funda a ordem econémica (art, 170 da Constituigio Federal) sempre com base na bowfé e ‘equilibrio nas relagdes de consumo José Geraldo Brito Filomeno aponta trés instrumentos que devem ser utilizados na harmonizagdo das relages de consumo, a saber 7 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. a) o marketing de defesa do consumidor, consubstanciado nos servigos de atendimento a0 consumidor, 1b) a convensao coletiva de consumo, assim definidos os pactos estabelecidos entre entidades civis de consumidores e as associagdes de fornecedores e sindicatos de categoria; ‘) ms pritticas de recall, ou seja, a convovagio de consumidores pata reparo de algum vieio ou dofeito apresentado pelo produto ou servigo adquirido pelo consumidar 3 1.9. Coibigio repressiio eficientes a todos os abusos praticadas no mercado de consumo Esta insculpido no ineiso II do art. 4° do Ci para proteger efetivamente o consumidor, Os abusos perpetrados pelo fore: ‘varias maneitas, prineipalmente na redag3o dos contyatos de adesdo. ‘que prevé a necessidade de agao governamental dor podem ocorrer de A intervengdo do Estado na formagdo dos contratos vai ser exereida ndo 6 pelo legislador, como também pelos érgiios administratives, Também o Poder Judictirio ter’ nova funso, exercendo ‘© controle efetive do conteiido do contrato, em especial o controle das cléusulas abusivas, No que diz respeito a0 walamento da concorréncia desleal © da propriedade industial, protendeu o legislador a probigio de tas priticas para que de nenhuma maneira cause prejuizos a0 consumidor, dzeta ou indizetamente. Assim, néo pode o fornecedor ulilizar-se de marea idéntica ou pareoida com outra famosa, para enganar o consumidor e, consequentemente,alavancar vendas 1.10, Garantia quanto a seguranga e qualidade de produtos e servigos (0 legislador determinou ao fornecedor de produtos ¢ servigos que incentive a eriagio de meios eficientes de controle de qualidade ¢ seguranga de produtos e servigos, assim como de mecanismos alternativos de solugao de conflito de consumo (art. 4°, V) 1.11, Racionalizasio e methoria dos servigos piblicos ‘art 4°, VIL, do CDC ao fomecedor @ melhoria e & racionalizagio dos servigos puiblicos, com 4 finalidade de que todos possam ter acesso aos servigas pulblices de agua, luz elética, telefonia, gas, ‘entre outros. Ademais, o art. 6 X, garante ao consumidar o diteito ao servio piblico adequado e eficaz, © ‘o art 22, por sua voz, impde deveres ao prestador de servigo piiblica: “Os drgdos piblicas, por si ou suas empresas, concessionarias, permissionérias ou sob qualquer outra forma de empreendimenty, so obrigados a fornecer servigos adequados, eficientes, seguros ®, quanto aos essenciais, continuos.”. No caso de descumprimento das obrigapées referidas no mencionado dispositive legal, serio as pessoas juriicas compelidas a cumpri-as ou reparar os danos eausados, 4, FILOMENO, José Ger Bite. éao Bale de Defra do ConsumborComentn pos AutbWs do Anoop. 7. Fe de Janae y Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. 2. DAS CLAUSULAS ABUSIVAS (© caput do art, $1 do CDC traz, em seus incisos, rol exemplificativo de cliusulas abusivas, as quais comina nulidade de pleno direito. A redagao desse dispositivo denota uma limitagdo da autonomia da vontade, com a proibigio de determinadas clausulas, a fim reequilibrar o contrato. Sao noms de ordem pibliea, imperativas e inafastiveis pela vontade das partes. Assim, so nulas as cliusalas que | - impossibiltem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fomecedor por vicios de ‘qualquer natureza dos produtos e servigos ou impliquem rentincia ou disposicao de dirt NNas telagdes de consumo entre o fomecedor © 0 consumidor pessoa juridica, a indenizacao podera ser imitada, em situagées justificaveis, Il subtraiam ao consumidor a opedo de teembolso da quantia jé paga, nos casos previstos neste codigo: Ill -transfiram responsabilidades a terceiros; IV -estabelecam obrigacdes consideradas iniquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatives com a boa fé ou a eauidade’, V- (Vetado); VI- estabelegam inversao do énus da prova em prejuizo do consumider, Vil -determinem a utlizagéo compulséria de arbitragem; Vill_- imponham representante para concluir ou realizar outro negécio jutidico pelo ‘eonsumidor, IK - deixem ao fomecedor a opcao de concluir ou ndo 0 contrato, embora obrigando o ‘consurmidor, X- permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variacao do prego de maneira unilateral XI - autonzem o forecedar a cancelar o contato unilateralmente, sem que igual direito seja Cconferido ao consumidor, XIl - obriguem 0 consumidor a ressatcit os custos de cobranga de sua obsigagdo, sem que igual direto Ihe seja conferido contra 0 fomecedor, Xl autorizem @ femecedor a mouiicar unlateralmente o conteddo ou a qualidade do ‘contrato, apés sua celebracao; XIV -inffinjam ou possibiltem a violagdo de normas ambientais; XV -estejam em desacordo com o sistema de protege ao consumidor, XVI- possiblltem a reniincia do direito de indenizagdo por benfeitorias necessarias, '§ 2° Anulidade de uma cldusula contratual abusiva ndo invalida o contrato, exceto quando de Sua auséncia, apesar dos esforcos de integragao, decorrer Gnus excessive a qualquer das partes. 3. DOS CONTRATOS DE ADESAO [At 54, Contrato de adesio & aauele cujas cléusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unliateralmente pelo fomecedor de prodfos au Servos, sem ‘que 0 consumidor possa aiscutr ou modifcar substancialmente seu conteide, § 1" Ainsereao de clausula no formulario nao desfigura a ratureza de adesao do contato. § 2" Nos contaios de adeséo admite-se clausuia resolutéra, desde que a allemabva, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo antenor. § 30. Os contatos de adesdo escrtos serdo Tedigidos em termos claros e com caracteres Sstensivos e legveis, cujo famanho da fonte nao_ sera iferor a0 corpo doze, ‘de modo a faciitar sua compreensao pelo consimider (Redacéo dada pela n* 11-785, de 2008) § 4° As cléusulas que mplcarem Imtacao de direito do consumidor deverao ser rediidas om destague, permifindo Sua imodiata e facil compreenséo © caput do art 54 conceitua contrato de adesio como sendo aquele em que as cliusulas sfio cestabelecidas unilateralmente pelo fomecedor, sem que consumidor possa discutir ou modificar seu cecontetido, 4 Pee amp, pcs simon Soa do STE sus nos esterbrameaios nbmande que 0 forwcede nde se respons ul canal de ple dee us ina no fargo temacdo hosp de segiado 19 @ Verbo Juridico ta por Mua, ube 0 aos JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. (© consumidor apenas adere ou nio sua vontade a do fomecedor, que ver expressa em. cliusulas padronizadas ¢ para destinatarios indefinidos. O § 1° prevé que a insergiio de cliusula em formulirio pré-estabelecide nio retira a caracteristica de contrato de adesio e © § 3° reforga 0 dever de clareza © informagio na redagao do imstrumento, exigindo caracteres ostensivos e legives, facilitando a compreensio, No § 4° vem expresso, ainda, o dever do fornecedor de destacar as cliusulas que impliquem limitagao a0 direito do consumidor. Ao descumprimento, pelo fornecedor, dos deveres constantes do art. $4, a jurisprudéneia aplica a sanyo do artigo 26, desobrigando o consumidor. As isposiges sobre contrato de adesdo aplicam-se também aos contratos & distancia, como as vendas por reembolso postal ou fruto do telemarketing, em que ha condigGes contatuais gerais pré-estabelecidas, VIL DAS SANCOES ADMINISTRATIVAS* Este topive introduz a discussio, in specie, as sangSes administrativas, estipuladas pelo CDC (arta, 56 a 60), na ocorréncia de condutas infracionarias, nas rel agées de consumo, ' Ocorre-nos, a propésito, salientar de pronto, o sentido discricionario dessas sangdes, sempre que 0 CDC ao listilas € indieativo de que cabe ao agente piblico, diante da infragdo, cominar a penalidade cabivel, observados os ditames de convenigneia e oportunidade. Dissertando sobre o Poder de Policia, Alessi salienta 0 cunho discricionério de sua atuagéo, expressando que além de vedayies absolutas, estatuidas na lepislagio positiva is aividades, em si, danosas ou projudicinis sociedade, existem ou coexistem "outras classes de limites a lberdade individual, limites estabelecidos de modo relativo, no sentido de que sua efetiva e conereta aplicagio & ‘exereida discriconariamente pela Administraglo, jé que depende de circunstincias concretas. (p. elt pag. 468) A parte essa caracteristica que, todavia, impde a0 agente manter-se, estritamente, nos limites das altemativas legais de sangio, sob pena de transmudar 0 alo discricionirio em alo arbitririo, destaque-se na linha de pensamento do ilustrado Zelmo Denati, que as normas do CDC, versando as sanges administrativas, dizecionam-se ao administrador e no ao consumidor ou ao fornecedor (Codigo Brasileiro de Defesa do Consumidor" - pag, 389 ¢ seguintes) ‘omo assinala, assim, aquele publicista, com inteira procedéncia, *O Bstatuto do Consumidor se propés, nesta sede, estabelecer um minimo de disciplina e de eritério, de observancia obrigatéria para o poder pablico, em qualquer nivel de governo". Dessane, acresga-se 4 essa pertinente nota que a "disciplina © 0s critérios" referidos associam-se, ademis, com 0 primado do due process of lal, cumprindo, dai, seguir-se 0 procedimento administrativo apropriado a imposigao de sangdes, especialmente assegurado 0 coniraditério, ensejando defesa ao forncedor, lato sens, Em seguida, pode-se discutir, na diego do art. $6 do CDC, se o rol de sangdes ¢ taxativo ou ‘exemplificativo © eitado Denari opta por considera-lo,tio-somente, exemplificativo, sob color de que o caput do art. 56 ressalta a aplioabilidade as intragses da legislagio civil, penal, além de outras sangées, previstas em. normas especificas. (op cit. pig 393) Por derradeiro, neste capitulo, faz-se necessiria referéncia as sangSes do CDC que parecem, implicar um eardter de permanéncia, *CASSIO MC. PENTEADO JR. * @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Citem-se, neste passo, as penalidades que importam em cessagao da atividade, inseridas no CDC, para discemir se so relativas, in cas, ao conceito de proibisao absoluta, a que aludi Alessi, ‘ou, ad contrario, no se conformam aos comandos constitucionais, que repudiam as sangSes perpétuas (art. 5°, XLVIL "b"). A superapio desse impasse, pensamos, ha de residir na distingo das vedagSes absolutes (Gbricagéo de produto danoso}, que se associam, validamente, prevengdo do interesse piblivo, de vedagSes que devem ser temporarias (interdigéo de estabelecimento), sob pena de inftingéncia constiucional, Calha referir, apenas, que pane a consideragéo da Caria Iviagna, a interdigo efinitiva de estabelecimento, sem a oportunidade de regularizagio, configura, a nosso ver, rmodalidade de abuso de poder VII. DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUIZO_ Com a elaboragio do Cédigo de defesa do Consumidor em 1990, o legislador preocupou-se ‘em nio s6 regular as relagSes de consume presentes em nosso dia-a-dia, bem como criar uma nova rmentalidade a ser desenvolvida ao longo dos anos até os dias de hoje © diploma, de cariter eminentemente protecionista, criou mecanismor de defesa até entio muito copiadot pelas legislagées estrangewas. Para o eletive uso dot mesmos, necessitio primeiramente a conscientizagio da soviedade no sentido de buscar resguardar seus diseitos e ter cigncia do acesso a Justiga quando preciso. Mais do que isto € a divulgayao ampla dos meios de defesa {que o constmidor tem para resguardar seus direitos, © consumidor é o ator principal e termémetro das relagdes de consumo, Os empresizios © a indistia produzem bens ¢ fomecem servigos de acorde com a necessidade daqueles. Percebeu-se, portanto, desde a criagdo do cédigo em comento a preocupaydo dos fornecedores em adequarem-se as ‘exigéneias do mesmo, como por exemplo o controle de qualidade dos produtos langados no mereado, 2 pritica do recall quando necessiria, tomando assim a relagio de consumo mais transparente, principio basilar do diploma consumerista ‘Condigdes como: qualidade, quantidade, prego caracteristicas do produto sio fabricadas de acordo com os anseios da massa consumerista. Sem o consumidor nfo ha hucro e tampouco movimentagio do sistema capitalista (0 modelo capitalista de sociedade surge com a Revolugio Industrial no contexto do consumo massificado, onde as elagdes se diversificam do simples: consumidor/ fomecedor para relagdes mais complexas: de um lado o fomecedor e de outro uma massa de consumidores onde & impossivel individualizar cada um, portanto considerados coletivamente, Dai, porque nosso diploma consumerista tratou bem de regular estas situagdes, nto deixando 0 consumidor 4 mereé da fitria do mercado, (© estado das chamados direitos difusos e coletivos esta disposto no Titulo II do Codigo em. referéncia e s20 atinentes a defesa do consumidor em juizo individualmente considerado, bem como {quando inserido no contexto da coletividade : y Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. “Importante destacar, contudo, a imperiosa conclusdo que aponta para deficiéncia dos mecanismos processuais tradicionais no que toca a solusio dos litigios de natureza coletiva (em sentido amplo). Um Cédigo - como 0 Codigo de Processo Civil de 1973- nio se reveste de suficiéneia para embasar provessos relacionados a tutela jurisdicional coletiva, uma vez. que totalmente elaborado para o alicerce de lides de natureza individual, com sujeitos processuais definidos e eficdcia subjetiva ddas decisées igualmente delimitada, ‘Trouxeram, 08 dispositivos do Cédigo que se seguem, concresao e aplicabilidade a diversas normas constitucionais que corroboram no sentido de mcluir no ordenamento juridico brasileiro no apenas a tutela individual, como também a coletiva relativa aos interesses difusos, coletivos & individuais homogéneos dos jurisdicionados ” © estudo dos interesses difusos e coletivos surgin na Italia nos idos dos anos 70 quando os estudiosos destacaram suas caracteristicas, a saber’ s20 aqueles indeterminados pela titularidade, indivisiveis com relag%0 20 objeto, colocados @ meio caminho entre os interesses piiblicos © 03 privados, proprios de uma sociedade de massa e resultado de conflitos de massa. ‘Temos de um lado o interesse piiblico se fazendo prevalecer em relagdo a0 Estado, onde todos of cidadios so participes, por isso o interesse a ordem publica, a seguranga publica, a educagio. Ti os inferesse privados versam sobre a titularidade individualmente considerada, na dimensiio dos direitos subjetivos, através do estabelecimento de uma relagio juridica entre credor e devedor, visivelmente identificados. “[.-] os interesses sociais so comus 2 um conjunto de pessoas, e somente estas. Interesses espalhados ¢ informais a tutela de necessidades coletivas, sinteticamente referiveis 4 qualidade de vida, Interesses de massa, que comportam ofensas de massa e que colocam em contraste grupos, ceategorias, classes de pessoas. Nio mais se trata de um feixe de linhas paralelas, mas de um leque de linhas que convergem para um objeto comum e indivisivel. Aqui se inserem os interesses dos consumidores, ao ambiente, dos usuarios de servigos piblicos, dos investidores, dos beneficiirios da previdéneia social e de todos aqueles que integram uma comuidade compartilhando de suas necessidades e de seus anseios” Deste modo estamos diante da constituigio da uma nova geragio de dieitos fundamentais ‘Aos direitos clissicos de primeira geragdo, representados pelas liberdades negativas proprias do Eslado liberal, aos direitos de segunda geragdo, de cariter sécio-econémico, representados pela obrigagiio de dar e fazer ou prestar do Estado ligado a um dever correlato; acrescentou-se 0 dieito de teroeira geragio, este representado pelo direito de solidariedade, decorrente dos mteresses sociais, O ‘que antes aparecia como mero interesse foi amoldando-se como direito, conduzindo & estruturago de ‘conceitos juridicos para efetivagio da tutela desses interesses Em 1985 no Brasil, adveio a Lei n.? 7347 que versava sobre a ago civil piblica, destinada & tutela do ambiente © do consumidor, na extensio dos bens indivisivelmente considerados © dos interesses difisos propriamente ditos, A Constituigdo Federal de 1988 destacou a importincia dos direitos difusos e coletivos, colocando 0 Ministério Pablico como instituigdo legitimada a defender tais interesses, mas a lei também ampliou a legitimagao do polo ativo, conforme artigo 129, IIe § 1° da Carta Maior, a fim de conferir maior acesso as questdes coletivas, jé que séo de interesse gerais. Assim descritos no artigo 82 do diploma consumerista, esto os legitimados para propor ayes coletivas na defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais homogéneos. Nao ha preferéneia de um sobre o outzo para a legitimagao processual. Pode ser exercido por somente um daqueles ou até mesmo todos os elencados no citado artigo, formando um litisconséreio facultativo. 22 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Discusso neste ponto refere-se @ natureza da legitimago conferida por lei aqueles do artigo 82, Seria 0 caso de legitimagao extraordinéria? A maioria da douitrina tende para essa posigfo, porém outros autores entendem que esse caso nao se enquadra na dualidade (legitimagao ordmaria X legitimagdo extraordindria) do CDC, pois os legitimados nfo esto em juizo defendendo em nome proprio interesse alheio “So tem sentido falarse em substituigao processual diante da discussdo sobre um direito subjetivo (singular), objeto da substituigao: o substituto substitu: pessoa determinada, defendendo em seu nome 0 dreito alheio do substituido, Os direitos difusos ¢ coletivos nao podem ser regidos pelo ‘mesmo sistema, justamente porque tém como caracteristica a niio mdividualidade Nao se pode substituir coletividade ou pessoas indetermmadas. O fendmeno é outro, proprio do direito processual civil coletivo.” Na solusdo dos confltos gerados pela economia massificada, quando coletivos, © process ‘pera como instrumento mediador de conflitos sociais e nao apenas solucionador de lides. Estas ides coletivas permitem © acesso mais facilitado ao Judiciério, pelo seu custo diminuido e quebra de Darreiras culturais, sociais e econémicas, evitando sua banalizagdo ao invés do ingresso de diversas demandas com 0 mesmo objeto, sobrecarregando o sistema, “A necessidade de estar o diteito subjetivo empre referido a um titular determinado ou a0 ‘menos determinavel impediu por muito tempo que of “inleresses” pertinentes, a um tempo, a toda uma coletividade, como por exemplo, os “interesses” relacionados ao meio ambiente, a saide, a educagio, 4 qualidade de vida, etc, pudessem ser havidos por juridicamente protegiveis. Era a estreiteza da concep¢do tradicional do direito subjetivo, marcada profundamente pelo iberalismo individualista, aque obstava a essa tutela juridica.” Ainda:"[..] No caso, ¢ impertinente falar-se em legitimagiio ordindtia, instituto que se presta a cexplicar o fenémeno no processe civil mdividual. Mas, se tivéssemos que reduzit este fendmeno & dicotomia clissica do direito individual (legitimagdo ordindrias e extraordinzria), nfo hesitariamos em dizer que a legitimagao para a defesa do mteresse social seria sempre ordinar‘a, pois nao se poderia substituir processualmente a sociedade, titular de direito difuso ou coletivof...]” Nao menos importante, foram abordadas as demandas individuais também tratadas pelo legislador patrio com a criagdo de Tuizados Especiais Civeis, hoje presentes na maior parte do Brasil e cada vez mais abrangente em suas areas de atuagao. Faremos aqui uma breve analise dos interesses difusos e coletivos, previstos no artigo 81 do Codigo de Defesa do Consumidor ‘A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vitimas podera ser exercida em juizo individualmente, oua titulo coletive, Parigralo tinico ~ A defesa coletiva seri exercida quando se tratar de: I — mleresses ou direitos difusos, assim entendidos para efeito deste Codigo, os tuansindividuais, de natureza indivisivel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstancias de fato; IL ~ interosses ou direitos coletivos, assim entendidos para feito deste Cédigo, os transindividuais, de natureza indivisivel, de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com paste contsaria por uma relagdo juridica base, TI ~ interesses ou direitos individuais homogéneos, assim entendidos os decomentes de ‘origem comum, 23 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. ‘Quanto aos chamados direitos difusos so aqueles cujos titulares no so determinaveis. Os detentores do dircito subjetivo que se pretende proteger sao imdeterminados e indeterminaveis. Em que pese tratar-se de uma espécie de direito que apesar de atingir alguém em particular, merece especial atengdo porque atinge simultaneamente a uma multido de pessoas que no se poss precisar a ‘quantidade, onde uma tinica ofensa pode afetar um nimero incalculivel de pessoas e igualmente a satisfagdo de um consumidor poderd beneficiar a todos. Portanto a caracteristica do dieito difiso é a nao ~ determinagdo do sujeito. Néo existe uma relagdo jurdica base e sim as circunstancias do fito que estabelecem 0 elo de ligagdo entre todos os individuos difusamente considerados ¢ o obrigado a respeitar esses direitos aqueles elencados no artigo ¥° do Codigo de Defesa do Consumidor, denominados fornecedores. ‘A tutola desses interesses se faz suficionte através de demanda coletiva, com efeitas erga ‘omnes para a coisa julgada, demonstranda a efetividade e abrangéncia desse dispositive. ‘Conforme Nelson Nery Funior: “L.1.@) a coisa julgada, nas ages que versam sobre direitos difusos (CDC 81 par. Ua. D nfo atinge 0 legitimado auténomo para a condusdo do provesso porque foi parte na ago, mas porque a ceficacia é geral, vineulando partes, terceizos estranhos, sociedade, ete. (eficicia erga omnes da coisa julgada ~CDC 103 0); [." Quanto aos dieitos coletivos, os titulares dos direitos sio também indeterminados, porém determinaveis. Os obsigados a respeitarem estes direitos sido o: fomnecedores envolvidos na relayaio Juridica base, as quais podem existir duas modalidades: aquela em que os ttulares esto ligados entra si por uma relagdo juridica e; aquela em que os titulares estao ligados com o sujeito passivo por uma relagao juridiea, ou seja, hi duas relapGes juridicas concomitantemente.O bem juridico protegido é indivisivel no pertencendo a nenhum consumidor em particular, mas a todo conpimto simultaneamente 1. DAS AGOES COLETIVAS PARA A DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS, © primeiro texto legal a mencionar a expresso "ago civil piblica’ foi a Lei Organica ‘Nacional do Ministério Pablico (Lei Complementar federal 40, de 13.12.81), eujo art. 3°, TI, tomou- Ihe fungao institucional "promover a agdo civil piblica, nos termos da lei’. A legislagdo posterior manteve a expressio, estendendo a titularidade ativa da agio a outros co-legitimados (v.g., Lei n. 7.347 /85), 0 que foi consagrado na Constituigdo de 1988 (art 129, III, e § 1°). Por ultimo, 0 Codigo do Consumidor preferiu a denominagio "aglo coletiva’, para defesa de interesses difusos e coletivos (vg. arts 87, 91). Na Lei Complementar n, 40/81, 0 intuito era limitar as hipdteses de cabimento da agio civil pilblica a numerus clausus, diversamente da promogao da ago penal pilica (ef art, 3°, da mesma lei complement). © constituinte de 1988 ampliou as hipoteses de ago civil publica, por meio da norma de encerramento contida no art, 129, II, ¢ § 1°, da CR. Nao s6 0 Mimistério Piiblico, como os demais legitimados para a ago wil piiblica prevista na Lei n, 7347/85, também passaram a deter legitimidade para a defesa em juizo de interesses transindividuais (03 arts. 110-111 da Lei n, 8.078/90 — Codigo do Consumider — devolveram a norma de extensio que tinha sido vetada quando da promulgagdo do texto originario da Lei n. 7.347/85). ‘0 uso da expresso "apdo civil pilblica’, preconizado por Piero Calamandrei, deve-se a uma busca de contraste com a chamada “ayao penal piblica", prevista em nosso ordenamento adjetivo e substantive criminal, e referida no art. 3, I da Lei Complementar federal n. 40/81, e no art. 129, 1, da Constituigdo da Repiblica. Mas, como toda ago, enquanto direito piblico subjetivo, dirigide contra 0 Estado, é sempre publica, — sob esse aspecto ¢ preferivel referi-se a ado coletiva, 24 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. A Lei n, 7347/85, ao disciplinar a "agio civil piblica", no a restingiu a iniciativa do Ministério Publico. Na mesma linha, a Lein. 7.853/89 (que cuida da agdo eivil publica em defesa das pessoas portadoras de deficiéneia), a Lei n 7913/89 (que trata da agdo civil publica de responsebilidade por danos causados aos investidores no mercado de valores mobiliérios), a Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Crianga ¢ do Adolescente), a Lei n 8.078/90 (Codigo do Consumidor) ¢ a propria Constituigéo de 1988, conquanto conferindo iniciativa ao Ministério Piiblico para a promogao dda agao eivil piblica, negaram-Ihe a legitimagao exclusiva (CR, art. 129, II, e § 1°) Perdeu sentido 0 conceit anterior, de ago civil piiblica como ago de objeto nio-penal, promovida apenas pelo Ministerio Publico, Agio civil piblica ou agdo coletiva significa, portante, a agdo proposta pelo Ministerio Piiblico ou pelos demais legitimados ativos do art 5° da Lei n, 7347/85, bem como a proposta pelos sindicatos, associagdes de classe e outras entidades legitimadas na esfera constitucional, desde que seu ‘objeto seja a tutela de interesses difusos ou coletivos (isto €, agora um enfoque subjetivo-objetivo, Daseado na titularidade ativa e no objeto especifico da prestagio jurisdicional pretendida na esfera civel), Embora 0 conceite de agiio eivil publica ou de ago coletiva alcance mais do que apenas as ages de imiciativa ministerial em defesa de consumidores, neste trabalho, dentro do objeto a que nos circunserevemos, daremos atengdo especial a estas iltimas, até porque, ordinariamente, é Ministério Publico quem tem tomado a inicativa da propositura de medidas judiciais em defesa dos consumidores, ¢ & sobre essa insttuigo que incidem diretamente as conseqiténcias do chamado principio da obrigatoriedade, de que nos ocuparemos com maior atengio neste trabalho 2. DAS ACOES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE PRODUTOS EF. SERVIGOS Sendo constatado o vicio do produto, tem © fornecedor o direito de reparar o defeito no prazo miximo de 30 dias Caso © vicio nfo seja sanado no prazo legal, pode o consumidor exigir, alternativamente, sua escolha: I - substituiyao total ou de parte do produto; II —restituigdo da quantia aga; III - abatimento proporcional do prego. io 6 donais fisar que este prazo de 30 dias previsto no § 1° s6 sera utilizado em situagées ‘especiais, que permitam a substituigdo das partes do produto, Neste sentido, ¢ claro o § 3° do ast. 18, ‘que exclui o prazo “sempre que, em razido da extensiio do vicio, a substituigdo das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou caracteristicas de produto, diminuir-the o valor ou se tratar de produto essencial”. Neste caso, © consumidor poder exigir, imediatamente, a substituigio do produto, ‘oua devolugio da quantia paga, ou, ainda, © abatimento do prego © CDC nio definiu o que ¢ um produto essencial, entende-te que quando a expectativa do ‘consumidor ¢ uiliza-lo de pronto, este produto é essencial, Cumpre ressaltar que, diante da impossibilidade de substituigio do bem, poder haver substituigio por outre da espécie, marca ou modelo diversos, mediante a complementago ou restituigao de eventuais diferengas do prego (art. 18, §4°) 25 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. 3. DA COISA JULGADA “{.1 (b) a coisa julgada nas ages que versam sobre direitos coletivos (CDC 81 par. Un. ID, no atinge © legitimado auténomo em nenhuma sitagdo porque, embora ultta partes, seus efsitos ficam restritos a0 grupo ou categoria titular do mencionado direito eoletivo; J” Essa relagdo gerada por interesse que guarda relaydo mais imediata e proxima com a lesio ou ‘a sua possibilidade ji existe antes mesmo da lesdo ou ameaga de lesio a diteito do grupo ou categoria de pessoas, nao se confundindo coma relagao juridica surgida da prépria lesao. Quanto aos direitos individuais homogéneos os sujeitos so sempre coletivos, porém determinados, Os responsaveis — denominados sujeito passive; silo todos aqueles que direta ou indiretamente tenham causado dano ou participado do evento ou ainda que tenham contribuido para tanto. Ha uma situagdo juridica que tenha origem comum de fato de ou direito - que poder ser proxima ou remota - para todos os titulares do direito violado. O elo que une os titulares do direito violado é comum para todos. Mas nio se exige que todos os individues sofiam o mesmo dano, na ‘metma proporyiio; © que seta oportinamente apurado em fase de liquidagio de sentenga, cada um na cextensio de seu dano. Ai que se traduz a determinabilidade quando do ingresso na justiga através de ‘domanda individual ou por ocasiio de liquidagio de sentenga na demanda coletiva, Nesse caso, 0 objeto é indivisivel e a origem ¢ comum a todos titulares do direito individual homogéneo, mas 0 resultado da violagao do direito 6 diverso para cada um, “Bases duvitos so individuais que podem ser defendidos em jnizo a titulo individual ow coletive (CDC 81 caput e par. Un. ID. Assim, quando 2 lei legitima, por exemplo, o MP, abstratamente, pra defender em juizo direitos individuais homogénoos (CF 127 caput e 129; CDC I° ¢ 82 1), o parquet age como substituto processual, porque aubstitui pessoas determinadas. Apenas pot ficgio juridica os dveitos individuais so qualificados de homogéneos, a fim de que possam, também, ser defendidos em juizo por ago coletiva. Na esséneia eles ndo perdem a sua natureza de diveitos individuais, mas flcam sujeitos ao regime especial de legitimagio do processo civil coletivo (CF 127 caput e 129 IX, LACP 5°, CDC 81 caput, par Un. IIT © 82), bem como ao sistema da coisa julgada do proceso coletivo (CDC 103 IID.” 26 @ Verbo Juridico

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