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Capitulo T ; CONCEITOS SOCIOLOGICOS FUNDAMENTAIS ‘Nota preliminar. O método destas definigSes concelivas incoducrias, ificilmente dispen- sivels mits que inevitavelmente parecem abscratase estanbas a realidad, ni pretende de modo algum ser algo novo, Ao contrévio, apenas deseja formular de mancira mais adequada © um : [pouco mais correta (© que justamente por iso talvez pareca pedante) aquilo que toda Sociologia | ‘empirica de Tato quer dizer quando fala das mesmas coisas. Ito se aplica também a0 emprezo ‘de expressbes aparentemente ndo habituais ou novas, Em comparagio com 0 arigo "Uber einige Kategorien der versiehenden Soziologie” [Sobre algunas categoriss da Sociologia Compreert swa"} em Logas IV (1913, p. 253 e seg. [Gesammelte Aufsitze zur Wissenschafislehre, terccica ec, p. 427 e seg.)), #terminologia fo! oporcunamente simplificada e, portanto, modificada em ¥rlos pontos para ser mals compreensivel. Claro que a exigéncia de popalarizagio incondicional nem sempre seria compativel com a méxima precisto conceitual, havendo a primeira de ceder hima Sobre o conceito de “compreensio™, compare Allgemeine Psychoparologse, de K. Jaspers Galgumas observactes de Rickert, na segunda edicio de Grenzen der navurwiscenschaitichen Begefssbildung (1913, p. 514-523], ¢ particolarmente de Simmel em Problemen der Geschichts- philosophic, também se referem a este conceito) Quanto a metodologia, remeto aqui, como J 0 fiz diversas vezes, as enposighes de F. Gott, no escrito Die Herrschaft des Worts, ainda | {que esta obra este escrita em estilo cific € nem sempre alcance estruturar completamente | © pensamento. Quanto a matéra, refiro-me sobretudo & bela cbra de F. Ténnies, Gemeinschatt lund Gesellschaft além disso, 2 liveo fortemente desorientadoe de R. Stammler, Wirtschaft und i Recht nach der materilstchen Geschichesautfassung, e & minha critica a est, em Archiv fr : Soriawisenschaft XXIV (1907, [Gesammelte Aufsitze 2ur Wissenschafislehre,terceira edicho, | . 291 ese), a qual jd contém, em grande parte, os fundamentos dou segue. Da metodologia | de Simmel (na Saziologie © na Philosophie des Geldes) dstancio-me ao diferenciar logo 0 "sex i tid” visado do “sentido” objetivamente vilido, que ele ndo apenas deixa de distinguir como ropositadamente permite que se confundam amitde. § 1. Sociologia (no sentido aqui entendido desta palavra empregada com tantos significados diversos) significa: uma ciéncia que pretende compreender interpretati vamente a acto social e assim explicé-la causalmente em seu curso e em seus efeitos. | ‘ Por “agao” éntende-se, neste caso, um comportamento humano (tanto faz tratar-se | : de um fazer externo ou interno, de omitir ou permitir) sempre que ¢ na medida em que 0 agente ou os agentes o relacionem com um sentido subjetivo. Agio “social”, | Por sua ver, significa uma ago que, quanto a seu sentido visado pelo agente ou os agentes, se refere ao comportamento de outros, orientando-se por este em seu curso. 4 MAX WEBER, 1. Fundamentos metodolégicos 1, "*Sentido” € serido subjetivamente visido: 2)na realidade e, num caso historicamente lado, por um agente, ou , em média e aproximadamente, numa quantidade dads de Cane pelos agentes, ov b) num tipo puro conceitualmente, constrwido pelo agente ou pelos agenes oncebidas como tipicos. Nio se trata, de modo algum, de um sentido cbhetvamente “oreeete 4 de um sentido “verdadero” obtido por indagacio metaffsicaNiso reside a diferenge one as eiéncias empicieas da ago, a Sociologia ea Visti, e odas 28 cinelas dogmatic, a fohpeo ncia, aL 6gica, a Btica ea Estéica, que pretendem investigar em seus objetoso sentido “corres” evalido” 2. Os limites entre uma ago com sentido e um comportamento simplesmente reativo {como aqui o chamamos), néo telacionado com um sentido visado pelo ageme, sao ieirercente fluides Cn parte muito importante de todo comportamento sociologicamente relevant, espe Gialmente 2 aio puramente tradicional ver abate) sense na romers ene sacs Peedghns casos de processaspsicofiscos no temos agdes com sentido, ito 6, compreersivelse, cm ou Stas somente existem para os especialistas; processos misticas &, pot isso, n4o comumeneels adequadamente em palavras nto podem ser compreendidos plenamente pelos que ndo tenvan acesso a esse tipo de experiéncias. Por outro lado, nao € pressuposto ch comprecasilldace ge umes acto a capacidicde de produri, com os prOprios recursos, uma agio antloga, “Nis € preciso ser César para compreender César A possblldade de "reviver" completamente’: acho ¢ importante para a evidéncia da compreensio, mas no € condigdo absolva para a interpre. tacio do sentido. Componentes compreensiveis ¢ no compreensivels de um process ecco smultas vezes miscurados ¢ relacionados entre s. 3. ‘Toda interpretagio, assim como toda ciéncia em gera, pretende alcancar “evidénc ‘A evidéncla ds compreensio pode ser de cariter[2}racional , neste caso, ou légico ou maton {ico}, ov [6] intitivamente compreensivo (emocional, receptive artstico} No dominio de sede E acionalmente evidente, ances de mais nade, o que se compreende iatelectualmente Ge windy cabal e transparente, em sua conexio de sentido visada. Intultivamente evidente, ro case da aso, € 0 que se revive plenamente em sua conexio emocional experimentada. Racionsinere Compreensiveis, iso é neste caso, diretae inequivocamente apreersvets em seu sentido nteles tual, sto prineipalmente, eem grau maximo, as conexdes de setido que se enconteam na rlasio de proposigoes matemiticas entre si, Compreendemos inequivocamenteo qe sigfic, quanto a0 sentido, quando algaém uuliza, pensindo ou argumentando, a proposigio 2 24 ee © teorema pitagérico, ov quando extrai uma cadela de conclusoes ligicas de maneina “corters (conforme noses habites de pensar) © mesmo gcorre quando ele, patindo de Talos de expe Héneia” que consideramos”conhecis""e de fnalidades dadas, ira em sua aclo as corseaiuenns Gal inequivocamente resuhantes conforme nossa experiéncia)relativas 2 especie. de melos a Serem empregados, Toa interpretacio de wma ago desse tipo, raconalmene orien por um fim, possui — quanto compreensio dos meiasempregados — um graumaximodeevidentsa Com menor grav de evidéncia, mas suficiente para nossasexigencias de explicacho, comprece: demos também aqueles "erros” inclusive "enredamento'' de problems) nos quals poder lames Incorrer ou de caja formacio podemos ter a experiécia intutiva. Ao contritio, mniae noose ‘ndo conseguimos compreender, com plena evidéncia, alguns dos “ins” uhtimos ¢ "valores pelos quals podem orietar-se, segundo a experienc ay aches de ums pes erat ee ‘conseguimos apreendé-los intelectualmente mas, por outrolado, quanto mais divergem de nosses proprio valores tltimos, tanto mas dficuldade encontramos em tornd-los compreensiels por ma revivéncia mediante a imaginacio intwtiva. Nessas condigdes, temas de contentar-nos core forme o caso, com sua interpretagio exclusivamente intelecteal, ou, cventualmente, quando até esta tentativ fala, aceité-los simplesmente como dados. Trata'se, neste caso. de wort {nteligivel para nds o desenrolar da acto por eles motivadas, a partir de seus ponton de orlentecty interpretados inteleciualmente na medida do passivel, ou intuitizamente revividos, mu mace proximacio possivel. A esta classe pertencem, por exemplo, muitas agbes vitwosas,tcligiosss caritativas para quem € insensivel a elas, do mesmo modo que muitos fanatismos de exten, racionalismo ("direitos humancs") para quem, por sua ver, se aboctece radiealmente deseey SS ECONOMIA E SOCIEDADE. 5 pontes de orientagio. Impulsos afetivos (med, célera, ambigio, invea, ciime, amor, entusas mo, orgulho, sede de vinganca, piedade, dedicacko, apeténcias de toda espécie) e as reaches itracionais (do ponto de vista ds acio racional, orientida por um fim) que deles resultam podem ser revividos por nds emocionalmente e com tanto mais evidéncia quanto mais suscetiveis sjamos esses mesmos aferas, em todo caso, porém, mesino que ullrapassem absolutamente por sua intensidade nossas préprias possbilidades, conseguimos compreende-ls intuitivamente € avaliar ineelecualmente seus efeitos sobre a orientaglo e os meios da agio. Para a consideracio cientfica que se oeupa com a consieugio de tpos, todas as conexdes de sentido ireacionais da comportamenta 2fetivamente condicionadas € que influem sobre a acto sio investigadas e expostas, de manera mais clara, como ‘desvios” de um curso construido dessa aco, no qual ela € orientada de maneira poramente racional pelo seu fim. Na explicagio de um “piinico Finaneeiro", por exemplo, & conveniente averiguar primeiro como seer proces- sado a acdo sem influéncias de afetos irracionais, para registrar depois aqueles components itracionais como "perturbagoes”. Do mesmo modo, quando se trata de uma acio politica ou militar, € conveniente verificar primeiro como se tert desenrolado a agdo caso se tivesse conic ‘mento de todas a ciecunstancias ede todas as intengGes dos protagonistas e a escotha dos meios corresse de maneita estitamente racional orientada pelo fim, conforme a experiencia que consideramnos vd, Somente ese procedimento possibiltard a imputaio cast dos desigs as irracionalidades que os condicionam, Em victude de sua compreensibilidade eviderte © de Sua inequivoeabilidzde —- gad & racionalidade —, a construgio de uma agio orientada pelo fim de maneira estritamente Facional serve, nesses sos, & Sociologia como tipo (tipo ideal”) Permite compreender a agio real, influenciaca por irracionalidads de texa espécte (afetos, eros) como “desvio" do desenrolac a ser esperado no caso de um comportamento puramente racional Nessa medida, € somente por esse motivo de conveniéncia metodologica, o método da Sociologia "‘Compreensiva” € “racionalista”. No entanco, € claro que esse procedimento no eve ser interpretado como preconceito racionalista da Sociologia, mas apenas como recurso metodol6gico. Nio se pode, portanto, imputar-lhe a crenca em uma predominincia efetiva do racional sobrea vida, Pois nada pretende dizer sobre a medida em que na realidade ponderacoes racionais da relacio entre meios e fins determinam oa nao as aghes efetivas. (Nio se pode nnegar, de mado zlgum, 0 perigo de interpretagbes racionalistas no lugar errado, Toda a expe séncia confirma, infelizmente, sua existéncia.) 4, Processos ¢ objetasalheios zo sentido sto levados em consideracéo por todas as ciénci cccupadas com 2 2Gao como ocasiad, resultado, estimulo ov obsticulo da agio humana. “Alheo 10 sentido” nao ¢ idéntico a “inanimado” cu “ndo-humano'”, Todo artefato, uma maquina por texemplo, somente pode ser interpretado e compreendido a partir do sentido que a acio humana (com finalidades possivelmente muito diversas) proporcionou (ou pretends proporcionar) a sua prodiugio e utlizagio; sem o recurso a esse sentido permanecera inteiamente incompreen- sivel. O compreensivel nele &, portanto, sua referéncia& agio humana, eja como "meio" seja como “fim” concebido pelo agente ou pelos agentes € que orienta suas agées, Somenre nessts Categorias realiza-se a compreensio dessa classe de objetos. Alheios ao sentido permanecem, 40 contra, todos os processos ou esados — animados, inanimados, extra-humanose humanos — que niio tenham um contetido de sentido “subjetivo", na medida em que ado entrem em relagdes com a agio como ""meios" ob “fins, mas representem apenas 2 ocasiéo, 0 estimulo ou 6 obsticulo desta. A grande inundagio que dev origem 3 formagio do Dollart, no fim do século XI} (0277), tem (alver) um significado “historico como estimulo a certos processos de migracio de considerdvel alcance. A mortalidade eo ciclo ongénico da vidi em geral: do desvalimento da crianga até o doanciao, tém naturalmentealcance sociolgico de primeira orem fem virtude dos diversos modos em que 2 aco humana se orientou e se orkenta por essascircuns- UUncias, Ourra categoria diferente consttuem as proposigGes empiricis suscetiveis de compreen slo sobre o desenrolar de fenigmenos psiquicos e psicofisioligicas (cansago, rotina, memoria exc, mas, também, por exemplo, cuforiastipicasligadas a determinadas formas de mortticagio, iferengas tpices nos modos de reagio quanto a rapidez, mancira, inequivocidade etc.) Mas, fem Glima instinca, a situagio & a mesma dos outros fatos no suscetiveis de compreensio, ddo mesmo modo que a pessoa atuante na prética, a consideragio compreensiva os aceita como “dados" com os quais hi de coatar. i ' | ' ; : : ' : 4 6 MAX WEBER "idainda a possbilidade de quea investigacio futura descubra regulatidades nfo suscetvcis de compreensio em comportamentos especticos dotados de sentido, por menos que io tenha acontecido até agora. Diferencas na heranca biolbgica (das ‘ragas") por exemplo, teriam de ser aveitas pela Sociologia como dados desde que e na medida em que se pudessem apresentar Drovas statistics concludentes de sua influéncia sobre o modo de comportamento sociology camente relevante ~~ especialmente, portanto, sobre o modo como se di na agio social a rete. Encia ao seu sentido —, do mesmo modo que a Sociologka aceita fatos fsiolOgicos do tipo «la necessidade de alimentagdo ou dos efeitos da velhice Sobre a8 agbes. Eo reconhecimerto de seu significado causal nada altereria, naturalmente, nas tarcfas da Sociologia (e das cléncias ue se ocupam com a aco, em geral). compreender interpretaivamente as agbes orlentadas [por um sentido, Ela se limitaria a inserir, em determinadas pontos de suas conexdes de motivos, Interpretaveis de maneica compreensivel,fatos nio suscetiveis de compreensio (por exemplo, relacoestipicas de freqiiéncia entre dleterminadasfinalidades das agdes ou do grau de sua raciona: lidade tipica e o indice craniano ov a cor da pele ou quaisquer outras qualidades fisiologicas hhereditérias, o que j4 hoje em dia ocorre nesta area (ver acima) 5. Compreensio pode significar: 1) compreensio 2tual do sentido visado de uma acéo (inclusive de uma manifestacao) “Comipréendemos", por exemplo, de maneira atual, 0 sentido ch proposigio 2 x 2 = 4 que ouvimes ou lemos (compreensao racionalatual de pensamentos) ‘ou um atague de célera que se manifesta na expresso do rosto, interjeigdes © movimentos icracionais (compreensio irracional aual de afetos). uo comportamento de um Ienhador ov ide alguém que poe a mdo na maganeta para fechar a porta ou que aponta com o fuzil para uum animal (Compreensio racional atval de agGes). Mas, compreensio pode significa também 2)compreensio explicativa;“compreendemos", peles motivas, que sentido tem em mente aquele que pronuncia ou escreve a proposiglo 2 x 2'= 4, para fazé-lo precisamente nesse momento nessa stuaglo, quando 0 venios ccupado com um caiculo comercial, uma demonstracZo cent. fica, um cAleulo tecnico ou outra agio a cuja conexdo "pertence’”aquela proposicdo pelo sentido ‘que nds atribuimosaela, quer dizer, a proposicdo adquire uma conexo de sentido compreensivel para nés (compreensio racional de motivacio) Compreenclemos as ages de ttar lenha ou de apontar com o fuzil nfo apenas de maneira atual, mas tamber pelos metivos, quando sabemos ue 0 Jenhador executa essa acto para ganhar um salétio ou para consimo proprio ow para recrear-se (racional) ou entdo "porque descarregou uma excliacto” Grracional), 04 quando sabemos que o atirador age asim obedecendo a uma ordem de executaralguém, ow combatendio uum inimigo (racional), ou por vinganga (Ge maneira afetiva, e neste sentido, itraconal) Final mente, compreendemos, pelos motives, a cdlera, quando sabemos que a origem dela é ocitme, a vaidade ofendida ov a honra feria (acio afetivamente conclicionada; portato, irracional pelos ‘motivos) Todas estas sZo conexdes de sentido compreeasiveis,cuja compreensio consideranios uma explicacio do curso efetivo da acho. "Explicagao” significa, portanto, para uma cléncia ‘ocupadla com 0 sentido da agio, algo como: apreensio ch coneaxio de sentido a que pertence luma agio compreensivel de maneira atual, segundo seu sentido subjetivamente visado Gobre ‘significado causal desta “explicacio” ver item 6) Km todos estes casos, incluidos os processos afetivos designatentos o sentido subjeivo do evento e também o da conexao de sentilo como sentido “visado” (ultrapassando assim o uso habitual que fala de "visa", neste sentido, somente quando se trata de agbes racionaise incencionalmente orientadas por um fim) 6. “Compreensio” significa em todos estes casos: apreensio interpretativa do sentido ‘ou da conersto de sentido: a)efetivamente visado no caso individual (na consideracio historiea), ‘ou 6) visado em meédia © aproximadamente (na considerayio socioligica em mass), ov ¢) 0 sentido ou conexto de sentido a ser construido cientificamente (como “ideal-tipico") para 0 {ipo puro (tipo ideal) de um fenémeno fregiente. Construgdes ideal-tipicas desta classe slo, por exemplo, 0s conceitose as les" estabelecidos pela teoria pura da economia. Expoem como Se desenrolaria uma acio humana de determinado cardter se estivesse orientada pelo fim de maneira estritameente ractonal, sem perturbacio por erros e afetos, e se, além disso, esivesse orientada exclusiva ¢ inequivocamente por um inico fim (0 econémico) A agio real decorre apenas em raros casos (Bolsa) mesmo entio sO aproximadamente, tal como foi construida no ‘ipo ideal Sobre a fnaidade de tis construghes ver meu amigo em) Archiv fr Soziahwissenscha, XIX, p. 64 e seg, [Gesammelic aufsitze zur Wissenschatislehue, p. 199 ese) abaiso topic 11 [ECONOMIA F SOCIEDADE 7 Toda interpretagio pretende alcancar evidencla pico 3) Mas nenhuma interpretacto, por mais evidente que seja quanto 2a sente, pode pretender, como tal ¢ em virtue desse firater de evidénets, ser também 2 tnterpretagio causal valida, Fan si, nada mais @ do que uma hpotese causal de evidéncia particular. ) Em muitos casos, supostos “motives” e “repressoes (so €, desde logo, motivos fa reconhecidos) ocultam ao prprio agente 0 nexo real da rien 1agio We sua agio, de modo que também seus proprios testemunhos subjetivamente sinceros tm valor apenas relaivo. Neste caso, cabe 4 Sociologia a tarefa de averiguar essa conexo € fix-la pela interpretago, ainda que ni tenha sido elevada a consciéncia, ou, 0 que se aplica 5 maioria dos cases, nao 0 tenha sido pleramente, como conexio visuda” concretamente: um ‘aso-limite da interpretacéo do sentido. b) manifestagdes externas da agio que consideramos guais" ou parecidas podem basear-se em conexdes de sentido bem diversas para o respectivo gente ou agentes; “compreendemos também aches extremamente divergentes, ou até opostas Goanto ao sentido, em face de situagdes que consideramos “idénticas” entre si exemplos na bra de Simmel, Die Probleme der Geschichsphifosophie) ¢) Diante das sitaagoes dadas, 05 §gentes manos tivo esto Freqlentementeexpostos impulsos contririos quest antagonizam, tos ees "compreensves” rans Ma, sll fora ens ela com quecosuman se manifesar as diversas releréncias a0 sentido envolvidas na “Tuta dos motives” igualmente compreznsivels para nds, € algo que, em regra © segundo tla a experi2ncia, nBo ve pode avalarseguramentee, em grande numero de casos, nem aproximadanente. Somenteo resultado efetivoda lta dos mativos nos esclarecea esse respelio. Comoem toda hipotese, &imprescindive, portant, o controle da interpretagio compreensiva do sentido, pelo resultado no curso efecv0 6a agio. Esse controle s6 pode ser alcancado, com precisto relativa, nos casos especialmente adequdos 2 este tim e infeliamemte raros de experiéacias psicolégicas. Tamlém por meio da vattice, mas apenas em grav muito variado de aproxiaaGio, nos casos (iguaimentelimitados) Se fendmienos em massa de natureza enumerivel € inequivoca quanto a sua imputabilidade De rexo, apenas a possibilidade de comparar o maior nimero possvel de processos dla vida hist ot coidiana que sejam quase enticos mas que cifiram num unico ponto decsvo 6 “motivo” ou “impulso”” a ser examinado cada vex com respelto a sua signifiagio pritc Isto consttui uma tarefa importame da Sociologia comparaca. Em muitos casos, entretanto, 0 resta 0 meio inseguro da “experiéncia ideal", quer dizer, 2 eliminagio smaginada de cectos componentes da cadeia de motivos €a construcio do desenvolvimento enti provivel da acho, para aleancar uma imputagio causa ‘Achamada "lei de Gresham", por exemplo, & uma interpretagio racionalmente evidente 0 afirmamos, conforme os hibitos médios de pensar e sentir, que a retacio entre seus compo- nentes constitu uma conexio dk sentido pica (costamamos Uizer “correta") Ao comteatio, & * causalmente adequada'" uma sequéncia de Fendimenos na medida em que, segundo a5 egras a experiencia, existe a possiblidade de que se efetue sempre da mesma manera. Segundo ‘essis definigbes, @adequid quanto 20 sentido, por exemplo, a solugto correta de um problema animético, Ue soordo Com as normas cortentes de calclar ov pensar. Causalmente ideqyada = no dmbto das ocorréncias estatiicas — € a probabilidade existence, conforme as regras comprovadis da experiéncia, de uma solucio “corre!” ou "falsa” — do ponto de vista de ossas atuais normas, portanio também de um "erro de céleulo” ou de um “enredamento de problemas” tipicos.) A explicagio causal significa, portanto, a verfcagio de que, Je acordo om determina regra de probablidade avaliével ov no raro caso ideal nomericamente expres sive a determinado evento observado (interno ov externo) segue outro evento determninado {00 aparece juniamente com ele) Uma intespretasio causal correte de uma aglo concreta significa: que o desenrolarexterno € 0 motivo sio conhecidos de mancira exata , 20 mesmo tempo, compreensiel quanto 40 sentido em sea nexo. Uma interpretacio causal corseta de uma ago tipce (ipo de ago compreen sivel) significa: que 0 desenrolar consideradotipico tanto se apresenta como adequado quanto ao sentido (em algum grav) quanto pode ser confirmad (em algum grau) como eauselmente adequado. Na ausencia da adequaio de sentido, apenas temos uma probebslidade estatstica ‘acomprceasivel (ou nao completamente compreensivel) mesmo que exstaregularidade nxn do desenrolar (tanto do externo quanto do psiquco) ¢ esta possa ser flxada numericamente com a maior precisio. Por outro lado, mesmo a adequagio de sentido mais evidente somente pode ser considerada uma propasigho causal corrta para oalcance do conhecimento socolgleo hia medide em que se comprove 2 existéncia de uma probabilidade (determindvel de alguna forma) de que a agdo castuma desenrolarse, de Fat © com determinada frequéncia Ov aproxi ‘macio (em méalia 6a no caso "puro" da maneira adequada quanto a0 sentido. Apenas aquelas regularidades estatisticas que correspondem a um seatido visido compreensivel de uma a social so (conforme i definicio aqui empregada) pos de agdes compreensivelse, portant, “regras socilGgicis” F constitiem tipos sociologicos de aeontecimento real apenas aquelas manopolio de ganko (arquétipo: 28 unides corporativas ou as antigas associagoes de pescadores exc) Na maicria das veres, © motivo 4 se combina com 0b ou 0 § 11, Uma relagio social pode ter para os participantes, segundo sua ordem tradi ional ou estatuida, a conseqiiéncia de que determinadas acoes a) de cada um dos participantes se imputam a todos os demais C’companheiros solidarios'")ou b)de deter: ‘minados participantes (“representantes”) imputam a todas os demais (os "represen- tados"), de modo que tanto as probabilidades quanto as conseqiiéncias, para o bem ou para o mal, recaiam sobre estes diltimos. O poder de representacio (pleno poder) pode, segundo as ordens vigentes; 1) estar apropriado em todos os scus graus © quali dades (pleno poder por diteito proprio), ou 2) estar concedido, temporaria ou perma- nentemente, 20 passuidor de determinadas caracteristicas; ou 3) estar transmitido, temn- pordria ou permanentemente, por determinados atos dos participants da relacio social ‘u de terceiros (pleno poder estatudo). Sobre as condighes nas quais relagdes socials (comunidades ou sociedacles)aparecem como relagoes de solicariedade ou de represen- tagio, s6 se pode dizer, de modo geral, que o decisivo, em primeiro lugar, € 0 grau fem que as respectivas agbes tenham como fim: 2). luta violenta; ou b)a troca pacitica De resto, trata-se sempre de circunstincias peculiares que s6 se podem averiguar na anilise de cada caso particular. Naturalmente, essa conseqléncia aparece menos nas relagdes sociais que, por meios pacificos, perseguem bens puramente ideais. O fend- meno de solidariedade ou de representagao caminha muitas vezes, mas nem sempre, paralelo com grau de fechamento para fora 1. A“imputagio" pode significar, na prética: a) solidariedade ativa ou passiva: pela acto de um dos participates, todos os demais se consideram responsdveis, do mesmo modo que tle mesmo; por outro lado, todos estdo considerados legtimados, no mesmo grau que o prSprio agente, a des{rutar das pessibilidades asseguradas por e384 a¢do, A responsabilidade pode existir petante espirtos e deuses, portanto, estar orientada religiosamente. Pode também exstr perante homens, e neste caso, de forma convencional, a favor ou contra sécios com direitos (vinganca de sangue contra ou por membros do mesmo cla, represélias contra concidadios e compatriotas), ‘ou, de forma juridica (medidas penais contra parentes ou membros da comunidade doméstica fou de qualquer outra comunidade, responsabilidade pessoal por dividas dos membros de uma comunidade domestica ou de uma sociedade mercantil, de uns para com 0s outros € em favor imituo) Também a responsabilidade perante os deuses teve (para as comunidades primitivas dds israelitas, crstios e puritanos) conseqiiéncias historicamente muito importantes. B) A impo: tagho pode significar também (em seu grau minimo) que, numa relacio social fechada, segundo sua ofdem tradicional ou estatufda, os participantes aceitam como legal, com respeito 2 scu proprio comportamento, a disposigio sobre possibilidades de qualquer espécie (especiaimente feconémicas) assumida por um representante.('Validade” das disposigbes da “diregdo” de uma “unio” ou do representante de uma associagio politica ou econémica sobre bens materials ‘que, segundo a ordem vigente, estio destinados a servir a “fins proprios da associaglo”.) 2: A situagao de solidariedade” existe tipicamente: a) nas tadicionais comunidades fami liares ou vitalicias (tipo: casa e cla) b) nas relagbes fechadas que mantém as possibilidades mono- polizadas por medidas préprias violentas (este ipo & representado por associagbes politicas, fespectalmente nos tempos passados, mas que em sentido mais amplo existem ainda na época atta, particularmente na guerra), c) em relagbes 2ssociatvas criadas para fins de ganho, quando © empreendimento & dirigido pessoalmente pelos participantes (este tipo é representado pela Sociediide mercanti aberta} d) sob determinadas citcunstincias, em relacbes assocativas criadas para fins de trabalho (este tipo é representado peloatel, na Rissa) A siuagto de "representagio” Al 30 MAX WEBER exec em needs ra deme asocose ean ech 3 Potted aici roe mec agus deemed eer as! as, to ea eet nell guns eis 4 Tos dae dest tata tae tin eta calle eh re oe es fa ge a pos $12 Chamamos associagao" uma elagio social fechada para Fora ou cujo regula- mento thnita 4 partcipacio quando a observacio de sua ordem esti garantida velo Sermporamento de determinadas pessoas, destinado particularmente a esse propeaito de um dinigente e, eventualmente, um quadro administrative que, dado o\eden Ween também, em condigies normais, 0 poder de representagio ou a participacdo nas agdes do quadro administrative —~ os — podem estar a) apropriados ou tuinitratvo, legiima em virtude do poder de governo ou de representacto, c que Te fefere a realizagio da ordem vigente, ¢ b) a aca0 dos partcipantes da sspcla do (ror fespeto a esta (veja tSpico 3, abaixo) } dirgida pelas ordenacbes dese qadro Administrative, 1. indiferente, por agora, para o conceito adctado, se se rata de uma relagio comunitéia Peni uma relacko associatva, Basta, para nés, a existéncia de um drigente” cholo dee familia, dirio da unido, erente comercial, principe, presidente do Estado principal de kachs GUS Affe Se dca & realzagto ca ordem da associagio, porque esse tipo esperifico de aslo Sue nko se limita a orientar-se pela ordem vigente, mas se dirige a Ampere coativamente ae Arescenta Sociologicamente a situacdo da “relagio social” fechada uma nova caracterioien se importincia prética, pois nem toda relagto comunitiria ou relagio associative exter ie ok Parociedio”: mo o sto, por exemplo, uma relacio erética ou uma comunidade de ea cont chefe 3, A jansténcia” de uma assciacdo depence por completo da “presenca" de um dirigemte « vetulnens de un quao admins, io 6emtcnnse nee nent ch probablidade de haver uma agio de pessoas indicivels, cao send consis emt por cae Britica oder da assoiagto: da existBncla, portanto, de pessoas ‘spasias* a agit nece sent Em dito caso For agora, € concetualmenteindiferente em que se basea essa laposio, soe Gr fevorto tradicioal, afeiva ou racional reerente a valores (deveres de fewso, Ce cage ou. de Service) sea em interessesracionas referentes a fins (de receber Um salir ete) be Ponto de vista soctolgic € para nossa terminologia, a associacto nao ersste, portante sexs 2 probebilidade de realizacio daquela agio, orientada de uma das manciras exposes fay 4 Probabilidide dessa acio de um quadro indicvel de pessoas (ou de une pen haha indliciyel) existe, segundo nossa terminologia, apenas uma "relagdo socal", mre ne une aoc, Gist” Frquanto existe a probablidade daquela acto, ‘exime™ também do ponte de oho 2colégico, a associa, mesmo qe mudem as pessous que orientam suas ages pela ondeng {Gm questio, (A forma de nossa definigio pretende inclu, desde 6 priipi, precerenie coe circunstancia) 3. a) Além da agio do préprio quadro administrativo ou sob a directo deste pode também ERver uma aclo espectfiea, com curso tipico, dos outros partiipantes orentach pela orcern i sssociacdo ecujo sentido consist em garantir arealzag desta aiden (por exemple ee cu ferns pessoas de tas a8 especies: servigo militar, de jurado ec) b) A orden vigene odetambém comer normas peas quais deve orienta seem outa coisas acho dos partite : | E i | | | | | I ECONOMIA E SOCIEDADIE 3h da associagio (por exemplo, na “assoclacio Estado”, a ado econdmica privada, que nio serve | imposiglo coativa da vigencia da ordem, mas 4 interesses particulares, deve orientar-se pelo direlto "eivil”) Aos casos de a pode-se deniominar “acao relativa & associagio", aos de b, “agio ‘regulada pela associagto". Chamamos "acdo associativa” somente a do préprio quadro adminis trativo e, alémm disso, todas as relativas 4 associagdo por este dirigide segundo um plano. Uma “agio associativa” para todos os membros seria, por exempio, uma guerra que um Estado “con- dua", uma "peticio" acordada pela presidncia de uma associacao ou uum "“contrato” feito pelo Girigente e cuja "validade” se impce aos membros e se Ihes imputa (§ 11)¢, além disso, todos ‘0s processos “judiciais”e “administrativos" (veja também § 14). ‘Uma associagio pode ser: a) auténoma ou heterdnoma; 6) autocéfala ou hetero- céfala, Autonoma significa, em oposigio a heteronomia, que a ordem da associagio io é estatuida por estranhos, mas pelos proprios membros enquanto tais (ndo impor- tando a forma em que isto se realize) Autocefalia significa que o dirigente da associacio €.0 quadro administrativo s4o nomeados segundo a ordem da associagao e no, como ‘no caso da heterocefalia, por estranhos (ndo importando a forma em que se realize a nomeagio) 114 heterocefalia, por exemplo, nz nomeagio des governadores das provincias canauenses (pelo governo central do Canad) Uma associagio heterocéfala pode ser auténoma e uma autoce fala, heterGnoma, Também & possivel que urna associagao, em ambos os aspectos,seja em parte ‘uma coisa eem parte a outra. Os estados-membro do império alemao, apesar de sua autocealia, ‘eram heterdnomos no Ambito da competéncia imperial € autbnomos dentro de sua propria compe: téncla (em questoes escolares © eclsitsticas, por exemplo) A Alsicia-Lorena, como parte da ‘Alemanha (ances de 1918}, era autGnoma, deriro de certos limites, porém heterocéfala (o impe- fador nomeiva 0 governador) Todos esses fendmenos podem também existr parcialmente Lima assoelagao que Sea tanto het ocefala quanto inteiramente heterénoma (como, por exemplo, tum regimento dentro de um exerclo) deve considerar-e, em cegra, como “parte” de uma |asociaedo mais abrangente. Se este € © cas0 ou nfo, depende do grau efetivo de independéncia ha orientacio das agbes, no caso particular, e terminologicamente trata-se de uma pura questio de conveniéncia § 13. As ordens estatufdas de uma relacio associativa podem nascer 2) por acordo livre ou b) por imposigao e submissio. O poder governamental numa associacio pode pretender para sio poder legitimo para a imposigdo de ordens novas. Chamamos consti tuigfo de uma associagio a probabilidade efetiva de haver submissdo ao poder impo- sitivo do governo existente, segundo medida, modo € condigbes. A estas condicoes podem pertencer, especialmente, segundo a ordem vigente, consulta ou 0 assent mento de determinados grupos ou fraqGes dos membros da associacto, além de outras condices de natureza mais diversa, ‘As ordens de uma associagio podem impor-se niio apenas a seus membros como também a nio- membros aos quis se aplicam, determinadas condigbes de fato. Estes fatos podem especialmente consistir numa relagio territorial (presenga, nascimento, execucio de determinadas agbes dentro de determinado territério}. “vigencia territo- rial” A uma associagio, cuja ordem pretende, de principio, vigéncia territorial, denomi- amos "‘associagio territorial”, sendo indiferente se também para dentro, perante os membros ca associagio, se limita ou nio a pretender semelhante vigéncia (0 que € possivel € acontece, pelo menos em extensio limitada) 1. “Imposta"” no sentido desta terminologia 6 toda ordem que nao nasca de um acordo pessoal livre de todos 0s partcipantes. Isso incl, portanto, 2 "decisio majoritria” 8 qual J gubmete a tninoria. Por isso, a legitimidade da decisdo majoritéria (veja mais adiante na Socio- i 5 ' : 3 ; 32 MAX WEBER Jogia da dominagao c do Dircito), durante longo tempo nao foi aceita e permaneceu problematica {ainda nos estamentos da Idade Média e até na época atual, ria obschtschina russa). 2: Também os acordos formalmente ‘lives como € graimentesabido, sh ritas vere, 1a realidade, impostos (assim, por exemplo, na obschtschina) Nese caso, para a Sociologia 6 importa a stato efetira 3. 0 conceto de constituigio" que aqui usamos € também o empregado por Lasalle Nao ¢ idéntic a0 da constngto “excrieouy em gers), ao da consituigio no sentido jarigco. © problema sociologin &unicamente este: quando, para quaisassuezose eteo de gals lines fe eventualmente — sob quals condigoes especnis (poe exemplo, aprovacto de deuses ou sacerdotes ou asentimento de compos eetorals ee ) os membros da associako se Submevem a0 dirigente © estdo a disposicdo dele o quadro administrativo e a ago associativa, no caso Ge ele “ordenae” alguma cosa, especialmente no caso de se tratar da imposicao de ordens ovas 4, 0 tipo principal da vigéncia erritorial"imposta ex represertado peas normas penais cealgumas ouras"disposighesjridicas "em associagbes politica, que pressupoem, para # slic Gio da ordem, a presence o nascimento, o local da gio, o lugar de pagamento etc. dentro Gocenntério da asociagao. (Compare o conceit de corporacho territorial” de Glerke e Preuss) '§ 14, Denominamos ordem administrativa uma ordem que regula a aco assoc tiva, Aquela que regula outras agies sociais, garantindo aos agentes as possibilidades que provém dessa regulacio, denominamos "“ordem reguladora”. Uma associagio orientadla unicamente por Ordens do primeio tipo denomina-se “associacto adminis. trativa’’; quando se orienta somente pelas ordens do vhimo tipo é uma associagio regu- ladora 1. & evidente que a maioria das assoclagbes cem tanto a primeira qualidade quanto a segunda, uma associagdo unicemente reguladora seria, por exemplo, um "Esiado de direlto puro de’ um absoluto laissez faire, teoricamente imaginavel (0 que faria supot, todavia, que 4 regulagio do setor monetério passase para as mios ca economia privads) Sobre oconceito de ‘ago assocatva” veja § 12, t6pico 3. Oconceito de "ordem adminis trativa” inclu’ todas as normas que pretendem vigencia para o comportamento tanto do quadzo administrativo quanto dos membros "em relagio & assactacao", como se costuma dizer. 1510 €, Pretendem vigéncia para todos aquees ins cujarealizaguo as orden da associa procuram ase. gurarmediante detetminadasacoesplanejadase posiivamenteprescrits, aserem executadaspeio Guadro administrative e os demats membros, Numa organizagao econdmica absolutamente com nista ico abrangeria quase radus as aybes socais; num Esado de diteito absoluto, por outto lado, apenas as ages dos juizes, da polici, dos juradose dos soldados,zlém das atvidades legslativas leitorais. Em geral — mas nem sempre em particular — a separacio erste as ordens adminis: trata e reguladera coinide com a paragko etre 0 "diet plico™ © "deo privado" ‘numa assoeiagio politica. Pormenores na Sociologia do Dieito [8 IL) § 15. Denominamos empresa uma agio continua que persegue determinados fins, ceassociagito de empresa uina relacio associativa cujoquadroadministrativoage continua- mente com vista a determinados fins. Denominamos unio uma associacio baseada num acordo € cuja ordem estatuida 6 pretende vigéncia para as membros que pessoalmente se associaram, ‘Denominamos insttuicdo uma associaGlo cuja ordem estatuida seimpde, com (rela- tiva) eficdcia, 2 toda agio com determinadas caracteristicas que tenha lugar dentro de determinado Ambito de vigéncia 1. Sob 0 conceito de “empresa” inclui-se naturalmente também a realizacio de atividades politicase hierdirgicas|de cariterreligioso (NT. assuntos de uma unido etc, desde que apresen- tem a caracteristica da continuidade na persecucio de seus fins } ECONOMIA E SOCIEDADE, 33 2. "Unio" € “instituigio" slo ambas associagées com ordens racionalmente estatuidas (segundo um plano}. Ou, mais corretamente: uma associagio, na medida em que tenha ordens racionalmente estatvidas, chama-se, em nossa terminologia, uniéo” ou “instituigio”. Uma “inst tuigho” & sobrerudo o préprio Estado junto oom todas suas associagbes heterocéalas e — desde que suas ordens estejam racionalmente estatuidas — a igreja, As ordens de uma “instituigi pretendem vigencia para toda pessoa & qual se aplicam determinadas caracteristicas (nascimento, omicilio, vtlizagio de determinados servigos), sendo indiferente se pessoalmente se associou — como no caso da unio ~~ ou no e, menos ainda, se participou ou nao na elaboracio dos estatutos. So, portanto, ordens impostas, no sentido especifico da palavra. A instituigao pode ser especialmente uma associagao territorial 3. A oposicao entre unido e insttuigao ¢ relativa. As ordens de uma unio podem afetar 0s interesses de terceiras, e pode-se impor 2 estes 0 reconhecimemto da vigéncia destas ordens, tanto por usurpacdo e arbitrariedade por parte da unido quanto por ordens legalmente esatuidas (por exemplo, o direito das sociedades por agdes), 4. E evidente que aos conceitos de “‘unido" € “instituigao” nao se pode subordinar, de maneira abrangente, a(otalidade de todas as associacbes imagindveis. Constituem apenas “pélos” ‘epostos (como, por exemplo, no dominio religioso, a “seita” € a “Igreja") § 16. Poder significa toda probabilidade de impor a propria vontade numa relagio social, mesmo contra resisténciais, seja qual for o fundamento dessa probabilidade. ‘Dominagio € a probabilidade de encontrar obediéncia a uma ordem de determi- nado contedido, entre determinadas pessoas indiciveis; disciplina & a probabilidade de encontrar obediéncia pronta, automética ¢ esquemética a uma ordem, entre uma pluralidade indicével de pessoas, em virtude de atividades treinadas. 1. 0 conceito de "poder" & sociologicamente amorfo. Todas as qualidades imaginiveis de uma pessoa e todas as espécies de constelagdes possiveis podem por alguém em condigées de impor sua vontade, numa sitvagio dada. Por isso, 0 conceito sociologico de “dominacio ‘deve ser mais preciso e s6 pode significar a probabilidade de encontrar obediéncia a uma ordem. 2, O conceito de “disciplina” inciui 6 "teeino” na obediéncia em massa, sem critica nem resistencia A situagio de dominagio esté ligada A presenca efetiva de alguém mandando eficazmente ém outros, mas ndo necessariamente a existéncia de um quadro adminis- trativo nem a de uma associa¢io; porém certamente — pelo menos em todos as casos normais — existéncia de um dos dois. Temos uma associagio de dominacio na medida fem que seus membros, como tals, estejam submetidos a relagbes de dominacio, em virtude da ordem vigente. 1. O pai de familia domina sem quadro administrative, © chefe beduino, que levanta contribuigdes junto as caravanas, pessoas e bens que passam por sua fortaleza nas rochas, domina todas aquelas pessoas diversas indeterminadas que ndo formam associagloalguma, apolando-se fem seu séquto, que, dado 0 caso, the serve como quadro adminstrativo para impor-se coativa- mente. (Teoricamente imagindvel seria também semelhante dominago por parte de um individvo desprovido de quadro administrato.) 2. Uma associacdo € sempre, em algum grau, associagio de dominagio, em virtude da existéncia de um quadro administrativo. Sé que 0 conceito € relativo, A associagio de dominagio, como tal, € normalmente também associagio administrativa. A peculiaridade da associagio é ‘eterminada pela forma em que € administtada, pelo carder do circulo de pessoas que exercem ‘a administragho, pelos objets administradas e pelo aleance que tem 2 dominacto. As dus primei- fas caraceristics, por sua ver, dependem principalmente do cariter dos fundamentos de egitim. dade da dominagi (obre éstes, eja capitulo IH). a | 34 MAX WEBER § 17. A.uma associagio de dominacdo denominamos associagao politica, quando ena medida em que sua subsisténcia ¢ a vigéncia de suas ordens, dentro de determinado territorio geografico, estejam garantidas de modo continuo mediante ameaca ¢ a aplica- gio de coacio fisica por parte do quadro administrativo. Uma empresa com carder de instituigio politica denominamos Estado, quando € na medida em que seu quado administrativo reivindica com éxito.o monopélio legitimo da coagio fisica para realizar as ordens vigentes. Uma acio social, ¢ especialmente a de uma associacdo, € “politica ‘mente orientada”, quando € na medida em que tenha por fim a influencia da directo de uma associagio politica, particularmente a apropriagio ou expropriacio, a nova distribuigio ou atribuigdo de poderes governamentais [de forma nao violenta (veja t6pi- 0 2, no fim do paragrafo) Uma associacio de dominacio denomina-se associagao hicrocrdtica quando ¢ na medida em que se aplique coacio psiquica, concedendo-se ou recusando-se bens de salvacio (coagao hierocratica) Uma empresa hierocrdtica com cardter de instituicéo é denominada igreja quando é na medida em que seu quadro administrativo pretenda para si o monopélio da legitima coagao hierocratica 1, Bevidente que, para associagGes politicas, a coagio fisica no constitu o tinico meio administraiivo, tampouco 0 normal. Na verdade, seus dirigentes servem-se de todos 05 meios possiveis para alcancar seus fins. Entretanto, aameaga e, eventualmente, a aplicagao desta coacio Slo seu meio especifico € constituem a ultima ratio sempre que Falhem os demais metos. Nao io somente as associagSes politcas que empregaram e empregam a coaglo fisica como meio Tegitimo. Fazem-no também 0 cl, a comunidade doméstica e outros grupos de pessoas; na Idade Média, em determinadas circunstancias, todos os autorizados a portar armas. Além da circunstincia de que @ coaGio fisica se aplica (pelo menos como um meio entre outros) para garantie a realizacio de "ordens”, a associacio politica esta também caracterizada pelo {210 ide que pretende, para determinads rerritdrio, a dominayao Ue seu quadso administrativo © suas ‘ordens, ea garante por meioscoativos. Onde quer que essa caracteristica se apliquea associacdes que empregam meios coativos ~ por exemplo, comunidades de aldeia, comunidades domésticas, associaches corporativas ou Ue trabalhadores (*conselhios”) —, esas devem ser consideradas, rho que se refere a este aspecto, associacées politicas. 2. Nao € possivel definir uma associacao politica —- mesmo 0 “Estado” —~ com referéncia ao fim de sua “agho da associagio”. Desde os cuidados do abastecimento de alimentos até a protegio das ares ndo existe nenhum fim que as associagdes polticas nao tenham perseguido, fem algum tempo, pelo menos ocasionalmente, © desde a garantia da seguranca pessoal até 2 jurisdigio, nenhum que tenham perseguido todas as associagBes. Por isso, o carter “politico! {de uma associagio 86 pode ser definido por aquele meio — as veres elevado ao fim em sh que no sus peopriedzde exclusiva, porém consticul um elemento especifico ¢ indispensavel de seu cariter: a coaGio fisica, sso ndo correspond exatamence 20 uso corrente da linguagem; este € iniil para nossos fins na auséncia de maior precis4o. Fala-se da "politica de divisas” do banco estatal, da "politica financeira” da direcio de uma untio, da “politica escolar” de ‘um municipio, referindo-se ao tratamento e a condugio plancjada de deverminado assunto obje- tivo. De forma muito mais caracteristica, separa-se 0 aspecto ou o alcance “politico” de um assunto, 0 funcionério “politico”, 0 jornal “politico”, a revolugio “politica”, a unio "poli © partido “politico” e a consequéncta “politica” de outros aspectos ou caracteristicas — econd- rmicos, culturais,religiosos etc. — das respectivas pesscas, coisas ov processos. Ao fazé-lo, cons dera-se tudo aquilo que estd ligado 4s relagies de dominagio dentro da associagio “politica ‘Conforme costumamos dizer} isto €, dentro do Estado, eque pode produzir, impedir ou fomentar ‘3 manttenglo ou a transformacio Ou subversio dessas relagoes, em oposico a pessoas, coists f processos que nada tem a ver com isso, Também neste uso corrente da linguagem, procura-se, [portanto, a caracteristica comum no meio, na “dominagio™, ito é, no modo como esta se exerce pelos poderes estatas, excluindo-se o fim @ que serve a dominacao. Por isso, pode-se afirmar (que a definigdo que fios serve de fundamento constitui apenas uma precisio do uso eorrente ] | . ECONOMIA B SOCIEDADE. 35 4a linguagem, acentuando esta claramente 0 que de fat0 € 0 elemento experifica. a coxcéo fisica (efetiva ou eventual). Sem dlivida, a linguagern corrente chama "associagdes poliicas” no apenas 0s proprios executores da coaglo fisica considerada legtima como também, por exemplo, partidos @ clubes que buscam a influéncia (ambém a expressamente mio violenta sobre as ages pollcas das respectvas associagbes. Por nossa parte, separamios essa espScie {de acdo Social, Como agio “pokticamente orientada”, da agio “politica” propriamente dita (da aio associatva, relizada pelas proprias associagbes politicas, no semido do § 12, 6pieo 3). 3, E recomendvel define o conceto de Estado em correspondéncia com seu tipo moder rho, uma vez que este, em seu pleng desenvolvimento, € iteiramente moderno, Cabe, porém, abstain de seus fins concretos ¢ variivess, variablidade que vivemos precisamente em nossa Epoen, A caracterstica formal do Estado atual é a existéncia de uma ordem administrativa © juridiea que pode ser modificada por meio de esatuos, pela qual se orienta o funcionamento. {a acho assotiativa Fealizada pelo quadro adminiseaivo (ambem regulado através de estatuto) fe que pretende vigencia nao apenas para os membros da associaglo — os quals pertencem 4 esta essenclaimente por nascimenco — sendo, também, de mancira abrangente, para toda acio que se realize no territ6rio dominado (poranto, maneira da insttuiclo ternitorial) E Carseterfatica também a circunsténca de que Hoje 86 existe cougio fsica "egitima’, na medida fem gue 2 ordem estatal a permita ou prescreva (por exemplo, deixando a0 chef da fami (0 'direho de castigo Fisica”, um resto do antigo poder legkimo, por diteto proprio, do senhor cde casa que se cxtendia até a disposigio sobre a vida & a morte dos filhos © dos escravos) Esse carlter monopalico do poder coativo do Estado & uma caracerisica tho essencial de sta situagio aval quanto seu cariterracional, de “instituigio”, € 0 continuo, de "emprest 4 Para o conceito de associagio hieroerdtca, a nacureza dos bens de salvacao prometidos — deste mundo ou do outro, externos ot internas —, nao pode ser caracterstica decsia, thas apenas. circunsténcia de que sua administracgo pod consttuirofundamento da dominacio espiritval de homens. Para o conceito de “Igreja", 20 contrério, & caraceristico, de acordo ‘com 0 uso corrente € adequado) da linguagen, 0 carater(relatvanente) racio tiuigso fe de empresa que se manifesta na natureza de suas ordens e de seu quadro administrativo, fe sua pretensio de dominaglo monopdlica. De acordo com a teadéncia normal da instituigéo fecleslistca, exta se caractriza por dominagio territorial hierocrética e articulaglo territorial {em paréquins) sendo uma questio de cada caso particular a de quais seam os metos adequados para dar forga a essa pretensio de monopdlio. Mas hisoricamente o monopélio de dominagio terrtorial nao foi tio essencial para a Igseja quanto para a associagio politica, ¢ hoje o € muito menos ainda, O cariter de “insituigio" e especialmente a circunstincia de que j se "nasce dentro de uma Igreja a distingue da "seita", cuja caracteristica consiste em ser uma “unto fem 6 aceltar Coma membros 0s religiosamente qualificados que pessoalmente se associam. (Gs pormenores pertencem a Sociologia da Keligito.) | i 2 : ; : : ; ‘

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