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Redação
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Norrativa
Se narrar € contar algo, é preciso levar em
‘considerago que o homem sempre quis contar historias.
‘Tanto nas novelas televisivas quanto numa parede de
pedra em Altamira existem fatos que 0 narrador quis
egar para a futuridade. Num quadro, nas historias em
4quadrinhos, numa fotografia familiar antiga, na letra de
‘umamisica, em uma simples piada, nas paginas polici
Id esté 0 legado humano: a histéria, uma historia, a
rectiagdo de toda a realidade.
O ensafsta inglés Edmund Forster, te6rico da
literatura, em seu Aspectos do Romance, garante que
narrar € uma atividade atdvica, que todo homem é um
guardador de hist6rias, um criador de narrativas.
‘Quem nunca ouviu falar em Sherazade que, em mil
‘euma notes, conseguiu safar-se da morte por degolamento
‘porque sabia contar lindas historias e, assim, fez.com que
© sultdo a livrasse da sentenga que aplicava as outras
‘mulheres do harém e, admirando-a, fez dela sua esposa?
Quem nunca ouviu falar do Decameron, de Bocaccio,
historias contadas entre si por um grupo de jovens que se
protegiam da peste, isolados num castelo, esperando que
4 praga passasse © pudessem voltar para seus pais?
Narrar é reinventar o mundo, é recriar a vida, 6
tentar ser uma espécie de Deus criador de destinos.
‘Toda narrativa pressupde quatro elementos bdsicos:
personagem, tempo, acdo e espago. Nao existe narrativa
sem esses quatro componentes. No préximo capitulo,
‘vamos estudé-los um a um. Observe agora de que se
‘compde a estrutura narrativa.
A estrutura narrativa
Se tomarmos em consideragiio 0 romance, a novela
‘ou 0 conto, 0 enredo terd de desenvolver-se da seguinte
forma:
Sequéncia inicial (ou Exposicéo)
Di-se quando sfo apresentados ao leitor personagens,
Arios, tempo.
E quando hé uma multiplicidade de situagées ainda
nio delineadas, criaturas que sio vistas individualmente,
ambientes que formam apenas um pano de fundo.
O cendrio e o resultado narrative
Sé no dio nas paige que ato ein,
pesfrensomac soar!
SS Texto 1
ram cinco horas da manhale ocomtigo acordava,abrindo, no
‘os olhos, mas. sua infinidade de ports cjanelasalinhadas
‘Um acondar alegre e furto de quem dormiu de uma assentada!
sote horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indoléncia de
neblina as derradeirasnotas da Gltima guitarra da noite antecedente,
Aissolvendo-se Juz lourae tenr? da aurora, que nem um suspiro de
saudade perdido em terra alia
‘A roupa lavada, que ficaa de véspera nos coradouros’ umedec
‘are punha-the um farzum acre de sabo ordindrio, As pedras do
hd, esbranquigadas no lugar da lavagem ¢ em alguns pontosazuadas
elon, mostravam uma pide prisalha ist, feitade acumulagdes|
de espuimas seca,
ntetanto, das ports surgiam cabegas congestionadas de sono;
‘uviam-se amplos bocejos, fortes como 0 marulhar das ondas.
Aluisia Azevedo, O Conga, romance,
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