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CAP I vet QUPLEMENTO 108 TOPICO’ AVANCADOS COMITE DE ESTUDOS DE CIENCIAS FICICAS le eteoF ei 5 1c & wee CaPfTULo Il - pPRocESsos IRREVERS{VEIS 1. Alguns exemplos. 2. Uma experiéncia com "bolas de gude", 3. Explicagao qualitativa da experiéncia com bolas de gude. 4. Algumas idéias basicas sébre Probabilidade. 5. Estados e distribuigao, 6 . Distribuigdo mais provavel. 7. Expansao livre de um gas. 8 . Aspéctos quantitativos. 9. Densidade de flutacdes. 10 . Colisdes inelastices e condugao de calor, Obs:- Esta Publicacao € para uso interna e exclusivo da EPCAR, ndo sendo permttido a reprodugdo ou venda da meena. Capitulo 2 PROCESSOS LRREVERSIVEIS ALGUNS EXEMPLOS Suponha que vocé viu um filme, mostrando pedacos de vidro, juntando-se expontaneamente para formar um vidro de janela perfeito e que ao mesmo tempo um projétil re- tornasse ao cano do revolver. Vocé sem divida concluiria que o filme foi passado de tras para frente e mostrava um projétil atingindo uma vidraga; vocé acharia graca pois isso lhe pareceria ridiculo. Vocé nunca viu isso a- contecer na vida real. Nossa experiéncia diaria é cheia de exemplos de pro cessos que parecem se realizar apenas em uma diregao no tempo e nunca na diregao inversa. fles sao geralmente chamados PROCESSOS IRREVERS{VEIS. Podemos citar alguns outros exemplos de processos irreversiveis: Duas bolas de mesma massa colidem frontalmente com uma certa velocidade relativa. Depois da colisao elas se afastam com uma velocidade relativa menor. A energia me- canica perdida @ absorvida pelas bolas sob a forma de e- nergia calorifica (calor) e a temperatura das mesmas au menta, Nunca observamos o processo inverso no qual a tem peratura das bolas diminue durante o contacto e cada bo- la retorna com uma velocidade relativa maior que a inici al. Dois blocos de metal, um quente e outro frio, sao colocados em contacto, Gradualmente suas temperaturas tornam-se iguais. Nunca observamos o processo inverso no qual dois blocos metalicos postos em contacto, com a mes ma temperatura inicial, mudassem expontaneamente suas temperaturas com um bloco tornando-se mais frio e outro mais quente, Um recipiente & dividido em dois compartimentos iguais. Uma parte contém um gas e na outra faz-se vacuo, Uma janela é \aberta na paredesde separagao e'o gas se ex pande livremente de um modo bastante rapido, ocupando to do o recipiente, Jamais observamos o gas inverter ésse movimento expontaneamente, confinando-se outra vez num 80 compartinento. Como voce sabe, todos os processos anteriores obede cem 4 lei da conservacdo da energia. Se imaginassemos que os processos inversos se realizassem, éles nao viola riam o principio da conservagao da energia. De fato, é- ies nao precisam violar, para se realizarem, qualquer ou tra lei de conservagao conhecida, tal como a conservacao da quantidade de movimento ou do momento angular, Desde que os processos inversos nao sao proibidos por leis de conservacao, por que éles nao ocorrem? O &itimo descrito, aquéle de um gas expandindo-se no vacuo, @ um dos exemplos mais simples do comport amen- to irreversivel, Servira como prototipo para todos os processos irreversiveis, Quando a razao da irreversibild dade for entendida neste exemplo sera necessario fazer somente uma pequena extensao para entender 2 irreversibi lidade também em exemplos. A afirmagao de que processos irreversiveis nao vio- jam as leis de conservagao conhecidas, provavelmente sig nifica que os processos inversos podem realmente ocorrer mas por alguma razao a probabilidade de sua ocorréncia é tao pequena que se torna completamente despresivel. Mos- traremos que éste é realmente o caso, Mostraremos que a extrema raridade de ocorréncia de processos inversos @ u ma consequencia do fato de que sistemas microscépicos conteém um numero muito grande de atomos. * UMA EXPERIENCIA COM BOLAS DE GUDE Comegaremos com um exemplo bastante simples, para introduzir alguns dos conceitos usuais na compreensao de um fendmeno irreversivel. A maquina mostrada na FIG I, tem duas pistas e dois compartimentos, construidos de ma neira perfeitamente simetrica em relacgao ao eixo central Inclinando a maquina para frente e para tras pode- mos fazer com que as bolas agrupem-se nos compartimentos ou nas duas pistas, Uma janela de tamanho regulavel per- mite que as bolas passem de um compartimento para o ou- tro, Podemos entao misturar as bolas nas duas pistas in- clinando o aparelho para tras e para frente. Variando o tamanho da janela que liga os compartimentos, podemos va riar o grau em relacao ao qual a mistura elimina a buigae inicial das bolas, Em outras palavras, podemos variar a "memoria" da maquina. As pistas tem o diametro de uma bola de mer ira que as bolas se colocam em fila e podem assim ser facilmente contadas, Estamos interessa dos somente no nimero e nao na ordem das bolas em cada pista. A distribuicao das bolas @ determinada pelo nime- ro N, de bolas na pista 1i,e pelo numero N de bolas na pista 2 “numero total de bolas @ Ny + N= N, des de que N @ constante precisamos dar somente Ny para veri ficar a distribuigao de bolas nas duas pistas. Tentaremos agora uma experiéncia com (100) bolas Inicialmente, estao todas na primeira pista, i. é Ny= N, Agitamos entao as bolas, inclinando o aparelho pa ra tras e para frente. Ao fim da primeira operacao a dis tribuigao @ caracterizada por um novo valor de Ny que anotamos., Agitando repetidamente obtemos uma sequéencia de distribuigoes que podem ser colocadas em um grafico de M/N, apds a operacdo, como fungdo de um inteiro n Podemos pengar em n como sendo o tempo. De fato, n po- de ser o tempo em segundos se agitamos com intervalos de | debalas na $ a 2, & “acs 6, 4 OBS: Aslegendagdas figuras se acham a partir da pagina 32, Prskad wista 2 Pista Pista2 Pistat Piste BA zt feagda de balas ma At Dista 3 € fracdo de bolas na‘? pista & & ao a a3 3 oo gS qa “ Sees: s 8 Abertura Zola de dismale um segundo. Se a janela entre os compartimentos da maqui, na esta completamente bloqueada, teremos sempre Ny = Ne Para diferentes tamanhos da janela esperamos obter diferentes resultados experimentais. fistes sao mostrados nos graf (a)(b)(dda fig 2 para trés tamanhos da janela. Os resultados experimentais mostram que, enquanto for possivel as bolas passarem de uma pista para outra a dis tribuigao inicial tendera a-uma distribuigao! igual. 0 tempo gasto para que seja estabelecido o estado de igual distribuigdo depende do tamanho da abertura, Depois que a igualdade de distribuigao tiver sido estabelecida ela no variara com operagoes posterior a menos de pequ nas flutuagoes irregulares, A transigao da distribuigao desigual para uma distribuigao final uniforme & aparentg mente irreversivel, A VIG Ii mostra com mais detalhes como a distribud giao inictal tende & distribuigdo uniforme, Os dados com- binados das trés experiéncias s¢ localizam todos aproxi= madamente sobre uma Gnica curva continua, Isto mostra que a distribuigao aproxima-se da uniformizagao de um mg do definido ¢ reproduzivel independente de pequenas flu- tuagoes. Qual seria o resultado se comeg. mos com somente 3/4 de numero total de bolas (N) na pista (I)? Sem fazer realmente a experiéncia podemos adiantar que tal distri-~ budgdo inicial tendera também a uma distribuicgao unifor= je. Por exemplo, para uma abertura de tamanho igual ao u ado na experiéncia da FIG III, o grafico experimental era o mesmo independente das flutuagoes, exceto que de vemos déblocar.a origem das abcinsas para a direita do ponto I, mostrado na figura ITI Resumiremos nossas descobertas segundo a regra empi, rica: "Independentemente da distribuigao inicial e do ta manho da janela,@® bolas tendem distribuir de’uma maneira uniforme nas duas pistas independentemente de pequenas flutuagoes irregulares. A distribuigao inicial e o tama- nho da abertura meramente determinam o tempo necessario para que tal uniformizacao seja atingida”. EXPLICAGAO QUALITATIVA DA EXPERIENCIA DA "BOLA DE GUDE" Uma distribuigao pode ser mudada em cada operacgao com a maquina pois uma bola pode ir de uma pista para ou tra. 0 processo detalhado &, entretanto, bastante comple xo. As fOrcgas experimentsis por cada bola, sao devidas a gravidade, friccao, colisoes em outras bolas, colisoes com as paredes etc. A pista na qual uma bola cai depois de uma operagao com a maquina @ determinada por todas es sas varias forcgas, das quais nao temos conhecimento deta lhado, Mesmo que conhecessemos as forcas precisamente, po deriamos ainda ser incapazes de predizer o resultado cor reto de uma operagao, porque a complexibilidade das for- gas pode exigir um tratamentc matematico do problema. Portanto nac podemos explicar cada detalhe dos gra- ficos da FIG II. & razoavel esperar entretanto, que pos= samos explicar a tendéncia a uniformizagao, sem um conhe cimento detalhado das forgas, pois essa tendencia @ inde pendente de detalhes taie como o tamanho da cavidade e a distribuigao inicial. Tal @kplicagao satisfaria nosso proposito, que € entender esta tendencia aparentemente irreversivel. Uma explicagao quali iva € simples. Primeiramente comecamos com todas as bolas na pista (1). Desde que as duas pistas sao geométricamente idénticas, a unica assi- metria @ devida ao grande numero de bolas na pista (I). Depois da primeira operagao @ natural que algumas bolas estejam na pista (2) porque cada bola originalmen- te na pista (I) tem possibilidade de sair da mesma quan- do se processa a mistura, De fato o numero de bolas na pista (I) nao pode crescer pois nao existem bolas na pis ee ta (2). Na operagao seguinte algumas outras bolas serao provavelmente colocadas na pista (2), porque existem mais bolas na pista (I) que na pista (2), Entao cada operacao representa uma péerda liquida para a pista (I) e um ganho 1iquido para a outra pista, até que a distribuigao atin- ge a uniformizagao. Operacces subsequentes tendem a man- ter uniformizagao porque a possibilidade de que a pista (1) perca bolas écontrabalangada pela possibilidade de que ela as ganhe. Mas uma explicagao qualitativa apenas nao nos satis. faz plenamente. Ainda que a explicagao acima mostre que uma distribuigao nao uniforme tende a se uniformizar, e que uma distribuigao uniforme tende a se conservar, ela nao fornece qualquer resultado quantitativo. Para dar u- ma explicacao quantitativa satisfatoria, precisamos ex~ plicar nao somente o fato de que N,/N tende para um va~ lor médio 1/2, mas também o fato de que as flutuagoes ir regulares sao pequenas. ALGUMAS IDEIAS BASICAS SOBRE PROBABILIDADE Antes de discutir a experiencia das bolas de um mo- do quantitativo, precisamos rever nossas idéias sobre chance e probabilidade, Considere um jogo de "cara ou co roa", Se vocé langa uma moeda um grande numero de vezes, Ao aéaso, veri que quasecatd@re io némero de vesee, que vo cé obtém cara nao difere muito do numero de vezes que vo cé obtém corda. Se vocé langd @ moeda mil vezes, voce po de estar certo de que a frequéncia de “caras", isto e, o numero de vezes nas quais aparece "cara", dividido pelo numero total de lances, difere do valor 1/2 por menos 0,1. Se vocé considera casos nos quais o numero de lan~ ces é maior, voce tera diferengas cada vez menores. Para um niimero extremamente grande de lances a razao acina tende para o valor 1/2, Expressamos. ésse fato dizendo em todos os quatros niimero de caras e coroas te igual encontrara aproximada * Voc’ anterior. caso exatamente como no lances, que as possibilidades @ priori de se obter "cara" ou "co. r6a" sao iguais. Desta experiéncia de "cara ou coroa” voce aprende alguma coisa a mais, Considere por exemplo, um conjunto de quatro lances, trés dos quais tenham dado "cara";qual sera o resultado do quarto lance? Se voce realiza um grande niimero de conjuntos de quatro lances, consideran- do sdmente aqueles nos quais os trés primeiros tenham da do "cara e corda" no quarto lance de cada conjunto, como no caso anteriox@)A mesma coisa acontece se vocé conside ra os resultados dos enésimos lances, em conjuntos de N lances, nos quais os N-1 primeiros tem qualquer dado re sultado fixo. Podemos expressar ésse fato dizendo que a probabilidade do resultado de qualquer lance é indepen- dente dos resultados de lances anteriores; os resultados de diferentes lances sao independentes entre si. Com essas nogoes podemos responder varias questoes sObre jogos de "cara ou coroa", Por exemplo, se realizo um grande nimero de conjuntos de dois lances, em quantos conjuntos aparecerao duas cordas? Se temos N conjuntos de dois lances podemos dizer que em aproximadamente N/2 conjuntos o primeiro lance dara coroa, Nesses N/2 conjun tos (cujos primeiros lances dao corda), podemos esperar igual numero de cara e coréa nos segundos lances. Entao em mais ou menos 1/4 de todos os conjuntos de dois lance ou seja, em N/4 conjuntos, ambos os lances de um par da~ r@o corda. Dizemos que a probabilidade de obter duas co- r6as em um par de lances é 1/4, Analogamente, em dois lances a probabilidade de uma corda seguida de uma cara @ 1/4. Isto vale também para a probabilidade de obter em dois lances uma cara e uma corda independentemente da or dem? Em N pares de lances, N bastante grande, mais ou me nos N/4 pares dao corda seguida de cara e N/4 pares dao cara seguida de corda, portanto voce tera mais ou menos N/4 + .N/4 = N/2 pares de lances com uma cara e uma co- roas. ISSO’ io "SC ED OCC Portanto a probabilidade désse evento é 1/2. 0 método de raciocinio que seguimos ao deduzir ésse resultados pode ser generalizado como segue: 1 ~ Se vocé considera dois eventos possiveis Ae B que sao mutuamente exclusivos, (isto é, tais que se acontece A, B nao pode acontecer ( vice- versa) a probabilidade de que aconteca Aou Bé a soma das probabilidades de A e de B, 2 = A soma de todas as probabilidades de todos os e ventos mutuamente exclusivos, de um conjunto de lances @ igual a um, porque um dos eventos deve acontecer em cada lance. 5 3 = A probabilidade de que dois eventos independen~ tes acontecam simultaneamente é o produto das probabilidades dos dois simples eventos. Dessas regras podemos tirar as seguintes conclusces: A) Se uma série de lances tem N (e somente N) re= sultados possiveis, e se voce sabe que todos os resultados tem uma igual probabilidade a priori de ocorrer, a probabilidade de um dado resulta- do deve ser igual a 1/N. B) Se vocé classificar os resultados de um conjun- to de lances em dois grupos diferentes, e se o numero de eventos pertencentes a um grupo e M, a probabilidade de que um evento pertencente a essa classe aconteca & M/N Devemos lembrar que o conceito de igual probabilida de "dos eventos" deve ser tirada da experiéncia. Desde que classificamos pela experiéncia todos os possiveis e- ventos, diferentes e mutuamente exclusivos de maneira que éles tenham "igual probabilidade 4 priori", podemos aplicar as regras de probabilidade para calculos detalha dos. O problema chave, portanto, @ identificar quais os eventos te abilidade a priori". Isto requer um cuidado consideravel para evitar enganos. Considere por exemplo o resultado de um par de lan- ces em um jdgo de "cara ou corsa". Podemos dizer que e- xistem exatamente trés probabilidades: duas caras, duas coréas, uma cara e uma coréa. Supondo que as tres sao igualmente provaveis, a probabilidade de cada uma sera 2ae 1/3, 0 que esta errado como j4 vimos. 0 @rro nesse caso esta no fato de termos considerado como um dinico evento dois eventos diferentes: cara seguida de coroa e coréa seguida de cara. Na discussao quantitativa de nosm expe- riéncia com bolas, veremos exemplo de outro tipo de érro na classificagao dos eventos. ESTADOS E DISTRIBUIGOES A fim de concluir uma descrigao quantitativa da ex- periéncia com bolas deveremos saber quais os eventos sao igualmente provaveis. Podemos descrever aquéles resulta- dos de muitas maneiras. Primeiro, podemos distinguir as N bolas numerando-as de 1 a N; uma descrigao mais detalha da entao especificaria nao somente quais as bol também a ordem das bolas em cada pis- arranjo", Em segundo lu- estao ta, Tal descrigao e chamada um gar, podemos nos contentar dizendo quais as bolas estao em cada pista independentemente de sua ordem; estaremos falando de um "estado", Em terceiro lugar, podemos dar so mente o numero de bolas em cada pista sem identifica-las; istribuicgao" (Figura 4). Observe que muitos arranjos podem pertencer a um estado, e muitos es- tados podem pertencer 4 mesma distribuicgao. Um evento se- ra a realizagao de um arranjo, de um estado ou de uma dis tribuigdo, Sabemos préviamente, da experiencia, em que as bolas sao misturadas que todas as possiveis distribuigoes nao sao igualmente provaveis. Deveremos olhar a cada um dos estados ou arranjos para eventos igualmente provaveis Para isto, considere primeiro o comportamento de uma bola particular, Examinemos isto experimentalmente, Com esta finalidade, vamos repetir a experiéncia de misturar as bolas. Neste ponto uma das bolas é idéntica As outras em todos os aspectos exceto em cor, (Podemos es tar seguros que a cor nao influencia o resultado da expe- -9- x ee é riéncia). Se seguirmos a bola colorida em um niémero sufi cientemente grande de operacgoes, descobriremos na longa corrida os seguintes fatos: A probabilidade de encontrar a bola colorida numa dada pista € 1/2, e esta probabilida de € independente da maneira pela qual as outras (nao co loridas) bolas estao distribuidas em cada pista. Para ver que isto @ verdade, suponha que a bola co- lorida comega na pista 1, Estara ela na pista 1 ou na pista 2 apos n sucessivas reacoes? Com uma pequena abertura sabemos que para n=l é al~ tamente provavel que a bola esteja na pista l. Para n Nossa resposta torna-se precisa, porque para terminar na pista 2 o resultado depende da primeira operagao, que é@ algo incerta. Quando n cresce, a incerteza tambem au- menta, porque onde a bola esta apds n operagoes depende dos resultados de tédas as operagoes intermediarias, que sao elas proprias incertas. Para n suficientemente gran- de, sao iguais as probabilidades de encontrar a bola co lorida na pista 2 bem como na pista 1, 0 mesmo é verda- deiro para qualquer bola, e desde que todos os diferentes estados sao determinados por quais bolas estao em qual pista, todos os estados sao igualmente provavei priori Para estarmos seguros, o destino de uma dada bola de pois de n operacoes esta em principio completamente deter minado. Contudo, éle depende, criticamente, de cada mini- mo detalhe do processo de mistura: quais outras bolas co- lidem com nossa bola, com qual bola ela se choca, as cor- rentes de ar na maquina, etc. Uma pequena mudanca désses detalhes mudaria o resultado. Quanto maior for n, mais criticos se tornam ésses detalhes; les nado sao somente desconhecidos para nos mas tambem estado além de nosso con trole. Por exemplo, quando inclinamos o aparelho nao pode vemos fazé-lo exatamente com a mesma velocidade todo tem- po. Considerando a simetria da maquina, parece razoavel supor que apos um numero suficientemente grande de opera- goes, uma bola esteja geralmente provavel de terminar na aie er acetate cn acetate pista 1 ou na pista 2~ 0 que constitui um numero sufici- entemente grande depende do\ tamanho da abertura e ou- tros detalhes. Pode ser 10 ou 100. Observe que neste caso as probabilidades das conse- cutivas operacgoes nao sao independentes como no caso da experiéncia cara ou coréa. Em nosso instrumento particu- lar a praticamente completa independéncia & realizada 53 mente depois de muitas misturas, porque os resultados das operacoes imediatamente sucessivas nao sao indepen- dentes. Mas olhando para os resultados de 100 operagoes, podemos comparar a experiéncia com bolas como jogo de cara ou corda. Podemos, de fato, chamar a primeira pista "cara" , e€ a segunda pista “corda" e considerar o langa- mento de diferentes bolas como diferentes lances com uma simples moeda. Agora; no jogo de cara ou coroa para N lances, to= das possiveis sequéncias de caras ou coroas sao igualmen te provaveis, Por exemplo, para cinco lances de uma moe- da a sequéncia CA-CA-CO-CO-CA corresponde na experiéncia com bolas as bolas 1, 2 e 5 na primeira pista e as bolas 3-4 na segunda. Esta descricao dos resultados da experi- €ncia com bolas é um estado. Esta analogia com a experi encia da moeda confirma nossa conclusao inicial de que todos estados na experiéncia com bolas sao igualmente provaveis a priori. Observe que se tivéssemos suposto que todos arran~ jos sao igualmente provaveis 4 priori, teriamos discorda do da experiencia, desde que ha diferentes numeros de possiveis arranjos para estados pertencendo a distribui- goes diferentes. A DISTRIBUIGAO MAIS PROVAVEL Qual @ a distribuigao das bolas depois de um grande nimero de operagoes? De fato, nesta experiéneia particular, a distribui. gao inicial se repete na 34a (trigésima quarta) opera- gao. Isto nao contradiz o que foi dito antes (1024 ope- rag6es) porque a predigao anterior € para o comportamen to médio em um grande numero de operagoes Em nossa experiencia com 100 bolas, teriamos que agitar a maquina 2100 yézes antes de podermos esperar obter as bolas de volta 4 pista (1), Se realizarmos uma 200 ep 02> eras operacao por segundo, isto levaria Este intervalo de tempo é tao grande que falta-lhe significado fisico, pois a idade do universo @ estimada em apenas 101° anos. Antes que tenhamos tempo de ver a repetigdo da distribuigao inicial, o aparelho teria se desintegrado em poeira, o sol teria esfriado e as leis da fisica poderiam ter mudado. £ por isso que no caso N= 100 podemos dizer que a chance de tornar a obter a distribuigao inicial @ nula. A transigao de uma distri- buigao inicial nao uniforme para uma distribuigao uni- forme é, para todas as finalidades praticas, irrevers{f- vel. No entanto, @ inteiramente possivel que obtenhamos novamente a distribuigao inicial N, = N depois de algu- mas poucas operagoes. Se isto acontecer, sera sem duvi- da um fato extravagante mas que no entanto nao viola qualquer lei natural que conhecemos, De um ponto de vis ta puramente probabilistico, um matematico nao hesita- ria em apostar com vocé uma enorme fortuna, caso a dis- tribuigao inicial se repetisse. c= Um modo conveniente de resumir tudo o que dissemos @ colocar em grafico P (N,) contra N,/N para diferentes valores de N. Fizemos isto para N = 10 na FIG VII, onde 0s pontos teoricos sao mostrados com circulos cheios e os pontos experimentais, obtidos depois de 2000 opera- ges, sao mostrados como cruzes. Eles tendem a coinci- air se aumentarmos o numero de operagoes. Voce pode fa~ zer um grafico semelhante, mostrando uma comparacgao en- tre a teoria e a pratica, para N = 100, <1 Se 8 E estas 8 8 ae x al 9 spate 4 E tes alos ee 1 Sat + E 4 he eis j & ete 3G =] 5 oo fe] = by ie « a=—— °o Sees egegages PISIG Bp PU srg 2p sapteas 444 Para mostrar a diferenca entre os casos N = 10 e Ne 100, e também para dar énfase ao fato de que as flutua- g0es dependem de N, & melhor colocar em grafico NP(N,) contra Nj/N. Os graficos para N = 10 e N = 100 sao mos= trados superpostos na FIG VIII. Se ineginarmos os pontos Sucessivos unidos por uma linha obteremos duas curvas; a sob cada curv Observamos que as curvas apresentam picos na distribuigao mais provavel, isto é para N, = N/2, mas o caso N =100 apresenta um pico muito mais pronunciado. A forma da curva pode ser dada pela lar gura do pico na metade da altura maxima, essa largura & representada pela letra grega (delta). Pode ser mostrado (veja QUADRO II), que em geral Axx Ad : Entao a largura » Para N = 100 @ Ape resents 1/3 da largu ya para N =10. Para cada curva a maior parte da drea com Preendida sob o grafico encontra-se sob 0 pico. Isto sig nifica que uma distribuigao que esta sobre a abcissa,den tro de uma distancia 4/2 da distribuigao mais provavel tem grande probabilidade de ocorrencia, enquanto que a= quelas que estao fora te intervalo sao bastante impro vaveis. De fato, as distribuigées proximas da distribui- ga0 mais provavel tem quase a mesma chance de ocorrer que esta ultima, porque sua probabilidade nao & muito di ferente daquela da distribuicgao mais provavel. As distri buigoes proximas da distribuicao mais provavel sao mos= tradas em nossa experiencia (FIG II) como flutuagoes ir- regulares, Estas flutuagoes podem tornar-se cada vez me- nores aumentando N, mas nao conseguimos elimina-la total mente enquanto N for finito Nossa discussdo tem sido limitada ao comportamento das bolas sob agitacao constante, durante um tempo bas- tante longo, isto é, o comportamento depois de um nimero suficientemente grande de operacdes. 0 comportamento du+ rante intervalos de tempo pequenos, @ mais dificil de ser analisado porque éle depende de detalhes da flaquina, ee fais como, o tamanho da abertura, a dinamica das colisoes das bolas, etc, Ainda que nao Possamos dar uma resposta quantitativa para isto usando apenas as idéias simples de senvolvidas até agora, podemos entender suas implicacgoes gerais, Um exame dos graficos da FIG II, mostra que inde- pendentemente do tamanho da abertura N ,/N tende a decres- cer para o valor N/2. Testo significa que a distribuigao tende a passar de uma menos provavel para outra mais provavel, de acordo com a idéia de que as bolas tendem a se distribuir cada vez mais ao acaso entre as duas pistas, § medida que fi- zer um nimero maior de operacées. LIVRE EXPANSAO DE UM GAs 2 © Retornamos agora @ discussao da livre expansdo de um B48 no vacuo que mencionamos no infcio do capitulo. vamos considerar um gés como uma colegdo de moléculas confina- das por paredes completamente refletoras. As moléculas co lidem frequentemente com as paredes e umas com as outras como bolas perfeitamente elasticas, Uma figura esquemati- ca de um gas durante uma expansao livre & mostrada na FIG 1X, Para dar uma idéia da ordem de grandeza das quantida- des usadas suponhamos que o volume total do recipiente se ja 22,4 litros. Podemos entdo imaginar que o nimero total de moléculas na FIG Ix é o niimero de Avogadro, 6 x 1023 (capitulo 8, secgao 7; capftulo 26, secgao 2). As molécu- jas se movimentam com uma velocidade média de 300m/s no ar, e cada molécula sofre aproximadamente 109 colisoes Por segundo, Desde que a energia & conservada nas coli~ s6es, o movimento molecular munca cessa, e a energia to- tal do gas permanece constante, Na livre expansao de um g4s, estamos interessados a Penas ne distribuigao espacial das moléculas e go nae ve locidades das mesmas, FIG, 9 4GA Existe uma grande analogia entre o gas considerado e © conjunto de bolas de nossas experiéncias anteriores. I- niciamos nossa experiéncia anterior com todas as bolas em uma sé pista e observamos que elas se redistribuiam igual mente entre as duas pistas. Com o gas analogamente inicia mos a experiéncia com tddas as moléculas em um dos compar, timentos e observamos que elas se redistribuem igualmente entre os dois compartimentos. A menos do fato de que a ma quina contém 100 bolas enquanto que o gas contém por vol- ta de 6 x 1073 moléculas, Estes sistemas diferem apenas no mecanismo que muda o estado, Nas experiéncias com bo- las @ste mecanismo era o de agitagao da maquina. No gas sGo as colisoes moleculares (umas com as outras ou com as paredes) que alteram o estado, Estas colisoes podem fazer com que uma molécula salte ocasionalmente através da aber, tura, indo de um compartimento para outro. Devido 4 gran- de semelhanga entre os dois casos, podemos fazer uso dos conhecimentos adquiridos com o primeiro para entender o G1timo. Vamos primeiro considerar qualitativamente o que acontece com as moléculas no compartimento inicial depois que a janela é aberta, Depois de um pequeno intervalo de tempo algumas moléculas foram levadas ao outro comparti- mento, de maneira que o niimero de moléculas no comparti- mento inicial comeca a decrescer, Algumas das moléculas que vieram do compartimento inicial retornarao 4 @le atra vés da janela, mas existirado mais moléculas vindo do com- partimento inicial para o outro do que na direcgao contra- ria. A possibilidade que uma molécula tem de ir de um com partimento para outro é a mesma em ambas as direcoes mas se existem moléculas no primeiro compartimento existem mais moléculas com possibilidade de ir do primeiro para o segundo compartimento, Consequentemente, apenas com base no acaso esperamos aoe Sanciiinictnenicennpeniie casi aI ter i SESE’ "EEE ERLE um decréscimo uniforme no nimero de moléculas no primeiro Compartimento e um acréscimo no outro. Essa tendéncia con tinua até que o niimero de moléculas nos dois compartimen- tos se iguala e daf por diante permanece constante, Baseados nesse argumento esperamos também que a taxa de variagdo seja maior no comeco e diminua gradualmente & medida que a igualdade © argumento qualitativo que acabamos de discutir é alcangada, jado em consideracgdes de probabilidade e nao exclue o fato de que sob condigdes bastante especiais tGdas as mo- eulae possam voltar ao compartimento inicial simultanea mente, Entretanto as circunstancias necessirias para que isto acontega sio tao especiais que podemos ignorar essa Possibilidade. Para entender isto com mais detalhes vamos considerar o movimento de uma molécula que @ deslocada pe las colisses que ela sofre com as outras moléculas e com 8 paredes, Nao existe nenhuma irreversibilidade inerente a0 processo de colisao, porque se uma colisio pode ceorrer entfo & possfyel que ocorra também o seu inverso, como & tlustrado na FIG X para colisées simples, Quando uma molé eula vai docompartimento inicial para o outro, sua traje~ tOria pode ser aquela que una os pontos de 0 e O' na FIG XI, Cada pequeno trecho no caminho representa uma coli com outra molécula ou com uma parede, f inteiramente in- possivel que uma determinada molécula retorne de maneira mais rApida ao compartimento original, ela nao precisa percorrer exatamente o caminho 0'0 pois existe um grande nimero de caminhos poss{veis, No percurso de volta, entre tanto, ela ainda sofrera muitas colisdes as quais alteran © movimento das outras moléculas com as quais ela colide. Entao Para que todo o conjunto de moléculas Fretorne simult@neamente ao compartimento original, as moléculas devem colidir de um modo muito especial, f bastante impro vavel que tédas as moléculas retornem simult@neamente de uma maneira expontanea, Considerando todos o# modos possi ce a veis para as colisoes moleculares se realizem, vemos que sao pouquissimos os modos que resultam em um inverso da expansao. A grande maioria dos processos que conseguimos imaginar leva a uma distribuicgao aproximadamente unifor- me. 8 - ASPECTOS QUANTITATIVOS Faremos agora um estudo mais quantitativo do pro- blema da livre expansao de um gas segundo os raciocinios usados em nossa experiéncia com bolas. Ao contrario da mudanga brusca da posigao que sofrem todas as bolas nas pistas, as colisoes em um gas ocorrem tédas ao mesmo tem Po, as colisdes acontecem continuamente através de todo o gas. £ entretanto preferivel considerar os estados do gas a intervalos regulares de tempo. Vamos escolher ésse intervalo de tempo como sendo o tempo caracterfstico das colisdes moleculares, o tempo médio entre duas colisdes sucessivas experimentadas pela mesma molécula, o qual é da ordem de 1079 segundos. Temos entdo uma sequéncia tem poraria de estados, cada um evoluindo de seu precedente depois de 1079 segundos. Desde que uma molécula colide em média uma vez em cada 10-9 sg, um total de 3 x 10?3co lisdes ocorrem através de todo o gas, neste intervalo de tempo (lembre que sao necessarias duas moléculas para u- ma colisao). Entre um estado e o seguinte entretanto as moléculas estado em posigoes completamente diferentes. £ razoavel supor que depois de um tempo suficientemente longo, uma molécula originariamente em um compartimento tem a mesma chance de ser encontrada em qualquer um dos compartimentos. Em térmos de estado isto significa que depois de um tempo suficientemente longo, vale a hipétese de igual pro babilidade 2 priori, e o estado final encontrado pode ser qualquer um dos estados possiveis, 0 intervalo de tempo necessario para alcancar uma distribuigdo uniforme depen- de do tamanho da abertura e da dinamica das colisdes nao pode ser obtido através de suposicoes. Matematicamente nosso problema se reduz agora ao Problema anterior das bolas, porque tanto a definicgao de estado como a hipotese de igual probabilidade 4 priori 840 validas nesses dois casos. Podemos entao usar neate caso todos os resultados matematicos obtidos anteriormen te na experiencia com bolas. Decorrido um tempo suficientemente longo, depois do instante inicial, a probabilidede de que Nj moléculas es tejam em um determinado compartimento (qualquer um dos dois) @: P(N,). Com N = 6 x 1023 a probabilidade de que todas as moléculas sejam encontradas novamenta no compar, timento original é: gf -* 107° 2 pcke 10° que @ tao pequena que nao acontece durante qualquer pe- riodo de tempo fisicamente mensuravel. Se fizéssemos um grafico de NP(N,) contra N,/N obterfamos uma curva de Mesmo aspecto geral que as mostradas na FIC VIII, exceto que o pico em N|/N = 1/2 seria mais agudo, com largura de B ~ 107? que @ aproximadamente zero. 0 comporta- mento da distribuigao espacial das moléculas como fungao do tempo @ mostrado qualitativamente na FIG XII é seme Thante ao da FIG II exceto que as flutuacoes sao muito pequenas para serem vistas. 9 - DENSEDADE-BE-FEUTEACOES FLU TUAGOES DE DENSINADE Vimos que depois de algum tempo, encontramos o mes- mo nimero de moléculas nos dois compartimentos. Este fa- to implica que as moléculas irdo ocupar os compartimen- tos com uma densidade uniforme. Para compreender isto imaginemos um compartimento dividido em dois sub-compart mentos iguais sem nenhuma divisao entre Eles, isto é, a =20= nt 3: fsicos que dependem délas. & fenédmenos fis Ke a 3 a 19 ° zB o & 3 3 = 3 a 2 a a 3 o a a separagao @ totalmente aberta. Podemos aplicar o mesmo raciocinio anterior para concluir que os dois sub-com- partimentos terao o mesmo niimero de moléculas. Imaginan- do que subdividimos sucessivamente os compartimentos em Partes cada vez menores, chegamos 4 conclusado de que as moléculas se distribuem no espacgo com densidade uniforme Na realidade o processo de subdividir os comparti- mentos nao pode continuar indefinidamente, pois o nimero de moléculas ainda que grande @ finito. Devemos parar de subdividir quando chegarmos a um sub-compartimento que contém ao menos uma molécula. Tal sub-compartimento ming mo sera de tamanho microscopico; por exemplo| um sub-com partimento contendo 104 moléculas tem um volume de ape- tas 16° centfuetros cabicos. 0 némerd dé moldculed con tido em cada compartimento nao é exatamente o mesmo, existem flutuagoes da ordem deVi0" = 102 ou 1% do total Bste volume de 10715 cm® entretanto & muito pequeno Para ser visto a Olho ni; o menor volume que nossos sen- tidos podem distinguir é exageradamente grande, ou seja, 107°ca®, o qual’ coites 10” compan eieeness microscopicos descritos acima. Em tal volume relativamente grande as Porcentagens de flutuacoes no numero de moléculas sao tao Pequenas que até onde podemos discernir a densidade é u- niforme. Ainda que nossos sentidos nao sejam suficientemente Perspicazes para detectar flutuagoes* Por exemplo, uma onda luminosa com comprimento de onda de alguns milhares de angstrons sera-capaz de sentir o efeito de tais flu- tuagces. Quando uma onda luminosa passa através da atmos, fera ela pode ser espaihada pelas flutuagoes microscépi- cas na densidade do ar. 0 espalhamento se torna mais evi dente com uma onda luminosa de comprimento de onda peque no, porque esta pode detectar volumes menores, Existem fatores eletromagn€ticos igualmente impor- tantes que tambem causam o espalhamento da luz, mas o es palhamento devido as flutuagoes acima mencionadas é res- tis ponsavel em grande parte pela cér azul do céu. Entao, a luz azul é mais sensivel is flutuagoes do que a luz ver- melha € consequentemente @ espalhada mais fortemente pe~ la atmosfera, COLISOES INELAsTICAS & co! DE CALOR Estamos agora preparados para dar uma explicacao qualitativa dos dois outros fendmenos irreversi{veis eita dos no infcio do cap{tulo, Relembramos que ambos envol- vem uma variacgao ua temperatura de dois corpos sélidos macroscopicos colocados em contacto, Aprendemos no CAP 25 do PSSC Basico, que a tempera~ tura de um corpo macroscdpico @ a medida da energia cing tica média do movimento cadtico dos atomos do corpo. Quan do energia @ fornecida a um corpo ela pode ser distribus da, parte para o movimento do corpo como um todo e parte Para a agit acao cadtica dos dtomos, A Gltima parte @ chamada energia interna (calor) e quando fornecida a um corpo geralmente aumenta sua tempe ratura. No exemplo de colisces inelasticas, parte da ener- gia cinética que um dos corpos recebe do outro foi rece- bida de uma energia interna que aumenta a temperatura do corpo. Nunca observamos o processo inverso no qual um corpo através esfriamento espontaneo transfere energia interna para outro na forma de energia cinética de movi- mento. No exemplo da condugao de calor, a agitacao caética dos atomos em um dos corpos era inicialmente mais violen ta que no outro; quando Eles sao postos em contacto as a gitagoes tendem a se igualar nos dois corpos. 0 processo inverso comegaria com os dois corpos tendo o mesmo grau de agitagao atomica e depois de colocados em contacto a agitagao dos atomos de um déles aumentaria as custas da diminuigao da agitagao no outro. Nunca conseguimos obser ~22- at “eG i 1 7 A t 36: ie 2 & o 7 BEoss weege BOSS BOSS SREB var éste processo também. Para entender Estes exemplos temos que saber porque © gra de agitagao dos atomos tende sempre a se uniformi Zar e porque a energia associada com a agitacao térmica nao pode aparentemente ser extraida sob forma de energia cinética do movimento do corpo. Ao contrario da livre ex pansdo de um gas, estamos tratando aqui de um caso de distribuigao de energia em varios tipos, ao invés de dis. tribuicgao de atomos no espaco. Os atomos em um corpo sdlido estado em geral arranja dos sob forma de réde cristalina, como é mostrado em duas dimensoes na FIG XIII. Bles sao conservados em posi goes de equilibrio por fOrgas interatomicas, como se es- tivessem ligados por molas. As oscilagces cadticas dos a tomos em torno das posigoes de equilibrio sao simbolica- mente mostradas na FIG XIII por meio de linhas tremidas ao redor de cada atomo. A temperatura de um corpo é uma medida da violencia déstes movimentos. De fato, as osci- lagoes podem se tornar tao violentas que os atomos esca- pam das rédes cristalinas, fato @sse que corresponde 4 passagem do estado solido para o liquido numa temperatu- ra suficientemente elevada. Quando um corpo solido se move com movimento unifor me, toda a rede da FIG XIII move-se sem afetar as oscila goes atomicas., A velocidade de cada atomo é entao compos ta de duas partes: uma devida 4 velocidade translacional de téda a réde e uma parte flutuante devida as oscila- gdes caoticas ao redor das posigoes de equilibrio. A pri meira parte da origem 4 energia cinética do corpo enquan to que a ultima aparece como a temperatura do mesmo. Vamos ver o que acontece quando dois solidos macros copicos colidem um com outro, Como @ mostrado na sequén- cia de desenhos A, B e C da FIG XIV, a energia cinética inicial do movimento macroscopico (em A) @ em grande par te convertida em energia potencial armazenada nas redes planas comprimidas (como mostra a figura B), mas uma ou- =e er tra parte desta energia é usada para tornar as oscila- g6es dos Stomos mais violentas, Quando os planos das ré- des retornam as suas posigdes naturais (como é mostrado em C), 05 dois corpos se separam com uma certa energia cinética que é sempre menor que a energia cinética inica al pois parte desta foi usada para aumentar a temperatu- ta dos corpos. Para que acontega o processo inverso, de- vemos imaginar que durante a fase B da colisao os atomos em cada corpo comecem a oscilar conjuntamente de maneira tal, que possam fazer os dois corpos retornarem com mais energia cinética total que antes da colisao, Ainda que @sse processo nao viole as leis de conser vagdo, da energia e da quantidade de movimento, a chance de que @le ocorra pode ser considerada nula porque re- quer um grau muito grande de coincidéncia nas oscilacoes cadticas dos atomos, Em outras palavras, o processo in- verso @ altamente improvavel, porque entre os quase infi nitos modos pelos quais os atomos podem oscilar, edmente uns poucos levam ao processo inverso, enquanto que todos os outros levarao ao que observamos normalmente,. Uma for mulagdo quantitativa desta idéia pode ser feita de modo analogo ao que fizemos para a livre expansao de um gas. © caso presente entretanto @ mais complicado porque © problema quantitativo de distribuigao de energia envol ve um conhecimento detalhado da mecanica das redes cris- talinas, A irreversibilidade da condugao de calor pode tam- bém ser qualitativamente explicada através de racioc{- nios semelhantes ao anterior. No caso de condugao de ca- lor temos duas rédes cristalinas (dois corpos) em contac to, sem haver compressao dos planos das rédes, mas em uma delas os atomos estao oscilando mais violentamente que os da outra. No capitulo seguinte faremos um impor- tante estudo sobre a distribuigao de energia entre va- rias moléculas, Se a a QUADRO I - 0 MAXIMO DE W(N,) Considere a razao: : toven,y! E Wt 1) = no z Nf (N Ny): s N-N wy) @y+4! Gienpay! nt N tl Sempre que essa razao for maior que 1 (um), W (Nj) esta crescendo e ainda nao alcangou seu maximo. Mas assim que ela se torna igual ou menor que 1, W (N,) ou esta no | seu maximo ou ja passou por éle e esta novamente decres~ cendo. Isto acontecera quando; +1 ou nN, 2 N/2 - 1/2 W (N,) apresenta um maximo no menor inteiro ao que satis~ faz a relagao acima, Se N @ par, N/2-1/2, nao @ um intei- ro, @€ o menor inteiro que satisfaz a relagao @ es N/2. se N é@ impar, N/2-1/2 @ um inteiro e o menor inteiro que satisfaz a relacao acima @ N, = N/2-1/2. Mas neste ca so o inteiro seguinte, N; = N/2 + 1/2 também da o mesmo valor para W (N)). Entao se N @ par W (Nj) tem um maximo em N, = N/2e se N é impar W (N,) tem dois maximos iguais y= N/2-1/2 e Ny = N/2+1/2. Note que se-N é muito grande a diferenga ae N/2 e N/2 + 1/2 & desprezivel e em N podemos dizer que W (N,) tem um maximo para N, = N/2 QuUADRO II - CALCULO DEA QUANDO-N £ MUITO GRANDE Os resultados de experiéncias com bolas levados para um grafico na FIG VIII, mostram que ao menos de N = 10 pa ra N= 100, a largura 4S da curva de probabilidade de- cresce e que sua altura NP(N/2) aumenta quando N cresce enquanto que a area sob a curva permanece igual a 1 (um ) A drea entretanto deve ser aproximadamente igual ao So nn produto da largura pela altura, pois podemos aproximar a curva por um triangulo isoceles de altura NP(N/2) e base 24. Entao a largura sera aproximadamente: Ke 1 2Naus2yt 2 NP (N/2) Nx Nf Para entender o significado dessa expressao, repre- sentamos Ni de uma forma aproximada, conhecida como formu la de STIRLING. nian’ oN VW ory e = 2,718....€ ume’ coistante, £ uma boa aproximagao quan- do N & grande no sentido de qué a razao de N! por NN ey Vi W tende pakavive*. Substituindo a formula de Stir- ling na expressao para A temos: N/2 . -N/2 ae aay ns n/2 2 N, Bele ee Re, e 2n See ath T2N Vu * quando N tende para infinito, Teg re ee ee PARA CASA, CLASSE E LABORATORIO 1) Um filme mostra um Ovo sendo batido por uma batedeira elétrica. 0 filme comegou a ser tirado quando a gema e a clara ja estavam completamente misturados, Vendo tal filme vocé & capaz de dizer se le esta sendo rodado cor retamente ou de tras para frente? pjA D 2) A figura 3 mostra que se voce comegar com 100% das bolas na pista 1, entao apds 8 misturas a fracao caiu para 50% Se vocé comegar com 50% das bolas na pista 1, que fracgao vocé espera encontrar na pista 1, apés 8 misturas? (Sec- _)? mo MP rw oft who ete. on we, gio 2) 3) Suponha que 50 bolas vermelhas sao colocadas na pista 1 e 50 bolas azuis sao colocadas na pista 2, A maquina é entao agitada 10 vézes. a) Quantas bolas voce espera encontrar na pista 1? 50 b) Quantas bolas vermelhas vocé espera encontrar na pista 1? (Secgao 2). we Bh 4) Uma simples moeda @ atirada para o ar duas vézes. Enume- re todas as sequéncias possiveis que podem ser observa- das, usando H para cara e T para coroas. Em que fragao dos casos o mesmo lado aparecera ambas as vézes? (Seccdo 4). CC CR Be RY e 5) Arnold acabou de encontrar quatro vézes "cara" 1 moeda Qual a probabilidade de encontrar uma "cara" novamente? (Secgao 4) 6) Qual a probabilidade quando vocé joga um dado de encon- trar: a) "un" num inico tance '/6 b) "dois" e "cinco" (em qualquer ordem) em duas joga das? (Secgao 4) tha 27) ay spanning diecast ace 7) 8) 9) 10) il) [ee eee Se vocé puxa uma carta de um baralho, qual @ a probabi- lidade de encontrar: a) uma carta vermelha? é b) uma carta de paus? c) um "dez" de ouro? ” Duas longas varas de seccdo transversal triangular sao pintadas de tal modo que um lado seja vermelho, um azul @ © outro verde, Se forem sdltas ao mesmo tempo, qual a probabilidade de aparecer a cor vermelha? Ly / Ziv Na figura 4 suponha que as bolas 1 e 7 fSszem intertronds emA para formar uma nova combinagao A! a) A’ pertence ao mesmo estado que A? b) A" pertence ao mesmo estado que B? ¢) A" pertence ao mesmo estado que C? (seccao 5 No filme do PSSC "Eventos ao Acaso" Dr Hume e Dr Ivy u- sam um aparelho constituido de 15 quadrados cada um dos quais tem uma face branca e uma face preta. a) Como vocé poderia especificar um estado désse sis tema? b) Como voce poderia especificar uma distribuicgao désse sistema? (Seccao 5) Na secgao 5 trés expressoes diferentes sao usadas em re- lagao @ experiéncia com bolas: arranjo, estado e distri- buigdo. A figura “15 mostra seis maos de bridge. Identifa que cartas com bolas e naipes com pistas. Transfira para @ste exemplo o uso da mesma maneira os conceitos de ar- ranjo, estado e distribuicao, a) Quantos arranjos diferentes existem nesse caso? b) Quantos estados? ¢) Quantas distribuicdes? -28- b) Escolhendo valéres especiais para p eq use 4 expansao em (a) para provar que: W (Ot W (1) W (2) teeceek W O(N) = iu 18) Uma maquina de bolas contém N bolas. Suponhamos que W(Ny. referente o numero de estados nos quais ha N, bolas na pieca 2,° 6 ) representam o niimero de estados nos bolas na mesma pista 1. quais ha N-Ny a) Qual é a relacao entre W(N,) @ W(N-N,)? b) Sua resposta a parte (a) seria modificada se a ma~ quina estivesse dnclinada favoravel a pista AF 19) Dos dados da figura 6, calcule a fracao média do numero de polas na pista (1), depois que a distribuigao inicial das 10 bolas é "esquecida", Subdivida os dados em quatro grun pos iguais e calcule a média separadamente para cada grupo Quais as conclusoes que yvocé pode tirar dos seus resulta~ » ‘ Be ee eG May ok dos? ips Deween g 36 4 S$ tMol'n of . 62 vst eA s 20) Diz-se muitas vézes que um macaco sentado em frente de uma maquina de escrever e batendo as teclas ao acaso, ira, yentualmente, reproduzir a obra completa de Shakespeare “yamlet". Calcule quanto tempo @le levaria em média para reproduzir simplesmente a frase: "To be or not fo be". Existem por volta de 6000 estrélas visiveis a Slho nu. Su ponds que clas estejam uniformenente distrAbuléss, emiaule tas celas imaginarias deveria ser dividido o céu se quises tyaee@emos estar racionalmente certos de que o numero de estre- las em quaisquer das celas nao difere por mais de 10% 7 22) Um biologista divide um prato amostra circular de raio em duas regioes tragando um circulo de ra_io r/2 em torno do centro. Ele entao despeja um pouco d'agua e bemm cen- tro coloca uma amostra de pequenos organismos livres fluty =305 ee 24) 25) 26) antes. Que fragao de amostra sera encontrada no anel ex- terno depois de algum tempo? (Seccao 7) eo Um aquario contém 15 peixes de uma espécie e 15 de outra separados uns dos outros em dois compartimentos iguais. 0s peixes nadam ao acaso e independentemente de tal modo que quando a repartigao @ reunida, um peixe de cada espécie passa de um compartimento ao outro, em cada segundo em-mé- dia. Quanto demoraria em media? a) para que todos os peixes de uma espécie voltem ex- pontaneamente para seu compartimento original? b) para que as duas espécies se separem expontaneamen- te, uma espécie em um compartimento e outra no ou- tro compartimento? Na livre expansao de um gas de um compartimento para outro qual gramdeza especificaria completamente, o estado e a distribuicao do g4s em um dado instante? 4 Vv Um mol de um gas @ mantido em um recipiente. Suponha que vocé possa contar o numero de moléculas em cada metade do recipiente a todo instante. De quanto vocé espera que éste niimero varie de uma contagem para outra? Dois compartimentos ligados de igual volume contém ar sob Pressao atmosférica, 0 nimero total de moléculas nos dois compartinentos & 10°", se o gas nos compartinmentos é reti- rado com uma bomba de vacuo, & possivel reduzir a pressao «107! senosterad. Conpare = aepsitulle de curva do HF CH ) i x N,/N para estas duas condigoes. 27) Uma sala comum tem um volume de 100 @m?, Desejamos esti- mar a probabilidade que uma pequena regiao da sala de vo- dijns” vebu® iotejaeepentinanents ae-uud’aenetea exponta nea sem nenhuma molécula de ar. Seja-N o numero total de moléculas de ar.na sala, estabeleca suas hipéteses expli- - citamente. a) Qual @ a probabilidade de que uma certa molécula de ar na sala esteja no pequeno volume v num dado instante? b) Qual @ a probabilidade de que ela nao esteja no vo- lume v? ¢) Qual @ a probabilidade de que nenhuma das N molécu- lgs na sala esteja no volume V? Dé sua resposta em teérmos de v, VeN. 4) Faga uma estimativa para N e calcule o valor numéri. co para a resposta (C). Use os seguintes dados mate maticos: para qualquer numero positive x«1. e) Qual € esta probabilidade se v @ um cubo de lado 1 angstrom (1 A)? g y* we JA< eae A) Qa wot seg (44 eae > Tee ~ 40 (sx) = 30 = Obs. LEGENDA DAS FIGURAS SESE N OA AS EE CORAS 1) A maguina de bolas de gude, mostrando os dois receptaculos ao topo e as bolas nas duas pistas. Observem a abertura a- través da qual as bolinhas podem passar de uma pista para a outra. 2) Resultados de tres experiéncias em que sdmente o tamanho das aberturas variou, Usou-se 100 bolinhas, colocadas ini- cialmente na primeira pista. 3) Composicao grafica de trés diferentes corridas, cada uma com 100 bolinhas, com uma abertura do tamanho igual a dois diametros de uma bolinha como na Fig 2(a) 4) Todos os arranjos mostrados tém a mesma distribuicao de bo las_nas duas pistas. De acordo com nossa definicgao, A_e B estdona mesma disposicao, mas C e D estao_em disposigaes_ diferentes uma com relacao a outra e também com relacao as anteriores. aoe 5) Uma d tribuigao com N) bolas na pista 1. 6) Resultado de uma experiéncia com dez bolinhas. A fragao de bolinhas na pista 1 @ apresentada em fungao do numero de o peracoes ) Probabilidade para Ny bolinhas entrarem na pista 1, par ‘o caso de 10 bolinhas,’ Pontos cheios representam valeres tea ricos, As cruzes sao os valéres experimentais obtidos en operagoes ° Probabilidade para Ny bolinhas entraren na cada curva @ unitaria. A amplitude da percengagem de flutuagao em térno do valér ndindo~se livremente para o interior de um com cialmente vuzio. alto ilustran a reversibilidade moléculas, ior ilustram a reversiilidace da refi la contra uma parede. éria seguida por uma molécula para ir to ag outro, indo do ponto 0 ao ponto oF me d trajetoria € devido a uma colisao com outra representada). ou com uma parede. (Nao esta A fr, as moléculas do gas no compartimento rigir é r sido aberta para deixar o gas expandir- ra o interior do compartimento adjacente. 3 tom r uma rede em um cristal num corpo sélido,f. es vi regularmente em torno das posicoes de equilf- t ssas escilacoes € medida pela temperatur ° a ao corpo aumentam as vibracoes e cor~ respon aumenta a temperatura, 4) Visao ampli dg uma colisao inelastica entre dois corpos solidos @les se aproximam um do outro com certa ve locid iva. A colisao @ mostrada em (b), a energi inét 1 do movimento @ parcialmente convertida em rgia encial peYa compressao dos planos do cristal, movimento desordenado dos atomos, Em ( alguma € cinética @ recuperada, mas a parte perdid Soxdengdupnadug recuperada. 0a sSlidos: ap turas mais altas do que em (a). ereteeety 4p, z eg Z On m Says

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