Você está na página 1de 56
JoAo Trinpape CAavALCANTE FILHO Bacharel em CiéneiasJuridcas pelo Into de Educacdo Superior de Brasilia (ESB), Pés-graduando «em Diteto Consttacional peo Instinto Brsliense de Direito Pablo (DP), Profesor de Dirito Constitucional do GranCursos ¢ Obcusos (Brasla-DF) € do Curso pare Concurss da Procuradoria Geral da Republica, Técnico Administativo do MPU, lotado na Procuradoria Geral da Repibiica, como assessor juridico de Subprocurador-Geral da Repiblica (atuagéo na matéia criminal perante os Tribunals Superiore ~ STF e ST), “Membro do Instituto Brasileiro de Ditto Consttucional (BDC). Excprofessor da Escola Superior do Ministerio Pibico da Unido (&SMPU), Colebo- ‘dor permanente do site Jus Navigand, Autor de “Roteiro de Direito Consttucionl”, “Lin? 8.11/90 Comentada Artgo por Arto”, "Legislagao Aplicada a0 MPU" “Servidor Piblico” (colega0 “Leis Especisis para Concursos", vol. 5. PROCESSO ADMINISTRATIVO LEI N° 9.784/1999 Dicas para realizagao de provas de concursos artigo por artigo 22 edicao Revisada, ampliada ¢ atualizada. 2010 redo EDITORA JusRODIVM. ‘won editorjuspodivin.com.br Capa: Carlos Rio Branco Batalha Diagramagao: Cendi Coelho cendicoelho@yahoo.com.br Consetho Editorial Ant6nio Gidi Nestor Tévora Ditley da Cunha Jr Pablo Stolze Gagliano Leonardo de Medeiros Garcia Robério Nunes Filho Fredie Didier Jr. Roberval Rocha Ferreira Filho ‘Gamil Foppel El Hireche Rodolfo Pamplona Filho José Henrique Mouta Rodrigo Reis Mazzei ‘José Marcelo Vigliar Rogério Sanches Cunha “Todios os direitos reservados as Edipdes JusPODIVM. Copyright: Eaigoes JusPODIVM # terminantemente proibide a reprodugSo total on parcial desa obra, por qualquer meio cou process, sem a express autorizagio do autor e da Edigtes JusPODIVM. A violaso dos direitos entorais cracteria crime descritonalegslago cm vigor, sem prejuzo das sangGes civiscabveis. sermon ‘Rua Mato Grosso, 175 — Pituba, ‘CEP: 41830-151 ~ Salvador — Bahia Lene ‘Tel: (71) 3363-8617 / Fax: (71) 3363-5050 EDITORA —_E-muil: livros@editorajuspodivm.com.br JsPODIVM Site: ww w.titorajuspodivi.com.br SumArIo Proposta da Colesao Leis Especiais para Concursos.. Proceso Administrative Lei n® 9.784, de 29 de janeiro de 1999 Anexo Artigas correlatos da constitu Constituigo Federal... eee Lei n° 9.507, de 12 de novembro de 1997... Lei n’ 11.417, de 19 de dezembro de 2006... Lei n” 8.12/90 Lei n’ 8.66/93 eda legislagio administrativ Bibliografia 87 89) 91 93 95 101 ui Proposta pA COLECAO Leis EsPectats PARA CONCURSOS A colegio Leis Especiais para Concursos tem como objetivo pre- parar os candidatos para os principais certames do pais. Pela experiéncia adquirida ao longo dos anos, dando aulas nos prin- cipais cursos preparatérios do pais, percebi que a grande maioria dos candidatos apenas Iéem as leis especiais, deixando os manuais para as matérias mais cobradas, como constitucional, administrativo, processo civil, civil, ete. Isso ocorre pela falta de tempo do candidato ou porque faltano mercado livros especificos (para concursos) em relagao atais leis. Nesse sentido, a Colegio Leis Especiais para Concursos tem a in- tengo de suprir uma lacuna no mercado, preparando os candidatos para questées relacionadas as leis especificas, que vém sendo cada vez mais contempladas nos editais. Em vez de somente ler a lei seca, 0 candidato teré dicas especificas de concursos em cada artigo (ou capitulo ou titulo da lei), questées de concursos mostrando o que os examinadores estio exigindo sobre cada tema ¢, sobretudo, os posicionamentos do STF, STI e TST (prin- cipalmente aqueles publicados nos informativos de jurisprudéncia). As instituigdes que organizam os principais concursos, como 0 CESPE, utilizam 0s informativos e noticias (publicados na pagina virtual de ca- da tribunal) para claborar as questées de concursos. Por isso, a necessi- dade de se conhecer (¢ bem!) a jurisprudéneia dos tribunais superiores. Assim, o que se pretende com a presente colegao & preparar o lei- tor, de modo répido, pritico e objetivo, para enfrentar as quest&es de prova envolvendo as leis especificas. Boa sorte! Leonardo de Medeiros Garcia (Coordenador da colegio) leonardo @leonardogarcia.com.br leomgareia@yahoo.com.br wwu.leonardogarcia.com.br 7 1 4 PRocEssO ADMINISTRATIVO LEI N° 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999 Nogao de processos estatais: processos estatais, de maneira genérica, stio meios (instrumentos) de produsao de normas juridicas: 0 processo judi- cial tem por objetivo produzir uma decisao judicial: senteneas, acérdos e decisées interlocutérias, para resolver conflitos da sociedade; 0 proceso legislativo serve & criago de normas gerais e abstratas (leis e outros atos normativos); por fim, o proceso administrativo é aquele que tem por ob- jetivo a produgio de atos administrativos (decisées administrativas). Proceso no & sindnimo de procedimento. Processo significa “marcha para adiante”; 6 um conjunto de atos ordenados e concatenados, volta- dos a realizacdo de um determinado fim (a producéo de normas jur a5}. De outra parte, procedimento é apenas um aspecto do proceso, 2 seqiiéncia em que os atos so praticados (pode ser um procedimento mais ou menos complexo e demorado). Processo & um conjunto de atos processuais desenvolvidos sob o crivo do contraditério. Entdo, temos que PROCESSO = PROCEDIMENTO + CONTRADITORIO. Conceito de processo administrativo: conjunto ordenado e concatenado de atus administrativos voltados & produgao de uma deciso administrati= va acerca de um caso concreto. Ambit de aplicagio da Lei n® 9.784/99: a Lei de Processo Administrative (LPA) aplica-se aos processos administrativos desenvolvidos no 4mbita da Administrago Publica Direta e Indireta FEDERAL. Trata-se, portanto, de uma lei FEDERAL, e ndo NACIONAL: nao se aplica 4 Administraco Estadual 9 Joko Tarspape Cavatcanre Fino nem Municipal. “AdministracSo Direta” compreende, no contexto da LPA, ‘05 Ministérios e a propria Presidéncia da Repiiblica. Administraco Indire- ta sio as autarquias (como a UFRI), fundacdes puiblicas (como 0 I8GE), so- ciedades de economia mista (Banco do Brasil, Petrobras, etc.) e empresas piiblicas federals (CEF, Correios, etc.). Em suma: a LPA é obrigatéria para a ‘Administracdo Direta e Indireta Federal, mas no o & para as Administra- 96es Estaduais e Municipais. 4, Cada unidade da Federacdo pode estabelecer sua prépria ‘cesso administrativo. 4.2. Ao Distrito Federal se aplica a lel de processo administrativo FEDE- RAL, por forca do que dispde a Lei n® 2.834, de 7 de dezembro de 2001. 5. Diferencas entre o proceso JUDICIAL ¢ 0 processo ADMINISTRATIVO: oreo na [Poder que Bexeres| iudicisrio Bracutivo Js monets Tina Objetivos = [Aplicar a lel ao caso concreto,|Aplcar a fel eo caso concrete, mediante mediante uma atividade im-[uma atividade parcial e ndo definiiva J parcial e definiiva (urisigzo) | (sempre sueita breandlce just) Somente mediante provoce-| Mediante provocagio ou de ofilo pel 580 (principto dispositive ou propria Administraco (principio ds in [da demands) ulszo deofco) [sie Nie ‘Trartes oa Interessados @ Administraglo ~[rienguiar Hse, Autor © Réu)_[ Bilateral (nteressadas « AdministraGlo) 6. Inafastabilidade da jurisdi¢ao: é um principio constitucional que muito influencia 0 proceso administrative. Também é conhecido come principio da inafastabilidade do controle jurisdicional ou da protecdo judicidria ou . do acesso & justica. Expresso no art. 58, XXXV, determina que a leindo pode excluir da apreciagio do Poder Judiciério lesdo ou ameaca de leso a qual- quer direito. Logo, 0 Judiciério pode, no Brasil, analisar quaisquer questées de legalidade. 0 Brasil adota o sistema da jurisdi¢ao una, em que qualquer questo de legalidade deve ser dirimida pelo Judiciério ~ 20 contrario da Franca, por exemplo, que, por adotaro sistema da jurisdicéo dual oudocon- Lencioso administrativo, exciul determinados assuntos da drbita do Judici- rio e os entrega a deliberago da Administracao. No Brasil, o contenciaso administrativo nao faz coisa julgada. Ademais, nao se pode exigir o esgota- ‘mento da via administrativa para acesso 20 Judiciario: dessa forma, pode- se ingressar com o processo judicial antes de terminado o processo admi nistrativo, depois de concluido e até mesmo sem que tenha sido iniciado. 10 Proceso ApMinsTRATIVO 7. Restrigées @ inafastabilidade da jurisdi¢o (ATENCAO!): a garantia do acesso & justica proibe, em regra, que se exlja 0 exaurimento da via admi- nistrativa. No é preciso, entdo, entrar com o processo administrativo para, depois, ingressar com o proceso judicial. Entretanto, existem hipéteses ~ geralmente em decorréncia da prépria Constituicao — nas quais se exige © prévio recurso a esfera administrativa, antes de se ingressar em juizo. Podemos citar, exemplificativamente: a) disputas desportivas (CF, art. 217), ‘em que ¢ preciso primeiro recorrer 8 Justiga Desportiva (administrativa) e, 36 depois da decisio de mérito, ou de decorridos 60 dias ser resposta, é que se poders ingressar com a aco judicial; b) habeas data, com o qual s se pode ingressar se se provar a negativa da Administrago em fornecer ou corrigir a informagao sobre a pessoa do impetrante (CF, art. 5°, LXXII; Lei ne 9.507/97, art. 82 - ver anexo ao final desta Edicio); c) sdmula vinculante (CF, art. 103-A}, cujo descumprimento pode ser combatido por reclamaco ajuizada no STE, mas s6 depois do exaurimento da vie administrativa (Lei n® 11.417/08); d) mandado de seguranca, pois a Lei n? 12.016/08 previu que tal remédio constitucional néo é cabivel quando “caiba recurso administra- tivo com efeito suspensivo, independentemente de caucao” (art. 52, |). 1. Embora seja uma lel “feita para o Executive”, a LPA também se aplica a0s demais poderes, quando estejam no desempenho da funciio administra tiva. Assim, ao Executivo Federal se aplica a LPA de maneira principal; ao Legislative e 20 Judiciario, também se aplica 2 LPA, mas apenas na funcao atipica de administrar (fun¢ao administrativa). Embora a lei nada tenha dito expressamente, também se aplicam as disposic&es da LPA 20 Ministé- rio PUiblico da Unio, por analogia. 2. Aplicagao em concurso: + (Cespe/STM/Técnico Judiciério/2004) “O STM, no desempenho de funcie administrativa, deve utilizar-se da Lei n.2 9784/1899, uma ver que, nessa hipdtese, seus preceltos também se aplicam {20s orgaos dos poderes Legisiative e Judiciario da Unio.” Resposta: correto. + (TRFI9/IUIZ FEDERAL/2005) “Em relagdo a Lei n, 9.784/99 (lel de processo administrativo) & correto afir- n Toko Trwpane CAVALCANTE FILHO 2) que se aplice, sem restrigao, & administracdo piiblica federal, incluldos os 6r- los dos Poderes Legisativa e Judiciéria da Unio, quando no desempenho de func administrative, nfo se destinando & administrago publica estadu- ale municipal; b) que se aplica & administragSo publica federal, em carater principal, e subsi- diariamente aos drgios dos Poderes Legislativo e Judiciério da Unido, quan {do no desempeniho de fungio administrativa; ©) que afastou a aplicagio, na administracdo publica federal, de lels que discipi- ham processos administrativos especificos; 4) que estabelace normas bésicas sobre o processo administrative no Ambito dda administragio piiblica federal, aplicando-se subsidiariamente & adminis- ‘rago estadual e municipal, em face da competéncia privativa da Unio pare legislar sobre direito processual.” Resposta: B.A alternativa A esté incorreta por causa da expresséo “sem res- trigdo”. A letra C esté errada porque a Lei n? 9.784/99 é uma lel geral, que do afestou a aplicagto de leis sobre processos adiministrativos especificos (er art. 63). Por outro lado, a letra D esté duplamente errada: a LPA ni se ‘opliea é administragto estadual nem municipal, nem foi editada com base na competéncia da UniGo para legislar sobre Direito processual (CE, art. 22, I), ois a Constituigao se refere, nesse ponto, ao processo judicic. 1. Orgaos: so meras divis6es Internas da Administraco, decorrentes do fe- ndmeno da desconcentraco administrativa; niio possuem personalidade juridica propria (autonomia), ou seja, no podem assumir direitos e obriga- ‘ses em nome proprio. Ex: Secretaria da Receita Federal (SRF), Ministérios. 1LL. Criagdo e extingdo de érgiios. A criacdo de érgios do Poder Executivo deve dar-se por meio de lei (CF, art. 88). 0 mesmo se diga dos 6re80s ju- risdicionais do Poder Judiciério (CF, art. 96) ¢ dos érgaos da atividade-fim do Ministério Pablico da Unigo (CE, art. 61, §12, I, d, c/e art. 128, $52). Todavia, os érgfios adiministrativos dos Tribunais podem ser criados por resolucdo que altere o regimento interno (CF, art. 96), € os Greios da Ca mara dos Deputados e do Senado Federal so criados, respectivamente, por resolugao da Cémara ou do Sénado (CF, art. $1, IV, ¢ 52, xl). Para a 2 PROCEsS0 ADMINISTRATIVO extincSo dos érgaos, vale o principio da simetria (paralelismo das formas), ou seja: cargos criados por lei devem ser extintos por lel; cargos criados por resolugo devem ser extintos por esse mesmo instrumento juridico. ATENCAO! Orgios piiblicos no podem ser cridos nem extintos por de- cretos auténomos do Presidente da Repiblica (CF, art. 84, VI, a). 2. Entidades ou pessoas juridicas: séo resultantes do fendmeno da descen- tralizagdo, compondo a Administracio indireta (so as autarquias, funda- s6es puiblicas, empresas piblicas e sociedades de economia mista); pos- suem personalidade juridica propria (autonomia administrativa), isto é, podem assumir em nome préprio direitos e obrigagdes. 3. Autoridade: é o agente piiblico que possul poder de decisio, ou seja, 0 agente (que & mais amplo que servidor) que ocupa um cargo que Ihe per- mite decidir processos administrativos. 4. Aplicagao em concurso: ‘+ (CESPE/TIOFT/ANALISTA JUDICIARIO ~ AREA ADMINISTRATIVA/2008) Julgue os itens a segulr, acerca dos érgies paiblicos (0s érgos ou entidades integram a estrutura da administrago publica indi- reta, Resposta: errade. Os draiios integram, como regra, a Administragao Dire- to, embora as entidades da Administragte Indireta possam, internamente, desconcentrar-se (dividindo-se em érgéos}. 0s éreaos so centros de competéncia com personalidade juridica prépria, ‘uja atuagao é imputada aos agentes piblicos que os representam. Resposta: errade. Os ratios nto possuem personalidade juridica prépria ‘+ (CESPE/TRT-18 REGIAO/ANAUSTA JUDICIARIO — AREA JUDICIARIA/2008) “OTRT da 10.2 Regido, com sede em Brasilia, entidade integrante da justica do trabalho.” Resposta: errado. Os tribunais, os ministérios, as secretarias, sao classicos exemplos de 6rados, nfo de entidades. ‘+ (Esaf/Agencio Nacional de Aguas/Especialisto/2008) “Os érgios #80 compartimentos internos da pessoa publica que compéem sua criagdo bem como sua extingdo sao dlsciplinas reservadas & le”. Resposta: correta. Por forca de disposi¢do constitucional (art. 84, Vi, 0, € art. 88), 0 criaco de éraGos sé pode ocorrer por lei, assim como no caso das, centidades (art. 37, XIX). 13 Joko Tan@AbE CavaLcante Filo piblicesefciencia 1. Principios do processo administrativo: assunto imprescindivel no estudo da LPA, trata das normas genéricas que informam todo 0 sistema da lei, dando-the sentido. 1.1. Principio da legalidade: enquanto, para o particular, o principio da legalidade 6 uma norma de liberdade (pode-se fazer tudo 0 que @ lei no proibe: CF, at. 58, I), para a AdministracSo, tal principio representa uma limitagao, de modo que a AdministracSo s6 pode fazer exatamente aquil que a lei manda, determina (CF, art. 37, caput). Ou, como gosta de afirmar © CESPE, “a vontade da Administragso é aquela que decorre da lei’, Tal principio também se aplica, claro, 20 processo administrativo. 1.2. Principio da finalidade:na Constituicio, esté implicito no principio da impessoalidade (CF, art. 37, caput), mas na LPA velo explicitado, postivado. ica que o administrador no é dono, mas mero gestor dos recursos @ bens publicos; justamente por isso, ndo pode agir tendo em vista qualquer outro fim que nao o interesse pubblico. Derivado da isonomia (CF, art. 5 caput), esse princfpio imp6e 0 tratamento igual dos administrados e a bus- pela finalidade piblica, e nao pelo interesse privadio do agente puiblico. 1.3. Principio da motivago: embora todo ato administrative tena mo- tivo (pressupostos de fato e de direito que justificam a prética do ato), 2 motivacdo (exposi¢ao dos motivos) nem sempre é imprescindivel. Po: rém, a LPA previu, no art. 50, 0s atos que devem ser obrigatoriamente mativados. Além disso, a0 erigit @ principio do processo administrativo a motivagio, deixou claro que o administrador, sempre que puder, deve motivar 0 ato, mesmo quando isso néo seja obrigatério. 1.4. Principio da razoabilidade e da proporcionalidade: para fins de con- curso piblico (exceto de nivel superior especifico da érea de Direito), os dois principios podem ser tomados por sindnimos*. ImpSem ao administrador puiblico uma atuagso equilibrada, de bom-senso, dentro dos parametros 1, Para.uma anise sobre a diferenca entre os dois principios, confra-a nosso atign “Razoa- bilidade e Proporeianalidade no Diet Processual Administrato Brasileiro’, diponivel no portal Jus Navigand jusuel.com.br} 4 Processo ApwanasrTivo do que seja uma atuago racional. Ambos podem ser resumidos na famo- sa frase de Georg Jellinek, para quem “no se abatem pardais com tiros de canho”. Desdobram-se em trés subprincipios: a) adequacao (os meios utilizados devem ser aptos a atingir o fim previsto em lei}; b) necessidade ou exigibilidade (devern ser utilizados os meios menos gravosos possiveis; 36 se devem restringir os direitos dos interessados na estrita medida do que for necessério); e c) proporcionalidade em sentido estrito (quantita- tivamente, os meios utilizados devem ser equilibrados com rela¢o aos fins). So também resumides como principio da proibig#o de excesso. 1.4.1. A velha maxima de que o Judictério no pode analisar o mérito do ato administrativo deve ser entendida com ressalvas. Real mente, no ode 0 juiz se substituir ao administrador para analisar conveniéncia e oportunidade, mas pode e deve, em atengSo a inafastabilidade da jurisdi- so, anuladr 0 ato quando o mérito e as escolhas feitas pela Administraco se mostrem desarrazoadas ou desproporcionais. Nesse sentido: “Embora © Judiciério no possa substituir-se 8 Administrago na punigio do servi- dor, pode determinar a esta, em homenagem ao principio da proporciona- lidade, a aplicago de pena menos severa, compativel com a falta cometi- da e a previsdo legal”. STF, 12 Turma, RMS n? 24.901/DF, Relator Ministro Carlos Ayres de Britto, DJ de 11.02.2005. CUIDADO! A violacao 8 razoabi- lidade/proporcionalidade determina @ anulago do ato, nic sua revogs- 40. E que, nesse caso, foi vulnerado o principio da legalidade: “ignorar, no Ambito do process administrativo, a forca normativa do principio da razoabilidade, enquanto mecanismo viabilizador do controle dos atos ad- ministrativos, significa incorrer, a rigor, em afronta ao proprio principio da legalidade” (STI: 22 Turma, RMS n? 12.105/PR, Relator Ministro Franciulli Netto, DI de 20.06.2005); “A EXIGENCIA DE RAZOABILIDADE QUALIFICA-SE COMO PARAMETRO DE AFERICAO DA CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DOS ATOS ESTATAIS. - A exigéncia de razoabilidade ~ que visa a inibir e a neutralizar eventuais abusos do Poder Piiblico, notadamente no-desem- Penho de suas funcdes normativas — atua, enquanto categoria funda- ‘mental de limitago dos excessos emanados do Estado, como verdadeiro pardmetro de afericao da constitucionalidade material dos atos estatais” (STF: Pleno, ADIn-MC n® 2.667/DF, Relator Ministto Celso de Mello, DJ de 12.03.2004); “O Poder Judiciério no mais se limita a exeminar os aspec- tos extrinsecos da administrago, pois pode analisar, ainda, as razbes de conveniéncia e oportunidade, uma vez que essas razdes devem observar eritérios de moralidade e razoabilidade” (STI, 28 Turma, REsp n® 429.570/ GO, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJ de 22.03.2004). 15 16 oxo Tanspape Cavatcanre Fasio 1.4.2. Razoabilidade, proporcionalidade e abuso de direlto: “A recorren- te, a0 suspender o fornecimento de energia elétrica em razdo de um débi- to de R$ 0,85, nao agiu no exercicio regular de direito, e sim com flagrante abuso de direito. Aplica¢ao dos principios da razoabilidade e proporcio- nalidade.”, STI: 18 Turma, REsp n? 811.690/RR, Relatora Ministra Denise Arruda, Dj de 19.06.2006, p. 123. 15. Principio da moralidade: impSe o atendimento aos principios éticos basicos relativos 8 boa administracao (gestae responsavel, equilibrada, planejada e Impessoal). Nao se confunde com a moralidade privada, De- termina que, mais do que sé cumprir a lei, o administrador deve seguir os c4nones da boa administracao (probidade, boa-fé, transparéncia, partic pacSo dos administrados). 1.5.1. Moralidade, impessoalidade, eficiéncia e proibicao do nepotismo: Sobre os prinefpios da moralidade, impessoalidadee eficiéncia, oSTFeditou simula vinculante n® 13 (proibico do nepotismo), nos seguintes termos: "A NOMEAGKO DE CONJUGE, COMPANHEIRO OU PARENTE EM LINHA RETA, COLATERAL OU POR AFINIDADE, ATE 0 TERCEIRO GRAU, INCLUS!- VE, DA AUTORIDADE NOMEANTE OU DE SERVIDOR DA MESMA PESSOA JURIDICA INVESTIDO EM CARGO DE DIRECAO, CHEFIA OU ASSESSORA- MENTO, PARA O EXERCICIO DE CARGO EM COMISSAO OU DE CONFIAN- ‘GA.OU, AINDA, DE FUNCAO GRATIFICADA NA ADMINISTRAGAO PUBLICA DIRETA E INDIRETA EMM QUALQUER DOS PODERES DA UNIAO, DOS ES- TADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICIPIOS, COMPREENDIDO O AIUSTE MEDIANTE DESIGNAGOES RECIPROCAS, VIOLA A CONSTITUICAO FEDERAL". CUIDADO! EstZo excluidos da proibicso do nepotismo, por se tratarem de cargos politicos e rio técnicos, os de Ministro de Estado, Secretaria de Estado e Secretério Municipal. Essa é uma questdo que jé {oi cobrada em varios concursos, principalmente do Cespe/Un8. 1.5.2. Aplicag3o em concurso: ‘+ (Cespe/aGu/advogado da Unite/2009) com base no prineiplo da eficléncia e em outros fundamentos constitucio- nais, 0 STF entende que viola a Constituigéo @ nomeasao de cdnjuge, com: panheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro [srau, Inclusive, da autoridade nemeante ou de cervidor da mesma pessoa Juridica investido em cargo de diregao, chefia ou assessoramento, para ‘exerciclo de cargo em comisso ou de confianca ou, ainda, de funcao gratifi- cada na administraco poblica deta e indireta em qualquer dos poderes do Unio, des estados, do Distrito Federal e dos municipios, compreendido 0 aluste mediante designages reciprocas. Resposta: correto (Sdmula Vinculante n® 13). Proceso ApMDUSTRATIVO ‘+ (Cespe/tainistério dos Esportes/Nivel Superior/2008) ‘A nomeacgo de cOnjuge, companhelro au parente em linha reta, colateral (u por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa juridica investido em cargo de direso, chefia (ou assessoramento, para o exercicio de cargo em comissio ou de confianga 4, ainda, de funclo gratificada na administracgo publica federal diretae in- dlireta viola a CF. Resposta: correto (Simula Vinculante n® 13). + (Cespe/aGU/Advogado da Uniae/2009) Considere que Plato, governador de estado da Federacéo, tenha nomeado seu Irmo, Arstételes, que possulformasao superior na drea de engenharia, ‘pare o cargo de secretério de estado de obras. Pressupondo-se que Aristéte- les atenda 2 todos os requisitos legais para a referida nomeaco, conclui-se ue esta ndo vai de encontro 20 posicionamento adotado em recente julgo- do do STF. Resposta: correto (0 cargo de Secretério de Estado néio esté abrangi- do pela proibictio do nepotismo). 16. Principios da ampla defesa e do contraditério: ambos possuem previséo no art. 58, LV, da CF. A ampla defesa traduz 0 direito que tem 0 interessado de, quando acusado, defender-se das acusacies da maneira mais ampla e livre possivel. Traduz-se nos direitos de presenca, audiéncia «© peti¢ao. Foi com base nesse principio que o ST) editou a Stimula n? 343, (que, relembre-se, aplica-se apenas ao proceso administrativo discipl- nar): “€ obrigatéria a presenca de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar”. Por outro lado, o principio do contraditério (as- sociado ao principio da paridade de armas) determina que o interessado tem o direito de se manifestar no processo, contraditando (contradizendo) as argumentagdes que Ihe sejam contrérias. Assim, sempre que a Adminis- tracdo produzir uma prova, deve ser dada o interessado a oportunidade de também produzir prova ou sobre ela se manifestar. Contraditério, en- to, é prova e contraprova, argumentacdo e contra-argumentagiio, Acerca da ampla defesa e do contraditério, ¢ imprescindivel conhecer a Stimula Vinculante n® 3 do STF: “Nos processos perante o Tribunal de Contas da Unido usseyurunrse v wuntruditério e u uinpla defesu quunde du decisGio uder resultar anulacdo ou revogacio de ato administrativo que beneficie 0 interessado, excetuada a apreciacdo da legalidade do ato de concessao inicial de aposentadoria, reforma e penséio.” > Jurisprudéncia: STF, Stimula Vinculante n® 05: “A falta de defesa téc- nica por advogado no proceso administrative disciplinar no ofende a 7 2 18. oko TRINDADE CAVALCANTE FuLHo Constituigo”. Com a edig&o dessa stimula vinculante, ficou sem efelto 2 Stimula n® 243 do ST}, segundo a qual “é obrigatdria a presenca de advo- gado em todas as fases do processo administrative disciplinar”. -> Jurisprudéncia: STF, Simula Vinculante n® 21: “€ INCONSTITUCIONAL AEXIGENCIA DE DEPOSITO OU ARROLAMENTO PREVIOS DE DINHEIRO OU BENS PARA ADMISSIBILIDADE DE RECURSO ADMINISTRATIVO:”. 11.7, Principio da seguranca juriica: trata-se da estabilidade das relagBes juridicas, de saber que algo que foi decidido hoje vai continuar a valer amanha e depois. O processo administrativo deve respeitar o direito ad- Quirido, 0 ato juridico perfeitoe a coisa julgada (CF, art. 58, XXXVI), pois umn dos fins do processo é justamente resguardar a estabilidade das relagdes juridicas, evitando que a todo momento haja mudancas desnecessarias. Uma decorréncia desse principio é a proibicéo de que seja aplicada 2 fatos passados uma nova interpretacio. 1.8. Principio do interesse piblico: 0 processo busca sempre a realizaciio do interesse puiblico. Assim, nfo serve nem a tutela do interesse privado do administrado nem & do interesse da AdministracSo, se tais nao coinci- direm com 0 interesse da coletividade (bem comum ou bem piiblico). 1.9. Prinefpio da eficiéncia: tem sede constitucional (art. 37, caput) e de- termina que o processo administrative deve equilibrar qualidade (justica) rapidez; deve trazer uma decisdo justa e no menor tempo possivel. Deve atingir o maior beneficio com 0 menor custo possivel, tendo vista realizar 05 objetivos da Administragdo Publica. Aplicago em concurso: ‘+ (ESA#/PEN/2007) “"Nos processos perante © Tribunal de Contas da Unio asseguram-se o con- traditério e @ ampla defesa quando da decisdo puder resultar anuiacéo, ‘cassago ou suspensio de ato administrative que beneficie o interessado, ‘excetuads a apreciagio da legalidade do ato de concessao inicial de aposen- tadorta, reforma e pensio”. ‘esposta: errado. A Simulo Vineulante n® 3 ndo exige ampla defesa e contraditirio + (Cespe/TIDFT/Analista judiciério ~ érea administrativa/2008) “conforme o principio da publicidade, os atos praticados pelo TIDFT devem receber ampla divulgaciio, com excecio das hipdteses de siglo previstas na Constituigdo Federal ou em it Processo ADMINISTRATIVO Resposto: correto. Por ser um 6rg@o jurisdicional administrativamente vincu Jado @ Unio, ao TIDFT aplicamse as disposigties da LPA, inclusive quanto ao principio da publicidade. + (F0¢/Analista Judiciério ~Area Judiciéria ~ TRE Acre/2007) ‘No émbito da Administragdo Federal direta e Indireta, os processos adminis- trativos deverdo observar diversos critérios, sendo certo que o Poder Judie: rio da Unio, quando desempenhar fun¢do administrative, esté obrigado a essa observanicia. € INCORRETO afirmar que um desses critérios 6a 4a} Indicagao dos pressupostos de fata e de direito que determinarem a deciséo. ) impuisdo, de oficio, do processo administrative, sem prejuizo da atuagdo dos Interessados. ¢) divulgagio oficial dos atos administrativos com total transparéncla, vedade © siglo. d) atuacgo segundo padres éticos de probidade, decoro e boafé. €} observincia das formalidades essencials a garantia dos direitos dos adminis trados?. Respost excepcional. © sigilo no é vedado, apenas é tratado como uma hipdtese + (saf/CGU/Analista de financas e controle — Grea correigti/2008) “Quanto & aplicagio de principios constitucionals em processos administra- ‘ivos, € entendimento pacificado no Supremo Tribunal Federal, consttuindo ‘simula vinculante para toda a administragio e tribunais inferiores, que, nos pprocessos perante o Tribunal de Contas da Unido, asseguram-se o contrad- t6rio ea ampia defesa a) mesmo quando da decisdo nao resultar anulagio ou revogagii de ato admi- ristrativo que beneficie o interessado, inclusive a apreclacHo da legalidade {do ato de concessao inicial de aposentadoria, reforma e pensSo. quando da decisio puder resultar anulagio ou revogacio de ato administra- tivo que benefice o interessado, sem excerio. ©) quando da decisto puder resultar anulagio ou revogesdo de ato administrativo ‘que benefice o interessado, excetuada a apreciaczo da legalidade do ato de Cconcessiio inicial de aposentadoria, eforma e pensio, ») 4) quando da deciso puder resultar anulago ou revogacSo de ato admi- istrative que beneficle © intersstado, inclusive no apreciagSo do loge ide do ato de concesséo inicial de aposentadoria, reforma © pensio, €) quando da decisdo puder resultar anulago ou revogacto de ato administra- tivo que beneficieo interessado, inclusive a apreciac3o da legaldade do ato de concesséo inicial de aposentadoria, exceto reforma e pensio”. Resposta: € Sdmula Vinculante n® 3. 9 20 Toko Trmspape Cavatcanre Fito ‘© (Foc/uaitor— 7C-P//2005) “€ nota peculiar do processo administrativo a 4) ampla incidéncia do principio da oficalidade. b) ocorténcia apenas da coisa julgada material «} auséncia do contraditério. 4) auséncia da defesa técnica €) néo previsSo de tipicidade e de prazos recursais” Resposta: No hé que se falar em coisa julgada na esfera administrativa(le- tra B). Mesmo os autores que a admitem (como Celso Antonio Bandeira de ‘Mello), cogitam da existencia de coisa “julgada” meramente formal, e nao ‘material. As letras Ce D esto incorretas porque, no processo administrativo, £00 oplicévels os principios do contraditério e da ampla defesa. Ea clterna- tiva E também esté incorreta, pois a lei prevé os recursos € os respectivos ‘praos (arts. 56 e seguintes). + (Cespe/TRFS/1uiz Federal/2007) “O tribunal de contas, 20 julgar a legalidade da concessto de aposentadoria, exerce 0 controle externo que Ihe fol atribuido pela Constituicdo, estando, ‘em tal momento, condicionado pelo principio do contraditério” Resposta: errado. Em regra, ndo é exigivel 0 contraditério quando o tribunal de contas aprecia a concessGio inicial de legalidade de aposentadoria, refor- ‘ma ou penstio (Simula Vinculante n2 3). = (Cespe/Procurader de Municipio de Aracaju/2008) "0 contraditério e a ampla defesa néo 580 enigivets nos casos em que o tribu- nal de contas aprecte a legalidade de aposentadoria ou pensio”. Resposta: correto, Simula Vinculante n? 3, + (TREA/tuleFederal/2005) Porque sujeito a uma vinculago absoluta, 20 agente pubblico nfo the ¢ licito vvaler-se dos principios da razoabilidade e da proporcionalidade para pautar a atividade administrative, Resposta: errado. + (FCC/TCE— AM/Assistente de Controle Externo/2008) (© principio constitucional que exige da administracao piblica acBo répida e precisa para produzir resultados que satisfacam as necessidades da popula ‘elo denomina-se principio da Processo ADMINISTRATIVO 2) legalidade, b) eficiéncia, ©) moratidade. 6) proporcionalidade. 2) razoabilidade. Resposta: B. + (Cespe/STF/Técnico Judicrio/2008) A exigéncia de que o administrador pablico atue com diligncia e racionali- dade, otimizando o aproveitamento dos recursos publicos para obtencio dos resultados mais dtels 8 sociedade, se amolda a0 principio da continuldade dos servicos publicos. Resposta: errado (trata-se do principio da eficléncia). ‘+ (Cespe/Ministério dos Esportes/Nivel Superior/2008) [A inauguracio de uma praca de esportes, construida com recursos pi- blicos federals, e cujo nome homenageie pessoa viva, residente na re- sido € eleita deputado federal pelo respectivo estat, no chega 2 con- figurar promogao pessoal e ofensa a0 principio da impessoalidade. Resposta: erredo (hd violacéo ao principio da impessoalidade). + (Cespe/TRF5/Jule Federal/2009) Considere que Paulo tenha respondido a processo administrativo disciplinar ‘e optado por nomear como seu defensor um colega de trabalho que nio era rnem advogado nem bacharel em direlto. Nessa situacio hipotética, caracte- riza-se violagao ao prinefplo da ampla defesa, Resposta: errado (segundo a Simula Vinculante n® 5, a presenca de advoga- do no PAD é facultativa). + (Cespe/TRFS/tule Federal/2009) Suponha que sela construido grande e moderno estédio de futebol para se- ~ diar as jogos da copa do mundo de 2014 em um estado e que o nome desse estidio seja 0 de um politico famoso ainda vivo. Nessa situagBo hipotética, embore se reconheca a existéncia de promogio especial, no ha qualquer Inconstitucionalidade em se conferir o nome de uma pessoa pilbica viva ao estado. esposta: errado (hé violacéo ao principio da impessoalidade). 1 sivels ao pabico, embora admitidas a excepbes referidas, 22 oko Trevbane Cavatcawe Fito 11 ateniment a fins de ierege gel veda ein oa ie Sal de pederes ou comaincas slo atrznio on le o LUI objetividade no atendimento do interesse publico, vedada a promo. ‘yo pessoal de gents ou autoridados “TV -auaposerundo padres eticos de tial devore 8 boa Principio da publicdade: trata-se do dever geral do administrador de prestar contas, tornando publicos todos os atos administrativos, a no ser ‘quando relativos a seguranca do Estado ou & intimidade do administrado. Logo, os atos do processo administrativo so, via de regra, ptiblicos e aces- sein oly ie see aun e Gee ‘esirigdes © sangbes em medida: upetior dels estrtamente ae se aeicincns does pn Jurisprudéncia: STF: "—Embora 0 Judiciério no possa substituir-se & Ad- ‘ministragéo na punicéio do servidor, pode determinar a esta, em home- nagem ao principio da proporcionalidade, a aplicacdio de pena menos se- vera, compativel com a falta cometida e a previséo legal". 18 Turma, RMS 1n® 24.901/DF, Relator Ministro Carlos Ayres de Britto, DJ de 11.02.2005, p. 13, > STF: “A EXIGENCIA DE RAZOABILIDADE QUALIFICA-SE COMO PARAMETRO DE AFERICAO DA CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DOS ATOS ESTA- TAIS. -A exigéncia de razoabilidade ~ que visa a inibir e 0 neutralizar eventuais abusos do Poder Publica, notadamente no desempenho de ‘suas fungées normativas ~ atua, enguanto categoria fundamental de limitacdo dos excessos emanodos do Estado, como verdadeiro part: metro de afericto da constitucionalidade material dos atos estatais" ‘STF: Pleno, ADIn-MC n® 2,667/DF, Relator Ministro Celso de Mello, DJ de 12.03.2008, p. 36. “Esse entendimento fol sumulado pelo STF, constituindo a Stimula Vin calante n® 22: “E INCONSTITUCIONAL A EXIGENCIA DE DEPOSITO OU ARROLAMENTO PREVIOS DE DINHEIRO OU BENS PARA ADMISSIBILIDA- DDE DE RECURSO ADMINISTRATIVO.” PROcesso ADMINISTRATIVO 1. Principio do informatismo: a forma é um elemento dos atos administra- tivos; porém, no proceso administrativo, a forma néo é mais importante que 0s objetivas a serem alcancados. Por isso, os atos do processo admi- nistrativo ndo dependem de qualquer forma, a ndo ser que a lel expressa- mente a preveja. Sdo imprescindiveis apenas as formalidades que sejam essencials & garantia dos direitos dos administrados, como a exigéncia de que 0s atos sejam praticados por escrita e que as paginas do processo sejam rubricadas e numeradas. = suraiia os dieion a comunicapso, ¥ apesentg finals, &produgtio ds provas ¢ ‘ge possaniresultat 1. Geralmente, nfo se cobram custas ou despesas processuais no processo administrativo, ressalvados os casos especificamente previstos em lel, que devem ser excepcionais. ~> Jurisprudéncia: STF, Pleno, RE 388.359/PE, Relator Ministro Marco Au- ‘élio: “RECURSO ADMINISTRATIVO ~ DEPOSITO ~ § 2° DO ARTIGO 33 DO DECRETO N® 70.235/72 — INCONSTITUCIONALIDADE. A garantia constitu- cional da ampla defesa afasta a exigéncia do depésito como pressuposto de admissibilidade de recurso administrativo.” 2. Aplicagio em concurso: + (Cespe/STF/Anolisto judiciério ~ éreo administrativa/2008) ‘A garantia de instancia (caugo) para a interposigSo de todo e qualquer re- curso administrativo esté prevista em le ‘Resposta: errado. A exigéncia de garantia de instancta é considerada incons- ‘eucional pelo ST, por violar @ direita & ampla defesa e & gratuidade do di- reito de petigdo (ver art. 56, $28). 23 24 oko Tampa CAVALCANTE Fito + (Cespe/Delegado/Policia Civil/Tocantins/2006) “p garantia constitucional da ampla defesa afesta a exigéncia do depésito recursal como pressuposto de admissiblidade de recurso administrativo’” Resposta: correto. (oficialidade): © processo administrativo inicia-se e se desenvolve independentemente da atuacdo dos administra- dos, em decorréncia do principio da autotutela da Administracao. Assim, iio 6 preciso a atuacao do administrado para que 0 processo seja iniciado; a0 contrario, a maioria dos processos administrativos comeca por inicia- tiva da propria administragdo, como adiante veremos. Ademais, mesmo quando o processo comece a pedido do interessado, pode continuar inde- pendentemente da atuacao dele, se houver interesse da Administracao. > Aplicagdo em concurso: © (Cespe/TRF-12 Regido/Analista Judiciério ~ drea judiciéria/2008) "Qs procedimentos administrativas exigem, para seu comeco, a provocarao do interessado, no podendo a administragdo, tal qual o Poder Judiciario, Inielar processo de ofc Resposta: errado. O proceso adiministrativ, ao contro do processo judl- cial, admite a instauragio de processo de oficio. \Vedasio & aplicacao retroativa de nova interpretagao: trata-se de uma decorréncia do principio da seguranca juridica. > Aplicaséio em concurso: + Analista de Controle Externo/Tribunal de Contas da Unido 2008 (Cespe) Durante dex anos, Maria-ocupou cargo de chefia na concessSo de benef clos previdanciérias de uma autarquia federal. Tendo em vista a divergéncia na aplicagio de determinada norma, Maria emitiu uma ordem de servigo que disciplinava a concesséo do beneficio em determinadas hiodteses, acre ditando que @ sua interpretacdo, naquele caso, seria a melhor. No ultimo ‘més, Marla fol substitulds por Pedro, que, no concordando com aquela Interpretaglo, resolveu anular a ordiem de servio em vigor e rever todos os | i ie rsa es csaisas Processo ADMISTRATIVO bbeneficios concedidos com base nela. Com base nessa situacao hipotética, julgue 05 seguintesitens. Considerando que a antiga interpretagSo fosse uma das interpretagGes posst- \vels, aprimeira ordem de servigonao deveria ter sido anulada, massimrevoga- dda, passando 8 nova interpretacSo a incidir apenas sobre os fatos posteriores. Resposta: correta. Nao se trata de vicio de legalidade, que justifique a anula- £00, Como a interpretacto era possivel, nova posicto nao pode ser aplicada de forma retroativa, 2. Prinefpios implicitos na LPA: 2.1. Devido processo legal (due process of law): cuida-se de garantia antiga, que remonta & Magna Charta de Joo Sem-Terra, em que a cléu- sula law of the land impedia que alguém fosse julgado de acordo com a lei da sua terra. Significa que “ninguém serd privado da sua liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal” (art. 5°, LIV). Trata-se, entdo, de um mandamento de respeito as regras do jogo. O processo é um instrumento estatal, e 0 Estado esta submetido ao Direito (Estado de Direito); logo, © processo sé seré legitimo se se desenvolver dentro das regras previstas em lei, configurando um processo limpo (fair trial). Esse & © chamado devido proceso legal formal (respeito as regras processuais). ‘Atualmente jé se fala num devido processo legal substantive ou material, consistente na busca de uma deciséo materialmente Justa. Perceba-se que ‘© conceito de justica aqui é objetivo: decisio justa é aquela que é: a) to- mada por uma autoridade imparcial; b) adequadamente motivada; e c) razoavel e proporcional. O devido processo legal é, no dizer na doutrina, 0 princlpfo-mae de todos os outros principios processuais, Devido processo legal: ~ Formal ~respeito &s regras processuais, respeito as leis (fair trail) = Substantivo ~ Busca de uma decistio materialmente Justa (0 contetido tem que ser justo). Decisdo é tomada por uma autoridade imparcial, adequadamente motivada, razodvel/proporcional, a) Justa em sentido objetivo (deciso materialmente justa), & aquela que: i. A deciso tomada por uma autoridade imparcial ji. A deciséo tem que ser motivada (excecdo: decisdo de recebi- ‘mento de denuncia no precisa ser motivada) lil, A decisio tem que ser razoavel e proporcional. 25 Joko Triwoape CAVALCANTE FILHO 2.2. Celeridade @ razoabilidade no tramite processual (CF, art. 52, : trata-se de inciso que foi inclufdo na CF por forga da EC 45/04, buscando tornar mais agil a prestagdo jurisdicional. Cabe, entdo, ao legis- lador desenvolver esse mandamento, para deixar em niveis pelo menos aceltévels a demora na atividade jurisdicional brasileira, 2.3. Verdade real (material): é objetivo do processo administrativo alean- ar a verdade real, a verdade dos fatos, e no apenas a verdade formal. Busca-se 0 real, e no 0 que esté nos autos. E por isso que a revelia (art. 27) no importa confisséo dos fatos. 3, Quadro-resumo dos principios: iegaidade TT soit (97, cop) | Beck ort. 2, caput) Frade eS impo plc art. 2, caput Modiearag == | mc Sept ar. 2, cath roads opiconaiede "| peta ec ert. 25, capt Mora Eelcto 7, caput) | Bx or. 2, epi ‘Ample detesaecomvadabrio | Excto (50, 1v)__| Exo (or. 2, caput) Sepang jr Expo (2 coPtt)_| Bet or. 2, cape) interes pabico implicto Epo (rt 28 cop fignea Epo (7, copa | Expo (or. 2, caput ublidade plc 37, caput)_| Expo (a 2% pass V) erry | eawico 7,conut [Beek ort 2, pa Informatie. impo ech are. 2, pa, Vile BD impo oa ocatdadey— | mpicno lt are 2, pu, Xi Veer apts evantvad| nso plc art. 2%, pa, Da ova troretacto Bevide process esl [Beso eu) | ono Tazsvel uragso da proceso | Btero(Se, Dow | mplcto ‘Verdade real =| tmplicito Implicito Eee a ences me Tegaliede, impersoallde, | Frade, motor, roabliode/ | Verdde rel ‘moralidade, publiidade, eft | proporcionalidede, interesse pli cléncia, seguranca Juridica | €9,informalmo, impulsdo de ofio, fampla dafesa,contrad6rio | vedacio 8 inteprelaréo revoatva 26 Processo Apwinisraarive 3.1. Aplicacao em concurso: + (Cespe/STF/Analisto Judiciério — Area administrativa/2008) 0s principios da razoabilidade e da proporcionalidade estlo previstos de for- mma expressa na CF. Resposta: errado (estdo expressos na LPA, mas nfo na CF). + (Cespe/Ministério dos Esportes/Nivel Superior/2005) Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia so princt- plos constitucionais da administragzo publica Resposta: correto, + (Cespe/TRE-6O/Téenico Judiciério/2009) Assinale a opedo correspondente a principio constitucional aplicével & ad- ‘ministrago publica, porém ndo previsto expressamente na CF, Capitulo Vit, Segio |, art. 37, que trata das disposicdes gerais aplicivels & administraga0 pablica. AA) principio da moralidade 8) principio da proporcionalidade ©) principio de eficiéncia D) principio de impessoalidade Resposta: 8. + (Cespe/Anac/Especialista/2009) Sio principios da administracdo piblica expressamente previstos na CF: le ealidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiéncia e motivaczo. Resposta: errado (a motivagdio ndo esté prevista expressamente na Constitul- ‘900, quanto aos atos administrativos). | cavirmon nos DIREITOS DOS ADMINISTRADOS a aitordades' servidores, que deverio ee ‘sens dire tooe .cumprimento de ‘suas obrigacbes; Ciencia da smnitgio dog proc #808 administrativos em que teaba. ens aes nt te fea 1 eles conti ones eines pro 27 ‘Processo ADEnUSTRATNO Joko Tunpabe CavatcaNre Fits i 1, Direitos do administrado: |A) ser tratado com respeito, de modo que the sejam reconhecidos os di- reitos basicos necessérios a intervir no processo administrativo; dessa forma, niio pode a Administracao dificultar a atuagso do administrado. B) ser cientificado dos atos produzidos no processo em que seja conside- rado interessado (sobre interessados, ver art. 99), ou seja, ser informa- do do andamento do processo; consultar os autos (ter vista dos autos) a reparticéo— cbserve-se que nao hd direito a carga do autos, isto & © administrado no pode levar o processo para casa: pode apenas ver os autos e obter cépias dos documentos. 1. Deveres dos administrados: da mesma forma que possuem direitos, os administrados também possuem deveres (alguns deles bastante Sbvios), quais sejam: A) proceder de maneira limps, proba, de boa-fé, sem querer ) apresentar alegages e produzir provas, que obviamente devem ser consideradas (levadas em conta) quando da decisao — trata-se de apli- cago do principio do contraditério e do devido processo legal ) ser assistido facultativamente por advogado ~ ressalte-se que, atual- mente, por forea da stimula vinculante n® 5 do STF, a presenca de advo- gado € FACULTATIVA no processo administrativo em geral, INCLUSIVE NO PAD (processo administrativo disciplinar).. > Jurisprudéncia: STF, Stimula Vinculante n® 5: “A falta de defesa téc- nica por advogado no processo administrativo disciplinar nao ofende a Constituigao” ‘Aplicagdo em concurso: + (Cespe/mss/Analiste de seguro social/2008) Em 2007, Lucio requereu aposentadoria por tempo de servico perante 0 INSS por ter atingldo a idade minima exgida para o beneicioe 38 anos de contri- buigdo. 0 INSS indeferiu o requerimento porque no considerou periado trabalhedo em XY Comércio Ltda, tempo de servigo reconhecido e anotado na eartelra de trabalho de Licio por forca de sentenca trabalhista transita- da em julgado, Ant tal indeferimento, 0 trabalhador soficitou 20 INSS cpa do processo administrativo em que constava o indeferimento ou certid3o Gircunstanciada de inteio teor do processo, mas o servidor que o atendeu Fecusou-se a ihe fornecer a documentacao solcttada, Considerande essa a tuagéo hipotétice, julgue os sepuintesitens. E direto de Licto 0 recebimento da cetidlo, que deve retratarfelmente 0s fatos ocorridos no processo de requerimento de aposentadoria, Resposta: correto. enganar e, como decorréncia, expor sempre a verdade ~ e de maneira urbana, isto é, educada, cortés. 8) nao agir de modo temeratio, isto é, 56 ~atuar quando houver a minima possibilidade de o pedido ser deferido, evi- tando atuar de maneira infundada. C) colaborar com 0 desenvolvimento do processo, de modo a informat o que the seja solicitado e colaborar para alcancar a verdade real, a verdade dos fatos, que é 0 objetivo do processo administrativo. 1. Inicio do processo: como decorréncia do principio da impulsio de oficio, (0 processo pode ser iniciado ex officio (de oficio, ou seja, por iniciativa da prépria administrago) ou por iniciativa do interessado. Aliés, como disse- mos, a maioria dos processos administrativos comeca por iniciativa da Ad- ministraco, como é 0 caso de processos relativos a licitagBes e concursos puiblicos, por exemplo. 2. Aplicagéio em concurs + (CESPE/Administrador/PGE-PA/2007) (0 proceso administrative pode Iniciar-se de offcio ou a pedido de interes- sado. Resposta: correto 29 oko TeesDave CavALCANTE FILHO ‘+ (CESPE/TIDFI/ANALISTA JUDICIARIO ~ ADMINISTRATIVA/2008) Por constituir uma medida com fins punitivos, © processo administrative dlisciplinar regido pela Lei n.® 9,784/1999 dave Inicla-se exc offee. Resposta: errado, 1. Aplicagao em concurso: + (ESAF/CGU/Analista de finangas e controle — érea correleto/2007) A Lei n® 9.784/99 veda aos érglos @ entidades a elaboracio de formulérios padronizados para assuntos que importem pretenses equivalentes, apesar de caracterizar pratica usualmente adotada por érgios piblicos. Resposta: Errado. “ CapitULoV ‘Dos INTERESSAD 30 | | PRocesso ApMINISTRATIVO 1 agueles gus) sm ere iniciado 0 proses, t ‘ desisdo 4. Interessados: no processo administrative néo hé partes, mas interessados. Isso porque, no PA, no ha duas partes ltigando entre si, perante uma au- toridade imparcial (Juiz), mas sim dois sujeitos que as vezes tém os mes- ‘mos objetivos (interessados e Administracio), mas cujos pedidos seréo “julgados” por um deles —a prépria Administracao. Por isso se diz que, 20 contrério do processo judicial, cuja relacdo & trilateral (autor-juiz-réu), no processo administrativo a relacdo juridico-processual € bilateral (Interes- sados + Administracdo). Ser considerado interessado & muito importante, pois assegura os direitos e impée os deveres previstos nos arts. 3% € 42. Sé0 considerados interessados: A) pessoas fisicas ou juridicas) que dem inicio 0 processo (art. 58), seja em defesa de direito préprio, seja no exercicio do direito constitucional de peticéo, contra ilegalidade ou abuso de poder; 8) organizagBes e associagBes, quanto a interesse coletivos (por exemplo, 0 Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro é interessado no processo ad- Iinistrativo que prevé a realizagdo de um concurso publico para a substi- tuigdo de professores temporérios por efetivos); C) pessoas ¢ associacées legalmente constituidas, em defesa de interesse difusos (o Greenpeace, por exemplo, é interessado nos processos relativos ao meio-ambiente, que é& tum interesse difuso ~ pertence a todos, mas a ninguém especificamente); € D) qualquer pessoa que, mesmo no tendo iniciado o processo, possa ser afetada pela decisdo (assim, um servidor que seja acusado por alguém de abuso de poder é interessado nesse processo, mesmo sem té-o iniciado). 2. Aplicagao em concurso: + (cespefrineT/réCNICO/2008) Uma associago, mesmo que legalmente constitufda, nfo tem legitimidade para promover a defesa de direitos ou interesses difusos no émbito do pro- cesso administrativ. Resposta: errado, 3t 1 1 32 Joo Trspabe CAVALCANTE FILHO ‘+ (CESPE/TRT-18 REGIAC/ANALISTA JUDICIARIO ~ AREA JUDICIARIA/2008) © procedimenta administrative no se presta ao exame de tutelas coletivas. Resposta: errado. Aplicagio em concurso: ‘© (CESPE/STE/Analista judiciério ~ érea administrative/2008) Como regra geral, sto considerados capazes, para fins de processo adminis- ‘rativo, 05 maiores de dezoito anos. Resposta: correto. Competéncia: em sentido técnico juridico, significa a autorizacdo legal para a pratica de um ato. Assim, sé pode praticar um ato do processo ad- ministrativo que seja por lei autorizado a fazé-lo. A competéncia, ademais, 6 irrenuncidvel, ou seja, nao se pode escolher competéncias: so com- petentes as pessoas indicadas por lei, e ponto final ~ dessa maneira, & competente no quem quer ser, mas quem a lei manda que seja. A compe- téncia pode ser prépria ou origindria, quando decorre diretamente da lei ou derivada (secundéria), quando decorre no da lei, mas de delegaco ou avocagio. Veja-se que a delegacSo e a avocagio néo importam rendncia de competéncias, pols sdo transitérias e excepcionals. - Aplicagao em concurso: + (Anolista Judiciério— Area Administrativa ~ TRT 248 Regido/2008) ‘A lel que regula os processos administrativos no ambito federal prevé que @ competéncia é 2) jerenunciével e nunca pode ser delegada nem sofrer avocago. b) irrenunciével, mas pode, em certos casos, ser delegada e, excepcionalmente, sofrer avocagso temporéria, ) renunctével apenas nas hipSteses de delegacto e de avocacto, para as quals 6 dispensada qualquer justificacdo, | f t | Processo ADanasteaTivo d) renunciével apenas nos casos de live delegacio, pols a avocagSo nfo implica reniincia por ser origindria de hierarquia superior. «) renunciével, seja nos casos de live delegacio, seja nos de avocasSo, seja nos de substituigao de um é6rgio por outro. Resposta: b DelegacSo de competéncias: ¢ um fendmeno por meio do qual uma autoridade ou um drgo “entrega’, transitoriamente, a outro éreso ou autoridade a competéncia para a pratica de um ato determinado. Na delegacao, entéo, alguém “transfere” para outrem (sempre de maneira transit6ria) uma competéncia. Pode-se delegar uma competéncia para ‘outro érgdo ou agente, mesmo que no seja hierarquicamente Inferior. Assim, é possivel até mesmo a um drgdo colegiado (composto por varios agentes) delegar competéncias ao presidente, sempre que no haja im- pedimento legal. Caracteristicas da delegacio: A) é sempre transitéria, nfo existe dele- gacio para sempre, pois a competéncia é irrenunciavel; 8) da mesma forma que pode ser feita a qualquer momento, pode ser a qualquer momento revogével, voltando a competéncia ao antigo titular; C) deve ser sempre motivada, para que se possam conhecer os motivos que a determinaram; 0) deve ser sempre publicada, pois a modificaco da lei, mesmo que transitéria, deve ser o mais divulgada possivel; E) pode ser feita até mesmo para quem néo seja subordinado ao delegante; e F) é ato discricionario, isto 6, depende de um juizo de conveniéncia e opor- tunidade do administrador. Motivos que justificam a delegacéo: podem ser de ordem técnica (0 de- legado tem mais conhecimento para praticar o ato), social (0 delegado possui mais legitimidade ou respaldo para a pratica do ato), econdmica (para evitar gastos desnecessérios, como quando, por exemplo, em vez de viajar a comissio toda para colher um depolmento em outra cidade, 33 ‘Toxo Trimoane Cavatcante FILHO delega-se a competéncia para um érgo daquela localidade), juridica (dele- ga-se a competéncia tendo em vista a maior propriedade juridica do 6rgio delegado para praticar o ato) ou territorial (a autoridade delegada possui maior proximidade territorial dos fatos, o que justifica a delegacao). ee 1. Atos que no podem ser objeto de delegagdo: assunto importantissimo ‘¢ muito cobrado em provas, diz respelto aos limites da delegacao. Nao podem ser abjeto de delegacao: A) a decisio de recursos admi vos, pois isso tornaria, na pratica, quase sem fundamento o recurso, pois a autoridade decisora seria, na prética, a mesma que praticou 0 ato; B) a edicao de atos de cardter normativo, como portarias, decretos, instru- ‘ges normativas, etc.; C) 0s atos de competéncia exclusiva, uma vez que a diferenca entre competéncia privativa e exclusiva &, justamente, que a primeira pode ser delegada, enquanto a segunda (exclusiva) ¢ indelegavel. ‘As trés hipéteses costumam ser lembradas pelos alunos pela formula DE- NOREX: DEcisio de recursos, atos de caréter NORmativo, competéncia Exclusive. E, repita-se, assunto muito cobrado pelo CESPE. 2. Aplicagéo em concurso: + (CESPE/TIDET/TECNICO JUDICIARIO/2008) Em regra, as delegagties sto permitidas como forma de desconcentraco. No entanto, excetuam-se dessa regra, por expressa disposicSo legal, a edicao de atos normativos, a decisfo de recursos administrativos e as matérias de competéncia exclusiva, Resposta: correto. “+ Procurader do Distrito Federal 2007 (Esof) = Nao pode ser objeto de delegacdo a decisdo de recursos administratves. Resposta: correto. + (CESPE/TRT-12 REGIAO/ANALISTA JUDICIARIO ~ AREA JUDICIARIA/2008) ‘A cdigio de atos de carater normative pode ser objeto de delegacao, desde ‘que esta sejafeita pelo titular de um érpo administrative para outro que Ihe seja hierarquicamente subordinado. Resposta: errado. 34 A delegacao e a avocagiio devem, como dissemos, ser publicadas em ‘meio oficial, pois importam modificagao (ainda que transitéria) do esque- ‘ma legal de competéncias. Além disso, ambos os atos (delegactio e avoca- $40) podem ser a qualquer tempo revogados. Requisitos do ato de delegacio: o ato que delega competéncias deve conter a especificacdo de quais as competéncias que estdo sendo dele- gadas; quals os motivos que justificam a delegacdo; se for o caso, qual a durado da delegacdo; e para quem deve ser dirigido 0 recurso quanto 20 ato baseado na competéncia delegada, se ao delegante ou a autor dade superior a ele. Responsabilidade pelo ato delegado: se, no exercicio da competéncia de- fegada, o delegado praticar um ato ilegal ou danoso, respondem por isso ele préprio eo delegante (que etrou ao escolher para quem delegar). Para todos 0s efeitos, porém, quem assina 0 ato é 0 delegado, motivo por que © ato deve ser considerado como praticado por ele, em nome préprio, embora se deva fazer referéncia a delegacéo. Ex: 0 Secretério-Geral, com base na competéncia delegada pelo Presidente do Tribunal (Portaria n° tal), vem praticar tal ato etc.) Aplicagao em concurso: + (CESPE/AGU/2006) Salvo impedimento legal, crcunsténcia de natureza meramente econémica ode ser invocada para justiicar a conveniéncia de um érgo administrativo colegiado em delegar parte da sua competéncia a seu presidente, Resposta: correto £ obrigatéria a publicago em meio ofcia dos atos de delegagBo ante o seu ca ‘iter formal e, a partir da publicaco, 0 ato de delegago tomna-se irevogavel. Resposta: errado. 35 Joko Trnpape CavALCANTE Fito 1. Avocaciio: é 0 ato oposto A delegacdo. Se nesta alguém “transfere” para outra pessoa uma competéncia, na avocaco alguém “traz para si”, de maneira transitéria, a competéncia que originalmente era de outrem. Por motivos dbvios, a delegacao é, na pratica, muito mais comum que a avocacao. Podemos fazer um paralelo entre as duas figuras. A avocacso difere da delegacao porque, nesta, tanto o delegante quanto 0 delegado respondem pelo ato, enquanto, na avocacao, a responsabilidade € s6 de quem avocou (avocante). Por outro lado, a avocagio, a0 contrério da delegacao, exige que 0 avocado saja hierarquicamente subordinado 20 avocante. 2. Diferencas e semethancas entre delegacio e avoca _,_ Sim Sim sim Sim “Transtria “eanstria Delegante ¢ delogado ‘Sé do avocante Nao ‘sim 3. Aplicago em concurso: + (CESPE/AGU/2006) Acerca da avocagtio e da delegaréo de competéncia, jul- ‘gue os itens subsequentes. A avocago 6 ato excepclonal, de caréter transitério, que, no entanto, dis pense motivacSo por parte da autoridade hierarquicamente superior que a determina. -esposta: errado, + (ESAR/PEN/2004) Sobre 2 delagacio de competéncia administrativa, assinale @ opsao correta a) E possivel a delegasio da decisio de recursos acministrativos, ainda que no ‘© seja para atas de caréter normativo. 36 i i i | i i Processo ADMnOSTRATIVO b) Em vista da necessidade de seguranca juridica aos atos da AdminlstragSo, ino se admite, em regra, que 0 ato de delegacdo seja revogével a qualquer ‘tempo pela autoridade delegante. ©) No hé a necessidade, como regra, de que 0 ato de delegacdo e de sua revoga¢iio sejarn publicados no meio oficial. 4) As decisées adotadas por delegario consideram-se editadas pelo delegante, «) Se nao houver impedimento legal, e for convenienta, em razio de circuns- tincias de indole técnica, social, econ6mice, juridica ou territorial, é possivel ‘um érgéo administrativo delegar parte de sua competéncia 2 outro érafo, ainda que este no the seja hierarquicamente subardinado. Resposta: & + (ESAF/CGU/Anolisto de Finangas @ Controle ~ Area Correlgtio/2008) Decorrente da presencs do poder hierdrquico na AdministracSo, afigura-se @ questo da competiincia administrativa e sua delegacio. Sobre o tema & correto afirmar, exceto: 2) a competéncia é Irrenunciavel e se exerce pelos éreaos administratives a que {ol atribuida como prépria, salvo os casos de delegacio e avocagio legalmen- te admitidos. 'b) um 6rgo administrativo e seu titular poderdo, se no hovver impedimento legal, delegar parte de sua competéncia a outros Orgios ou titulares, ainda que estes ndo Ihe sejam hierarquicamente subordinados, quando for con- veniente, em razdo de circunsténcias de indole técnica, social, econémica, Juridica ou territorial ©)_a edigio de ato de caréter normative nao pode ser objeto de delegacio. 4d) a decisdo de recursos administrativos pode ser objeto de delegacéo. @) oto de delegacdo e sua revogacdo deverto ser publicados na melo ofical Resposta: D (a decisio de recursos administrativos nBo pode ser delegade, segundo 0 art. 13,1) 37 1. Impedimentos: so hipéteses objetivas em que a autoridade ndo teré a im- parcialidade necesséria para decidir o processo administrative ou nele atuar. Séo causas de impedimento: A) ter interesse direto ou indireto na matéria (pex, servidor que analisa pedido de licenca que ele também pleitela, em outro processo); 8) ter participado do processo, como perito, testemunha, representante, parte, etc. - 0 mesmo impedimento ocorre se o cénjuge/ companheiro ou parente até o terceiro grau também tiver atuado no pro- ess0; C) estar ltigando (disputando), judicial OU administrativamente com Ciinteressado ou o cénjuge/companheiro deste (caso, p.ex.,em que a auto- ridade decisora vai analisar processo movido por alguém que a processau). 2. Aplicagio em concurso: + (CESPE/PGE-PA/ADMINISTRADOR/2007) CO servidor ou autoridade que estejaItigando judicial ou administrativamen- ‘te em determinado processo aciministrativo com o interessado ou com o seu cnjuge ou companhelro ests impedido de atuar no processo administrativo. Resposta: correto. + FoC/Anelista ludiciério~ Area Administrativa ~ TRT 212 Regido/2003) = NAO esté impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou auto- ridade que 8) tenha participado como perito ou representante, b) venhe a participer como testemunhs. ©) sela considerado sem interesse na matéria objeto do processo. 4) esta itigando judicialmente com o cénjuge do interessado. €) estejalitigando administrativamente com @ compa-nheira do interessado. Resposta:¢ 38 i ‘Smiiaiaarensctonemetint Processo Apmnastearivo ‘+ (CESPE/STE/ANALISTA JUDICIARIO/AREA JUDICIARIA/2008) Servidor que esteja Itigando administrativamente com o interessado em urn pprocesso administrativo nao esté necessarlamente Impedido de atuar nesse [processo, pois niio existe litgio judicial. Resposta: errado. -omo os casos de Imp feico objetiva, o servidor ou autoridade que seje impedido deve comu- nicar imediatamente que est impedido e deixar de atuar no processo, Trata-se de um dever ~ que, se descumprido, pode ter reflexos na esfe- ra disciplinar, pois constitui falta grave, nos termos do paragrafo Gnico, Ademais, os atos praticados por servidor ou autoridade impedidos de- vem ser anulados. ‘Suspeigio: assim como nos casos de impedimento, busca-se guardar a parcialidade da autoridade que vai decidir o processo ou nele atuar. Porém, ipdteses de suspeico t8m natureza subjetiva (amizade intima o1 zade notéria). Justamente por isso, a0 contrario dos casos de impedimento, a autoridade suspeita nao é obrigada a declarar-se suspelta. A suspeicéo de- pende de alegacao (argiiicao) do interessado, que deverd demonstrar a ami- zade intima ou inimizade notéria entre a autoridade e um dos interessados ou 0s respectivos cOnjuge/companheiro ou parente até o tercelro grau civil ‘Semelhancas entre impedimentos e suspeicdes: a) ambos visam a asse- gurer a impatcialidade da autoridade julgadora; b) ambos visam a retirar do processo a autoridade que no tem imparcialidade. Diferengas entre impedimentos ¢ suspeigées: 2) impedimentos tém na- tureza OBJETIVA (provam-se mediante FATOS), 20 passo que as suspeloes tém natureza SUBJETIVA (provam-se mediante INDICIOS); b) a autoridade impedida tem o DEVER de se declarar impedida DE OFICIO, enquanto que, verificada uma hipdtese de suspeicio, 2 autoridade PODE se declarar sus- peita, mas néo tem essa obrigacSo. 39 40 oko Tampape CAVALCANTE FILHO Principio do informalismo: como jé anotamos no art. 22, os atos do pro- cesso administrativo podem ser praticados sob qualquer forma, desde que a lei no imponha uma formalidade especffica. E essas formalidades esto, na maloria, elencadas neste capitulo. 1.4, STI: “RMS - ADMINISTRATIVO - PROCESSUAL CIVIL - FISCAL DE TRIBUTOS - PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - EXTRAPOLAGAO DO PRAZO PARA APRESENTACAO DO RELATORIO FINAL - NULIDADE DO PROCESO = NRO OCORRENCIA - PRESCRICAO PUNITIVA AFASTADA - CONJUGA- ‘GAO DOS PRINCIPIOS DA RAZOABILIDADE E INSTRUMENTALIDADE DAS. FORMAS. 1 - 0 principio da instrumentalidade das formas, no ambito _administrativo, veda o raciocinio simplista e exageradamente positivis- ta. A solugio esté no formalisme moderado, afinal as formas tém por ‘objetivo gerar seguranca e previsibilidade e s6 nesta medida devem ser preservadas. A liberdade absoluta impossibilltaria a seqiiéncia na- ‘tural do processo. Sem regras estabelecidas para o tempo, o lugar eo modo de cua prétiea. Com ieso, 0 procesea jamais chegatia a0 fim. & garantia da correta cutorga da tutela jurisdicional esté, precisamente, no conhecimento prévio do caminho a ser percorrido por aquele que busca a solugi para ume situacdo conflituosa. Neste raciocinio, resta evidenciada a preocupago com o$ resultados e no com formas pré ‘estabelocidas e engessadas com o passar dos tempos. 2- Neste con- texto, despicienda a tentativa de enular todo 0 processo com base na i i 3. 5. Processo ADMINISTRATIVE ‘existencia de nulidade tida como insandvel. A cilago do prazo para en- ‘trega do relatério final, em um dia, se deu por conta da complexidade do processo em testilha, oportunidade em que devem ser conjugados (5 principios da razoabilidade e instrumentalidade das formas. (..)” ‘ST: 58 Turma, RMS né 8,005/SC, Relator Ministro Gilson Dipp, DI de 02.05.2000, p. 150. Forma: 0s atos devem ser praticados por escrito, sendo a excecdo a exis- téncia de atos verbals. Além disso, deve-se utilizar verndculo (Lingua oficial - Lingua Portuguesa, nos termos do art. 13 da CF). Os documentos escritos em Lingua estrangeira devem ser traduzidos antes de serem con- siderados. Ademals, 0s atos devem conter local e data, além da assinatura da autoridade que os praticou. Como se vé, exigem-se apenas as formali- dades mais basicas. Reconhecimento de firma: em aten¢o ao principio do informalismo, a ‘exigéncia de reconhecimento de firma deve ser excepcional, justificando- se apenas quando houver diivida fundada sobre a veracidade e autentic!- dade do documento ou da assinatura, Autenticago: & a declaragdo de que o documento 6 verdadeiro e que as épias correspondem a integra do original. Nao é necessério que sejam feitas em cartério, urna vez que qualquer servidor tem f8 publica para fazé-1o, como deixa claro 0 §38, numa clara tentative de cracia no tramite de papéis administratives. Numeracdo de pdginas: exige-se que todas as folhas do processo adminis- trativo sejam rubricadas e numeradas, como forma de prevenir eventuais fraudes (“sumigo” ou “aparecimento” de documentos, por exemplo). A numeracéo, obviamente, deve ser seqiencial. Aplicagao em concurso: + (CESPE/STM/TECNICO/2004) Considere a seguinte situac8o hipotética. Clio, servidor paiblico concursado da Secretaria de Cultura de estado-membro da Federacio, recebeuintimacso para prestar esclarecimentos em proceso administrativo que estava em cut 50 no departamento em que atuava. Para obter maiores informagées acerca do processo, Célio manteve contato com o assessor juridico da Secretaria, ‘que informou a Calio a respeito da impossibiliéade de fornecerinformagbes, ‘uma ver que os atos do processo obedecem 20 principio da oralidade e ce- leridade, no sendo produaldos por escrito, Nessa situagdo, a informacso do assessor juridico néo corresponde @ preceito da Lein.? 9,784/1999, que pre- ve a forma escrita para os refers atos. Resposta: correto. aL 2 nol 8 toy uapecinte ‘Tempo dos atos: os atos processuais devem, via de regra, ser praticados nos dias titeis (segunda a sexta-feira, exceto feriados) e no horario normal de funcionamento da repartic&o. Porém, admite-se que os atos jé inicia- dos continuem a ser praticados, para evitar prejuizos. Assim, por exemplo, vale ragra um ato no pode ser praticado a meia-oite, se nao funcionar nesse horério a repartgdo. Todavia, a colhelta de um depoimento, marcar da para as 19h, pode estender-se pela noite, para que n&o seja necessario reunir todos novamente no dia seguinte. Aplicagao em concurso: * (CESPE/TIDFT/ANALISTA JUDICIARIO — ADMINISTRATIVA/2008) 03 atos do processo adminisvativo diciplinar regido pela Lei n® 9:784/1999 ‘podem realizase em qualquer da da semana, desde que ocorram na sede do rao. Resposto: errado. 24: custnde paso jonave FOGess0 oe PA prevé prazo para a prética de uma io, interposigao de recursos, etc.). Porém, quando a {ei ndo estipular qualquer prazo, fica valendo o lapso de cinco dias, salvo motivo de forca mator (enchente, incéndio, etc.). Esse prazo de cinco dias pode ser prorrogado uma vez (dilatado até o dobro), desde que por motivo justificado e comprovado. E de se lembrar, todavia, que se cuida aqui de um prazo impréprio, cujo descumprimento nao gera nulidade em maiores conseqiiéncias (o que nao significa que nao deva ser obser- vado). Proceso ADMINISTRATIVO 2. Aplicacio em concurso: + (Anolista Judiciéro ~ Area Administrativa ~ TRT 248 Regiéo/2003) Em um processo administrativo, o administrado deve praticar um ato para 0 ual ndo hé disposicdo especifica quanto ao prazo. Nesse caso, presume-se ‘que o prazo éde 4) 15 dias, mas pode ser dilatado até 0 dobro. bb) 20 dias, que nunca pode ser dilatado: ©) 10 dias, mas pode ser dilatado até 0 dobro. 4) 5 dias, que nunca pode ser dilatado. @) 5 dias, mas pode ser dilatado até o dobro, 1, Lugar dos ates: é a prépria repartico, exceto nos casos em que haja justi- ficado motive para serem praticados em local diverso (citiva de testemu- nha que reside em outro Municipio, por exemplo). Nesse caso (pritica do ato em outro local), os interessados devem ser avisados especificamente sobre esse ponto. Joko Tranoave Cavateanre Frio. 44 processual. No proceso administrative, quaisquer atos de comunicagio 20 interessado so chamados de intimagdo, independentemente de se- rem a primeira comunicagao ou nio. € direito dos interessados serem comunicados de qualquer ato processual relevante, nos termos do art. 38, Assim, a lei determina a intimagio do interessado para que conheca uma deciséio ou para que efetive diligéncias (compareca a uma audién- cla, produza prova, constitua advogado, apresente defesa ou alegacbes, etc). Modalidades de intimagiio: existem basicamente quatro formas (moda- lidades) de intimacao: A) pessoal ~a intimacao é entregue pessoalmente por um servidor ao interessado, que recebe uma via e dé o recibo na outra; 8) por via postal — expede-se uma carta com AR (aviso de rece- bimento), que retorna a repartico assinado pelo recebedor e é, entao, Juntado ao processo; C} ciéncia no processo — quando o interessado con- sulta 0 processo, considera-se automaticamente intimado das decises ele contidas; ¢ D) edital. A Administracdo pode discricionariamente es- colher qual @ modalidade de intimaco que adotard, exceto no caso de Intimaco por edital, que s6 pode ocorrer nas hipéteses previstas em lei. Entretanto, é bom lembrar que, ante o principio do informalismo, a Administraco pode intimar os interessados por quaisquer outros meios (e-mail, telefone, fax, etc.), desde que se assegure a certeza do recebi- ‘mento da Intimagao pelo interessado. Intimaco por edital: sé pode ser feita nas hipéteses previstas em lei, quals sejam: A) interessados indeterminados ou desconhecidos; ou 8) interessados com enderego desconhecido. Deve ser feita por meio de publicago do edital no Disrio Oficial da Unido. Processo ADMINSTRATIVO 4, Requisitos da intimagio: a intimacgo deve obrigatoriamente conter, sob pena de nulidade, os requisitos referidos no $18. Ademais, deve ser feita com a antecedéncia minima de 3 dias UTEIS. Porém, é certo que ~ em- bore a ntimagio sem as formalidades legais soja nula ~se o interessado mesmo assim comparecer, a nulidade estard sanada 5. Jurisprudéncia: em recente decisio, o STI consignou que a convocacdo ‘ou nomeacio para cargo piiblico, depois de transcorrido tempo longo do concurso, tem de ser feita pessoalmente, e néo apenas por meio de publicagao no Disrio Oficia “Uma candidata aprovada em concurso do estado do Amapé gorantiu ‘no Superior Tribunal de Justica (STH) novo prazo para apresentar do- cumentos e realizar exames médicos em razio de sua nomeacéo. Os istros da Quinta Turma consideraram nula a convocacdo realizada somente pelo Disrio Oficial do estado, trés anos apés a conclusso do ‘oncurso. O caso chegou ao ST) por um recurso em mandado de segu- ranga. Para o relator, ministro Napolezo Nunes Maia Filho, convoca~ 640 pela via do Diério Oficial, quando prevista em edital, seria aceitdvel se operada logo na sequéncia da concluso do concurso, mas mio trés ‘anos depois. Aatitude fere, no entender do relator, 05 principios cons: titucionais da razoabllidade e da publicidade. “Os atos da Administra~ 80 devem ser providos da mals ampla divulgacdo possivel 2 todos os administrados e, ainda com maior raz8o, aos sujeitos individualmente afetados", afirmou o ministro. A decis#o da Quinta Turma fol unanime (..) No julgamento, os ministros ponderaram que, “com 0 desenvol- vimento social cada vez mals marcado pela crescente quantidade de InformagBes oferecidas e cobradas habitualmente”, ndo seria razodvel de um candidato, uma vez aprovado ern concurso publico, que esse o diério oficial diariamente, por mais de trés anos, na expectative de se deparar com sua convocasao. Noutro precedente (RMS 22508), jJulgado no ano pasado, a Quinta Turma havia tratado de tema seme- Ihante. Reconheceu o direito de um candidato aprovado para o cargo de agente de policia civil, mas somente convocado pelo Disrio Oficial do Estado da Bahia, de ser convocado para as demais etapas do con- curso, mesmo tendo perdido 0 prazo. Naquele caso, o relator, ministro ‘Arnaldo Esteves Lima, considerou o fato de no haver noticia de que utra forma de chamamento do candidato tivesse sido reallzada pela ‘Administrago Publica.” (Noticias STJ, 24.03.2009). 6. Aplicagdo em concurso: + (POC/Téenico Judielério~ Area Administrativa~ TRE BA/2003) A comunicago dos atos do processo administrativo seré feita, de regra, por 45 JoKo Tamoape CavaLcante Fo 4) intimago mediante ciéncia no processo, por vie pos-tal com aviso de rece: bimento e por telegrama, ») citago, publicada no Diérie Oficial da Unio, com antecedéncia minima de 10 dias. €) Intimacii, feita por melo de oficial de Justica, sempre com antecedént minima de 5 dias. 4) citagdo, felta por melo de oficial de justica, juntando-se eépla do mandado 20s autos, no minimo, 24 horas antes da pritica do ato. €) intimago, publicada no Didrio Oficial da Unio, quando o interessado no for encontrado pelo oficial de justica Resposta: @ no processo administrativo, a revelia (ndo atendimento di timac30) n3o importa malores efeitos. O interessado ngo est reconhe- cendo @ verdade dos fatos nem renunciando ao direito que pretensa- ‘mente tem. Justamente por isso, a revelia gera apenas um efeito pratico: a preclusdo (perda do direito de praticar aquele ato ~ presenga em au- diéncia, por exemplo). Mas, mesmo revel, o interessado continua com © direito de acompanhar 0 processo e nele intervir, na fase em que se encontrar. Assim, por exemplo, interessado que for intimado a compa- recer e no o fizer nem por isso sera proibido de produzir provas ou ter admitido a verdade dos fatos, como acontece no processo civil. Reitere- se: revelia, no processo administrativo, ndo importa reniincia a direito nem reconhecimento da verdade dos fatos alegados no processo, 2. Aplicagio em concurso: ‘+ (CESPE/TIDFT/ANALISTA JUDICIARIO ~ AREA ADMINISTRATIVA/2008) ( néo-comparecimento do administrado intimado para se defender importa- ré na sua revelia e, conseqdentemente, no reconhecimento da verdade dos fatos no impugnados. Resposta: errado. A revelia no importa reconhecimento da verdade des fotos. 46 i : : i | : | Processo ADMINISTRATIVE 1. Instrugio: a fase de produgdo de provas do processo administrativo. Depois da instauracdo (inicio), vem a instruc (colheita de provas], para ‘enfim chegarmos & decisao (término). 2. Iniciativa probatéria: cabe @ Administracao produzir as provas a serem usa- das no proceso (decorréncia do principio da impulsio de ofici). Isso, no entanto, ndo exclui a possibilidade de os interessados também requererem provas para serem produzidas. Nos casos em que se exija 2 atuacso dos interessados (depoimentos, juntada de documentos), deve-se fazé-lo da maneira que lhes cause 0 menor niémero de transtornos e complicagBes. 11. Provas admitidas: quaisquer tipos de provas licitas, sobretudo as provas: A) testemunhais (depoimentos de testemunhas); 8) documentais (docu- mentos em geral); C) periciais (laudos de peritos, atestados médicos, etc. 2. Provas inadmissiveis: 2.1. Proibico da provas obtidas por meias ilicitos: em respeito ao devi- do processo legal, o estado e 0s particulares sé podem utilizar-se, no pro- cesso, de provas obtidas por meios licitos, constitucionalmente legitimos. 47 Toko Trnpape Cavaucante Fino ‘Assim, por exemplo, uma interceptaglo telefénica obtida sem a autoi- 2a¢0 judicial nao pode ser usada para condenacdo de alguém, ainda aque seja a tinica prova existente, pois se 0 estado busca condenar al- guém, deve fazé-lo pelos meios licitos, constitucionalmente adequados. Impée-se diferenciar a prova ilicita da prova meramente ilegitima: ilicita é prova inaceitavel, porque colhida em desacordo com valores constitu- cionais (sigilo das comunicagées, inviolabilidade de domicilio, et); prova ilegal é aquela colhida em mero desacorda com formalidades legals (re- gras processuais) e que, por nao violar valores constitucionais, serd vélida desde que seja repetida (ex: quebra de sigilo determinada com base em fundamentacao insuficiente — e que pode ser complementada). Prove ile- gal 6 0 género, que abarca tanto as provas ilicitas quantos as meramente ilegitimas. 2.2. Teoria dos frutos da drvore envenenada (“fruits of the polsonous tree”); trata-se de uma teoria americana, adotada pelo STF, de acordo com a qual a ilicitude da prova se comunica &s demais dela decorren- tes. Assim, a simples existéncia de um prova ilicita ndo anula todo 0 proceso, mas as provas que sejam conseqiiéncia légica da prova iicita ‘também serdo alcangadas, pois de uma drvore envenenada no podem surgir frutos bons. 2.3, Provas ilcitas e proporcionalidade: aceita-se o uso de provas ilicitas para fins de defesa, quando esta for a Unica prova disponivel, pois é me- Inor aceitar 0 uso de uma prova colhida em desacordo com a Constituico do que condenar um inocente. Aliés, como anota o prot. Zélio Maia, nes- ses casos sequer teremos provas licitas, mas antes um prova que, por ser admitida, torna-se lita. 2.4, Em suma: s8o inadmissivels 8s provas obtidas por melo ilicito (gra- vvagao clandestina de conversa telefénica, correspondéncia violada, etc.), por expressa determinacSo constitucional (art. 58, LVI). Assim como no processo judicial, as provas ilicitas so maculadas de nulidade insanavel, devendo ser absolutamente desprezadas ~ no sé elas, mas quaisquer ou- tras provas dela decorrentes, pela teoria dos frutos da érvore envenenada, edulaua pelu STF. Percebarse que u prova ilcita @ nla, @ no © proceso em si. Vem-se admitindo que mesmo provas ilicitas podem ser aceitas, desde que ventiladas como meio de defesa de um acusado, Essa tese, baseada no principio da proporcionalidade (é melhor admitir uma prova iiicita do que punir um inocente) pode ser aplicada ao processo adminis- trativo, desde que haje algum acusado. 48 Process ADMINISTRATIVO 3. Prova “emprestada’ e escuta telefénica: embora 0 art. 5¢, Xi, da CF, de- termine que o sigilo das comunicacdes telefénicas sé pode ser quebrado por ordem judicial para fins de investigacdo criminal ou instrusio proces- sual penal, 0 STF tem admitido que a gravacio autorizada pela justica, Utlizada em um processo penal, seja apraveitada em processo adminis- trative disciplinar, como “prova emprestada’, sem configurar provailicita Sobre o assunto, Alexandre de Moraes ressaiva que “a possibilidade de utiizago dessa prova emprestada somente serd vedada, quando verifica- “PROVA EMPRESTADA. Penal. Interceptagdo telefbnice. Documentos. Autorizagio judicial e producdo para fim de investigacdo criminal. Sus- pita de delitos cometicos por autoridades e agentes puiblices. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento administrativo dis- ciplinar, contra outros servidores, cujos eventuaisIliltes administrativos teriam despontado 8 colheita dessa prova. Admissiblidade. Resposte afirmativa a questdo de ordem. Intellgencia do art. 58, inc. XU, da CE, € do art. 19 da Lei federal n® 9.296/96. Precedentes. Voto vencido. Dados ‘obtidos em interceptacdo de comunicacdes telefénicas, judicialmente autorizadas para producdo de prova em investigagio criminal ou em instrugo processual penal, ber como documentos colhidos na mes- ‘ma investigago, podem ser usados em procedimento administrative

Você também pode gostar