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* .. Huco Marr DA LUcia MACHADO RENATO DE MELLO Orgs. ANALISE DO DISCURSO Fundamentos e Praticas 1 FACULDADE DE LETRAS DA UFMG Nicleo de Andlise do Discurso a BELO HORIZONTE al 2001 al 3 3 asta Mauer}, Copies -MARL, Feral, Anco discors:jendumentore prices. Belo orieoate Néeiea de Anise do Discuiso-FALE/UFMG, 200. RETORICA, ARGUMENTACAO E DISCURSO ‘Wander Emediato DE SOUZA Fale-UFMG ¢ CAD/Paris XI INTRODUCAO © pesquisador interessado pela questo do discurso se encontra, em algam momento de seu trabalho, como problema da intengiio de influéncia © da persuaséio. Toda ago comunicativa é finalizada, ou seja, dirigida a um fim. Esse fim pode ser, por exemplo, o de influenciar um auditério ou tm interlocutor a fazer algo ou a aderir a ‘uma crenga, Por outro Jado, uma intenglo pode estar simplesmente selacionada com uma finalidade informativa sem que esta esteja necessariamente a servigo de uma influéncia, Nem toda informagiio visa intencionatmente a influenciar um audit6rio. O ato de responder a uma pessoa que nos pergunta as horas dificilmente (salvo ma fé) inclui um fim de influéncia sobre sua crenga no tempo. Por outro lado, situagdes marcadas por conflitos de posicSes e de crengas, onde virtuais ganhos e vantagens se encontram em jogo, implicam uma outta maneira de ver as coisas. Nesses casos, nfo estamos na presenga de uma simples intengiio informativa, pois 0 roteiro da eommnicaglio se tora hastante importwate na realizaedo de ganhos e vantagens. O principio de influencia € entio valotizado, ¢ as estratégias de Tinguagem cotocadas em jogo visam a elaborar um discurso capaz nifo sé de transformar as crengas de um auditério, como também de faré-10 aderir as teses que Ihe sero apresentadas. Entramos assim no terreno da argumentacio € da retérica. Vérias so as teorias da argumentagéio. Em termos discursivos, um princfpio comum parece fundamental : argumentar & um ato que visa a provocar em um auditério, por meio de um enuncisdo ou de um conjunto de enunciados, uma rélativa adesio a um outro enunciado (tese, conclustio ou ‘inferéncia) deduzido a partir do primeiro, Esse 1s? ptincipio fundamental assimila a argumentaglo A retérica © A inferéncia I6gica, podendo ser representado pela seguinte férranla A Qc em que a letra (A) representa um primeiro enunciado com valor de Argumento, ¢ a letra C representa um segundo enunciado, dedutivel de A, representando a Conclusio. Em termos gerais, 0 principio pretende que dizendo A, o locuter queira Jevar o interlocutor (euditério) a concluir C © a aceiter tal conclustio como verdadeira, posto que justificada por A, Até aqui, a questio da argumentagao no parece ainda colocar um grande problema. Da formula acima, podemos facilmente construir arguinentagGes, tais como : Asc 1) O candidato 6 bonito — vote nele 2)O candidato 6 honesto -> vote nele On 3} Todos os homens so mortais, ‘Séorates ¢ um homem, —S6erates € mortal De maneira geral, os enunciados em A podem representar, em situaedes determinadas, argumentos mais ou menos vélidos para concluir ©. Entre (1), (2) ¢ (3) ha visivelmente uma diferenga: os dois primeiros dependem do contexte ¢ podem ser facilmente refutados, enguanto o enunciado (3) visa a construir uma inferéncia légica, independente do contesto, j& que sua conclusto nio pode ser refutada se forem aceites as premissas. Os dois primeiros enunciados, mais importantes para 0 nosso propésito, podem ser oferecidos como razdes para levar um anditério.a concluir Ce a efetuar a aco proposta em C de votar em um candidato que possua um dos predicados de A. No entanto, podem-se aceitar as premissas ¢, mesmo assim, refutar a conclusdo. Vista desta mancira, a argumentagto se reduziria & proposigao de predicados positivos capazes de orientar a conclustio. © problema comega a se complicar quando resolvemos questionar qual € a fungao da flecha (>). Questionar a funcio da flecha consist 158 é : : ' sooieeoennrnemnrren: em problematizar a relagio instourada ov postulada entre Ae C, ov seja, entre o argumento apresentado ¢ a conclusdo que se pretende validar por meio desse argumento, A. flecha representa a lei de passagem, 0 elo que permite ligar A a C de maneira que tal relago parega natural ¢ nio problemdtica, quando, na verdade, ela o &. B, pois, essa lei de passagem que pretende estabelecer uma relagao argumentativa entre © predicado “Bonito” ¢ a canclusio “Vote nele”. £ ainda essa lei de passagem que postula que 2 “honestidade” é um bom argumento para votar-se em alguém (ou a “eficiéncia”, ou, ainda, 9 fato de ser “de esquerda ou de direita”). Isso equivale a dizer que ‘qualquer argumento pode ser vélido desde que ele esteja validado por uma lei de passagem aceitdvel. A adesto de um audit6rio & conclusio ou tese defendida depende da forga argumentativa da lei de passagem e de sua aceitabilidade. E, pois, a lei de passagem que constitui o niicleo de toda argumentagSo. Para compreender o fendmeno da argumentagio, devemos esclarecer melhor este princfpio que parece sustentar as argumentagbes € motivar cada vez mais os estudes nessa area. Propomos aqui um breve percirso pelo probleme, apresentando quatro trabalhos todernos sobre a questiio da argumentagdo. Todos propéem, cada um a sua ‘maneira, uma Visto te6rica da argumentagio © da lei de passagem: a teoria neo-estrutaralista da argumentagao de Duerot, a Nova Retérica proposta por Perelman e Ollbrechts-Tyteca @ 0s modelos desenvolvicos por Charaudeau ¢ Toulznin. As teorias da argumentagdo pertencem a uma antiga tradigfo: a da retérica. Blas representam uma certa retomada desta disciplina que se encontrava relativamente morta, Com a evolucio dos meios de comunicagio de massa ¢ das democracias, 0 estudo da retorica volta A tona de maneira espetncular. Faz-se necessario, antes dé entrar no dominio propriamente dito da argumentagio moderna, um breve percurso pelos fundamentos da ret6rica cldssica. FUNDAMENTOS DE RETORICA B no contexto da Grécia antiga e em oposigiio aos tiranos que até entio exerciam 0 poder nas cidades gregas que teria surgido a retérica como pritica metédica (e ensinada) de uso da eloqiéncia, Sua emergéncia é sitada na Sicilia do século V antes de Cristo, dorante a 159 queda de um tirano que tinha em Corax seu principal ministro, Corns Ehao que responder A multidio que exigia ver seus assuntos Teolvidos (sobretudo questées de terra e bens) foi levado a se cxplicar, Obteve um tal sucesso com seu discurso eloglente as cchvenceu a multidio inquieta, Surpreso com o poder do proprio Gleourso, Corax decidiu ensinar a retérica como arte da oratéria © da ‘persuasdo. Foi, pois, num contexto judicidrio que a retérica feve Sn Pmergéneia, em umna situa tipica de acusagto e defesa-justivicssio. a rreriea jniciou assim ume carreira extraordinéria que se confunde Jom o desenvolvimento da democracia grega. Passou a ser ensinada sovaistema de edacagilo grego e era apresentada como fundamental © {inl na acho politica, na administragdo das cidades © no sistema de Jecisdo, deliberagao e julgamento de causas nos tribunais. O discfpule mais famoso de Corax, Tisias, era igualmente um grande orudor © teve: por disefpulo um dos mais famnosos oradores da époce, Oérgias, citado Por Plato em inimeros didlogos © mais expecificamente em seu Gorgias, onde disloga com Séerates, grande apositor da retérica Para os grogos, a retérica € a arte da elogléncia © o estudo desta corresponde ao estudo’ do discurso € das téenicas utilizadas pare persuadir, manipular ou convencer um ‘auditério'. Seguindo a tradig¢ao Relenistica, Quintiliano (Institutions oratoires, TI, xv, trad, franceso, Ouizifle, Gamier, 1865: 180) a define assim: “a retGrica € a arte de falar sobre 0 que constitui um problema nos negécios civeis, de qameira a persuadir” (trad. nossa). A retérica se repartia em 3 géneros Ye diseursost 0 género judicifrio, que se realizava na prética de fcusagio 00 de defesa nos tribunais, sustentado no ertério de “justo” © sejoveomo meio de argumentagio poncipal o antimema, espécie de Taolovicio dedutivo; o enero deliberative que servia para orlontar as Yecisdes das assembléias puiblicas no que era util a cidade, Tinha no fexemplo © na analogia 0 principal argumento; por fim, o genera cpidigtico, que se eevpava da Tonvagio (de heréis, de defuntos, go Corugem) sobre 0 critério do belo © tendo como argumentacko predominante a amplificagdo, Além dos generos, 0 ensino da retérica ——— 1 Nada parece distinguir substancialmente a retérica da argumentagto. Nesl= ponto, ba que se fazet urna distingdo entre das reéricas, n retérica 0 Tonio, que € uma rexdrica argumentativa, da retdrioa das figura que $ Confunde com uma teoria da literatura. Nosso interesse estarfi voltndo aqui para a retGrica argumentativi. 160 cera commmente subdividide em quatro partes, cada uma servindo Pars ‘melhor estruturar 0 discurso’ vote nele, a beleza do candidato 6 apresentada como um argumento villido para nele se votar, @ a flecha indica que 0 Topos solicitado para validagio postula a beleza como uma gualidade ou virtude admitida pelo auditério ao qual o argumento é dirigido como vélido para a defesa da tese (ou conclustio) de que se deve votar no candidato em fungao de sua beleza. Nesse caso, 0 argumento sera vélido se, e somente se, 0 auditério admitir 9 Topos apresentado*. Nosso breve percurso pela retérica nos permitird observar como quatro correntes modemnas do estudo da argumentagio tratam o assunto. Buscaremos observar como cada uma dessas comentes desenvolve uma noc&o prépria de lei de passagem (on topos) e prope, a partir daf, uma teoria da argumentacao mais ou menos original AS TEORIAS DA ARGUMENTACAO NA ATUALIDADE, A Nova Retérica de Perelman e Olbrechts-Tyteca, A éefinigio que Perelman ¢ Olbrechts-Tyteca (1970: 5) dio da retérica nao se distingue da que encontramos na retdrica cléssice. Eles a definem como o “Bstudo das técnicas discursivas, permitindo provocar ou intensificar a adesio dos espititos as teses que Ihe so apresentadas”, © que encontramos em Perelman ¢ Olbrechts-Tyteca coresponde, com eftito, a uina etomada da retérica clissica e de grande parte de seus fundamentos, Partindo dos trés géneros maiores da retérica clissica, o que visa e regulamentar as decis6es politicas (géneto deliberative), reforgar as normas sociais e morais (género epidictico) e sancionar as condutas repreensiveis (jénero judiciério), 5. Validagao provisGria de uma tese, 216 que, como ressaltou Meyer (1993) a Propésito da tendéncia igualmente positivista de Artstételes, 0 discurso apodietico da filosofia ou da ciéacla possn revalidé-In ou zefuté-ia, * Veremos adiante que, para Docrot, tratese de um topos extrinseco que dopende exclusivamente do contexto, se 0s autores buscar hierarquizé-los como tés tipos de discursos enfatizando 0 judiciério. A nova retérica busca a reconstruir empiricamente a teoria da argumentago em funcdo dos diferentes tipos de discurso, analisando 0s metas de provas dos quais se servem os mais diversos discursos: “.. examinaremos argumentagdes apresentadas pelos publicitdrios em seus jornais, pelos politicos em seus discursos, pelos advogados em suas causas, pelos julzes em seus julgamentos, pelos fildsofos em seus tratados.” (Perelman C. ¢ Olbrechts-Tyteca, 1970: 13) Para Perelman, ¢ a exemplo dos fundamentos da retérica clissica, a situagao argumentativa ¢ uma situacdo originalmente conflituosa, no interior da qual se encontram teses opostas sendo apresentadas € visando & solngiio do problema, Como ressaltou Plantin (1990), 0 conceito de “justo” desempenha um papel central © fundamenta a argumentagio em Perelman na retérica juridica, “Justo”, como ressalt Plantin, pode ser analisado em suas duas conotagdes fundamentais: de justica'- conforme a lei ~ que remete 20 campo jurfdico e de Jjustificado - razodvel - 0 que pertence ao bom senso. © conceito de “Justo” se apresenta em Perelman como urna meta-regra argumentativa que avalia 0 nivel de racionalidade das agdes & decises. A regra de. justica em Perelman, em conformidade com Aristételes, fundamenta e reforca a racionalidade argumentative. Apoiando-se na tradiefo, Perelman faz desta o sustenticulo da racionalidade argumentative, como se se tratasse de um esquema estabilizado na histéria das argumentagSes. Como 0 autor afitma “ja que tal argumento foi eficez no passado em tal contexto, argumentos andlogos 0 serao em contextos anélogos". E, pois, a tradicno © uma espécie de consenso universal que legitima 0 discurso argumentativo em Perelman. Nesta nova retérica, 0 discurso argumentative no se encontra subordinado & nogao de verdade proposicional, mas ¢ uma Pragmatica de valores, conforme observa Plantin, j4 que 0 verdadeiro corresponde aos emunciados que so aceitos pelo auditério. “O grau de adesio do anditério a uma tese € a norma da verdade dessa tese & de sua racionatidade” (Plantin, 1990: 17). A verdade nao corresponds, ois, 2 adequacaa do enunciado ao real, mas ao consense social. 165 A leitura da obra de Perelman é fundamental para aqueles que se {nteressam pelo discurso argumentativo. Nossa breve apresentagdo de seu trabalho se limita a observar que a lei de passagem para Perelman coresponde a meta-regra de justia que sustenta a argumentago, ou seja, 0 conceito de argumento “justo” corresponde a0 topos gue Perelman recupera de Aristételes ¢ o desenvolve como um principio que une 0 orador a um auditério universal construfdo pela tradigao e pelo consenso sobre o que ¢ justo. Dessa forma, e de modo esquemético, a que possibilita a um certo auditério aceitar o argumento “Ele € honesto” como justo para se concluir que deve-se Yotar em um candidato € uma tradigo moral e ética que faz da honestidade uma virtude humana e um valor pragmaticamente pettinente, a9 olhos do cleitor, para a definigao de um bom candidato. Terfamos entao, em Perelman, a férnmula: Ele é honesto > Vote nele Asc metacregra de justin na qual A representa o Argumento, C a conclustio a que se deve chegar ou tese defendida, ¢ a flecha comesponde a metaregra de Justiga (@ honestidade € uma virtude que caracteriza wn candidato como bom) possibilitando a'passagem de Aa C. ‘Os Dominios de Avaliagio de Charaudeau Mais recentemente, Patrick Chataudeau propée um modelo da argumentagdo compreendida como uma espécie de quarta fungio da inguagem, ou modo de organizagio do discurso, a0 lado do descritivo, narrative © enunciativo, cujes procedimentos semfnticos repousam igualmente no consenso social, testemunhando certos valores compartithados peta comunidade. O dispositive argumentative inclui uma tese a ser defendida e um quadro de problematizagio, ¢ de questionamento (explicito ou implicito), 0 que se vé tanto em Perelman como em Toulmin e Meyer. Os valores, para Charaudeau, so organizados em cinco domfnios de avaliagio (Charaudeay, 1992: 814): dominios da verdade (verdadeiro ¢ falso), da estética (belo & feio), da ética (bem e mal), do bed6nico (agradével e desagradével) e do pragmatico (itil ¢ imitil). Tais domfnios de avaliagao funcionam come a lei de passagem em Charandeau, j& que, como em Perelman, 166 80 0S justificadores da argnmentagdo & so sustentados no consenso social. © argumento “justo” torna-se pertinente em funeao da justeza da utilizagdo de um certo dominio de avaliactio (Ele é bonito, vote nele: dominio estético ~ busca justificar a conclusao; ele é honesto: dominio ético). Funcionando como um dispositivo, a construgdo da argumentacao, para Charaudeau, encontra-se inserida em principios gerais que regulam o discurso. Seu modo argumentativo constsbi-se na interagdo entre esses principios gerais, as categorias da lingua (operagées Logicas) ¢ as catezorias do discurso (modos de raciocfinio, tais como a deducaio, a explicagio, a analogia, a restrigao). H4, pois, uma relagio estreita, na construgko da argumentagdo (configuracéo), entre as operagdes Légicas cléssicas e os modos de racioctitio que se servem dessas categorias da Ifngua como tipos de argumentos ou de meios de proves. Por outro lado, se a materializagio do ato argumentativo explicita um tipo de operagao Idgica ou quase-I6gica, 0 que o sustenta, em ultima andlise, € 0 dominio de avaliagéo (procedimento semintico). Tal perspectiva situa o modelo de Charaudeau entre a nova retética de Perelman ¢ a tradicéo légica. Como 0 dispositive prevé, nesse autor, um quadro de questionamento © de problematizacao, sua perspectiva se inscreve perfeitamente na linha da ret6rica do conflito, ou, na acepcio de Meyer, problematolégica, Os usos do argumento de S. E. Toulmin ‘Numa perspectiva pragmnética, Toulmin (1958) procura centrar a sua andlise sobre dois componentes fundamentais: um componente performativo ou “forea”, marcando a posi¢o do locutor no enunciado, como no caso da promessa, e um componente “criterial” dependente 0 domfnio considerado, O componente criterial relativize 0 valor do argumento © o interpreta dentro do dominio a0 qual ele faz seferéncia © avalia sua pretensio a validade, pois ele 6 dependente do contexto Ele serve de garantia da passage de A a C, uma licenga de inferir, tipo de zopos proposto por Toulmin, operando como let de passage no ato argumentativo. Se em Perelman a lei de passagem é, como vimos, uma metaregra de justiga, em Toulmin, ela ¢ um elemento variével em fangao do tipo de argumento e do dominio considerado, podendo corresponder a urna operacao do tipo causal, analégico, uma generalizagio, etc. A teorla da argumentagio de Toulmin se desenvolve assim como uma descrigao dos tipos de provas servindo 167 ao disenrso argumentativo. Trata-se, para Toulmin, de estudar as ‘€cnicas utilizadas por um locutor para justificar seu raciocinio e, nese ponto, sua abordagem é bastante descritiva. O esquema de Toulmin € geralmente represertado assira : Dac L no qual (D) representa 0 dado (ou argumento), (C ) a conclusao & (L) 05 enunciados impitcitos que justificam 2s conclusio, ou seja, a licenga de inferir. Para compreender 0 modelo de Toulmin, apresentamos 0 sen exemplo mais cléssico’ (© Harry € sidito britinico, uma tal assergéo € inserida numa situagio de conflito na qual a assereao & contestada. Diante da réptica que coloca em diivida 0 fato de Harry ser um stidito briténico, 0 locutor € levado a justificar sta asserpao por um dado (D). © locutor pode apresentar, por exermplo, o seguinte dado: (D) Harry nasceu nas ithas Malvinas. O interlocutor poderd ainda contestar a assergao € nao aceitar 0 dado apresentado como pertinente para justificar a pretensdo A validade do etmunciado original. A questdo, a partir dai, toma cutra dimensio, pois © dado apresentado continba j4 para o locutor, uma pretensiio & validade pertinente. © terceiro elemento (L) estabelece a relacio entre () e (C) por meio de um enunciado implicito (As pessoas nascidas nas Hhas Malvinas so, ein geral, siditos britdnicos) que permite a Inferéncia © a passage, completando assim 9 esguema argumentativo, O tipo de prova apresentado, nesse caso, ¢ sustentado pela premissa inicial (@ maioria das pessoas nascidas nas. ilhas Malvinas 6 sidito britfinico; Harry nascea nas Thas Malvinas, logo, Harry € stidito britanico). Mesmo se a regta permite a passagem de (D) a (C) , ela pode ser ainda refutada, pois tal esquema argumentativo permite a refutagiio. © esquema pode ser assim ampliado para prever a refutagio inclvindo, por exemplo, uma regra de restrigao (R): 168 @) > ©) ‘Nasceu nas ilhas Malvinas + Harry € stidito brité ico (L) a menos que (R), seus pais sejam estrangeiros as pessoas que ;naseema nas Malvinas sf0, em geral, siiditos britanicos. ‘Vé-se, pois, que o esquema de Toulmin busca oferecer uma descrigao ¢ uma certa tipologia de provas servindo a justificar os argumentos. O esquema € flexivel, accita ambigtidades © restrigées uazidas por argumentagées secondétias. Plantin (1990) observa que o interesse maior do modelo de Toulmin € justamente sua nogdo de lei de passagem, que se confunde plenamente com a noglo de topos da retGrica classica ov ainda a de ugar comum. Nota-se, porém, que a lei de passagem nao oferece uma garantia segura entre 0 argumento © a conclusto, j4 que ela pode ser contestada, 0 que a afasta da I6gica inferencial clissica. A previsio da necessidade de argumentos suportes ou secundérios visando a garantir a argumentagio € uma contribuigéo igualmente original que prevé assim um esquema argumentative em rede. Ebninger e Brockriede (1960) buscaram aplicar as idéias de Toulmin, desenvolvendo a nogio de lei de passagem como fipos de provas, relacionando-as 8s formas gerais da argumentagao, Trés tipos de argumentagSes 520 propostas pelos autores’: 1) argumentagSes fundadas sobre a estrutura do real, que eles subdivide em seis categorias + = pela causa = (D) este produto passou por testes mais avangados que nos concorrentes; (C) ele é provavelmente de melhor qualidade; (L) 0s testes uvangados conduzcm geralmente a produtos de melhor qualidade. - pelo signo (indicio) = (D) em dez reunides, Alberto chegou atrasado nove vezes; (C) ele chegard atrasado na préxima ” A classificagio relacionada aqui foi transcrita ¢ traduzids a partir do refato de Christian Plantin das classificagdes dos autores citados, em Plantin (1980: 431-32). A classificagio original pode ser encontrada em Ehninger, D., & W. Brocktiede, “Toulmin on argument: an interpretation and application”, in J L. Golden, et al., 1983, pp. 377-386. 169 reunitio; (L) os atrasos passidos so sintométicos da atrasados futuros. ~ fundadas em urna generalizapao = (D) Os prefeites de Sao Paulo, Rio ¢ Minas Gerais sio favoréveis a uma descentralizacao; (C) os prefeitos das outras cidades 0 sero igualmente; (L) © que é verdadeiro de uma amostra representativa se revelerd verdadeiro para os outros membros da mesma categoria. - em.um paratelismo de situagdes = a coincidéncia entre 0 fiuxo de carros no fetiado e de uma semana chuvosa provocaram o aumento dos acidentes nas estradas; (C) a coincidéncia dos retornos do feriado e de um fim de semana chuvoso deve ter as mesmas conseqtiéncias. (.) as condicoes de circulago seriam similares, 0 que provoceria as mesmas conseqiiéncias, - em uma analogia = (D) medidas ad hoe permite reduzit os fracassos na escola; (C) medidas ad hoc permitiriam reduzir os fracassos na universidade; (L) a relagdo preciugdo-redugio dos fracassos & a mesma nos dois casos. = em uma classificagdo = (D) 08 estados totalitérios sio capazes de tomar decisGes répidas: (C) o estado totalitatio X € capaz de tomar uma decisdo rapida na crise atual; (L) 0 que & verdadeiro para a maior parte dos estados totalitrios é provavelmente verdadeiro do estado totalitirio X. 2) argumentagies de autoridade: (D) 0 locutor diz. ‘P"; (C) “PY; (L) 0 que diz.o locutor sobre P 6 credivel. 3) argumentagdes relacionadas a motivos ¢ desejas de uma pessoa: (D) 0 éleo de figado de bacalbau € bom para a satide; (©) Alberto deve tomar dleo de figado de bacalhau; (L) Alberto deseja estar em boa satide. Trata-se, pois, para os autores, de interpretar e aplicar as idéias de ‘Toulmin numa tipologia de provas ou tipos de argumentagies que pode ser bastante util na cescrigfo de textos © ermnciados argumentativos. Eles corespondem, assim, a uma representagao descritiva das leis de passagem segundo a orientago de Toulmin, 170 ‘A TEORIA DA ARGUMENTACAONA LINGUA DE OSWALD Ducror® Dos modelos apresentados acima talvez o mais original seja 0 desenvolvido por Oswald Dvcrot no que ele chamou inicialmente de Teoria da Argementag&o na Lingua (ADL = I'argumentation dans La langue) ¢ que passou a ser conbecida como Teoria dos Topoi. Nao iremos agui retorar © infcio dos trabalhos de Ducrot, em sta maioria concentrados. sobre o estido dos conectores argumentativos (basicamente conjungées subordinativas conclusivas € opositivas) operadores argumentativos (pouco, um pouco, muito, bastante, demais, etc.) que serviam para demonstrat as orientagoes argumentativas oa instrugoes de sentido dos _emunciados argamentativos, Para um estudo desta fase inicial da teoria, hi uma vasta bibliografia a respeito. Vamos nos concentrar, aqui, na apresentago suméria dos problemas apontacos na teoria dos topo! & nos estudos recentes discutidos em seus semindrios na Ecole de Hautes Etudes en Sciences Sociales em Paris, que acompanhei nos ‘iltimas quatro anos. Recuperando a nogio Atistotélica de Topos, Ducrot ird propé-la ‘como sua lei de passagem em uma versio bastante original. Para ele, como os demais autoras, 0 que garante a passagem de um argumento (A) a uma conclusto (C) é um fopos. Num ato enunciativo, 0 locutor fomece ao interlocutor certas indicagSes sobre 0 camino que cle escolheu, ¢ © interlocutor, ao interpretar, busca reconstruit esse caminho a partir das instrugdes fornecidas pelo locutor em seu enunciado. Os topo sio estas indicagbes que permitem efetwar uma escolha entre os eaminbos possfveis. Para isso, torna-se necessério que haja, em uma determinada comunidade de Jocutores em relago, um certo consenso sobre os objetos da interagao. Os fopot representam esses princfpios gerais e consensuais operando Aa comunidade & permitindo passer, da enunciagio de um srgumento (A) a uma ‘conclasdo (C), ou seja, de aceitar (A) como um argumento favordvel © vlido para se concluir (C). Para Ducrot, a argumentagao toma a forma 6gica de um enunciado do tipo: 5 @ que chamamos aqui de teoria de Ducrot, incorpora, ¢ claro, as contribuigdes de Jean-Claude Anscombre, Marion Carel ¢ PLY. Racab, presentes na publicagiio coletiva organizada por Anscombre, im A donc C ‘Est fazendo calor, portanto, deverfamos sair para passear. Em (A) apresenta-se um enunciado com valor de argumento que tem na idéia de “Calor” o seu micleo, Em (C) esté presente um segundo enunciado com valor de conclusfio que tem como micleo a idéia de “Sair para passear”. O calor é apresentado, pois, como um argumento valido para um passeio, pelo menos no mbito de uma determinada comunidade. Na teoria standard dos zopol, estes se apresentam como ‘as garantias dos encadeamentos? (enchainements) discursivos. Se, com efeito, de um eaunciado 1 (B1) pode-se concluir um enunciado 2 (22), é por intermédio de um teiceiro termo, ur topos (ou um pacote de topo’) que permite operar a ligacfio entre El ¢ E2, Inicialmente, Duerot os apresenta como correspondendo a formas tdpicas (FT) que assumem as segutintes modalidades Topos concordant (+P, + Q) ou, concordante converso (- P,-Q) O enchainement “Est fazendo calor (+P), portanto vamos a praia GQ" € possivel gragas a um topos concordante enquanto o enchainement “Nao esté fazendo celor (-P), no vamos & praia (-Q)” representa um topos concordante converso. Ambos fornecem uma imagem normasiva do topos. Os topot normatives servem a formar os enchainements conctusivos do tipo A done C (A, portanto C). Topos discordante : (+P, -Q)ou (-P, + Q) O enchainement “Esté fazendo calor (+P), entretanto nfo vamos & praia (-Q) “ov 0 enchainement “Nio estd fazendo calor (-P), entretanto vamos 2 praia (4Q)" sto igualmente posstveis, Nota-se, porém, que eles transgridem a norma que faz do calor um bom argumento para ir & praia, Nos ropot discordantes, usa-se 0 mesmo argumento “O Calor” para uma ago contréria aquela que normalmente se espera (a de ir & praia). Isto € posstvel gragas ao ° Traduzimos enchainement por encadeamento, no sentido de enuncindas que se encadeiam, produaindo continvagdes. Doravante, manteremos 0 termo francés enehainement diseusivo, que § também um sindnimo de argumentagao, 172 conector “entretanto” (pourtant, em francés) que informa o interlocutor que ele aceita o “calor” como argumente vélido para ir & praia, mas prope, apesar disso, nio efetwar esta aco, Ducrot chamard este tipo de enchainement de rransgressivo ou exceptivo. Eles no servem, pois, para formar os enchainements conclusivos, mas servem para formar, ao contririo, 0s enchainements transgressives. Nota-se, porém, que eles fazem alustio ao mesmo topos normative, j6 que se constituem, por meio das conjungGes opasitivas, em transgressées (excegées) da norma. Transgtedir uma norma é fazer alusio a ela, € aceité-la como pertinente, Uma tal solugio visa a demonstrar que o esquema t6pico normative Calor/ir & praia permanece valido nos dois casos e € por isso que 0 locutor fecorre, no aso dos transgressivos, &s conjuncGes opositivas e adversativas, Nesta primeira versio da teoria, postulava-se que 08 ropof viriam do exterior, ou seja, que exam exiralingilisicos © convocados da sociedade, representando certos esquemas socioculturais, estereétipos ov ideologias. Eles nifo eram introducicios na significagéo lingitistica Tal prinefpio colocava um problema em uma teoria que se propunha a estudar a argumentazo. na lingua, ou stja, de forma ndo referencialista, Bla se depara, como os outros modelos, com a questo do consenso social como princfpio fundador da Jei de passagem e do topes. Postulando a teoria da argumentagiio como ume pragmiitica integrada a lingiistica, Ducrot buscar reformular 03 postulados iniciais de forma a evacuar a referéncia da teoria e mostrar que a descrigdo de um segmentio S so os enchatnements evocados por S, ou seja, que pertencem ao semantismo intrinseco de S. Como atingit um tal ‘objetivo se niio hé nada, em principio, que liga semanticamente “Calor” a “Passeio na Praia”? A descrig’o do segmento § “Calor” nio inclui “Passeio na praia”. Torna-se evidente que a relacdo que permite ligar (enchafrier) “Calor” a “Passeio na praia” € um esqnema sociocultural, um hébito que se tornou consenso, logo, um fator totalmente extralingiistico, ou seja, extiinseco e nfo intcinseco 3 Ifngua. A solugio encontrada por Ducrot foi a seguinte: exisiem ropet ou enchainements extrinsecos (da tipo Calor/Passeio na praia ou Alberto & wn génio, logo ele é insuportével) que $6 podem ser utilizados em fungio do contexto, dependem do contexto e se sustentam 173 exclusivamente no consenso € nas representac6es socioculturais . Por ‘outro lado, existem os tapai ou enchalnements intrinsecos (do tipo Pedro € rico, ele pode comprar tudo que quiser ou Alberto & um sénio, ele pode resolver problemas difictlimos). Dessa forma, Ducrot pensa poder evacuar a referéncia da teoria, adotando, como objeto privilegiado da teoria da argumentago na lingua (ADL) os repo? ou enchatnements intrinsecos. Isto € possfvel, segundo 0 autor, porque pode-se notar, sem dificuldade, que nos enchainements intinsecos, os sentidos das unidades estéo semansicamente relacionados. Nos exemplos, Pedro ¢ rico, portanto pode comprar mdo o que quiser, temos dois enunciados enchainés: Ax>c Pedro é rico done pode comprar tudo o que quiser, Ducrot considera este enchainement como intrinseco porque no sentido de “rico” jd esté contido o sentido de “poder de compra” o que toma a conchusio praticamente automética. Da mesma forma, no enchainement: Ase Alberto €um génio donc pode resolver problemas dificflimos. seria intrinseco porque no sentido de “Génio” jé esté contido o sentido de “Poder solucionar problemas dificeis”. O que permitiré, pois, passer do argumento (A) & conclusao (C) nao seria uma lei de Passagem representando um consenso social ou cultural acerca dos objetos, mas o préprio semantismo intcinseco das unidades lexicais ¢ dos segmentos da lingua, De modo oposto, enchatnentents do tipo: Axo>c Pedro ético done ele é avarento seriam extrfnsecos ¢ dependeriam do contexto, pois no sentido de “rico” no esté contido o sentido de “ser avarento”, este sentido s6 pode ser evocado em um contexto favordvel e sustentado por oma fepresentaco sociocultural relacionando riqueza e avaeza. Da mesma forma, o sentido de “Génio" nao contém 0 sentido “ser insuportdve]” ¢ um tal enchainement torna-se dependente do contexto. 174 Com os topo! intrinsecos ntlo hd mais independéncia entre o argumento ¢ a conclusio, jé que o sentido de um esta contido no outro ®, de certa forma, argumento e conclusio se parafraseam reciprocamente, Doravante, na teoria da argumentagio na lingua, Ducrot propée os seguintes principios gerais: + Tese gral: «O sentido de uma entidade Jingtiistica no é constitufdo pelas coisas ou fatos que ela designa, nem pelos pensumemtos ou crengas que ela exprime, mas pelos enchatnements discursivos (= argumentagdes) que ela evoca». Evacua-se assim a referéncia (a informacao trazida por $ nfo é importante) © passase a estudar as _continuagées, intrinsecamente evocadas pelos segmentos lingiusticos. ~~ As argumentag6es so de dois tipos: normativas (em DONC = poftanto) ou transgressivas (em POURTANT ~ entretanto). - Uma entidade lingtistia # evoca argumentagSes de 2 formas: a) de forma extema (argumentagSes externas). Trata-se de argumentagées onde E é um dos constituintes. b) de forma imterna (argumentagSes intemnas), Trata-se de argumentagGes onde £ no é um constituinte. Exemplo de argumentaciio externa : E= Pedro € prudente. Asgumentagao externa de E = Pedro € prudente, portanto ele toma precangées. (E é um dos constituintes). Jo de argu lo int 2 = Pedro é prodente. Argumentagao intema de B = Pedro toma precaugao, portant nio 1hé perigo. (E nto é um dos constituintes). Tal opcao faz da ADL uma corrente neo-estruturalista do estudo do discurso argumentativo ¢ se opde claramente ao modelo de Toulmin (modelo pragmatico contextual) ¢ ao de- Perelman (pragmitica dos valores ¢ do consenso social), No iremos, aqui, apresentar uma critica & pretensio da ADL de-evacuar a referéncia da argumentagio’®, Ceitamente, tal modelo reduz a argursentacio a um estude de Potencialidade semfntica da lingua de evocar continuagdes que se sssemelham a paréfrases definicionais. Evacua-se, assim, junto com a referéncia, a parte conflitual de toda argumentagao, assim como a complexidade que faz do discurso argumentativo tim dispositivo bem mais amplo que inclui locutores e interlocutares em ralagbes imersubjetivas, agonsis © cooperativas ao mesmo tempo. com ‘aes reptesentacSes do mundo, intenedes e fins Coneuusa0. Nosso percurso pela retcrica antiga e por quatro tendéncias modernas do {cstudo sobre a argumentago. mostra que, apés um longo ostracismo © sua redugio a uma retérica das figuras na literatura a retGrica argumentativa parece gozar atualmente de um certo “enascimento. Afinal, 0 nove paradigma modesno faz da linguagem 0 objeto privilegiado da majoria das cigncias humanas. Com efvito, ¢ exolustio dos meios de comnnicagio de massa, da proliferagao. de géneros televisuais, radiofénicos e da imprensa esctita, fan da Somunicacdo © da manipulucdo da linguagem um fenémeno jamais visto. O desenvolvimento das democracias © dos meios de participagdo tem certamente uma influéncia sobre o fendmeno, pois o tse do discurso passa a desempenhar um papel fundamental nas GeliberagBes eoletivas © nas justificagtes de medidas, de agdes ¢ de Geeisbes. No campo cientfico, a desenvolvimento da pragmitica (na goal eu situaria a andlise do discurso) coloca em evidéncia a importincia adquitida peto estudo das récnicas e meios utilizados para P,aeenciamento do discurso e para a ago. comunicativa e persuasive No campo especitico da argumentacio, 0s quatro modelos tratades aqui refletem ties covrentes especificas: a de Perelman, mais atjneda com a retdrica cléssica que se define como uma pragmitica dos Nalores (ao justo, o bom, o justificado), a teoria de Tovlmin, que se Preseupa com os diversos usos do argumento, ou tipos de provas, que Poderta ser vista como uma pragmtica dos argumentos em canlente © Por fim, a de Duerot, a ADL, que se define ela mesma como uma — Uma critica a esse modelo foi feta por mim em patceria com o Prof Claude Chabrol da Universidade de Paris Ili e daverd set putlicads om breve 176 Pragmtica integrada, ou seja, uma pragmética lingulstica, 14 o ‘rodelo de Charaucenu, podetiamos situé-lo num campo que congrega. as comentes de Perelman ¢ de Toulmin, gozando de cota peculiaridade, jé que a argumentagdo se encontra inserida numa teoria eral do discurso enguanto um dos quatro Modos de Organizagio. De modo getal, os varios modelos expostos aqui reptesentam ama tetomada do problema do discurso argumentativo nas citncias da Binguagem pela via da retérica do conflito e da busca e controle de consenso. Wander EMBDITATO € Professor reogm-doutor na Faculdade de Letras én UEMG, siravés de convanio PRPG-UFMG ¢ FAPEMIG. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ANSCOMBRE, I-C, La chéorie des topoi, Pavis: éditions Kimé, ARISTOTELES. Rhétorigue 13556 25, rad. francesa, C-E. Ruclle ARISTOTELES. Topigues, 104 a3-10509. CHARAUDEAU, P. Grammaire du sens er de Vexpression, Pcis: Hachette, 1992 MBYER, M. De la problématotogie, Paris: Le livee de poche, 199] MEYER, M. Questions de rhetérigue. Langage, raison a: addiction, Past Le livre de poche Librairie générale trangaise, 1993, PERELMAN, C., OLBRECHTS-TYTECA, L. Trail de (argumentation. 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