Você está na página 1de 2

s seis, no formigueiro Tarifa Zero Goinia

Tarifa Zero Goinia

https://tarifazerogoiania.wordpress.com/2015/1...

Menu

O coletivo Tarifa Zero Goinia federado nacionalmente


ao Movimento Passe Livre. Somos um coletivo horizontal,
autnomo e anticapitalista, na luta por um transporte
pblico, gratuito e de qualidade; por mobilidade urbana;
pelo controle de trabalhadoras e trabalhadores sobre as
cidades as quais eles mesmos fazem funcionar. Por
direito cidade e por uma vida sem catracas!
Tarifa Zero Goinia em Boca no Trombone!
344 Words

3 de outubro de 201514 de outubro de 2015

s seis, no formigueiro

i
2 Votes
s seis horas, no ponto,
em pleno terminal;
no h fim.
Vontade apenas de chegar em casa, ao santurio, depois de tanto trabalho. O sol distrado vai
despedindo-se do dia, mas vai amarelado, surrado e ainda assim mostra alguma beleza. Mas uma
heresia falar em belezas aqui, o dia ainda no terminou, ningum est em casa, ns, formigas, apenas
vagamos neste inspito labirinto sem muros. Desde o incio do dia, este vai e vem. Comemos,
dormimos e compramos, para manter essa lgica das formigas temos de trabalhar, mas a maioria
esmagadora de ns, formigas vagantes, no dispe de meios de translocao de nossos mseros
corpos, por isso nos encontramos diariamente no terminal, s seis (com alguns acrscimos ou atrasos).
Nosso encontro estranho, nele h o silncio da multido inquieta, que grita sem emitir voz. No h
timbres, mas h movimentos percutindo no espao. Os corpos vagueiam, cansados, debatem-se,
mas
1 de 2
16-01-2016 02:00
no se tocam. Nem os olhares se conectam, no querem se ver, a cada formiga basta seu sofrimento.

s seis, no formigueiro Tarifa Zero Goinia

https://tarifazerogoiania.wordpress.com/2015/1...

Frenticos, mltiplos e infinitos ls e cs. As pernculas das formigas s param quando precisam
parar. Do movimento inrcia. Impacto. Ponto. Cada uma no seu ponto de espera, pois o nibus
nunca est onde deveria, que prestes a nos catar e nos levar para casa, nos retirar daquele
desassossego comum. A espera uma megera, que mata a nanomachadadas, golpes invisveis e
sorrateiros, mas capazes de retirar o combustvel, a energia vital das formiguinhas. Anoitece. Passa 5,
10, 15, 25 minutos. Anoitecemos junto. O tempo j nem importa. A espera tanta, somada a outras
impotncias do dia, que j no importa. O corpo j entendeu, lanou razes de formiga no cho de
concreto. Se mantm at firme, pois no sabe quanto ter que esperar, s sabe que o ter. Lugar
termal e infinito o terminal (l que mora a espera, a misria).
Por Helena Tavares

Etiquetado:
Transporte e Mobilidade

Blog no WordPress.com. | O tema Independent Publisher.

2 de 2

16-01-2016 02:00

Você também pode gostar