Você está na página 1de 14

SEMINÁRIO INTERNACIONAL

―DESENVOLVIMENTO NO DIREITO E NAS POLÍTICAS


DESPORTIVAS DA UNIÃO EUROPEIA‖

26 DE SETEMBRO DE 2007

O LIVRO BRANCO: A VISÃO DO COMITÉ OLÍMPICO DE


PORTUGAL

Depois de tantos anos marcados por uma abordagem descontínua,


errática e reactiva da União Europeia face ao desporto, a Comissão
Europeia elaborou, em Julho último, um ―Livro Branco‖ sobre esta matéria,
acompanhado de dois documentos de suporte, surgindo muito pouco tempo
depois de um outro documento relacionado com assuntos de saúde
―Estratégia da Europa em Nutrição, Excesso de Peso e Obesidade‖.

Não se tratando de um texto juridicamente vinculativo, a sua força


política, indissociável da própria força do desporto, justifica, sem dúvida, o
debate, a análise, a busca de encontrar um sentido e uma sequência para o
conteúdo do documento.

E é isso que o Comité Olímpico de Portugal se propõe fazer hoje,


numa intervenção necessariamente breve, e estruturada em duas partes.

Na primeira, procuraremos avaliar o relevo que a Comissão dá no


Livro Branco ao Movimento Olímpico e às matérias com ele conexas.

Num segundo momento, procuraremos aferir dos eventuais efeitos do


Livro Branco nas políticas desportivas dos Estados-membros e no
quotidiano do movimento associativo.

No que respeita ao Olimpismo, merece especial destaque o facto de o


Livro Branco começar com uma citação de Pierre de Coubertin, e de a

1
Comissão baptizar o seu Programa de Acção precisamente com o nome do
Barão fundador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.

No mais, todas as referências são avulsas e esparsas, merecendo


destaque as seguintes: (i) a necessidade de um diálogo inclusivo entre a UE
e os Movimentos Olímpico e Paralímpico; (ii) o relevante papel da
Solidariedade Olímpica; (iii) os métodos de eco-gestão implementados nos
Jogos Olímpicos de Turim 2006; (iv) o forte combate do COI contra o
―ambush marketing‖; (v) a circunstância de eventos como os Jogos
Olímpicos poder justificar um tratamento fiscal mais favorável para os
organizadores, nomeadamente em sede de IVA.

De forma mais mediata, há, evidentemente, outras temáticas do Livro


Branco conexas com o Olimpismo, as quais gostaríamos aqui tanto de
identificar como de saudar.

Referimo-nos fundamentalmente ao enfoque dado a matérias de vital


importância, quais sejam: (i) a promoção da saúde pública através do
desporto; (ii) o combate à dopagem; à corrupção; à violência; ao
branqueamento de capitais; às apostas ilegais; ao tráfico de menores; ao
racismo; à xenofobia, entre outros flagelos associados ao desporto; (iii) o
papel educativo e formativo do desporto; (iv) as valências do voluntariado;
(v) a inclusão social no e através do desporto; (vi) o contributo do desporto
para o desenvolvimento sustentável.

Note-se ainda uma grande proximidade, que também se saúda, entre


alguns conteúdos do Livro Branco e a Carta Olímpica, nomeadamente
quando (i) se enaltece o papel do desporto no diálogo intercultural; ou (ii)
enquanto veículo de cidadania; (iii) o potencial do desporto para a paz e
para o desenvolvimento, (iv) a necessidade de se salvaguardar os direitos das
crianças; (v) o contributo do desporto para a não discriminação e para a
integração social; ou ainda (vi) os valores ambientais que têm de ser
preservados e difundidos no contexto desportivo.

2
Cumprida a primeira parte da nossa intervenção, centramo-nos já,
sem delongas, nos efeitos que o Livro Branco pode vir a ter na definição das
políticas desportivas dos 27 Estados-membros da UE.

Afigura-se indubitável que, ao optar por um Livro Branco, e não por


um Livro Verde, a Comissão quis ir além da consulta e do diagnóstico, quis
apresentar propostas concretas de acção da UE na área específica do
desporto.

É, pois, notória a ambição da Comissão, a qual, cite-se, se propõe


abordar o desporto de forma ―compreensiva‖ e ―mais coordenada‖, e,
sublinhe-se, expressa ser seu objectivo global conceber uma ―orientação
estratégica‖ para o desporto na UE.

Esta excessiva ambição tem suscitado acesas reacções, de quem teme e


repudia a eventual vontade da Comissão em ingerir-se num domínio de
competência reservada dos Estados-membros, e assim passar a definir uma
estratégia comum, à escala europeia.

Somos, no entanto, da opinião de que, talvez, não se justifica tanto


alarme.

Com efeito, por mais ambiciosas que possam ser as intenções da


Comissão Europeia, a verdade é que as mesmas sempre terão de obedecer ao
Tratado da Comunidade Europeia, em vigor.

Ora o Tratado da Comunidade Europeia consagra desde logo o


princípio da competência por atribuição, nos termos do qual os órgãos
comunitários deverão actuar nos limites das suas competências específicas.

Nesse sentido, uma vez que o Tratado não atribui à Comunidade


qualquer competência directa no domínio do desporto, os órgãos
comunitários nunca poderão adoptar actos neste domínio que vinculem os
Estados-membros.

3
E assim continuará a ser no futuro, mesmo num cenário em que o
desporto venha enfim a figurar expressamente no direito primário da UE.
De facto, constata-se quer no mandato do Conselho para a Conferência
Intergovernamental em curso, quer no Anteprojecto do Tratado Reformador,
que a UE, no domínio do desporto, só poderá vir a ter competências de
suporte, coordenação e complemento às acções dos Estados-membros.

Neste contexto, de competência limitada no tipo, – e tendo presente


um outro princípio estruturante da UE, que é o princípio da
subsidiariedade, – a intervenção futura da UE surgirá apenas quando se
comprovar ser um valor acrescentado à acção de cada um dos Estados-
membros, e apenas para contribuir, favorecer, apoiar, completar, fomentar,
reforçar, relançar. Nunca para substituir, contrariar, vetar. O que está em
causa não é uma repartição de competências, mas sim colaboração e
cooperação entre a UE e os Estados-membros.

Diga-se, a propósito, que nos associamos totalmente ao Livro Branco


quando propõe o recurso ao Método Aberto de Coordenação, mecanismo
intergovernamental que, no respeito pela soberania de cada um, possibilita
aos Estados-membros, em conjunto, planificar, examinar, comparar e
ajustar as respectivas políticas desportivas, trocando boas práticas. O que só
beneficia cada política nacional, de per si, e todas, num contexto global de
afirmação desportiva da UE.

Parece-nos ainda benéfico para os Estados-membros o conjunto de


acções que a Comissão se propõe empreender, envolvendo o desporto no
contexto das diversas políticas sectoriais do Tratado, e assim o financiando.
Tanto mais se elogia esta via, quanto é sabido que desde 1998 se
suspenderam os apoios financeiros comunitários directos ao desporto, isto
em razão de um acórdão do Tribunal de Justiça das Comunidades que
deixou bem clara a necessidade de uma base jurídica no Tratado para haver
uma correspondente dotação orçamental.

4
Aqui chegados, cumpre agora iniciarmos a última parte da nossa
intervenção, incidindo sobre os efeitos do Livro Branco no quotidiano do
Associativismo Desportivo.

E aqui sim, e bem medidas as palavras, achamos que há motivos para


alarme.

Com efeito, à revelia de inúmeros apelos e gorando todas as


expectativas criadas, o Livro Branco não concretizou, designadamente em
termos jurídicos, o conceito de ―especificidade desportiva‖, o qual, ao longo
dos anos, foi reivindicado em múltiplos textos adoptados quer pelas
instituições comunitárias quer pelos Estados-membros, mas nunca
verdadeiramente densificado nem materializado na prática.

Infelizmente, no Livro Branco ficou por delimitar e densificar o


conceito de ―regras puramente desportivas‖, ou seja as regras que interessam
unicamente ao desporto, sem relevância económica e que, nessa medida,
devem escapar ao âmbito de aplicação do Direito Comunitário.

Em contraponto, a Comissão, de uma penada e ao arrepio de três


décadas de jurisprudência constante e concordante, optou por considerar que
mesmo as ―regras puramente desportivas‖ estão sujeitas ao crivo do Direito
Comunitário.

Também se lamenta ter ficado por esclarecer em que medida as


funções social, educativa, cultural, recreativa e de saúde pública do desporto
podem justificar que o Direito Comunitário não se lhe aplique de forma
cega.

Em contraponto, optou-se por fugir a esse esclarecimento, remetendo-


o para uma análise caso a caso, sabendo-se quão o casuísmo é a antítese da
segurança jurídica, que é um princípio geral de Direito Comunitário.

5
Parece assim, que doravante, toda e qualquer regra que uma
organização desportiva venha a adoptar poderá ser sujeita a uma análise da
sua compatibilidade com o Direito Comunitário.

Tal já sucedeu, aliás, no recente ―Acórdão Meca-Medina‖ – que é a


referência metodológica do Livro Branco –, no qual o Tribunal de Justiça
das Comunidades ajuizou da legalidade de uma norma antidopagem
adoptada pelo COI. A sorte foi que aquele tribunal considerou proporcional
o limite fixado na norma sub-júdice quanto à presença de uma substância
dopante no corpo de um atleta...

Este caso paradigmático e propulsor da posição da Comissão


Europeia é tão caricato quanto ignora o papel central e independente das
federações desportivas na promoção e regulamentação das respectivas
modalidades, que ficarão sempre dependentes de um juízo jurisdicional de
terceiros, acaso haja impugnações.

A verdade é mesmo esta: apesar de frisar que existe hoje uma


crescente litigância no desporto, a Comissão abre portas a que, no futuro,
possamos assistir a casos em Bruxelas e no Luxemburgo nos quais, por
exemplo, se avaliará a compatibilidade com o direito comunitário de uma
regra que diminua o número de equipas participante numa liga de futebol;
de uma norma que fixe o comprimento de um campo de râguebi; de uma
sanção disciplinar que comine um cartão vermelho com cinco jogos de
suspensão para o infractor; de uma regra que fixe um limite de jogadores por
plantel.

E atenção: a Comissão também avisa que se prepara para aferir da


legalidade das normas federativas aplicáveis a modalidades individuais que
atribuam títulos nacionais exclusivamente a cidadãos nacionais.

Concluindo:

Não se pedia uma excepção desportiva, ou uma isenção automática do


Direito Comunitário ao desporto. Pedia-se tão só que se passasse das

6
palavras aos actos, ou seja, que aquilo que todos sempre reclamaram existir
– a chamada ―especificidade do desporto‖ – tivesse consequência prática.
Mas o caminho foi outro, o de contrariar o acervo comunitário, sujeitando
ao Direito Comunitário mesmo as regras e actividades não económicas, e de
não lançar mão de mecanismos que o Direito Comunitário consagra para, em
certos casos, não se aplicar, considerar-se compatível ou isentar-se um
determinado acordo ou prática.

Mas nada está perdido. E uma vez conseguindo-se acolher a


―especificidade desportiva‖ no Tratado Reformador, esse sim juridicamente
vinculativo, poderemos esperar que o Tribunal de Justiça das Comunidades
regresse à visão que expressou em 2000, no ―Acórdão Deliège‖, a saber: a
missão reguladora e regulamentadora de uma modalidade deve caber às
federações desportivas, ―no seio da qual se encontram normalmente reunidas
o conhecimento e a experiência necessários‖.

Termino citando um excerto do Quarto Princípio Fundamental da


Carta Olímpica: ―A organização, administração e gestão do desporto devem
ser controladas pelas organizações desportivas independentes‖.

Vicente Moura, Presidente do COP


TROIKA DOS COMITÉS OLÍMPICOS EUROPEUS

7
SEMINÁRIO INTERNACIONAL
―DESENVOLVIMENTO NO DIREITO E NAS POLÍTICAS
DESPORTIVAS DA UNIÃO EUROPEIA‖

26 DE SETEMBRO DE 2007

THE WHITE PAPER: THE VISION OF THE NATIONAL OLYMPIC


COMMITTEE OF PORTUGAL

After so many years marked by a discontinuous, erratic and reactive


approach by the European Union to sport, the European Commission
published in July a White Paper on sport in the EU, accompanied by two
supporting documents and appearing on the heels of another White Paper
entitled ―A strategy for Europe on nutrition, overweight and obesity
related health issues‖.

Although it is not a legally binding document, its political strength,


inseparable from the very strength of sport, undoubtedly justifies the
debate, analysis and search for a direction and a follow-up to the
document’s content.

It is that which the National Olympic Committee of Portugal


proposes to do today in a necessarily brief intervention organised into two
parts.

Firstly, we shall seek to measure the importance assigned by the


Commission in its White Paper to the Olympism and related matters.

Secondly, we shall gauge the White Paper’s possible effects on the


sports policies of Member States and the everyday activities of Olympic
associations.

8
As regards the Olympism, special attention should be drawn to the
fact that the White Paper begins with a quote by Baron Pierre de
Coubertin and that the Commission has named its Action Plan after him,
the founder of the Olympic Games of the modern age.

In addition, all of its references are unconnected and scattered, with


the following worthy of note: (i) the need for inclusive dialogue between
the EU and the Olympic and Paralympic movements; (ii) the important role
of Olympic solidarity; (iii) the eco-management methods implemented during
the 2006 Turin Olympic Games; (iv) the IOC’s strong fight against ―ambush
marketing‖, and (v) the circumstances of events like the Olympic Games
being able to justify a more favourable fiscal treatment for its organisers,
namely on the basis of VAT.

Indirectly, there are clearly other topics in the White Paper related to
the Olympism which we would like to both identify and welcome here.

Above all, we are referring to the emphasis given to the following


areas of vital importance: (i) the promotion of public health through sport;
(ii) the fight against doping, corruption, violence, money laundering, illegal
gambling, trafficking of minors, racism and xenophobia, among other
afflictions associated with sport; (iii) the educational and vocational role of
sport; (iv) aspects of volunteering; (v) social inclusion within and through
sport, and (vi) the contribution of sport to sustainable development.

A very close relationship between certain elements of the White


Paper and the Olympic Charter is also noted and welcomed, in particular
when (i) the role of sport is praised in intercultural dialogue or (ii) as a
vehicle for citizenship; (iii) the potential for sport to promote peace and
development; (iv) the need to safeguard children’s rights; (v) the
contribution of sport to non-discrimination and social integration or (vi) the
environmental values which must be preserved and promoted within the
context of sport.

9
Having fulfilled the first part of our intervention, let us now focus
without delay on the effects that the White Paper may have in defining the
sports policies of the 27 EU Member States.

It appears indisputable that in choosing a White Paper rather than a


Green Paper, the Commission wanted to go beyond consultation and
analysis and instead present concrete proposals for action by the EU in the
specific area of sport.

The Commission’s ambition is therefore well-known, proposing a


―comprehensive‖ and ―more co-ordinated‖ approach to sport and, notably,
stating its overall objective as giving a ―strategic orientation‖ to the role of
sport in the EU.

This ambition has sparked vehement reactions in those who fear and
reject an excessive desire on the part of the Commission to interfere in an
area of competence reserved for Member States and thus define a common
strategy at the European level.

We, however, are of the opinion that such alarm is unjustified.

In fact, however ambitious the European Commission’s intentions


may be, the truth is that they must always obey the Treaty of the European
Community.

Since the beginning, the European Community Treaty has endorsed


the principle of attributing jurisdiction, under the terms of which
Community bodies must act within the limits of their powers.

In that regard, given that the Treaty does not assign any direct
power to the European Community in the area of sport, Community bodies
may never adopt acts in this domain which are binding on Member States.

And so it shall continue to be, even in a scenario in which sport


finally receives express mention in EU primary law. In fact, it can be seen

10
in the Council mandate for the Intergovernmental Conference currently
underway as well as in the preliminary draft of the Reform Treaty that
sport shall only be able to receive powers to support, co-ordinate and
supplement the actions of Member States.

Within this context of powers limited by type—and bearing in mind


another structuring principle of the EU, that of subsidiarity—the future
intervention of the EU shall take place only when it is proven to be a value
added to the action of each Member State and only to contribute, promote,
support, complete, encourage, strengthen and reinvigorate, but never to
replace, oppose or veto. It is not the division of powers that is at stake, but
rather the collaboration and co-operation between the EU and its Member
States.

Incidentally, we associate ourselves completely with the White Paper


when it proposes using the open method of co-ordination, an
intergovernmental instrument that enables Member States to jointly plan,
analyse, compare and adjust their own sports policies and exchange best
practices whilst respecting the sovereignty of each country. This can only
benefit each national policy individually and all national policies as part of
a comprehensive context that endorses sport in the EU.

It also seems to us that Member States would benefit from the set of
actions that the Commission proposes to undertake by including sport
within the Treaty’s various sectoral policies and thus providing it with
financial support. This route is even more commendable as direct
Community financial aid for sport has been withheld since 1998, as the
result of a ruling by the Court of Justice of the European Communities,
which clearly stated the need for a legal basis in the Treaty in order to have
a corresponding budget appropriation.

At this point, it now falls upon us to begin the final part of our
intervention, which determines the effects of the White Paper on the day-
to-day activities of sports associations.

11
In this regard and in carefully measured words, we feel that there is
indeed cause for alarm.

In fact, flying in the face of countless appeals and frustrating all


expectations, the White Paper has not delivered, specifically in legal terms,
on the concept of the ―specific nature of sport‖, an idea which has been
asserted over the years in several texts adopted by Community institutions
and Member States, but which has never been truly developed or put in
practice.

Unfortunately, the White Paper failed to establish and develop the


concept of ―purely sporting rules‖, or rather the rules concerned solely with
sport without any economic interest and which, in that regard, should fall
outside the scope of the application of Community law.

Instead, with one stroke of the pen and going against three decades
of constant and coherent jurisprudence, the Commission chose to consider
even "purely sporting rules‖ as being subject to scrutiny by Community law.

It is also unfortunate that it did not clarify the extent to which the
social, educational, cultural, recreational and public health functions of
sport can justify Community law's inability to be unquestioningly applied
to this area.

Rather, the Commission chose to evade this clarification and has


instead submitted it to a case-by-case analysis, knowing beforehand how
sophistry is the antithesis of legal certainty, which is a general principle of
Community law.

Henceforth, any and every rule which a sports organisation may


adopt could be subjected to an analysis of its compatibility with
Community law.

As a matter of fact, this has already happened in the recent Meca-


Medina verdict—which is the White Paper’s methodological model—in

12
which the Court of Justice of the European Communities ruled on the
legality of an anti-doping regulation adopted by the IOC. Fortunately, the
Court considered the limit set in the regulation under judgment to be
proportional with regard to the presence of a doping substance in an
athlete’s body.

This paradigmatic and propulsive case stating the European


Commission’s position is as ridiculous as it is ignorant of the central and
independent role played by sports federations in promoting and regulating
their respective sports, which shall always remain dependent upon a third-
party ruling in the event of a challenge.

The truth is this: despite its emphasis on the growing litigation that
exists today in sport, the Commission is opening doors that may enable us to
witness cases in Brussels and Luxembourg whereby, for example, the
compatibility of Community law shall be assessed for a rule that reduces the
number of participating teams in a football league; for a regulation that
establishes the length of a rugby pitch; for a disciplinary sanction that
awards the guilty party a red card with a five-game ban; for a rule that sets
a limit on players per team.

And take note: the Commission also warns that it is prepared to


determine the legality of the federation regulations applicable to individual
sports which award national titles exclusively to EU nationals.

To conclude:

What was requested was not that an exception be made for sport,
nor that it be automatically exempted from Community law. It was only
asked that words be transformed into actions, or rather, that which
everyone has always claimed to exist—the so-called ―specific nature of
sport‖—have a practical consequence. But another path has been taken:
one that goes against the Community acquis, subjecting even non-economic
rules and activities to Community law; one that does not make use of the

13
mechanisms provided by Community law to determine, in certain cases,
whether a given agreement or practice can be applied, compatible or exempt.

But all is not lost. And once the ―specific nature of sport‖ is
incorporated in the Reform Treaty, a document that is indeed legally
binding, we can expect the Court of Justice of the European Communities
to return to the vision that it expressed in 2000 in the Deliège judgment: a
modality’s regulatory and rulemaking mission should fall to the sports
federations, ―which normally have the necessary knowledge and
experience‖.

I end by quoting an excerpt from the Fourth Fundamental Principle


of the Olympic Charter: ―The organisation, administration and management
of sport must be controlled by independent sports organisations.‖

Vicente Moura, Presidente do COP


TROIKA DOS COMITÉS OLÍMPICOS EUROPEUS

14

Você também pode gostar