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agriambi Revista Brasileira de Engenharia Ageicola e Ambiental wlG, a8, p.915-921, 2012 Campina Grande, PB, UAEA/UFCG ~ http! agriambi.com br Protocolo 155.10 ~ 03/09/2010 » Aprovado em 21/05/2012, Energia alternativa de biomassa: Bioetanol a partir da casca e da polpa de banana ‘Ozair Souza™?, Marco A. Schulz*, Gustavo A. A. Fischer’, ‘Theodoro M. Wagner! & Noeli Sell SUMO A conversiio de biomassas agraindustriais em bioetanol com consequente valorizacio de rejeitos & residuos, tem sido objeto de estudos de varias pesquisas realizadas no Brasil e no mundo. Neste trabalho foi avaliada a potencialidade do uso da polpa e da casca da banana (Musa cavendishi, tanto in natura como previamente hidrolisada por dcido e enzimas, como subsrato da fermentacdo alcodlica. Os rendimentos mécios em bioetanol (em base umida de biOmassa) obtidos com a polpa 10,48 + 0,05, 8 &') € com a casca 0,34 + 0,11 gg’), ambos in natura, possibilitaram a eliciéncia do processo de Conversio, da ordem de 95% do rendimento teérico. A produtividade maxima alcancada em bioetanol foi de 3,0’ 0,7 g L’ h* com o uso da polpa e de 1,32 + 0,03 g L' h' com a casca. Nas condicoes operacionals salads 0 prevatamento dos eduos com dct slice nao ¢ recomendado para a producto de bioetanol Palavras-chave: biodlcool, biocombustiveis, residuos agricolas Alternative energy from biomass: Bioethanol from banana pulp and peels ABSTRACT ‘The conversion of agioindustial biomasses in bioethanol with consequent envichment of wastes has been the object of various research projects conducted in Brazil and around the world, This study evaluated the potential of the Muse cavendishi? banana pulp and peels using in natural state and also ‘waste previously hydrolyzed by acid and enzimes, as substrate of alcoholic fermentation, The mean Bioethanol yields (on wet biomass base), obtained with the pulp (0.48 + 0.05 g g") and with the peels (0.34 0.11 gg), both in natural state, enabled a conversion process efficiency to the order of 95% of theoretical yield. Maximum value reached in bioethanol was 3.0 + 0.7 g L' h' with pulp and 1.32 + 0,03 gL" h! with peels, Under the evaluated operating conditions, the pretreatment of wastes with sulfuric acid is not recommended for bioethanol production, Key words: bioalcohol, biofuels, agricultural waste | DEQIUNIVILLE, CP 246, CEP 89201-972, Joinville, SC. Fone: (47) 3461-9056, * Mestrado em Engenharia de Processox!UNIVILLE, Fone: (47) 3461-9180. Emi: osouzag@univille.ir 916 °. IntRoDUGAO. Devido 03 compromissos mais sélidos assumidos com a questo ambiental desde a assinatura do Protocolo de Quioto e-em fungao de ser o petroleo, principal fonte de energia utilizada hoje, um combustivel fossil eno renovavel, uma das maiores preocupasScs do mundo aul tem sido osuprimento de energia nas préximas décadas, razz porque fizeram renascer a atensio quanto as fonts alternativas de energia Existem diversas fontes alternativas de energia que, embora nfo possai substitu 0 petrdleo em sua totalidade, podem contribuir para diminuir o consumo. A geragao de energia a partir de biomassa tem sido objeto de varios estudos (Yu et al., 2002; Leite ctl, 2003; Gongalves ct al., 2009; Souza ctl. 2010; Quadros. al..2010) Qualquer matéria-prima organica passivel de ser transtormada em energia pode ser classificada como biomassa ¢, de acordo com sua origem, poser florstal (madeira), agricola (soja arroz e cana-de-agiicar, entre outras) ou oriunda de rejeitos urbanos ou industriais, sélidos ou liquidos (ANEEL, 2008). Osrgjeitos eos resis agricola, em sia maicria contendo materaislignocelalésicos, ceupam hugar de destaque entre a biomassa disponivel sobretudo em fungdo da sua abundancia ¢ do araterrenovivel. Abiomassa ignocelulésica écomposta, basicamente, por 40 a 60% de celulose, 20 a 40% de hemivelulose e 15 a 25% de lignina (Moreira, 2005), A disponibilidade de palhas, folhas, residuo de exploragio madeirera, rejeitos agricolas e outros, tem despertado 0 interesse para seu uso como matéria-prima na producao de bioetanol, mais precisamente o etanol de segunda geragio (Mojovicet al, 2006; Sassner etl, 2006; Sharma ct al, 2007), proceso no qual os agicares fermentesciveis, por no se encontrarem solaveis como na fermentagao do caldo de cana- de-agicar (etanol de primeira geragio), precisam ser previamente hidrolisados de seus polimeros celulose © hemicelulose, No entanto, a necessidade da obtengao de altas concentragdes de agiicares fermenteciveis livres sem, contudo, gerar elementos toxicos a fermentagio, tem dificultado 0 emprego desses residvos (Cardona & Sanchez, 2007; Solomon et al., 2007). Segundo Balat (2011) as rotas mais estudadas indieadas para a despolimerizagao de substratos lignocelulosicos tém sido a hidrolise acida e « hidrolise enzimatica, com pré-tratamento fisico (explosdo a vapor) ou quimico (solugdo de NaOH). © Brasil se destacn como um dos maiores produtores agricolas do mundo e, em consequéncia disto, € capaz de gerar air Souza et a ‘grandes quantidades de rejeitos ¢ residuos agroindustriais Entre essa biomassa se encontra a da bananicultura, a qual, segundo Souza et al. 2010), além dos frutos rejeitados para comercializagao, para cada tonelada de banana colhida aproximadamente tréstoneladas de residuos sio gerados, entre ‘65 quais a casca do fruto industrializado, © pscudocaule, as folhas ¢ 0 engago da bananeira, Todos esses residuos estio sendo avaliados pela Universidade da Regitio de Joinville - Univille na geragio de ‘energia e, como parte integrante desse estudo, este trabalho trata especificamente do uso da polpa e casca da banana como substrato da fermentagao aleodlica, Foram determinadas as propriedades fisico-quimicas dos residuos in natura, avalinda fa influéncia de diferentes métodos de hidrélise sobre a despolimerizagio da celulose e, a partir das condigaes. ‘operacionais ideais de pretratamento, estimados os valores de rendimento, produtividade e eficigneia da fermentagio. A produgao de bivetanol a partir dessas biomassas torna- ‘se um processo bastante atraente pois, além de permitira criagio de uma fontealternativa e renovivel de energia e decontribuir ‘com a reduedio de residuos no meio ambiente, a geracdo de ‘energia poxle agregar valor & matriz produtiva da frutareduzindo, assim, 0 risco de perdas provocado por sua comercializagao, MATERIAL E METODOS As biomassas utilizadas foram a polpa e a casea da banana Musa cavendishii, popularmente conhecida no sul do Brasil ‘como banana nanica, Os residuos foram coletados numa indistria da regio, cortados em pedagos de 1-2 em ¢ hhomogeneizadlos em liquidificador doméstico de 2 L, em meio Aaquoso, na concentragdo de 250 g L:' de massa imida de biomassa (g MU L"). Esta concentrago & correspondente & 74,8 w L! de massa seca (g MSL") para polpa e28,5 g MSL" para a easca Foram realizadas duas séries de ensaios cada uma contendo dezoito ensaios de pré-tratamento para cada um des residuos avaliados. Em ambos 0s casos foi utlizado, como testemunha, ‘oresiduo in natura, na temperatura ambiente e sem adigio de ‘cide. Como reatores foram uilizados frascos Erlenmeyer de 250ml eontendo 100 mL. de volume de trabalho (V,)e biomass nna concentragio de 250 g MU L'. A Tabela I apresenta as diferentes condigdes opetacionais avaliadas. Osensaios a 100 e 120°C foram conduzidos em autoclave a ‘vapor ea 90 °C, em banho termostatizado, Tabela 1. Ensaios de hidrdlise dcida (HA) da polpa e da casca da banana nanica Ensalos CCondigoes experimentals on Hie Hs Himes HAs Hime ARs Hg HAgme HA 1:80. (kg kg) 0 0 1 1 2 2 0 0 1 Temperatura (0) 90 0 90 90 90 90 100 100 100 Tempo de reagéo (in) 8 30 8 30 15 30 15 30 15 Fives Wiee Wyae AR AAvme Fama ABame Wom AAs H,$0, (ka kg”) 1 2 2 0 ° 1 1 2 2 Temperatura () 100 100 100 120 120 120 120 120 120 “Tempo oe reagéo (min) 30 15 30 15 30, 15 30. 6 30. Geran abc ra Caio Or soe CE, ESTA STAG Ua Se PST OT w DEUCE Cao TTR GES OTE ‘nna ratenpeanra arate ese ad ea, R. Bras. Eng Ambiental, v.16, 0.8, p.915-921, 201 Energia alternativa de biomassa: Bioetanol a partir da casca e da polpade banana A partir dos resultados da hidrélise 0s residuos foram fermentados em biorreator de bancada (ensaios F) e, como ensaio padrio de fermentagio (testemunha), foi utilizada slicose (20 g L) em substtuigo ao residuo a ser avaliado. Todos os ensaios foram realizados com uma replicata sendo retiradas, a cada 2 b, duas amostras para determinagio das concentragdes médias de agticares totais (AT) e etanol (P). Para obtenciio do indculo e realizagio do ensaio padrio de {ermentagio (enssio FGY), foi utlizado o meio de cutive, aqui denominado GY. o qual foi preparado a partir dos meios propostes por Pamarola-Adrados etl, (2005) ¢ Saito & Cabello (2006). As concentragses de nutrientes do meio GY foram de (em gL"): glicase, 20; extrato de levedura, 3; (NH),SO,.0.5: K,HPO,, 0,5; MeSO,.7H,0, 0,1 eCaC, 0,1 Para os ensaios de fermentago empregando-se a polpa (ensaios FPol) ou a casca de banaina (FCas) como substrato, 0 meio base de cultivo, previamenteesterilizadas em autoclave a 120°C.durante 15 min, foo mesmo do indculo,excetoa glicose, aque foi substituida pelo residuo avaliade, Foiempregada a levedura Saccharomyces cerevisiae isolada de fermento comercial seco; 6 microorganismo foi mantide por meio de repiques semanais em cultivo de superticie, empregando-se placas de Petri com meio GY adicionado de 20 gL'de Agar-agar. O indeulo foi proguzido em frasco de 500 mL contendo 190 ml. do meio de cultivo GY e 10 ml. de suspensio micrabiana obtida de quatro placas de Petr, do cultivo de manutengio; a mistura foi incubada em agitador orbital com frequéncia de agitagdo de 120 min, 30°C, durante 18h Para os ensaios em fermentador de hancada (ensaios F) foi ulilizado o biorreator Biostat® B da B, Braun com dorna de SL e volume de trabalho de 2 L eontendo 20% viv de indeulo. Experimentos realizados: | ensaio padrio com glicose 20 g L! (Ensaio FGY); 3 ensaios com polpa de banana in natura, nas concentragies de 250, 375 ¢ 500 g MU L (FPol,,, FPdl,. © FPol,.) € 2 ensaios com casca de banana in natura nas concentragdes de 250¢ 1210 g MUL: (Cas, FC&s, Para © ensaio FCas,,,, devido & alta concentragao de sdlides, a casea foi previamente cozida em Agua fervente, na proporgio de I mL de égua para cada 2 g de massa umida de residuo, durante 30 min, seguida da filtracio em malha de algodéo para obtengio de caldo de fermentagiio. O acréscimo do gasto energstico devido a operagao de cozimentoem comparagao a0 uso do residuo ndo cozido, ndo foi objeto deste estudo e deverd ser avaliado em estude posterior. As fermentagies foram conduzidas a 30°C epH45=0,1, controlado auiomaticamente pela adicio de KOH IM e HCL IM, Para. agitago foram empreyados requéncia de 150 mine sistema de agitagio composto de duas turbinas espagadas 20 ram, contendocada uma ses pss planas (flat-blade) de dimetro (65 mm, comprimento 18 mm ¢largura de [2 mm, A distancia da Ultima turbina go fundo da dorna foi de 45 mm, A determinagdo do teor de umidade foi realizada por gravimetria: em cadinhos impos, previamente secos até massa constante, foram adicionados 3 g de amostratimida (MU) ¢ seeadas. 105 °C durante 24 h; em seguida, as amostras foram resfrindas em dessecadore pesadas para determinago da massa 917 ‘seca (MS); com os valores encontrados utilizou-se a Eq. ! para ocilculo da umidade. ax 100 o Foram realizadas no Laboratério de Bromatologia da Faculdade de Zootecnia ¢ Engenharia de Alimentos da Universidade de Sio Paulo, Pirassununga, SP.O teor de ignina {oi determinado pelo método de Klason em permanganato de potissio e a celulose indiretamente, a partir dos valores do teor de fibra em detergente acido (FDA) ¢ teor de fibra em deter gente outro live de cinzas (FDN), conforme descrto por Silva & Queiroz (2002) eSoest (1967). As amostras foram previamente centrifugadas a 4000 min * durante 4 min em centrifuga Biofuge, contendo rotor 7591; aps a centrifugag3o 0 sobrenadante foi filtrado em membrana de 45 jum eanalisado em cromatografia iquida de alta eficiéncia (HPLC): prosseguindo, foram empregados 0 detector de indice de reiragao Merck, modelo RI-T1 ea coluna Eurokat Pb, Os valores de agicares totais (AT) foram obtidos «partir da soma dos carboidratos glicose (Gle),frutose (Frt) esacarose (Ser). De cada ensaio de fermentaedo foram retiradas amostras periddieas para as determinagées das concentragées AT, conforme metodologia descrita anteriormente, ede etanol (); pata P foram empregadas a cromatografia gasosa (CG) utilizando-se cromatdgrafo Agilent, 6890 © a coluna da Hewlett-Packard HP-1 com fase estacionéria 100% dimetil poli siloxano, Os valores de rendimento em agitcares totais obtidos nos censaios de hidrélise dcida foram calculados de acordo com a Fq.2. at=ar® > R ar —* 100 2) R_-rendimento pereentual em AT, % AT ~ concentragio de agcares totais no ealdo apd trata- mento, gL" ‘ATS. concentragio de AT no caldo sem tratamento: ensaio HA oe! MU- massa Gmida de biomassa, 250 gL” Os valores de rendimento das fermentagdes representados pelo fator de conversio de agiicares totais em etanol (Y,,,,) foram calculados de acordo com a Eq, 3. = RD Year = aaa any 8 P, ~concentragdo dectanol no tempo final de fermentagio, aL! P,, ~concentraga de etanol no inicio do provesso fermen- tativo, eb! AT, -concentragio inicial de agicares no inicio da fermen- lagio, gL" R. Bras. Eng. Agr Ambiental, v.16, 0.8, p.915-921, 2012, 918 °. AT. concentragio de agicares no tempo 1, ¢ L* t,,'- tempo de fermentagao correspondente a obtenao da méxima concentragio deetanol no caldo fermentado,h Os valores de produtividade total em etanol obtidos nas fermentagdes (Q,) foram expressos em massa do produto formado por unidade de tempo ¢ por unidade de volume (gh'L") eobtidos pela Eq, 4, confrme definigZo de Gaden I (1959). RP u o) Os valores de rendimento em produto foram comparados 105 do rendimento tedrieo miximo obtido nas fermentagdes aleodticas (51, 11%), conforme Sharma etal (2007), para se ober a eficiéneia do pracesso, de acardo com a Eq. 5. _ Yost ery x 100 6 As duplicatas dos ensaios de fermentagio foram analisadas pelo método ANOVA com teste de Tukey para P< 0,05 empregando-se programa computacional Origin 7.5. [RESULTADOS E DISCLSSAO, As propriedades fisico-quimieas da polpa e da casca da banana Musa cavendishii sio apresentadas na Tabela 2. Tabela 2. Propriedades fisico-quimicas da polpa e da casca da banana Musa cavendishiimadura DL Rembase de massa tmida (MO) Pardmetro Palpa aca Unidad TOA +04 886 = 02, Ligaina 22201 205 + 04 Cetiose 3.98 + 008 248 = 003 Secarose 41 +04 O1=a1 lcase 18214 A= 03 Frutose 7321.9 i203 Os valores de umidade apresentados na Tabela 2, tanto para 1 polpa quanto para as cascas, foram proximos daqueles encontrados no Atlas NAS (do inglés, Atlas of Nutritional Data ‘on United States and Canadian Feeds), citadas por Hammond et al. (1996): 75,7 e 83,8%, respectivamente; as demais propriedades diferiram de outros valores encontrados na literatura, Sharma et al, (2007) caracterizaram as cascas de bananas residuais provenientes de uma indiistria de alimentos da india e determinaram o teor de celulose de 28,67% em base cde massa seca (% MS) ea concentragio de agiicares redutores totais de 36,83 g ke! MS. Considerando o teor de umidade de 83,8% referenciado no Atlas NAS, esses valores seriam da ordem de 4,65 © 0,6% em base de massa tmida (% MU). Asredondo et al. (2009) apresentaram valor de agiicar para a polpa, de apenas 4,3 = 0,6% MS, ou seja, 1,1% MU. R. Bras. Eng Ambiental, v.16, 0.8, p.915-921, 201 air Souza et a considerando o teor de umidade de 74,6%, dado pelo autor Aotedita-se que, neste caso e em fungao do alt teor de amido ‘encontrado pelo autor na amostra analisada (53,2%), omesmo tenha feito a caracterizagio da polpa verde ¢ nao da polpa madura, como apresentado na Tabela 2 além de que o autor nao especificou o tipo de agicar a que se referiu nem o método analitico cmprezado para tal. De acordo com Mobapatra ct al, (2010), quanto mais madura a fruta maior 0 teor de agicar na ppolpa e menor a presenga de amido, Hammond et al. (1996) ‘imam que na banana verde quase a totalidade do earboidrato nio-estrutural da fruta esti na forma de amido mas, durante seu amadurecimento, rapidamente € convertida em acticar. Com objetivo de aumentar a quantidade de agieares fermentesciveis disponiveis para a fermentagio alcoolica, a polpa e a easca de banana foram previamente submetidas & sacarificagdo acida, A Tabela 3 apresenta os valores de rendimento (R) em AT obtidos apés @ hidrdlise dcida dos residuas com HO, Conforme se observar na Tabela 3, 0 uso apenas do aquecimento a 120 °C durante 15 ou 30 min, sem a adigio de Jecido (ensaios HA,,..,.6€ HA, 4 Proporcionou rendimento ‘em base timida, da ordem de 36% para a polpa e de 4% para as ‘eascas, Com 0 emprego de écido sulfrico os valores maximios de rendimento (34,10% para a polpa ¢ 5,39% para as cascas) foram alcangados com 0 uso de H,SO, 2%, 120 °C, 15 min (ensaio HA, ‘Coma hidrlise dcida da potpa eda casca de banana realizada {bi possivel obter, nocaldo hidrolisado, no maximo 0,34 € 0,05 [AT para cada unidade de massa timida tratada (g AT g"' MU), respectivamente, enquanto no caso do aquecimento desses residuos sem acido, referidos valores foram da ordem de 0,26 (0,04 g AT g MU. Este pequeno aumento proporcionado coma digo de H,SO, no preparo do caldo precisa ser analisado com ‘euidado visto que andlises eromatogrificas de massa realizadas posteriormente revelaram a presenga de 5-hidroximetilfarfaral {(S-HIMF), nos caldos hidrolisados com FSO, 2.@ 120 °C, tanto ‘no tempo de reagiio de 15 min quanto de 30 min, Este composto, ‘gcrado a partir da hidrolise da celulose em condigdes mais severas, éinibidor da fermentaglo alcodlia sendo responsével pela ovorréncia de uma cinéticalenta com rendimento e prod- tividade limitados (Campo ot al., 2006). Consequentemente, haveria a necessidade de submeter 0 caldo hidrotisado a um proceso de purifieagdo antes de ser conduzido a fermentagao ‘aumentando, assim, o custo final do bioetanol a ser produzido. Recomenda-se, entio, dentro das condigées experimentais avaliadas, 0 uso das biomassas in natura apenas aquecidas (sem acid paraa fermentacio). (© consumo de agticares totais e a prostugio de bioetanol ‘obtidos no ensaio padrdo FGY e na fermentagao da polpa 500 ‘gMUL- (ensaio FPol,,) sio mostrados nas Figuras 1A.¢ IB, respectivamente; comportamento cinético similar foi observado nos demais ensaios de fermentagao realizades. Conforme a Figura 1B, o tempo de fermentaco (h) nevessrio para o consumo total da glicose no ensaio padrio FGY foi de ‘apenas 6 h mas em trabalho semelhante Palmarola-Adrados et al, (2005) precisaram de 20 h de fermentago para o consumo total de glicose, Alm de terem utilizado maior concentra inicial de glicose no meio de fermentagao (30 g L") do que a Energia alternativa de biomassa: Bioetanol a partir da casca e da polpade banana 919 Tabela 3. Concentrac3o de agticares totais (AT) obtidos no pretratamento da polpa madura (P) e da casea (C) de banana rnanica e seus respectivos valores de rendimento (R) - a cad Es (ov) omy) Resiuo in ratura 49,12460,58 17,25/23.88 P-Hhawss 4119 1648 P-Hawe 4745 1898 PHasass 5381 21.50 PH ae 8.03 4921 PHAasass 55,78/68,08 22,31/26.43 PHa sae 54,21/65,90 21.68/26. 36 PHA ws 50,95 2038 PH 61.81 2472 PHA sss 48.22 49.29 PH sae 58,12 2% PHA, on 58,90/75,70 23,58/90.28 PHA na 7020/80,04 26,08/32.02 PHos 48.85 1754 PHhoww 67.90 2716 PHosass 44.08 17.68 PHResas 5182 2085 PHosnss 69,20/05,24 27,28/94.10 P-HRe a 62,2860,34 2aanedt4 ae ra (vy (omu) CHAno 4.628.683, 41.85/3.47 CHAsas 738 2.96 CHAma 613 248 CHAvons 6.88 275 CHAyans 665 2.6 CHAvanss 7.68/10.64 3.08426 CHAvean 7.70/10,26 3084.10 CHAms 927 ant CHA Bat 216 CHA, ans 704 22 CHA, on 602 2at CHA ons 7,96/11,02 3.189441 CHA, eas 72471202 288/41 CHions 525 2.10, CHRonn 547 219 CHA ons 714 2.86 CHA, oo 747 2.99, CHAanss 8191348 3.251599 CHRea 7874 3.16470 Ga Prato ds abs corespnce uo pla naa] nos eats Se cea 0 sine sass Os neos pea er sas ra ecao (cae eos ena pee a carers doe sa (0,1 6028 mi, tamper (3. TN eo 120°C) ewe ep (1560 SDM). esses pans bares ‘epnserars rapt do nes aa an nv ke e680 A 0 80 70 60 50 40 30 20 eee. i # 8 10 12 14 16 18 20 22 24 0246 “Tempo (h) at mPI oAT2 0F2 (bs: aT Pt aspen ns es mds bs ane non ower AT28 casa repeats Figura 1. Cinética do consumo de acticares totais (AT) € producdo de etanol (P) para os ensaios de fermentacso utilizando-se, como substrato, 500 g MU L polpa madura de banana (A) e glicose (B) ‘empregadaem FGY (20 gL), osautoresuilizaram, camo inéculo, 10 ¢ MS L''de leveduras desidratadas provenientes de fermento ‘comercial, Nest trabalho foram empregados, como indculo, 20% vv! de suspensio do mesmo miero-organismo, porém previamente cultivado durante 18 h no mesmo tipo de meio do caldo de fermentagdo. Apesar do tipo de inéculo utilizado neste ‘trabalho conduzira menor valor de X, no calda de fermentagio (X,= 1,6 MSL"), os microorganismos empregads j estavam adaptados ao meio de cultivo e se encontravam em condicdes biolégicas de maximo erescimento celular aumentando, desta forma, a velocidad de consumo do substrato. Noensaio FPol,,, Figura 1), 0 tempo final de fermentagiio (4) foi de 10 h, com produgio de etanol (P)de 39,7 = 2,1 gLta partir da concentragao inicial de agicares (AT) de 82,3 = 0,9 ‘2 L" para os demais ensaios com polpa esses valores foram da ordem de f= 6h, P=23,5=5,2eAT=44,1 £ LS para FPol,,,¢ 9h,P=25,3 + 1,1 eAT= 568+ 5.6 para FP&l,., Com a casca, conseguiu-se obter no maximo AT =15,95,1 eP=7,5£0,5 gL 20 scutilizar biomassa na concentragio de 1210 g MUL" (ensaio FCas,.,). Ovalor de AT foi da ordem de apenas duas vezes maior do observado no ensaio FCas,., (AT = 7,6 + 0,7 g L") quando se esperava uma diferenea de aproximadamente quatro vezes, discrepincia passivel de ser explicada devido principalmente a dois fatores: dificuldades operacionais no proceso de extragio do agicar, ‘especificamente na filtrago manual em tecido de algodo com pperda de suibstrato (enquanto no caso de FCas,,, 0 substrato {oi utilizado integralmente na composigio do caldo de fermentagao, em FCas,,,, 08 sélidos insoltveis grosseiros, Provenientes das cascas, se mantiveram retidos no filtro saturados de liquido contendo agicar) € propriedades diferentes entre os lotes de cascas utilizados em cada um dos ‘ensaios (falta de padrio para emprego da fruta no mesmo estado de maturagio), R. Bas. Eng. Agric. Ambiental, v.16, n.8, p.915-921, 2012. 920 Ora Em geral, foi possivel observar que o aumento da comcentragao de biomassa conduziu ao aumento proporcional na concentragioinicial de AT, exceto para o caso das cascas, ¢ proporcionou © aumento da velocidade de consumo dos agicares totais pelos microorganismas presentes:no meio porém esse tipo de comportamento nao se refleti no rendimento, na produtividade nem na eficiéncia dos processos avaliados. ‘A Tabela 4 apresenta esses pardmetros obtidos a partir das respectivas cineticas de cada ensaio de fermentagdo realizado. Pode-se verfiear, na Tabela 4, que nfo houve diferengas significativas(P < 0,05) entre os rendimentos em etanol (Y,,.,) produtividade total (Q,) ¢ eficiéncia do processo (*), obtidos em FPol e em FCas; portanto, dentro das condigies experimentais avaliadas esses parmetros no foram afetados pela quantidade de residuo empregada no caldo de fermentacio. ‘A escolha da comcentragao ideal de cada um desses residuos dependers de alguns fatores, tais como: fuidez da mistura ¢ analise do seu efeito sobre o consumo de energia para sua homogeneizaao (no caso de sistema agitado), custo da matéria- prima, rendimento do processo de extragio do produto do caldo fermentado (filtragdo ¢ destilagio) c quantidade de matéria residual gerada a0 longo de todo 0 processo de obtencio do produto final. Essas varidveis serdo objeto de estudo na continuidade deste trabalho. Empregando os residuos polpa e easca de banana Musa sp. em estado de maturagdo normal para consumo humano, Hammond al. (1996) obtveram renimento meio em bioetanol de 0,116 ¢ 0,019 L kg" MU, respectivamente, Considerando densidade do etanol de 789 g La 20°C (Green & Perry, 2008), esses valores corresponderam a91,5 € 15,0. ks’ MU, os quais foram semelhantes aos respectivos valores médios calculados a partir da relagao P/MU para todos os ensaios FPol (80.3 + 13.3 kg! MU) eparaoenstioFCas,, (14.5+0,8 2kg! MU).Entretanto, para.o caso do ensaio Cas, rendimento em bioetanol obtida pelos pesquisadores foi da ordem de duas vezes maior que © valor médio aleangado neste trabalho (8,2 + 0,5 g kg" MU) Aiferenga que pode ver explicada pela perda de substrato ocorida ‘no preparo do caldo de FCas,.,,conforme jé referido, Sharma etal. (2007) empregaram uma mistura decasca de banana Musa sp. ¢caseas de tangerina, amas secas e moidas ‘pata granulometria maxima de-40:mesh e obtiveram rendimento maximo de YP/AT = 0,426 g g" AT, valor este préximo a0 encontrado neste trabalho (Tabela 4). ‘Manikandan etl, (2008) hidrolsaram previamente,uilzando apenas as cascas de banana secas © moidas, 0 residue com Tabela 4. Valores médios de rendimento em etanol (Y,,.), alcoolica da polpa de banana nanica madura (Pol) ¢ da (Ensaios F) Souzaet al ‘Acido sulfirico ealcangaram concentragio maxima de bioetanol no caldo fermentado igual a 9,8 g L® para uma concentragto de 100 gL de resiuo, ou sea, 0,098 ¢ 2! MS. Considerando teor ddeumidade de 7,8 ¢ 1,0 w MS, orendimento em base imida de residuo foi de Vpyqy 11.1 gk! MU, ou soja, menor que 0 aleangado.em FCas,. ‘Analisando os resultados de rendimento ea produtividade «em bioetanol da fermentagdo da polpa e das caseas de banana rmadura em comparagio a outros residuos, é possivel verificar {que ambos sio promissores, principalmente para a polpa de banana, cujos valores se aproximam dagueles obtidos com 0 aldo da cana-de-agiicar. A Tabela 5 apresenta essas comparagies: Tabela 5, Valores de rendimento e produtividade em bioetanol obtidos em fermentagoes de diferentes tipos de substrato Fonte de carbono YH Relerénia (0°) etm) Cana-deagicar 043 <340._‘ibeio & Hon 1999) Farelodetigo 0.38 1,82 akraroa-Arados et a. 2008) Cevaces demadcra 0.40 0,67 Sasener el (2006) Faia domino 0150 121 Mojou etal (2006) Este aba, valor mécio Poladeberara 0.48304 calcuado a parr dos valores de FPal da Teboa 4 Cascade banana 0,34 182_Eslo taba, ECasiop, Tabla 4 Em fungi do baixo valor de rendimento aleangado com a ‘casea de banana em relaco aos demais substratos apresentados na Tabela 5, faz-se nevessirio a continuidade do estudo para 0 ‘aumento deste parimetro. Como consequéncia espera-se, com {sto, © aumento também de Q,..Em relago a polpa de banana pode-se observar que o substrato conduziu a valores de rendimento pr6ximos aos obtidos por outros pesquisadores ¢ produtividade superior aos demais substratos emprezados, inclusive em relagio 4 cana-de-agticar. Ribeiro & Horii (1999) ‘empregaram a cana-de-agticar para uma concentragao de 130 2 L! de sacarose e obtiveram aproxima-damente 35 gL" de bioctanol (7% v'v") apés 16 h de fermentagdo enquanto neste ‘trabalho foi empregado, para ocaso da polpa de banana, o valor médio de 61,1 g L" de agiicar ¢ obtida uma concentragzo final média de 29,8 g L" de bioetanol, apés 8 h de processo, Esta diferenga na concentragao de bioctanol no caldo fermentado precisa ser avaliada com atengdio uma vez que poderd implicar produtividade total (Q,) eeficiéncia (, obtidos na ferment sa casca (Cas), ambas in natura, em biorreator de bancada Ensaio tainty Foe Fol" Fala FP Fossa? 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