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1_SERIE — N® 6 «BO» DA REPUBLICA DE CABO VERDE — 29 DE JANEIRO DE 2014 223 Deereto-Lei n." 6/2014 de 29 de Janeiro No actual contexto de crise econémica ¢ financeira internacional, a somelhanga da economia mundial, a eco- nomia cabo-verdiana tem sontido os impactes adversos daf advenientes, com graves repercussées na economia, no mercado de trabalho. Perseverante, o Governo tem vindo, contudo, a adoptar ‘um conjunto significative de politicas indispensdveis para 8 promogdo da competitividade e do emprego, Com efeito, respondendo a uma reivindicaglo muito an- tiga, com o presente acto logislativo, o Governo pretende instituir © regular a fixagdo evoluedo da retribuicao ‘minima mensal garantida (rmmg), comummente desig- nado por salario mfnimo nacional, em dilogo e concer- ‘ago com os parceiros sociais, no dmbito do Conselho de Concertagio Social (CCS). ‘Trata-se de uma medida com reflexos inexordveis nna economia nacional. Ademais, constituiu sempre um, elemento de referencia no contexto social e Iaboral de ‘qualquer pais. Neste sentido, no abstante a sua recon- hocida importéncia, a fixagio do seu montante deve ser ponderada de forma rigorosa e em absoluta consondncia com as previsses macroeeonémicas. Aos trabalhadores por conta de outrem, sujeitos 10 regime do Cédigo Laboral, aprovade pelo Decreto- Legislative n.° 5/2007, de 16 de Outubro, alterado pelo Decreto-Legislativo n.° 5/2010, de 16 de Junho, 6 garan- tida a retribuicao minima mensal de 11,000800 (onze ‘mil escudos), desde que cumpram o periodo normal de trabalho, fixado pela entidade empregadora, nos termos 4a lei. Todavia, esse montante osté sujeito a redugdo de 20% relativamente aos aprendizes ¢ estagidrios ‘Nas situagGes de trabalho em regime de tempo parcial oucom pagamento & quinzena, semana ou dia, utiliza-se a retribuicio minima horéria garantida (emhg), calcu- Jada de acordo com uma férmula, para determinar a retribuigdo minima garantida. Estabelece-se o principio da revisio e actualizacao do valor da retvibuicio minima mensal garantida sempre que tal ocorra a nivel da faneao publica ou o Conselho de Concertagdo Social assim o delibere, atendendo av aumento de custo de vida e a evoluco da produtividade, tendo em vista a sua adequacio aos critérios da politica, de rendimentos e precos e ap grau de desenvolvimento dos sectores econémicos. presente diploma define o regime contra-ordenacio- nal ¢ atribui a competéncia de fisealizaclo & Inspecyo Geral do Trabalho. De referir ainda que o presente diploma aplica-se aos contratos de trabalho em vigor a data da sua entrada em vigor. Asim: No uso da faculdade conferida pela alinea a) don? 2.do artigo 204." da Constituicdo, o Governo decreta 0 seguinte: Axtigo 1° Objecto O presente diploma cria e regula a retribuicdo minima ‘mensal garantida aos trabalhadores por conta de outrom, sujeitos ao regime do Cédigo Laboral, Artigo2" Ambito de aplicapio 1. 0 disposto no presente diploma aplica-se a todos o# trabalhadores por conta de outrem, sujeitos ao regime do Cédigo Laboral, ineluindo os afoctos as empresas piblicas, sociedades mistas e saciedades de capitais piblicos, 2, Nao so abrangidos por este diploma: 2) Os trabalhadores cujas rolagies de trabalho se rejam pelas bases gerais do regime da Fungo 224 1 SERIE—N® 6 «B. O» DA REPUBLICA DE CABO VERDE — 29 DE JANEIRO DE 2014 Pablica, aprovado pela Lei n.° 42/V11/2009, de 27 de Julho, 08 quais ostio sujeitos a tabela salarial prépria; 5b) Os pensionistas do regime contributivo; 6) Os beneficidrios de pensdes sociais do regime ndo contributivo; 4) Os beneficidrion de pensio de sobrevivéncia © outras de natureza ou finalidade andloga, Aigo 3? C Reteibulgdo minima garantida A rotribuiclo mfnima garantida pode ser de um dos seguintes tipos: ©) Retribuicio minima mensal garantida (emmg), quando 0 trabalhador esteja sujeito a0 cumprimento do periodo normal de trabalho fixado pela entidade empregadora nos termos do artigo 149° do Cédigo Laboral; b) Retribuicdo minima horéria garantida (mhg), nas situagdes de trabalho em regime de tempo parcial ou com pagamento A quinzena, semana ou dia. ‘tigo 4° Valor da reteibuigdo minima mensal garantida 1, Aretribuigdo minima mensal garantida devida aos trabathadores por conta de outrem, desde que sujeitos a0 perfodo normal de trabalho, é ficada em 1.000800 (onze ‘mil escudos), sem prejuizo das reduces, relacionadas com o trabalhador, previstas no artigo 6.” 2. A retribuiedo m{nima mensal garantida nao inclui subsidios, prémios, gratificagées ou outras prestagées de atribuigao acidontal ou por periodos superiores ao més, Aigo Retribulgio minima hori serantida 1. Para determinagio da retribuiglo minima garantida devida nas situagSes de trabalho em regime de tempo parcial ou com pagamento a quinzena, semana ou dia utiliza-se a retribuicao minima horaria garantida (rmhg), determinada segundo a seguinte férmula: Rmhg. smimg x 12 (meses)/(52 (semanas) x n) em que “n’ significa o ntimoro de horas de trabalho Semanal a que o trabalhador esta legal ou convencionalmente sujeito. 2 Sempre que horério semanal do trabalhador seja de duragio variivel, atender-se- 10 seu valor médio anual, ‘tiga 8° Redupées relacionadas com o teabalhador 1. Aretribuicdo minima garantida mensal estabelecida no artigo 4.” sofre uma reducio de 20% (vinte por cento) ‘quando estoja om causa praticantes, aprendizes, estagiirios e demais situagies que devam ser consideradas de for- ‘magio pratica para profisedes qualificadas ou altamente qualificadas.~ 2. A redugio prevista no mimero anterior ndo & aplicavel por poriodo superior a dois anos, neste periodo se incluindo o tempo de formacso passado noutras en- tidades patronais, desde que documentado ¢ visando a ‘mesma qualificacdo profissional. 3. O periodo estabelecido no mimero anterior é redu- ido a um ano no caso de trabalhadores possuidores de curso téenico-profissional ou de curso obtide no sistema do formacio profissional qualificando para a respectiva profisedo, Aetigo 7? “Actualizagio do valor 1. Ovalor da retribuiciio minima garantida estabelecida no artigo 4.° deve aer revisto e actualizado sempre que a ‘mesma ocorra a nivel da fungéo pablica ou quando assim delibere o Conselho de Concertagiio Social. 2. Areviso do valor a que we refere o ntimero anterior deve ter em contao aumento de custo de vida ea evolucio da produtividade, tendo em vista a sua adequacho nos critérios da politica de rendimentos e precos © ao grau do desenvolvimento dos sectores econdmicos. Artigo 8° Contra-ordensgio 1, Constitui contra-ordenagio muito grave a violacdo do disposto no n.* 1 do artigo 4”, punivel com coima de 5.000800 (cinco mil escudos) a 100.000$00 (com mil escudos). 2. A decisdo que uplicar a coima deve conter a ordem de pagamento do quantitative da remuneracio em divide 0 trabalhador, a efectuar dentro do prazo estabelecido ara pagamento da coima. 3, Bm caso de nao pagamento da remuneragso em divida, a decis8o referida no mimero anterior pode ser vir de base A execueiio que segue os termos previstos no Cédigo do Processo Civil. 4, A contra-ordonacdo prevista no presente diploma aplica-seo rogime geral das contra-ordenagies provistas no Decroto-Logislativo n.° 9/95, de 27 de Outubro. 1_SERIE — N96 «B, O» DA REPUBLICA DE CABO VERDE — 29 DE JANEIRO DE 2014 ns ‘Aigo? Fiscalizagio¢ instrugio e deciado de processo Compete a Inspec¢ao Geral do Trabalho zelar pela correcta aplicacio do presente diploma, sendo a enti- dade competente para realizar as acces de fiscalizagio, organizar e decidir processo de contra-ordenago, nos cormos da lei Aatigo 10° Avaliagiio do impacto socioeconémico 0 Governo ¢ os parceiros sociais promovem, através der Conselho de Concertacio Social, a roslizacao de estudoe periédicos com vista a apurar o impacto socioeconémico da institucionalizacio da retribuicao minima mensal garantida. ‘Artigo 11" Disposicio transitseia O presente diploma aplica-se igualmente aos contratos de trabalho em vigor 4 data da sua entrada em vigor, considerando-se os salérios neles estipulados aumen- tados automaticamente até o montante da retribuigao minima garantida aplicével ao caso, Antigo 12° Entrada em vigor 0 presente diploma entra em vigor a partir de 1 de Janeiro de 2014, Aprovado em Conselho de Ministros de 19 de ‘Dezembro de 2013, José Maria Pereira Neves - Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte- Janira Isabel Fonseca Hopffer Almada- Humberto Santos de Brito Promulgado om 24 de Joneiro de 2014 Publique-se. © Presidente da Repablica, JORGE CARLOS DE AL- MEIDA FONSECA ——ofo—_

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