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TEORIA ELEMENTAR DOS NUMEROS Edgard de Alencar Filho Ex-professor de GEOMETRIA ANALITICA e CALCULO da Escola Militar do Realengo e de MATEMATICA da Escola Preparatéria de Sio Paulo CIP-Brasil. Catalogacdo-na-Fonte Camara Brasileira do Livro, sP Alencar Filho, Edgard de, 1913- A353t Teoria elementar dos nimeros/Eagard de Alencar Filho. -- Sao Paulo : Nobel, 1981. Bibliografia. ISBN 35-213-0040-9 1, Nimeros - Teoria I, Titulo. 17. CDD=-512.31 1s. S12. 31-0333 Indices vara catalogo sistematico: 1. Teoria dos nimeros 512.31 (17.) 512.7 (13.) INDICE CAPITULO 1 ~ NUMEROS INTEIROS: NOGOES FUNDAMENTAIS 1.1 Nameros inteiros ....... 1.2 Propriedades dos inteiros F 1.3 Valor absoluto de um inteiro 1.4 Fatorial ss 1.5 Namero binomial .. m 1.6 Nimeros binomiais complementares . : 1.7 Mimeros binomiais consecutivos Exercicios . caPiTuLo 2 - INDUGAO MATEMATICA 2.1 Elemento minimo de um conjunto de inteiros 2.2 Principio da boa ordenacao . as 2.3 Prineipio de indugao finita ... a 2.4 Indugdo matematica ..... 2.5 2.6 Outras formas de indugao matendtica . Exercicios ...... detec eeeee seeeee CAPITULO 3 - SOMATORIOS E PRODUTORIOS Somatorios . Propriedades dos somatorios . Somatorios duplos .. Produtérios ...... Propriedades dos produtdrios Teorema do bindmio Triangulo de PASCAL Propriedades do triangulo de PASCAL .. Nimeros triangulares .............. Exercicios ....... teeee PELYLLULUY bo mUTAueone 13 14 16 13 20 21 21 25 31 32 34 35 37 40 45 47 49 50 52 53 55 57 59 61 65 CAPITULO 4 - DIVISIBILIDADE 4.1 Relagao de divisibilidade emZ..., 63 4.2 Conjunto dos divisores de um inteiro . sy TL 4.3 Divisores comuns de dois inteiros .. 72 4.4 Algoritmo da divisao 74 4.5 Paridade de um inteiro ..... - B IERQEGIGLOB! 5 Siaeoeee iene nase mig we. 80 CAPITULO 5 - MAXIMO DIVISOR COMUM 5.1 Maximo divisor comum de dois inteiros 84 5.2 Existéncia e unicidade do mde 385 5.3 Inteiros primos entre si ....... 89 5.4 Caracterizacao do mdc de dois inteiros . 93 5.5 Mde de varios inteiros ; 94 Exercicios .........., ry 96 CAPITULO 6 - ALGORITMO DE EUCLIDES. MINIMO MULTIPLO comuM -1 Algoritmo de EUCLIDES ............ +2 Maltiplos comms de dois inteiros . +3 Minimo miltiplo comum de dois inteiros 5 4 ac 5 Relagao entre o mdc eo me Mme de varios inteiros . Exercicios .........4. DAKAR CAPITULO 7 - NOMEROS PRIMOS 7.1 Nimeros primos e compostos .. 116 7.2 Teorema fundamental da Aritmatica LL 7.3. Formulas que dao primos ., +125 7.4 Crivo de ERATOSTENES ... +126 7.5 Primos gémeos aes Sa ane: 7.6 Sequéncias de inteiros consecutivos compostos128 7.7 Conjectura de GOLDBACH ...... vee eee e129 7.8 Método de fatoragao de FERMAT . ald, Exercicios ..... alae CAPITULO 8 - EQUACOES DIOFANTINAS LINEARES 8.1 Generalidades .........0., oa «137 8.2 Condigao de existéncia de solugao .. 138 8.3 Solugoes da equagao ax + by =c e139 Exercicios ., 146 CAPITULO 9 ~ CONGRUENCIAS 9.1 Inteiros congruentes 148 9.2 Caracterizagao de inteiros congruentes . 150 9.3. Propriedades das congruéncias . 152 9.4 Sistemas completos de restos . 159 Exercicios 162 CAPITULO 10 - CONGRUENCIAS LINEARES 10.1 Generalidades .. 165 10.2 Condigao de existéncia de solugao colt 10.3 Solugdes da congruéncia ax = b (mod. m) .... 168 10.4 Resolugao de equagoes diofantinas lineares por congruéncias .... Es ee DS 10.5 Inverso de um inteiro . 178 Exercicios sseseeeres 179 CAPITULO 11 - SISTEMAS DE CONGRUENCIAS LINEARES 11.1 Generalidades ....... te 181 11.2 Teorema do resto chinez 133 Exercicios ....seeeeeees 191 CAPITULO 12 - TEOREMAS DE FERMAT E WILSON 12.1 Teorema de FERMAT . 193 12.2 Teorema de WILSON . 199 Exercicios 203 CAPITULO 13 - DIVISORES DE UM INTETRO 13.1 Divisores de um inteiro . 205 13.2 Numero de divisores 208 13.3 Soma de divisores 212 13.4 Notagao 13.5 Produto de Exercicios CAPITULO 14 - FUNGOES ARITMETICAS 14.1 Conceito de fungao aritmética ....- 14.2 Fungoes aritmeticas miltiplicativas 14.3. Fungdo de MOBIUS .+e++eesesee 14.4 Fungoes aritméticas mltiplicativas completas 14.5 Fungao maior inteiro .....-.+sseseeeee ee waa 14.6 Formula de inversao de MOBIUS Exercicios CAPITULO 15 - FUNGAO E TEOREMA DE EULER 15.1 Fungao de EULER .... 15.2 Calculo de $(n) 15.3 Propriedades da fungdo de EULER . 15.4 Teorema de EULER ..... 15.5 Relagao entre as funcoes Exercicios ..seesseseeee CAPITULO 16 — NOMEROS PERFELTOS 16.1 Numeros perfeitos .... 16.2 Nimeros multiperfeitos . 16.3 Niimeros amigos ....... 16.4 Nimeros deficientes e abundantes 16.5 Nameros de MERSENNE 16.6 Nameros de FERMAT . Exercicios CAPITULO 17 ~ NOMEROS DE FIBONACCI 17.1 Sequéncias recorrentes . 17,2 Sequéncia de FIBONACCI . 17.3. Somas de niimeros de FIBONACCI 17.4 Soma dos quadrados de nimeros de FIBONACCT. 17.5 Identidades entre niimeros de FIBONACCI . 17.6 Propriedades dos niimeros de FIBONACCI Exercicios ........ CAPITULO 18 - TERNOS PITAGORICOS 18.1 Conceito de terno pitagdrico 18.2 FOrmulas que dao ternos pitagoricos . 18.3 Ternos pitagéricos primitivos ... 18.4 Propriedades dos ternos pitagdricos . Exercicios . CAPITULO 19 - CLASSES RESIDUAIS 19,1 Conceito de classe residual . 19.2 Propriedades das classes residuais 19.3 Conjunto das classes residuais . EBxercicios ..4.0+a0we « . 233 235 237 » 240 244 249 255 258 265 266 267 1 263 272 274 278 279 280 234 285 237 292 296 297 299 301 305 303 310 312 417 CAPITULO 20 - REPRESENTACAO DOS INTEIROS EM OUTRAS BASES. CRITERIOS DE DIVISIBILIDADE Representacao dos inteiros em outras bases.. Critérios de divisibilidade .... Critério de divisibilidade por 9 . Critério de divisibilidade por 11. Exercicios . 8sss ReRY Pera CAPITULO 21 - RAIZES PRIMITIVAS 21.1 Ordem de um inteiro médulo n . 21.2 Raiz primitiva de um inteiro Exercicios ...., 318 323 325 327 323 PREFACIO 0 conceito de nimero desempenha papel fundamental na eivi lizagao moderna, @ as ciéncias mais avangadas sao prec samente aquelas que mais empregam a linguagem dos name- ros. Alias, a Matematica vem se tornando cada vez mais ne Cess@ria em todos os ramos do conhecimento humano, desde a Fisica 4 Biologia, bem como nas ciéncias sociais(Econo- mia, Finangas, etc.). Até mesmo na Psicologia tem sido utilizada com éxito. 0 Livro que ora publicamos pela conceituada "Editora NO- BEL" tem por iinica finalidade fornecer aos estudantes as primeiras nogoes da “Teoria dos Nimeros". Desta forma pro curo contribuir, na medida das minhas forcas, para a me- lhoria do ensino da Matematica em nosso Pais, como,alias, venho fazendo ha muitos anos. Em cada um dos Capitulos do livro os conceitos sao defini, dos com precisdo e as proposicdes fundamentais pertinen= tes sdo todas demonstradas e, logo em seguida, exemplifi- cadas, tendo em vista o leitor que pela primeira vez abor da esta fascinante parte da Matematica pura. Além disso, cada Capitulo termina por um conjunto de Exercicios, numé ricos e tedricos, cujas respostas sao dadas no final do livro, os quais permitem completar a aprendizagem. Edgard de Alencar Filho capitulo 1 NUMEROS INTEIROS NOCOES FUNDAMENTAIS 1.1 NOMEROS INTETROS Os nimeros intetros ou apenas os intetros sio: »73,-2,-1,0,1,2,35... cujo conjunto representa-se pela letra Z, isto é: 2m Lenn -2,-1,0,1,2,3,... 3 Neste conjunto 2 destacam-se os seguintes euboonjuntos: (1) Conjunto 2* dos intedros nao nuloe (# 0): m= {xeZ|x#O}={41, +2, +3, 0.3 (2) Conjunto 2, dos intetros nao negativos (20): 2, ={x€Z[x>0}={0,1,2,3, ...} (3) Conjunto Z_ dos intetros nao positives (<0): 2_ = xe€ 2[x<0}= {0,-1,-2,-3, ...} 14 (4) Conjunto Z* dos intetros posttivos (> 0): 2 = {x€Z[x>0}={1,2,3,...} (5) Conjunto 2* dos tntetros negativos (<0): 2k ={xé2|x<0}={-1,-2,-3, ...} Os intetros postttvos sao também denominados intetros na- turats e por isso o conjunto dos inteiros positivos @ ha- bitualmente designado pela letra N(N = 2%), 1.2 PROPRIEDADES DOS INTEIROS © conjunto Z dos inteiros mmido das operagées de adigdo (+) e multiplicagao(.) possui as propriedades £ undamen- tais que a seguir enumeramos, onde a, bec sao intei- Tos quaisquer, isto @, elementos de 2: qa) (2) (3) (4) (5) (6) atb=bta (a+b) +e= O+asaie va = (-la a(b +c) = ab 0.a=0,e se e e ab =ba as(b +c) e lanza (abe = a(be) an-az=at (-a) =0 + ac ab = 0, entao a= 0 ou b=0. Tanbém existe una "relagdo de ordem" entre os inteiros, representada pelo sinal "<(menor que)", que possui as se guintes propriedades: (7) Se (8) Se (9) Se (10) Se (11) se 15 a#0, entao a<0 ou Ob2c, etc. | 1.3 VALOR ABSOLUTO DE UM INTETRO Definigdo 1.1 Chama-se valor abeoluto de um inteiro a,0 inteiro que se indica por |a|, e tal que a se az0 “a se a<0 Assim, p.ex [3 = 3 |-5] = -(-5) = 5 Consoante a definigao de |a|, para todo inteiro a, temos: 0 valor absoluto |a| de um inteiro a também pode ser de~ finido pelas igualdades: laj=Va, la] =max(-a,a) 17 onde denota a raiz quadrada nao negativa de a e max(-a,a) indica o maior dos dois inteiros -a e a. Assim, p.ex.: 1 -4[ = V ay? V6 2g [| -6! = max(-6,6) = 6 Teorema 1.1 Se ae b sao dois inteiros, entao: lab] = [al . |b] Demonstracao: Com efeito: Jab] = V (ab)? = Vary? eV a? , Vp? Teorema 1.2 Se ae b sao dois inteiros, entao: Ja + bl < fal+ |b] Demonstraga Com efeito, pela definicao de |a|, temos: -lal<¢adq@lal, - [b] <[bl< |b] Somando ordenadamente estas desigualdades, obtemos: (lal + Ib])0 ek dois inteiros tais que O com 1¢k (nt)*. Decompor o inteiro 565 numa soma de cinco inteiros im pares consecutivos. Achar todas as solugdes inteiras e positivas da equa- gio: (e+ L(y + 2) = dxy 26 10. Achar un inteiro positive de dois algarismos-que “se Ja igual ap quadruple da soma dos seus algarismos. Li. Achar o menor e o maior inteiro positive de a algaris mos. 12. Resolver a equaga (x + 2)! = 72.21, 13. Resolver a equagao: 14. Demonstrar: 15. Achar todas as solugoes inteiras e positivas da equa~ ior x? - y2 = 9g 16. Verificar que o quadrado de um inteiro nio pode termi “nar em 2, 3, 7 ou 8. 17. Reconstituir as adigoes: (a) 3* 76+ 244445 * 28 = 17838 (b) 5 * 23 + 40 * * + 1269 = 1 * 927 18. Reconstituir as subtracoes: (a) 1 * 256 ~ 431 * = a9 #6 (b) 63 * 1-43 % 25 % 96 19, 20. 21. 22, 23. 24. 27 © produto de um inteiro positivo de trés algarismos por 7 termina a direita por 638. Achar esse inteiro. Determinar quantos algarismos se empregam para nume- Tar todas as paginas de um livro que tem 2748 pagi- nas. Reconstituir as multiplicacdes: (a) 435 (b) 2*03 *6 #2 *6*0 4806 1305 14*1%* i 1*660 148986 Caleular a soma dos trés matores inteiros de, respec- tivamente, trés, quatro e cinco algarismos. Determinar a diferenga entre o maior inteiro com seis algarismos diferentes e 0 maior inteiro com cinco al- garismos também diferentes. i Um livro tem 1235 paginas. Determinar o numero de ve- zes que o algarismo 1 aparece na mumeracao das pagi- nas deste livro. 28 25. 26, 27. 28. bok 30. 31. 32. Reconstituir as divisoes: (a) # ae Be ae () *O*eL| kHR *91 32 59 6 ae Mostrar que o produto de quatro inteiros consecutivos, aumentado de 1, @ um quadrado perfeito. A soma dos quadrados de dois inteiros 2 3332 e um de- les @ 0 quadruplo do outro. Achar os dois inteiros. Sejam a e b dois inteiros. Demonstrar: max(a,b) = (a +b + [a - b])/2 min(a,b) = (a +b = Ja - b/)/2 Determinar o inteiro n>1 de modo que a soma 1i+ 204 3! +...+ af seja um quadrado perfeito, A média aritmética de dois inteiros positives €5ea média geométrica é 4. Achar os dois inteiros. Achar os cinco inteiros positivos consecutivos cuja soma dos quadrados @ igual a 2010. 0 resto por falta da raiz quadrada de um inteiro posi tivo € 135 eo resto por excesso @ 38. Achar esse in- teiro. 29 xi + 3(x = 2)! — 31 33, Resolver a equacio: PIGS 34, Achar o inteiro que deve ser somado a’cada um dos in- teiros 2, 6 e 14 para que, nesta ordem, formen uma proporeao continua. 35. Mostrar que o produto 12345679 x 9 x k, sendo k#0 um algarismo, @ kkk. kkk. kkk. 36. Achar o valor minimo de uma soma de 10 inteiros posi- tivos distintos, cada um dos quais se escreve com trés algarismos. 37. Mostrar que o produto 37037037 x 3.x k, sendo k #0 um algarismo, @ kkk. kkk.kkk. 38. Um estudante ao efetuar a multiplicagao de 7432 por tm certo inteiro achou o produto 1731656, tendo troca do, por engano, o algarismo das dezenas do multiplica dor, tomando um 3 em vez de 8. Achar o verdadeiro pro duto. 39. Achar o menor inteiro cujo produto por 21 @ um intei- ro formado apenas com algarismos 4. 40. Escreve-se a sequéncia natural dos inteiros positi- vos, sem separar os algarismos: 123456789101112131415... Determinar: 30 41. 42, 43. 4a. 45. 46. 47. (a) 0 4359 algarismo que se escreve; (b) 0 17569 algarismo que se escreve; (c) 0 123879 algarismo que se escreve. Escreve~se a sequéncia natural dos inteiros positi- vos pares, sem separar os algarismos: 24681012141618... Determinar o 25749 algarismo que se escreve. Reconstituir as multiplicagoes: (a) kaa ) ne a4 RRS ARR RE a eas teat ak 90329 36733 Mostrar que o produto de dois fatores entre 10 e 20 @ © décuplo da soma do primeiro com as unidades do se- gundo, mais o produto das unidades dos dois. Achar o menor inteiro positivo que multiplicado por 33 d@ um produto cujos algarismos sao todos 7. Os inteiros ae b sao tais que 4 (a€A e (YxEA) (a12} temo elemento minimo, que € 13 (minA = 13), porque 13€A e 13<¢x pa ra todo x€A, Exemplo 2.3 0 conjunto Z_ = {0,-1,-2,-3,...} dos intet- P08 nao positives ndo tem o elemento minimo, porque nao existe a€Z_ tal que a J mina Exemplo 2.5 0 conjunto A = {1,3,5,7,...} dos intetros posttivos impares @ um subconjunto nao vazio de 2, #acz,). Logo, pelo "Principio da boa ordenagao", A possuio ele- mento minimo (minA = 1), Exemplo 2 O conjunto P = {2,3,5,7,11,...} dos intet- vos primos @ um subconjunto nao vazio de 2.06 # PCZ,), Logo, pelo "Prinetpto da boa ordenagéo", P possuio ele- mento minimo (minP = 2). Teorema 2.2 (de ARCHIMEDES) Se a eb sao dois inteiros positivos quaisquer, entao existe um inteiro positivo n tal que na2b. Demonstragao: Suponhamos que a eb sao dois inteiros positivos para os quais na11; Gi) sea=9 e b=5, entaon= 1, porque 1.9>5, 2.3 PRINCEPIO DE typuGKO FINTTA Teorema 2.3 Seja S um subconjunto do conjunto N dos in- teiros positivos (SCN) que satisfaz as duas seguintes condicoes: (1) 1 pertence a § (1€5); (2) para todo inteiro, positivo k, se kes, entéo k+1€s, Nestas condigdes, S$ @ 0 conjunto N dos inteiros positi- vos: S =N, Demonstrag! Suponhamos, por absurdo, que $ nao @ 0 conjunto N dos in- teiros positivos (S #N) e seja X o conjunto de todos os 35 inteiros positivos que nao pertencem a S, isto é@: K={x| xen e xéS}=n-s Entao, X @ um subeonjunto nao vazio de N(d # XCN) e, pe- lo “Principio da boa ordenagdo", existe o elemento minino X de X(mink = x,). Pela condigéo (1), 1€8, de modo que x >1e, portanto, - 1 ¢um inteiro positivo que nao pertence a X. Logo, Xy — L€S e, pela condicdo (2), segue-se que (x-D)41 = = X)€S, 0 que & uma contradigao, pois, x,€ X= x= S, is to pron »yfS Assim sendo, X= gegen. Consoante este "Principio de tndugao finita", o nico sub, conjunto de N que satisfaz 3s condigdes (1) e (2) 30 ped prio N. 2.4 INDUGAO MATEMATICA Teorema 2.4 Seja P(n) uma proposicdo associada a cada in teiro positivo n e que satisfaz as duas seguintes condi- goes: (1) PQ) @ verdadeira; (2) para todo inteiro positive k, se P(e) @ verdadeira, entao P(k+1) também @ verdadeira. Nestas condigoes, a proposicao P(n) é verdadeira para to- do inteiro positivo n. 36 Demonstragao Seja S 0 conjunto de todos os inteiros positives n para os quais a proposigao P(n) @ verdadeira, isto é: S={n€N | P(n) é verdadeira } Pela condigdo (1), P(1) @ verdadeira e, portanto, 1€S.Pe la condigao (2), para todo inteire positivo k, se k€S,en tao k+l€S. Logo, o conjunto $ satisfaz as condigoes (1) e (2) do "Princtpto de indugéo fintta" e, portanto, SeN, isto @, a proposigdo P(N) é verdadeira para todo inteiro positivo n. NOTA, 0 teorema 2.4 @ geralmente denominado "Teorema da ‘indugao matenatica" ou "Prinetpto de indugao matemittca rs ea “demonstragao de uma proposigao usando-se este teorema chama-se "demonstragdo por indugao matemattca" ou "demons tragdo por indugio sobre xn" Na "demonstragdo por indugdo matemdtica" de uma dada pro- posigao P(n) @ obrigatério verificar que as condicées (1) e (2) sao ambas satisfeitas. A verificagao da condicgao(1) @ geralmente mito facil, mas a verificagao da condicao (2) implica em demonstrar o teorema auxtliar cuja hipote- se é: H: proposigao P(k) @ verdadeira, kEN denominada "tipétese de indugdo", e cuja tese ou conelu- so é: 7 T: proposigao P(k+l) € verdadeira. 37 2.5 EXEMPLOS DE DEMONSTRACAO POR INDUGAO MATEMATICA Exemplo 2.7 Demonstrar a proposigao: Pla) 2143454 ..+ Qn=1) w02, Vaew Demonstraga (1) PQ) € verdadeira, visto que 1 = 12 (2) A hipdtese de indug&o & que a proposigao: P(e): L4+34+5 4... + (2-1) ken é verdadeira. Adicionando 2k+1 a ambos os membros desta igualdade, ob temas: L4+345 4.0.4 (2kel) + (2ke1) = m2 + (2K+1) = (Kt1)? e isto significa que a proposicao P(k+1) @ verdadeira. Logo, pelo "Teorema da indugdo matemitica", a proposi- sao P(n) & verdadeira para todo inteiro positivo n. Exemplo 2.8 Demonstrar a proposicao: Cee , aie *) ta 7+ 2.a* se? ---* aay ae Ven Demonstragao (1) P(L1) @ verdadeira, visto que “Tal * (2) & hipétese de indugao € que 3 proposicao: 1 k Eke) “were | KEN 1 zat @ verdadeira. Adieionando 757 Tea @ anbos os menbros desta igualda de, obtemos: 1 1 "Ete * Tei ceay 1 122% kel i Tz ea . = BL k+l © Cer) (47 +1) (k+2) +2 e isto significa que a proposigao P(k+1) é verdadeira.Lo go, pelo "Teorema da indugao matematica", a proposicao P(n) @ verdadeira para todo inteiro positivo a. Exeniplo 2.9 Demonstrar a proposi¢ao: Pa): 3/(7"-a), ¥ nen Demonstragao: (1) PQ) é verdadeira, visto que 3{ (2? - 1). (2) A hipétese de indugéo que a propdsicio: Pw): a] -1), ken @ verdadeira. Portanto: 2h < 9 wig, com d€z © que implica:

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