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‘LICENCIATURA EM ENGENHARIA DE MINAS E GEORECURSOS PETROLEO E GAS Por: Antonio José da Costa Silva INSTITUTO SUPERIOR TECNICO Departamento de Engenharia de Miinas Secgdo de Mineralugia e Planeamento Mineiro Outubro de 2004 WOVOES BASICAS DE GROLOGIA DO PETROLEO INTRODUGAO Geologia, significa o estudo da Terra, incluindo a sua composicdo, ¢ as RodificapSes estruturais a que ten estado aujeita, desde « sua formagdo, ou seja ao longo de cerca de 4,5 mil milhées de anos. A Terra, cuja origem, tal como os outros Planetas, resultou da concentraréo de gas ¢ poeiras provenientes do sistema solar Primitivo, tem evolusdo constantemente através dos tempos geoldgicos, até se formar no nosso conhecido Planeta Azul, com os seus oceanos, Continentes ¢ massas de ar. Mas a Terra & um planeta vivo, continu a mudar, por vezes violentamente, com eruppées vulcdnicas, terramotos ou cheias, mais frequentemente, através de meios menos violentos, mas Permanentes, que incluem processos destructivos (como a erosée) ou constructivos (como a sedimentagao). A Geologia procura, assim, compreender os mecanismos geolégicos actuais, com vista a poder interpretar os acontecimentos antigos, muitos dos quais de importancia Para a formarao © preservagio de depésitos de hidrocarbonetos. 4 Geologia do Petréles, por sua vez, utiliza todos oa elementos fornecidos pela Geologia - alem de outros elenentos, obtides por meio de técnicas especificas - na pesquisa do Petréleo. 0 objective final desta pesquisa ¢ a descoberta de hidrocarbonetos a quantidade suficiente para serem explorados comercialnente. 1 - CaMFOST¢AO E ESTRUTURA DA TRERA Podemos considerar que a parte superficial da crosta terrestre ¢ aquela de que possuimos mais conhecimentos. De facto, os processos de eroséo tém revelado a composigao e estrutura da Terra, até Profundidades que Podem atingir alguns kildmetros. Também em miitos Pogos de pesquisa de petréleo tém sido atingidos varios kilometros de Profundidade, contribuindo Para o conhecimento da composigéo e, por vezes, tambem da estrutura superficial da Terra. Ao contrario, as caracteristicas das partes mais interiores da Terra S80 inacessiveis 4 obtengio de informacdes directas, e neios indirectos (fundamentalmente atraves da interpretacdo de ondas sismicas, Provocadas por terramotos, ou mesmo artificialmente), tés de ser utilizados. Uma ideia desta inacessibilidade podera ser dada pele comparapaéo entre a Profundidade donde Provém algumas rochas, Produzidas pela actividade vulcanica - cerca de 200 kms, e a distanc: até ao centro da Terra de aproximadamente 6,300 kms. De ‘qualquer maneira, a andlise dos meios directos ¢ indirectos permitiu dividir a estrutura da Terra em trés partes principais (Fig.1): Fig. 1. Estrutura interna da terra, L RA ~ Forma a parte rigida mais exterior da Terra com una espessura de 65-100 kms e inclui as crostas continental e oceanica. A croste continental tem uma espessura média de 20-40 kma, podendo ser mais espessa sob as grandes cadeias de montanhas, © é principalmente conatituida por rochas sialicas (formadas a base de silica e aluminio), com densidade aproximada de 2,7. A crosta oceanica tem uma espessura mais ou menos uniforme de 8 kms sendo predominantemente constituida por rocha siméticas (silica e magnésio), com densidade média de 2,95 (Fig. 2). Sedimanrns Fig. 2, Relacdo entre a crosta continental e a crosta oceanica. MANTO - Situado abaixo da Litosfera, possui uma espessura de sproximadamente 2.900 ims, dos quais os 200 kms superiores formm a astenosfera, A astenosfera, que se apresenta préximo do ponto de fuséo, Pode ‘actuar como um liquido altamente viscoso, ste liquido, quando sujeito a pressdes, pode fluir, provocando deformagées da crosta actividade vulednica. 0s elementos principais do manto sdo silicatoe de ferro e magnésio, dar o manto apresentar uma densidade superior litosfera. NUCLEO - 0 micleo tem aproximadamente 7.000 kms de didmetro e constituido por uma parte central, sélida, com cerca de2.600 kms de diametro, e uma parte exterior, no estado liquide, com uma espessura proximada de 2.200 kms. 0s elementos predominantes séo o ferro e o niquel. Admite-se que o campo magnético terrestre, se deve acs efeitos da rotapo da Terra sobre o niicleo. Sem divide, que a parte que interessa fundementalmente Geologie, particularmente @ Geologia do petrdleo, ¢ a litosfera. Aqui se encontrem 8 Fochas, ¢ se desenvolveram os processos, responaiveis pela formecéo o acumulago dos hidrocarbonetos. Porém, antes de nos referirmos especificamente a essas rochas e processos, assim como a alguns dos meios utilizados para o seu estudo, introduziremos sumariamente alguns principios sobre tecténica global ou teoria da tecténica das placas, na qual se baseia a explicapéo de alguns daqueles Processos. Basicamente, esta teoria considera que a superficie da Terra (incluindo continentes © oceanos) é formada por varios blocos da litosfera - as chamadas placas tecténicas, que se encontram intermitentemente em movimento, flutuando sobre a astenosfera. A maior parte destas placas suportam as massas continentais, mas existem também placas oceanicas, debaixo dos mares Tratando-se duma teoria ainda ndo definitivamente provada, séo bastantes, no entanto, os diferentes tipos de evidéncia a favor da teoria das placas e do movimento dos continentes. De facto, desde os principios de 1900, quando Wegener primeiro considerou a existéncia duma grande mas: continental original, chamada Pangaea, a qual se dividiu, possivelmente devido a forgas causadas pelo movimento de rotagdo da Terra, ate mais recentemente, a partir principalmente de 1960, quando o conceito da deriva dos continentes foi associado & Teoria da tecténica das placas, varios factores parecem suportar tal teoria. Certamente, um dos factores mais Positivos resulta da maneira como as margens atldnticas da América do Sul e da Africa se ajustam, sugerindo uma separapdo, a partir duma fractura original (Fig. 3). Fig. 3. Posigio da América do Sul e da Africa antes da deriva dos continentes. Alguns dos outros factores, apontando no mesmo sentido, sao: Presenga de determinados fosseis em rochas da mesma idade, e@ en quntinentes tdo separados como a América do Sul, Austrelia o a Africa Meridional, sugeren um desenvolvimento comm, 0 qual foi interrompido Por separapao dos continentes. Bxisténcia de alinbementos estruturais que terminam ebrutanente nes ca rade do nets, Continentes, para reaparecerem nos continentes an eutro lade do Oceano. Observagées de Paleomagnetisno, consistindo em comparer o alinhamento paunetico doa mineraia de ferro, que ficaram “presos" na altura da formagdo e arrefecimento das roches, e que apresentam alinhamento semelhante em diferentes continentes, Durante © movimento dos continentes, seré, certamente, nas respectives margens que a actividade tecténica seré mais intensa, Dependendo da - natureza desta actividade tecténica, podem formar-se diferentes tipos de Berens Continentais com caracteristices proprias, que irdo condicionar 9 modo de sedimentagdo e a respectiva capacidade Pera a formapio acumulagao de hidrocarbonetos Fundenentalmente, existem trés tipos de margens continental (1) Margens Cont: Tipo | Separacéo¢ afastamento das masses continentaia (Fig. 4). Neste Cnt") ag ontinentes separam-se a partir de uma fractura doreal ("Rift") ao longo do qual haverd intruséo do maga basiltico. sta intruséo iré constituir uma nova croata oceanica ec, centstusntemente, o alargamento do oceano que separara as masses continentais. — Deste processo resulta uma extenséo das margens Gontinentais com formaréo de blocos separades por falhas, onde se depositerio sedimentos de origem lagunar e marinha. Fig. 4. Separagio dos continentes @ partir de una frac fura dorsal. Ao longo desta fractura ha uma ~ intrusdo de magma basaltico, que vai consti euir Rova crosta ocednica. (2) Bete tipo de margens sao consideradas estaveis, devido @ pouca inportancia das manifestapses vulcdnicas © encontramse nas cestas Atlanticas da América do Sul e Africa. le Tipo Convergente: resultam principalmente da convergéncia de uma placa continental e de uma placa’ oceanica, Neste “caso, como se trata de placas de densidade diferente, a pleca de menor densidade, isto é, a continental, tenderé a cavalger a place cocamica, a qual nergulharé debaixo da placa continental, fundindo-se na estenosfera. Deste processo, resulta a formare de wma fossa oceanica ao longo da costa,e de uma cadeia montanhosa, no continente (Fig. 5). Continente Montanha fossa Oceanica Fig. 5. Subduccdo resultante da conver- géncia entre uma placa contine: tal e uma placa ocednica. Ae “margens deste tipo séo consideradas actives, por serem Garacterizadas por forte sismicidade e actividede vuledhica, éncontrando-se, sob virias formas, nas costas do Oceano Pacifico. Este mecanismo, em que uma das placas se afunda de baixo da outra, chama-se subduccéo. Mas as margens de tipo Convergente tambéa podem ser originadas por um fendweno chamado de colisée, 0 qual ocorre quando duas places continentais se encontram, sem possibilidade de subducgéo, devido Senelbanpa de densidades. Neste caso, existe uma inten deformacdo, por compresséo, das margens continentais em presenca, com formacdo de altas cadeias wontenhoses (Fig. 6). A existéacta- dos Himalai: Por exemplo, deve-se @ coliado entre a Place Indo-Australiana e a Placa gurcasiatica, (3) Montanhas Fis. 6. Formagio de nontanhas por coli sao entre duas placas contined tais. amadas Transformantes © movimento lateral dos blocos falhados): site tipo de margens ccorre quando duas placas se moven lateralmente, uma em relacpio cutra, sem haver convergéncia ou divergéncia das mesmas. Deste movimento resultam bacias onde se Podem depositar sedimentos de origen marinha, Bacias deste tipo encontram-se ao longo da Falha de Santo André, no Sul de California. Sualquer tipo de margem continental pode fornecer Condigdes favordveis para a deposicds des Sedimentos necessdrios formacio © acumulagéo de petrolecs (Ver Capitulo 5). Assim, ‘campos petroliferostipicos de ™argens —continentais divergentes, encontram-se nas Costas Atldnticas de Africa e América do Sul e nas costas do Golfo de México. Campos petroliferos Sssociados com margens continentais tipo convergente encontram-se, premio, ma Indonesia (Sumatra). por sua vez, os campos de Petroleo existentes no Sul da Califdrnia tdo tipicos de bacias sedimentares, que se formaram ao longo de usa falha transfornante. 2 - IDABE GBOLSGICA B COLIBA GEOLSGICA A idade das rochas, assim como de outros fendmenos geoldgicos, como Perfodos de erosdo ou deformagao, pode ser referida em termos absolutos ou relativos. A idade absoluta corresponde a determinacdo do tempo exacto em que as rochas ou os fenémenos geolégicos se formaram. A idade relativa é baseada na ccorréncia das rochas, ou outros fenémenos geolégicos, numa sequéncia, em que se determina a idade de uma rocha (ou outro fenémeno geolégico) em relagao a outra. Di A idade absoluta ¢ determinada por meios radicactivos. ste método baseia-se na perticularidade dos dtomos radicactivos se “desgastaren" espontaneamente, por decomposigio, © com formacdo de particules radioactivas novas. Chama-se “netade da vida" dum atomo radioactive ao perfodo de tempo que leva metade desse dtomo a “desgastar-se", transformando-se num novo stomo ou dtomo-filho. Deste modo, com a passagen do tempo, a quantidade do stomo inicial diminui, com correspondente aumento da quantidade do atomo-filho. € conhecido o pertodo de tempo, equivalente 4 "metade da vida", para os dtomos radioactivos mais comuns existentes nas rochas. Este periodo de tempo varia como tipo de tomo radioactive, sendo por vezes relativamente curto (milhares de anos), mas, noutros casos, bastante extenso (milhées de anos) e, portanto, til para a medigéo de idade absoluta da maioria das rochas. A determinagdéo da idade absoluta duma rocha, contendo um determinado mineral radioactivo, pode, assim, ser efectuada, se for conhecido o Perfodo de tempo correspondente a "metade da vida" dos atomos radicactivos daquele mineral. Basta entéo, medir a quantidade de dtomos radioactivoa iniciais, ainda presentes na rocha, e comparé-la com a quantidade de tomos-filhos, que entretanto foram criados. As edigées radiométricas nas rochas sedimentares so normalnente dificeis, visto os elementos constituintes néo serem originais, isto ¢, Provéa de outras fontes. Una maneira de ultrapassar esta dificuldade 6 efectuar medigdes nas rochas eruptivas e metamcrficas (ver caprtulo rochas ¢ minerais) que estdo associadas com aqueles rochas sedimentares. Usa combinagdo deste proceso, com os dados adquiridos pelo métedo de idade relativa, permite, geralmente, datar satisfatoriamente o6 sedinentos: envolvidos. a de rochas sedimentares, o método de datagdo mais utilizado € 0 da idade relativa. Dois elementos principais interven na determinagdo da idade relativa Sebreposicdo ~ Nua sequéncia normal de rochas sedimentares as rochas mais antigas foram depositadas primeiro, e estdo no fundo da sequéncia ¢ as Fockas mais recentes estéo no tope. Se esta sequéncia for afectada por determinados fenémenos geolégicos (falhas, dobras, intruséo de roches cruptivas ou eroséo) a idade relativa desses fenémenos, pode tanbém ser determinada, cono é ilustrado na Fig. 7. 0 principio a aplicar, é@ que se um Geterminado fenémeno geolégico afecta uma camada sedimentar, ease fenémeno 6 mais recente que a camada afectada. Fig. 7. Idade relativa, Sequéncia de fendmenos:19 depo- sigdo das camadas sedimentares(1), (2) © (3): 29 aparecimento da falhas 39 formagao da super- ficie de eroséo (discordancia): 49 deposicao das camadas (4) e (5). Fésseis - A medida que as camadas sedimentares sdo depositadas, plantas © animais sdo incluidos nos sedimentos. Estes animaia plantas transformar-se-do fdsseis se os seus restos (esqueletos) ou tragos forem subsequentemente preservados. Por outro lado, durante o tempo geolégico também se observa uma evolugéo das plantas © animais com eliminapio de algumas espécies © criapao de Guiras- Assim, a ocorréncia de um determinado tipo de féeseis pode indicar a idade relativa das rochas que os contém (Fig. 8). S10 Fossil mais Tecente oo. i Ce Fossil mai: do uso de fosseis na determina- gao da_idade relativa. A camada A, conten il mais antigo, é anterior a ca Para este fim, os féaseis ideais séo aqueles que tém a méxina distribuipao Seografica combinada com a minima distribuigso mo tempo, iste é a sua eliminapéo ou evolupéo foi bastante répida. Os fosseis sao Particularmente iiteis na correlaao de rochas que varian de litologia dum lugar para outro, mas por incluiren fésseis contemporaneos, possuem a mesma idade relativa. Na Andiistria do petréleo, © tipo de fusseis mais usados ado os Bicrofdsseis, cujo estudo constitui a Micropaleontologia. Tntre estes Bicrofdsseis os Foraminiferos (animais uniceluleres, em grande parte marinhos, de tamanho microscdpico e com carapacas calcsreas) constituem o grupo wais importante, Alguns outros microfdsseis tanbém bastante usados sao os radiolértes (animais unicelulares de esquelete silicioso), Cocolites (placas microscdpicas de natureza calcdria, segregadas por organismos marinhos), diatomicias ( algas microscdpicas de “esqueleto" silicioso) e grande variedade de algas de “esqueleto" calesreo (Fig. 9) roraniniferos SA) O3 Diatonacias ¢ Esnoros an ios Polen Cocolitos: Fig. 9, Tipos de microfésseis mais comuns utilizados na pesquisa de petréleo. Mais vecentemente, e como complement da_-Micropaleontologia, Jesenvolveurse a Palinologia ou estudo de fosseis de polén @ esporos. 4 Palinologia pode ser bastante importante »m correlagée, devido & resisténcia do polén e dos esporos a destruipdo, assim como & Possibilidade de estes fésseis poderem ser encontrados tanto em sedimentos depositados em meio marinho como terrestre. 4 sua aplicagdo particularmente Gtil nos sedimentos terciarios mais recentes (ver coluna geolégica), devido ao grande desenvolvimento da Flora durante aquele periodo. Embora a Micropaleontologia e a Palinologia sejam fundamentalmente aplicadas na correlapéo das rochas sedimentares, também podem ser utilizadas para fornecer indicagées do meio ambiente em que os sedimentos foram depositados . De facto, as variacées das condigdes de sedimentacdo Provocam mudancas no tipo de fdsseis depositados com os sedimentos, Deste modo, o estudo da natureza desses fdsseis, e suas ocorréncias, permitird deduzir das condigées ambientais (profundidades de agua, temperatura, meio terrestre ou marinho) em que viviam os microorganismos, quando da sua deposigao com os sedimentos. COLUNA GBOLéGICA Antes da descoberta dos meios radionétricos, 0 desenvolvimento duma_escala do tempo geologico, baseava-se, essencialmente, nos Principios de idade relativa, Cedo se tornou evidente que era possivel estabelecer correlagées de camadas sedimentares entre localidades diferentes. Destas observacdes 4 escala regional, resultou 0 conceito de unidades cstratigréficas (grupos de canadas sedinentares agrupadas por composicdo, correlagéo ¢ sequéncia), as quais representavan um determinede tempo geoldgico. © desenvolvimento deste conceito, levou a divisdo do tempo geoldgico em determinados intervalos, aos quais foram atribuides diferentes termos. fenbén foram introduzidos termos para as rochas pertencentes aqueles intervalos. Assim, chamou-se SISTEMA ao grupo de rochas depositado durante om tmervalo de tempo especifico, ao qual se chanou PERIODO. Grupos de FERTODOS formam uma ERA. 8 PERIODOS foram, por sua ver, dividide a EPOCAS © IDADES. De mesma maneira, a um conJunto de Sistemas chana-se GRUPO, © os Sistemas foram divididos em SERTES e ANDARES A relacao entre estes termos é, portanto, a seguinte: ERA PERTODO ‘SISTEMA EPOCA SERIE DADE ANDAR 4 sequéncia dos fenémenos geolégicos é fundamental pera a elaboragio da Coluna Geolégica. Durante bastante teapo, os fenémenos feolégicos foram colocados na Coluna Geolégica unicamente com base ea idades relativas. Com a descoberta dos meios radicadtricos, os fendeenos deolegicos foram ndo sé ordenados em sequéncia, como tambem foi determinada a idade absolute da sua ocorréncia. A Coluna Geoldgica a seguir apresentada, reflecte a integragdo destes doie— Rétodos. GRUPO SISTEMA SERIE ANDAR CRONOLOGTA em milhdes de anos ERA Perfopo epoca TDADE (Tempo Atémico) Holocénico Quaternaria : Plistocénico Pliocénico Miocéaico Terciéria _—-Oligocénico ou Eocénico Cenozdica Paleocénico Superior Cretacico Inferior Secundaria Superior ze (aim) Mesozdica dssico Medio Jurdssico “ese Inferior (Lias) Maestrichtiano Campaniano Santoniano Coniaciano Turoniano Cenomaniano Albiano Apciano Barreniano Hauteriviano Valanginiano Berriasiano Portlandiano Kimeridgiano Oxfordiano Caloniano Batoniano Bajociano Aaleniano Toarciano Pliensbachiano Sinemuriano Hetangiano Superior Teidssico Medio Inferior Se oe Carbonico Prindria Devgnico ou Silurico Paleozoica — Ordovicico Cambrico Precimbrico 65 135 190 225 600 4.500 -43 - A costa continental, como vinos, & formada por rochas. Fstas, por sua Pundames spe stittidas por minerais. oe quais so definidos fundamentelmente pela sua mentee seo duimica e estrutura cristalina, (isto € Pelo modo como os seus elementos uimicos estado arranjados), 4 composicdo quimica necessita de endlises laboratoriais, mas a estrutura cristalina, quando os cristais estde bem desenvolvidos © reservados, verte: muitas vezes, a identificacéo de alguns dos principais ninerats (Fig. 10), definida como a resisténcia dum mineral a ser riscado, Guantificada por uma escala de 10 minerais, ordenados segundo a sua dureza: 1 - Taleo 6 - Ortoclase (mais mole) 2 - Gesso 7 - quartz 3 - Calcite 8 ~ Topazio 4 - Fluorite 9 ~ Corumdum 5 ~ Apatite 10 - Diamante (mais duro) Tembeim se usam objectos comuns, para comparacses da dureza, como a unha (dureza 2,5) e 0 canivete (dureza 6). 2. Gor da rig. 4. lustro - determinado pela Baneira como um mineral reflecte a luz. A mcr Parte dos minerais tée lustro metdlico ou néo wetdlico, mas elguns possuem lustro submetalico, Calcite Gesso Pirite Granada Fig. 10. Alguns dos minerais mais comuns, representados pelas suas formas cristalinas. -14 - 5. Clivagem - tendéncia que alguns minerais tém de se dividirem ao longo de planos de fraqueza, os quais estéo relacionados com a estruturs cristalina do mineral. 8. Eractura - quando um mineral se parte ao longo duma superficie sem qualquer orientagdo. # tipica a fractura conchoidal do quartzo. duimicas_imediatas - método aplicado com frequéncia aca carbonatos, os quais reagem diferentemente ao dcido cloridico. Bate nétodo tem muita aplicardo nos poros de petréleo, para distinguir amostras de Calcite (reacrao rapida) e de Dolomito (reaceao lenta). Na crosta terrestre foram identificados mais de 2.000 minerais, os quaii Fesultam da conbinagdo de mais de 100 elementos quimicos. No. entanto, destes elementos quimicos, sd oito elementos (oxigénio, silica, aluminio, ferro, calcio, scdio, magnésio e potdssio) constituen mais de 99% da crosta terrestre. Da mesma maneira, os minerais mais comuns, encontrados nas rochas, reduzem-se a um niimero relativamente reduzido (Quadro 1). QUADRO 1 Minerais mais comuns encontrados nas rochas SILICATOS OXIDOS SULFURETOS CARBONATOS ~SULFATOS FOSFATOS. Granada ] ricos em Magnetite Galena Gesso Apatite Olivina | ferroe Hematite —Pirite Anidrite Piroxena/ magnésio Limonite Barite Anfibola Quartzo Feldspato] sem ferro Argila nea Mica Destes minerais os mais importantes pertencem ao grupo dos silicates, dos oxides e dos carbonatos, estando os sulfatos, sulfuretos @ fosfatod representados em menores proporcées. ROCHAS As rochas podem ser classificadas, quanto 4 sua composigéo e origem, em rochas igneas, sedimentares e metanérficas. IGNEAS As rochas igneas resultaram do arrefecimento e cristalizagéo do magma (matéria em fus&o existente no interior da Terra). Por este motivo, as rochas igneas sdo consideradas as rochas originais da Terra. As rochas igneas podem ser divididas em plutdnicas (ou intrusivas) e vwulcdnicas (ou extrusivas), conforme séo formadas no interior da Terra ou A sua superficie. Distinguem-se, fundamentalmente, pela sua textura, que € a maneira como os minerais se apresentam na rocha. Nas rechas vulcdnicas ou extrusivas, o arrefecimento do magma € rapido, com formagdo de diminutos cristais, ndo visiveis a olho nu, que constituem a textura af » tipica daquelas rochas. Por vezes, o arrefecimento do magma & tdo rdpido que ndo se chegam a formar cristais, e a textura Nas rochas plutdnicas, ao contrério, o arrefecimento ¢ lento, e os eristais tém tempo de se desenvolver. Forman-se, assim, cristais maiores ea textura € faneritica, isto ¢, os minerais constituem cristais visiveis a olho nu. Se 0 arrefecimento comeca por ser lento, para depois se tornar répido, devido ao contacto com a dgua ou com a superficie, formam-se grandes cristais (Fenocristais), que ficam depois envolvidos por uma matriz finamente cristalina. A textura, neste caso, chama-se porfiritica. A composic&o das rochas igneas depende da temperatura em que comesou a diferenciagéo do magma, com separagéo dos varios elementos quimicos que vao constituir os minerais, antes de comepar o processo do seu arrefecimento (Quadro 2). Se as rochas igneas forem diferenciadas a alta temperatura, os elementos predominantes sao 0 célcio, o ferro e o magnésio, com formepao de feldspatos calcicos (plagioclases) anfibolas e piroxenas, dando origem as rochas do grupo dos Gabro: Se a temperatura de diferenciagdo do magma for mais baixa, os elementos que predominam so o aluminio, a silica, 0 sddio e © potdssio, com formagéo de feldspatos scdicos e potdéssicos, micas e quartzo, dando origem &s rochas do grupo dos @1 Diminuigdo da temperatura de formagdo Se a temperatura de diferenciapéo é intermédia as rochas tém ma composi¢éo mista, entre os granitos e os gabros, dando origem ao grupo dos Os granitos, os gabros e os dioritos, sdo rochas igneas plutcnicas ou intrusivas, de textura faneritica, ou seja, de grdo mais’ ou menos frosseiro. Isto significa, como vimos, que o magma que lhes deu origem, sofreu um arrefecinento lento. Mas 0 mesmo magma, que acima deu origem aos gabros, granitos e dioritos, pode ter um arrefecimento rapido, dando origem a rochas vulcanicas ou extrusivas, quimicamente equivalentes, mas de textura afanitica, ou seja, de grao fino. As rochas vulednicas correspondentes aos gabros, granitos e dioritos, sido, respectivamente, b: itos (Quadro 2). QUADRO 2 Diferenciagdo das rochas igneas (Plutcnicas e Vulcdnicas) conforme os minerais constituintes e a temperatura de formacdo. Olivina Piroxena ssi Plagioclase Gabros (Pluténica) Calcica Basaltos (Vulcfnica) ’ ae a 2 Anfibola Dioritos (Plutcnica) g Biotite Andesitos (Vulcanica) og Plagioclase y Sddica_ 7 a ‘9 Felspatos 3 Potdssicos Granitos (Plutdnica) 2 Muscovite Riolitos (Vulcénica) Quartzo ROCHAS_ SE As rochas sedimentares derivan de materiais pré-existentes, os quais foram Posteriormente depositados, na sua maior parte, depois dum maior ou menor transporte. Em condigdes normais os materiais sdo depositados em camadac cu ssttates, cuja sucesso, uns sobre os outros, di origen ao aspects estratificado, tipico das rochas sedimentares. Os meios de deposigdo das rochas sedimentares séo variados, abrangendo os meios marinho, lagunar, lacustre, fluvial, edlico e glaciar, entre Gutros. Por vezes, na deposi¢ao de algumas rochas sedimentares interven uma combinagao de varios destes meios. As rochas sedimentares podem ser classificadas segundo vérios critérios, no entanto, as classificagées mais comuns sao baseadas na Litologia e na Origen. Sste tipo de classificagée baseia-se na composicéo mineraldgica das rochas, a qual pode ser simples ou complexa. 708, be acordo com este critério, as rochas-tipo principais, sdo os ARE 0s SALCARIOS, © 0s XISTOS ARGILOSOS, conforme o mineral predominante é respectivamente, o quartzo, a calcite e a argila. Mas as rochas sedimentares incluem, muitas vezes, uma mistura destes Binerais Principais, além de outros acessérics, e a classificarao das Fochas resultantes depende da proporpéo em que esses minerais entram na constituipéo des rochas. Normalmente, é o mineral predominante que determina a classificaréo e 0 mineral secundério 0 qualificative, Ceao cxemplificado na Fig. 11, comegando no vértice da argila (xistos argilosos Calcite catrio Calcarit / ari a ‘Areiloso — ALgatig so Xintos: Arenito tatearia calegrin KistoareiYoso Arenjto argife 30 "Quartzo Xistoargiloso —ranito ‘Arenoso Argiloso Fig. 11. ClassificagZo fundamental das Tochas se¢inentar: Puros) ¢ avangando em relagéo ao vértice da calcite, temos com o aumento Progressivo de calcite, xistos argilosos calcérios, passando a calcérios argilosos e, por fim, a caleérios puro: A classificagdo Litoldgica duma rocha sedimentar pode, no entanto, néo caracterizar suficientemente essa rocha, sendo necessdrio complementar a classificapao com indicapéo da sua orig GLASSTFICAGAO CONFORME A ORIGEM Quanto 4 sua origem as rochas sedimentares, podem considerar-se de natureza cldstica, quimica ou orgdnica (Quadro 3). QUADRO 3 Classificacdo das rochas sedimentares conforme a sua origem CLASTICAS QUIMICAS ORGANTCAS OUTRAS CARBONATOS EVAPORITOS Conglomerados = Calcérios —Gesso Turfa Chert Arenitos Dolomitos —Anidrite Carvao ou Dolomias Siltitos Sal Diatomitos Argilitos / / Xistos Argilosos Calcarios Calcoarenitos (4) Rochas de natureza Clastica Estas rochas seo formadas por clastos, os quais sdo fragnentos, ou gros, provenientes de rochas pre-existentes, cuja origem se deve a um processo de desgaste, chamado erosdo. A erosdo pode ser de natureza mecdnica (como resultado da agua, vento, calor, etc) ou de natureza quimica. Os fragmentos resultantes sio transportados pelos agentes de transporte, principalmente pelos rics e ventos, e mais tarde depositados. Segue-se um processo de litificacdo ou endurecimento, muitas vezea com ajuda dum cimento, o que resulta uma roche cleatica. As rochas clasticas podem ser classificadas de acordo com o tamanho dos gros ou fragmentos que as compéem (Fig. 12> ? étne tom Pedreguiho CcramntohFeies, (Areile Fig. 12. Dimensoes dos grios das rochas clasticas ii metro em milimetros). ng S séo formados por agregados de grdos ou fragnentos de diametro > 2um, podendo portanto, incluir Pedregulhos, calhaus, cascalho ¢ granulos. Geralmente, estes elementos estdo unidos por uma matriz de areia e/ou argila. Gs conglomerados séo, por vezes, bons reservatcrios de petrdleo, Gependendo da quantidade da matriz © forma dos gréos. Os Arenitos, com graos variando entre Vg © 2mm, podem ser fonsiderados de grfo fino, médio ou grasseiro.” Dependends se sao formados por gréos mais ou menos do mesmo tamanho, ou por uma mistura de grdos grosseiros a finos, assim a sua calibragem ¢ considerada boa ou md. Embora os arenitos mais comuns sejam, essencialmente, constituidos por fraguentos ou gréos de quartzo, virtualmente eles podem ter qualquer composigdo, sendo entéo designados, como vince ne Fig. 11, Ge acordo com a sua composigdo mineralcgica. Assim, teremos, por exemplo, arenitos quartzosos, feldspaticos, calesries oo argilosos. Num caso extremo os arenitos podem ser formades quase unicamente por fragnentos de calcario, constituindo os cal E Os arenitos constituen os reservatérios de petréleo mais frequentes. No entanto, a sua porosidade © permeabilidade varia Gnormenente dependendo da sua pureza (ausdncia de argila), calibragem © grau de cimentapao (Ver Capitulo 10). Guando os clastos ou gros tém diametro entre V/16-1/256 mm as rochas resultantes so os Siltitos. fate tipo de rochas tém Porosidade © permeabilidade limitadas devido ao diminuto tamacho dos grdos e frequente alto teor em argila. Se os grdos os partyculas, téa didmetro inferior a V/o5g mm, a rochas resultantes séo argilosas. Estas rochas podem dar origen a ‘Sistoe-argilosos (constituidos em lamelas) ou argilitos (de aspecto compacto) . De maneira geral, as rochas argilosas, devido & sua gramlaridade extremamente fina, ndo sio consideradas rochas de reservatério. Sao, no entanto, consideradas rochas potencialmente favordveis para a formagao do petréleo dado a sua capacidade para preservarem matéria organica (ver capitulo 8). iat -a Este tipo de rochas resulta da precipitacdo, ou concentragdo por evaporapao, do material em solupéo na agua do mar ou de lagunas, quando essa soluéo esta saturada. (ii) a Como exemplos mais comuns deste tipo de rochas, temos os o: os i (precipitapao de carbonato de calcio ou calcio e magnésio); 0 chert (precipitagdo da silica); 0 gesso e a anidrite (concentragdo de sulfato de cdlcio); e a halite ou sal (concentragde de cloreto de sddio) a qual, por vezes, se encontra associada com a ¢ (cloreto de potdssio). (iii) Rochas de Nat: Estas rochas sdo formadas por acumulagdo de conchas e esqueletos, ou Por precipitagdo de carbonato de calcio, resultante da actividade de organismos. Exemplos tipicos de rochas formadas desta maneira sdo os calcd ifais (formados com base em esqueletos de corais) e as acumulagées de turfa e carvéo (restos de plantas). Todas as rochas pré-existentes, quando sujeitas aos agentes metancrficos (presséo, calor, agentes quimicos) se poden transformar em rochas de textura e, por vezes, composicdo diferentes. Os agentes quimicos sdo os principais responsdveis pela formacdo ou eliminagdo de alguns constituintes minerais. A’ pressdo © o calor afectam principalmente a textura das rochas, Provocando a recristalizagdo e orientagéo dos minerais e dando origem « rochas metamcrficas foliadas. A intensidade da foliacéo depende do grau de metamorfismo, de caracter regional, a que as rochas estiverem sujeitas. Assim, por exemplo, os granitos transformam-se em gneisses © os xistos argilosos em ardési Existem também rochas metamérficas nao foliadas que podem ser constituidas Por ‘um ‘nico mineral, como é 0 caso do mérmore (calcite) ou do quertrite (quartzo). Estas rochas resultam normalmente dum metanorfismo mais localizade ou de contacto. IMPORTANCIA DAS As rochas sdo fundamentais para a industria do petroleo na medida em que & nas rochas que se encontra a origem dos hidrocarbonetos (Rochas-nde) © o lugar onde estes hidrocarbonetos se conservam (Rochas reservatério). Yer este assunto mais em detalhe nos capitulos 8 e 10. De todas as rochas, as sedimentares sdo aquelas que usualmente estdo associadas com hidrocarbonetos. Todas as rochas~mée conhecidas sdo de origem sedimentar. As mais tipicas sio os xistos-argilosos pretos, ricos em matéria organica, mas alguns calcérios e alguns evaporitos também aéo rochas-mae potenciais. Os xistos-argilosos devido 4 sua diminuta permesbilidade também ado importantes como rochas de cobertura, impedindo que os hidrocarbonetos se escapem dos jazigos petroliferos. As rochas reservatorio para serem produtivas necessitam de porosidade Cespago entre os grdos) © permeabilidade (possibilidade destes espacos comunicarem entre si). Das rochas sedimentares conhecidas, os arenitos es carbonatos constituem os reservatérios mais comuns e prolificos em todo o Mundo. No entanto, outras rochas sedimentares © também, por vezes, rochas igneas © metanérficas (se porosas e permedveis como resultado de fracturagio ou alteragéo) podem construir reservatérios adequados. 4 PROCESSOS E COMDIGOES GERAIS DE FORMACAO DAS ROCHAS SEDIMENTARES Como vimos, es rochas sedimentares tém uma importancia fundamental para a Pesquisa de petréleo. Nao s6 por constituirem as rochas reservatério mais comuns (arenitos, calcdrios e dolomitos), como também por darem origem as rochas-me (como os xistos argilosos). No entanto, 08 processos de formagdo destas rochas (erosdo, transporte e “eposigdo), sdo bastante variados, contribuindo para uma grande diversificagéo das respectivas texturas e, assim, do seu potencial coms rochas reservatdrio ou rochas~mde. De um odo simplificado, aqueles processos de formagdo podem ser considerados de natureza continental ou marinha. Os processos de naturesa lacustre, desertica ou glaciar, pelas suas caracteristicus proprias, ose referidos separadamente. a )S_DE_NATUREZA CONTINENTAL 0s afloramentos das rochas, qualquer que seja a sua origem, estéo continuanente sujeitos aos efeitos de meteorizagdo. Esta pode ser mecnica, pela acrao do vento, chuva, temperatura, plantas, etc, ou quimica, devido acs agentes quimicos contidos na atmosfera dgua da chuva, rios @ solos. 0 resultado final & a produpéo de materiais gue so transportados ¢ subsequentemente depositados. X remogéo dos materiais formados por meteorizacdo chama-se erosio. 4 erosdo, transporte e deposigéo de sedimentos em meio continental, Pode ocorrer de muitas maneiras mas, _fundamentalmente, dist inguiremos (i) do, transporte e deposicéo ocasionados pelo movimento iais ngo das encostas. Este movimento @ provocado pela gravidade, muitas vezes com ajuda de enxurradas. Os fragmentos acumulam-se no fundo das encostas fragnentos ou blocos maiores, constituindo a base do depésito, e, Progressivamente, os fragmentos mais pequenos, distribuindo-se pelos niveis superiores. Este tipo de depdsitos tem normalmente extensdo limiteda mas, se preservados, podem ter potencial como reservatcrio com os (44) Broséo, transporte © deposicéo pelos rios. A dgua em movimento dos rios constitui um dos agentes de erosdo e transporte mais importantes, De facto, ndéo sd remove e transporta os materiais resultantes da meteorizagao como também contem elementos 23 - abrasivos que véo degradando 0 leito rochoso e cavando o respective vale, Os mieriis sdo transportades por arrasto, ao longo do fundo do vale, dependendo o tamanho dos materiais, da velocidade da corrente, © cambéa em suspensio, no caso de particulas mais pequenas. 0s rics Fanbém transportan elementos em solupio, isto é, dissolvidos “na agua (Fig. 13). Fig. 13, Modos de transporte dos materiais por um rio, A velocidade de wm rio depende da rapidez com que a sgua se move Fara susante. Normalmente, este movimento é provecado pela diferenca de elevarao ou gradiente entre a nascente ¢ a for. fate gradiente ¢ sempre mais acentuado na parte superior dos rios, ‘ornando-se progressivamente menos acentuado ao aproximar-se da foz. © gradiente mais abrupto, ¢ a velocidade maior, nos ries jovens, es quais Ppossuem maiores capacidades de erosdo e transporte. i medida que © rio se desenvolve vai cortando o vale procurando atingir a sua base de equilibrio. Este, serd o nivel do mar ou de tm lago, conforme o rio desagua num ou noutro (Fig. 14). Rireccio da corrente Nivel do mer Perfil potencial de equilibrio Fig. 14. Perfil de equilibrio de um rio. Quando o perfil dum rio se aproxima da base de equilibrio a sua capacidade de erosdo reduz-se, e inicia~se a deposigdo. Este Processo pode continuar, até o rio atingir o estado de maturidade, com estabelecimento dum estado de equilibrio, ou pode ser interrompido, devido a movimentos da crosta, rejuvenescendo o rio © iniciando outro ciclo de erosdo - deposigéo. Alguns depdsitos de origem fluvial, como os depdsitos em bancos de areia e de canal, ou ainda os depdsitos em delta, assumem particular importancia, por constituirem zonas de alto potencial petrolifero, em varias partes do mundo. Deps: @ Bancos de Areia e de Canal A maior parte dos rios formam meandros. Como a velocidade da gua maior, na parte exterior de um meandro, o rio tende a erodir a sua margem exterior. Ao contrdrio, mo interior do meandro, devido a Perda de velocidade da gua, 0 rio tende a depositar os materiais mais grosseiros (areia fina), transportados em suspensdéo, com formagdo de bancos de areia (Fig. 15). Meandro de ur rio ‘A Banco de are Nad Fig. 15. Meandro de um rio. A corrente do ‘rio é mais rapida na parte exteri or e mais lenta na parte interior. © perfil A-B mostra o depdsito de um banco de a1 tior do Estes bancos de areia, constituem, normalmente, depdsitos bem calibrados (isto é, sem grande variag&o no tamanho dos graos), 0 que lhes confere boas caracteristicas reservatoriais (ver Capitulo 10). Sedimentos séo também depositados no canal do rio. Como a velocidade da dgua ¢ sujeita a flutuagdes, existem diferencas no tipo de deposigdo e calibragdo desses sedimentos. Geralmente, os materiais mais grosseiros sdo depositados primeiro, sendo Progressivamente cobertos por materiais mais finos. Bmbora a calibrarao dos depésitos de canal seja moderada, eles podem ter boa porosidade © permeabilidade, as quais aumentam para a base do depésito. 0s canais abandonados, devido ao desvio do curso do rio, podem, Posteriormente, ser cobertos por outros sedimentos, por mudanga das condipdes de sedimentapao, e construir assim bons reservatérios em subsuperficie Mas os depdsitos ocasionados pela accdo das correntes fluviais podem, tambem, em alguns casos, dar origem a rochas-mée. Isto sucede quando em ¢pocas de inundagdo as planicies aluviais se enchem de agua. Neste caso, como as dguas de inundagdo se movem, a partir do canal, cada vez com menos velocidade, os sedimentos mais finos tendem a depositar-se progressivamente a uma maior distancia do canal. Estes. sedimentos finos podem incluir materia orgdnica, e, assim, dar origem a rochas-mae, 70 de depdsitos desenvolve-se quando um rio, transportando sedimentos, perde velocidade, ao desaguar mm lago ou nar, ocasionando a deposieao de parte daqueles sedimentos. 0s sedimentos mais finos podem ser transportados e depositados mais longe, prolongendo o delta para a zona maritima marginal. Num delta tipico, o rio bifurca-se, ou divide-se, em verios canais chamados distribuitérios (Fig. 16). Rntre os canais podem formar—se Zonas pantanosas, onde sedimentos finos se depositam, durante as cheias. ~ 26 Depésito de praia Distributarios canal abandonado zona pantanosa Oceano Fig. 16. Delta tipico mostrando os diferentes tipos de deposigao. Quando os distributérios atingem o ocesno, as ondas removes os sedinentos depositados pelo rio, sendo os sedimentos mais fince (silte e argila), levados em suspenséo, para serem deporitados em aguas mais profundas, A areia, transportada por correntes maritimas, vai constituir praias nas margens do delta. Outros depésitos de areia se formam na base dos distributérics. Os sedimentos deltaicos (que embora de origen continental se Prolongan muitas vezes, até 4 zona maritima marginal) podem incluie rechas reservatdrio e rochas-mde. Os reservatorios, encontram-se, Principalmente, nos sedimentos depositados aos longo dos caneig distributarios, formando depésitos tipo canal, nas praias marginais ou nos depésitos constituidos na boca dos distributérios. 0s sedimentos finos, depositados entre os canais d tributérios, nas Zonas Pantanosas, e aqueles transportados, peles ondas, para aguas mais Profundas, podem incluir matéria orgénica e constituir rochas-nae. Alguns deltas possuem uma estratificacdo entrecruzada tipica, e Rostram uma sequéncia de sedimentario caracteristica, consistinde de trés tipos distintos de camadas (Fig. 17 (2) Rio Camadas do tecto Camadas frontais Camadas do fundo Fig. 17. Escrutura de um delta, mostrando as canadas do tecto, frontais e do fundo. Série Frontal ("Foreset beds") - camadas constituidas por nateriais mais grosseiros, os quais sdo depositados em primeiro lugar, ao longo do declive da bacia (podem ter pendores até 35*), devido a perda de velocidade dos rios, quando atingem o mar. ‘undo ("Bottomset beds") - os sedimentos grosseiros da série frontal, passam gradualmente a sedimentos mais finos (normalmente argilosos), nas zonas mais profundas, cobrindo o fundo do mar. Estes depésitos de fundo chamam-se, miitas vezes, depésitos de prodelta. Coma continuagdo da sedimentacdo, as camadas da serie frontal Progridem em direcgdo ao mar e cobrem a série de fundo. Série _de tecto ("Topset beds") - 4 medida que o delta se vai construindo, 0 rio estende-se mais em direcpéo ao mar, e novos sedimentos se depositam, em camadas mais ou menos horizontais, sobre delta, formando as camadas de tecto. Esta sequéncia, caracteristica dos deltas fluviais, aparece, no entanto, muitas vezes, alterada devido 4 accdo das ondas e¢ a ocasionais deslizementos submarinos. A sedimentagéo em meio marinho ¢ fortemente condicionada pela Profundidade de gua, a qual permite diferenciar 4 zonas (Fig. 18). Maré alta ona ITtoral Mare baixg Zona nerftica Plataforma Continental —200 metrop— — Zona batial Pendor — 2000 metrox- Continental \ \ Zona abissal Bacia Ocednica Fig. 18. Diterentes zonas marftimas, conforme as profun- didades da Agua. Cada uma destas zonas, distingue-se pelo tipo de erosao, deposigio e de vida marinha. Zona Litoral: situada entre o ponto mais alto da maré cheia e o Ponto mais baixo da maré baixa. Nesta zona as ondas fazem-se sentir mais fortemente, causando o maximo de eroséo. A vida marinha consiste de plantas e animais marinhos e terrestres. Zona Neritica: situada abaixo da zona litoral e estendendo-se até a Profundidade de agua de 200 metros, aproximadamente no limite da Plataforma continental. Nesta zona depositem-se grande parte dos sedimentos marinhos e a actividade da vida marinha é mais intensa, quer em organismos benténicos (vivendo no fundo do mar), quer organismos pelegicos (incluindo os nadadores, ou nectdnicos, e os que flutuam, ou planctonicos). Zona _Batial: compreendida entre as profundidades de gua de 200 e 2000 metros ¢ associada com o talude continental. Os sedimentos s&o geralmente finos © acumulam-se precariamente no declive, provocando, muitas vezes, avalanches ao longo de vales submarinos. A vida marina varia dependendo da profundidade atingida pela luz. Zona Abissal: fica abaixo dos 2000 metros de profundidade de dgua. Os sedimentos que atingem esta zona provem da plataforma e declive continental e sdo trazides por correntes de avalanche (tipo turbiditos). Restos de conchas e esqueletos de pequenos organismos flutuantes também se depositam no fundo, Nao havendo luz, a vida marinha é limitada e especializada. ALGUNS ASPECTOS DA EROSAO E DEPOSIGAO EM METO MARINHO A io_marinha é, principalmente, causada pelas ondas e pelas correntes actuando ao longo da costa. © movimento e forma das ondas dependem da velocidade © direcefo do vento, sendo também afectadas pelas condigées do fundo do mar e da natureza da costa. As ondas que se dirigem para a costa sdo as responsdveis pela erosdo em resultado da pressdo © abrasdo exercida sobre a costa ou falésia, contra as quais se quebram. A abrasdo dd-se quando as ondas transportam sedimentos que funcionam como abrasivos. A acco das ondas tende a erodir mais rapidamente os pontos mais salientes duma linha de costa de contorno irregular, e a degradar qualquer falésia existente. 0 resultado final seré uma linha de costa de configurapéo mais ou menos linear e formapao de praias e terragos de declive suave (Fig. 19). Costa Submersa Costa Joven Fig. 19. Ciclos de erosao marinha. A sequéncia da Fig. 19, representa um ciclo de erosdéo marinha, o qual tende a formar com um perfil de equilibrio. Este perfil de equilibrio pode ser mantido, enquanto o fornecimento de sedimentos e © transporte destes, pelas correntes, estd equilibrado, no havendo, portanto, erosio da costa. No entanto, se cessar o- fornecimento de novos sedimentos, ou houver um aumento da forca das correntes, a praia é ent&o removida e desaparece, sendo os materiais transportados e distribuidos noutros lugares. a = 30 A deposicéo 19 tem caracteristicas diferentes, conforme se trata de deposigéo de materiel de natureza cldstica ou de carbonatos Deposicéo 4 A deposicdo de materiais clasticos em meio marinho, depende em grande parte da existéncia de sedimentos de origem terrestre os quais sdo transportados para o mar pelos rios. Os sedimentos mais grosseiros (conglomerados) sdo normalmente depositados relativamente perto da costa, na zona de rebentacdo, passando Progressivamente a sedimentos mais finos (areia, silte e argila) a4 medida que a dist@ncia aumenta da costa No entanto, sedimentos relativamente Brosseiros, tipo arenoso, podem ser depositados em zones mais profundas, quando transportados por correntes de avalanche (turbiditos), ao longo de vales submarinos. A deposi¢do clastica mais ou menos grosseira, efectuada perto da costa, resulta, muitas vezes, como vimos atrds, da redistribuigdo dos sedimentos pelas correntes, existentes 20 longo da costa. Este movimento da areia ao longo da costa dd origem a alguns depositos caracteristicos (Fig. 20), os quais sio de interesse para @ pesquisa de petrdleo, por possuirem geralmente boa porosidade e Permeabilidade, ou incluirem sedimentos finos com potencial para rochas~mae. Fig. 20. Tipos de depdsitos clisticos formados ao longo da costa. (ii) Destes depésitos, os mais comuns sdo os abaixo descritos Depésitos de Praia: incluem sedimentos tipo cascalheira ¢ areia, os auais, devido a0 transporte pelas correntes costeiras, estdo normalmente, bem calibrados e arredondados, originando excelentes reservatorios. Uh: a: formadas a alguma distancia da costa e mais ou menos Paralelas a esta, s&o formadas de areia e também de cascalheira, se situadas néo muito afastadas da costa. Pe Mais ou menos ligedas 4 costa, alongam-se no sentido da corrente. Sao constituidas pelo mesmo tipo de clasticos que as ilhas-barreira, e tem caracteristicas reservatoriais semelhantes. Depésitos de Laguna: estes depésitos consistem de cldsticos de gréo fino, evaporitos e, em alguns casos, se o fornecimento de clasticos limitado, de carbonatos. A sua deposipao efectua-se nas aguas Pouco profundas, cujo acesso ao mar é Limitado. Dep ragos: a areia transportada pelas correntes ao longo da costa pode dar origen a formagdo de terracos fora da praia. Estes terragos constituem, assim, como que extensdes maritimas da praia. De maneira geral, estes depdsitos costeiros sdo constituidos de areias mais ou menos bem calibradas, dando origem a bons reservatérios. Além disso, encontram-se em excelente posi¢éo para receberem 0 petréleo, eventualmente gerado nas rochas-mie, depositadas em aguas mais profundas ou nas lagunas. Deposicao | A deposicéo de carbonatos em meio marinho pode ser primiria ou secundaria. A deposigdo primaria resulta da precipitagéo quimica de carbonate de cdlcio ou de depdsitos formados em resultado da actividade ou restos de plantas e animais (Ex: recifes). A deposipao pode-se considerar secundéria, quando os carbonatos sao originados por cimentapao de materiais provenientes de outros carbonates (Rx: calcoarenitos) Os carbonates sdo, essencialmente, rochas reservatcrios, embora em determinadas condigées possam originar rochas-mée, se ricos em matéria organica. - 32 = © meio ambiente onde se depositam os carbonatos , geralmente, diferente daquele onde se depositan os sedimentes clasticos, ¢ depende de varias condigées essenciais, como fornecinent. Limitado de materiais cldsticos, temperatura, profundidade o transparéncia da dua. Estes diferentes factores podem combinar-se, originando varios anbiontes deposicionais, e assim diferentes tipos de carbonatos. Alguns exemplos: Carbonatos de origem A formasdo de recifes pode ocorrer de varias maneiras, mas depende, Principalmente, da actividade metabdlica de plantas animais, os ccurelace, Genenvolveram "in situ", originando a precipitagdo « acumularéo de carbonato de célcio. Recifes podem, nc entanto, tanbém ser formados por restos orgénicos (esqueletos), de organismos Sedentérios, que se foram acumulendo, iando origem ao recite ou, mrinicmenentes Por depositos de carbonato de calcio, precipitads quimicamente. Os Trecifes mais tipicos sdo os recifes de coral, enbora também sejam importantes os recifes construidos por algas calcdreas Os corais sdo animais de esqueleto externo que para se desenvolverem Precisam de dguas transparentes e quentes, luz do sol o adequada Salinidede. Deste modo, os corais crescem ou diminuen conforme a Profundidade da agua. tipos de recife conforme a natureza do fundo, ‘aie serviu de base para o inicio da construgéo do recife (Fig. 21). 33 - Recife de Franjs Lacuna = tecite de nartai Laguna ui2 - recifes que se podem desenvolver directamente sobre as costas dos continentes ou ilhas, quando a quantidade de material cléstico é nula ou muito limitada. Bs a ~ recifes separados das costas ou ilhas por uma lagoa, a qual pode ter limitado acesso ao mar. Este tipo de recife desenvolve-se muitas vezes de forma linear, ao longo de alinhamentos tectdnicos, ou na margem exterior da plataforma continental. A acgdo das ondas tende a quebrar parte destes recifes, originando fragmentos de talude, os quais se depositan na base do recife, Particularmente no lado do recife virado para o mar (Fig. 22). Estes depdsitos de talude aumentam o potencial reservatorial dos recifes. Terre, Parte traseira Parte frontal do recife do recife pisos ie Nivel do nar Lama ea TNe eEvaporites Taludes ria e argila Fig. 22. Perfil dum recife de barreira, A deposipao nas lagoas, situadas atras dos recifes de barreira, é fungae do seu acesso limitado ao mar, e influenciada pela forte evaporagdo da agua do mar e pela precipitagdo dos diversos constituintes nela dissolvidos. Séo, assim, comuns os depdsitos de evaporitos, como gesso e sal, intercalados com depdsitos de calearios compactos, proveninentes da precipitapao de carbonate de calcio (posterior dolowitizarao deste carbonato pode tranforma-los em rochas reservatério - Ver Cap. 10). Mas a precipitagdo de carbonato de calcio, pode, em determinadas condigdes, também dar origem & formagdo de grdos mais ou menos esféricos (oolitos), os quais constituem, geralmente, rochas com bom potencial para reservatdrio. Um recife de barreira, que se desenvolve 4 volta uma ilha vulednica, a qual se vai afundando, chama-se 0 recife vai crescendo § medida que a profundidade da dgua aumenta, podendo a ilha ficar totalmente submersa, ficando o recife, de forma circular, & superficie. Este tipo de recifes sao comuns na parte Sul do Pacifico. Re ~ Este tipo de recifes resulta dum aumento répido de profundidade do mar ocasionando um rapido crescimento em altura do recife. De uma maneira geral, todos os recifes sdo considerados de extrema importancia na pesquisa de petréleo. A sua estrutura caleéria, & base de esqueletos de organismos marinhos, é propicia & preservagio de porosidade e permeabilidade. Quando isto acontece, os recifes podem ser altamente produtivos, como por exemplo, no México, Canada e Médio Oriente (Libia). Carbonatos_depositados_na Plataforma Conti Quando 0 fornecimento de materiais cldsticos ¢ limitado, sedimentos mais finos, formados por uma lama rica em carbonato de calcio, podem depositar-se na Plataforma Continental. As rochas calcsrias, derivadas desta lama, do normalmente compactes, ¢ tém potencial reservatorial limitado, a néo ser que sofram posterior dolomitizacée (Ver Cap. 10). Sdo conhecidos numerosos reservatcrios constituidos por bancos dolomiticos, cuja origem se deve & dolomitizagéo da lama calccirea. (3) (i) ~35 - Mas calcérios com boa porosidade primaria, podem também ocorrer na Plataforma Continental. Assim, a fragmentapéo de conchas, junto & costa, pode dar origem a praias de "areia" calcérea, a qual se nao for posteriormente cimentada, preservard parte da sua porosidade original. Também os calcdrios ooliticos e os calcérios formados por coprélitos, s&o excelentes rochas reservatoriais. 0s calcdrios ocoliticos, resultam da concentragéo em camadas, de Pequenas perticulas (didmetro < 3mm), mais ou menos esféricas, conhecidas como oolitos, e que so formadas pela precipitagdo de carbonato de cdlcio, a volta de diminutos niicleos. 0s calcdrios formados por coprolitos provém da concentragéo de particulas de dimensdéo semelhante 4 da areia, Estas particulas provém dos produtos excretados por organismos que digeriram lama calcdria. Lagos A formagdo dos lagos (de agua salgada ou doce), pode ocorrer de varias maneiras. As mais comuns sdo: - Durante as regressdes marinhas (retirada do mar em relagdo ao continente), grande volume de dgua pode ficar retida, devido a irregularidade do fundo mar, dando origem 4 formagdo de bacias lacustres. - Deformagées da crosta terrestre, normelmente relacionadas com movimentos tectdnicos, tipo falhes ou fracturas, podem formar bacias lacustres. Um exemplo tipico ¢ 0 grande lago da Africa Oriental. - 0s glaciares, pelo seu poder erosivo, podem causar depressdes, e dar origem a lagos glaciares, como por exemplo, alguns dos grandes lagos dos Estados Unidos. - 0s rios, na sua fase adiantada, podem formar meandros, os quais ficando isolados, dao muitas vezes origem a lagos. 0s lagos podem, assim, conter dgua doce ou ‘dgua salgada. Com excepgdo do tipo de fauna, as condigdes deposicionais séo, em grande parte, similares as existentes em meio marinho No entanto, cada lago possui caracteristicas proprias que variam com © clima, salinidade da dgua e natureza dos sedimentos disponiveis. Estes, podem ser de origem cldstica, carbonatada ou evaporitica. Gi) 36 - Os depésitos lacustres consistindo de conglomeradcs e arenitos (legos alimentados por sedimentos fluviais), sdo bastante comuns, & fornecem boas rochas reservatoriais. Rochas clasticas mais fines, cono xistos argilosos e siltitos, podem resultar em boas rochas-nae. Depositos de rochas calcarias e dolomiticas, formadas por processos quimicos ou organics, ainda que geralmente néo dém origem a recifes, podem ter boa porosidade, particularmente se a cristalizagdo ndo & muito fina e contem fdsseis. Nos lagos de alta salinidade depositam-se depdsitos de evaporitos, como gesso sal, além de outros. Sedimentos de origem lacustre sao Produtores de petrdleo gés em muitas areas dos Estados Unidos. A erosdo e deposigdo em meio desértico depende fundamentalmente da acqdo dos ventos. © vento actua como agente erosivo (er devido aos nateriais abrasives que pode transportar. Esta abrasiva, faz-se sentir particularmente nos afloranentos rochosos, formados Por cldsticos finos (xistos argilosos e siltitos), os quais sofrem uma eroséo muito mais rapida, que os afloramentos de arenitos, calcdrios ou rochas igneas. Bm zonas desérticas, a erosdo causada Pelas chuvas sazonais ¢ menos importante que a erosdo eclica. A deps io_desértico depende também, em grande parte, da acpao dos ventos. Os sedimentos depositados por este meio séo usualmente de grao fino e bem calibrados, enbora sedimentos arenosos mais grosseiros possam também estar presentes. Os depdsites de natureza edlica, déo origem, normalnente, a dunas, as quais podem ter varias formas em fungdo da direcgdo e velocidade do vento. A topografia, e quantidade de areia disponivel, tanbem influencian 0 crescimento das dunas. Estas apresentam uma estratificagdo entrecruzada tipica (Fig. 23 a). Fig. 23a, Estratificacdo entre- cruzada tipica das dunas. -37 - Alguns dos tipos mais comuns de dunas, sdo exemplificados na Fig. 23b.

a xistos argilosos, na parte profunda da bacia. Rochas evaporiticas * materiais argilosos (com potencial para rochas-mde) poderdo tamben ser depositados na lagoa atras dos recifes de barreira. 0s conceitos gerais, descritos atras, de deposigdéo muma bacia sedimentar, estdo de certo modo simplificados e as bacias sdo geralmente mais complexas do que o ilustrado na Fig. 27. De facto, as condigées de deposipao variam substancialmente, e uma bacia onde em determinada altura ndo se depositavam praticamente cldsticos, devido d escassez destes sedimentos, pode a seguir (4 escala do tempo geoldgico) sofrer um forte influxo de cldsticos, originados por novos processes orogénicos que rejuvenesceram o relevo. Alem disso, as variagdes do nivel do mar, ao longo dos tempos geoldgicos, provocando transgressdes (avango do mar) ou regressdes (recuo do mar), originam variagdes ciclicas da sedimentagdo. Como os sedimentos grosseiros, tipo areia, sdo, geralmente, depositados em aguas pouco profundas, e os sedimentos mais finos, tipo argila, séo depositados em Aguas profundas, durante uma transgressdéo forma-se uma sequéncia vertical caracteristicas, com os sedimentos mais grosseiros construindo a base da sequéncia. Se d transgressdéo se seguir uma regressdo, sucede o inverso, e sobre os sedimentos finos transgre: depositam-se sedimentos mais grosseiros de dguas mesnos profundas (Ver Fig. 28, a seguir). apr aere Regressio (sedimentos sucessivamente mais grosseiros) areia xisto argiloso eee Transgressao (sedimentos xisto argiloso’ sucessivamente areia mais finos) Fig. 28. Seccdo geoldgica mostrando una sequéncia transgressiva seguida de uma sequéncia regressiva. Deste modo, a formapao de uma bacia pode estar relacionada com grandes variagdes dos meios de deposigéo e dos processos tectcnicos que os condicionam, dando origem a uma grande variedade de sedimentos ao longo da sua histéria deposicional. A importdncia das bacias sedimentares resulta de que do facto de estas condicionarem a deposigdo de sedimentos marinhos os quais sdo, por exceléncia, os sedimentos que ddo origem e servem de reservatcrio aos hidrocarbonetos. A distribuigéo dos —_hidrocarbonetos numa bacia._~—sedimentar, independentemente da sua origem, tende a seguir determinados principios gerais. Normalmente, as camadas superficiais contém agua de origem metedrica, e 0 petréleo tem menor densidade com o aumento da profundidade. Os sedimentos mais profundos contém geralmente gds. Esta diferenciapao vartical explica-se, em grande parte, pelo aumento de temperatura com a profundidade (ver Cap. 9). = 45 = Regionalmente, também parece haver uma certa distribuipao diferencial dos hidrocarbonetos, com acumulacéo de gés no centro. da bacia, nas camadas mais (Profundas, © o petréleo migrando para as margens. Este principio chamada pr: © tlustrado no diagrama representado na (Fig. 29) Sd de zopa de 1 x fond de x go aoe 4 Miirecrdleo Fig. 29. Diagrama atravi ilustrando op .duma bacia sedimentar ‘incipio de Gussows 6 - GROLOGIA ESTRUTURAL No capitulo 4 descreveram-se os principais processos relacionados com a formagso das rochas sedimentares. Alguns destes processos, primarios ou secunddrios, permitiram o desenvolvimento de porosidade e permesbilidade, factores essenciais para a constituigdo de reservatcrios de petrdleo. Mas, na pesquisa de petrdleo, assume tambem extrema importdncia a atitude das rochas sedimentares, isto é, a existéncia de estruturas, as quais, criginam a acumulagdo de petrdleo, impedindo o seu movimento (ou migragéo) Para a superficie da Terra, onde se dissiparia (Ver Cap. 9). 4s rochas sedimentares s4o depositadas geralmente em camadas horizontais ou pouco inclinadas, com sobreposigdo de umas camadas sobre as outras. Com o tempo, todas as camadas sedimentares sdo sujeitas aos movimentos da crosta da terra, e s6 raramente as camadas se conservam horizontais. A posigéo normal ¢ apresentarem uma certa inclinagdo, fazendo um dngulo com © plano horizontal. A este dngulo chama-se pendor da camada. Como veremos 4 frente, em casos extremos esse pendor pode exceder os 90°, como € 0 caso das camadas invertidas. Outro elemento usado para definir a atitude duma camada é a sua direccdo. A direceio la & a direcp&o da linha de intersecpao da camada inclinada (se a camada for horizontal néo ha uma direcpao definida) com o de uma camada é sempre perpendicular ao plano horizontal. A direcgé pendor dessa camada. A direccdo e 0 pendor duma camada so referidas em fungdo do Norte Geogréfico. No exemplo da Fig. 30 a direcpéo da camada é N 45"E e © pendor 30° sR. Fig. 30. Dizeccio e pendor de uma camada ‘Sedimentar, Os movimentos da crosta terrestre podem atingir tal intensidade que as forgas ou stress resultantes, provoquem deformagées profundas nas rochas sedimentares. As deformagées mais comuns séo as falhas e as dobras. Outro resultado dos movimentos da crosta terrestre ¢ a formacdo de discordéncias. 47 - Falhas Dependendo da intensidade do stress a que estiveram, ou estdo, sujeites, as rochas apresentam-se normalmente mais ou menos fracturadas. 5 sdo fracturas 0 longo das quais houve ou hé movimento. Este movimento pode variar de poucos milimetros até varios quilémetros, como é 0 caso da falha de St. André na Califérnia. As falhas sdo definidas por varias componentes, como esquematicamente se mostra na Fig. 31 Pendor Fejeito aparente rejeito ho rfzontai "> Fig. 31. Terminologia dos varios componentes de uma falha, Render - angulo que o plano da falha faz com o plano horizontal. Bireccio - ¢ = direceGo da linha resultante da interseccéo do plano da falha com o plano horizontal. Rejeito Vertical - ¢ a componente vertical do movimento da falha. Rejeito Horizontal - ¢ a componente horizontal do movimento da falha. Rejeito Aparente - movimento ao longo do plano da falha. ‘Tecte de Falhe - bloco situado sobre o plano de falha. Muro_de Falha - bloco situado de baixo do plano de falha. Os falhi (ii) Gili) blocos separados as sfo descritas com varios nomes mento relative dos blocos adjacentes: Quando a gravidade (ou tensdo) ¢ a principal forga _responsavel pela falha, o tecto é deslocado Para baixo em relagéo ao muro, a falha chama~se Normal (Fig. 32). Se a falha resulta principalmente de forcas de compresséo, o tecto € deslocado para cima em relagdo ao miro e a falha chana-se (Fig. 33). wersa Uma falha falha inclina chame-se Falha inversa cujo plano de menos de 45° de_Carreamento. Neste caso, o tecto da falha “empurrado", por compressdo, para cima do muro (Fig. 34). por uma falha podem mover~se separadamente, para cima ou para baixo, ou lateralmente, deslisando um pelo outro. Deste modo, de acordo coma sua atitude ou aa —| Fig. 32. Falha normal. Fig. 33. Falha inversa Fig. 34, Falha de carreamento plano de falha de pendor <45°). -49 - (iv) Quando os blocos deslizam lateralmente um em rslacdo ao outro, a falha chama-se Transformante ou de Deslizemento Horizontal (Fig. 35). Movimento para a direita Movimento para a esquerda Fig. 35, Falhas Transformantes ou de Deslizamento Horizontal. As falhas so muitas vezes mais complexes do que o descrito acima, devido 4 combinagéo de movimentos horizontais e verticais, de que resultam multiplas variagées das falhas normais e inversas. As falhas também se podem associar seguindo determinados _—padrées, en correspondéncia &s forgas envolvidas na formapao de as falhas. Assim, existem sistemas de falhas paralelas, radiais, concentricas ou em duas —_direcrées, interceptando-se. Algumas associacies de falhas normais e paralelas, podem provocar Fig. 36, Estruturas Tivo Horst estruturas tipo G1 » ou He t (Fig. 36). e Graben. As camadas sedimentares quando sujeitas a deformagéo, por compressdéo podem dar origem & formapéo de obras (Fig. 37). Bm determinadas circunstdncias, as dobras tambem podem ter a sua origem por compactacdo dos sedimentos, sobre altos do soco cristalino. A dimenséo das dobras pode variar de Pequenas pregas a arcos ou depressdes separadas por quilémetros. l Quando a dobra tem a convexidade virada para cima, constituindo um arco, chama-se at Se a parte virada para cima é concava, constituindo uma — depressdéo, —_chama-se As camadas num anticlinal inclinam em direcpAo opostas a partir do ponto mais alto da dobra (Fig. 37a). Num sinclinal as camadas_inclinam em direcgdo opostas para o onto mais baixo da dobra (Fig. 37b). (a) Fig. 37. Dobras formadas por com pressao: (a)~anticlinal (b)-sinclinal. crista Numa obra distinguem-se os _seguintes componentes (Fig. 38): Eixo da dobra - linha °i*° ao longo dos pontos axiais ou de mékima ¢rgncg curvatura; Flancos. - partes da dobra situados dum lado e de outro do eixo, os flancos convergem nos sinclinais e divergen nos anticlinais; obra - linha ; oer Fig. 38. Componentes de uma mais alta da dobra que pode coincidir com o : dobras, Flauces, eixe linha axial nas dobras simétricas (ver axial e crista. abaixo). Existem varios tipos de dobras, alguns dos quais séo esquematicamente representados na Fig. 39. Podem ser simétricas, se o plano axial (plano contendo o eixo da dobra) € vertical, ou assimétricas, se o plano axial estd inclinado. Se o plano axial esté numa posigdéo horizontal ou sub-horizontal, a dobra ¢€ uma dobra_deitada. Neste tipo de dobra as camadas do flanco inferior estdo em posigdo invertida. Quando parte do plano axial estd abaixo da horizontal, a dobra diz-se deitada_invertida. A dobra constitui um monoclinal, quando as camadas inclinam so numa direcgdo, ndo dando origem a anticlinais e sinclina’ ee ee Simétrica Assimétrica Assimétrica invertida Deitada Deitada Monoclinal invertida Fig. 39, Tipos de dobras, entricas ou paralelas se as camadas séo espessura, e néo-peralelas se os flanco: dobradas néo soma As dobras podem também ser co paralelas e mantén a mesma apresentarem menos espessura e as camadas concentricas (Fig. 40 a,b). Eixo p, Ae Flancos com menor espessur: IKI coy (a) Fig. 40, Debra cone@ntrica ou paralela(a) e nao paralela(b). Contudo, a maior 03 eixos das dobras podem ser horizontais (Fig. 4la). parte dos anticlinais e sinclinais possuem eixos inclinados, parecendo mergulhar na terra (Fig. 41b). Fig. 41. Anticlinal de eixo horizontal, cuja parte superior foi erodida (a), e Anticlinal de - 52 - Um anticlinal de forma circular ou eliptica, cujo eixo mergulha em todas as direccées, constitui um domo, enquanto um Sinclinal, cujos flancos Convergem em todas as direccdes, para a parte mais baixe da dobra, constitui uma bac Os movimentos da crosta terrestre podem causar uma interrupcdo tempordria, Por sroséo ou ndo deposi¢éo, na série sedimentar. A superficie de Separaséo entre a parte inferior, mais antiga, da série sedimentar, e a Parte superior, mais recente, chama-se superficie Existem varios tipos de discordincias mas, essencialmente, — podemos distinguir (Fig. 42) : (1) as discordéncias angulares - quando uma Seauéncia inclinada de canadas é erodida © posteriorsente coberta por camadas mais ou menos horizontais; (2) discordancias paralelas - quando féo hd relapéo angular entre as canadas, que sie mais ou menos horizontais, abaixo e aciaa da superficie erosive. A estas discordincias ndo-angulares também se chamam disconformi As Gisconformidades chanan-se (3) néo-deposicionais quando sdo causadas darnin Periodo, normalmente curto e local, de ndo deposigao de sedimentos. Guando os sedinentos se depositam sobre rochas eruptives ou metanérficas as quais, por exposipéo & superficie, sofreram meteorizacao e eroséo, a discordancia resultante diz-se (4) heterolitica ou simplesmente EC dade. NS Angular Paralela ou disconformidade Nao-Deposicld nal Fig. 42. Tipos de discordincias, -53 - A importancia das estruturas geoldgicas, acima descritas (falhas, dobras, discordancias), na pesquisa de petréleo, resulta da sua capacidade para darem origem - por si, ou em associagao com outros factores geolégicos -, a verdadeiras armadilhas, onde o petréleo se pode acumular em quantidades comerciais. No Cap. 7, a seguir, descrevemse as condipées essenciais para que aquelas estruturas funcionem como armadilhas para petréleo © gas. 7 — TIPOS I ABMADILHAS PARA HIDROCARBORETOS 4 deslocagéo ou migracdo dos hidrocarbonetos através das rochas permesveis (ver cop. 9) ¢ um proceso continuo, até que uma barreira ou atmadilhe impega a continuagdo da migracéo, originando uma acumulagdo dese hidrocarbonetos. As amadilhas para hidrocarbonetos podem considerar~se, fundanentalmente, de natureza estrutural ou estratigrafica. As armadilhas estruturais (que Gonstituen as armadilhes mais comuns), sao originadas por deformarao estrutural da rocha reservatério, ou por meio de falhas, pondo camadas de caracteristicas diferentes em contacto, ou por meio de dobras. As armadilhas estratigréficas ao contrério, dependen, principalmente, de factores deposicionais ¢ sedimentares. i 0 caso das armadilhas associadas com discorddncias, particularmente discordéncias angulares, onde rochas impermesiveis (impedindo a migracdo do petrdleo), se podem depositer sobre Fochas reservatcrio, erodides pela discorddncia, ouo caso dos recifes o depdsitos de areia, os quais_ podem ficar isolados, por rochas impermedveis, por mudanga nas condigées de solimentagdo. Por vezes, as armadilhas resultam de una combinagéo de factores estruturais e estratigréficos, @ turais A deformagdo das rochas, posteriormente a sua deposigdo, pode levar 4 formagdéo de armadilhas estruturais relacionadas com dobras e falhas, ou combinacdo de ambas. As armedilhas estruturais podem ser relativamente simples, se o regime de forpas envolvido for simples, ou extremanente complexes, Se, a0 contrario, o regime de forcas for complicado. thas_constituidas por anticlinais e domos, poden ser simples dobras que armadilham, ou acumulam, os hidrocarbonetos na sua parte superior. A Fig. 43, a seguir, ilustra a morfologia ¢ terminologia bisicas deste tipo de armadilhas. -55 - contacto petroleg ~Ggua “ponto de escape Fig, 43, Armadilha tipica, com gas livre de cobertura, pe~ trdleo e agua. Notar a estratificagfo do gas, petrélno relativa densidade, acima do ponto de escape os hidrocerbonetos se escapam de armadilha). Deste modo, a capacidade para um anticlinal conter hidrocarbonetos depende nao sé da sua dimenséo em drea, mas também da distancia entre o ponto de escape ® 0 ponto mais alto do anticlinal. Asta distancia chama-se e dgua, em fungao da sua (ponto abaixo do qual No caso simples da Fig. 43, 0 contacto petrdleo-dgua ¢ horizontal que significa que os Liquidos entdo sujeitos unicamente as condigées hidrostaticas. Mas, em determinadas condigées estruturais, 0 contacto petréleo-agua pode estar inclinado, quando forgas hidrodinamicas provocam o movimento dos fluidos (Fig. 44). Fig. 44. Contacto Petréleo-Agua nao horizontal. 56 - Uma armadilha em anticlinal pode também possuir diferentes contactos agua-petréleo, se @ estrutura se encontrar dividida, por uma falha, em compartimentos separados, cada um funcionando como reservatdrio independente (Fig. 45). Fig. 45. Reservatério dividido, por una fatha, em com Partimentos separados, com diferentes contac cos petrdleo-agua. Os anticlinais e domos sdo as armadilhas estruturais mais comuns e Produtivas. Como os hidrocarbonetos se acumulam na sua parte superior, os primeiros pogos de pesquisa sao, normalmente, implementados na parte mais alta da dobra. As armadilhas constituidas por falhas ocorrem quando camadas porosas © permedveis ficam lateralmente em contacto com camadas impermedveis, devido ao movimento havido ao longo da falha. Estas camadas impermedveis constituirdo uma barreira ou armadilha, impedindo a continuago do movimento ou migracdo dos hidrocarbonetos. Neste tipo de armadilhas ¢ também necessdrio que o plano da falha esteja vedado, caso contrdrio constituird um meio por onde os hidrocarbonetos se escapam. As armadilhas de falha tanto se formam em: falhas normais como inversas (Fig. 46). arnadilha numa falha normal armadilha numa falha inversa Fig. 46, Tipos de armadilhas om falhas normais e inversas. 0s planos das falhas tém que actuar como vedantes. Uma variaréo das falhas normais, que ten efeitos importantes na localizagdo de acumulagées de petrdleo, surge nas chamadas falhas de 2 (falhas curvas cujo movimento se faz ao mesmo tempo que se efectua a deposicdo dos sedimentos). Aqui, as acumulagées podem ser do tipo usual, contra a falha, ou em anticlinais chamados de Folamento (Fig. 47). Varios campos de petréleo sio explorados em atmadilhas deste tipo, como nos deltas do Mississipi e do Niger. Fig. 47, Tipos de armadilhas associadas com falhas de crescimento. Grande nimero de anticlinais est&o associados com falhas, normais ow anversas, que, muitas vezes, contribuem para completar o fecho da” armadilha. Estas associagées, podem ser extremamente complexas, como € o caso das armadilhas associadas com falhas de carreamento. (ii) - 58 - No caso relativamente simples _representado esquenaticanente na Fig. 48, o petrdleo pode ser armadilhado, > tanto contra a falha, como dentro do anticlinal, situado no tecto da falha. Fig. 48, Armadilhas associadas com fatha de carreanento. Avmadi Uma armadilhe € considerada de natureza estratigréfica quando a stia origem se deve primariamente a factores deposicionais e sedimentares, Armadilhas estratigraficas com origem (pelo menos Parcialmente) pés-deposicional, podem também ocorrer, mas, neste caso, esto normalmente associadas com discordancias ou com Processos diagenéticos secundarios. Ao contrdrio das armadilhas de natureza estrutural, os movimentos de deformagdo ndo sdo aqui tdo importantes, pois a existéncia duma armadilha estratigrdfica deve~se a variagées, ou interrupgées, na estratigrafia ou litologia da rocha reservatcrio, as quais impedem a continuagao da migrapao dos hidrocarbonetos. arm arsfi do om___discordéncias, podem resultar da variapéo das condigdes deposicionais, com deposigao de rochas reservatério, envolvidas_ por _rochas impermedveis, ou depender de processos diagenéticos, os quais podem causar mudangas na porosidade e perneabilidade. As formagées sedimentares mais comuns que podem dar origem a armadilhas estratigrdficas sdo determinados depdsitos de areiae carbonatos tipo recife. Os depdsitos de areia podem constituir armadilhas estratigréficas quando envolvidos por rochas argilosas impermesveis (Fig. 49). Séo tipicos os depésitos em canal (fluviais ou formados nos canais distributdrios dos deltas), e 08 depcsitos marinhos tipo ilhas-barreira ou barra. Devido a associacéo rocha reservatcrio — roche-mée, estas armadilhas sdo, muites vezes, potencialmente produt iv -59 - Fig. 49. armadilna estratigrafica: Depdsitocipo ilha-barreira ou barra (visto em sergio), isolado por xistos ar- gilosos. Os depésitos _carbonatados tipo recife possuem, normalmente, excelente Porosidade, primdria_ ou secundéria. Quando isolados por xistos argilosos (Fig. 50), podem dar origem a armadilhas —estratigrdficas altamente prospectivas, pois as rochas argilosas, alem de actuarem como vedante, podem Fig. 50. Armadilha estratigrifica: Recife tambem ser rochas-mée isolade por xistos argilosos. Uma grande variedade de factores deposicionais (caso de arenitos nudando lateralmente de faceis para xistos argilosos - Fig. $1) ou diagenéticos (caledrioa finamente cristalinos transformam-se rocha-reservatsrio, se dolomotizados), podem permitir a formacdo de armadilhas estratigrsficas. xisto ere ce eee eaeter eae Argiloso Srey Avene _———_—_————— Fig. 51, Camada com passagem lateral de um fa- cies arenoso a um facies argiloso. Assim, ¢ de uma maneira geral, seapre que a permeabilidade dima rocha-reservatério & reduzida, no sentido da migragéo do petréleo, existem possibilidades de formapio de armadilhas estratigraficas, Exemplo tipico deste tipo de armadilhas do as arnadilhes estratigraficas em bisel (Fig. 52). 60 - Fig. 52. Armadilhas estratigraficas em bizel (Arenitos). __& atigr: luna discorddncia representa um periodo de erosdo ou néo deposigéo E possivel que a este Pertodo de erosdo, ou ndo deposicéo, se siga um avango do mar (transgressdo), com deposicdo de xistos argiloso: Podem, entdo, existirem condigées favordveis 4 constituicio de armadilhas estratigrdficas, se houver uma combinagdo adequada entre rochas-reservatcrio, originadas, ou Postas a descoberto, pela discorddhcia, e aquelas rochas argilosas, que actuardo como barreira. Quando a discorddncia ¢ angular os hidrocarbonetos migram para a parte mais alta do reservatcrio, até serem impedidos pelas camadas impermedveis depositadas sobre a superficie de discorddncia (fig. 53a). No caso da uma discorddncia ndo-angular (disconformidade) , as armadilhas estratigraficas resultam da diferenca de permeabilidade em relacéo as camadas impermedveis, acima da superficie de erosdo (Fig. 53b). Superficte de erosao Xisto® argilosos arenito poroso \dolomito poroso Fig. 53a. Armadilha associada com uma discordancia angulan suverficie de erosao Pig. S3b. Armadilha associada com discordancia nao-angular (Disconformidade) . =81 = Uma armadilha serd de natureza estrutural-estratigrafica quando o mecanismo da sua formagdo depende da combinacéo de factores estruturais e estratigraficos. Vérias combinagées sdo possiveis, mas, geralmente, uma arnadilha estrutural-estratigrdfica tem duas fases essenciais: uma, de natureza _—estratigrafica, responsdvel pela presenca. da rocha-reservatorio e, outra, de natureza estrutural, que se combina com a primeira, para completar a formagdo da armaditha (Fig. 54). xisto argiloso - plano de Fatha arenito poroso Fig. 54, Armadilha resultante da combinagio de factores estratigraficos e estruturais. Armadilhas de natureza estrutural e estratigrdfica, ou, resultando da combinapao de anbas, estdo tipicamente associadas com movimentos de sal. © sal, pela sua densidade inferior 4 maioria dos sedimentos, ¢ quando sujeito a compactaréo, tem tendéncia a mover-se, deformando ou mesmo penetrando nas camadas mais recentes. Dependendo da intensidade da deformacéo, e da quantidade de sal disponivel, o movimento do sal pode dar origem a armadilhas de varios tipos: 1. Quando a quantidade de sal disponivel ¢ relativemente pequena, o movimento do sal resulta geralmente na formacdo duma “alnofada de sal", originando anticlinais de pequena amplitude, nas camadas mais recentes (Fig. 55a). 2.” Se o movimento do sal envolver uma camada de sal mais espessa, % anticlinal produzido tem maior relevo, e a deformacio pode causer 0 aparecimento de falhas (Fig. 55b). - 62 - 3. Se 0 movimento do sal for brusco © intenso, pode Provocar a intrusdo de a Sal ou diapiros, nas camadas superiores. As falhas © dobras, relacionadas com os diapiros, podem srodueie uma Grende variedade de armadithas de natureza estratigratica ou estrutural (Fig. 55c). Gampos petroliferos deste tipo existem em varias partes do mundo, entre os mais conhecidos incluem-se campos nos Estados Unides (Golfo do México), Golfo Pérsico e Mar do Norte (Ekofish). (ec) Fiz. 55. Movimento do sal. (a)-"almofada de sal” com formagio de anticlinal com pouco relevo; (b)-seccdo de sal mais ea Pessa, com formacao de anticlinal internédio; (e)-die. pio de sal, dando origem a diferentes tipos de araadilhag: ty Anticlinal tipo domo, 2~ Ammadilha estratigrafice-csene fural originada por truncagem, 3- Armadilha de falha, 4- Armadilha estratigrafica em bizel. -63 - Composis Os hidrocarbonetos constituintes dos vdrios tipos de petrdleo e gas sdo basicamente compostos de carbono e hidrogénio. Na realidade, estes dois elementos constituem para cima de 90%, em peso, da maior parte dos tipos de petrdleo © gas conhecidos. Alguns outros constituintes, como o enxofre (*), oxigénio e nitrogénio, podem também estar presentes, mas em quantidades relativamente diminutas (Quadro 4). QUADRO 4 Composigdo quimica tipica do petrdleo bruto e do gas natural PETROLEO BRUTO GAS NATURAL ELEMENTOS % em peso % em peso Carbono 65 - 80 Hidrogénio 1-25 Enxofre 0 - 0,2 Nitrogénio 1-15 Oxigenio A diferenga quimica fundamental entre o gas natural e 0 petréleo bruto, é que o gés natural é composto de moléculas cuja estrutura é geralmente formada por 1 a 4 elementos de carbono, enquanto as moléculas do petréleo bruto tem 5 ou mais (podem ser mais de 60) elementos de carbono, ligadoe em cadeia ou circulos (fig. 56). (®) O enxofre ocorre praticamente em todos os tipos de petrdleo brute. Como © enxofre tem propriedades corrosivas a sua presenca 6 indesejével ao petréleo bruto é normalmente classificado em petréleo com baixo teor ef enxofre ou "doce" (< 1% em peso) ou petréleo com alto teor em enxofre ou “Acido” (> 1% em peso). Neste caso, o enxofre 6 geralmente removido do petréleo bruto antes de este ser refinado. Gas Natural Petréleo Bruto Fig. 56. Composigdo molecular do gas natural e do petrdleo bruto. No petréleo bruto existem 3 tipos de moléculas base (Fig. 57), as quais, Pelo incremento de elementos adicionais de carbono e hidrogémio, dao origem &s seguintes séries de hidrocarbonetos: (a) série parafinica; (b) série nafténica ou ciclo parafinica e (c) série aromatica. Fig. 57, Estrutura molecular das diferentes hidrocarbonetos: (a) série parafinica: rie nafténica: (c) série aromatic 0s varios tipos de petréleo bruto sdo caracterizados “4s suas propriedades fisicas ¢ quimicas, de acords com a sua relativa r:queza om moléculas de hidrocarbonetos de uma ou outra série. Deste modo, ovistom petréleos de base _parafinica, de ba fte ou de base mista © petrdleo bruto com alta percentayem de nafténicos também chamado petréleo deb 5 porque inclue no sé os hidrocarbonetos mais simples stn Peénica, come ressluns comp leon formados por asfaltos A série aromitica (chamada assim pelo forte odor de alguns dos seus hidrocarbonetos) raramente constitui a fraccdo dominante no petrdleo bruto. A composiedo média dum petréleo bruto, conforme o tipo de moléculas de hidrocarbonstos presentes, # ilustrada no Quadro 5. QUADRO 5 Composigdo molecular média do petrsteo bi to TIPO DE MOLECULAS ‘SEM PESO Parafinicas 20 Naftécnicas 43 Aromaticas 16 Asfalticas 6 100 © Gas natural, como vimos, ¢ conposto primar: por quatro moléculas diferentes de hidrocarbonetos, as quais possuem de 1 a4 elementos de carbono, associados aos correspondentes atomos de hidrogénio. Assim, temos: (1) metano - com 1 elemento de carbono; (2) etano - com 2 elementos; (3) propano ~ com 3 elementos; (4) butano - com 4 elementos. © metano ¢ de longe o tipo de hidrocarboneto gasoso mais comum, existindo muitos campos de gas natural produzindo quase sd metano. 0 Quadro 6 mostra a composi¢ao média do gas natural. - 66 - QUADRO 6 Composigdo média do ges natural HIDROCARBONETOS PRINCIPAIS % EM PESO Metano (CHy) 8 Etano (Coils) 5 Propano (C3Hg) 2 Butano (C4H19) L Além destes hidrocarbonetos primérios, o gas natural também contéa, geralmente em quantidades mais diminutas, outros hidrocarbonetos mais pesados, como o pentano e o hexano, os quais se transforman em condensados quando sujeitos as condipdes superficiais de pressao e temperatura. Gono impurezas, pode ainda aparecer outros gases, com diéxido de carbono, nitrogénio e sulfureto de hidrogénio. A presenga de sulfureto de hidrogénio (pS), que 6 um gés téxico, confere ac gas natural um may cheiro tipico a "ovos podres". 0 gas natural ¢ considerado "acido" ou "doce" conforme inclui ou néo sulfureto de hidrogénio. uto, pode ser classificado néo sé quimicamente (parafinico, naftenico, etc.), mas também pelas suas propriedades fisicas, Principlamente em relacdo a cor, densidade e viscosidade. Quanto & cor, © petrdleo pode ser praticanente incolor parecendo gasolina, ou entdo bastante eapesso, de cor preta, como os asfaltos. No entanto, na maioria dos petrdleos tipicos a cor varia do castanho a castanho avermelhado, até um amarelo ligeiramente esverdeado. A densidede duma substdncia pode ser definida como o peso de um dado volume dessa substdncia. Normalmente ¢ expressa como Peso especifico, que € a razdo entre os pesos de volumes iguais da substéncia © gua pur © Petroleo bruto ¢ descrito normalmente em funcdo da sua densidade, muitas vezes designada por gravidade. A escala de densidades geralmente wseda a API (American Petroleum Institute), e a formula pera calcular a aravidade API, expressa em graus, 6 a seguinte: -67 - Graus API 4 escala de densidades API é arbitréria, mas existe uma relapdo com 0 peso especifico, de maneira que os valores altos PT correspondem a pesos especificos baixos, enquanto valores baixos API correspondem a pesos especificos altos (Quadro 7), QUADRO 7 1 (égua pura) 0,965 0,933 0,904 0,876 0,850 0,825 0,802 0,780 © Petroleo bruto tipico tem valores API entre 20-45*. Quando os valores API séo inferiores a 20°, o petré! =$¢ pesado. Trata-se, entéo, dum Petréleo denso, viscoso e de cor bastante escura. Guando 0s valores API séo superiores a 45° 0 petrolea & leve, transparente, rico em gasolina, constituindo, muitas vezes, um condensado, que ¢ um produto entre o gés © 0 petréleo (asose x subsuperficie liquido nas condigses superficiais de pressao ¢ de temperatura). © Quadro 8 mostra os valores API de alguns petréleos representativos da Produgéo mundial. 5A QUuADRO 8 Gravidades de alguns petroleos representativos GRAT'S APT Kuwait, Trio, Médio Oriente ‘Traqu Arabia Saudita) 27 - 43 Noruega (Bkofish) 26 Nigéria (Bonnylight 38 Angola (Bacia do Congo) 35 E. Unidos (Golfo do México! 20 ~ 50 Russia (Baku) 20 - 38 Venezuela ‘Bacia Oriental) 7 ~ aL Indonésia (Poleng) 43 de duma substancia mede-se pel: inverso da sua capacidade para Fluir, 0 que significa que quanto m:ior for a viscosidade dum fludo, menor 2 a sua capacidade para fluir, A viscosidade do petréleo depende principalmente da quantidade de gds que tem dissolvido e da temperatura. Petrdleos com pesos especificos baixos ‘valores APT altos) tén normalmente viscosidade baixa e conten uma fracqgo volatil aprecidvel. Petrdleos com pesos especificos altos (valores #PT baixos) tén viscosidade alta e a fracgdo voldtil & pequena. 4 Fig. SB ilustra o efeito da quantidade de gas dissolvido no petréleo, na respectiva gravidade e viscosidade desse petrleo. re T T 7 oAT I “ 3 viscosidade og on | “. de ob es a : ; a 2 as = Fig. 58, Variagdo da gravidade e viscosi 3 7 é 4ad0740" petroteo=brate-en funcao Fo Havin se & da quantidade de gas dissolvido. A 1 * a | 0 10 200300400 00" gas dissolvido-pés cubicos por barril A velagéo da temperatura com a capacidade jun petrsleo fluir é Particularmente importante nos vetréleos de base parafinica, devido a tendéncia de certos compostos parafinicos solidificarem ou congelarem abaixo de determinada temperatura, impedindo do petrsleo fluir. Chama-se luidez & temperatura abaixe da qual o petréleo néo flui. Alguns Petrdleos tém pontos de fluidez bastante altos, como por exemplo na Indonesia onde se encontram pontos de fluidez de 28°C A unidade de medida do petrdleo bruto & © barril, o qual tem 42 galdes “1 galdo = 3,785 litros). A produgdo dum poco de petréleo ¢ normalmente expressa pelo mimero de barris de petrdleo por dia ou, por abreviagdo, BPD. ° Pode ser classificado em gés associado ou néo associado. 0 Gas_Associade ocorre nos reservatérios, juntamente com o petréleo brute. Pode entao encontrar-se unicamente dissolvido no petréleo bruto ou também no estado livre, ocupando a parte superior do reservatério, onde forma o chamado 4: Cobertura (Ver Fig. 43, Pag. 55). © gas existente em reservatcrios, nos sais 0 petroleo estd ausente, chama-se Gas_né - Este gés .ssulta possivelmente (ver Cap. 9) da formapao de hidrocarbonetos a temperaturas superiores aquelas em que o petroleo normalmente se forma. Chama-se 4: 2 90 gas néo associado que néo contem fou sé contem en Porgses minimas) hidrocarbonetos condensdveis & superficie. 0 contrario, io, quando inclui hidrocarbonetos condensaveis. chama-se A iinidade de medida do Gas Natural é 1.000 pés cibicos ou, em abreviagio, “PC. Quando produzido em solugio com o petrdleo, 6 referido em pés cibicos por barril de petréleo produzido. & expresso entao pela RazZo Gas-Petréleo ou RGP, que pode variar de poucos pés cibicos a milhares de pés clibicos. Como 0 gels se expande e contrai, com as diferencas de temperatura e Pressdo, as medidas de ges natural sdo, normalmente, referidas nes condigées superficiais de pressdo e de temperatura. As teorias da origem do petréleo © gas téa envolvido consideragées de patureza orgdnica © inorgdnica. No entanto, a evidéncia actual indica que © Petroleo tem origem orgdnica, porque os hidrocarbonetos que entran ne composigéo do petréleo estdo presentes no material orgénico proveniente de plantas ¢ animais. De facto, os restos de plantas e animais contén na sua composigéo abundante carbono e hidrogénio, que, como vimos no Cap. 7, so os elementos fundamentais dos hidrocarbonetos. Grande volume de plantas © animais, de tamanho microscdpico, so normalmente transportados pelos rios e depositados no mar. Restos de animais_e plantas marinhas sdo também depositados, juntanente com a matéria organica transportada pelos rios. A materia orgdnica 4 superficie da Terra ¢, normalsente, destrusda, por oxidagdo, fermentagdo e accdo das bacterias. No entanto, em condigées favordveis, parte da materia orgénica pode ser preservada, quendo depositada con sedimentos fines, de baixa permesbilidade, os quais impedem, ou reduzen substancialmente, a circulacio de agua rice em oxigénio. Be wmeio marinho, isto sucede quando a deposigéo da materia orgénica Protegida pela argila ou silte que a acompanha, impedindo a ua detericracdo. Bm terra, a preservagéo da materia orgénica encontr situagdes de fraca circulagdo de dgua, como por exemplo nos pantanos. Quando a materia orgdnica ¢ preservada, fica, entéo, durante 0 processo de sedimentacdo, sujeita a 3 fases de alteragdo distintas, conhecidae come Diagenesis, Catagenesis e Metagenesis (Fig. 59 a). -71 - DIAGENESIS| Zona imatura Janela do petroleo CATAGENESIS. Cas seco |hsnidal 1 [wera Gas R. 39a. Formacao de petréleo e gas com o aumento da maturagio. 4 Disgenesis ocorre a temperaturas e pressées normais, nos prineiros metros da coluna sedimentar. Nesta fase, os agentes Principais de transformacdo sdo os microorganismos. Durante a diagenesis os componentes himicos (de Humus) sdo reduzidos ‘& um minimo e a maior parte dos radicais acidos dos componentes orgdnicos foram removidos. Como resultado destas alteracées, a (Cig), gua (HO) © anidrido carbénico (60) séo expelidos. io fim da diagenesis a materia orgdhica consiste principalmente de Kerogénio (+). Gom 2 continuagdo da deposigéo, as camadas contendo kerogénio, so “enterradas", varios quildmetros, ficando sujeitas a um considersvel aumento de presséo e temperatura. A fase chamada Catagenesis ocorre com a variagéo da temperatura de cerca de 50°C a 150°C. 0 kerogénio 6 entéo sujeito a grandes mudangas, dando origem a formapéo de petréleo. Durante @ parte final da catagenesis forma-se também, "gés himido" e condensado (Cap. 8). A fase seguinte constitui a Metagenesis, a qual ocorre a grandes Profundidades © temperaturas. Nesta fase forma-se sé metano, sendo a matéria organica constituida praticamente sé por residuos de carbono. No Limiar para o metazorfismo, acima dos 250°C, os constituintes do Kerogenio residual sio convertidos em grafite. (#) Kerogénio - materia orgénica, geralmente azorfa, insolivel em solvestes dos Produtos petroliferos, como tetra coloreto de carbono. A sua compesigéo auimica media consiste de Carbono (75%), Hidrogénio (10x) e Enxofre, Oxigénio, Nitrogenio, etc... (15%). -72 - E evidente que a fase mais importante ¢ a Catagenesis, quando o kerogénio fica sujeito a transformagées que véo dar origem a Produgdo de hidrocarbonetos. A natureza daquelas transformagées dependem de quatro factores principais: i) Tipo de Kerogénio (Fig. 59 b) Trés tipos de kerogénio podem ser reconhecidos: Kerogénio do Tipo_I, provem principalmente de algas. Quimicanente é Tico em hidrogénio e relativamente pobre em oxigénio. A aslo hidrogémio - carbono (H/C) & alta. Este tipo de kerogénio, tends dar origen & produpao de petréleo © esté presente nas rochas née constituidas principalmente por xistos-argilosos. Kerogénio-Tizo II, provem principalmente de residues de alges ¢ Plancton (animal e vegetal). A razdo H/C ¢ maior que 1. Rete tipo de kerogénio pode dar origem a petrdleo e gis. principalmente de plantas lenhosas, e tem ima foréo H/C menor que 1. ste tipo de kerogénio origina Principalmente gas. 2.0 Petréleo Tipo I 15 Tipo IT Tipe IIL Razao Ii/c 05 Grafite at 02 03 Raziio o/c Fig. 59 b. Tipos de Kerogénio © Kerogénio Tipo I e¢ IT tende a ocorrer em meios marinhos, e o de Tipo III em meios terrestres (fluviais ou deltaicos). Deste facto, considera~se, de uma maneira geral, que as rochas-mae depositadas ea meio marinho, tendem a dar origem a petréleo, enquanto as de natureza terrestre dao origen a gés. resultante da profundidade d: O calor proveniente do interior da Terra produz um aumento de temperatura, & medida que aumenta a profundidade. A esta variagdo da temperatura com a profundidade, chama-se Gr: é Este gradiente varia de rea para area (dependendo de varios factores, sendo certo que uma bacia sujeita a deformaries tecténicas, ou intrusdes magméticas, possui normalmente, um maior Sradiente geotérmico, que uma bacia estével, onde aqueles fenémenos néo se produziram), mas, em termos médios, varia de 2-4°C por cada 100 metros de profundidade. Por outro lado, o kerogénio atinge a maturacdo necessdria para a Produgdéo de hidrocarbonetos 4 medida que a temperatura aumenta. Considera-se, como vimos, que a formagéo do petrdleo comega cerca dos 50"c, atinge um méximo 4 volta dos 100°C, e a partir dar declina, principiando a formacdéo de gis. A partir de cerca dos 150°C termina praticamente a producdo de petroleo, aumentando a Produgdo de gas, o qual se forma até cerca dos 250°C. Ao intervalo, entre os 50°C e aproximadamente os 150°C, onde se dd a formagdo de petréleo, costuma-se chamar a "Janela do Petréleo". Podemos, entdo, considerar que numa bacia sedimentar tipica, com Sradiente geotermico de 3*/100 me temperatura superficial de 15*c, aNd: fo" seria encontrada, aproximadamente, entre os 1500 ¢ os 4000-4500 metros (Fig. 59 a). Torna-se, assim, importante conhecer a maturacdéo termal de uma rocha-mée, para se poder estimar se atingiu a maturagao suficiente Para produgao de petréleo ou, se pelo contrério, a ultrapassou. faidente ase temperatura medida num poo s6 representa a ‘amperatura actual, e 0 que é necessdrio determinar 6 a temperatura maxima a que a rocha-mée esteve sujeita, durante os tempos geolégicos. Para isto, existem vérios métodos, mas os mais usados séo os metodos baseados na coloracéo do polén e na capacidade de reflexéo da vitrinite (um dos constituintes do kerogénio). Giii) (iv) -14 - © principio destes termo-indicadores baseia-se no facto de o polén mudar de cor como aumento da temperatura (passa de praticamente incolor sucessivamente a amarelo, laranja, castanho e preto), e a capacidade de reflexdo da vitrinite também aumentar com a temperatura (propriedade que a matéria organica possui de ficar mais brilhante quando aquecida). 4 calibragdo daquelas cores do polen, e da capacidade de reflexdo da vitrinite, em fungdo da temperatura, pode, entdo, servir para estimar a maturidade das rochas~mde. Por exemplo, muma escala para valores de reflexéo da vitrinite de 0 a 4, considera-se, normalmente, que durante a catagenesis, ou fase de formacdo do petréleo, os valores de reflexao da vitrinite devem estar entre 0,5 e2. A.pressdo, que, como a temperatura, também é fung&o da profundidade, € causada pelo peso da cobertura sedimentar, a qual pode ser considerdvel. A sua influéncia na maturagdo da materia orgdnica ¢ importante mas de certo modo subordinada, quando comparada com a da temperatura. > Tempo: as alteragées que provocaran a transformagdo do kerogénio em Petréleo e gas, dependem, também, da idade dos sedimentos (ou seja do tempo durante o qual a rocha-me se encontra "enterrada"), de uma maneira geral, podemos considerar que quanto mais recente for uma rocha-mde, mais alta tem que ser a temperatura a que a rocha-mde tem de estar sujeita para comegar a produzir petrdleo. 4 Fig. 60 ilustra esta inter-relagdo, entre o tempo e a temperatura inicial de formacdo do petrdleo, sugerindo que os dois pardmetros de certo modo se compensam. 350m 80 wr asa vom Canada ‘Saara Oriental] ¢—__ profundida - Fig. 60, Variagdo da temperatura inicial da "janela do Petréleo", em rochas-mae de idades diferentes. As rochas-mée por exceléncia sao xistos-argilosos t+ cor castanho escuro ou preta, normalmente ricos em matéria organica (> 0,5% em peso) © que sao depositadas em meio marinho restrito, onde as possibilidades de oxidapao da matéria orginica sio limitadas. Outras rochas, por vezes ricas em matcria orgénica, e que podem ser consideradas rochas-mde, so os carbonatos e alguns evaporitos. Migracdo Ao movimento do petrdleo ou gis da rocha-mée para a rocha reservatorio Se esse movimento se faz através das rochas gma~se _secundéria (Fig. 61). chama-se migracdéo_pr reservatério, a migrac Ocurréncia de petrdleo 3 superficie Fig. 61, “ipragso de petréleo da roche-mie para o reserva- torio (migracao primaria), e do reservatério para @_armadilha e para a superficie (migracao secun- daria). Existem vérias teorias tentando explicar os mecanismos que originan a migragdo primdria, mas esta ¢ provavelmente o resultado da expulsdo da gua dos xistos argilosos (principal rocha-mée), devido a compactagdo. Este movimento da dgua transporta os hidrocarbonetos dispersos em Particulas diminutas, possivelmente no estado coloidal, mas também om solugdo, da rocha-mée para a rocha-reservatdrio. A migragdo secunddria inicia-se quando as condicées estruturais e hidrodindmicas séo suficientes para mover a dgua, o petréleo eo gds através das rochas permedveis. Como o petrdleo e o gas tém menor densidade que a gua, aqueles hidrocarbonetos tenden a flutuar na dgua, movendo-se para os pontos mais altos, onde se concentram, se uma armadilha impedir a continuapo do seu movimento (Fig. 61). 76 - Que © petréleo migra parece nao haver diividas, © 0 =xemplo mais comum é 0 aparecimento, @ superficie, de petrdleo ou gas, vindo directamente das Fochas reservatério, se estas atingirem a superficie (Fig. 61), ou ao longo de fracturas, se estas estabelecerem comunicacdo entre 0 reservatério e a superficie. Mas a distdncia a que os hidrocarbonetos podem migrar varia bastante Basicamente, se ndo houver obstrugdo 4 migragdo através da rocha reservatorio, esta distancia & determinada pela distdncia da rocha-mée até 4 armadilha ou ocorréncia superficial mais proxima Quando @ concentragdo de petrdleo e gds, numa armadilha, ¢ suficiente para que a acumulacdo seja considerada de tamanho comercial, diz-se que se formou um jazigo de petrdleo_e/ou gas Como os fluidos de subsuperficie - agua, petréleo e gés - possuem densidades diferentes, a sua acumulagéo, devido ao efeito da gravidade sobre 0 reservatério, faz-se de uma maneira estratificada, de acordo com as respectivas densidades. 0 ges sendo o fluido de menor densidade acumula-se sobre o petrdleo, o qual se sobrepée a dgua (Ver Fig. 43, Pag. 55). © volume de uma acumulagdo depende essencialmente de (1) dimensdo e tipo da armadilha, (2) quantidade de petrdleo ou ges disponivel, (3) elementos fisicos (porosidade e permeabilidade) presentes no lugar da acumulagéo. Numa armadilha, chame-se " va", A zona a partir da qual o petréleo (ou gés) & produzido. Esta "zona produtiva” 6 medida en pés ou em metros, na vertical entre o contacto petréleo-agua e o topo de acumulagao (Fig. 62). = _| Betr0leo oe produtiva... 4 “zona pro- dutiva Fig, 62. Armadilha de petrdleo com zona produtiva. 7 = 0 petréleo produzido vai constituir o chamado "Petréleo de Estoque” ou de superficie, por comparagdo com o ugar", que é 0 petréleo existente nos poros do reservatério. Como em subsuperficie o petrdleo bruto contém quase sempre gas dissolvido sob pressdo, quando este petroleo chega 4 superficie, a pressdo diminui, e 9 gds liberta-se, causando uma diminuigdo do volume do petrsleo bruto. Assim, um barril de "Petroleo no Lugar" corresponde a uma quantidade menor que um barril, quando ¢ produzido 4 superficie Ac numero de barris de "Petrdleo no Lugar" necessdrio para obtengdo a Superficie, de um barril de "Petroleo de Estoque", chama-se factor do volume da cdo ("formation volume factor"). Se o FVF for, por exemplo, 1,7, isto significa que sdo precisos 1,7 barris de "Petroleo no lugar" para obter um barril de "Petroleo de Estoque". 0 FVF importante no calculo das reservas de um reservatério petrolifero (+). As reservas de um reservatério petrolifero constituem a quantidade de petréleo e/ou gés que se espera poder ser produzida (ou recuperada) dease reservatorio. Na fase de pesquisa, o método normalnente utilizado para uma estimativa das reservas, ¢ 0 chamado método volumétrico, através da seguinte férmula: Vg x 7.758 x P(1 ~ Sw) R Petroleo onde Recupersvel FVF Va ~ Volume do reservatorio: drea da estrutura, em acres (determinada de um mapa estrutural), multiplicada pela espessura, em pés, do reservatdrio, considerado como produtivo (calculada das diagrafias ou "Logs" - Cap. 12). 7785- Mimero de barris de petroleo contidos num volume resultante da wultiplicagdo de uma drea de 1 acre por uma espessura de 1 pé. P ~ Porosidade de reservatcrio (expressa como decimal e determinada dos "Logs"). Sy ~ Saturagdo em gua do reservatcrio (determinada dos "Logs"). A saturagdo ea petrdleo serd 1-s,. R - Factor de recuperaréo (expresso como decimal e determinado em fungio do tipo de energia reservatorial assumida (Cap. 10). FVF~ Definido acima (calculado a partir da razdo gss-petroleo, obtido nos testes de formacio ~ Cap. 12), (#) Us reservatcrio petrolifero constituird um Jjazigo petrolifero ("oil— pool"), se as reservas forem suficientes para a sua exploracéo comercial. th: campo petrolifero ("oil field") pode conter um ou mais jazigos petrol iferce. 78 - 10 -CARACTERISTICAS DOS BESERVATGNIOS DE PEYROLEO E Gas Um reservatcrio de petrdleo © ges tem de possuir duas propriedades essenciais: po lee permeabilidade. No entanto, o comportamento dum reservatorio, em relagdéo 4 acumlagdo e produgdo de hidrocarbonetos, também depende da interrelagdo de outros factores importantes, tais como natureza das dguas_ de producdo. bsuper » energia do le le € a quantidade de espacos vazios ou poros numa rocha, os quais controlam o volume de fluidos que a rocha pode conter. A Porosidade é definida em percentagem, pela razio entre o volume dos Poros e o volume total da rocha. Porosidade = on = x 100 (em percentagem) Volume total da Rocha A porosidade assim definida é chamada porosidade total e inclui todos 8 espagos ou pores existentes na rocha, independentemente de aqueles estarem ligados entre si ou néo. 4 porosidade cujos poros estdo ligados entre si, permitindo a passagem de fluydos de uns para os outros chame-se porosi efect Quando 08 poros estdo isolados a porosidade diz-se ndo-efectiva. A porosidade total compreende assim a porosidade efectiva (que ¢ a vinica de interesse para a recuperapio de petréleo e gés) e a porosidade ndo-efectiva (Fig.63). porosidade nio- efectiva 32 Porosidade total 322 tiva 29% ‘cimento Fig. 63, Porosidade total igual a porosidade efectiva mais a porosidede nao- ctiv A porosidade efectiva & geraluente 5 2 10% menor que a porosidade total. A Porosidade da maior parte dos reservatorios varia entre 5 © 30 por cento. De maneira geral, podemos classificar a Porosidade de um Feservatorio da seguinte maneira (como percentagen do volume ocupade Pelos poros em relagdo ao volume total da rocha): Sem interesse o- 5 Fraca 5-10 Razodvel 10 - 15 Boa 15 - 20 Muito boa 20 - 30 A porosidade pode tambén ser prim ou secundéria. A porosidade Prindria ou intergranular é original, isto é, foi fersade quando da Geposisio dos sedimentos, © & funpéo dos esparos entre os gréos que constituem a rocha. Num arenito, a porosidade intergranular encontra'se entre os gréos de areia, enquanto um caledrie Possui Porosidade primdria entre as particulas que o compden tal como colitos ou restos de fosseis Besicamente, a porosidade priméria depende do modo como os grdéos se SrrgNan Para formar as rochas, o que por sua vez depende da uniformidade do tamanho dos graos. (ma rocha.terd melhor porosidade primdria quando os srdos constituintes estdo arredondados © bem calibrados, isto ¢, sdo mais on menos do mesmo famanho. Na natureza néo existe, no entanto, uma calibragdo total, Sendo a Porosidade normalmente reduzida pelo enchinento parcial dos Poros, formades pelos gros maiores, por particulas mais Pequenas. A mencira como os gros se arranjam tembén influi ne Porosidade Priméria, como se mostra na (Fig. 64), onde agregados de esferas, erranjadas de maneira diferente, possuem diferentes Porosidades, casoy caso 2 caso 3 G3 BQ Br Fig. 64. Arranjo dos grios poros.48% poros.40% — poron. 26% e porosidade. B & 0 Estas variagses nos arranjos dos graos resulta da compactagao dos sedimentos & medida que vio ficando cobertos por sedimentos mais recente. Assim, a compactaco dos sedimentos reduzindo a separacdo dos grdos contribui para a diminuicdo da porosidade primdria. As aguas de subsuperficie podem igualnente ocasionar a reducdo da porosidade eriginal pela precipitagdo ou deposigdéo de minerais secunddrios nos poros. A porosida a é a porosidade ganha ou perdida, depois da rocha ter sido depositada e enterrada. As aguas de subsuperficie tém aqui um papel primordial, seja por solugdo de certos minerais, aumentando o volume dos poros ou alargando fracturas, seja por recristalizagéo (ver a frente dguas de subsuperficie), A porosidade secundiria causada por solugdo, ¢ particularmente importante nos calcdrios, onde, a dissolucdo de restos de fosseis, origina a abertura de novos poros. 0s xrenitos, ao contrario, como séo formados fundamentalmente por graos de quartzo, sdo relativamente insoliveis, © a sua porosidade é basicanente primaria. 4 porosidade secundaria também pode aumentar ao longo de fracturas, as quais sendo originalmente bastante estreitas, podem alargar por acgéo das aguas de subsuperficie. Fendmenos de recristalizagdo podem igualmente originar espagos porosos entre os cristais, durante a formagdo de dolomitos (ver dguas de subsuperficie), Ao contrdrio, a precipitagdo de elementos quimicos, provenientes das siguas de subsuperficie, pode reduzir a porosidade por cimentacdo. Também a compactacdo, causada pela pressdo dos sedimentos mais recentes, produz uma redugdo de porosidade, em virtude da pressdo néo afectar os grdos, mas reduzir os volumes dos poros. Deste modo, existem dois processos de porosidade secundéria (dissolucéo )» que aumentam a porosidade, enquanto dois outros do © compactacéo), que contribuem para a sua Proce: diminuigao. vermeabilidade de uma rocha mede-se pela facilidade com que um fluido Pode fluir através dessa rocha. Depende essencialmente da maneira con °S Poros estdo interligados ou seja da porosidade efectiva (Fig. 65). escoamento de um fluido Fig. 65. Escoamento de um flufde através de uma rocha permeavel (arenito), Enbora a unidade de medida da permeabilidade seja o Darcy(#), em homenagem a Henry Darcy que pela primeira vez fez experigncias wom 2 Passagen de fluidos através das rochas porosas, usualmente a Perneabilidade ¢ expressa em milidarcies (mD = 0,001 Darcy), pois Poucas rochas possuem a permeabilidade de 1 Darcy. Quanto maior for a permeabilidade em milidarcies, mais facil se torna a passagem dos fluidos através da rocha. As Permeabilidades médias das rochas reservatdrio variam normalnente entre 5 © 1000 MD. De modo geral, a avaliagdo da permeabilidade duma rocha pode ser classificada como abaixo: Razodvel 1-10 nd Boa 10 - 100 nd Muito Boa 100 - 1000 nd (#) Uae rocha diz-se ter a permeabilidade de 1 Darcy quando a passagem de Ice de um fluido, com a viscosidade da agua a 20°C, através 1 cm? da superficie da rocha e pela distancia de 1 cm, tem a durag&o de 1 segundo, havendo uma quebra de presséo de 14,7 libras por polegada quadrada. - a2 - A permeabilidade original de uma rocha é red grandemente no decurso da compactagio dos sedimentos © também pela presenca de material intergranular, como argila ou outro cimento (Fig. 66). 00nd Pome perm. vert. perm. ve OO 7 min perm. horiz. perm. horiz. a E> oO porosidade 18% potosidade 38% graos nao cimentados gtdos com cimento argiloso Fie. 66, Redugdo da porosidade e da permeabilidade devido 3 presenga de um cimento argiloso entre os eraos. Nun reservatdrio de petréleo e gis, os poros contém normalmente Petroleo, gas e dgua em varias proporcdes (ou saturagées), e a passagen ou fluxo de um destes fluidos, através do reservatério serd,de certo modo, alterada pela presenga dos outros fluidos. Esta alterarao depende da quantidade relativa dos outros fluidos ¢ da maneira como ocupam o volume dos poros. A relapio entre a capacidade dum fluido isolado fluir, e a capacidade desse mesmo fluido fluir, na Presenpa de outros fluidos, nas mesmas condigdes de presséo ¢ temperatura, chama-se permeabilidad a (fig. 67). ry a permeabilidade® relativa es (petréleo) saturacao em petroleo—tes sw m0 wc a ne > setucacao en cue ew ee Seer es s Fig. 67. Permeabilidade relativa do petrdleo em fungdo das diferentes saturacces da rocha-reservatério em pe. trdleo e agua. A permeabilidade pode ser he ital, quando medida numa direceéo mais ou menos paralela as camadas sedimentares; ou vertical, quando medida atraves das camadas. A permeabilidade vertical ¢ normalmente inferior @ permeabilidade horizontal, devido ao arranjo dos gréos durante a deposigdo (Ver Fig. 66) 24 - 83 - A Sigua encontrada nas rochas de subsuperficie ten bastante importdncia hos" reservatdrios de petrdleo e gis, por causa dos efeitos que pode ter na porosidade © permeabilidade, na migragéo dos hidrocarbonetos, na Pressao dos reservatérios © nos contactos entre os varios fluidos. As Sguas subsuperficiais pode ser classificadas conforme a sua origem © @ sua composigdo quimica. Quanto @ origem dividem-se em: G) fguas__intersti ~ aguas inclus mas rochas sedimentares, suando da sua deposi¢do. Normalmente, so aguas com alta salinidade. Gi) Aguas ricas - aguas infiltradas nas rochas de subsuperficie Principalmente a partir da atmosfera (principalmente chuva) constituem, normalmente, as chamadas dguas_subterrén: Ac contrério das aguas intersticiais, as aguas metedricas voltam com frequéncia @ superficie sob a forma de fontes naturais, As fontes forman-se, de maneira geral, quando interseccdo do nivel fredtico (nivel abaixo do qual 0 subsolo poroso esta saturado com agua) com a superficie do solo, ou quando da infiltrapgo da agua é interrompida por uma camada impermedvel, que aflora a superficie (Fig. 68). Precipitagio Fig. 68. Fonte natural originada pelo afloramento 3 superficie de uma camada impermedvel. fm zonas de pouca chuva, a agua encontra-se geralmente aquiferos (camadas permedveis saturadas de sgua) mais profundos, cuja fonte de climentagdo, pelas dguas metedricas, pode estar bastante longe. Neste caso, e mesmo no caso onde existe um nivel frestico bem definido, mas a quantidade de agua requerida é grande, bé, muites vezes, a necessidade de se fazer a extracpio de agua por meio de Pogos. Sige Neste caso, a gua pode fluir naturalmente, formando pogos artesianos, ou, quando a agua nao sobe o suficiente, aplica-se energia artificial por meio de bombas. Para um pogo ser artesiano é necessério que na sua localizagéo a pressao hidrostatica (pressdo exercida pela Agua) seja superior ao peso da gua na coluna do poro. Esta condipao é atingida quando a area de recarga do aquifero, ou 4rea de alimentapao do aquifero, esté a um nivel mais alto que o local onde o pogo é perfurado (Fig. 69) nivel, freatico pogo artesiano Fig. 69.oco artesiano no qual a agua flui @ superficie naturalmente. Gili) Agus - estas dguas nunca fizeram parte do ciclo hidrolégico, sendo originadas dentro da terra. Estdo normalmente associadas com vuledes. fi Quanto & mposicéo ai , as dguas subsuperficie podem ser classificadas conforme a sua salinidade (agua doce, salobra ou salgada), tipo de PH (grau de alcalinidade ou acidez) ou de acordo com outros sais que tenha dissolvidos. Para os reservatérios de petréleo e gas, as aguas yu. séo importantes séo as metedricas e as intersticiais, particularmente estas. As Aguas intersticiais distinguem-se quimicamente das aguas metedricas, por possuirem salinidade mais elevada e terem normalmente baixo teor em sulfatos e bicarbonatos. Como referido, quando se tratou da permeabilidade, a acgio das dguas subsuperficiais, nos reservatérios de petréleo e gas, envolve muitos aspectos, uns negativos outros positives. Alguns exemplos de uns e¢ de outros casos: . A cimentagdo dos sedimentos, derivada da precipitagdo de minerais en solugéo, nas aguas de subsuperficie, pode reduzir bastante a porosidade e a permeabilidade, devido ao enchimento dos espagos intergranulares. A deposipfo de minerais nos poros das rochas, assim como em fracturas, tem o mesmo efeito de redugde de porosidade © permeabilidade. 35 + Por outro lado, alguns minerais das rochas podem ser dissolvidos pelas dguas de subsuperficie, © removidos por solugdo, aumentando a Porosidade e permeabilidade dessas rochas. Fste fendmeno ¢ Particularmente evidente nas reas constituidas por _rochas carbonatadas, devido a acp3o de dissolugao do dcido carbénico (diéxido de carbono combinado com Aguas superficiais ou de subsuperficie). A dissolugao dos carbonatos pode ocorrer ao longo de fracturas, eventualmente dando origem 4 formagdo de cavernas (processo de ace), ou dissolvendo os componentes calcarios dos fésseis. Neste caso, a porosidade resultante chama-se Be a (de molde de fossil), a qual, com a continuacdo da dissolugdo, se transforma em poro. (by Tig. 70, Torosidade secundéria por dissolugio dos carbonatos: (a) formagao de caver nas; (b) formacio de vaciolos. + Outro tipo de acgdo das dguas de’ subsuperficie, que provoca aumento da porosidade, deve-se a fencmenos de recristalizagéo de certos minerais, os quais sofrem uma reducdo de volume. Um caso tipico a converséo de um calcério impermedvel, numa dolomia Porosa, por transformarao do carbonate de calcio em bicarbonate de cAlcio e magnésio. - 96 - 4s aguas de subsuperficie também tm importancia fundamental no transporte © acumulago de hidrocarbonetos (ver migrario e acumulagao do petréleo e gas), Na realidade, as acumulapies de hidrocarbonetos ecorrem normalmente associadas com agua, que € 0 fluido mais comum em subsuperficie. Esta Agua, que pode ser metedrica, mas principalmente de natureza intersticial, ¢ designada geralmente por dgua de formacéo, en virtude de existir naturalmente nas formacées sedimentares, Em relapéo ao reservatério, a agua de formagio pode estar, como vimos, estratificada, como petréleo e gs, devido & diferenca de densidades, ou ocupar mesmo parte dos poros_ das rochas reservatério onde os hidrocarbonetos se —aacumularam (Fig. 71). Esta dgua intersticial ou de formagio esta presente em todos os reservatérios produtivos de petréleo e gés, em percentagens que variam normalmente entre os 10% e os 50%. Esta percentagem aunenta geralmente em direcpao Fig. 71, Secgio esquendtica aos arte mais baixa ulapa trando 0 espago poroso parte mais b da acumulapao de oe ee petréleo e passando petrdleo © agua, praticamente a 100% abaixo do contacto dgua~petrdleo, na zona de Agua. A dgua de formagdo também ¢, em grande parte, responsdvel pela manutengo da pressdo reservatorial (ver energia dos reservatcrios de petroleo e gas), quer seja devido ao gradiente da pressdo hidros' ca (pressdo exercida por um fluido num determinado ponto a qual aumenta com a profundidade), quer devido ao gradiente de pressdo hidrodindmica (press&o de um fluido causada pelo seu movimento em direcgfo a um ponto de menor pressao). De um modo geral, o nivel de produgdo de um reservatério de petréleo e gas é funpao da sua porosidade e permeabilidade. Mas a capacidade de Producdo depende também da pressdo interna dos reservatcrios e da temperatura. Os fluidos existentes nos poros dum reservatério estao sujeitos a uma Esta pressdo pode resultar de varios factores, os quais incluem a pressdo derivada do peso nas rochas sobre o reservatcrio, a pressdo de origem tecténica, a pressfo hidrostatica e a pressdo hidrodinamica, além da Press&o devida & expansdo dos fluidos contidos nes poros {a importncia da expansio dos fluides, é referida mais A frente, no subcapitulo "Mecanismos de Produpao"). pressdo, chamada pressdo reservatorial ou presso Normalmente, a pressdo reservatorial no contacto _dgua-petrdleo, aproxima~se bastante da pressdo hidrostdtica, exercida por uma coluna de agua salgada, até aquela profundidade. © peso da coluna de sgua salgada depende da quantidade de sais dissolvidos, variando de 0,433 PSI (do inglés “Pounds Square Inch" ou libras por polegada quadrada) por cada pé de profundidade, para a agua Pura, até 0,50 PST, ou mais, por pé, para 4guas com altas concentrapies em sais. fm média, o gradiente da pressfo hidrostatice, nas areas com reservatérios de petréleo e gas, 6 de 0,450 PSI, por pé de profundidade. Fm certos casos, os reservatérios contém fluidos sujeitos a presses amormais que podem atingir 1 PST por pé de profundidade. Isto ocorre, muitas vezes, nas rochas reservatério que estéo isoladas e envolvidas Por rochas impermeaveis, como xistos argilosos. Como aqueles rochas ao serem "enterradas" ndo podem ser compactadas normalmente, por expulsdo da agua existente nos seus poros,a pressdo resultante da sobrecarga & transmitida aos flurdos restidos nos poros dessa rocha. Alen da pressdo, outro factor dominante que afecta todos os reservatdrios de petroleo e gis ¢ a temp. 0 gradiente geotermico da terra jd foi referido na parte respeitante 4 origem do petrdleo. Devido a este gradiente, todos os fludos Presentes num reservatcrio estdo sujeitos a temperaturas muito superiores ds superficiais, dependendo normalmente da profundidade do reservatorio. Assim, para um gradiente médio de 1°C/30m a temperatura esperada para um reservatorio normal situado a profundidade de 1500 metros serd de cerca de 70°C (admitindo uma temperatura superficial de 20°C, mais 50°C devido ao gradiente geotérmico). Temperaturas elevadas podem provocar a expansdo dos fluydos, particularmente do gas, e correspondente aumento de pressio reservatorial, se o reservatério estiver saturado. Mas 0 efeito principal do aumento de temperatura ¢ diminuir a viscosidade do petréleo, facilitando o seu movimento através dos poros das rochas reservatério, @ 0 mecanismo de produgdo de petrdleo e gas depende fundamentalmente da energia natural, presente no reservatcrio, provocada pela pressdo reservatorial. Esta presséo reservatorial afecta os fluidos comprimidos no reservatério e origina a sua expansibilidade, por Fedupio da press&o quando o reservatério entra em produgio. Sao trés os mecanismos principais de produgao, dependentes da energia originada pela expansibilidade dos fluidos: oe Fig. 72) Quando a pressdo reservatorial diminui, em consequéncia da produgéo, © Sas dissolvido no petrdleo expande-se, e move-se na direccéo do Pogo, arrastando o petrdleo. on ae BRET aTES IPPaoh Fiz. 72, Reservatorio cuja energia de solvido no petréleo. Durante a producdo, haverd um peryodo em que a presséo ¢ reduzida ao chamado ponto de saturacéo, e o gés em solugéo liberta-se do Petréleo. Como a energia nesse tipo de reservatério depende essencialmente do gas dissolvido no petréleo, & medida que a Produpao continua e mais gés é retirado, a presséo reservatorial diminui quase proporcionalmente. A relaéo entre o volume de gés produzido juntamente com o petréleo e o volume deste, constitui a razdo gés-petrdleo (RGP), expressa em pés cibicos de gas por barril de petréleo. De maneira geral, as caracteristicas dum reservatdrio cuja energia de produgio depende do gas dissolvido no petréleo, resumem-se no seguinte (Fig. 73). Fig. 73.Caracteristicas da produgio num Teservatorio cuja energia depen de do gas dissolvido no petroleo. Percentagem da produgio final produgao depende do gas dis~ 89 Diminui continuamen- = rapidamente com a produgdo. Baixa no inicio, aumenta rapidamente Para um maximo ¢ depois baixa quando o reservatdrio fica exausto. Nenhuma. Requer bastante cedo energia artificial (bombeamento ou injecgdo de gis). 5 a 30 por cento do petréleo existente (por meios primarios +) om reservatério. vectura (Fig. 74) sobre uma acumulagdo de Petrdleo, deve-se 4 existéncia de gds em excesso, em relagdo ao gas necessdrio para saturar o volume do Petrdleo ex'stente nessa acumulacdo, nas: condigées de temperatura e presséo reservatoriais. Neste tipo de reservatorios, a energia reservatorial provem ndo sé do gas dissolvido no Petroleo, como também do ds comprimido na cobertura de gas, o qual se expande, quando o reservatdrio entra em produgdo, empurrando o petrdleo para os Pogos. Fin. 74, Peservatdrio cuja enereia de Producao depende da expansie do gas de cobertura. A maior limitagdo dum reservatorio con cobertura de gés livre deve-se 4 baixa viscosidade do ges, a qual pode causer que o gas Passe nos poros sem deslocar o petrdleo. (4) 0s meios prindrios de recuperagéo utiliza a energia natural dos reservatdrios, enquanto os meios secundérios utilizan a energia artificial, com injecgdo de gas ou dgua. no No entanto, a eficigncia destes reservatérios é muito maior do que aqueles onde a energia depende 6 do gis dissolvido. as Ceracteristicas principais dum reservatério, cujaenergia de produpao depende da expansio do gas de cobertura, sao ‘Fig. 75) Fig. 75. Caracterfaticas da producio num reservatOrio cuja energia depende da expansdo do gas de cobertura, - Diminui continuamente, mas de maneira mais lenta que anteriormente. Aumenta continuamente, particularmente Ros pocos situados nas partes mais altas do reservatdrio. Nenhuma ou muito pouca. Flui naturalmente durante muito tempo, dependendo da quantidade de gds livre de cobertura. eracéo_esper 20 a 40 por cento do petréleo e gés, (por meios primarios) existentes no reservatério, (iil) Energia 76) A ‘energia neste tipo de reservatdrio deriva fundamentalmente, do movimento da sgua de formagdo. Primeiro, provavelmente por expansdo da agua proximo do pogo que estd sujeita a compressdo, devido a Pressdo hidrostatica e ao peso das rochas de cobertura; depois, quando um gradiente de pressdo ¢ estabelecido (devido ao inicio da Produgdo), originando o movimento da agua, a qual, deslocando-se dos reservatorios aquiferos vizinhos, vai ocupar o volume do petréleo ¢ ss produzidos e, assim, manter a pressdo reservatorial. See contacto: petrdleo~ ~agua 76. Peservatdrio cuja energia de produgio depende da pressao exercida pela agua de formacao. Para isto acontecer, 0 reservatério deve estender-se por uma érea superior aquela ocupada pela acumulagéo de petréleo e gas, ¢ ter acesso a um fornecimento de agua suficiente, para substituir, volumetricamente, os fluidos produzidos. F evidente que se o reservatcrio for limitado, lenticular, ou cortado, por falhas sem comunicacdo, as possibilidades de manutengo ds pressdo, pela dgua de formagdo, serdo diminutas. Também se a produgéo for mais repida que o influxo de dgua, a press reservatorial diminui e a produgdo declina. Num reservatdrio tipico onde a energia ¢ derivada da sgua de formagdo, a producdo de petroleo e gis néo diminui até comecar a Produzir dgua. De facto, as caracteristicas referidas abaixo mostram claramente que a eficiéncia deste tipo de mecanismos ¢ bastante superior a qualquer outro (Fig. 77) Percentagem da produgao final Fig. 77. Caracterfsticas da producao num reservatorio cuja energia depende da pressao exercida pela agua de formagao. Mantem-se alta praticamente enquanto hé produpao de petrdleo © gas Relativamente baixa. Comeca relativamente cedo /dependendo das taxas de produgdo) ¢ aumenta Sucessivamente com 2 produgdo. Flui praticamente durante toda a produg&o. Recuperacdo_esper 35 a 75 por cento do petréleo e yds (por meios primérios) existentes no reservatério. & frequente a energia de um reservatério resultar da combinagio dos varios mecanismos acima descritos (Fig. 78). Neste caso, quando um tipo de mecanismo declina, a pr-dugdo ¢ sustentada pelos outros mecanismos, mais duradouros. Provavelmente, no inicio da produgéo a energia resulta principalmente da expanséo dos. ‘fluidos, Particularmente do gs. Posteriormente, com a continuapio da Produpéo, € estabelecido um diferencial de press&o, o que provoca o movimento da Agua de formacao, na direcedo do reservatério petrolifero. Fig. 78. Reservatério cuja energia de producio depende da combinagao da expansao do gas de cobertura e da pressao exerci: da pela agua de fornagdo. Na indistria petrolifera a taxa de produgao de um reservatério deve ebedecer a “Taxa de Eficiéncia Maxima" (do Inglés "Maximum Efficient Rate"), que é 0 nivel de produgéo que tem em conta as vantagens sconémicas de uma produpSo rapida versus a perda de produgao final, causada por parte do petréleo ficar retido, no reservatério, devido & produpao ser demasiado répida. 5h L- TRTRODOGAO AS TECHICAS APLICADAS HA PRSQUISA DE HIDROCARBORETOS De maneira geral, a pesquisa de hidrocarbonetos envolve as seguintes fases: (3) Determinapio de regies favoréveis para a descoberta de Nidrocarbonetos, tendo em vista a necessidade de Presenga de rechas-mée, rochas reservatério e armadilhas. Tanbém essencial a existéncia de condipses adequadas para gerapio (gradiente geotérmico versus idade das rochas mie) dos hidrocarbonetos; (i) Dentro destas regides, procura de condigées geolégico-estruturais locais (anticlinais, armadilhas de falha ou estratigraficas) que pejan Julgadas apropriadas para a retenpio acumlapio de hidrocarbonetos; (iii) Localizagdo e programacdo de Pogos de pesquisa nas estruturas seoldgicas seleccionadas a fim de testar a Presenca ou auséncia de hidrocarbonetos © o tipo de reservator io; (iv) Apds a descoberta inicial, verificacdo da extensdo e caracteristicas Ge scumilacdo encontrada, com implantacdo de dois ou sare Pocos de avaliacdo, para confirmagdo da comercialidade da descoberta * caso positivo, programar o Fespectivo plano de desenvolvimento, Para alcangar os objectivos acima, varios meios técnicos sao normalmente aplicados. —Primeiro, um estudo geoldgico regional (que incluiré a Seclogia de superficie da regiao, se a area a ser pesquisada for em terra, on ait, reeiées vizinhas, se se tratar de una area coberta pelo mar), permitira definir os alinhamentos estruturais Principais e a composigio des camadas sedinentares que formam os afloranentos, Métodos geofisicos, doe eestinetria © magnetometria, daréo una ideia da bacia da espessura dos sedimentos presentes, Depois, a interpretagdo dos dados obtidos em ntos_sismicos, efectuados nas reas mais favordveis, indican @ atitude estrutural das rochas em subsuperficie e a possivel existéncia de armadilhas, capazes de ceusarem a acumulacdo de hidrocarbonetos. Com integracéo de todos os slementos disponiveis, define-se um prospects, no qual um ou mais niveis Mtologicos sdo considerados como objectivos, Para serem perfurados. Durante, ou apcs, a perfuragio, novas técnicas séo aplicadas, para determinacdo das caracteristicas das rochas © dos respectivos fluidos (Cap. 12), - 95 - GEOLOGTA Gonsiste fundamentalmente no exame e estudo das rochas que afloran & superficie, com o fim de definir as caracterfsticas estruturais e estratigraficas da area a ser pesquisada. 0s dados geoldgicos obtidos, incluindo a distribuigao ¢ atitude estrutural das varias formapses, sao Projectados sum mapa geolégico da 4rea. Grande importancia tem a identificapo das anomalias estruturais superficiais, como anticlinais ¢ falhas, as quais podem reflectir estruturas profundas, capases de constituir armadilhas para os hidrocarbonetos (Fig. 79). Fig. 79. Mapa geologico. cy 3 i trutural Limite geoldgico Alishanento est oa oe (anticlinal) —S— vatha (s-bloco superior ‘Alinhamegto estrutural t I-bloco inferior (sinclinal) —T— tstratificagio inclinada © Indicagio de hidrocarbonetos Séo também preparados perfis geoldgicos, correlacionando ou comparando secgdes geoldgicas de dreas diferentes, de modo a obter-se uma hipotetica distribuigdo das rochas entre aquelas dreas. Estes perfis fornecen normalmente informagdes sobre a estrutura, estratigrafia e espessura das rochas, ou formagées, envolvidas (Fig. 80). Fig. 80. Perfil geolgico mostrando correlagao de varias seccdes geoldgicas. A ebservasio das rochas expostas & superficie pode, igualmente, fornecer dados importantes sobre a existéncia e posicao. de rochas-nde e rochas reservatério, as quais podem estar presentes em subsuperficie, em outros pontos da bacia. Também a presenca de sinais de petrdleo ou ads a superficie, pode dar indicagées valiosas sobre a existéncia de reservatcrios profundos de hidrocarbonetos, e todos aqueles sinais devem ser devidamente assinalados oe eae ttolssico da regido. De facto, como vinos, a origen des ccorréncias de petroleo ou gis a superficie, deve-se capacidade dos hidrocarbonetos migrarem, ao longo de falhas, que atingem a superficie, ou através de rochas permeéveis, como exemplificado na Fig. 61, pes pttodos auxiliares usados na preparepio de mapas geolégicos de Superficie, um dos mais importantes é@ a fotogeologii As fotografias aéreas permite, normalnente, usa maior preciséo na determinapio dos Conkactos, entre as vérias rochas, além de forneceren uma welhoe Perspectiva de conjunto das estruturas geolégicas. A fotogeclogia & Particularmente itil em regides onde os afloramentos rochosos abo escassos, pois permite detecter a distribuipio das formapes, por interpretapéo da geomorfologia (descrigio dos spectos superficiais da terra), vegetagio e caracteristicas do solo. =o7 — Grande parte da pesquisa de hidrocarbonetos ¢ hoje efectuada om dreas sem, ou com raros, afloramentos rochosos, como no mar ou no deserto, Neste caso, a Geologia de superficie (ainda que elementos obtidos em dreas vizinhas possam der algumas indicagdes viteis) tem pouca aplicagdo, e os métodos a usar sdo praticamente sé de sub-superficie. Alids, mesmo nes areas onde a Geologia de superficie ¢ possivel, esta tem de ser complementada por métodos de sub-superfcie, visto ser em sub-superficie que se encontram as acumulagSes de hidrocarbonetos. A Geologia de sub-superficie integra elementos provenientes de varias origens. No entanto, na parte inicial da pesquisa, quando ndo ha ainda acesso a informapées directas, a serem obtidas durante a perfurapao dos Poses pioneiros (Cap. 12), a pesquisa de sub-superficie’ baseia-se essencialmente nos métodos geofisicos. Estes métodos, quando aplicados com sucesso, podem indicar a presenga, posipao e natureza de estruturas geoldgicas, as quais podem ou nao conter hidrocarbonetos. Varios métodos geofisicos sdo usados na pesquisa de hidrocarbonetos. Normalmente, no reconhecimento duma bacia sedimentar usam-se primeiro os métodos gravimétricos e magnéticos, e 6 as areas anémalas séo sujeitas a um levantamento sismico, que é o método mais caro, particularmente em terra. No entanto, como grande parte da pesquisa é, actualmente, efectuada no mar, os levantamentos geofisicos incluem, geralmente, os trés métodos, que sao aplicados simultaneamente. GRAVIMETRIA Este método baseia-se na leitura pelo gravimetro das diferengas de densidade das diversas rochas que formam a crosta da terra. Para este efeito, o gravimetro pesa o mesmo objecto, em diferentes lugares ou estagées. Como 0 peso do objecto resulta do produto da sua massa (que € constante) pela aceleragdo devida 4 gravidade ou a forca de atracgdo da terra, qualquer variagio do peso ¢ consequéncia da variagdo da gravidade. Esta variagdo da gravidade estd, por sua vez, relacionada com a presenga de rochas de densidades diferentes. A existéncia de uma rocha de baixa densidade, no meio de outras rochas de densidade normal, origina uma anomalia negativa. Ao contrério, a existncia, nas mesmas condigées, duma rocha de densidade alta, origina uma anomalia positiva. 98 - Exemplos de um e de outro caso, sao tipicamente ilustrados na (Fig. 81 (a) ¢ (b)), onde um domo salifero (o sal tem densidade baixa comparada com ai outras rochas) provoca uma anomalia negativa, e um alto do soco cristalino (alta densidade), origina uma anomalia positiva. 3 4 2g Soq 33 ad a3 i: a a5 aa ~ soco cristalino (a) (b) Fie. 81, Anomalias gravimétricas: (a) Anomalia negativa provo- cada pela presenga de um domo de sal: (b) Anomalia po sitiva provocada pela presenga de um “alto” do soco ~ cristalino, As variagées da gravidade observadas séo, no geral, muito pequenas, medindo-se as anomalies em miligals, que representan a milésima parte do Gal, que & a unidade usada em geofisica para a gravidade. 0 valor médio da gravidade da terra é 980 Gals. Os métodos gravimétricos séo extremamente \iteis em dreas onde existem domos saliferos. Aqui, as anomalias negatives provocadas pela diferenca de densidade entre o sal e as rochas encaixantes sdo bastante caracteristicas. Muitos domos de sal, associados com acumulagies de hidrocarbonetos, tém sido perfurados sé com base em métodos gravinétricos. A interpretagao de outros tipos de anomalias gravimétricas é bastante mais complexa e requer normalmente a ajuda de outros tipos de investiga (magnéticos e sismicos). MAGNETOMETRIA ‘A pesquisa por meios magnéticos, baseia-se na medigdo das variagées da intensidade magnetica, observades 4 superficie da terra. Estas medicées sdo efectuadas pelo magnetcuetro, o qual faz a leitura em varias estacées, segundo uma rede determinada previamente. Em terra, particularmente quando a drea a pesquisar, é bastante extensa, o levantamento magnético é feito geralmente por avido, o qual voaré a uma altitude constante, a0 longo de linhas pré-estabelecidas (normalmente separadas 1 a 2 Kms, embora num reconhecimento geral a separaco possa atingir 10-20 kms). No mar, embora na fase inicial possa haver um levantanento aéreo, na Betoria dos casos os levantamentos magnético e gravinétrico fazea-oe simultaneamente com o Jevantanente sismico, por meio de um navio especializado. A’ midade sada para nedicdo da intensidade magnctica ¢ 0 Gauss, mas na Prospecséo geofi‘sica o Gauss ¢ dividido ex 100.000 Gammas. As anonaline Ragnesicas sdo medidas normalmente en poucos Gammas (um Gama ¢ cerca de 1/80.000 da intensidade magnética da terra). Basicanente, © principio utilizado na pesquisa magnética resulta do facto do campo magnético da terra ser uniforme nas reas onde as rochas sao nais ou menos honogéneas, mas apresentar uma distorg’o ou anomalia, quands existen rochas de maior susceptibilidade magnética, isto é ricas es minerais de ferro, como a magnetite e a ilmenite. As rochas do s*-9 cristalino sdo as que contén usualmente mais minerais _. ferro. Deste modo, quando as rochas do solo so deformadas « constituem altos, essas rochas fican mais perto da superficie, produsinds valores Ragnéticos mais elevados e dando origem a anomalias magnéticas positivas (Fig. 82). anomalia magnética positiva Fig.82, Anomalia magnética: Anoma~ lia positiva provocada pela Presenca de um “alto” do soco cristalino. Deste modo, as medigbes magnéticas efectuadas em areas onde as rochas do Soco cristalino (rochas igneas ou metamérficas) aparecem relativanente perto da superficie, produzirao anomalias positivas bastante pronunciadas, do tipo mostrado na Fig. 82. Estas anomalias serdo, ao contrario, menos nitidas se o soco cristalino estiver mais profundo. Assim, se as nedigoes forem feitas & mesma distancia do solo, pode~se determinar a profundidade dos corpos magneticos (soco cristalino), pela acentuacdo das anonalias nos perfis magnéticos. - 100 - No caso de estas anomalias ndo serem muito nitidas, poderemos, em geral, deduzir que 9 soco cristalino pode estar profundo, e a diferenca de profundidade entre 0 soco cristalino e a superficie contera, possivelmente, rochas sedimentares, as quais, como vimos no cap. 9, so as rochas que pelas suas caracteristicas sao essenciais para a geragao e acumulapo de hidrocarbonetes. © mapa apresentado na Fig. 83 ilustra, esquenat icanente, a maneira como = as._—Ssaanomalias Positivas sio indicadas nos mapas magnéticos ou gravimétricos. Fig. 83. Mapa indicande uma anonalia positiva (magnética ou era- vinétrica). De qualquer saneira, o levantamento magnético, utilizado como independente método de pesquisa, ndo ¢, em geral, suficiente, para definir estruturas de sub-superficie, pois os resultados obtidos sdo, muitas vezes, pouco Precisos em profundids” © No entanto, nos casos favordveis, se as anomalias estéo presentes em numero suficiente, é possivel, muitas vezes, determinar a configurapio geral da bacia sedimentar, assim como os Principais alinhanentos estruturais do soco cristalino. Por outro lado, como a susceptilidade magnética dos sedimentos é menor que a do soco cristalino, de uma maneira geral, poderenos considerar que a presenga de snomalias magnéticas indica falta de sedimentos e a érea em questo tem Pouco interesse para a pesquisa de hidrocarbonetos. SfSMICA De todos os métodos geofisicos, o levantamento sismico ¢ aquele que melhor representa as estruturas sedimentares presentes em sub-superficie. Quando as circunstancias sio favordveis, os dados de natureza sismica podem, igualmente, fornecer importantes informagées acerca da litologia das rochas de sub-superficie e mesmo, em elguns casos especiais, dar indicagées acerca da presenya de petréleo e gis. - 101 - 0s métodos © sismicos _—dbaseiam-se, fundamentalmente, na medipo dos tempos que as ondas sismicas, artificialmente provocadas 4 superficie da terra, levan temas a atravessar as camadas sedimentares. energia Estas medigées registam o intervalo de sismica tempo existente entre a explosdo, que Provoca a energia sismica artificial, e a receppio em detectores especiais, onda reflec \tida chamados geofones ou ~—ihidrofones \ (conforme o levantamento é em terra ou SESE no mar), das ondas sismicas refractadas ie i ou reflectidas = pelas -—camadas_- «Fig. 84. Reflexio e refracgao de sedimentares (Fig. 84). ones ietentcas Dois tipos de levantamento sismico séo, portanto, poss vei e por reflexdo. por refraccdo © principio da refracedo, consiste na mdanga de direccdo de propagagéo das ondas (luz, som, radio) quando estas passam dum meio com determinada velocidade para outro diferente. No levantamento por refracgéo, as ondas si‘smicas sdo refractadas quando encontram uma camada formada por rochas de maior velocidade. A onda tenderé, entao, a seguir através do percurso mais rapido, isto é, pela camada de maior velocidade, até ser novamente refractada para a superficie e detectada por varios geofones ou hidrofones, afastados igualmente um dos outros (Fig. 85). fonte de energia sismica geofones Fig. 85. Onda sismica refractada ao longo da camada de maior velocidad, - loz Como se pode observar na figura atrés, a distancia a percorrer pela onda sismica, da fonte de energia & canada de maior velocidade é a mesma para todos os geofones. Tanbém as distancias, percorridas pela onda sismica, depois de ser refratada pela 2° vez, para ser detectada nos diferentes Geofones, sdo praticamente iguais (o efeito da topografia, no caso de levantamento terrestre, pode ser corrigida, e uma possivel inclinagdo da canada, néo , para este efeito, significatival. Deste modo, as diferengas de tempo registades nos diferentes geofones correspondem aus tempos que a onda sismica leva a percorrer as distdncias entre os respectivos geofones. Como € conhecida a distancia entre os geofones, ¢ entao possivel calcular a ve le da camada em questdo. A obtengéo de dados sobre a velocidade das camadas sedimentares é, Presentemer*e, a maior utilidade dos métodos de refracpao, os que tén sido quase totalnente substituidos, na prospeceao sismica, pelos métodos de reflexdo. De facto, os métodos sismicos por reflexéo, devido A sua maior capacidade de penetrarao, en profundidade, permitem uma investigaao mais detalhada en sub-superficie e, por isso, séo presentemente mais usados que todos os outros métodos geofis-ros juntos. 0 principio em que se baseia a sismica de 6," de um certo modo, senelhante ao principio do eco, o qual resulta da reflexdo dum som, o qual foi provocado por uma determinada fonte sonora. Medindo 0 tempo que medeia, entre a produgdo daquele som e a detecgdo do respective eco, como 2 velocidade do som no ar ¢ de 340n/s, pode-se calcular a distancia entre @ fonte sonora e o obstdculo que reflectiu o som, ocasionando o eco- © tempo que medeia entre a produgdo do som, e a detecgdo do eco, chama-se tempo Lexdo ou tempo _duplo (pois inclui ndo sé 0 tempo que leva o som a viajar até ao obstéculo, mas também o tempo de volta daquele som (causando 0 eco), depois de reflectido pelo obstaculo. Na sismica por reflexo, a fonte das ondas sismicas pode ter origem muma exploséo, provocada por dinamite, ou por vibragéo (métodos usados em terra) ou, ainda, por descompressao répida de uma cfmara de ar comprimido (método normalmente usado no mar). As ondas sismicas, assim produzidas, penetram nas camadas sedimentares, sendo reflectidas quando encontram uma discontinuidade entre essas camadas (normalmente correspondente a uma variapfo abrupta de litologia, e, portanto, de velocidade), voltando a superficie para seren detectadas nos geofones ou hidrofones (Fig. 86). - 103 - camido equipado amigo equi- para producao—pado para de energia sis- —_registo mica geofones hidrofones 3 fonte de energia (camara ar compri, (a) Fig. 86, Levantamento sismico em terra(a) e no mar(b). No caso mais simples, uma carga é detonada no ponto de _tiro 1, provocendo uma onda sysmica, que viaja em profundidade até ser reflectida pela primeira camada reflectora, para depois ser recebida no geofone mais préximo (Fig. 87 a). A seguir, a fonte de energia, e 0 geofone, deslocam-se para o ponto de tiro 2, ea reflexéo é registada da mesma maneira. Isto é feito sucessivamente para os p (Fig. aati Todos os dados, recebidos nos geofones, sdo registados numa fita magnética a qual ¢ posteriormente pr de acordo com um determinado programa de computador. Os resultados sdo entdo apresentados numa secqdo sismica, cuja linha horizontal superior representa a linha de referéncia, onde sdo marcados om sucessivos pontos de tiro. Verticalmente, e por debaixo de cada ponto de tiro, marcam-se as reflexdes, registadas nos geofones correspondentes. Por correlacgdo das vdrias reflexes, consegue-se, entdo, representer a atitude da camada reflectora (Fig. 87 c). Na prética, os dados sismicos so registados nfo por um geofone mas por Grupos de geofones, os quais registam nfo sé aa primeiras reflexées, correspondentes & primeira camada reflectora, mas tanbéa as reflexes Provenientes de outras camadas reflectoras, ou superficies de discontinuidade, mais profundas (Fig. 88). He registo 1 distancia horiz cofone 1 fonce ae Mf energia sismica rofundidad’ reflector P.T. Qu, (b) distancia horizontal N pontos de tirol 23456 Irenpo de representagio reflexao sismica do reflector (e) Fig. 87, Exemplo simplificado dos processes utiliza~ dos para obtengao de uma secgao sismica. fonte de ~ energia sismica geofones Fig. 88. Registo de reflexdes provenientes de diferentes horizontes sismicos. Se houver une rede de linhas sismicas e cada reflexéo poder ser seguida, ou correlacionads, de secpao sismica para secpéo sismica, produz-se um perfil onde as reflesdes ilustram as estruturas de sub-superficie. Na fig. 29, esta exemplificada uma seco sismica resultante do processamento duma linha sismica maritima. Os pontos de tiro de 1190 a 1390 estdo assinalads nae; Como os pontos de tiro, nesta linha sismic: estavam afastados 25m, a largura da seceao sismica representa 5 Kms (200 pontes de tiro). Na escala__vertical estéo assinalados os tempos duplos de reflexéo, em segundos. Por cada 0,1s (ou 100 milisegundos} existe uma li d tempo. A linha 0,0s (tempo zero) representa a superficie de referéncia que, neste caso, é a superficie média do mar. Bute, 1200 1350 1300 1380 te Tempo de reflexio, (em segundos) eerece Fig. 89, Secgio sismica, indicande a presenca de uma es trutura anticlinal e varias discordancias. = 105 - Algumas reflexes podem ser seguidas, ou correlacionadas, a0 longo de toda a secgdo, constituindo os chamados hi 3 (independentemente da sua atitude). Estes horizontes representam superficies de discontinuidade, entre camadas sedimentares formadas por rochas de velocidades diferentes. As primeiras reflexées, que formam o primeiro horizonte sismico, com tempo de reflexdo ligeiramente superior a 0,68, representam o fundo do mar. Sabendo a velocidade sismica da agua do mar, pode-se calcular a que profundidade fica aquele primeiro horizonte sismico, ou seja, o fundo do mar. Usa-se, para isso, uma férmula simples: Velocidade x Tempo = Distancia (se um automével viaja 2 horas & velocidade de 80 Kn/h, a distancia percorrida foi 160 Kms). Assim, como a velocidade sismica, no mar, 6 aproximadamente 1 500m/s, a distancia ou profundidade do fundo do mar seria cerca de 900 metros. Porém, como os tempos marcados na escala vertical séo tempos duplos, isto é, incluem o tempo da onda sismica viajar até ao horizonte de reflexao respectivo, e voltar, aquela distancia deveré ser dividida por 2. Portanto, a profundidade do fundo do mar é 450 metros. £ evidente o interesse deste principio para o célculo da profundidade dos varios horizontes sismicos e, portanto, das respectivas camadas sedimentares. A grande dificuldade, particularmente em regides virgens, ¢ saber a velocidade das rochas que se encontram em subsuperficie. Para isto, existem alguns programas de computador, que usando elementos obtidos nos nétodos sismicos de refraccdo e reflexdo, permitem obter velocidades aproximadas. Estas velocidades serdo corrigidas quando do primeiro poco pioneiro, 0 qual pela aplicagdo de métodos especiais (Cap. 12), permite obter informagées mais precisas, sobre as velocidades das rochas atravessadas pela perfuragéo. Na secgdo sismica da Fig. 89, podemos notar, por debaixo do fundo do mar, muitos outros horizontes sismicos, embora ndo téo nitidos como o que representa o fundo do mer. elo seu interesse para a pesquisa de petréleo, sao de assinalar os horizontes sismicos que mostram uma estrutura anticlinal, fechada nos dois sentidos, Este e Oeste, entre 1,7 1,8, com o ponto de inflexéo proximo do ponto de tire 1 230. Tambéa interessante do ponto de vista geoldgico, ¢ a posigdo relative entre os horizontes sismicos situados acima de 0,88, os quais tem inclinagéo para Oeste, e os situados entre 0,8 e 0,9s, que inclinem para Este. Parece claro estarmos em presenga duma discorddncia angular entre as respectivas camadas sedimentares. Outras discorddncias parecem ainda existir a maiores profundidades.

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