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Com 0 apoio: orgs00 ane sccsenco atonement cmon ‘liege in oe one ‘ene eee cxcmne eum savina nate SSeikeree ene Cape TLD € | 29 CARTA DE LISBOA. SOBRE A REABILITACAO URBANA INTEGRADA 4.° Encontro Lusc-Brasileiro de Reabilitagéo Urbana Lisboa, 21 a 27 de Outubro de 1995 ‘A Rosbilitagéo Integrada constitui um contribute inovador para a preserva- fo e vivificagao do patriménio cultural das cidades, na vertente do edificado como do tecido social, que.o habita Ihe assegura identidade, (0 intoresse polo processo, em Lisboa, manifestado por algumes cidados bra- sileiras, Jevou ao infcio de uma reflexéo conjunta que, iniciada no I Encontro de Reabilitagdo Urbana em Lisboa, em Margo de 1993, foi continuada no Rio de Janeiro om Abril de 1994, tendo o I Encontro Luso-Brasileiro de Reabilitagto ‘Urbana, realizado em Lisboa, em Outuibro de 1995, constituido uma etapa deci- siva que pennitin chegar a conclusdes titels para os dois pafses. 'No Plenério de encerramento deste Encontro foi aprovada, por aclamacao, ‘uma proposta segundo a qual deveriam as respectivas Conclusdes ser Comsagra- das na Carta da Reabilitagdo Urbana Integrada ~ Carta de Lisbos. “Esta Carta tom por finalidede, para além de forjar wma linguagem comum, com as necessdrias adaptagies nacionais, o estabelecimento das grandes principios que deverdo nortoar a8 intervengGes, bem como dos caminhos para a sua aplicagao. ‘Com estes objectivos foi estabelecido o texto da Carta que segue: Definigéo e conceitos Attigo 1.° A Reabilitacao Urbana utiliza técnicas variadas, cuja definigao ¢ objecto de anélise 6 aceite pelos dois paises, conforme segue: a) Renovagio Urbana ‘Ancio que implica a demoligéo das estraturas morfoldgicas e tipolégicas existentes numa érea urbana degradada ¢ a sua consequente substituicso ‘por um novo padrao ubano, com novas edificagées (construidas seguin- do tipologias arquitecténicas contemporéness), atribuindo uma nova es- 24 Fateinénio Anguitectnico e Angueoléigico trutura funcional a essa drea. Hoje estas estratégias desenvolvem-so sobre tecidos urbanos degradados aos quais néo se roconhece valor como patri- ‘ménio arquitecténico ou conjunto urbano a preservar. b) Reobilitacio urbana fruma estratégia de gestio urbana quo procura requalificar a cidade exis- tente através de intervongées mltiplas destinadas a valorizar as potencia- lidades sociais, econdmicas e funcionais a fim de melhorar a qualidacle de vida das populagdes residentes; isso exige o melhoramento das condigées, fisicas do parque construido pela sua reabilitagio e instalagao de equipa- mmentos, infra-estruturas, espagos péblicos, mantendo 2 identidade e as ccaracteristicas da érea da cidade a que dizem respetto. ©) Revitalizagao urbana {Engloba operagies destinadas arelancar a vida econdmica e social de uma parte da cidade em decadéncia. Esta noglo, préxima da reabilitacio wba ‘ha, aplica-se a todas as zonas da cidade sem ou com idontidade e caracte- risticas marcadas, ; a) Requalificagdo urbana ‘Aplica-se sobretudo a locais funcionais da chabitagao»; tratam-se de ope> ‘ragdes destinadas a tomar ¢ dar uma actividade adaptada a esse lotal eno contexto actual. ©) Reabilitagdo de um edificio (Obras que tém por fim a recuperagio ¢ beneficiagao do uma construc sesolvendo as anomalias construtives, funcionais, higiénicas © de seg Tanga acumuladas ao longo dos anos, provedendo a wine modemizagss {que melfiore o seu desempeniho alé préximo dos actuais niveis de exigancts. 1) Restauro de um edificio ‘Obras especializadas, que-tém por fim a conservacio © consolidacao. de ‘uma construcéo, assim como a preservagio ou reposigao da totalidade ox {de parte da sua concepgio original ou correspondent aos momentos = significativos da sua histéria. g) Reconstrugio de um edificio Qualquer obra que consista em realizar de novo, total oa parcialm: ‘uma instalag&o existente, no local de implantagio ocupado por esta. tondo, nos aspectos essenciais a traga original. Carta de Lisboa (1008) 5 3) Conservagéo de um edificio Conjunto de medidas destinadas a salvaguardar e a prevenir a degradagio de um edificio, que incluem a Feallzagao das obras de manutengao neces- sérias a0 correcto fancionamento de todas as partes e elementos de um 1) Manutencdo de wm edificio Série de operagoes que visam minimizar os ritmos de deterioragio da vida de um edificio e slo desenvolvidas sobre as diversas partes o elementos da sua construgio assim como sobre as suas instalagies e equipamentos, ___ sondo geralmente obras programadas e efectuadas em ciclos regulares. Identidade dos Nécleos Histéricos Artigo 2° Sendo a preservagio da identidade dos Nacleos Histéricos, expressa pelo seu patriménio edificado, cultural e social, € indispensével que as operagies de rea- bilitagdo urbana sojam apoiadas pelas pesquisas histérica e sociolégica, perspectivadas numa dialéctica dé integracdo. ‘Tipologia de Intervengies Axtigo 3° A Roabilitagio deverd colocar 0 Homem no centro das suas proocupagies procurando melhorar as condicées de vida nos Gentros Histéricos, utilizando a ‘conservacio e preservacio do edificado como instrumento desse objectivo. Este ‘conceito de Reabilitagéo Urbana dirige-se a bairros hist6ricos residenciais de- ‘gradados. Porque procura manter as populagbes residenciais enraizadas nos seus bairros, néo se adapta, obviamente, a dreas hist6ricas abandonadas pela popula- Go ou recentemente ocupadas por populacdes marginalizadas. No entanto, 6 possfvel agrupar as diferentes situacdes de Centros Hist6ricos em alguns gran- des tipos: 4) reas residenciais com populagdes enraizadas; }) freas residenciais com ocupacéo recente por populagies de fracos recur- 80s e grupos marginalizados — em que a opgao poderd ser por em pritica ‘uma reabilitagio progressiva utilizando os melos dispontveis para metho- rar o quadro de vida das populagies ¢ darThes acesso a formas de partici- pagio e reinsergao social; ©} reas néo residenciais com actividades em declinio em que a reabilitacao dover orientar-se para a revitalizagéo; 4) as mesmas éreas, nio residenciais mas jé abandonadas, em que a resbili- ‘tagéo visaré a requalificagéo urbana. 266 Patriménio Arguitectinico Arqueoligco Economia ¢ desenvolvimento sustentado Astigo 4.° A Reabilitagéo, procurando manter o méximno do existente construido, filiase nas novas atitudes da sociedade, abandonando a atitude consumista em relagio 20 edificado que atribufa aos edificios uma vida ftil curta. O menor custo da reabilitagao tem a sua origem nesta economia de materiais e energia. Por esta razio, na reabilitagao hf uma maior incorporagio de mao-de-obra do que na construgéo nova, 0 que tem efeitos positives no emprego. Artigo 5° ‘A reabilitagéo custa cerca de metade di construgio social nova, pelo que deve ser praticada. Além disso, ela realiza economias em infra-estru- turas ¢ deslocacées, além de assegurar a manutengao das estruturas s0- ciais de vizinhanga ¢ a identidade cultural da cidade, exptessa nas formias sociais e patrimoniais. Ela permite a historicidade activa do patriménio pela continuidade da fungéo residencial exercida pela populacio enraizada. Axtigo 62° ‘A melhoria das condigées de vida, exige uma actuagdo que nio se limita & funcdo habitactonal, mas, antes, deverd abranger igualmente 6 reforco das actividades culturais e sociais, bem como a dinamizacdo das activida- des econémicas, com relevo especial para 0 comércio ¢ o artesanato de, pro- ximidede. + Astigo 72° : © conhecimento da realidade 6 fundamental para basear as opgbes. 0 que ‘exige uma abordagem pluridisciplinar. No entanto, é essencial ter em conta que a complexidade das intervencées da reabilitacdo exigo uma grando flexibili- dade e que as solug6es se vao encontrando no contacto com a realidade. A acco no pode esperar que todos os estudos estejam felts, até porque é por ela que se vai tendo um conhecimento mais eficaz e profundo. Axtigo 8° ‘A formulagéo de todo um enquadramento legal que assegure os instrumen- tos viahilizadores da Reabilitacdo Urbana constitui uma condicéo indispensé- vel. z (Carta de Hisboa (1905) 267 Formagio e Informagio Axtigo 9° Se a Reabilitacéo Urbana aparece como uma evidéncia, é igualmente Sbvia a nocossidade de formagio de mao-de-obra especializada nas formas tradicionais de construir e de témnicos com a preparagio necesséria ans desafios que ela ofe- rece. Axtigo 10.° Asnovas solugdee arquitect6nicas, para que sejam campativeis com as Areas ‘Hist6ricas, deverdo rejeitar tanto 0 pastiche como o objecte dissonante, sendo actuais ¢ mantendo uma linguagem contextual. : Astigo 11.° A reabilitagao urbana deve ser um processo intogrado envolvendo todos os agentes interessados que, para intervirom, deverdo estar informados, o que con- ‘uz A necessidade da informagao ¢ avaliagio. Axtigo 12.° Dada a importéncia de que se reveste a questo da identidade cultural no Ambito do projecto da Unio Europeia, 6 indispensével criar, com o seu apoio, ‘um programa que permita continuar processo de reflaxéo e de troca de experi- ‘ncias sobre Reabilitacéo Urbana.

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