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Estatuto da Criança e do

Adolescente – ECA
Lei n.º 8.069/90

Giselle Moura Schnorr


giselleschnorr@yahoo.com.br
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Art. 1º – Esta Lei dispõe
sobre a proteção integral à
criança e ao adolescente.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Art.2 º Considera-se criança, para
efeitos desta Lei, a pessoa até 12
anos incompletos, e adolescente
aquela entre 12 e 18 anos de
idade.
O contexto em que nasce o
ECA...

O ECA resultou de uma grande


mobilização e organização que
envolveu movimentos sociais, políticas
públicas e o mundo jurídico no final da
década de 80 e início da década de 90
no Brasil.
O contexto em que nasce o
ECA...

A construção do ECA congregou


inúmeras entidades da
sociedade civil, destacando-se:
 o Movimento Nacional de Meninos e
Meninas de Rua, a Pastoral do Menor da
CNBB, a Frente Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente, a Articulação
Nacional dos Centros de Defesa dos
Direitos, Universidades, a Sociedade
Brasileira de Pediatria, a Associação
Brasileira de Proteção à Infância e à
Adolescência (ABRAPIA), a OAB,
Sindicatos, etc.
 Na área governamental essa
construção contou com: dirigentes
e técnicos ligados à “Criança e
Constituinte”, o FONACRID (Fórum
Nacional de Dirigentes Estaduais de
Políticas Públicas para a Criança e
o Adolescente), a Frente
Parlamentar pelos Direitos da
Criança que articulou deputados e
senadores de todos os partidos.
Em termos jurídicos a partir da
Constituição Federal de 1988 a
Criança e o Adolescente são
colocados como prioridade absoluta
e de acordo com o art. 227 desta
constituição:
“É dever da família, da sociedade e do
Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com ABSOLUTA
PRIORIDADE, o direito: à vida, à
alimentação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade, à convivência
familiar e comunitária. Além de colocá-la a
salvo de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e
opressão.”
O ECA, DE FORMA INOVADORA,
EXPRESSA OS DIREITOS E
DEVERES DESTES SUJEITOS,
ROMPENDO COM AS FORMAS
ASSISTENCIALISTAS,
INQUISITÓRIAS E ESTIGMATIZANTES
QUE SE MANIFESTAVAM NO ANTIGO
CÓDIGO DE MENORES DE 1979,
APROVADO NO CONTEXTO DO
REGIME MILITAR, 20 ANOS APÓS A
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA
CRIANÇA (1959).
 O ECA avança em termos conceituais.
 Se fundamenta na Doutrina de Proteção
Integral defendida pela ONU, com base na
Declaração Universal dos Direitos da
Criança que afirma:
 o valor intrínseco da criança como ser
humano;
 a necessidade de especial respeito à sua
condição de pessoa em desenvolvimento;
o valor prospectivo da infância e da
juventude como portadores da
continuidade do seu povo e da sua
espécie;
o reconhecimento de sua
vulnerabilidade, o que os torna
merecedores de proteção integral por
parte da família, da sociedade e do
Estado, o quel poderá atuar através de
políticas específicas de proteção e
defesa de direitos.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS EM
RELAÇÃO A CRIANÇA E AO
ADOLESCENTE PRESENTES NO ECA:

a)Sujeitos de Direitos.
b)Pessoas em condição peculiar de
desenvolvimento.
c)Prioridade Absoluta

O que isso significa?


SUJEITOS DE DIREITOS
Art. 15, 16, 17 e 18
Não se deve tratar a criança e o
adolescente como objeto passivo de
intervenção da família, da sociedade e
do Estado e SIM como SUJEITO com
direitos à liberdade, ao respeito, à
dignidade, sendo que o direito a
liberdade compreende:
I) Ir e vir e estar nos logradouros públicos e
espaços comunitários, ressalvadas as
restrições legais;
II) opinião e expressão;
III) crença e culto religiosos;
IV) brincar, praticar esportes e divertir-se;
V) participar da vida familiar e comunitária, sem
discriminação;
VI)particpar da vida política, na forma da lei;
VII) buscar refúgio, auxílio e orientação;
Entende-se por Respeito:

Inviolabilidade de integridade física,


psíquica e moral da criança e do
adolescente, abrangendo a
preservação da imagem, da
identidade, da autonomia, dos valores,
idéias e crenças, dos espaços e
objetos pessoais;
e entende-se que é dever de
TODOS zelar pela dignidade da
criança e do adolescente, pondo-
os a salvo de qualquer tratamento
desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor (Art.
18).
Pessoas em Condição Peculiar de
Desenvolvimento
Art. 6º:
“ Na interpretação desta lei levar-se-ão
em conta os fins sociais a que ela se
dirige, as exigências do bem comum, os
direitos e deveres individuais e coletivos,
e a condição peculiar da criança e do
adolescente como pessoas em
desenvolvimento.”
PRIORIDADE ABSOLUTA
Art. 4º

à criança e ao adolescente
será dada prioridade absoluta
em relação a:
primazia em receber proteção e
socorro em qualquer circunstância;
precedência no atendimento por
serviço ou órgão público de qualquer
poder;
preferência na formulação e execução
de políticas sociais públicas;
destinação privilegiada de recursos
públicos à àreas relacionadas com a
proteção da infância e da juventude.
O Estatuto é dividido em duas
grandes partes:
LIVRO I e LIVRO II
LIVRO I
 Disposições Preliminares (art. 1º ao
6º).
 Direitos Fundamentais (art. 7º ao
69).
 Normas quanto à prevenção (art. 70
a 85).
LIVRO II
 Políticas de Atendimento (art. 86 a 97).
 Medidas de Proteção (art. 98 a 102).
 Prática de Ato Infracional por Criança e
Adolescente (art. 103 a 128).
 Medidas pertinentes aos Pais ou
Responsáveis (art. 129- 130).
 Conselho Tutelar (art. 131 a 140).
 Acesso à Justiça (art. 141 a 224)).
 Crimes e Infrações Administrativas (art. 225
a 258).
 Disposições Finais e Transitórias (art. 259 a
267).
O Capítulo IV estabelece o direito ao
acesso e permanência na Escola,
direito a opinião e expressão; ao
respeito, a organização e
participação em entidades
estudantis, etc.
Importante observar que isso não
significa que crianças e adolescentes
possam fazer o que quiserem, estão
submetidos a lei, com deveres, ou
seja:
O ECA prioriza transformar a
criança e o adolescente em cidadão,
o que implica em direitos e deveres.
Aos professores cabe a
responsbilidade de conhecer,
interpretar, divulgar e aplicar o
estatuto.
No que diz respeito à Educação o
ECA concentra o básico no capítulo
IV, tendo no artigo 54, uma repetição
do contido no artigo 208 da
Constituição Federal.
Artigo 53:

“a criança e o adolescente têm direito à


educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo
para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho assegurando-
lhes:
I.igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola;
II.direito de ser respeitado por seus
educadores;
III.direito de contestar critérios avaliativos,
podedo recorrer às instâncias escolares
superiores;
IV direito de organização e participação
em entidades estudantis;
V acesso à escola pública e gratuita
próxima de sua residência.”
ARTIGO 245

Estabelece a responsabilidade
dos educadores quanto a
obrigação de denunciar até
mesmo uma suspeita de maus
tratos contra crianças e
adolescentes:
        Art. 245. Deixar o médico, professor
ou responsável por estabelecimento de
atenção à saúde e de ensino fundamental,
pré-escola ou creche, de comunicar à
autoridade competente os casos de que
tenha conhecimento, envolvendo suspeita
ou confirmação de maus-tratos contra
criança ou adolescente:
        Pena - multa de três a vinte salários
de referência, aplicando-se o dobro em
caso de reincidência.
Sempre que possível os/ professores/as e
demais trabalhadores/as da educação
deveriam participar dos Conselhos. Seja o
Conselho de Direitos da Criança e do
Adolescente, da Educação, da Saúde, etc.
“ O mais importante é lembrar que, se é
verdade que existe no Brasil hoje, uma
enorme distância entre a lei e a realidade,
o melhor caminho para diminuir esse
hiato entre o país-legal e o país-real não é
piorar a lei, mas melhorar a realidade,
para que ela se aproxime cada vez mais
do que dispõe a legislação.”
Agop Kayayanam (UNICEF)
www.forumdeca.org.br
www.presidencia.gov.br/estrutu
ra_presidencia/sedh/conselho/c
onanda
www.ciranda.org.br

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