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QUADRO DAS ALTERAÇÕES REALIZADAS PELA LEI N.º 11.

690, DE 09/06/2008
(publicada no DO de 10/06/2008)

Prof. ROSANE CIMA CAMPIOTTO

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Art. 155: O juiz formará sua Art. 157: O juiz formará sua A lei manteve o sistema da persuasão
convicção pela livre apreciação da convicção pela livre apreciação da racional (ou do livre convencimento
prova produzida em contraditório prova. motivado) no tocante à apreciação das
judicial, não podendo fundamentar provas pelo juiz.
sua decisão exclusivamente nos O entendimento doutrinário e
elementos informativos colhidos na jurisprudencial no sentido de que a decisão
investigação, ressalvadas as provas judicial não pode ser fundamentada, com
cautelares, não repetíveis e exclusividade, em elementos de prova
antecipadas. colhidos na fase de investigação, passa,
agora, a estar previsto expressamente no
Código.
Todavia, é ressalvada a possibilidade da
decisão ser fundamentada em prova
cautelar, antecipada e que não possa ser
repetida.

Parágrafo único: Somente quanto Art. 155: No juízo penal, somente Foi mantida a regra de que a prova
ao estado das pessoas serão quanto ao estado das pessoas, serão relacionada ao estado das pessoas deve
observadas as restrições observadas as restrições à prova ser feita, no processo penal, com a
estabelecidas na lei civil. estabelecidas na lei civil. observância das formalidades e restrições
estabelecidas pelo Código Civil.

Art. 156: A prova da alegação Art. 156: A prova da alegação O ônus da prova cabe à parte que fizer a
incumbirá a quem a fizer, sendo, incumbirá a quem a fizer; mas o juiz alegação. Nesta parte do dispositivo não
porém, facultado ao juiz de ofício: poderá, no curso da instrução ou houve qualquer alteração.
antes de proferir sentença, Quanto à possibilidade do juiz determinar, de
I – ordenar, mesmo antes de iniciada determinar, de ofício, diligências para ofício, a produção de algumas provas, torna-
a ação penal, a produção antecipada dirimir dúvida sobre ponto relevante. se necessário analisar com mais cautela.
de provas consideradas urgentes e Conforme dispôs o inciso I do artigo em
relevantes, observando a questão, o juiz pode, mesmo antes de
necessidade, adequação e iniciada a ação, determinar, de ofício, a
proporcionalidade da medida; produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, desde
II – determinar, no curso da instrução, que observada a necessidade, a
ou antes de proferir sentença, a adequação e a proporcionalidade da
realização de diligências para dirimir medida (elementos integrantes do princípio
dúvida sobre ponto relevante. da proporcionalidade).
Todavia, é certo que o sistema adotado
entre nós é o acusatório, no qual as
funções de acusar, defender e julgar
cabem a pessoas distintas. Assim, durante
o curso do inquérito, o juiz pode determinar
a produção de provas consideradas
urgentes e relevantes, tais como, a
interceptação telefônica, a busca e
apreensão em domicílio, dentre outras,
porém, tais medidas pressupõem prévio
requerimento da autoridade policial ou do
Ministério Público.

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Frise-se, ademais que, enquanto a


autoridade policial somente possui
legitimidade para requerer tais medidas
durante a investigação criminal, o Ministério
Público tem dupla legitimidade, podendo
requerê-las tanto na fase investigação quanto
durante a instrução processual penal.
Ao determinar tais provas de ofício, o juiz
compromete a sua imparcialidade,
vulnerando o modelo acusatório de
processo instituído pela CF/88, que
considerou os ofícios da acusação e da
defesa como essenciais à função
jurisdicional, atribuindo ao juiz a função de
processar e julgar, mas não de investigar,
principalmente, no âmbito extraprocessual.
Daí porque, seria possível afirmar-se, num
primeiro momento, no sentido da
inconstitucionalidade do referido inciso I.
No tocante ao inciso II, por outro lado, foi
mantida a regra de que, no curso da
instrução, ou mesmo antes de proferir a
sentença (e, portanto, no curso do
processo), o juiz poderá determinar a
realização de diligências destinadas a
sanar dúvida sobre ponto relevante.
Também aqui a atividade probatória do juiz
deve ser utilizada com cautela, isto é, o
magistrado somente poderá determinar a
realização de diligências quando a dúvida
persistir, impedindo-o de julgar e com o
objetivo de obter a verdade de que
necessita para proferir uma decisão justa.
O juiz deve agir com imparcialidade na
determinação das diligências que entender
necessárias no curso do processo.

Art. 157: São inadmissíveis, devendo Tal dispositivo reafirma o princípio


ser desentranhadas do processo, as constitucional da inadmissibilidade das provas
provas ilícitas, assim entendidas as obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI, CF).
obtidas em violação a normas Além de dispor a respeito da inadmissibilidade de
constitucionais ou legais. tais provas, o legislador cuidou de definir o que se
deve entender por prova ilícita: é aquela obtida
com violação a normas constitucionais ou legais.
Prova ilícita consiste, assim, na prova que
foi produzida por meios não aprovados pela
legislação pátria. Portanto, é prova ilegal.
Torna-se necessário, ademais, distinguir-se
a prova ilegítima de prova ilícita. Ambas são
obtidas por meios ilícitos e, portanto, não
são aceitas pelo nosso ordenamento
jurídico. Enquanto que a prova ilegítima é
aquela que foi produzida com violação a
uma norma de direito processual, a prova
ilícita é a que fere o direito material.

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Uma vez reconhecida a ilicitude da prova,


deve ela ser desentranhada dos autos,
conforme determina o dispositivo em questão.
Tal solução, contudo, já era sustentada
pela doutrina, com a utilização, por
analogia, do artigo 145, IV, do CPP, que se
refere ao reconhecimento da falsidade
documental pelo juiz, em razão de
incidente de falsidade.

§ 1o: São também inadmissíveis as Neste dispositivo o legislador tratou das


provas derivadas das ilícitas, salvo provas ilícitas por derivação, determinando
quando não evidenciado o nexo de que, assim como as provas ilícitas, são
causalidade entre umas e outras, ou inadmissíveis no processo.
quando as derivadas puderem ser Segundo a doutrina, prova ilícita por derivação
obtidas por uma fonte independente é aquela que, apesar de lícita em si mesma,
das primeiras. foi produzida a partir de uma outra,
ilicitamente obtida (são provas lícitas, porém
oriundas de alguma informação extraída de
outra prova, ilicitamente colhida).
Aplica-se, neste caso, a teoria dos frutos da
árvore envenenada (fruits of the poisonous
tree), segundo a qual o vício de origem
existente em determinada prova se
transmite a todas as provas que dela
decorrem (a ilicitude da árvore se transmite
a todos os seus frutos).
Contudo, ao mesmo tempo em que o legislador
determinou a inadmissibilidade de tais provas,
ressalvou duas hipóteses em que pode ser
utilizada (constituem exceção à aplicação da
teoria dos frutos da árvore envenenada):
1º) quando não evidenciado o nexo da
causalidade entre umas e outras;
2º) quando as derivadas puderem ser
obtidas por uma fonte independente.
Tais possibilidades já eram afirmadas pela
doutrina, por meio das teses da causa
independente e da inevitabilidade.
Ada Pellegrini Grinover, Antonio Scarance
Fernandes e Antonio Magalhães Gomes
Filho, ao tratarem do assunto, no livro “As
Nulidades no Processo Penal”, aduzem
que, quando a conexão existente entre a
prova originária (ilícita) e a prova produzida
for tênue, de modo a não se colocarem, a
primária e a secundária, como causa e
efeito, a prova deve ser admitida. Aplica-
se, neste caso, a tese da causa
independente (ou independent source). Por
outro lado, quando a prova derivada da
ilícita poderia ser descoberta por outra
forma, uma vez que a prova originária não
foi absolutamente determinante para a sua
produção, a prova poderá ser utilizada,
sendo aplicável a tese da inevitabilidade
(ou inevitable discovery).

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§ 2o: Considera-se fonte Neste parágrafo, o legislador definiu o que


independente aquela que por si só, se deve entender por fonte independente:
seguindo os trâmites típicos e de é aquela que, por si só, poderia conduzir à
praxe, próprios da investigação ou produção da prova.
instrução criminal, seria capaz de Em outras palavras, se fossem seguidos os
conduzir ao fato objeto da prova. trâmites típicos e de praxe, próprios da
investigação ou da instrução criminal,
inevitavelmente, a prova seria obtida.

§ 3o: Preclusa a decisão de Depois de determinado o


desentranhamento da prova desentranhamento da prova considerada
declarada inadmissível, esta será inadmissível, deverá esta ser inutilizada
inutilizada por decisão judicial, por decisão judicial, possibilitando-se às
facultado às partes acompanhar o partes acompanhar o incidente.
incidente.

§ 4o:(VETADO) O § 4º do artigo 157 foi vetado pelo Poder


Executivo.
No texto enviado à sanção constava o
seguinte: “O juiz que conhecer do conteúdo
da prova declarada inadmissível não
poderá proferir sentença ou acórdão”.
Na mensagem de veto foi esclarecido que,
como o objetivo primordial da reforma
processual penal consubstanciada é,
dentre outros, assegurar maior celeridade
e simplicidade ao desfecho do processo,
garantindo a adequada prestação
jurisdicional, o dispositivo vetado contraria
essa finalidade, uma vez que causa
transtornos razoáveis ao andamento
processual, obrigando que o juiz que
realizou a instrução processual seja
substituído por um outro que nem sequer
conhece o caso.
Ademais, na mensagem de veto foi
salientado que, quando o processo não mais
se encontrar em primeira instância, a sua
redistribuição não atenderá,
necessariamente, a proposta do dispositivo,
eis que, mesmo que o magistrado
conhecedor da prova inadmissível seja
afastado da relatoria da matéria, poderá ter
que proferir seu voto em razão da
obrigatoriedade da decisão coligada. A
matéria vetada deve retornar ao Legislativo,
para que o veto seja apreciado, podendo ser
rejeitado pela maioria dos parlamentares.

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Art. 159: O exame de corpo de delito Art. 159: Os exames de corpo de De acordo com a nova previsão, o exame
e outras perícias serão realizados por delito e as outras perícias serão feitos de corpo de delito e outras perícias devem
perito oficial, portador de diploma de por dois peritos oficiais. ser realizados por um único perito oficial,
curso superior. que seja portador de diploma de curso
superior. Assim, não mais se exige que o
exame pericial seja realizado por dois
peritos oficiais, bastando um. Todavia, a lei
impõe que tal perito oficial seja portador de
diploma de curso superior.

§ 1o: Na falta de perito oficial, o exame § 1o: Não havendo peritos oficiais, o O § 1º do dispositivo praticamente manteve a
será realizado por 2 (duas) pessoas exame será realizado por duas redação anterior: quando não houver perito
idôneas, portadoras de diploma de pessoas idôneas, portadoras de oficial, o exame deverá ser realizado por duas
curso superior preferencialmente na diploma de curso superior, pessoas idôneas, portadoras de diploma de
área específica, dentre as que tiverem escolhidas, de preferência, entre as curso superior preferencialmente na área
habilitação técnica relacionada com a que tiverem habilitação técnica específica, dentre as que tiverem habilitação
natureza do exame. relacionada à natureza do exame. técnica relacionada com a natureza do exame.

§ 2o: Os peritos não oficiais prestarão § 2o: Os peritos não oficiais prestarão No tocante ao § 2º, não houve qualquer
o compromisso de bem e fielmente o compromisso de bem e fielmente alteração: os peritos não oficiais devem
desempenhar o encargo. desempenhar o encargo. prestar compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo.

§ 3o: Serão facultadas ao Ministério O § 3º estabeleceu a possibilidade de que


Público, ao assistente de acusação, o Ministério Público, o assistente de
ao ofendido, ao querelante e ao acusação, o ofendido, o querelante e o
acusado a formulação de quesitos e acusado indiquem assistente técnico e
indicação de assistente técnico. formulem quesitos.
Assim, não obstante o artigo 176 do CPP
§ 4o: O assistente técnico atuará a tenha se referido apenas à autoridade e às
partir de sua admissão pelo juiz e partes, também as pessoas mencionadas no
após a conclusão dos exames e § 3º do artigo 159 poderão formular quesitos.
elaboração do laudo pelos peritos No tocante à indicação de assistente técnico,
oficiais, sendo as partes intimadas a lei estabeleceu, no § 4º, que a sua atuação
desta decisão. depende de decisão de admissão pelo juiz,
sendo as partes intimadas dessa decisão. Por
§ 5o: Durante o curso do processo outro lado, o legislador determinou que a
judicial, é permitido às partes, quanto atuação dos assistentes técnicos somente
à perícia: ocorra após a conclusão dos exames e a
elaboração do laudo pelos peritos.
I – requerer a oitiva dos peritos para
esclarecerem a prova ou para Previu a lei, no § 5º, a forma de realização
responderem a quesitos, desde que o do contraditório diferido em relação à prova
mandado de intimação e os quesitos pericial.
ou questões a serem esclarecidas Assim, durante o processo, as partes
sejam encaminhados com podem:
antecedência mínima de 10 (dez) - requerer a oitiva dos peritos para
dias, podendo apresentar as esclarecem a prova;
respostas em laudo complementar; - requerer a oitiva dos peritos para
responderam a quesitos, que deverão ser
encaminhados aos mesmos juntamente
com o mandado de intimação e com
antecedência mínima de 10 dias, podendo
apresentar as respostas em laudo
complementar.

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II – indicar assistentes técnicos que Da leitura do inciso II deste § 5º, fica claro
poderão apresentar pareceres em que a indicação de assistentes técnicos
prazo a ser fixado pelo juiz ou ser pelas partes, conforme mencionado no
inquiridos em audiência. parágrafo anterior (§ 4º), somente pode
ocorrer durante a fase processual. Neste
caso, uma vez admitidos pelo juiz, os
assistentes indicados poderão apresentar
os seus pareceres no prazo fixado pelo
juiz, podendo ser inquiridos em audiência.

§ 6o: Havendo requerimento das O dispositivo previu que, havendo


partes, o material probatório que requerimento das partes, o material que foi
serviu de base à perícia será periciado deverá ficar disponível em local
disponibilizado no ambiente do órgão próprio sob a responsabilidade do juízo (desde
oficial, que manterá sempre sua que possível a sua conservação), o qual
guarda, e na presença de perito deverá manter a sua guarda e sempre com a
oficial, para exame pelos assistentes, presença de um perito oficial, a fim de que
salvo se for impossível a sua possa ser examinado pelos assistentes.
conservação. Portanto, o legislador estabeleceu a forma
pela qual os assistentes indicados pelas
§ 7o: Tratando-se de perícia partes terão acesso ao material periciado,
complexa que abranja mais de uma a fim de que possam elaborar os seus
área de conhecimento especializado, pareceres técnicos.
poder-se-á designar a atuação de No § 7º o legislador previu a possibilidade
mais de um perito oficial, e a parte de a perícia envolver mais de uma área de
indicar mais de um assistente conhecimento especializado. Neste caso,
técnico. poderá ser designado mais de um perito
oficial (um para cada especialidade
exigida), assim como as partes poderão
indicar mais de um assistente técnico.

CAPÍTULO V CAPÍTULO V

Houve alteração na denominação do


DO OFENDIDO DAS PERGUNTAS AO OFENDIDO
Capítulo V, que passa a ser “Do ofendido”

Art. 201: Sempre que possível, o Art. 201: Sempre que possível, o O caput e o § 1º do artigo 201 mantiveram
ofendido será qualificado e ofendido será qualificado e a redação anterior (constante do caput e
perguntado sobre as circunstâncias perguntado sobre as circunstâncias do par. único).
da infração, quem seja ou presuma da infração, quem seja ou presuma
ser o seu autor, as provas que possa ser o seu autor, as provas que possa
indicar, tomando-se por termo as indicar, tomando-se por termo as
suas declarações. suas declarações

§ 1o: Se, intimado para esse fim, Parágrafo único: Se, intimado para
deixar de comparecer sem motivo esse fim, deixar de comparecer sem
justo, o ofendido poderá ser motivo justo, o ofendido poderá ser
conduzido à presença da autoridade. conduzido à presença da autoridade.

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§ 2o: O ofendido será comunicado Nos §§ 2º, 3º, 4º, 5º e 6º, do artigo 201, o
dos atos processuais relativos ao legislador dedicou especial atenção em
ingresso e à saída do acusado da relação ao ofendido.
prisão, à designação de data para De início, estabeleceu a necessidade de
audiência e à sentença e respectivos que o ofendido seja informado acerca de
acórdãos que a mantenham ou diversos atos processuais:
modifiquem. - ingresso e saída do acusado da prisão;
- designação de data para audiência;
§ 3o: As comunicações ao ofendido - sentença proferida e eventuais acórdãos
deverão ser feitas no endereço por que a mantenham ou modifiquem.
ele indicado, admitindo-se, por opção
do ofendido, o uso de meio A forma de tais comunicações foi
eletrônico. disciplinada no § 3º: deve ser realizada no
endereço indicado pelo ofendido ou, caso
§ 4o: Antes do início da audiência e este assim deseje, por meio eletrônico.
durante a sua realização, será
reservado espaço separado para o Para impedir que o ofendido sofra qualquer
ofendido. espécie de constrangimento ou pressão
antes do início da audiência, deverá ser
§ 5o: Se o juiz entender necessário, reservado espaço separado para ele, a fim
poderá encaminhar o ofendido para de que não tenha qualquer contato com o
atendimento multidisciplinar, acusado ou com as testemunhas.
especialmente nas áreas
psicossocial, de assistência jurídica e Entendendo necessário, o juiz
de saúde, a expensas do ofensor ou encaminhará o ofendido para atendimento
do Estado. multidisciplinar (em especial nas áreas
psicossocial, de assistência jurídica e de
saúde), sendo que as despesas
decorrentes de tal atendimento devem ser
suportadas pelo acusado ou pelo Estado.

§ 6o: O juiz tomará as providências Para preservar a intimidade, a vida privada,


necessárias à preservação da a honra e a imagem do ofendido, o juiz
intimidade, vida privada, honra e deverá tomar as providências necessárias,
imagem do ofendido, podendo, podendo, inclusive, determinar o segredo
inclusive, determinar o segredo de de justiça relativamente a dados,
justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações
depoimentos e outras informações existentes nos autos a respeito do
constantes dos autos a seu respeito ofendido, com vistas a evitar a sua
para evitar sua exposição aos meios exposição aos meios de comunicação.
de comunicação.

Art. 210: As testemunhas serão Art. 210: As testemunhas serão No caput do artigo nenhuma modificação
inquiridas cada uma de per si, de inquiridas cada uma de per si, de foi observada.
modo que umas não saibam nem modo que umas não saibam nem No parágrafo único, o legislador
ouçam os depoimentos das outras, ouçam os depoimentos das outras, estabeleceu a necessidade de que, antes
devendo o juiz adverti-las das penas devendo o juiz adverti-las das penas do início da audiência e mesmo durante
cominadas ao falso testemunho. cominadas ao falso testemunho. ela, as testemunhas fiquem
incomunicáveis, devendo ser reservados
Parágrafo único: Antes do início da espaços separados para as mesmas.
audiência e durante a sua realização,
serão reservados espaços separados
para a garantia da
incomunicabilidade das testemunhas.

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Art. 212: As perguntas serão Art. 212: As perguntas das partes Houve mudança no sistema de inquirição
formuladas pelas partes diretamente serão requeridas ao juiz, que as das testemunhas, que passou do sistema
à testemunha, não admitindo o juiz formulará à testemunha. O juiz não presidencialista para o sistema do exame
aquelas que puderem induzir a poderá recusar as perguntas da direto, no qual as partes fazem perguntas
resposta, não tiverem relação com a parte, salvo se não tiverem relação diretamente às testemunhas, isto é, sem a
causa ou importarem na repetição de com o processo ou importarem intermediação do juiz.
outra já respondida. repetição de outra já respondida. O par. único, por sua vez, deixa claro que,
depois de feitas as perguntas pelas partes,
Parágrafo único: Sobre os pontos o juiz inquirirá a testemunha acerca dos
não esclarecidos, o juiz poderá pontos não esclarecidos, à título de
complementar a inquirição. complementação.

Art. 217: Se o juiz verificar que a Art. 217: Se o juiz verificar que a Neste dispositivo o legislador autorizou a
presença do réu poderá causar presença do réu, pela sua atitude, utilização de videoconferência para a
humilhação, temor, ou sério poderá influir no ânimo da inquirição da testemunha ou do ofendido,
constrangimento à testemunha ou ao testemunha, de modo que prejudique quando o juiz verificar que a presença do réu
ofendido, de modo que prejudique a a verdade do depoimento, fará retirá- durante a audiência pode causar humilhação,
verdade do depoimento, fará a lo, prosseguindo na inquirição, com a temor ou sério constrangimento, com
inquirição por videoconferência e, presença do seu defensor. Neste prejuízo à verdade do depoimento.
somente na impossibilidade dessa caso deverão constar do termo a Por outro lado, caso não seja possível a
forma, determinará a retirada do réu, ocorrência e os motivos que a inquirição por meio de videoconferência, o
prosseguindo na inquirição, com a determinaram. juiz ordenará que o réu seja retirado da
presença do seu defensor. sala de audiências, prosseguindo, porém,
com presença de seu defensor.
Parágrafo único: A adoção de qualquer
das medidas previstas no caput deste Prevê a lei que a adoção das medidas
artigo deverá constar do termo, assim previstas no caput do artigo dependem de
como os motivos que a determinaram. decisão fundamentada, que deve constar
do termo de depoimento.

Art. 386: ............................................. Art. 386: ............................................

IV – estar provado que o réu não Foi criado mais um fundamento legal para
concorreu para a infração penal; a absolvição. Diante da lacuna existente na
legislação anterior era comum que o juiz,
uma vez comprovado que o réu não
concorreu para a infração, o absolvesse
com fundamento no inciso V.
Todavia, a decisão fundada nesse
dispositivo não impedia uma eventual ação
de reparação de danos no juízo cível.
Agora, diferentemente, com a nova
redação dada ao inciso IV (o antigo inciso
IV foi renumerado, assim como os incisos
subseqüentes) a hipótese não é mais de
dúvida, pois há certeza de que o réu não
concorreu para o crime e que, portanto,
não pode ser responsabilizado civilmente.

V – não existir prova de ter o réu IV - não existir prova de ter o réu O antigo inciso IV foi renumerado para V. A
concorrido para a infração penal; concorrido para a infração penal; redação foi integralmente mantida.

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VI – existirem circunstâncias que V - existir circunstância que exclua o O antigo inciso V foi renumerado para VI.
excluam o crime ou isentem o réu de crime ou isente o réu de pena (arts. Na primeira parte do inciso observa-se que
pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o 17, 18, 19, 22 e 24, § 1o, do Código a nova redação procedeu à atualização
do art. 28, todos do Código Penal), Penal); dos artigos nele mencionados, uma vez
ou mesmo se houver fundada dúvida que a sua redação anterior fazia referência
sobre sua existência; aos dispositivos originais do Código Penal,
e que, portanto, eram anteriores à reforma
de 1984. Tais hipóteses se referem à
existência de circunstâncias que excluam o
crime ou que isentem o réu de pena.
Por outro lado, criou-se mais um
fundamento para a absolvição: o juiz
deverá absolver o réu quando houver
dúvida acerca da existência de tais
circunstâncias.

VII – não existir prova suficiente para VI - não existir prova suficiente para a O antigo inciso VI foi renumerado para VII.
a condenação. condenação. A redação foi integralmente mantida.

Parágrafo único:................................ Parágrafo único: ..............................

II – ordenará a cessação das II - ordenará a cessação das penas Havendo sentença absolutória, o juiz
medidas cautelares e acessórias provisoriamente deverá, dentre outras providências
provisoriamente aplicadas; aplicadas; mencionadas no citado parágrafo, ordenar
a cessação das medidas cautelares que
foram provisoriamente aplicadas, tais como
o sequestro, o arresto e a hipoteca legal.

Visando disciplinar a situação dos peritos oficiais que ingressaram anteriormente à edição da Lei
n.º 11.690/08, o artigo 2º da lei estabeleceu que: “Aqueles peritos que ingressaram sem exigência do
diploma de curso superior até a data de entrada em vigor desta Lei continuarão a atuar exclusivamente nas
respectivas áreas para as quais se habilitaram, ressalvados os peritos médicos”.
O artigo 3.º da Lei n.º 11.690/2008 estabeleceu 60 dias de vacatio legis. Assim, as modificações
trazidas pela Lei somente podem ser aplicadas depois de decorrido o prazo de 60 dias, contados da
publicação.
Portanto, aplicando-se as regras previstas no § 1º, do artigo 8º, da Lei Complementar n.º 95/98, a
vigência da nova lei se dará em 09 de agosto de 2008. (Art. 8º, § 1º: “A contagem do prazo para entrada em vigor
das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subseqüente à sua consumação integral”).

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