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P, A. NEGROMONTE A DOUTRINA VIVA PARA © CURSO SECUNDARIO, ‘As palevrae que eu vor alsse sho ESPIRITO VIDA. (Go 6, 66) NIHIL OBSTAT, Petropoll, sie 27 Januarit NOMXNRIX, Fr, Friderieus Vier, On FM Genaor IMPRIMATUR, Por comissio especie] do ‘exmo. @ revmo. a. bispa de Niterdl D. Jose Poroira Alves. PotrGpoti, 109-199, Fret He- odore 2tiler, ©. F. ML. AO EMINENTISSIMO CARDIAL LEME AO EXMO, AO EXMO. que acordow a coneiéncta nacional — com a imperecivel Pastoral de Olinda SR. D. AUGUSTO ALVARO DA SILVA Arcebispo catequista SR. D. ANT. DOS SANTOS CABRAL Promotor do primeiro Congresso de Catecismo no Brasil eu dedicaria esta obra, se fora permitide consagrar coisa de {do pouca monta a to elevados personagens. PREFACIO Prosseguindo no trabalho eneetado no MANUAL DE RELIGIAO, ofereco agora o primeiro volume a o curso secundirio de religifio, que estou re~ vido a apresentar aos nossos colégios catdlicos. Depois de termos visto toda a doutrina de modo. elementar, havendo j4 uma regular vista de con- into, podemos agora fazer o ensino separadamen- le: 0 dogma, a moral ca liturgia. Mas nunea esta- mos 0 ensino, de modo a parecer que sto tres. separadas. Sao tres aspetos da Religiao, que hnés devemos viver. J A idéia de vida é pois, a idéia central no estudo lc toda a dontrina eatélica, Asim, 0 dogma deixa de ser apenas uma verdade que devemos crer, para ser lambem uma verdade que devemos viver. E, como a vida esta toda orientada para a salvaco nna, ¢ esta s6 é possivel pelo estado de graca, & s¢ adquire pelo batismo e¢ a peniténeia e se nlém pela obediéneia aos mandamentos e pela iea dos sacramentos — estes pontos esseneiais: salyaeko, graca, sacramentos, mandamentos, nfo hos sairfio jamais da preocupagiio de bons eatdli- os. Entiio & facil de ver como tudo se entrelaga em lodo o estudo, e, ao passo que aprofundamos agora’ ‘dogma, fazemos apelo ao que ja se sabe das de- ais partes i ‘A muitos parecerd exeessiva a parte destinada formagio. E preciso lembrar, entio, que a base de toda_formaciia reljgiosa sélida ¢ a doutrina, En- quanto niio fizermos dos dogmas o alicerce da pi dade, continuaremos no sentimentalismo religioso, que tem sido o clima em que se desenvolveu 0 ca tolicismo desfigurado ¢ anémico da maior parte dos brasileiros. Nao temi desenvolver um pouco mais a parte de aplicagées da doutrina, por isto mesmo que € necessirio estabelecer as relagies i evitayeis entre a doutrina e a vida de um cristio. Ao meu “Manual de Religifio” um religioso carme- ila chamou de verdadeiro mannal de ascética. Poucos clogios me contentaram tanto. Quem me dera que eu tivesse oferecide o estu- Go dos dogmas em moldes capazes de estabelecer ima ascética segura ¢ fecundal A este critério, as priticas da vida eristi hfio-de aparecer com outro aspeto, Como se torna compreensivel a necessida- de da mortificacio, apés a explieagio das eonse- quéncias do pecado original! Andamos um passo largo do “Manual de Reli- ido” para a altura deste novo livro. Em nossa mente, agora passamos para 0 curso sccundario, Penso que j4 6 tempo de elevar os alunos a um c0- uiheeimento mais raciocinado, como a idade exige, fazendo, 20 mesmo tempo,.o estudo da nossa san- ta Religiao por seus argumentos préprios, que s ‘0s argiimentos da revelaciio. Dai o uso mais abun- dante das Sagradas Escrituras, a que, muitas veres, obrigo o préprio aluno, fazendo-o trabalhar ativa e individualmente, tal eomo 0 requerem as melhores conquisias pedagégicns modernas. ‘Aos que argumentarem dizendo que sera neces- sirio o aluno ter, pelo menos, 0 Novo Testamento em maos, dou-lhes plena raziio: & 0 que suponho. Ja é tempo de familiarizar os catdlicos com o Evan- elho, que numerosissimos ainda continuam infe- Tizmente a desconhecer. Mas aos que argumenta- vom que isto sera difieil, responderei que quasi to- dos tém um dicionario ¢ uma tabua de logaritmos, coisas muito menos acessiveis, No mesmo desejo de fazer trabalhar, e tambem para por nas maos e no espirito de todos o livro da’ Igreja, por exceléncia, recorro constantemente a0 Missal, sem o qual nfio se pode compreender nem companhar a vida litirgiea, que ¢ © deve ser de alo a nossa vida, Em certos passos, as lighes no serdo to faceis, Além do estudo do alo, talvez seja muito neces- siria a explicnefo do professor. Quero lembrar que eserevi um texto escolar. Isto quer dizer que con- lo sempre com um professor, a quem cabe fazer 08 ‘alunos compreender melhor. Ao professor, sobre~ tudo, cabe estimular o trabalho e a compreensio dos que aprendem, acostumando-os a resolver a5 proprias dificuldades, levando-os ao uso do Evan- elo ¢ do Missal, mostrando-thes a essénela das: ddoutrinas ¢ ensinando a conferir com clas as idéins exrréneas, prineipalmente as mais vulgares no mun- do moderno. Tive a preocupacio de prender o eatdlico & Tare jn. Espalhei este euidado pelo livro inteiro. 0 nos. to, mas-cbm_a Igreja, Unidos a ela, unidos a Cristo, uunidos a Deus, Pelo ensino, pelo governo, pelos sa- feramentos, 0 fiel se poe numa comunieagio viva com a Igrejia — comunicacio necessiria para a vida erista Confio aos professores de Religifo esta tentati- va de texto para 0 curso secundario, Enquanto Ihes entrego este volume, vou preparands os outros, i 9 re pronto a Ihes ouvir as consclhos e reeeber _ as sugestoes. Nao pouparei esforcos para oferecer ‘0 que melhor puder ao ensino religioso de todos 03, graus. Estou convencido de que nenhuma obra Ihe € superior, porque, sem ela, nenbuma outra seguiré por diante, sélida e duradoura. & por isto que 0 grande Papa Pio XT disse que “o catecismo ¢ a pri- eina de todas us obras da Agi Caldlica”. ~X Virgem Tmaculada, sob cnjo olhar materno es- erevi estas paginas, entrego a sorte e eonfio o éxito deste trabalho, Belo Horizoite, 21 de novembro de 1988, A RELIGIAO Muitas pessoas pensam que a Religifio. consiste ‘apenas num conjunto de preces e ritos, que se rea- lizam em determinado lugar e a certas horas, Ter- minado isto, a Religidio mada mais tem que ver com 18 nossos ato, Este conceilo é muito errado. A Religido envolve toda a nossa_vida, orie Tossas_acées. Nioe coisa de um instante e de um lugar, mas & dle todos os lugares e de todos 08 momentos de nos- sa vida. Ou ainda melhor: a Religigo € a vida. Os direitos do Criador ‘Nés fomos criados par Deus: 0 nosso corpo nos: foi dado pelos nossos pais, mas a nossa alma foi cviada por Deus, diretamente para nds, E mesmo 0 uiosso corpo, em iiltima aniilise vem de Deus, por que foi Deus que eriow os nossos primeiros pais. De modo que ett, em corpo ¢ alma, fui eriado por Dens. Quer dizer que, sem Deus, ew ni. podia vovisin Além de me criar, Deus _me conserva, Se Deus niio me conservasse na existéncia, eu deixaria de e seria reduzido ao nada. & muito diferente da morte. Na morte, eu continuo a existir: apenas alma se separa do corpo, Portanto, sem Deus, eu nao continuaria a exist. Ora, se Deus me eriou em corpo ¢ alma; se cle me conserva na existéneia, eu pertenco inteiramen= fe a Deus. Tudo 0 que sou, tudo o que tenho, tudo © que fago, tudo em mim é de Deus. Ele é 0 meu “dono, 0 meu Senhor: “Nosso Senior”. Eu sou o seu. stidito absoluto, integral, Toda a minha vida, portanto, pertence a Deus. ‘Deus tem direito a tudo. Este direito de Deus cor- nde a obrigacdes da rninha parte. Bsus rola~ Ges entre Deus ¢ ohomem ¢ o que se chama — Re- ligido, X Religiio é, pois, a nossa vida inteira, sem. Texeecao de nenhum ato, Tudo depende de Deus, tudo pertence @ Deus, de tudo temos que prestar contas a Deus. Filhos de Deus Deus clevon @_homem da simples condicio de criafura para a execlsa dignidade de sen filho, Fl yado 4 ordem sobrenatural, o homem se tornou fit tho de Deus. Isto Deus realizou pela graga suntifi- ante, Passamos de servos a filhos. A graga nos dew direito a um lugar na easa de Deus, como os filhos tém direito a um lugar na easa do pai, Comegamos 4 fazer parle da familia de Deus, E como o filho hi-de serda mesma naluresado pai, Deus nos fen parlicipantes da_sua natureza divina (X PET %). Deus nos tratara, nfo como a simples servos, mas —¢omo a verdadeiros amigos (Jo 15, 15). A graca santiicante € a mesma coisa que a amizade de A queda Apesar da grandeza do presente que Dens nos fez, Adio niio o compreendeu nem prezou devida- mente."Com a desobediéneia do paraiso torreal, perdeu a graca santificante, sendo atingido mesmo nos dons naturais. Deu-se uma grande desorgant- | zigio no homem, passando as pairdes a exercer um papel muita maior do que deviam. las 0 essencial, 0 peor, fol que, perdendo a gra ¢a divina, 0 homem deixou de ser filho de Deus, perdeu o direito que tinha a um Ingar no eéu. Foi a triste situagao que Adio nos eriou pelo pe- ado original. A redengao Fstariamos definitioamente perdidos, se Deus ndo livesse usado de uma bondade ainda maior com os homens, Mandou o seu Filho, segunda Pes- da santissima Trindade, nos remir. Pela Pai- xilo ¢ Morte de Jesus Cristo, Deus nos concedeu de novo a graga santificante, porém de maneira dife- onic. B a mesma graga, com as mesmas yantagens. fi a participagdo da natureza divina, é a amizade de Deus, como antes. A diferenca é que agora ela sori dada a cada homem por meta, dos Sacramen- fos, que Jesus Cristo’ instituiu, S6 05 que reechem o hatismo tém direito aos mé- ritos de nosso Senhor Jesus Cristo. E os que, depois do Batismo, tiverem perdido a graga santifieante, 86 poderdo aleangar por meio de outro Sacramen- 0, que é a Peniténcia, E os outros Sacramentos ser- yen para aumentar a graga santificante. De modo que a redencao nos dé direito & graca suntificante; mas nés a alcangamos pelos Sacra- mentos. © caminho da vida As paixdes humanas eresceram tanto que des- oviontaram os homens. No comeco, todos sabiam que Deus era 0 Senhor, e todas as coisas The per- oneiam, ¢ tudo devia ser feito para cle, Mas logo esqueceram isto, ¢ se afastaram dos caminhos de Deus, que so 08 mesmoscaminhos da vida. Para que os homens nfio errassem tanto, nem) se perdessem, Deus seit ao seti-povo um resumo © is ‘om ela e por ela, temos a seguranea de estarmos — com a proprio Gristo, porque cle mesmo disse: “Quem yos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, mim despreza” (Le 10, 16). Assim é que Deus determinon 0 modo pelo qual dur ser servido, Estabelecen 0 que devem os ho: mens fazer para salvar-se. Organizotcos numa. s6 familia, como verdudcinos irmiios, porque os cha- ‘nou & todos para serem seus filhos, emo membros da santa Igreja Catélica. - do que devem os homens fazer para se salvarer Os Mandamentos da tei de Deus wo 0 caminho da vida. Quem quiser entrar para a vida elerna, ob- serve os Mandamentos (ver Mt 19, 17). Sem isto nfo ¢ possivel a salvagto, Mesmo, quem desabede- ce a um s6 Mandamento, nao se salvara, porque & como se desobedecesse a todos (cfr. Tiag 2, 10). A lata as nossas paixdes desorganizadas nos arras- tam para desobedecermos aos Mandamentos. 0 ~ mundo nos seduz ¢ nos atrai para as eoisas que sho agradaveis aos sentidos. 0 deménio continu 4 nos tentar como tenton aos nossos primeiros pais. Se a nossa natureza estivesse perfeita, facilmente yenceriamos. Mas estamos enfraquecidos pelo pe- eado original. Ficamos muito inclinados para as coisas sensiveis. E se deivarmos por conta da na- tureza, seremos levados pelas paixées, pelo mun- do ¢ pelo deménio. Para yencermos, precisamos de dominar estes tres inimigos, Islo erige uma lula: eles nos que- rem dominar, ¢ nés nfo nos queremos deixar do- minar, porém queremos dominilos. Precisamos de vencer a nds mesmos (ver Mt 16, 24); de odiar 0 mundo (ver Jo 17,9 ete.) de renunciar a Satanaz (ver as cereménias do batismo). A Iuta € dificil. Precisa-se de coragem, de perse- vyeranga, porque ox que abandonarem no meio nio serdo dignos da recompensa (ver Le 9, 62). A Igreja Para garantir aos homens a vida da graga pe- Jos Sacramentos, a posse da verdade, e a certeza lo caminho a seguir, numa palavra: para conti- Praticamente Pertencer & alma da Igreja é viver em estado de jraca. S6 os que vivem em esiado de gragn podem Tuer atos agradaveis a Dens, meritorios para a elernidade, Quando estamos em estado de graca, lovlos os nossos atos tém valor para o céu, desde qite sejam feitos com reta interiedo. ‘Temos 0s chamados deveres religiosos (xezar, ouvir Missa, ete.), porque se dirigem diretamente ii Deus. Mas nfo nos devemos esquecer de que to- dos os nossos atos pertencem a Deus, ¢ que Ihe de- yom ser agradaveis, “Quer comais, quer bebais, ver facais qualquer outra coisa, fazei tudo para « gloria de Deus (1 Cor 10, 31). Para viver a doutrina Deus nos tragou um eaminko para irmos até ele: temos obrigagio de seguir por este eaminho. 86 posso servir a Deus, fazendo como Deus quer, € Ilo como eu quero. A nossa oragio deve ser 0 “Pa Ure Nosso": “Seja feita a vossa vontade”” 0 grande empenho deve ser a permanéneia no ylado de genea. Viver em estado de graga— sera { ininka preocupacdo, Somente assim, serei fill om ee ee de Deus, Somente assim, pertenco a Jesus Cristo: “Se alguem nao tem o espirito de Cristo, esse nfo Ihe pertence” (Rom 8, 9). A vida sacramental é uma _meeessidade. Vida ccrista Sem frequéncta aos sacramentos € impossi- vel, Terei uma grande estima aos sacramentos que recebi, prineipalmente hatismo, que me elevou ao estado de graca. E terei um grande euidado em frequentar os Sacramentos da Peniténcia e da Eu- ‘earistia, Os Sacramentos me alentam ¢ fortificam, mas nfo climinam as tendéneias mas do pecado origi- nal. £ preciso conter e domar as minhas paixées. B preciso ter cuidado com elas, porqué qualquer descuido-pode me Tevar ao pecado. Exercerci uma grande vigilincin. Serei sempre mortifieado. Avreligito @ uma luta pela conquista do céu. Luta contra mim mesmo, contra os inimigos exte- riores (mundo e deménio), Nao é coisa de um dia ‘ou de um ano: € eoisa para toda a vida. Néo hei, porlanto, dle desanimar, se nto me corrigir em pou. €o tempo, ow se as virludes me eustarem muito, © mais importante é que eu compreenda como hei-de me santificar. A religifo é a vida. Toda a minha vida perlence a DeUs. Todos os meus alos, nro 35 08 “alos religiosos”, mas todos devem ser para Deus. Por isto é que Deus vai me pedir con- las até das palavras innteis que pronunciei (Mt 12, 36). Mas tambem vai me recompensar até um co- po d'agua que eu dei por seu amor, isto é em es- tado de graca com reta intengio (Mt 10, 42), QUESTIONARIO, Qual o yerdadeiro conceito de relis aif? Prove que Deus tem direito a todos os mets dtos, Que deveres ‘nos impse a eondigao de filhos de Deus? Por que Deus dieu aos Lomens os Mandumontos? ‘Quats Sho os nossos deveres quanto 203 Mendamentos® Em vise ta da desorganizago caustila pelo peeado originul, como 16 consexuiremos observar os Mandamentos? Onde encont Feinos os melos necessaros sara veneer os nossos inimni= os? Podemos prescindir da Taroja? Por que? Que deve. Ios fazer praticamente, para-dar toda @ nossa vida. a Deus? Como Dens mostra que tollos os nossos alos The perteueem? EXISTENCIA DE DEUS Podemos provar que Deus existe por muitos ar- gumentos. Hd verdades da Religidéo que ndo pode- ‘mos provar pela razdo; mas s6 as eonhecemos por que nos foram reveladas. Os mistérios so dessas verdades. Mas a existéncia de Deus ndo é mistério © xe prova por argumentos de razdo. 0 Concilio lo Vaticano definiu isto: “Se alguem disser que 0 Deus Ynico e verdadeiro, nosso Griador e Senhor, hao pode ser conhecido pela luz da raziio através, das coisas crindas, seja aniitema”, Vejamos alguns jargumentos. 1. Argumento da causa primeira ‘Todas as coisas que existem no mundo so pro- duzidas por uma causa, Uma coisa que nko existia nit pode comecar a existir por si mesma. & ne- cessirio que fosse produzida por um sér que j4 xistisse. Partindo de mim, por exemplo: venho de Inet pai, ele de meu avd, este de meu bisavé, & issim por diante, até chegarmos ao primeiro ho- nem, E reconhecemos a necessidade de um sér que foi a de todos os seres e nio foi produxido. por nenhum outro, & a causa primeira, a cue cha- mnamos Dens © mais facil existir um relogio sem relojoeiro, ma estétua sem escultor, do que 0 mundo existir sem Deus que 0 eriasse. Dowsing viva — 2 Olhando as coisas visiveis, sabemos que Deus existe, Lemos no livro de Jé: “Pergunta aos ani- mais, e eles te ensinariio; e as aves do céu, ¢ elas te indicario. Fala com a terra, e cla te responder, € 5 peixes do mar te instruirfo. Quem ignora que 0 poder de Deus fez todas estas coisas?” (12, 7-9). E salmista diz: “Os céus cantam a gloria de Deus” (S118, 1) 2, Argumento dos seres contingentes ‘emos no mundo muitas coisas que existem ago- ra, mas houve um tempo em que néo existiam, Quando a terra estava em estado de combustio, nao existiam plantas, nem animais, nem homens ‘Vemos tambem que os seres existentes podem dei xar de existir. Esses seres se chamam contingentes. Ora, esses seres ndo podem existir por si mesmos, mas supdem um Ser que existiu sempre, e nfo pode deixar de existir, 0 qual poss produzir as coisas contingentes. Este Ser necessdirio e eterno & Deus, Portanlo, sem a existéncia de Deus nflo se pode ex- plicar a existéneia do mundo, 3. Argumento da ordem no mundo Nota-se no mundo uma ordem admiravel, em to- das as coisas. Basta olhar o céu, onde milhares de astros correm numa velocidade espantosa, sem 0 menor acidente. Na terra, aparece uma insupera- vel disposigio dos meios para os fins. O dia ea noite, 0 sol e a chuva, os pequeninos inselos © os grandes animais, tudo vai realizando os fins da na- tureza. Esses seres ndo tém inteligéneia, néo sabem, portanto, tracar planos nem fivar fins. Se cles rea ligam de modo tio perfeito os seus fins é porque “um espirito sumamente inteligente thes tracou 0 fim © dispas os meios para alcancic-lo. Este to & Deus. 4, Argumento da conciéneia Quando fazemos o bem, a nossa coneiéneia nos aprova; quando fazemos 9 mal, ela nos censura. AAs vezes, nés querlamos fiear tranquilos, mas nao podemos, porque a conciéncia niio deixa. & uma oz que vem de fora e pode mais do que nés mes- ‘mos. Ela diz que obedeccmos ou desrespeitamnos a uma tei, que dirige os nossos alos. Esta lei s6 pode xistir, se existir o Legislador. Este Legislador 6 Deus. A coneiéneia é a vox de Deus em nos. Ela nos diz que ha um Deus que nos recompensa ou n05 castiga. 5. Argumento da revelagiéo Muitas vezes de diversas maneiras Deus falow «os homens, Falou com Adio no Paraiso terrestre. Com Noé, mandando fazer a Area. A Abraao ¢ outros pairiareas. Aparcceu a Moisés e disse: “Eu sou @ Senhor vosso Deus”. & 0 proprio Deus que se dé a conhecer. Nio hi para nds argumento mais claro da sua xisténcia, Para viver a doutrina Deus existe. A filosofia © a ciéncia confirmam este ensinamento da {8 Sem Deus, nada se expli- caria, Com Deus tudo tem explicacio na vida. Deus & 0 Senhor de tudo. Tudo hi-de ser enca- minhado para ele, Nao hasta crer que ele existe, & preciso homenages-lo pela adoracao, Ele & 0 Se- uhor; nds somos as eriaturas, Quero me acostumar a subir das coisas visiveis para a contemplacio de Deus. Que tudo neste mm- do sirva para me lembrar do Griador. Como sio “Francisco de Sales que, vendo uma flor, dizia: “8 tum sorriso do bom Deus!” Em minha vida eristé, darei a mézima impor- tdncia ds oragdes da manké e da noite, como reco- ahecimento da soberania de Deus, e principalmen- te d santa Missa, que é a maior homenagem pres- - tada @ Divindade. Renovarei sempre 0 meu ato de £6 em Deus, re- zando com frequéneia 0 Credo, QUEFSTIONARIO. Pode-se provar a existbncia de Deus pela razio? Que diz a este respeito 0 Coneilio do Vatieas no? Dé o argumento da Causa Primoira. As colsas po- dem existir por si mesmas? Sem Deus, pode-se expllear a ordem do mundo? Por que? Prove quie Deus existe pela nossa conciéneia. Qual é 9 argumento da revelaeao? Qual | foi o argumento que mais 6 convencen? Por que? 0 ATEISMO Embora a existéneia de Deus seja uma verdade que se prova por tantos argumentos, ainda ha pes Soas que a negam. Chamamrse ateus, que quer di zor: sem Deus. Espécies de ateus 0s ateus se dividem em tres categorias: 1. Os aaleus tedricos negativos, os que ignoram, por com- Pleto que Deus existe, 2. Os ateus fedricos positivos siio os que corromperam a prépria inteligéncia c a " deturparam a ponto de negar a existéncia de Deus ‘ou duvidar dela, 3. Os ateus praticos sio os que vi- ‘yom sem amar nem servir a Deus, portando-se co- mo se Deus nfio existisse, Nio existem os primeiros. Todos os homens co- sihecem a existeneia de Deus. Mesmo os povos mais 20 atrasados ¢ selvagens tém religifio e prestam cult a Deus. Foi um orador pagio, Cicero, que afir- mou: “Nao ha nagao, por grosseira e selvagem que svja, que niio ereia na existéncia dos deuses, em- hora se engane quanto a natureza deles”. Os ateus tedricos positives existem. HA homens que negam a existéncia de Deus. Isto acontece prin- cipalmente aos orgulhosos e aos corrompidos. Cer- los individuos, porque aprendem algumas coisas, ficam se julgando uns verdadeiros deuses, e por Jsso nfio querem mais crer que Deus existe. Sio Paulo explica isto, na Epistola aos romanos (1, 21, 22): “Tendo conhecido a Deus, nfo o glorifica- ram nem Ihe deram gracas; mas desvaneceram-se _ hos seus pensamentos obscurecct-se o sen corae (0 insensato; porque, julgando-se sabios, toma- ram-se loueos”. Outros negam a existéncia de Deus, porque fém medo que ele exista. Vivem de tal modo que dese- jam nao ter de cair nas miios de Deus, 0 salmista ‘diz que eles erram pelo coraeio: “disse 0 insensa- lo no seu coragiio: nao hit Deus” (S113, 1). 0 Evan- getho tambem explica isto, “Lodo aquele que fez 0 inal, aborrece a luz, e nifo se chega para a luz, pa= ra que nao sejam julgudas as suas obras (Jo 8, 20). 1 por isto que eles nezam a existéncia de Deus Raistem, finalmente, os ateus priticos. E sfio até muito numerosos, infelizmente. Nao praticam ne- uhuma religifio; por isso se chamam tambem indi ferentes, No Brasil, costumam dizer que sfio cat licos, embora nao sejam praticantes, Mas na verd dle ndo sao catélicos. ticos, 0s argum Diante dos argumentos que apresentamos para “provar que Deus existe, 03 ateus procuram dar ex- plicagées, que, afinal, nfo explicam nada. 1) A matéria é etema Provamos que o mundo nfo podia existir por si 863 que precisava de alguem que o criasse. Eles res- pondem, dizendo que a matéria & eterna, Mas rao provam. Mesmo porque uma coisa elerna nao poile deivar de existir, © matérin deixa, b) A geracdo espontanea A propria eifneia ensina que houve uma época ‘em que a vida nao existia na terra. Nao podia exis- tir, porque a terra era ignea. Nbs dizemos: “Foi Deus que eriou a vida”. Eles dizem: “Nao, a vida apareceu por si mesma, A matéria foi se transfor- mando, até produzir os animais, ¢ estes foram se ~ aperfeicoando até se tornarem homens”, Mas é fal- so. Ninguem di o que nfo tem. Se a matéria nao tem vida, como poderia produzir vida? Onde estio ‘63 animais que foram se aperfeicoando? Por que nunca se viu 0 intefmediirio entre 0 macaco e 0 -homem? Se isto fosse verdade, ainda hoje deviam se transformar. ©) & obra do acaso Nos provamos que a ordem do mundo exige uma inteligéneia suprema, que ¢ Deus. Eles dizem que nifio, que isto é obra do acaso. Seria espantoso que 9 acaso realizasse uma coisa tio perfeita. Juntom, fas letras de uma frase, uma frase apenas, mislu- rem ¢ agitem, depois sollem no eho, para ver se © acaso forma a frase! Quanto mais a ordem ad- miravel do mundo!... Mas, dizem eles ainda, a ordem do mundo nao 6 tio perfeita, HA muitas coisas que és. ignora- mos. Sim, nés ignoramos. Isto € outra coisa. Ndo culpa de Deus, € ignordncia nossa, Mas a ordem, do mundo nfo’ depende de nossos conhecimentos; depende do plano que Deus tragou. Um. grande inie igo da religiio, Voltaire, reconheceu isto: Liunivers m'embarrasse, et je ne puis songer Que cette hotloge marche, et n’ait point d'horlo- wer (1). E so assim todos os outros argumentos que os saleus apresentam. Nas horas dificeis JA dissemos que ateus verdadeiros, que nfo acre~ dita em Deus de modo algum, nao existe. Sé em easos unormais, muito poucos, e por pouco tempo. (Os outros sflo aqmeles para quem seria bom que Deus nao existisse. Basta abrir os olhos @ ver as coisas criadas, para logo sentir a necessidade de um Criador, Um viajante perguntou ao arabe que o guiava ho deserto: “Tu acreditas em Deus?” “Acredito, sim”. "Mas nunca o viste”. O drabe mostrou-lhe na tireia os rastros de um leao: “Estas vendo o leao?” Nio”, disse o viajante, “Mas sabes que cle exis-~ 0”, coneluin o arabe. E depois apontando para 0 ca: “Isto é 0 rastro de Deus”. Nas horas dificets, mesmo os “ateus” créem em Deus, Volney, sibio do século XVII, zombava um in dos que créem em Deus. Mas vem uma tempes- (1) 0 mundo me embarsea, © eu iio posso compreen- lor que este retdsio Ande sem ter relojocico. swig ameaca perecer. Volney se poe de joclhos ¢ comeca a rezar, tremendo. Depois, como {8 caldlicos zombassem dele, explicou assim: “S6 se 6 ateu, quando as eoisas vo bem; mas o ateis- mo nada vale, quando se desencadeia a temp: fade”. Para viver a doutrina Os ateus siio cegos, se fizeram tais, Quem foge da tuz, termina sem poder vé-la, Os que se entso- gam ao mal, terminam perdendo a fé em Deus. Sho Jofo diz que “a condenagio esti nisto: a luz Yeio uo mundo, e os homens amaram mais as tre- -vas do que a luz" (Jo 3, 19). & 0 peeado que faz 08 homens ateus, Quanto melhores nés formos, tanto mais erere- mos em Deus. Porque entiio ndo temos interesse em que ele nfo exista. Pelo eontrério, quueremos re- coher a recompensa. Quanto mais puros, mais nos aproximamos de Detts. E, mais proximos, eompreenderemos melhor. ‘Assim & que eu devo viver, para ndo perder a [é prética em Deus. Nunca serei um indiferente, que €o mesmo que ser ateu, e até peor. You incluir na minha vida erista o costume de rezar pelos atews ¢ indiferentes, Quando rezar no Padre nosso: “venha a nds 0, vosso reino”, pensa- rei neles. _QUESTIONARIO. Quantas copécies hi de aleus? Quals si? Existem ateus feariens negativos? 03 teorlens, po- Sitivos? Por gue eles se dizem atens? Que die sao. Pablo Sabre’ os. ofgiltosos? Que din. desis sobre ‘0s eorromp!- dios? Os indiferentes. sto aleus? Quis sao. 08 argumentos ito stolsmo? Hefute esses arsimeton, Alguin desses arse fhuatos Impresstonowt 0 sen espirito® Qual? Nos tambern Doidemos. perder a TE em Deas? Como? F para aumentar Teen Deus, que dewemos fazer? Como devemos tratar Gs ateus? " NATUREZA DE 3 A nossa inteligéncia é limitada, e nao pode co- uhecer a Deus todo quanto & 0 Infinite nao cabe no jinito. Tambem nio podemos ver a Deus, e mesmo que 0 vissemos, ndo 0 poderiamos compre- der: vemos 0 mar, porém nfo o podemos apanhar na mio, Podemos, entretanto, conhecer alguma coi- sa da natureza de Deus, por nossa raziio, ¢ 0 mais nds sabemos porque 0 préprio Deus se revetou. Dois modos de conhecer Pelas coisas criadas podemos fazer uma idéia das’ perfeigdes divinas. Primeiramente, removendo de Deus todas as imperfeigées que encontramos nas. eriaturas. Nas eriaturas encontramos partes, limic lugdes, mudaneas, ete.; afastamos de Deus estas coisas e coneluimos que ele & simples, itimitado, imutavel, ete. Chama-se a isto — remocdo. Mas nas erinturas encontramos tambem_perfei- «es, Sabemos que essas perfeigdes nao existiriam nelas, se niio existissem no Criador. E em Deus clas existem num grau infinite, perfeitissimo. Assim, vemos nas criaturas a sabedoria, 0 poder, ete ¢ alribuimos a Deus estas coisas em gra infinito. Fle & infinitamente sdbio, onipotente, etc, Este modo de conhecimento se chama — por exceléncia. Mas esses conhecimentos sio muito imperfeitos, por isso mesino que somos pequenos demais para tao alto conhecimento. No livro de Jé (36, 25. 26), lemos que “todos os homens conhecem a Deus, mas cada um 0 vé de longe, porque Deus é grande e ex- cede a nossa eféncia”. Os conhecimentos mais perfeitos de Deus nos sip dados pela revelagio. % Definigao de Di Hi vimos que tudo © que existe foi eriado por Deus, © sem Deus nada poderia existir. Sabemos, pportanto, que ele é 0 Criador de todas as coisas. Se cle fex lodas as coisas, elas the pertencem, © mo a jéia pertence ao ourives que a fez. F-at6 mais, pozque 0 ourives no fez o ouro, mas se serviu de matéria que j4 existin, As coisas perteneem a Deus de um modo total, absolulo. Deus é portanto, 0 su- remo Senhor de tudo. A matévia é impexfeita, Em Deus nfio pode ha- ver imperfeigio; por isso, nfio pode haver matéria em Deus, Jesus disse no Evangelho que “Deus & espirito” Jo 4, 24). Ha outros espiritos, além de | Deus. A nossa alma é espirito; os anjos so espirt tos. Mas a nossa alma no € puro espirito, quer zor, simplesmente espirito, porque sb completa 0 nosso s@r unida ao nosso corpo. Os anjos s20 puros espiritos, e so muito perfeitos; mas a perfeicko de Deus é infinitamente superior A dos anjos. Portan- to, Dens ¢ um puro esptrito, ¢ & perjeilissimo, Sun- tando estes elementos nds temos a definicdo de Deus: — DEUS & UM PURO ESPIRITO PERFEL- ‘TISSIMO, CRIADOR E SOBERANO SENHOR DE TODAS AS COISAS. Um s6 Deus A Biblia nos diz claramente que hd um sé Deus. Por ordem de Deus, Moisés fulou ao povo: “Ouve, 6 Israel, o Senhor nosso Deus 6 um s6” (Dt 6, 4). Pelo profeta Isaias, Deus ensinou ao povo: “Eu sou © primeizo ¢ 0 tiltimo; e niio 4 outro Dens, além de mim” (Is 44, 6). E Deus proibiu o povo de crer noutros deuses: “Nao terdis deuses estranhos diante de mim” (Ex 20, 3). 4 6 A nossa propria razio nos ensina isto, Deus pode ser 0 Soberano Senhor, sendo um s6. Se ho vyesse dois, ou um dependia do outro ou nao de- pendia. Se dependesse, j nfo seria soberano. Se fio dependesse, tambem niio seria soberano, por- que havia alguem que nfo Ihe era subordinado, HA UM SO DEUS, E NAO PODE HAVER MAIS QUE UN. Nomes de Detis A Biblia emprega varias expressdes para desig nar 0 verdadeiro Deus. Os nomes Ef ¢ Elim sio os mais antigos, e signifieam — 0 que ¢ poderoso. Elohim quer dizer: o Deus verdadeiro, ¢ & muito usado na Biblia. © nome que mais comumente aparece no Anti go Testamento € Jeond ou Lavé, que significa 0 Ente Supremo ou o Criador. Quando Deus aparece a Moisés, disse: “Eu sou o que sou. E disse: Assim dirds aos filhos de Israel: Aquele que é, mandou- me a vs”. Depois chamou a si mesmo de Jeovit (Iehovah) aerescenion: “Este é.0 men nome” (Ex 3, 40 15). Ce eee & Adonai, que signifien 0 Senhor, e indica 0 st- Het os Coa aioe ina agian cami proprio Deus se denominow assim, falando outra ver a Moisés, “Eo Senhor falou a Moisés, dizendo: Eu sou o Senhor, que apareef a Abraio, a Isanc, € Jaci, como o Deus onipotent velei o met nome Adonai” (Ex 6, 2 e 3). No Tempo do Advento ha uma antifona que diz assim: “6 Adonai, ¢ chefe da casa de Israel, que apareceste a Moisés na chama da sarga ardente, € Ihe deste a lei no Sinai, vem para remir-nos na for- a eee ci de teu brago". Agora, quando encontrarmos ¢s- tes nomes na Biblia ou na Liturgia, ja sabemos 0 que querem dizer. ‘Modos de falar Apesar de ser puro espirito, Deus se mostrou al- gumas vezes aos homens com formas sensiveis. Foi assim que apareceu a Abraio em forma de viajan- le (veja o Gn 18, 1-8). Isto era necessirio, porque nfo podemos ver a Deus tal qual ele 6 “Ninguem: jamais viu a Deus”, diz o Evangelho de sto Jomo (1, 18). © por isso tambem que a Biblia fala em mis, olhos, ouvidos de Deus. um modo de falar, para podermos compreender as perfeigdes divinas, Assim compreendemos mais facilmente que Deus age, vé, ouve, ete ‘Assim tambem se expliea que representemos: Deus com uma figura humana, - Para viver @ doutrina HA certas verdades da Religifio que eu nao posso) compreender. Ndo devo me admirar disto. 0 infi- nite nfo pode eaber no Himitado, Eu nfo posso. eompreender Deus todo como ele & tantas belezas nas eriaturas, que niio ha-de ser com a visto de Deus? Sio Pedro tinha raziio em nao querer sair mais do Tabor: “Fagamos aqui res moradas”. Quero me acostumar a pensar nas. perfeigoes de Deus, ao contemplar as eriaturas. E preparar-me, por uma vida virluosa, para ver @ Deus no céu santomome de Dens merece 0 miximo resp to. Promuncifclo com a devida reveréneia é wm de- ver. Agora jf sei o que eles signifieam, Sao verda- deiros alos dle adoracdo, pronunciatos com bom: espirilo. Lembrar-me-ei disto, e rezarei as oracdes depois da bengao do santissimo com a inteneio de louvar a Deus ¢ desugravérlo dos desrespeitos a seu, sunlo nome. E no Padre nosso: “Santifieado seja QUESTIONARIO. Podomos compreender Deus como ele 62 Por que? Gomo conhecemos as perfsicdes. de Deus? Explique’ os dois modos naturals, deste conhecimento de Yeniogio ¢ de exceldneia. Que ¢ espirilo pura? Dé i ilefinigao de Deis, ¢ a explique, Drove pela Biblia que Deus é'um $6, Dé tainbem uns argumento fe razdo. Quals io 95 prineipais nomes de Deus na Biblia? Se Deus @ Spitiio, como apsrecet eit forma huwawa? E por ale & propria Biblia diz que ele tem alhos, mios, ete.” ATRIBUTOS DIVINOS ‘Vamos estudar algumas das perfei¢ées de Deus, pois nflo & possivel estudar todas. Quanto melhor conhecermos o Senhor, tanto mais nés 0 amare- mos, Deixemos a nossa inteligéneia penetrar em Deus como uma barquinha que vai pelo mar a den- tro. E, quando tivermos dificuldade de eompreen- der, fagamos a oragio que santo Agostinho fuzia: ‘Senhor, que eu vos conheca”. 4 Deus é eterno As coisas que existem comecaram a existir e te- ‘0 um fim. Mas Deus nem comecou a existir, nem tera fim. Deus evistiu sempre, © sempre existird. A nossa alma nao ler fim, mas teve principio; por isso ndo é eterna, mas sim imortal. Quando Deus falou a Moisés no Sinai, disse: “Eu sou aquele que é”. Isto é a mesma coisa que se dis- sesse: “Wu sou eterno”. Nunca teve principio. Quan- do nfo existia nada das coisas eriadas, Deus exis- ia. O Salmista (89, 2) diz: “Antes que os montes Fossem feitos, ou que a terra e o mundo fossem ar- mades, tu és Deus, desde toda a cternidade © por todos os séculos”. FE quando todas as coisas acuba- "rem, Deus eontinuara a existir do mesmo mod: ‘No principio, Senhor, fundaste a terra, © os céus iio obras de tas mfios. Eles pereeerao, mas tu per amaneceris” (SI 101, 26 © 27). Os argumentos que demos para proyar a exis téncia de Deus provam tamhem que ele ¢ eterno. Se tivesse principio, quem Ihe dew o ser? Deus 6 imutavel Nés mndamos de varias manciras, Madamos ou porque adguirimos qualidades que néo temos, ou Porque aumentamox os nossos conkecimentos, ou porque perdemos alguma coisa, ou porque deixa- mos de querer 0 que antes quertamos, ou, finalmen- te, porque passamos de um lugar para outro, Mas nenhuma destas mudangas pode haver em Deus. Ele ndo adquire qualtidades, porque tem to- ‘das 25 quulidades em grau infinito. Nao aumenta em conhecimentos, porque conhece todas as coisas passadas, presentes e fuluras, desde toda a eterni- dade, Nao perde coisa alguna do que tem em si mesmo, porque entdo ja se tornaria imperfeito. Nao deiva de querer 0 que antes queria, porque isto se da, ow porque antes queriamos uma coisa mi, ou porque abandonamos o bem para querer 0 mal — € isto é contririo A perfeigao. Nao muda de lugar, porque est em toda parte, Portanto Deus é ému- tavel. Ele mesmo disse, falando pelo profeta Malaquias (8, 6) : “Eu sou o Senhor e nao mudo". Pelo profeta Isaias (46, 10), diz a mesma coisa: “As minhas re- solugées silo imutaveis”. A Biblia diz que Deus se arrependeu, ou se irritou, ete.; mas isto é um modo de falar, para podermos entender. Deas € imenso ? Deus esta em toda parte. Enche ¢ penetra tudo com a sua presenca. Esti presente pela sua cién- cia, porque conhece todas as coisas; por seu poder, porque age em todas as coisas que foram crindas © sio conservadas por ele; por sa substdneia, por- que a sua presenea é real e nao apenas moral. Nio sé Deus esti presente a todus as coisas que existem, mas estar tambem em todas as que vie- m a existir, £ claro: o Infinito nunca pode ser contide no limitado. # por isto que a Sagrada Escritura diz tantas ve- zes esta verdade: “Para onde fugirei da tua presen a? Se subo ao eén, tu la estis; se desco ao inferno, nele te encontras presente. Se eu tomar asas a0 romper da aurora, e for habitar nas extremidades do mar, ainda 14 me guiaré a tua mio e me tomari— a tua direita” (SI 138, 8-10). Eso Paulo diz que “nele nés vivemos, nos movemos ¢ existimos” (AL 17, 28), Alguns fatos da Histéria Sagrada mostram isto muito bem, Caim quis se esconder de Deus, mas isto é impossivel: a voz de Deus 0 chamou e ele foi repreendido e mareado por Deus (Gn 4). Tamhem © profeta Jonas quis fugir da presenca de Deus niio péde (Jon 1). Para viver a doutrina Em qualquer parte que eu esteja, estou na pre- senga de Deus A onipresenea diving ¢ o fundamen to teoldgica do exercieio da presenca de Deus. ® uma ilusio pensar que Dens esta longe de nés, que levemos pensar no céu para pensar nele, Ele esti préximo de nés; mais préximo do que pensamos. Mas é preciso acostumar-me a este pensamento: Deus me vé! Ja & muito subir das crialuras ao pensamento de Deus, Muito mais é saber que esta- mos assistides pelo proprio Deus. 0 Salmista lem- bra que “Deus esti préximo de todos que 0 invo- cam" (S144, 18). Mas ele est proximo de nds, mes- ‘mo que nfo o invoquemos. Este pensamento da pre- ‘senga de Deus nos deve acompanhar. & muito van- tajoso 4 nossa vida erista. 1) Fas evitar 0 pecado. & muito difiell ofender a alguem na sua presenca, principalmente quando se ruta de pessoa de grande poder ¢ bondade. Se nos Iembréssemos que Deus nos estd vendo, ndo peca- riamos: faxiamas como José do Egito, $6 pecamos porque nos esquecemos da presenca de Deus. “Os taminhos do pecador sfio viciosos, porque diante dele no hii Deus”, diz o Salmista. 2) Aumenta o nosso fervor. Q servo trabalha com: mais cuidado na presenca do seu amo. O sol- dado luta com mais coragem quando assistido pelo ‘general, Deus nos esta vendo, Temos eerteza de que nao nos faltaréo os seus auzilios ¢ a recompensa. “Tudo nos hi-de sair hem, porque estamos sob as vistas de quem faz com que tudo concorra para 0 hem daqueles que o amam (cfr, Rm 8, 28). 3) Infunde confianca. Nao estou 86. Nao luto so- zinho. Estou na melhor de todas as companhias. Deus esti comigo. O sew auwilio no vem de Tonge, @ ndo demora. “O Scnhor esti proximo”. E para ‘qualquer parte que cu for, ele est comigo. Isto me da coragem. Davi tinha raziio de dizer: “Ainda que ‘eu andasse sob as ameacas da morte, néio temeria nenhum mal, porque vés estais junto de mim” (SI “92, 4). Quando a imperatriz Endéxia ameacou sio Toko Criséstomo com o exilio, 9 santo responden: $6 me assustaria, se me enviasseis para um lugar ide Deus no estivesse”. As pessoas medrosas frjam eoragem quando estao em companhia de ou- is pessous. E como nao Tiearemos intrépidos na tompanhia de Deus, que nunea se afasta de nés? Fim face dos perigos, lemos certeza de que Deus nos assiste, © podemos pensar: “Se Deus & por nbs, quem pode ser contra nés?” (Rom 8, 31). 1) Dé-nos ategria, Nos gostamos da presenga das pessoas a quem amamos. Pois Deus esti presente, Aquele que vai fazer « nossa felicidade no céu estd vonosco na terra, Para fazer a alegria do Salmista, hastava a lembranea de Deus: “Lembrei-me de Deus e me alegrei (S175, 4). Mesmo no meio dos Wrabalhos ¢ dificutdades este pensamento nos deve alegrar, como aos Macabeus, 0s quais, no meio de Luts terviveis contra os inimigos, sentiam-se “cheios ide alegria pela presenga de Deus” (2 Mae 15, 27). 5) Convida & per Trabalhar sob as vista do naso Scahis é une lacentve a virmde, Tae }om humanamente trabathamos com mais perfei- Gio quando observados por nossos superiores, E (iueremos agradar Aquele que nos vé. “Anda na presenga de Deus, ¢ seris perfeito” — diz a Sagra- tla Eseritura (Gn 17, 1). Oe & preciso que eu me acoslume & prética do exer- vicio da presenca de Deus, Para isto empregarei os meios seguintes: aarei sempre que Deus me b) imaginarei 3380 Senhor caminha a meu €) lembra sempre de que tenho Deus a alma, porque vivo em estado de graga; frequentes oragies jaculatérias; e) no meio dos trabalhos e diversées mo recolherei um instan- te para pensar em Deus; f) procurarei em todas as coisas ter grande pureza de intengées, Quem me Doutsina viva — 8 a aa a que eu possa dizer como 0 Salmista: “Os meus Weise arise senprt voliadenipara @ Seator" (8 2, 15). TESTIONARIO. Por que Dens @ eterno? Nossa alma flr? Que aia Biblia thre & eens de Dene Frere ae ae aetependca Que on imansidade da Deus? De que maneira Deus, xi presente? ile paavras ta Be nhiala este reset, Goal £9 fandamento do exereelo fla presenga de Deus? Quais ako ns vantagens deste exe tlefo? B ae manetrss de praticélo? ATRIBUTOS POSITIVOS Os aiributos que estudamos na lieto Passada cha- mam-se alribulos negativos, porque neles dizemos mais o que Deus ni porque afastamos de Dens fas imperfeicées. Vamos agora estudar os alribulos positives, nos quais afirmamos as perfeigées que cm Deus existem. Scapa oder de Deus é igual ao préprio Deus. Ora, nito. & por isso que se chama — onipoténcia. No Credo, nés dizemos: “Crcio em Deus Padre, todo- poderoso”. Deus pode fazer tudo o que nds a Fee les, Haus o4 psa fener] aes ate que o fogo nao queime, como fez com os 3 jovens one bila na fornalia de Babilonia (ver Daniel 3, 19-23), To- ‘los os milagres so obras da onipoténeia divina, A Fscritura esi cheia de palavras que indicam esta verdade. Iniimeras vezes Deus é chamado oni. potente. 0 anjo Gabriel disse a nossa Senhora: “A Deus nada impossivel” (Le 1, 87), 0 Livro da Sac bedoria (12, 18) diz: “Vos, Senor, podeis tudo 0 que quereis". 0 préprio Deus declarou falando a Moisés: “Iu sou o Senhor onipotente” (Gn 17, 1). 0 poder de Deus se revela tambem pelo modo de ‘gir, 0 qual niio depende de nenlum instrumento, nem exige matéria preexistente, nem de qualquer outra coisa. Basta uma patavra de Deus, quer die zen, um simples ato de sua vontade, para que tudo se faga como ele quer, “E Deus disse: Fhcn-se a luz, Ea luz foi feita” (Gn 1, 3). E preciso notar tambem que Deus pode fazer Indo o que quer, mas néio é obrigado a querer hido © que pode, Podia, par exemplo, ter foito as eriatt- ras ainda mais perfeitas, o mundo ainda mais belo; mas nao quis. Quando, is vezes, se porgunta: Por que Dens nio fer isto ou uquilo? A resposta € sim- plesi Porque ndo quis! A bondade de Deus A bondade de Deus ¢ inseparavel da sua essén- cia. Bom, por esséncia, $6 Dens; a bondade das erin turas é participada. Por isso, diz, Jesus no Evange- Iho: “Ninguiem € bom, senio s6 Deus” (Me 10, 18). Bom por esséneia, Deus ama necessariamente 0 bem e detesta necessuriamente 0 mal. A bondade em nés tambem consiste em amar o bem e detestar mal. Mas em nés isto pode deixar de existir, por imperfeigto. Em Deus, nfo; isto é necessdria, quer dizer, ndo pode deivar de ser assim.

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