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JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. DIREITO CONSTITUCIONAL |. Prineipios fundamentais I. Os direitos e garantias fundamental. I. Garantias consttucionas, IV. Da organizagao do Estado. - \. Da oxganizagdo dos Poderes. 1. Poder Legislative. 2. Poder Executive 3. Poder ludicsro. VL Fungdes esseneais justia VI. Controle de constitucionalidade Vil. Estados Membras. 1X, Municipio. X. Bases constituconais da administragio publica N)Da defesa do Estado e das istitugées democrétiess. XA ordem econémica e ordem soca Xl, Emendas Constitucionals 02 08 033 40 046 046 037 060 on 075 087 087 088 ost 093 105 Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. DIREITO CONSTITUCIONAL L PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS 1. PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS Os principios fimdamentais do Estado brasileiro estio previstos no Titulo T da nossa Constituigéo Federal, Séo também identificados como principios estuturantes do nosso sistema constitucional, porquanto “tém relevante fungdo na indicagdo dos valores que devem predominar no proceso hermenéutica, isto é, 0 de descoberta do sentido da norma conshitucional. Os principios fundamentais estiio muito além de indicadores da atuagao do Estado, pots consubstanciam os valores de suprema importancia na organizagdo da sociedade brasileira” ‘At. 1%. A Republica Federatva do Brasil, formada pela uniéo indissolivel dos Estados e Muricipios e do Distito Federal, constitu-se em Estado Democratico de Dirito e tem como fundamentos Ia soberania; ll -acidadania, Ill-a dignidade da pessoa humana; IV -08 valores sociais do trabalho e da livre iniciat V-0 pluralsme poiiteo. Paragrafo inico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes. eleitos ou diretamente, nos termos desta Constitiggo. 2. REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 2.1.REPUBLICA Repliblica ¢ forma de governo que se opSe & monarquia, caracterizando-se prineipalmente pela necessaria alterndncia no poder e pela responsabilidade dos agentes piblicos, que respondem por seus atos. Por isso so considerados seus elementos osseneiais 4 temporariedade dos mandatos politicos © rosponsabilidade dos governantes 2.2. FEDERAGAO. © federalismo ¢ a forma de estado adotada, significando uma unio de entes que gozam de autonomia. SSo partes indissocidveis Nossa federagio é formada pela Uniio, Estados-membros, Distrito Federal e Munieipios, de forma indissolivel Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. 3. OPODERE SUA DIVISio © artigo 2* consagra o principio da separagao de poderes, na doutrina cléssica da tripartigo dos poderes. A. 2°. S80 Poderes da Unido, independentes e harménicos entre si, o Legislative, o Executive e 0 Judiciario, STADO DEMOCRATICO DE DIREITO © art. 1° também estabelece um Bstado Democritico de Direito, ou seja, sua submissao s nommas juridicas, normas democraticas, elaboradas com a participagao popular direta ou por meio de representantes Estado de direito significa que todos se encontram submetidos as regras juridicas, inclusive o proprio Estado, De outro lado, a Constituigiio adota uma democracia semidireta ou perticwpativa, porquanto assegura exercicio de soberania popular de maneira indireta ou representativa e de maneita diveta 5, DIREITOS HUMANOS E SEUS TRATADOS INTERNACIONAIS PROTETIVOS. Cuida aqui a Constituisio de consagrar os prineipios que determinam a atuagio © os compromisios do Estado brasilezo na ordem itemacional. Art. 4° A Repablica Federativa do Brasil regese nas suas relagées intemnacionais pelos seguiates principios: | -independéncia nacional: IN prevaléncia dos direitos humanos; Ill -autodeterminagao dos povos; IV -néo-intervengao, V- igualdade entre os Estados: VI -defesa da paz; VII solugao pacifica dos confitos; VIL -repiidio a0 terrorismo e ao racismo, IX + cooperagao entre os povos para 0 progresso da humanidade: X- concessae de asilo politic Paragrafo Unico. A Repilblica Federativa do Srasil buscard a integragéo econémica, politica, social e cultural dos povos da América Latina, visando a formagao de uma comunidade latino americana de nagées, Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. II, DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 1. DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS, COLETIVOS E DIFUSOS. © Consideragées © art. 5° da Constituigao apresenta um rol extenso, mas nfo taxativo, de direitos e garantias individuais © coletivos. Trata-se da enunciagio dos direilos de primeira geragio, exigindo uma preslagdo negativa por parte do Bstado Os direitos dessa natureza surgem a partir das revolugSes burguesas do século XVII, inspiradas nos ideais iluministas, segundo os quais a pessoa humana possuin certos direitos inerentes a cesta condigio e que nido podem ser desconsiderados pelos entes estatais Os direitos individuais ¢ coletivos do art. 5° sio irvemunciiveis (no se pode abrir mio dos direitos individuais), inalienaveis (sao direitos intransferiveis, inegociaiveis) e impresertiveis (ndo deacam de ser exigiveis pela falta de uso). No entanto, os direitor findamentais nio sio absolut: medida em que possivel a ocorréncia de conflito de interesses resulante da colisio entre dois direitos findamentais, (© desfecho nesses casos depende de aplicagdo dos métodos de interpretagdo constitucional a0 caso concreto. Ngo se pode anular ou ignorar um dos direitos fundamentais, mas t20 somente mitigar sua carga de eficécia, Através do “principio” da proporcionalidade ow da razoabilidade ¢ possivel se encontrar uma solugo ao caso conereto que envolver coliso entre dois direitos fundamentals, Via de repra, 03 direitos individuais tém eficacia plena e aplicabilidade imediata, isto é, nio dependem de norma fegulamentadora para poderem ser exercidos. E o que se desprende do § 1° do art. 5° da Constituigao: Art 5°, § 1° - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tém aplicabilidade imediata, © § 2 desse mesmo artigo esclarece que os direitos e garantias enunciados no texto constitucional so meramente exemplificativos, havendo o reconhecimento de direitos individuais ¢ coletivos fandamentais implicitos e também os decorrentes de tratados intemnacionais, Assim dispSe 0 § 2° do art, 5° em analise: ‘Ad. §*, § 2° . Os direitos e garantias expressos nessa Constituigdo no excluem outros ecorrenies do regime e dos principios por ela adotados, ou dos tratados infemacionals em que a Republica Federativa do Brasil seja parte, Soma Emenda Constiticional n° 45/2004 foram incluidos outros dois parigrafos ao artigo 5°. § 3° Os tratados e convengées internacionais sobre direitos humanos que forem Aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trés quintos dos vyotos. dos’ respectivos. membros, serio equivalentes. as emendas.constitucionais Incluido pela Emenda Constitucional n° 45, § 4° © Brasil se submete a jurisdi¢ao de Tribunal Penal Internacional a cuja criagéo fenha manifestado adesdo. Incluido pela Emenda Constitucional n* 45, de 2004) im que pese se encontrasse nia douitrina que 0s Tratados ¢ Convenes internacionais teriam equivaléneia as normas constiticionais, agora o constitiinte derivado mtroduzia regramento proprio no texto constitucional no citado panigrafo 3° para que tais regramentos imternacionais adquiram o Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. J4 0 parigrafo 4° consolida o disposto no art, 7” das ADCT. Assim, nos termes do art $° do Bstatuto de Roma (que cria o Tribunal Penal Internacional), o Tribunal tera competéneia para julgar a) os crimes de genoeidio, b) of crimes contra a hurnanidade; ©) of crimes de guerra; e, 4d) os crimes de agressio. Os direitos individuais coletivos bisioos sio cinco: dircko a vida, a hberdade, # igualdade, & seguranga ¢ a propriedade, Em que pese o texto constiucional fale em “brasileros e estrangeiros residontes no Pais” (e por brasiloxos compreenda-se os brasiloiros natos e naturalizados), a doutrina ¢ © STF tom estendido tais dreitos 40 estrangeiro nio-residente no Pais, aos apatrides © as pessoas juridicas. Importante- na prova, atentar com muito cuidado para a redagéo da questio para se ter em mente se a pergunta versa sobre o que esta consagrado no texto da Constituigio ou se busca 0 entendimento atual da doutsina ¢ do STF Cabe também destaca: a diferenciagio entre diteitos e garantias. Assim, dieitos seriam bens © Vanlagens prescritos na siorma constitucional, enguanto que as garantias seriam os instyumentos através dos quais se assegura o exercicio dos aludidos direitos (preventivamente) ou prontamente os repara, caso violados. Dito de outro modo, direitos teriam natureza meramente declarateria, enquanto as garantias possuom um carter assecuratério, de instrumentalidade da tutela constitueional, ‘Act 5°. caput — Todos so iguais perante a lei, sem distingdo de qualquer natureza garantindo-se aos brasileiros e estrangeltos fesidentes no Pais a inviolablidade do direito & Vida, a liberdade. a igualdade, a seguranga e a propriedade Os 78 meisos do art no sto taxativos, a protegdo dos seguranga e propriedade, Vejamos que serio a seguir analisados, estabele 1c0 direitos individuais fundamentais: vida, liberdade, igualdade, em linhas gerais, ja que L- homens e mulheres séo iguais em direitos e obrigacées, nos termos desta Constituigao;, Expresso do direito fimdamental & igualdade, esse do critéria sexo sempre que o mesmo seja eleito cam 0 propésito de desnivelar materialmente 0 homem da mulher. Aceitasse a diferenciaea0, porém, quando a finalidade pretendida for atenuar os desniveis, em consondncia com a clissiea ligao segundo a qual igualdade significa tratar igualmente aos iguais e desiguahnente aos desiguais, ua exata nnedida de suas desigualdades dispositive torna maceitivel a uliizagiio I ninguém sera obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude de lel, Tratasse do principio da legalidade, o qual diz respeito 4 soguranga do individuo em matéria juridica. Tal principio visa a combater o poder arbitrario do Estado, constitumndo, assim, necessaia manifestagio do Estado de Direito. Dessa forma, somente por meio das espécies normativas elencadas no art 59 da CRFBA8, elaboradas conforme’o devido processo legislativo, sero hibeis a eriar obrigagées ao individuo, O mdividuo é, portanto, live para fier ou deixar de fazer qualquer coisa que no esteja prevista em lei Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Il -ninguém sera submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; © referido dispositive tutele 0 direito fundamental 4 vida ¢ @ integridade fisica, repelindo as pritioas incompativeis com a vida ¢ com @ dignidade humana, A torture constitu: crime, ¢ sua Uipificago legal enconta-se na Lei a. 9455/97. O artigo 1° da referida lei define o crime de tortura, nos seguinles termos § 1° Na mesma pena incorre quem submete pessoa Presa ou sujeita a medida de § 2 Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitias ‘Trata-se de um dispositivo por meio do qual o legislador infraconstitucional reforga o combate 4 tortura, principalmente aquela oriunda das priticas do poder repressivo estatal, seja na colheita de provas, seja no tratamento careers IV-6 livre a manifestagao do pensamento, sendo vedado o anonimato; (© pensamento, om si, é absolutamente livre. A liberdade de expressio, por sua vez, constitu fundamento essencial de uma tociedade democritica, A manifestagio do pensamento, embora livre, no pode ser feita de forma abusiva ou descontrolada, Os excesses porventura ocorrides no exercicio indevido do diveito a berdade de expressio silo passiveis de apreciagio pelo Judictiio, A Constiiuigao Federal assegura, de um lado, a livre mailestagio do pensamento, e, por outro, determina a responsabilizagao por aquilo que é manifestado, Assim, veda-se o anonimato, ou seja, as pessoas sdo obrigadas a assumir a sesponsabilidade do que exteriorizam, ndo podendo cesconderem-se sob a forma do anonimato, V- 6 assegurado 0 direlto de resposta, proporcional ao agravo, além da indenizaco por dano material, moral ou a imagem; Essa norma pretende a reparabilidade da ordem juridica lesada, seja através de reparagio econémica, seja através de outros meios, por exemplo, o direito de resposta Representa o exercicio do dieito de defesa por quem foi ofendide com a manifestagiio do pensamento de outrem. A pessoa atingida tem o direito de apresentar a sua resposta ou retificagdo, oferecendo a sua verso dos fatos, em dimensdes iguais & do escrito ou transmissio que deu causa a esse diteito A Constituigio assegurou, também, a indenizagio por danos materiais, morais e imagem, consagrando ao ofendido a total reparabilidade em vistude dos prejuizos softidos. Os danos morais ¢ materiais sdo cumuléveis, segundo entendimento consagrado na jurisprudéncia (Simula n. 37 do ST). , % Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Vi - @ invioldvel a liberdade de consciéncla e de crenga, sendo assegurado 0 livre exercicio dos cultes religiosos e garantida, na forma da lei, a protecao aos locais de culto e a suas liturglas; A liberdade de consciéneia é de foro intimo, interessando apenas a0 individuo, e no esta sujeita a qualquer forma de controle pelo Estado. Essa forma de liberdade compreende a liberdade de crenga, que nada mais & que a hiverdade de foro intimo em questdes de natureza religiosa, Assegura-se, assim, a iberdade de professar ou nio alguma religido, de acredilar ou no em alguma divindade A Constituigio assegura, na forma da lei, a exteriorizagiio da liberdade de erenga, qual seja, a Iiberdade de culto, Vil - & assegurada, nos termos da lel, a prestacdo de assisténcia religiosa nas entidades civis e militares de internagao coletiva; Essa proviso constitucional encerra um dirsito subjetivo daquele que 3° encontra internado em estabelecimento coletive, eabendo ao Estado a materializagio das condiySes para a prestagdo dessa assistncia religiosa ‘Tendo em vista a total liberdade religiosa assegurada pela Constituigdo, ninguém que se encontre nessa situagdo poderd ser obrigado a utilizar-se da assisténciareligiosa Vill - ninguém sera privado de direitos por motivo de crenga religiosa ou de conviccdo filoséfica ou politica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigagao legal a todos Imposta e recusar-se’a cumprir prestacao alternativa, fixada em lel; A abjegio ou escusa do consciéneia consiste no direito de nfo prestar servigo militar obrigatério ou qualquer outta obrigacdo legal a todos imposta por motive de crenga religiosa, filoséfica ou politica. Aualmente, na hipotese de objegdo de consciéncia, faculta-se a prestagao de servigo social alternativo. 1X - é livre a expresso da atividade intelectual, artistica, cientifica e de comunicagao, independentemente de censura ou licenca;, ‘A fim de assegurar a ampla liberdade de manifestagio do pensamento, a Constituigio Federal vetou a possibilidade de censura prévia (verificagio da compatibilidade entze um pensamento que se pretend exprimir ¢ as normas legais vigentes) ou licenca (exigéncia de mutorizagao de agente ou orgio para que um pensamento possa ser exteriorizado). A liberdade de expresso, em todos os seus aspectos, deve ser exercida com a necessaria responsabilidade que se exige em tm Bstado Democritico de Direito, de modo que o desvirtuamento da mesma para o cometimento de fatos ilicitos possibilita aos prejudicados a indenizago por danos materiais e morais, além do efetivo direito de resposta X = so inviolévels a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado 0 direito a indenizagao pelo dano material ou moral decorrente de sua violagéo;, A inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem das pessoas forma a protegio constitucional a vida privada, salvaguardando um espago intimo intransponivel por intromissSes ilicitas externas XI = a casa ¢ asilo inviolavel do individuo, ninguém nela podendo penetrar sem onsentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante’o dia, por determinagao judicial; | % Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Vin de regra, ninguém pode entrar na casa sem o consentimento do morador, devendo-se entender como casa o lugar onde uma pessoa vive ou trabalha, ndo aberto ao piblico, reservado a sua intimidade e a sua vida privada A propria Consttuigdo estabelece as excegies i inviolabilidade do domicilio. Nesse sentido, possivel entrar na casa sem o consentimento do morador nas segues hrpoteses: durante o dia, em caso de llagrante delito ou desastze, para prestar socorro e, ainda, por determinagio judicial; durante a node, somente em siluagSes de Mlagrante dello ou desastre para preslar socorro, A entrada no domicilio sem 0 consentimento do morador por determinaglo judicial somente podera se dar durante 0 dia (Casos em que se permite entrar na casa sem o consentimento do morador Durante o dia Durante anoite « flagrante delito « flagrate delito dosastre dosastre + para prestar socorre * para prestar socorto. '» por determinagio judicial . Xil_- é inviolavel 0 sigilo da correspondéncia e das comunicagées telegraficas, de dados e das comunicagées telefonicas, salvo, no ultimo caso, por ordem judicial, nas hipéteses e na forma que a lel estabelecer para fins de investigacdo criminal ou Instrucdo processual penal; © individuo precisa ter seguranga de que todas as suas comunicagSes pessoais, tanto as feites por carta como as realizadas por telegramas ou telefonemas, nao sero interceptadas por outras pessoas. Fssa inviolabilidade tutsla, 30 mesmo tempo, a liberdade de manifestagdo do pensamento e o dizeito intimidade das pessoas. © inciso em anilise permite que as comunicagies teleféinicas sejem mlerceptadas para fins de investigagio criminal o mstrusio processual penal. A Lei n. 9.296096 regulamentou a possibilidade de interceptagio telefSnica na apurago de determmaclos tipos de crimes ¢ em certas ocasises. Veda, por exemplo, a mterceplagio quando a prova puder ser oblida por outro meio ou quando o fato nvestigado for punido, rio maximo, com pena de detengao, XIll « @ livre 0 exercicio de qualquer trabalho, oficio ou profissao, atendidas as qualificagées profissionais que a lei estabelecer; A liberdade de ago profissional consiste na faculdade de escolhs de trabalho que se pretende exercer. E 0 diteito de cada individuo exercer qualquer atividade profissional, de acordo com as suas séncias e habilidades. Consagrou-se 0 diteito ao livre exereieio de profissiio como norma de efieaeia contida, pois a Constituigo previu a possibilidade de edigio de lei que estabelega as qualificagSes necessarias para o seu exercieio, Ressalte.se que a logislagao somente podera estabelecer condicionamento capacitirios que apresentem nexo logico com as fungSes @ serem exercidas, jamais qualquer requsito discriminatorio ou abusivo XIV «6 assegurado a todos 0 acesso a informacao e resguardado o sigilo da fonte, {quando necessério ao exercicio profissional; E o diteito constaucional de mformar, de se informar e 0 de ser informade, © dizeito de receber informagSes é um direito de liberdade © caracteriza-se essencialmente por estar dirigido a todas 03 cidadios, com a finalidade de fomecimento de subsidios para formagio de convicgSes relativas a assuntos piblicos Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. No que se refere ao sigilo da fonte, quando necessario ao exercicio profissional, a Constituigo apresenta a finalidade de garanti a toda a tociedade a ampla e total divulgagio dos fatos e noticias de interesse piiblicoO sigilo da fonte ¢ indispensivel para 0 éxito de certas mvestigagées joralisticas, e surge como corolizio logico da liberdade de informagio Xv é live a locomoso no teritrio nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; E 0 dircito de ir, vir e ficar. Apenas em tempo de guerra havera possibilidades de maior restriglo legal que, visando a seguranga nacional ¢ @ integridade do territorio nacional, podera prever requisitos menos flexiveis. (© remédio constitucional para tutelar 0 dizeito de locomogio 6 0 habeas corpus. Importante registrar, amda, que © direito de entrar © sair do pais com seus bens no significa a concessio de qualquer imunidade fiscal XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao piblico, Independentemente de autorizagao, desde que nao. frustrem outra reut anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso 4 autoridade competente; £ © primeiro direito constitucional de manifestago coletiva, Nao deixa de ser diteito individual, pois pertence a0 individuo, mas é de expressio coletiva porque pressupSe uma pluralidade de pessoas para que possa ser exereido Assim, o direito de reunio é uma manifestagao coletiva da hberdade de expressio, exercitada por meio de uma associagao transitéria de pessoas © tendo por finalidade o interedmbio de idéias, a dofesa de interesses, a publicidade de problemas e de determinadas reivindicagdes ‘Trata-se de uma manifestagao propria do Estado Demoerético de Direito, apresentando 03 seguintes requisitos ou elementos a) plralidade de participantes, ) duragao limitada, transiléria; ©) existéncia de determinada finalidade, a qual deve ser lita, pacifica e sem armas, 4) realizagdo da reuniio em lugar delimitado. XVII - & plena a liberdade de associacdo para fins licitos, vedada a de carater Paramilitar; XVIII - a criagdo de associacées e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorizagao, Sendo vedada a interferencia estatal em seu funcionamento; XIX - as associagées sé poderdo ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisdo judicial, exigindo-se, no primairo caso, o transito em Julgado; XX ning poderd ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI- as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, tém legitimidade para representar seus fillados judicial ou extrajudiclalmente; 0s incisos XVI a XT regulam 0 direito de associagao. A Iiberdade de associagio, assegurada pela Lei Maior, deve ser entendida como o agrupamento de pessoas, organizado e permanente, para fins licitos, Abrange o dieito de associar-se a outras pessoas para formagao de uma entidade, o de aderit a uma associacdo ja formada, o de desligar- se da assocziglo, bem como o de aulodissolugio das associagdes, , % Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. ‘As associagdes podem ser criadas independentemente de autorizagio, sendo proibida a interferéncia do Estado em seu fimeionamento mtemo. Somente poderdo ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisio judicial, exigindo-se, no primeira caso, 0 tuinsito em julgado, As entidades associativas devidamente constituidas, quando expressamente aulorizadas, tm legitimidade para representar seus filados, judicial ou extrajudicialmente, possuindo legitimidade ad ccausam para, em substituigdo processual, defender em juizo direito de seus assocados. Embora esteja assegurada @ ampla liberdade de assoviagée para fins licitos, a Constituigtio veda expressamente as associagSes de cariter paramilitar, que sio aqueles que se organiza de forma andloga as Forgas Armadas. Isso porque o poder de couydo ¢ restrito ao Estado, sendo que a cxwtéeia de orgunizagies particulares organizadas de forma belica niio se coaduna oom a concepgtio de Hstado Democritica de Direito XXII 6 garantido o direlto de propriedade; ‘Toda pessoa fisica ou juridica tem direito & propriedade, podendo o ordenamento juridico estabelecer suas modalidades de aquisiyéo, perda, uso ¢ limites. O diteito de propriedade, constituctonalmente assegurado, garante que dela nmgusm poderi ser privado arbitrariamente. © direito constitucional adota uma concepeio ampla de propriedade, a qual engloba qualquer direito de contetido patrimonial, econdmico, ou seja, tudo aquilo suscetivel de ser convertido em dinheiro. Sio garantias do direito de propriedade: de conservacéo (ninguém sera privado de seus bens fora das hipoteses previstas na Constituigio) e de compensagao (caso privado de seus bens, 0 proprictario devera receber a devida imdenizagio) XXIll-a propriedade atenderd a sua fungéo social; Avreferéncia consttucional & finedo social como elemento estrutural de definigao do direito a propriedade privada e da limitagio de seu conteiido demonstra a substituig’o de uma concepsio abstrata de mbilo meramente subjetivo de livre dominio © disposigio da propriedade por uma concepsdo social de propriedade privada, reforgada pela existéncia de um conjunto de obrigagSes para com of iiteresses da coletividade, visando também a finalidade ou utilidade social que cada categoria de bens objeto de dominio deve eumprit A Constituigéo, dessa forma, adotou a moderna concepgio do direito de propriedade, pois a0 mesmo tempo em que © consagrou como direito fundamental, deixou de caracterizi-lo como incondisional ¢ absoluto XXIV - a lel estabelecerd 0 procedimento para desapropriacdo por necessidade ou utilidade pdblica, ou por interesse social, mediante Justa e prévia Indenizacao em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituicso; Atransformagio que a idéia de um Estado social introduz no conceito de direito a propriedade privada, ao assinalar uma funigdo social com efeitos delimitadores de seu conteido, determma uma importante revisio do instituto da desapropriagao, que se converteu em instrumento posto a disposigo do. poder piiblico para o cumprimento de suas finalidades de ordenaglo da sociedade com justiga social Desapropriagdo é 0 ato pela qual o Estado toma para si ou transfere para terceiros bens de particulares, mediante © pagamento de justa © prévia idenizagéo, Trata-se de forma originaria de aquisiyio da propriedade. Enquanto forma mais dristica de intervengio do Estado na economia, someute ¢ admissivel nas hipdteses especialmente previstas na Constituigo, 10 Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. © inciso XXIV da Constinuigio estabelece as hipsteses de desapropriagio, quais sejam: 4) por necessidade piiblica — a Administragio defronta com problemas de emergéncia, sendo 1 desapropriagio indispensivel para a realizagdo de uma atividade essencial do Estado, 1b) por utilidade pabliea ~ a desapropriagao, embora nao impreseindivel, ¢ conveniente para a realizagao de uma atividade estatal, ‘)_por interesse social — hipotere em que a desapropriagio conveniente para o progresso social, em Tazo da justa distribuigio da propriedade ott da adequagio a sua fiangéo social ‘A desapropriagio seri realizada mediante indenizagio justa (de forma integral), prévia (pagamento deve ser anterior ao ingress0 na titularidade do bem) e em dinhero (pagamento em moeda corrente). Pagamentos em titulos piblicos somente silo adimitidas nas hipdteses excepcionais previstas na prépria Constituigaa XXV «no caso de iminente perigo publico, a autoridade competente podera usar de propriedade particular, assegurada ao proprietério indenizagdo ulterior, se houver dano; ‘Trata-ze do direito de requisigo. © Poder Pablico, em hipéteses de iminente perigo publica, esta autorizado a utilizarse de propriedade alhcia, sem necessidade de prévia mdenizagao. Poréin, se de algum modo o uso da cosa gerar prejuizo a0 proprictirio, este tem garantido 0 direito a indenizagio XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela familia, nao sera objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lel sobre os melos de financiar o seu desenvolvimento; © referido dispositive representa a protesio constitucional & pequenta propriedade rural Protende-se, dessa forma, alavanear o desenvolvimento rural do Pais, assentando a familia na terra, Neste sentido, a pequena propriedade rural no pode ser objeto de penhora para pagamentos de débito decarrentes de sua atividade produtiva, bem como devera receber recurz0s previstos em lei que financiem o seu desenvolvimento, XXVII_- aos autores pertence o direlto exclusivo de utllizacdo, publicagdo ou reproducdo de suas obras, transmissivel aos herdeiros pelo tempo qué a lel fixar; XXVIII -sdo assegurados, nos termos da lei a) a protecdo as participacées individuais em obras coletivas e a reproducdo da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) 0 direito de fiscalizagao do aproveitamento econémico das obras que criarem ou de que participarem aos ‘criadores, aos intérpretes © as respectivas representacoes sindicais e associativas, Tratase dda tutela constitucional de propriedade imaterial, qual seja, os direitos autorais Protegeste, assim, os direitos sobre a utilizagio, publicago ou reprodugao de obsas artsticas Importante ressaltar que o autor da obra ¢ titular de direitos morais, inalienaveis e imenuncidvets, ¢ patrimoniais, estes transmissiveis e renunciiveis. Sio direitos morais do autor, em sintese, © reconhecimento de sua obra ¢ 0 direito & sua integridade $20 direitos patimoniais a possibilidade de exploragZo comercial da sua criagio. " @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. © inciso XXXVIII do art. 5° da Constituigdo tutela os chamados direitos conexos 20 direito do autor. Dessa forma, a Constituig3o assegura também direitos aos que contribuem para uma maior divilgagio de obras mtclectuais Sito of artistas, intérpretes, produtores e pessoas que participam da elaboragdo de obras coletivas XXIX - a lel assegurara aos autores de inventos industrials privilégio temporario para Sua utilizagao, bem como protecao as criagées industriais, a propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social eo desenvolvimento tecnolégico e econdmico do Pais; © dispositivo em questo representa uma norma constitueional de eficécia limitada que prevé 1 edigio de legislago ordmiria garantindo aos autores de inventos industriais o privilégio temporitio para sua utilizagdo, bem como a proteydo a suas criagdes industriais, & propriedade das marca, aos homes de empresas e outros signos distmlivos, tendo em vista o miferesse social eo desenvolvimento tecnoldgica © econdmico do pais. Alualmente, a propriedade aielcctual esta regulamentada pela Leis 9.279196. XXX -6 garantide 0 diretto de heranga; XXXI a sucesséo de bens de estrangeiros situados no Pais serd regulada pela let brasileira em beneficio do cénjuge ou dos filhos brasilelros, sempre que nao Ihes seja mais favoravel a lel pessoal do de cujus; ‘Trata-se de dispositivo constitucional que consagrou o diteito a heranga e o direito & sucesso, amibos decorrentes do direito de propriedade, urna ver que reafirma a propriedade privada mesmo apos a morte do titular dos bens, coma consequiente transmissio a seus herdeiros, © inciso XXXI protege os herdeiros brasileiros, estabelecendo que na sucess3o de bens estrangeizos situados no Pais aplica-se a lei que for mais favordvel ao cénjuge ou filhos brasileiros da pessoa falecida, XXXIl- 0 Estado promoverd, na forma da lei, a defesa do consumidor; A previsio constitucional de defesa do consumidor denota a preocupagio do legislador constituinte com as modemas relagses de consumo, ¢ com 2 necessidade de protegio do hipossuficiente economicamente. No contexto dessa preocupagio, sobreveio 9 Cédigo de Defesa do Consumidor (Lei n. 8,078/1990), regulamentando as relagSes de consumo e os mecanismos de protegio ¢ efetividade dos direitos do consumidor XXXIll- todos tém direito a receber dos érgios publicos informagées de seu interesse Particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serao prestadas no prazo da lel, sob pena de ‘responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja Imprescindivel a Seguranga da sociedade e do Estado; XXXIV - so a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) 0 direito de peticao aos poderes piblicos em defesa de direltos ou contra llegalidade ‘ou abuso de poder; b) a obtencdo de certidées em reparticdes publicas, para defesa de direitos & esclarecimento de situacdes de interesse pessoal; 0s incisos XXXII ¢ XXXIV do art, 5° da Constitigio asseguram os chamados direito de certidao e diteito de petigao. 12 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. © direito de certidio foi consagrade como diteito Liquide e certo de qualquer pessoa & obtengio de cestidao para defesa de um dieito, desde que demonstrado o seu legitimo interesse. A cease direito corresponde a obrigatoriedade do Hstado, salvo nas hipSteses constiictonais de sigslo, em fomecer as informagdes solicitadas. Aalinea “a” do meiso XXXIV estabelece o dieito de petigio, assegurando a qualquer pessoa fisica ou juridica, nacional ou estrangeira, a possibilidade de formular pedidos para a Administragio Publica em defesa de direitos proprios ou alheios, bem como o de formular reclamagdes contra atos ilegais ¢ abusivos cometidos por agentes do Estado. A finalidade do diteito de petigio, o qual ¢ gratuito (independe do pagamento de taxas), & dar se noticia de fato ilegal ou abusivo ao Poder Piblico, para que providencia as medidas adequadas. XXXV -a lel ndo excluiré da apreciagdo do Poder Judiclério lesdo ou ameaca a direito; Tonsagragao do principio da inafastabilidade do Poder Judiciario. Esse prineipio garante a todos o acesso a0 Poder udietirio e decorre do monopslio da atividade jurisdicional pelo Estado Decorréncia do postulado em questo é a inexisténcia de obrigatoriedade de esgotamento da instincia administrativa para que a parte possa acessar o Judiciirio, A Constituigio afistou a necessidade da chamada jurisdiggo contenciosa ou instincia administrativa de curso forgado, Nao se exige, pois, o exaurimento das vias administrativas para obter-se provimento judicial, Uma excesao a0 amplo acesso a0 Tudiciirio & estabelecida pela propria Constituigao, no seu art. 217, § 1°, € diz respeito a justiga desportiva. O artigo referido exige 0 prévio acesso & da justiga desportiva, nos casos de ages relativas disciplina e as competigies desportivas, se entanto, condicionar © aeesso ao Iudiciirio ao término do processo administrative, pois a justiga desportiva teri o prazo maximo de 60 dias, contados da instaurago do processo, para proferir decisio final (art. 217, § 29), Outra excesiio existente consiste no Tabeas Data que igualmente requer prévio acesso na esfera administrativa (ait. 5°, LXXII e Lein® 9507/97) XXXVI - a lei ndo prejudicara direito adquirido, 0 ato juridico perfeito e a coisa Iulgada; Tendo em vista a seguranga das relagSes juridicas enquanto condigSes que permitem is pessoas o conhecimento antecipado das consequéneias juridicas de seus atos, a Lei Maior estabelece que a lei nfo prejudicara o direito adquirido, o ato juridico perfesto e a coisa julgada Sucinttamente, esses trés institutos devem ser assim entendidos: a) ato juridico perfeite — é 0 ato jé consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetivon, b) direito adquiride ~ ¢ 0 que pode ser exercido a qualquer momento, pois ja ineorporado 20 patriménio do seu titular, ©) soisa julgada — é a decistio judicial definitiva, da qual iio caiba mais reeurso. XXXVI - ndo havers juizo ou tribunal de excecdo; Lill -ninguém sera processado nem sentenciado sendo pela autoridade competente; B Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Os incisos XXXVI e LIll representam o chantado principio do juiz natural, estabelecido para assegurar a imparcialidade do Judiciirio ¢ a seguranga do povo contza o arbitrio estatal. refetido principio constitu uma garantia findamental na admmistragéo da Justiga de um Hstado de Direito, © deve ser interpretado de modo a proibir a exiagdo de juizos ou tibunait de excegdo (aqueles criados apés o fato, instituidos especialmente para julgar determinadas pessoas ou determinados crimes) © exigir o respeito absoluto as regres de determmasio de competéner, Assim, ningucm pode ser processado por uma auloridade especialmente designada para o caso, Pelo contririo, hit direito fundamental de ser julgado por juizo ou tribunal previamente mslituido e competente XXXVIll - & reconhecida a instituigdo do ju ‘assegurados: a)a plenitude de defesa; ') 0 Sigilo das votacoes: ¢)a soberania dos veredictos; 4) a competéncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; ‘com a organizagao que the der a lei, A Constituigio patria reconhece o Tribunal do Tari como uma prorrogativa democratica do cidadio, que deveri ser julgado por seus semelantes, e nio por juizo de critério eminentemente téenico, prevendo, expressamente, quatro preceitos de observineia obrigatéria 4 legislagio inffaconstitucional que organizara a mstituigio a) plenitude de defess — corolitio logico do principio da ampla defesa previsto no inciso L doat 5°, b) sigilo das votagées — preserva a adogio de critérios de intima conviegao por parte dos jurades, ©) soberania dos veredictos — a decisiio dos jurados seri mantida, somente podendo ser modificada por meio de recurso previsto pelo diploma processual penal em que a nova decisio seri dada por novo Tribunal do Juri; 4) competéncia para julgamento dos crimes dolosos contra a vida — como iiltimo preceito, 2 Constituigdo prevé aregra minima de competéneis do Tribunal do Jiri, nao impedindo que © legilador infraconstitucional Ihe atvibua outtas e diversas competéneias, Cabe ressaltar, ainda, que a competéncia do Tribunal do Jiri para julger os crimes dalosos contra a vida nao é absoluta, A propria Constituigdo a afasta em hipéteses de prerrogativa de fungao. 2OCAK «no ha crime sem lel anterior que © defina, nem pena sem prévia cominacao legal; XL - a lei penal nao retroagira, salvo para beneficiar 0 réu; Consagragio constitucional do principio da reserva legal em matéria penal, 0 qual limita a amplitude do exereicio do poder purutivo Gus puniendi) do Bstado, Os prineipios da reserva legal e da anterioridade no ambito penal exigem, para a configuragao de um crime, [1] a existencia de lei formal devidamente elaborada pelo Poder Legislative, por meio das regras do processo legislative constitucional; [2] que a lei seja anterior ao fato sancionado, e [3] que a lei descreva especificamente tum fato determinade De acordo com esses preceitos constiticionais, néio se admitem a criagio de figuras penais ou. cominagdo de penas por medida provisoria e a retroatividade da lei penal mais severa. Contrario sensu, admite-se a retroatividade da lei penal mais benigna (mais favoravel ao réu). Por essa razo, 0 artigo 2° do Codigo Penal estabelece que lei penal, em repra, no retroagira, salvo para beneficiar o réu, 14 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. XLI_- a lei punird qualquer discriminago atentatéria dos direitos ¢ liberdades fundamentais; ‘Tralase de garantia constitucional de eficicia limitada, portanto iio auto-exeeutivel dependents de legislagao ordiniria, prevista como instrumento & protegao, basicamente, do prineipio da igualdade consagrado no caput do art. 5°. XLII a pratica do racismo constitul crime inaflangdvel e imprescritivel, sujeito a pena de reclusio, nos termos da lel; © texto constitucional repugna a pritica do racizmo, de modo a garantir a igualdade e a vedagio das discrimmagées. O crime de racismo restou defimido por meio da Lei n. 7716/89, parcialmente alterada pela Lein, 9.459/97. XUll - a lei considerard crimes inafiancdveis e insuscetiveis de graca ow anistia a Pratica da tortura, o trafico ilicito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo ¢ os definides como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores 05 que, podendo evits-los, se omitirem; © legislador constituinte proviu tratamento severo aos condenados pelos crimes de tortura, trifico ilicito de entorpecentes ¢ drogas afins, terrorismo e por crimes hediondos. 0s crimes hediondos so aqueles definides no art. 1° da Lei n, 8.072/1990, com a redagao dada pela Lei n, 8930/1994, Sio eles: [1] « homicidio, quando pratioado em alividade tipica de grupo de exterminio © o homicidio qualificado, [2] o latrocinio; [3] a extorsio qualificada pela morte, [4] a extorsio mediante seqiestro © na forma qualificada; [5] o estupro; [6] estupro de vulnerivel; . [7] a epidemia com resultado morte e, por fim, [8] 0 genocidio, XLIV - constitul crime inafiancavel e imprescritvel a aco de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democratico; Ao estabelecer mais um mecanismo protetivo da ordem constiticional e do Hstado Democratico de Direito, o legislador constituinte pretendeu solidificar a idéia de democracia na Repiiblica Federativa do Brasil, no intuito de afastar qualquer possibilidade de quebra da normalidade No entanto, o sentido imperative do texto constitucional no exelui a necessidade de edigio de tuma lei penal descritiva da conduta eriminosa, A norma constitucional nao definin o tipo penal, mas tHio-s6 estabelecou um instrumento de defesa da democracia e uma obrigatoriedads a0 Congresso cortespondente a edigio de lei penal descrevendo a conduta delituosa, XLV - nenhuma pena passaré da pessoa do condenado, podendo a obrigacao de Teparar o dano e a decretacéo do perdimento de bens ‘ser, nos termos da lel, estendidas aos sucessores © contra eles executadas, até o limite do valor do patriménio transferido; Na ordem constitucional em vigor impera o principio da pessoalidade da pena, segundo © qual a pena no passari da pessoa do delimqiente, nd podendo suas conseqiiéncias atingir terceiros. Somente o autor da infrago penal deve ser responsabilizado, sendo que a pena no deve ser estendida a terceizos em geral. XLV1~a lel regular a individualizagao da pena e adotard, entre outras, as seguintes: a) privagao ou restrigao da liberdade: ») perda de bens; ¢) mutta; 4d) prestagdo social alternativa; e) Suspensao ou interdicdo de direitos; 15 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. © referido inciso compreende o principio da individualizagdo da penal ¢ estabelece algumas modalidades de sangio penal © principio da individualizagio da pena exige uma estreita comespondéucia entre a responsabilizagdo da conduta do agente ¢ a sangdo a ser aplicada, de maneira que a pena atinja suas finalidades de prevenséo e repressio, Dessa muaneira, a imposigo da pena depende do juizo individualizado da culpabilidade do agente. Exn outras palavras, deve haver uma estresa ligagio entre 1 pena aplicada e o grau de censurabilidade da conduta do agente, XLVI - néo haverd penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX ») de carater perpétuo; ¢) de trabalhos forcados; 4) de banimento; e) cruéis; A Constituigio consagrou como garantia individual do sentenciado 2 impossibilidade de aplicagso de determimadas especies de penas, quais sejam: a pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, as penas perpétuas, a pena de banimento (retirada forgada de um nacional de seu pais); e, por fim, a3 penas crusis. A vedagio constitucional dessas ponas assenta-se na imposigio de respeito & digmidads da pessoa humana (art. 1°, 1) XLVI a pena serd cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e 0 sexo do apenado; XLIX -é assegurado aos presos o respeito a integridade fisica e moral; L - as presididrias serdo asseguradas condigées para que possam permanecer com seus filhos durante 0 perfodo de amamentacdo; Essas disposigSes constitucionais representam principios relatives & execugio da pena privativa de liberdade, demonstrando que o texto constitucional revela uma grande preocupagao em assegurar o respeito aos diteitos do preso durante a execugio da pena privativa de liberdade LI-nenhum brasileiro serd extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturaliza¢ao, ou de comprovado envolvimento em trafico llicito de entorpecentes e drogas afins, na forma da le Lil. ndo seré concedida extradigdo de estrangeiro por crime politico ou de opinido; 0s incisos LI ¢ LIl do artigo 5 compreendem o tratamento constitueional do institute da extradigdo, que € 0 ato pelo qual um Estado entrega a outro uma pessoa acusada ou condenada pela pritica de uma infragiio penal para que sea julgada ou para que eumpra pena em outro pais A extradipdo pode ser ativa, que ¢ aquela requetida pelo Brasil a outros Estados soberanos, out passiva, quando outros Hstados a requerem do Brasil A Constituigio, prevendo auténticos direitos fndamentais individuals, assevera que a) 0 brasileito nato nunca serd extraditado, b) o brasileiro naturalizado somente ser extraditado [1 por erime comam, prat naturalizagéo ou [2] pela participagéo comprovada em trifico ilicito de entorpecentes ou cdrogas afins, ndo importando aqui se a participago se deu antes ou depois da naturalizagio, 16 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. ©) via de regra, 0 estrangeiro poderd ser extraditado, salvo nos easos de erime politico ou de opiniio, ocasides em que ¢ vedada a sua extadigio. Lill ninguém serd processado nem sentenciado sendo pela autoridade competente. Ver inciso XXXVI, LIV -ninguém sera privado da liberdade ou de seus bens sem 0 devido proceso legal; Consagragéo constitucional do principio do devido processo legal , 0 qual configura uma garantia de protegio da liberdade e da propriedade do individuo. Segundo esse prineipio, o mdividuo somente poderd ser privado de sua liberdade ou de seus bens se obedecido um processo legalmente cestabelevido garantider da possibilidade de del ‘Busca-se, assim, tutelar 0 cidaddo contra a atuagdo arbitravia do Estado. LY - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral sao assegurades © contraditério © a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 0 devido processo legal tem como corolérios a ampla defesa e o contraditério, que deverdo ser assegurados aos ltigantes em processos juudiciais (civeis ou eriminais) bem como nos procedimentos administrativos ‘A garantia do contradaério ¢ da ampla defesa significa que no deve ser tomada, pela autoridade competente, nenhuma decisdo sem a apreciagao das razoes de todas as partes envolvidas de forma a garantir a aplicacio do principio da igualdade também no plano processual LVI-sdo inadmissiveis, no proceso, as provas obtidas por meios ilicitos; A Constituigao, estabelecendo uma importante garantia ao eidaddo frente & agio perseoutéria do Estado, estabeleceu que s8o inadmissiveis no processo as provas obtidas por meios ilicitos, ou seia, aquelas provas colhidas em inffingéucia és normas legais e aos direitos fundamentais do cidadio. Com feito, 2 inadmissbilidade das provas icitas deriva da supremacia dos direitos fundamenta no ordenamento juridico, tomando impossivel a violagio de uma hiberdade piblica para ablengio de qualquer prova. Nesse sentido, a prova ilicitamente obtida (p.ex., confissées feitas mediante tortura, interceplagdes telefinicas sem autorizagao judicial) é absolutamente nua, nde podendo gerar qualquer feito no convencimento do juiz Com relagdo as provas decorrentes de uma prova ili entendendo que a prova ilieita originiria contamina as demais tanto as provas produzidas de forma ilicita quanto aquelas surgidas em decorzéncia da prova ilicta, ainda que obtidas de forma regular, Trata-se da aplicaglo da teoria dos Gutos da arvore envenenada (fruits of the poisonous tree) ita, o Supremo Tribunal Federal vem. vas dela decorrentes, sendo sulas LVI - ninguém sera considerado culpado até o transito em julgado de sentenca penal condenatéria; fabelecendo que “ninguém ser considerado culpado até o trinsito em julgado de sentenga penal condenatéria”, a Constituig3o consigna o principio da presungio da inocéucia, segundo © qual antes da condenacdo definitiva em um processo criminal todos os cidados deve ser considerados inocentes 7 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. essa forma, hi a necessidade de o Estado comprovar a culpabilidade do individuo, que ¢ constitucionalmente presumido inocente. Besa presungio somente poder ser afastada com a existéncia de um minimo necessirio de provas produzidas por meio de um devido processo legal ¢ com a garantia da ampla defesa, LVIII - o civilmente identificado nao serd submetido a identificagdo criminal, salvo nas hipoteses previstas em lel; © direito fandamental expresso nesse inciso LVI do art, 5° consiste na impossibilidade de idemtificar-se crimisalmente (processo usado para se estabelecer a identidade de pessoas) a pessoa que ja se encontre identificada eivilmente, A pessoa que jé possui um documento de identidade civil vido, sem qualquer suspeita fundada de falsidade, no poders ser identificado erimiaalmente, Porém, a propria Constituigdo expressa 2 relatividade dessa norma, possibilitando excegSes previstas em lei ordindria, Atualmente, é a Lei u, 12.037/2009, no seu ait. 3°, que prevé de modo taxativo as hipdteses em que se dara a identificagao criminal do eivilmente identificado, LIX - sera admitida aco privada nos crimes de aco publica, se esta nao for intentada ho prazo legal; No sistema juridico brasileiro, por forga do artigo 129, inciso I, da Constituigdo, 0 processo penal somente pode ser deflagrado por deniincia ou queixa, sendo a ago penal piiblica privativa do Ministerio Publico. No entanto, nesse inciso LIX se estabeleceu a agio penal subsidiiria da piiblica, admitindo a aio penal privada nos eritnes de agio pliblica se o Ministério Publico no oferecer dentineia no prazo legal LX -a lei s6 podera restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da Intimidade ou o interesse social o exigirem: © Estado Democritico de Direito exige a publicidade dos atos processuais, sendo que essa publicidade poder ser restrmgida por norma legal nas hipoteses de defesa da antunidade ou do interesse social, LXI = ninguém seré preso senéo em flagrante delito ou por ordem escrita findamentada de autoridade judiciaria competente, salvo nos casos de transgressio militar ou crime propriamente militar, definidos em lei LXIl - a prisdo de qualquer pessoa e 0 local onde se encontre serio comunicados imediatamente ao julz competente e familia do preso ou a pessoa por ele indicada; LXill -0 preso sera informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, Sendo-lhe assegurada a assisténcia da familia e de advogado; LXIV - 0 preso tem direlto identificagéo dos responsdvels por sua prisdo ou por seu Interrogatorio policial; LXV -a prisdo ilegal serd imediatamente relaxada pela autoridade judictari LXVI - ninguém serd levado a prisdo ou nela mantido quando a lel admitir a liberdade roviséria, com ou sem fianga; ‘A regra constitueional geral é aquela que assegura a liberdade do individuo, A. privagiio de Uberdade & considerada medida excepcis ¢ admitida nas situagSex previstas pela propria Carta Magna, 18 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Sendo assim, o individuo somente poderd ser preso a) em caso de flagrante delito ou, >) por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciéria competente (no mais se admite mandado de prisio expedide por autoridade policial) © texto constitucional, além de prever as duas hipéteses em que se permite a prisio do individuo, elencou diversos requusitos para a validade da prisio: [1] a priséo deve ser comunicada a0 juiz competente e & familia do preso ou a pessoa por ele mmdicada; (2] 0 preso deve ser informado de seus direitos, inclusive o de permanecer calado (0 siléncio do acusado nao pode the causar nenhum prejuizo) © da assisténcia da familia ¢ de advogado, [3] a0 preso de ficados os responsiveis pela sua prisio ¢ pelo seu interrogatério, [4] prisio ilegal deve ser imediatamente relaxada, [5] sera ilegal a prisdo efetuada quando a lei admitirliberdade provisSria, LXVIl- nao havera prisdo civil por divida, salvo a do responsavel pelo inadimplemento Voluntério e inescusavel de obrigagdo alimenticia e a do depositario infiel, A prisdo civil § medida privativa de liberdads, sem carster de pena, com a finalidade de compelir o devedor a satisfazer uma obrigagéo. A Constituigdo veda a prisio civil por dividas, admitindo somente nos casos de inadimplemento (voluntario e inescusavel) de obrigagao alimenticia e do depositério infiel. Contudo, 2 stimula vineulante n° 25 editada pelo STF veda as prisies civis: € ilfcta a prisdo civil de depositario infiel, qualquer que seja a modalidade do deposit LXVIll - conceder-se-4 habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameacado de ‘sofrer violéncia ou coacéo em sua liberdade de locomocao, por ilegalidade ou abuso de poder; A Constituigio assinala no capitulo destinado aos direitos individuais ¢ coletivos os chamados remédios constitucionais, que so o8 meios colocados 4 disposigao dos individuos para a protege dos seus dreitos findamentais, Hsses meios so utilizados quando o simples ertinciado dos direitos nfo for suficiente para a sua verificagio pritica © habeas corpus ¢ a ago constitucional para a tutela da liberdade de locomogéo, utilizada sempre que alguém estiver soffendo, ou na iminéncia de softer, constrangimento ilegal em seu direito de it, vite fe Essa agio constitueional pode ser impetrada por qualquer pessoa, fisica (brasileiro ou no, cidadiio ou no, residente no pais ou no) ou juridica, e ao Ministerio Publico, Paciente é a pessoa em favor de quem se ingressa com o habeas corpus. H quem esta sofrendo ou na iminéncia de sofier coagio ao dircito de locomorao. © paciente, pois, 36 pode ser pessoa fisica. O palo passivo ¢ assumido pel autoridade coatora, responsavel pelo ato ilegal ou abusivo que federa a Liberdade de ire vir do paciente © habeas corpus é uma ag30 constitucioual gratuita (isenta de custas) © constitui clausula pétrea (art 60, § 4°), no podendo ser suprimido do ordenamento juridico LXIX - conceder-sea mandado de seguranca para proteger direito liquido e certo, nao amparado por habeas corpus ou habeas data. quando o responsavel pela llegalidade ou abuso de poder for autoridade publica ou agente de pessoa juridica no exerciclo de atribuig6es do poder publico; © mandado de seguranea ¢ a agiio constitucional destinada & tutela de direitos individuais liquids e certos, nfo amparados por habeas corpus e habeas data. Assim, 0 objeto da a¢ao mandamental se da por exclusio, ou soja, protege-te pelo mandado de segurmga direitos liquidos ¢ certos (aqueles que podem ser comprovados de plano) no amparados por habeas corpus ou habeas St ; & Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. ‘Qualquer pessoa fisica ou juridica pode impetrar mandado de seguranga dentro de 120 dias contados a partir da cigneia do ato impugnado, Sao pressupostos da ago mandamental [1] ato de autoridade (de agente piblico ott de particular que atue em regime de delegagio do poder publica); [2] ilegalidade do ato ou abuso de poder, [3] lesio ou ameaga de leslo, e [4] diteito individual liquide certo niio amparado por habeas corpus ou habeas data LX. 0 mandado de seguranca coletivo pode ser impetrado por: 4) partido politico com representacao no Congresso Nacional; ; b) organizacao sindieal, entidade de classe ou associacao legalmente constituida e em funcionamento ha pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros OU associados; © mandado de seguranga coletivo é uma movagio da CRFBISS ¢ representa o instrumento para tutela de direitos coletivos liquidos e certos, no amparados por habeas corpus ou habeas data, Atribui-se legitimidade processual para drgiios coletives para a defesa dos interesses de seus membros e pasa © uto desse remédio para protegio de interesses coletivos. Estas organizagSes coletivas substituem processualmente seus membros, e no precisam de mandato ott autorzagtio expressa destes. Importante destacar que em relagio aos legitimados da alinea “b”, a exigéneia da constituigdo e funcionamento ha pelo menos um ano se refere apenas as associagbes. Aos legitimados dessa alinea “b” se exige a observinneia ao requisito da pertinéneia temitica, Por fim, oportuno consignar, ainda, que a interposigio de mandado de seguranca coletivo néo impede a propositura de ages indwiduais, LXXI_- conceder-se-a _mandado de injungdo sempre que a falta de norma Fegulamentadora torne inviavel o exercicio dos direitos e liberdades constitucionais das prerrogativas inerentes a nacionalidade, a soberania e a cidadania; © mandado de injuncio é 4 agi constitucional para a tutela de direitos previstos na Constituigio imerentes & nacionalidade, a soberania ¢ & cidadania que nfo possam ser exercidos em razio da falta de noma regulamentadora, ¢ tem a finalidade de efstivar concretamente um direito aszegurado na Constituisio, no caso de nac-elaborago da norma regulamentadora, Aconcessiio de mandado de injungio depende da existéneia de dois pressupostos 4) existéncia de um dieito previsto na Constituigio nio auto-aplicavel, D) falta de norma regulamentadora que inviabilize o exereiein do direito previsto na Constituigao Cabe mandado de injungao diante da omissio legislativa, da néo-elaboragao do ato legislativo ou administrative que possibilite a0 cidadio o exereicio do direito que Ite ¢ reconhecido pela ordem constitucional LXXIl -conceder-se~i habeas data: . a) para assegurar 0 conhecimento de informagées relativas a pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentals ou de ccarater publico; ') para a retificagdo de dados, quando néo se prefira fazé-lo por proceso sigiloso, judicial ou administrativo; (© habeas data 6 0 remédio constitucional gratuito para a tutela do direito de informagao e de fntimidade do individuo, assegurmdo o conhecimento de informagées relativas a sua. pessoa constantes de bance de dados de entidades governamentais ou abertas ao publico, bem como o direito de retificagao desses dado. 20 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. ‘Trata-se da preocupago em assegurar a qualquer cidadio 0 acesto as informagbes constantes em seu nome em barico de dados mantido pelo Estado ou por entidades de cariter piblico. © acesso a0 poder Judiciirio somente é viivel quando houver recusa em prestar as informagées solicitadas ott a retificdelas (Sumula n° 2 do STS). LXXIll- qualquer cidadao é parte legitima para propor ago popular que vise a anular ato lesivo a0 patriménio publico ou de entidade de que o Estado participe, a moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patriménio historico e cultural, ficando 0 autor, salvo comprovada ma-é, isento de custas judiciais e do énus da sucumbéncia; ‘A agdo popular representa a ag3o constitucional posta & disposigio de qualquer cidadao (nacional no goz0 dos direitos politicos) para a tutela do patriménio piblico ou de entidade de que 0 Estado participe. da moralidade admintstrativa, do meio ambiente ¢ do patriménio histérico e cultural, mediante anulagio de ato lesivo Tem como finalidade fazer de todo cidadio um fiscal do Poder Publica © de diteitos fimdamentais, Para meentwar a ago, esse remédio constitucional ¢ isento de custas e condenagiio em honorarios para o autor, salvo se este estiver de méefé Como a legitimidade ativa esti assegurada ao cidadio, tem-se que a agio popular somente podera ser proposta por brasileiro que esteja no gozo dos direitos politicos, LXXIV - 0 Estado prestara assisténcia juridica integral e gratuita aos que comprovarem Insufleléncia de recursos; ‘A Constituigio Federal, ao prever o dever do Estado em prestar assisténcia juridica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiéneia de recursos, pretendeu efetivar diversos outros principios constitucionais, tais como a igualdade, o devido processo legal, © contraditério, a ampla defesa, o acesso a Justiga, ete, Sem assisténcia juridica integral e gratuita aos hipossuficientes mio haveria condigées de aplicagao imparcial e equinime de Justiga. Trata-se, pois, de um dieito piblico subjetivo consagrado a todo aquele que comprovar que sua situago econémica néo lhe permite pagar os honordtios advocaticios ow custas processuais, sem prejuizo para o seu proprio sustento ou de sua familia LXXV - © Estado indenizaré 0 condenado por erro judiciari 0 assim como o que ficar reso além do tempo fixado na sentenga; Tratasse de direito fundamental a indenizagao por [1] erro judieidrio e [2] excesso ilegal de prisio LXXVI- sao gratuites para os reconhecidamente pobres, na forma da lei a)o registro civil de nascimento; b)a certidao de obito; 0s servigos notatiais ¢ de registros sio exercidos em cariter privado, por delegagio do Poder Piblico, Face ao cariter privado dos servigos prestados, havera a possibilidade do cobranga de quantia remuneratoria, que reverteri em beneficio do tinular da serventia Nesse diapasao, excepeionalmente a Constituigfo consagrou 0 direito a0 registro civil de nascimento e a certidio de dbito gratuites para os reconhecidamente pobres, na forma da le. LXXVIL - sao gratuitas as ages de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lel, os atos necessarios ao exercicio da cidadania, Por esse dispositive constitucional, o habeas corpus e habeas datas serdo grat Verbo Juridico ios, ou seja, JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Com relagio a gratuidade dos atos necessirios a0 exercivio da cidadania, a questio encontra- se regulamentada pela Lei n. 9.265/96, O art. 1° da seferida lei estabelece os atos necessirios a0 exercicio da cidadania, nos sepuintes termos . 9.265196, art. 1° - Si gratuitos os atos necessirios wo exereicio da cidadania, assim considerad Ios que capacitam o cidadao ao exercicio da soberania popular, a que se reporta o art. 44 da Constituicao, Il aqueles referentes 20 alistamento militar; . Ww ="os ‘pedidos de_informacoes ao poder publico, em todos os seus ambitos, objetivando a Instrusao de defesa ou a denUncia a Irregularidades administrativas na rbita publica; IV ~ a5 aces de impugnagio de mandato eletive por abuso de poder econémico, corrupeao ou fraude; V— quaisquer requerimentos ou peticées que visem as garantias individuais e a defesa do interesse paleo; pencees nas 9 Vi--9 registro civil de nascimento e o assento de dbito, bem como a primeira certiddo respectiva LXXVIII a todos, no ambito judicial e administrative, so assegurados a razodvel duragdo do processo e os melos que garantam a celeridade de sua tramitacao. Incluide pela Emenda Constitucional n° 45, de 2004 ‘A partir da Emenda Constitucional n° 45/2004 — também conhecida como Reforma do Judiciirio — o legislador constituinte derivado optou por introduzir no texto constitucional, no ambito das garantias individuais, aquilo que vem a ser um dos maiores anseios da sociedade contemporanea: a celeridade processual Dente os mecanismos constitucionais que visam dar efetividade a tal garantia enc: conforme preleciona Alexandre de Moraes “a vedagio de férias coletivas nos juizos ¢ tribunais de segundo grau, a proporci numero de juizes a efetiva demanda judicial © a respectiva populagio, a distribuiglo imediata dos processos, em todos os graus de jurisdigdo, a possibiludade de delegagdo aos servadores do Tudiciirio, para a pritica de atos de administragao e atos de mero expediente ser carater decitorio, a necessidade de demonstragio de repercussio geral das queslées conistitucionais disculidas no caso para fins de conhecimento do recurso extraordmatio, a instalagio da justiga itinerante, as slmulas vinculantes do Supremo Tribunal Federal.” 2. DIREITOS SOCIAIS Direitos soviais so direitos de contetido econémico-social que visam a melhorar as condigées de vida e de trabalho para todos. Catacterizam-se por determinarem, a0 contratio das liberdades individuais, uma prestagio positiva do Estado, Assim, os direitos sociais, como dimensto dos direitos fimdamentais do homem, sto prestagSes positivas proporcionadas pelo Estado, direta ou indiretamente, que possibilitam melhores condigdes de vida aos mais fracos. Sdo, pois, direitos que tendem a realizar a igualizagao de situagdes socinis desiguais, ‘Como bem aszevera ALEXANDRE DE MORARS, “diceitos socials slo direitos fundamentais do homem, que se caracterizam como verdaderras lberdades positivas, de observineia obrigataria em um Estado Social de Direito, tendo por finalidade 2 melhoria das condigdes de vida aos hipossuficientes, visando & concretizagao da igualdade social, e so consagrados como fandamentos do Estado demoeritico, pelo art, 1°, IV, da Constituigio Federal” 22 @ Verbo Juridico JUIZ DE DIREITO DO RIO GRANDE DO SUI. Enquanto os direitos individuais tradicionais (CRFBV88, art 5°) corcespondem a um nio fazer do Bstado, tendo sido consagrados nos textos constitucionais com @ eclosio das grandes revolugées Iberais do século XVI, of direitos sociais surgiram somente quando se agravaram o: conflitos decorrentes da relagdo entte o capital e © trabalho, momento em que a intervengio do Estado na economia passoua ser vista como necessiia Nesse contexto, os direitos sociais fazem parte da chamada segunda geragio de direitos fandainentais, sendo que as mexicana de 1917 ea Constituigao da Reptblica de Weimar, em 1919 jet @ prescreverem tais direitos foram a Constituigio Na CRFBI88, os direitos socinis estilo enuneiados, exemplificativamente, no art, 6° da Carta Politica, sendo melhor especificados no decorrer do texto constitucional Este ¢ 0 teor do art 6 da Constituigio: At. 6° Sio direitos socais a educagao, a salide, a almentacao, o trabalho, a moradia, 0 lazer, a seguranga, a previdéncia social, a protecao @ matemidade'e a infancia, a asistencia 0s desamparados, na forma desta Constituicdo, (Redacao dada pela Emenda Consttucional 1°64, de 2010) ecificamente, preocupa-se a CRFBV88 em assegurar [1] 0s direitos sociais dos trabalhadores urbanos e rurais, considerados tanto individvalmente (art. 7} quanto coletivamente (arts 8-11); [2] 03 direitos socinis relativos @ seguridade social, abrangendo os direitos a sade, a previdéneia social e i assisténcia social (arts, 194-204), [3] os direitos sociais relativos a educagio, & cultura ¢ a0 desporto (arts. 205-217): [4] os direitos sociais relatives & familia, a crianga, a0 adolescente, ao idoso e as pessoas portadoras de deficiéncia (arts 226-230); e, ainda, [5] os direitos sociais relativos a0 meio ambiente (art, 225) ‘* Direitos sociais dos trabalhadores rurais e urbanos 4) Direitos dos trabalhadores individualmente considerados © art. 7° da Constituigao Federal enumera os direitos dos tabalhadores rurais ¢ urbanos individualmente considerados, assegurando alguns deles inclusive ao trabalhador doméstico, A anélise dos direitos individuais dos trabalhadores previstos na CRFBIS8, para fins diditicos, no obedecera 4 ordem estabelecida na Lei Fundamental CRFBWBB, art. 7° - Sao direitos dos trabalhadores urbanos e rurals, além de outros que visem a melhoria de sua condicao social: | relacdo de emprego protegida contra despedida arbitréria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que provera indenizagao compensatoria, dentre outros direitos; Consagra a Constituigéo 0 direito & seguranga no emprego, prevendo que toda a relagiio de emprego estara protegida contra despedida arbitriria ou sem justa causa. Disto se infere que toda a demissio precisari, necessariamente, ser justamente motivada | seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntério; Representa um moda de proteglo do trabalhador acaso despedide, Il -fundo de garantia do tempo de servico; Constitui no uma garantia ao emprego, mas sim ume espécie de patriménio individual do trabalhador, servindo para suprir despetas extraordinatias para as quais o simples salatio nio se revela suliciente, como, por exemplo, a aquisiggo de casa prépria, despesas com doengas graves, ete 23 @ Verbo Juridico

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