CRNICAS DE JOO DO RIO E NELSON RODRIGUES No s a morte que iguala a gente. O crime, a doena e a loucura tambm acabam com as diferenas que a gente inventa. Lima Barreto O Triste Fim de Policarpo Quaresma
Resumo
Sbato Magaldi, crtico literrio e organizador da obra dramatrgica de Nelson
Rodrigues, afirmou no seu Prefcio edio do Teatro Completo de Nelson que a figura de reacionrio que o prprio escritor se afixou deveria ser lida com mxima ateno, dada a ironia contida na alcunha. Segundo ele, Nelson foi reacionrio apenas na medida em que no aceitou a submisso do indivduo a qualquer regime totalitrio. Quando a pessoa humana for revalorizada [] ele ser julgado revolucionrio. (MAGALDI, 1993, p.131). Assim como no seu teatro, em sua produo de cronista Nelson viveu sob a gide da tragdia, seja em sua vida pessoal, seja na sua atividade de escritor, que se iniciara com treze anos de idade, em cuja matria prima sempre figurou o binmio amor/morte . Nelson afirmava que sua biografia est contida em sua obra de maneira profundssima: O que acontece na minha obra so variaes infinitas do que aconteceu na minha vida. (RODRIGUES, 2000). Seu irmo Roberto Rodrigues foi assassinado quando Nelson tinha apenas dezessete anos de idade. Alm disso, teve ele uma filha cega, foi acometido por doenas terminais duas vezes, passou fome, e teve o talento reconhecido tardiamente, o que no lhe resultou, portanto, dias de vida abastada e confortvel. Tampouco alheia a isso, a insero na atividade jornalstica desde muito cedo conferiu a ele um senso particular em como representar o real factual, o instante fugidio, na tentativa de plasmar o eterno no passageiro.