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HISTORIA em movimento HISTORIA em movimento Maria t C Holocausto Crime contra a humanidade _ Maria Luira Succ Carneiro Holocausto Crime contra a humanidade ' >... fi t Coordenagto da sérle Francisco MP Ricviva seressloescnenta {SBN 95 08 074727 2002 25.8 dates reservados pola Edtors tea Medico | Bao de uapa, 110- CEP 0180700 impressio (Caa Postal 2857 ~ OEP 0108570 ‘So Paulo SP 70611 8946:300 Fan OX 11 5277-4146 mm 1 Por que estudar 0 Holocausto? 5 Holocausto, a maior catéstrofe do séct seems B 0 Holocausto enquanto fendmeno politico .. ve 10 Os estudos sobre o Holocausto: teses € “YESES" wemnnennne 12 2 0 discurso da intoter 16 Uma experiéncia secu nee AT © antisemitsmo moderno alemao antes de Hier 18 0 antisemitismo: instrumento politico do Estado nazista ..... 23 Hitler, 0 lider anté-semita sere 25 3 Um programa de arianizagao ...... sees 28, As Leis de Nuremberg 28 Aestética da exclusa0 31 ‘Simbolos da discriminacao .. 34 4 0 aparato institucionalizado do terror - 36 tapas da perseguigao .. 36 4 etapa - Do bocote econdmico a represdla cultural... 39 2 etapa — 0 fechamento do circulo: 0 prendncio da catastrofe .. 46 3" etapa ~ 0 exterminio como Solugdo Final 55 5 A resistencia judaica durante © Holocausto ... 62 6 imagens de uma tragédia . se soos 65 0 impacto da tragédia 6 0 espélio do Holocausto 67 ‘A fuga dos sobreviventes .. 69 Diarios ao t = so we TA 7 Acerto de contas com a humanidade 73 0 julgamento dos carrascos nazistas 73 América do Sul: a rota dos ratos 75 O our nazi + asvitimas do Holocausto «vss. 7B Perdo pelo siencio 79 8 A preservagao da meméria ...... Bt Fiuvs € docwNenis SOBRE © HOLOOAUST wn 83 {Crowoxost 00 Hotocaist .. 86 Dero oe LeruR: eno €oEBATE 93 8 94 a CM irl CCC rr ead -judaicas que se preocupam em discutiro tema em sala de aula, Alguns professores evitam tocar no assunto por desco- ‘nhecerem sua importincia para a formacio dos jovens. O se avaliado sob miitiplos aspectos, pode alertar sobre as conseqiiéncias catastroficas dos regimes totalitirios © 0 perigo das idéias racistas O estudo do passado também desempenha um importante papel de cconscientizagio, pois alerta a humanidade para no cometer, no pre- sente € no futuro, os mesmos erros do passado. ides que favoregam a convivéncia democritica e a construgio da cidadania, Cabe lembrar que, com a ascensio d io) foram transformados,j em apézridas: pessoas que nio pertenciam a nenhuma comunida ta perceber as principais di- ‘que segue ¢ respeita os fundamentos do regido pelos valores de um Estado s fo trabatho e da livre inici Com base nesses principios um Est vos fundamentais construi erradicar a pobr io (art, enquanto regime totalitario, negow a judeus, ciganos, negros e out ‘minorias nacionais e raci 108 0 que signi stado que arquitetou, de forma logica esi im povo, temos condigdes de perceber que os direitos humanos dos a duras penas; e que lutas, mortes, avangos ¢ re= cuos fazem parte de um longo e arduo proceso histarico, Assim, 0 inar do Holocausto poder colaborar para a afirma- ausas © conseqiéncias) da proliferagio tanto o professor quanto o aluno estario desenvolvendo uma atitude de solidariedade ¢ a capacidade de conviver com as diferengas, Enfim, rememorat 0 Holocausto nos colo- ca em estado de alerta contra uma possivel reprodugiio das circunstin- cias histéricas que deram origem a um plano de exterminio. Holocausto, a maior catastrofe do século XX © Holocausto inspirou filmes como A Lista de Schindler, de Ste- ven Spielberg © 4 vida é bela, de Roberto Benigni — ganhadores do prémio Oscar de melhor filme de 1994 e 1998, respectivamente cujo tema principal a persegui¢o aos judeus durante o pe Segunda Guerra Mundial (vale a pena a E dificil pensar nessas histérias sem se envolver emocionalmente. Imagens de morte em massa, fome e degradago humana em todos os niveis tomaram-se referéncias para a reconstrugio de um passado que nem todos querem lembrat. Percebe-se um certo interesse em silenciar a respeito desse episd- dio, considerado uma das paginas negras da historia do século XX. Mas devemos ter sempre em mente as conseqiéncias do nazismo para humanidade: guerra, terror, abuso do poder, mortes... a morte de mais de seis milhdes de judeus, além de outros tantos milhdes de mor- {os ndo-judeus, como ciganos, ‘comunistas, testemu- nmhas-de-jeov, docntes ment enfim, de todos aqueles que, de acordo com critérios estabelecidos pelo Estado nazista, foram conside- rados “cidadios indesejiveis", que deveriam ser eliminados da face da terra, © nazismo, com certeza, nao se esgotou no Holocaust judeu, ¢ as freu pressio internacional. O boico- como uma proposta da comunidade judaics dia derrubs-lo do poder. Desde essa data, a Liga d Unidos, Inglaterra e Frat fernacional, que preten- liderada por Estados Medias restritivas e violentas dade judaica, que dia a dia perdi tommava-se impos ‘8 questio judaica transformava-se em prot ternacional. _mesmos, os nazistas preocupavam-se apenas com is: @ conquista de um “espaco vital” e a elimina 39 Hina ce ‘comerciante judeu plehada, Bi Guardas da SA ina entrada de uma loja de Judeus no Dia do Bolcote. 0 cartaz diz: “Alemaes! Defendamse! Néo ‘comprem nada de Judeusr. ‘edo dos judeus. Quando convocados pelas organizagses intergoverna- ‘mentais para negociar suas iniciativas contra os judeus, se faziam Ausentes ou apresentavam propostas inaceitiveis. Desde o ini ‘miram uma postura de affonta direta contra 0s judeus. Suas atitudes ¢ seu discurso eram abertamente anti-semitas 0 boicote econémico Em 27 de fevereiro de 1933, logo apés incéndio do Reichstag, sob 4e agir contra os comunistas, todos os direitos humanos foram nna Alemanha por meio de um decreto que vigorou até o ilti- imo da do regime narnia, Em margo de 1933, a susica fo iad em o- arianos induzidos a no comprar ni ma JUDE também nao deveriam freqiientar © Judeus. Estes, em marco de 1936, teriam decretada a sua excl fissional, sendo proibidos de exercer quiaisquer fungées c piblicos da Alemanha, A partir de junho de 1934, 0 Reich deu ‘grama de confisco de bens pertencentes aos jo 8 um intensivo pro- deus, acdo que se esten- uch! Sat tee dou a todos os segmentos sociais: professores, deputados, livres-pensa- dores, industriais, comerciantes, ete. E 3 esculturas e porcelanas) que estavam, -m mos dos judeus ricos”. Desta forma con ‘Go do comércio, da industria, dos bancos e da iagdo desesperadora levou centenas de judeus ao suicidio, limensdo da tragédia imaginada. O boicote econémico tamanha era ‘Jomal ant-semita rgios do partido ¢ do Estado nazistas chega- jugeus” “08 ‘am a questionar o aumento dessa emigracio, que poderia prejudicar 0s Judeys so a interesses do Reich, por um lado, e por outro facilitar © nascimento de nossa desgragal”. uum Estado judeu na Palest - tou pela saida dos judeus; mais tarde v taria atris. Assim, em 1937, Hitler estava decidido a expulsar os judeus nio apenas dda Alemanha, mas de toda a Europa. A represalia cultural ‘Onazismo foi o responsdvel ndo ape- ras pela morte de milhBes de individuos ‘como também por uma das maiores cha- cinas culturais do século XX. Toda a arte ‘Biidifchee lerdpian seoen be midtianie Dentabelt anfeetedt imagem positiva do regime ‘ges do Fithrer. Campanhas a Hebert Caro, Herman Giger Stefan Zweig e Paul Rosenstein As artes plisticas deveriam exaltar 0 regime expressando a perfeigdo fisica dos alemaes arianos. Uma violenta campanka foi articulada com ¢ de “arte degenerada” ¢ telas produzidas por judeus e comunistas, Um momento de trégua 30 mundo 0 poder e a forga da raca aria. jada com todos os louros do esporte. Mas nem assim a 1a deixou de ser uma vitrine do anti-semitismo e do racismo negros. 080s jogadores Judeus — herdis iso dos nazistas —, tveram seus destnos altera dos. Fuchs consegulu escapar ‘Asbjom Halvorson, judeu norueguls elelto dues vezes o Jogedor do ano na sua époce, em Hamburg, e trelnador da Nouega durante a parti hls. {érlca assistda por Hitler em Berim (7/8/1936), pesava apenas 40 qullos ¢ sofra de to, pneumonia, desnutricéo reumatismo quando fol transpor {ado de um campo de concentragio na Alsécla para Neuengamme, perto de Hamiburge, em 1944, Nesse local, Halvorsen encontrou seu ex-cologa de que, Otto “Tul” Hare havi ando-hes um campo de futebol. Alegou que as pessoas morteram porque “estavam acostumadas a atimentagéo de mé qualidade nos guetos judeus @ ‘nto consegulram tolerar a qualidade e quantidade de comida oferecida nos campes de concentracdo’. O destino desses Jogadores da selegdo oferece. futebol alemio — assim como ‘segmentos da vid ‘modificado sob o sign Cademo de Cultura, p. 8.) A J ‘ re da raga alana’. Quando vague daa gata meta So PRG EY cise erecta ese reasous operas poe en pe wvam com 0 objetivo de obter terras na rganizarem 0 Lar Nacional Judaico. Muitos acreditavam que 0 desaparecimento do ant-semitismo se daria a partir do completo reconhecimento dos judeus como nacio. Movidos por este sentimento de conquistar a Terra Prometida, muitos dos judeus per- ‘seguidos pelos nazistas dirigiram-se para a Terra de Israel (Eretz Israel). © econdmica. Para facilitar sua identificacdo, os judeus deveriam usar, diante de seus prenomes, as palavras “d’Israel” ou “Sara”. Podemos considerar que, segundo as regras impostas pelo nacional-socialismo, hhavia quatro maneiras de “se tom: so, decreto ou classificagao ci médico, antropélogo ou psiquiatra) Nem mesmo os nomes israclitas das runs foram respeitados. Por meio de um decreto todas as ruas de Berlim que traziam nomes de pet- sonalidades israclitas ou de ascendéncia judaica deveriam ser elimina- dos e substitufdos por outros “arianos”. As vésperas da guerra, os 220 000 judeus que ainda restavam na Alemanha no tinham mais condigSes de sobrevivéncia. Na noite de 9 para 10 de novembro de 1938, um imenso pogrom — conhecido como a Noite dos Cristais(Kristallnacht) — deixou centenas de morts ¢ muitas sinagogas destruidas. Cerca de 30 000 homens foram levados para cam. " judeu: por nascimento, conver isto &, por parecer de um 4 pos de concentragio e 300 judeus foram assassinados. Cerea de 7 500 lo- Jas de judeus foram destruidas, prelidio de uma tragédia em escala con- tinental. O pretexto foi o assassinato de Emest von Ratz, alto funciona ‘rio da embaixada alema em Paris, por um jojem judeu polonés. A rede de campos de concentragao Uma verdadeira rede de campos espalhou-se por toda a Europa ‘ocupada pelos nazistas durante o periodo do II] Reich. Logo apés a ascensio de Hitler ao poder, uma lei especial — a Lei para a protegio do Povo e do Estado, promulgada em 28 de fevereiro de 1933, sibilitou @ abertura dos primeiros campos de concentragao. durante toda a sua trajetéria (1933-1945), tinham por objetivo: ens da SS no espirito da ideo! * consolidar a hegemonia militar ¢ politica da “raga su Aharon Weiss, estudioso desse assunto, diferencia os campos en- tte si, tendo em vista sua localizaglo e admi lecidos dentro do proprio Reich, instalados nos terrtérios ocupados ¢ etamente administrados por alemies, e campos const es (por exemplo: Esloviquia, Roménia, Crodcia). Fica dificil

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