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we, Boveniev, Maw f asda confeavaclora as desiquallades flew A escola & & cultura en Escule de EducacS, é p 11-64 a go 2 tomando o sistema escolar como um fator de mobilidade social, Lroclss : Voges 2003, on I ecols Ibertedore”, quand, 00 contra, ey tudo tende a mostrar que ele é um dos fatores mais eficazes de caemertuedo socal, pois Jomece a aparéncia de Tegiimitade ds dest rualdades socio ma a r ‘dom social tratado ‘como dom natural. = “Justamente porque os mecanismes de eiminagéo ager durante todo ‘ocursus", ¢ legitimo aprender o efeito desses mecanismos nos graus mals ‘elevaclos da carreira escolar. Ora, vé:se.nas oportunidades de acesso 20 éensino superior o resultado de uma selegdo diteta ou indir que, 00 longo dia oscolardade, pesa_com rigor desiqual sobre os sujltos das diferentes classes sociais, Um jovem da camada superior tem oitenta vezes ‘mais chances de entrar na Universidade que o filho de um assalariado agricola atarenta vezes mais que um fifo de operério, e suas chances sio, ainda, ‘duas vezes superiores dquelas de um jovern de classe média’, £ digno de nota o fato de que as instituigdes de ensino mais elevadas tenham também ‘0 recrutamento mais aristocratico: assim, os filhos de quadros superiores de profssionais liberals constituem 57% dos alunos da Escola Politécnica, 54% dos da Escola Normal Superior (freqUentemente citada por seu re- crutamento “democratico"), 47% dos da Escola Central e 44% dos do Instituto de Estudos Politicos. ice ze Mas no &slcente ers fat da desqualade ante da scl, & oe ecssio deserver os mecanismos ches qe determina a cininagio wi Satinua das etancas desfavorecidas. Parece, com efeto, que a explicagSo ho seciolgica pode escarecer completamente as diferengas de eito que 5° cn teks reqlentemente, 3s dferengas de dons. A agio do prsligio fullural 25 & petcebida, na rior parte das vezes, sob suas fomms mais ‘ossciras, isto é, como recomendagbes au rekagdes, ajucla no ‘trabalho escolar ‘ou ensino suplementar, informagéo sobre o sistema de ensino e as perspec: tivas profissionais. Na realidad, cada familia transmite a seus filhos, mais. por vias indietas que diretas, um certo captalcultural ¢ wn certo ethos 4107s Optomos por manta. na taba, 2 expreso lana “crs” erpregad plo itor pra dete percro inci os menos go, nese ov neque ame de eno, nese roca “EzRinnowal eed plo shno oo bg de sa earra clr 1.€1 P, BOURDIEU «J.C PASSERON, Les Hénties. Par Eton de Minit, 1964p. 14-21, a1 re das criances diante da experitncia escolar e, conseqilentemente, pelas taxas de @ ri A TRANSMISSAO DO CAPITAL CULTURAL A inflyéncia do capital cultural se deixa apreender sob a forma da rela s-constaiada, entre o nivel cultural global da familia ‘@xito escolar da crianga. A parcela de “bons alunos" em uma amostra daqunta see cesce an kno do rend de sn ais, Pal Cte mostion ‘que, com diploma igual, a rend nfo exerce nenfruma influzncia propria sobre o axilo esceler e que, 90 conrério, com renda-igal.a-proporgéo.ce.bons ‘alunos varia de maneia signficatwa segundo o panda seja diplomado ou sca, bachiclier", © que pemnte conclur que » agi do meio familar sobre o éxito escolr € quuase 0% ual. Mais que os diplomas obtides pelo ‘af RE Tem tse tho de execlerdede coe cle somal Grivel cultural global Sorarapo Tamilar que mantémm a relacko mais estreifa com éxito escolar dh crianca.“\inda que 0 éxito escoler pareca ligndo iqualmente ‘20 nivel cultural do pai ov da mie, percebemrse ainda variagoes significa- tivas no éxito da erianga quando os pais so de nivel desigual _Aanilse dos casos em que 0s niveisculturais dos pais sio desiguats no deve fazer esauecer que eles se.enconiram freqiienterente ligados (er razo in hopgiana de Geel cos urge Gran Gl eT ee Tivel cotural dos pais so cumulativas, como se v8 na quinta série, em que (65 flhos de pais fitulares lo haccalauréat obtém uma taxa de éxito de 77% contra 62% para os fihos de um bachelier e de uma pessoa sem diploma; 9 dene s2 manifesta mis ident ands nos rms mais eds do cursus. Uma avaliacio precisa das vanfagens e das desvantagens transmi- = pelo nvio familiar deveri lovar em conta ente o nivel eulral ‘do pai ou do tie, as tainbém o dos am faxniia(etambém, ser 0 Assim, conhecimento que os estudantes de let pelo nimero de pegas de teatto visias) se hierarquiza nerfeitamente Sequndo a categoris soeioprofissional do pai ou do avd seja mais elevada, neclda gue a calegoria socioprolissional do pai e do avé se elevam N07, fos io fas, pason i cmc erm race setae secs e oman sa, fins it Bpceinar (Torna ara, Uae) ei Haga Mra 3 Tetivcato, ns pt em ranets, lesan, ao ness fro. es aH 8 Bela confers. fsb cele ensina de 3 2.1 P-CLIRC. “1a anil anton sre awison save Fate ean 1963 done [oghnaive pesos Pipes Dae mavetenta de ODE. pe 7-6 42 conjuntamente; mas, por outro lado, para um valor fixo de cada ua dessas varidveis, a outra tende, por si s6._a hierarquizar_os. ‘escores’. Assim, em Vrlude da lentidso do processo de acuituracio, diferencas sulis ligadas as ntigiddades do acesso & cultura continuam a separar individuos aparente mente iguais quanto ao éxito social e mesmo ao éxito escolar. A nobreza cultural também tem seus graus de descendéncias. ‘Alem disso, sabendorse que a residéncia parisiense ou provinciana (la propria fortemente figada a categoria socioprofisiona do pal) esté também [ssociada 8s vantagens e desvantagens culturais cujo efeito se nota em todos os selores, quer se trate de resultados escolares anteriores, de prticas @ de conhecimentos culturais (em matéria de teatro, rnisica, jazz, ou finema) ot ainda da faciidade lingtistica, vé-se que a consideragao de umn Conjunto relatluamente restito de variéveis ~ a saber, o ni antepassados da primeira e da segunda ‘ea residéncia = permite ‘variagSes mais importantes do éxito escolar, mesmo em um nivel elevado do cursus. 7 E até mesmo possivel que a combinagao desses crtérios permita ccompreender as VatiagGes observadas no interior de grupos de estucantes, homogeneos em relago a categoria socioprofissional de origems: € assim ‘que os jovens das camadas superiores tendem a obter regularmente Tesultados que se distribuem de maneira bimodal, isso tanto em suas praticas e seus conhecimentos cbiturais quanto na sua capacidade para a Compreensio e 0 manejo da lingua (um terco deles se distingue pelos desempenhos nitidamente superiores ao resto da categoria). Uma analise ‘multivariada, levando em conta no somente o nivel cultural do pal @da_ nde, 0 dos avis patemos e matemos @ a residéncia no momento dos ‘Gludos superiores e ditrante a adolescéncia, mas também um conjunto de~ Caracteristicas do pasado escolar, como, por exemplo,.0-tamo clo curso ‘ecundtio (issico. modem ou outro) ¢ 6 tipo de estabelecimento (colégio ‘ou lice, insttuigao piblica ou privada) -permite explicar quase inteiramen- tes diferentes graus-de éxita obtidos pelos diferentes subgrupos definidos_ pela combinacéo desses criterios; e isso sem apelar, absolutamente, para ‘bs desiqualdades iatas. Conseqtlentemente, um modeto aus eve san-cont rentes varifveis — e fambem as caracteristicas demogtaticas. do, {grupo familar, como 0 tamanho da familia ~ permitria fazer um, edlculo Thuilo preciso das esperancas de vida escola. ‘Da mesma forma que os jovens das camadas superiores se distinguem por ciferencas que podem estar lgadas a diferengas de condigéo social, Tamban us flhos das classes populares que chegarm até. ensino simperior parecem pertencer a familias que-diferem da média de sua,cateaorin, tanto ‘por seu nivel cultural global como. por seu.tamanho: dado que, como 2 ‘iu, as chances objetivas de chegar ao ensino superior sto quarenta vezes 3. C1 P-OURDIEU €4-C, PASSERON, Les cudiants et lev études, 2 pare. 1. 96.9. 43. snais fortes para un jovem de camada superior que para um filho de operirio, podersea esperar encontrar, numa poptlagio de estudantes investigada, a mesma reago (40/1) entre o nimero médio de individos com estudos superiores nas familias de estudantesfilhos de operarios enas familias de estudantes das camadas superiores. Ora, numa emostra de > estudantes de medicina, o nlmero médio de membros da feria extensa jprign ate fzeram ou fazem estos superiores néo vara sendo de 1 a 4 entre (> Ss estudantes oriuncdos das lasses populares @ os estudantes oriundos das camadas superiores. A presenga-no.circulo famifar-de-pelo-menas um ente que tenha feito oi esteja fazendo curso superior testemunha que {Gas fenilias apresentam urea situagao cultural original, quer tenis sido aletadas por uma mobilidade descendente.ou tenham uma atitude frente a ascensio que as distingie lo conjunto das famiias de sua categoria Prova indivela do fato de que as oportunidades de chegar 20 ensino secundirio ou superior ¢ as chances de ser bem sucedido s80 fungéo, fundamentaimente, do nivel eukural do meio fariar no momento da ea? entrada na quinto série sto &, quando a agio homogeneizante da escola 10/1 |e do meio excifar nao se exerceu por muito tempo) femne-la na Fato de as pit desiguallades de axito enlre criancas francesas ¢ criangas estrengeltas serem quase fotaknente expliciveis pelaseilerengas na composigso social dos dois grupos de famtins. Com nivel socal igual, as criancas estrangeras 3” tern um nivel de éxito sensivelmente equivalente aquele das crianges fran- 2 cesns: com eleilo, se 45% dos filhos de operstios franceses contra 38% ce \ados hos de operitios estrangeirosentram na quita série, pode-se super VAT ee nn bon pte ces erence Gelavemente mina) & impute 0 oP ppt fato de que os nperdrios estrangeiros tém uma taxa de qualificaglo menor Rip 7 Xa do.que os operanis franceses' 90° Nw nu de eu dos moos do ordi eta ete we ais fi m sobre as vias de, Tansmissio. As pesquisas sobre os estudantes das faculdades de Tetras “Tendenra Mostrar que a parte do capital cultural que & a mais diretamente renlavel na vila escolar é consiitulda pelas informagées sobre o mundo Universiirio ¢ sobre 0 cursus, pela faciidade verbal ¢ pela cullura livre ackinivida nas experioncins extravescolares. ‘As desiquaklales de informacie so por demals evidentes ¢ conheci- das para que haja neeessidae ce recordé+las mais longamente. Conforme Paul Clerc, 15% das familias ce akmos dos C-E.G. (colégios de ensino geral chio reerntaniento & mais popular que @ dos Keeus) iqnoram 0 nome do 4.0 CLERC: “Nansen a Teetation selare a moment de Fantie on sin Le Shesile uaa carte, Ppl, Paes ano Mezco 1A. BT a4 @ Q Fceu mais préximo, atingindo essa taxa 36% entre as familias dos alunos da classe de fim de estudos primétios. O licey nao faz parte do uni concreto das {familias populares, ¢ & necesséria uma série continua d sucessos excepcionais ¢ conselhos do professor ou de alum membro.da farnilia para que se cogite de enviar paralé.a crianga. Ao contréro, ¢ todo tr capital de informagBes scbre o cursus, sobre a siqniicacéo das grandes fecalhes da quinta série, da sélima ou das classes terminais.do-ensino_ Secundario, sobre as carrelras futuras e sobre as orentagdes.que.normal- “mente conduzem a elas, sobre o funcionamento do sistema universitaio, Sobre a significagio das resultados, as-sangles.<.as.recompensas. ue 25 gas das classes cults investern em suas condutas excolares. ‘As eriangas oriundas dos metos mais favorecidos nao deve 20 seu meio somente os habitos e treinamento diretamente uillzaveis nas tarelas txcolares, 2a vantogem mais importante no éaqucla que retiam da ajuda deta que seus pals hes possam dar’. las herdam também saberes eum. avoir faire”), gostos ¢ um "bom gosto”, cuja rentabildade escolar & tanto maior quanto mals freqiientemente esses imponderaveis da atitude x50 dtrbuidos a0 dom. A cultura “livre”, condigSo implicita do éxito em certas ameiras escolares, é muito desiqualmente repartida entre os estudantes Lniversitérios origindrios das diferentes classes sociais e, a fortiori, entre fs de liceus ou 05 de colégios, pois as desiqualdades de selecio ¢ a aco homogeneizante da escola nao tizeram sen8o reduzir as dilerencas. O privilgio cultural toma-se patente quando se trata da famiiardade com bras de arte, 2 qual sO pode advir da freqdéncia regular 20 teatro, 20 ‘museu ou a concertos (lreqdéneia que no é organizada pela escola, ou 0 ‘eomente de manelraesporédica), Em todos os dominios da cultura, teatro, tmisica, pinlura, jazz, cinema, os conhecimentos dos estudantes sio tio mais ricos e exlensos quanto mais elovada & sua ofigem social. Mas @ particularmente notavel que a diferena enire os estudantes ortundos de rmeios diferentes seja tanto mais mercada quanto mais se afasta dos dominios diretamente controlados pela escola; par exemplo, quando se passa do tealro cléssico para o tealro de vanguarda ou para 0 teatro de boulevard, ou ainda, para a pintura que nio € diretamente objeto de ensino, ot para a rsiea léssica, 0 jazz ou o cinema, Se 0s exercicios de compreensio e de mano da lingua escolar no dleixam aparecer a relagio dicta, entre os resukadlos © a origem social dave s@ observa comuimente ein ‘outros dominios, ou se acontece, até ‘mesma, jue a relagSo parece inverter'se, isso nao deve levar & conclusio de que, nesse dominio, a desvaniagem seja menos importante ave em 5.17 CLERC dena gins exec eo po sabre ao de cies als Frese ote mes eevee cain pong ra horn sot sm aie esa on Bae live ete» elem dh tterongn dos poi #0 era de xo eee La oll «t [iesoton esa a esse eine fe, ps 63596) 45 outros. Ennecessario ter em mente que os estudantes de letras si 0 produto classes sociais enviam & quinta série partes tdo desiquais de suas criangas, de uma série continua de sclecdes segundo 0 proprio critério de aptidao: invocam-se, [reqiientemente, explicagées t4o vagas como ‘a vontade dos ppara 0 manejo da lingua, e que a super-selegéo dos estudantes oriundos pais”. Mas, de ato, pode-se ainda falar de “vontade” ,ando ser num sentido dos melos menos favorecidos vem compensar a desvantager inicial que metaférico, quando a investigagéo mostra que “de maneira geral, existe ever atmoslera cultural de seul meio. Com eleito, 0 Bxilo nos estudos ‘concordéneia plena entre a vontade das familias eas orientagées tomvndas”, literdrios estA muito estreitamente ligado & aptidio para o manejo da lingua ‘ou, melhor dizendo, na maior parte dos casos, as familias tem aspiracdes ‘escolar, que s6 é uma lingua materna para as criangas oriundas das classes pes ortutia ‘objetivas?” Em realidade, tudo se ‘alas. De todos os obstéiculos culturais, aqueles que se relacionam com 2 passacom ‘dos pais em face da cs ces feo. les jonas. alli fingua falada no meio familiar s60, sem duvids;os mais graves € 0s mals, ue se manifestam na decisSo de enviar seus fos a.um. instdiosas. sobrehido nos primeires anos da escolaidede, quando a com Shsino secundario ou de debclos na classe de fim de estudos primsrios, de preenséo.e.o manejo da lingua constituern.o.ponto de atengdo principal inscrevéos em um liceu (o que implica um projeto de. estudos longos, 20 tha avaliagdo.dos mesties..Mas a influéncia do meio lingiistico de origem menos até-6 haccalauréat) cu.em um colégio de ensino geral (0 que supse.a rido cessa jamais de se exercer, de um lado porque a riqueza, a fineza € 0 resignagio a estuos eurts, até os. certfcados. de.ensinoproisionel por estilo da expresso sempre serao considerados, implicita ou explicitamen- exemple) fossem, antes de tudo, a int a destino objetivamente te, consciente ou inconscientemente, em todos os niveis do cursus, e, ainda ‘deferminado ‘que em graus diversos, em todas as carreiras universitarias, até mesmo nas Gentficas. De oulro lado, porque a lingua no & um simples instrument, lembrado pel ia direla ou mediata e-nela estatistica intuiiva das ‘mais ou menos eficaz, mais ou inenos adequado, do pensamento mas des ou dos fo ein deren da sume ant ne Tomece = além de um vocabul _ou menos rico ~ uma sintaxe, isto indiretamente, pelas apreciacdes do_professor, que, ao desempenhar.o \ tema de categorias mais ou menos complexas, de maneira que @ papel de conselheiro. “conta, consciente-ou inconscientemente, 2 para o deci rnentS-€-a-Tumijlso de_estutures complexes, trigem social de scus alunos e corige, assim. sem sabé-lo e sem deseo, reales quer elles, pecs TungSo dela da compleiada-da aaa ae a ate Wm peogéslicnTundodo uncsretve na iruiura da lingua inicialmente falada no meio.farni ss sempre Screciavan dos resultados escolares. "Os objetivos das familias", escrevern fe do sus earactersticas A lingua adquirida na escols iniy Gard & I Ten Bastde, “epreduzom de alguma maneiraaestratilicagSo ‘A parte mis importante © mais ativa (escolarmente) da heranca “| socials tal como dla se enconta nos os divers Tips deen? Se ce i Tranibvos das chsses populares e médias fomnama realdade por seus deseos, cultural, quer se trate da cultura livre ou da lina, transmite:se de rat ésmética, mesmo naflta ce qualquer esforgo metédico e de qualquer a¢é manifesta, 0 que contibui pare reforgar, nos membros da classe cua, a conviego de que eles s6 devern aos seus dons esses conhecimentos, essas__| aptidées ¢ essa alitudes, que, desse modo, néo thes parecem resultar de\/ ) = uma aprendizagem, He hemos meios paras own, | 685. por os 17 | fern, uma impos AESCOLIIA DO DESTINO “As mesmnas condizoes objetivas que definer as atitudes dos pais ¢ dominam as escolhas importantes da carreira escolar regem também a ‘Asaluds das mutubuesdasdlisentes cases soca pals oucrangas sue das eriangas dianteclessas mesmas escolhas e, conseatientemente, ¢. nmulo pasticulaumente,asallides 3 respeilo da escola, da culfara escolar ‘Cs futuno Slerecilo peios estos sho, em grande parte, a expressio do sistema de valores implicitos.ou explicitos que cles-devem.a.stta_posigo 17.0 sean nite rxpete etre os ess onda pos pa ites do ti da sco pin. social. Para expliear como, em alde @nilo escolar, as diferentes SN a as gedeee contain pate 2 @ que, nesse terreno como em outros, as aspiracbes e as exigencias 50, delinidas, em sua forma ¢ contetddo, polas condigdes objetivas, que excluem. itodos estudos classicos SUSINSMTISGSSIC A antacid ober e hoger capt ptt SSUES Che Tes fii am dr severe espa psn, ete Malena) li cid no CEG ew rm ase defn de estos panics lg ce ‘usa sor eat atric de iho. Cle, ee, p- 655-65) 6. C1. P. BOURIMEL, J.C. PASSERON e M. de SAINT MARTIN, “Les dudiants ot nape \dewomnesant, hr Rapport pédngogiqve ct emnnnictin, Pos. LaHaye, Maulon, 1965 8. GIRARD o 1, BASTIDE, “La satiation scale tl dlmocratation de Fess” {Cahors du Cente de sosnnye europterne. 2) Prputaton. Dib hysteria de 1963. p. 443, 46 47 reniincia a enviar seus fillios a um estabelecimento secundatio, os pais podem invocar imediatamente apés 0 custo dos estudos (42 a 45%), 0 desejo da crianga de no prosseguir os estudos (16 a 26%)". Mais profundamente, porém, & ° jue estabclece que um fio de cpexatio tem duas chances em cem de clog a ensino superior - regulam seu comportamento cbjtivamente a sina jviduos de tia empirca di jelias_comuns 2 todos 05 stir categoria. Assim, compreende-se por que a pequena burguesia, classe de fansiao, adere mais fortemente aos valores escolares, pois a escola Ihe | Jefrece chances aus tsar oda ss expectalvs, confunindo Je [os valores do éxito social com os do prestgio cultural, Diferentemente dos rian oriundas das classes populares, que so duplamente prejudicadas no ue respeita a facilidacte de assimilar a cultura e a propensdo para adquiri-la, Pe eriongas das classes médias devem & sua fariia no sb os encorajamento fe exortacoes ao esforco escolar, mas também um ethos de ascenséo socal e| {ae aspiragao ao éxito na escola e pela escola, que thes penmite compensar a| | rivagao cultural com aaspiragao fervorosad aquisigdo de cultura. Trata'se, | 20 que parece. do mesmo ethos ascético de ascensBo social que constitu | © principio das condutas em matéria de fecundidade, bem como das | yo | | alitudes a respeito da escola de uma parte da classe média”: enquanto, | . fecundas, como nas dos assalariados agricola: Jitfiorese opetinios, as oportunkes de ingressar na sixiéme decres con nitida e requlannente a medida que as familias aun unidade, cssas_oportunidades_apresentam_uma_queda_brutal_para_as— entesorias menos fecundas (artesios e comercionies, empregados e qua- dios médios) nas familias de quatuo a. einco criangas (ou mais), isto & nas familias que se dstingem do conjunto do grupo por sua gfande fecundi- dade. Iso indica que, em ver de ver no numero de filhos a explicagio causal para a baixa brutal da taxa de escolaridade, & necessirio, talvez, “Supor que a vontade de limitoy o numero de naseimentos e a vontade de dar uma educagSo secundaria &s eriangas exprimem, nos sujeitos que as retinem, uma mesma disposigso ascética™” nas categorias sociais 9. P. CLERC, for ot,» 10.1. P. BOURDIEU € A. DARDEL nafs a, eas le Min rithm” in DARRAS, Le Portage det We tem emu L196. 11. Asc eee pe sda oie Groat eH Basle eres artesian sate, 8 prpergao bas een ican radios hemes. on toed lavas rere Tha ci ASS ora. 48 uma parte determina, pa escola, de aderir fealizar, porlanto, uma ir-as_oportunidades.de se_chogor & seus valores ou a suns-normas.¢-de neater éxito, de ascensio social ~ €ss0 por iniermédio-de espe. _Fancas subjetivas(partildas por todos os individuos definidos pelo mesmo Tuiuro objetivo e reforgadas pelos apelos 8 ordem.da gnupo), que-nia so. sendo as oportunidades objet te apreendlidas ¢ progress vamente interiorizadas"™ Seria necessério descrever a logica do processo de interiorizagdo a0 final do qual as oportunidades objetivas se encontram transformadas em angas ou desesperancas subjetivas. Essa dimenséo fundamental do ‘ethoPde classe, que a atitude com relacdo ao futuro, seria, com eleito, / “iiffa coisa além da interiorizag3o do futuro objetivo que se faz presente e Pijeue se impde progressivamente a todos os membros de uma mesma classe “ie attavés da experiéncia dos sucessos ¢ das derrotas? Os psicdlogos obser aleve vam que o nivel de aspiragao dos individuos se determina, em grande parte, em referéncia as probabilidades (intuitivamente estimadas através dos ‘sucessos ou das derrotas anteriores) de atingir o alvo visado: “Aquele que bvence’, escreve Lewin, “sla seu proximo ako um pouco (mas no muito) | acima de seu ilima éxito. Assim, ele cleva regularmente sett nivel de i aspiragao (..). Aquele que malogra, por outro lado, pode ter duas reacSes diferentes: ele pode situar o seu ah ito baixo, freqiientemente aquér de sou éxito passado (..), ou enti ja seu alvo acima de suas possildades ‘Vé-se, com clareza, que, segundo um processo circular, “um Tmoral baixo engendra uma perspectiva temporal ruim, que, por sua vvez, engendra tum moral ainda mais baixo; enquanto que um moral clevado 12, 0 presupotodate sama de expeagio pel prepa eam das opotnkddes jets © ‘tet strstr desentagre peretuse cotter eet Hon {Mstontogcnelenentecaperunetadse ru caret verti. di rc eee ‘econ ech oct. On tea sess is {ke gnomes cbs de oto, tras observes cntins, em sung socks © ‘Shams ncn sorts, endo a mst qr este una forte condscio ete as eetongas ‘Sjetnc cs opestnads tea equ eee a eter fete tes frvermbins nmastagin da jromerae F BOURDIEU, Trownlle omlens en Are, Tinie Menton, 1962. 2 pote. p- 3038, Rehowd A. CLOWARD Be Loyd. OHUN, [Detnqueney onl opportenity. 0 core of delisuant gangs, Neva York, Face Pras of Gene, 13, Caeee SCHRAG, “Delia sal eppormiy:anaiss of 2 Thy ‘Shebiuy ord Social Resear (1) pode 1962, p 175-176 15. fut IEW Tine ppt and Mor a Rezo Soc Confit as nk, 948,113, 49 (ey () do somente suscita alvos elevados, mas ainda tem oportunidades de eriar situagBes de progressos capazes de conduzir a um moral ainda melhor” Por outro lado, como se sabe que “os ideais e os atos do individuo dependem do grupo a0 qual ele pertence e dos fins e expectativas desse ‘erupo"", vé-se que a influéncia do grupo de pares ~ sempre relativamente homogeneo quanto a origem social, de vez que, por exemplo, a distribuicso: das eriangas entre os colégios técnicos e os liceus e, no interior destes, eenlre as secdes, é, muito estritamente, fungdo da classe social ~ vern redobrar, entre 0s desfavorecidos, a influéncia do meto familiar ¢ do Contexto social, que tendem a deseneorajar ambigbes percebidas como desmedidas e sempre mais ou menos suspeitas de renegar as origens. Assim, tudo concorre para conclamar aqueles que, como se dz, “no tem futuro”, a terem esperancas “razodveis”, ou, como diz Lewin, “realistas", out sea, muito freqilentemente, a renunciarem & esperanca. Ocapitalc harem, concorrem para defini as condutas escolares ¢ a alitudes diante da escola, que_constituem.o principio de climinacso_diferencial_das_criangas das diferentes classes fociais. Ainda que o éxito escolar, diretamente ligado ao capital cultural legado pelo meio familar, desermpenlie um papel na escolha da orientacéo, parece que 9 detenninante principal do prossequimento dos estudos seja alitude da familia a respeito da escola, ela mesma fungéo, como se vit, dos esperancas cbjetivas de éxito escolar encontradas em cada categoria social, Paul Clere mostrot que, ainda que a taxa de éxito escolar e a taxa dle entrada na quinta série clependam estreitamente da classe social, as desiqualdades das taxas de entrada nessa série so mais afetadas pela origem social do que pela desiqualdade de éxito escolar". De fato, isso significa que os obstaculos so cumulativos, pois as criangas das classes populares ¢ médias que obtém globalmente uma taxa de éxito mais fraca precisam ter um éxito mais forte para que sua familia e seus professores pensem em faz2 las prosseqir seus estudos. © mesmo mecanismo de Euperselegéo alua segundo o ctitério da idade: as criangas das classes camponesa e operéria, geralmente mais velhas do que as criangas de melos ‘mais favorecidos, sao mais fortemente eliminadas, com idade igual, do que as eriangas desses meios. Enfim, 0 principio geral que conduz a superse- Teco das criancas das classes popiilares e médias estabelece:se assim: as ‘criangas dessas classes sociais que, por falta de capital cultural, em menos portunidades que as oulras de demonstrar um exito excepcional devem, onludo, demonstrar tim éxito excepcional pata chegar a0 ensino secun dinio. ethos, a0 se con tbat 15 15. thd Mas 0 mecanismo de superselegao funciona tanto melhor quanto mais se se cleva na hierarquia dos estabelecimentes secundérios e, no interior estes, na hierarquia (cociakmente admitid) das seqdes: aqui ainda, com resulado igual, as criancas dos meios favorecidos vo muito mas freq: temente que as outras para os liceus e para as segBes cléssias desseslceus; dovendo as criancas de origem desfavorecida, na maioria das vezes, pagar por sua entrada na quinta série o preco de serem relegadas em um colégio dde ensino geral, encuanto aquelas criangas das classes abastadas que se veer impedidas de freqiientar o lieu, dado 0 seu resultado mediocre, ‘podem encontrar abrigo no ensino privado. | esse, ainda aqui, que as vantagens e desvantagens s8o curulativas, pelo fato de as escolhas inicials, escotha de estabelecimento e escolha de oqéo, definizem irreversivelmente os destinos escolares. E assim que uma pesquisa mostrou que os testtados obtidos pelos estudantes universitrios Ge letras em uin conjnto de exercicios destinados a medir a compreenséo fea manipulagdo da lingua, e em particular da lingua académica, eram Tungao direta to tipo de estabelecimento frequentado durante os estudos secindarios, bem como do conhecimento do grego e latim. As escolhas ‘operadas nd momento da entrada na quinta série selam, de uma vez por todas, os destnos escolares, convertendo a heranga cultural em passado escolar, De falo, essas escolhas que comprometem todo 0 futuro $80 tletuadas com referencia a imagens diferentes do futuro: 31% dos pais de ‘lunos do liceu desejam que seus filhos atinjam 0 ensino superior © 27% o baccalauréat, uma parte infma destina seus fhos a um brevet* técnico (4%) ou a0 B.EP.C. (28). Ao contrétio, 27% dos pais de alunos do CEG. desejam vé-bos bier o brevet téenico ou profisional, 15% 0 BEP.C,, 44% baccalauréat; 7% apenas esperam vé-losatingir 0 ensino superior” ‘Assim, as estatsticas globais que mostram um crescimento da taxa de escolarizagao secundaria dssimulam o fato de que as criangas das classes populares devern pagar seu acesso a esse nivel de ensino com um estreita enlo considerdvel do campo de suas possibidades de futuro. 1 NUT Nostra edcacional acts, 0 carlcad esearch apts 9 elzacSo de rolsonsante de 2 ana, feo em suds a0 1° el. 17, pntece, eotriein ua dls oil do diploma razoncinente scsi que os projles ‘Ws erm ce dtc edesce modo, a ates Fete & esol. Esa Uelengho ‘etd vor eset seyunio ae care secs exquanto pra ox metros dos eats incre ds aes mitios © borslurde! parece ser peeeb, aris hae. com 0 te ‘onal dos estas = po en eft de na ctrl ep als de ergo, mas on, ‘Send, pec cxenpregndor ect ques st, mais ie todo os ontron, si ‘Scape: a elcien deen vem 8 asconso social ee apaece cada Versi 20% SE.Aee oredr cases mdi i cwer superiors como tra espe de ame de ‘Sumi prea cino sper. ss represeiacto do curs pders expen porta ir de ‘Snprepaios ¢ de quntor moe rermcom, en proporcoes particle sos, 8 ‘Sssequr cos she alm do Bocsluréa 51 ( 20 Jato de que-a selaciio que eles sofrem é desiqualmente severa, “e-qve 25 vanlagens-ou-desvaniagens sociais 650 convertidas progressiva- mente em vaniogens« desvanlagers Scolar pelo jogo das oveniagbes Tinllsincia desta lima Se acho compensadora quea escola exerce nas tmatérias diretamente ensinadas explca, 20 menos parcialmente, que & Vantager dos estudantes oriundos das classes superioes soja tanto mats Imareada quanto mais se se afasta dos dominios culturais diretamente tnsinados 'e totalmente conitrolados pela escola, somente o efeito de Compensacao ligado 8 superselecéo pode explicar que, para um compor- tamento como 0 us0 da lingua escolar, as diferengas tendam a se atenuar tno maximo © mesmo a se inverter, pois que os estudantes altamente Selecionados das classes populares obtém, nesse dominio, resultados tequivalentes dqueles dos estudantes das classes altas, menos fortemente Sclecionados, ¢ superiores aqueles dos estudantes das classes médias, igualmente desfavorecidos pela atmosfera lingitstica de suas famias, mas menos foxtemente selecionados". Da mesma forma, 0 conjunto de caracy fevisticas da carve escola, as segies ou os estabelecimentos, so indicios dda influencia diveta do meio familar, que ees traduzem na logica propria~ tnente escolar: por exemplo, se, no estado atual das tradig&es e das téenicas ppedogogicas, um maior dominio da lingua ainda € encontrado entre os tstudantes de letras que optaram, em seus estudos secundéos, pela seco dle linquas antigas, & que a formacéo clissica é a metlacao pela qual se sxprimem ¢ se exercem outras infligncias, como a informagio dos pais Sobre as seqies ¢ a8 carreras, © sticesso nas primeiras etapas do cursus, fou, ainda, a vantagem consttuida pela entrada nos ramos de ensino em {que o sistema recnhece a sua ete. Procurando recobrar alégica segundo ar qual se opera transiutagao da h diferentes stuagoes de classe, observar-se-4 que a escolha da seco ou do testabelecimento e os resillads obtidos nos primeiros anos da escoleridade “Secunia oles propos ligados a essas escolhas) condicionam a utlizago {ques erimcas dos dferentes mncios podem fazer de sua heranga, positva “nt negativa, Sem davida, seri imprudente pretender isola, no sistema de fatores detenninantes ea fortior, tin fator predominate. Mas, se 0 &xito no nivel mais alto do cursus prenmumece muito fextenmente liga a0 passado escolar mals longinguo, Ths qque se salir qe escoiss procoees eomprometem muito fortemente a oportunidaces de ating tol ott fal raie do ensino superiar @ a nolo Inanfar. Fin sintese, as canto so jaqaiae muito cedo. nga social em heranga escolar nas relagdes que sia as carreitas escobi 18,61. HOURDICU, 1.6 PASSERON e M, de SAINEARTIN, oe. elt Poa rad completa reeves iqectdeet arts elo exponen sua gs eb re vty peas welgcn gents ete atone da inp Iint senpl complete © Exo em cates dani sj no aces heat boson Cockatiel por exc 9 mate, e © FUNCIONAMENTO DA ESCOLA E SUA FUNGAO DE ‘CONSERVACAO SOCIAL Concordar-se facimente, e talvez até facimente demais, com tudo 0 ‘que precede. Mas restringlr-e a isso signifcaria abdicarrnos de nos intenrogar sobre a responsabilidade da escola na perpettagao das desiqualdades socials. Se essa questéo @ raramente colocada, € porque a Kleologia jacobin que inspira a mator parte das crticas dirgidds 20 sistema umiversitrio evita levar ‘em conta realmente as desiqualdades frente a sistema escolar, em virtuxle do apego‘a uma definicbo social de oqiidade nas oportunidades de escolariza¢éo. (ra, se considerarmos seriamente as desiqualdades socialmente condiciona- das diante da escola e da cultura, somos obrigados a conclir que a equidade formal & qual obedece todo o sistema escolar ¢injusta de fato, e que, em toda sociedade onde se procamam ideais democrats, ela protege melhor os priuigios do que a transmissao aberta dos privilégios. Com efcito, para que sejam favorecidos os mais favorecidos e desta vorecidas os mais desfavorecidos, @ necessério e suficiente que a escola ignore, no dmbito dos contetidos do ensino que transmite, dos métoclos técnicas de transmissio e dos critérios de avaliacéo, as desiqualdades calturais entre as criangas das diferentes classes sociais. Em outras palavras, tratando todos os educandos, por,mais desiguais que sejam cles de fato, ‘como iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é levado a dar sua ‘angio as desigualdades inicais diante da cultura, A igualdade formal que pauta a pritica pedagéaica serve como miricara « justfcacSo para a indiferenca no que diz respeito és desiaualdade ‘ale do ensino eda cultura transmitida, ou, melhor dizendo, exigida. Assim, por exemnpi6, a "peagoaia” que € uillzada no ensino secundaio ou superior aparece: objelivamente como uma pedagogia “para 0 despertar”, como diz Weber, visando a despertar os “dons adormecidos em alguns individuos ‘excepcionais, através de téenicas encantatérias, tais como a proeza verbal dos ‘meats, em oposigSo a uma pedagogiaracional e universal, que, partinclo do zero e niio considerando como dado © que apenas alguns herdaramn, se | cbrigaria a tudo em favor de todos e se organizaria metodicamente em ‘referencia ao fim explicito de dar a todos os metos de adauirir aquilo que no @ dado, sob a aparéncia do ddom natural, sendo &s criangas das classes prvilegiadas. Mas o flo & que a tradligéo pedagbaica sb se drige, por tis das | idzias inquestiondveis de iqualdade e de universalidade, aos exlucandos ate | estéo no caso particular de deter uma heranga cultural, de acordo com at xigericive culturais da escola, NSo somente ele exchii as interrogacies sobre os meios nai eficazes de transmitir a todos os conhecimentos as habilidades que a escola exige de todos e que as diferentes classes socials s6 transmitem de forma desigual, mas ea tende ainda a desvalorizar como, “primyirias” (com 0 duplo sentido de primitives e vulgares) e, paracloxal mente, como “escolares”, as ages pedagogicas voltadas para tais fins, 53 = Nio @ por acaso que 0 ensino primério superior, quando concortia ‘com 0 liceu cléssico, constituia um mundo menos estranho do que o liceu para as criangas oriundas das classes populares, atraindo, assim, odespre- 20 das elites, precisamente porque era mais explicito e metodicamente ‘escolar. Séo também duas concepgées de cultura que, sob interesses comporatives, se exprimem ainda hoje nos contlitos entre os mestres ‘pravenientes do ensino primério ¢ os professores tradicional das escolas secundarias’”. Seria preciso que se indagasse também sobre as fungdes que ‘exerce junto aos professores e membros das classes cultivadas o horror Stgrado a “bacholage”*, em oposigSo a cultura geral. O "bachotage" no 0 mal absoluto, quando consiste tio-somente em reconhecer que se prepara os alunos para o baccalauréat, e determins:los, por isso mesmo, ‘a reconhecer que eles estéo se preparando para o “bachot”. A desvalori- zngio das léenicas ndo € senfo o reverso da exallagio da proeza intelectual, ‘a qual tem afinidade estrutural com as valores dos grupos privilegiados do pponto de vista cultural. Os detentores estatutérios das "boas maneiras” tela sempre inelinados a desvaloizar como laboriozas ¢ laboriosamente ‘nine qualidavles que nao valetn senso sob as aparéncias do inato. Produtos de um sistema voltado para a transmissio de uma cultura aristocrética em seu conteado ¢ espitito, os educadores inclinam-se a dlesposar os seus valores, com mais ardor talvez porque the deve o sucesso universitirioe social. Alem do mais, como néo integrariam, mesmo sobretudo sem que disso tenham consciéncia, os valores de seu meio de xigem ou de pertencimento 8s suas maneiras de julgar e de ensinar? Assim, no ensino superior, os estudantes originarios das classes populares fe rédias serao julgados sequndo a escala de valores das classes privilogia- dias, que numerosos educadores devem a sua origem social e que assumem de bom giao, sobretuilo se o seu pertencimento a elite datar de sua ascens3o a0 magistério. Da-se uma inversao dos valores ~ a qual, através. dde uma mmudanga de signo, transforma o sério em espirto de sério ea valorizagao do esforco em uma mesquinharia indigente e laboriosa, suspei- ta de compensar a ausencia de dons ~ a partir do momento em que o cethos pesueno buraués ¢ julgado segundo © ponto de vista do ethos da tite, ou sea, aferido pelo diletantisine do homem culto ¢ bem nascido. De ‘modo oposto, 0 diletantismo que os estudantes das classes favorecilas. exprimem em varias condutas eo préprioesilo de sus relagGes com uma, cara que cles n jamais totalmente & escola, respondem as 19, Ver neste mean imo, 0 aig de V-ISAMBERTSJAMATI. "La rig une nstton shchaeclate esate de es 36 ST: Por “Ivchoge entendese tala prepsrgio sudecho!valis viendo meomente 8 lptoviginetn nares econcwsos elt, sn geval deen expats pric Opes orion, oo tts sca desntersed, O tomo derka de "bachote, que, em Mencia sonia pnt pablo eo acealuat 54 expectativas, freqentemente inconscientes, dos mestres e, mais ainda, 8s ‘exigéncias objetivamente inscritas na instituigSo. No hi indicio algum de ppertencimento social, nem mesmo a postura corporal ou a indumentéria, ‘© estilo de expresso ol o soiaque, que néo sejam objeto de “pequenas percepgbes” de classe e que no coniribuam para orientar ~ mais froqlente- ‘manle.de maneir Inconsclente = 0 julgamento dos mestres™..O professor Que, 20 julgar aparentemente “dons inatos”, mede, pelos enitérios doe aie 5 inspiradas por um ethos ascético do trabalho ‘executado laboriosa edifcmente, o " n as.eriangas: 5 das cas 0 estilo, o bon-gosto, o talento, em sintese, essas. ‘atitudes e aptidoes que sb parecem naturais e naturalmente exigiveis dos membros da dlasse cultivada, porque constituem a “cultura” (no sentido ‘empregaclo pelos etndlogos) dessa classe. Nao recebendo de suas familias nada que thes possa servir cin sua atividade escolar, a nao ser uma especie: de boa vontade cultural vazia, 0s filhos das classes médias so forcados a tudo esperar e a tudo receber da escola, sujetos, ainda por cima, a ser repreendidos pela escola por suas condutas por demais ‘escolares’ uma cultura aristocrtica e’sobretudo uma relagdo aristocrética com ‘essa cultura, que © sistema de ensino transmite e exige” . Isso nunca fica ‘ao claro quanto ns Telagbes que os piolessores mantém com linguagem. Pendendo entre um uso carismatico da palavra como encantamento destinado a colocar 0 aluno em condigées de “receber a graca” € um uso tradicional da linguagem universitéria como veiculo consagrado «le uma | cot tose de que existe, entre © ensinante e o ensinad, 2, uma 20. to meso rel pe os enios eos professes pris, mpregandos de lones das Svcs a epee nepal prov ela vez ras, fem desc ata eee cts echragio rica de ever em alle ela polos © 21, No cent dh defini stk de ultra el sm a sting etre cntil> sera ule sae bn lead) on, 2 ae qr. 0 vant 60 sete eta de ogo com a era que provem presente do moo de se ‘Bes cura Area que wn indi marten com as bras da cui 9 bibs tebe se sins experince cata) porto, make ov mos Tel” nt” tra Tiana, "thar hamca “ta segundo a cogs ae nse sc ‘cess yeeenge eset na loa vores Us expres “hid {ltl nse conamatnh ue a aprenetzagan esclr no poder jaa rece cole ene eae sasim, qu ela ele na rl com eta a0 varie eso be "Wise mate arose fede eo, 9 excl osoece os ais Inver 55 Q eh Manda com sus propo hss Faced come so linguagem do ensit leita de alusdes e cumplicidade, fosse natural aos sujeitos: “inteligentes” e “dotados", os educadores podern-se poupar 0 trabalho de contr tcnkomenie se man a con dela tem os estudantes. Eles podem também ‘experienciar, como estrita- SRerle oquanimes, as avaliagdes escolares que consagram, de fato, © priilagio cultural. Com eleto, como a linguagem & a parte mals inatingivel ora mais atuante da heranca cultural, porque, enquanto sintaxe, ela fomnece tim sistema de posturas menteis transferiveis, solidarias com valores que tlominam toda a experiancia, e como, por outro lado, a linguagem Universitaria & muito desiqualmente distante da lingua efetivamente falada plas diferentes classes sociais, no: cobs direitos e dleveres f asitaria-e frent universitéri Ta Fingua, sem se condenar a creditar ao dom um ‘Gesiguallodes que 580, antes de tudo, desigualdades socials. Alem de um Teo de umn sintixe, cada indwiduo herda, de seu meio, uma certa rafts le em relagao 3s palavras e a0 seu Uso que o prepara mais ou menos para os jogos escolares, que so sempre, em parte, na tradiglo francesa ide ensino lteraria, jogo de palavras. [Essa ligngi com as pahwias, reverencial ou livre, atiicial ou familiar, sébyia ou inlemperante, rio é nunca to manifesta quanto nas provas ores, has quats os professores, consciente ou ineonscientemente, dferenciam a fncildade “natural”, consttuida da facitidade de expresso ¢ de desenvol- tura elegante, da destreza “forgada’,freqiiente nos estudantes das classes poplilares e médias, © que trai o esforgo para se conformar (@ custa de veonancias e «le um certo tom artificial) &s normas do discurso universi- tinio, Essa folsa destreza, cm que desponta a ansiedade de se impor, deixa transpareeer por demais sua fungao de autovalorizacio, para nao ser fuspeita de vulgutidade interessada. Em sintese, a “certitudo sul” dos professores, que nao se exprine nunca to bem quanto no prestigio do Piso magitra, almenta-se de um “etnocentrismo de classe”, que autoriza {onto um uso determinado da linguagem professoral quanto certa atitude fem relagio ans usos que os educandos fazersda finguagem e, em particular, dda linguingem professoral implicit dlagdes com a linguagern ¢ todo 0. sees cullas conferern a0 saber ervehito ¢ & instituigio reartegada de perpetu fo ¢ ransmnit-fo, S80 as fungdes tenes que essas classes atribue fiuigao escolar, saber, organizar o eulto de wma Cultura que pode ser proposta a todos, porque esta reservada de fato 205 membros «las classes as quais ela pertence. E a hieraiquia dos valores intelectuais que di aos manipuladores prestigiosos de palavras e idéias superioridadle sobre os humildes servidores das técnicas. E, enfim, a logica propria de um sistema que tem por fungBo objetiva conservar os valores ‘que fundamentam a otdem social 56. Mais profundamente: & porque o ensino tradicional se dirige objetiva mente aquieles que deve ao sett meio 0 capital linglistico ¢ cultural que tle exige objetivamente & que esse ensino pode permitir sendo explicitar ‘suas exigencias e no se obrigar a dar a todos os meios de satisfazé-las. A moda de um direto consuetudinario, a tradigéo universitria preve apenas infragoas e sangBes particuares, sem jamais explicitar os principios que as fundamentam. A verdade de um tal sistema deve ser, ent, encontrada nas suas exigencias implicitas e no caréter implicit de suas exigencias. Assim, tomando-se 0 exemplo do exame, percebe-se evidentemente que, quanto mais 28 provas escitas propostas se aproximam de um exercicio retérico mais tradicional, mais favorével 8 exibicio de qualidades imponderéves, tanto no tetilo quanto na sintaxe do pensarento ou nos conhecimentos moblizados, 2 “discertatio de omni re scbil” que domina os grandes concursos lterarios {e que ainda desempenha um papel importante nos concursos cientilicos), mas elas maream as diferencas existentes entre os candidatos de diferentes crigens sociais. Segundo a mesma logica, os “herdeiros® so mais favore tedos nos exames orais do que nos escritos, principalmente quando © fexame oralse toma explicitamente aquilo que ele sempre éimplictamente, f saber, o teste das maneiras cultvadas e distintas™. Nota-se, evidentemente, que um sistema de ensino comp csiesi.pade funciona perfeitamente enquant® sé lunile-a-roerutar2 _ objetivamente, ou seja, e i fotados de capital cultural Te da aptidio para fazer frut ue ele pressupoe ‘consagra, sem exighlo explici illo. metodicamente. Tinica prova de que ele possa realmente se ressentir no &, como se ve, ‘ado nimero, mas a da qualidade dos educandos. O ensino de massa, do ‘qual se fala tanto hoje em dia, opde-se, a0 mesmo tempo, tanto ao ensino reservado a um pequeno niimero de herdeiros da cultura exigila pela ‘escola, quanto ao ensino reservado a um pequeno nimero de individuos quaisquer. De fato, o sistema de ensino pode acolher um nimero de ‘educandos cada vez maior - como jé ocorreu na primeira metade do século XX - sem ter que se transformar profundamente, desde que os recém-che- ‘gadlos sejam também portadores das aptidées socialmente adquitidas que a escola exige tradicionaknente, Ao contrario, ele est condenado 1 una crise, percebida por exemplo como de “queda de nivel”, quando recebe tum nimero cada vez maior de eduicandos que nao dominain mais, no mesmo grau que seus predecessores, a heranga cultural de sua classe social (como acontece quando as taxas de escolarlzagiv secundaria e superior 120 reste den rofesores en ego "doce" INT: Ete emo desi, gm ns ‘Ses Seteniico da ones do ast do corset] ernie abl. on roc ‘SER in ackonter on proms de os prota dln desperate cha) aera iratanae no memo ethos aitonstanda reas de pedagogy ste Tae tawe am Av gnocaten a Joven do ua do igo teers. Ga) 8 dk seus proprios herdeiros. Fazendo como se a linguagem do ensino, lingua Teita de alusdes € ‘cumplicidade, fosse natural aos sujeitos “inteligentes” e “dotados", os exducadores podern-se poupar o trabalho de cots tesimente 4 mange ea can es Tém os estudantes. Eles podem também experienciar, como -estrita- Fetle oquinimes, as avaliagdes escolares que consagram, de fato, 0 privilagio cultural. Com eleito, como a linguager & a parte mais inatingivel ea mais atuante da herana cultural, porque, enquanto sintaxe, ela fomnece tim sistema de posturas mentais transferiveis, solidérias com valores que tlominam toda a experiéncia, e como, por outro lado, a linguagem Universitaria & muito desiqualmente distante da lingua efetivamente falada plas diferentes classes sociais, no: et direitos e dleveres f asitavia e {rents universitéri, 7 Tingua, sem se condenar a cteditar ao dom um. fziguallodes que so, antes de tudo, desigualdades socias. Alem de um Tee o de ima tintnxe, cada indwviduo herda, de seu meio, uma certa dat le em relagao 3s palavras e a0 seu Uso que o prepara mais ou menos para os jogos escolares, qe si0 de ensino lveraria, jogo de palavras. pre, em parte, na tradigio francesa Essa ligagio com as pak Jal ou livre, atifictal ou familiar, sébyia ou intemperante, no é nunca tio manifesta quanto nas provas ores, has quats os professores, consciente ou ineonscientemente, diferenciam a Tncilade “natural”, consttuida da facilidade de expresso ¢ de desenvol- tura elegante, da destreza "forgada’,freqiiente nos estudantes das classes poplares e médias, © que trai o esforgo para se conformar (8 custa de veeonancias ¢ «le um certo torn artificial) &s normas do discurso universi- nie, Essa folsa destreza, cm que desponta a ansiedade de se impor, debxa transparecer por demais sua fungio de autovalorizacio, para nao set fuspelta de vulgatidade interessada. Em sintese, a “certitudo sul” dos professores, que nao se exprine nunca to bem quanto no prestigio do Purse magistral, alimenta-se de um “etnocentrismo de classe”, que autoriza {onto um uso determinado da linguagem professoral quanto certa atitude fem relagio ans usos que os educandos fazer da finguagem e, em particular, dda linguingem professoral sas velagies com a linguagem é todo. 0 n a0 saber erucito e & instituigo Assim, a quie esta inplici significaclo Ge as classes cultas confere ian regada de perpetuss fo transmit: 1o. S80 as fungdes Iatentes que essas classes atribui fMuHgaG escolar, saber, organizar o euito de wma uilura que pode ser proposta a todos, porque esta reservada de fato 205 tnembros cas classes 4s quais ela pertence. E a hierarquia dos valores intelectuais que di aos manipuladores prestigiosos de palavras e idéias superionidacle sobre os humildes servidores das técnicas. E, enfim, a logica propria de un sistema que tem por fungBo objetiva conservar os valores que fundamentam a otdem social 56. Mais profundamente: & porque 0 ensino tradicional se dirige objtiva- mente agueles que devem ao seu melo 0 capital linglistico ¢ cultural que tle exige objethvamente é que esse ensino pode permitr senso explictar ‘suas exigencias e no se obrigar a dar a todos os meios de satisfazélas. A moda de um diteto consuetudinéro, a tradiedo universitria prev apenas infragdes e sangdes particulares, sem jamais explcitar os principios que as findsmentam. A vertade de um tal sstema deve ser, ent5o, encontrada nas suas exigencas implitas e no caréter implcto de suas exigéncias, Assim, tomando-se 0 exemplo do exame, percebe-se evidentemente que, quanto mis as provas escritas propostas se aproximam de um exerccio retrico mais. tradicional, mais favoravel 8 exbicao de qualidades imponderéveis, tanto no tectlo quanto na sintaxe do pensamento ou nos conhecimentos mobilzados, @ “dssertatio de omni re sci” que domina os grandes concursosliterérios {eque ainda desempenha um papel importante nos concursos cientiicos), mals elas maream as cliferencas existentes entre os candidatos deciferentes brigens sociais. Segundo a mesma légica, 0s “herdeiros” sio mais favore Cidos nos exames otais do que nos escrites, principalmente. quando 0 cxame oral se toma explicitamente aquilo que ele sempre é implcitamente, ‘saber, 0 teste das maneiras cultvadas e distintas™. Nota-se, evidentemente, que um sistema de ensine comacste siinade funcionar perfetamente enguanta se limite a-rooritaro-a selec {unconer pelea ee ce he moa Djetivamente, ou se i folados de capital cultural (e da aptidao para fazer fruti yu ele pressupoe € consagra, sem exigilo explicl iinla melodicamente Tinics-prava de que ele possa realmente se ressentir no é, como se ve, ‘a do nlimero, mas a da qualidade dos educandos. O ensino de massa, do ‘qual se fala tanto hoje em dia, opde-se, ao mesmo tempo, tanto a0 ensino: reservado a um pequeno nimero de herdeiros da cultura ‘exigida pela ‘escola, quanto a0 ensino reservado a um pequeno niémero de indviduos quaisquer. De fato, 0 sistema de ensino pode acolher um nimero de “ducandos cada vez maior ~ como jé ocorreu na primeira metade do século XX - sem ter que se transformar profundamente, desde que os recém-che- Ggulos scjam também portacores des aptidées socialmente acuiridas que ‘a escula exige tradicionalmente. Ao contrario, ele esti condenado uma crise, pereebida por exemplo como de “queda de nivel", quando recebe tim nimero cada ver maior de edueandos que no dorninamn mais, no {nests gra que seus predecessores, aheranga cultural de sua classe social {como acontece quando as taxas de escolarizagSu secundéria © suerior 20 resto de profesor en eho “doce” [NT Et emo dost, em ns 2 ‘Sis Siteniico da ones do ast do conse] ernie al. on roc ta SG Pia acknter on roms os pote ndledon ue espera ques cha) eee Setiatemane mo memo ethos aetogsten dares de peingag. ovine ‘Gano erecrreum it ance na deinen do tual do argo tees. ) das classes tradicionalmente escolarizadas crescem continuamente, caindo @ taxa de selecdo paralelamente), ou que, procedendo de classes sociais Culturalmente desfavorecidas, sio desprovidos de qualquer heranca cultu- ansformagdes por que passa atualmenteo si n compreende que elas nfo loquem no essencial que se-questione 0. co nos pon de-udomoa-bom sae Oat Lene Freaorce + educandos, a especilicilade do sistema escolar tradicional € feseuTunek ‘erdade ques democratizagao do acesso & qui Shie consilluira, sem divida, uma prova decisiva, capaz de impor uma translornagio profunda ao ftncionamento do sistema de ensino no que tle tem de mais especifico, se a segregnca0 das eriangas, segundo a hierarquia dos tipos de estabelecimentos e das segdes (dos colégios de fensino geral ou de ensino tecnico as seces cléssicas dos liceus), nao fomecesse ao sistema uma protecio de acordo com a logica do sistema: as ctiangas das classes poptlares que no empregam na atividade escolar em a boa vontade cultural das criangas das classes médias nem o capital Cultural cas classes superiores relugiannrse numa espécie de atitude negar tive, que desconcerta os etlucadlores e se exprime em formas de desordem ile entso desconhecidas. Evidentemente que, nesse caso, @ suficiente Jaissertaire” para que atuem com a maior brutalidade os “handicaps cultures, e para que tudo retome & ordem. Para responder verdadeiramen fea exse desalio, o sistema escolar deveria dotar-se dos meios para realizar} Umm empreendimento sistensitico e qeneralizadlo de aculturagéo, do qual ‘e porte preseindir quianxlo se ditige ais classes mais favorecidas’ Seria, pois, ingénuo esperar que, do funcionamento de um sistema que define cle proprio sew recrutamento (impondo exigéncias tanto mais licazes talve2, quanto mnais implicitos), surgissem as contradigbes capazes de deterininar uma transformacao profunda na logica segundo @ qual funciona esse sistema, e de impedir a instituigao encarregada da conserva cio e da hamamnissioy da cultra legitima de exercer suas fungdes de Conservagae social. Ao alibuir a luos esperancas de vida escolar Cciritamente dimensionadas pela sua posicgo na hierarquia social, € foperando uma selecdo que ~ sob as aparéncias da equidade formal ~ Eanciona e consagra as clesigualdades reais, a escola contribul_ para perpetuar as desigualdades, ao mesino tempo em que as legitima, Conte: 23. pose dha ceva pee inp nannies ders? Paes conesber ae as ae ie ol stare so sus utes dquo coneraed eae creentmartn dp enone sean ewlzetalo do esa sperer, Cam leo, oe garen dcr ese ist acon onal par reli ep ness dasa okra anc er sca & mi x de Me NET sa lon tan enreimenio de sete, 58 Talrettamente Tgado a0 sou Testing esca quea.socieds ‘sclonalizal —@ sua Tatureza individual e & sya falta de dons. O sucesso ‘Breepclonal Te alguns individuos qu Sic areaparn so deste cae ds uma aparéncia de legitimidade a selego escolar, e dé crédito a0 mito da escola Iibertadora junto aqueles proprios individuos que ela eliminou, fazendo crer ‘que o sucesso é uma simples questo de trabalho e de dons. Enfim, aqueles: que a escola "libero", mestres ou professores, colocam sua fé na escola libertadora a servigo da escola conservadora, que deve ao mito da escola Iibertadora uma parte de seu poder de conservagéo. Assim, o sistema escolar pode. por sua logica propria, servir & perpetuacso dos privilagios cailturais sem que os privilegiados tenham de se servir dele. Conferindo as deigualdados cutis ime santo {ormalmente_confonmieas_ Heals fomocrAticas, ele fomece a HTCINGF jistficativa para essas desigualdades. A ESCOLA EA PRATICA CULTURAL Porque um fenémeno de moda intelectual leva a reconhecer ers todo lugor 08 sinais de ima homogeneizacao da sociedade, numerosos autores pretendem que as distinc culturais entre as classes tendem a se recht. Contra as mitologias da homogeneizagao cultural que (entre outras coisas, fe sem que se precise jamais a parte que cabe a um ou a outro fator) © cenfrnqueciniento das diferencas econémicas e das barreiras de classe. por tum lado, e a agio dos melos modemos de comunicagio, por outro, determinariam, a pesquisa cientifica mostra que o acesso as obras culturais ‘permanece como privilégio das classes cultivadas, Assim, por exemplo, a freqiiéncia a museus (que - como se sabe - esta fortemente ligada a todos (05 outros tipos de praticas cultura, assisténcia a concertos ou freqiiéncia 2a teatros) depende estreitamente do nivel de instrugio: 9% dos visitantes ‘80 desprovides de qualquer diploma; 11% séo titulares do CEP... 17% do CAP. ou do BE.P.C,, 31% séu bacheliers ¢ 21% so licenci's*, 0 “17 fea rnd den wi eet do tombe 59 {que significa que os visitantes com 0 baccalauréat ou um diploma mais Slevedo constituem mais da metade do publico total. ‘A existéncia de uma ligagSo t5o forte entre a instrusdo e a freqiiéncia ‘a museus mostra que 6 a escola pode criar (ou desenvolver, segundo 0 ao) 8 aspiragso & cultura, mesmo & cultura menos escolar”. Falar de cRecessidades culturais", sem lembrar que elas s80, diferentemente das cecessidades primarias”, produtos da educagéo, é, com efeito, © melhor nolo de dissimular (mais uma vez recorrendo:se & ideologia do dom) ave ye lesiguilares frente as obras da cultura erudita no so senbo um porta e un eleito dae desiqualdades frente & escola, que cra a necesst vpeleeuifural ao mesmo tempo em que da e define os meios de satistazé-la [A privacio en mataria de cultura nio & necessariamente pereebida coma tal. sendo 6 aumento da privagiie acompanhado, a0 contratio, de im enfraquecinento da consciéneia da privagéo. O privilégio tem, pots, fader os sinais exteriores da legitimidade: nada & mais acessivel que 05 nkipeus, es obstaculos econdmicos, cuja agio se deixa pereeber em vntios dominios, =30 aqui menores, de modo que parece terse mals fandomento, aqti, para invocar a desiqualdade natural das necessidades ccultinois, © carater autodestnitivo dessa ideologia é 180 evidente quanto sun funedo justificadora, Verilica-se, mais uma vez, qite as vantagens ¢ desvantagens $80 ccummulativas, Assim, s30 0s mesmos individuos que lém oportunidades mais umenosas, mais duradouras e mais extensas de freqtientar os museus, Por veaside de gros luriticos. as que so também dotados da cultura, sem a {qual ac viagens turisticas nao enriquecem em nada (ou somente por acaso fe sem maiores conseqilencias) a pratica cultural Da mesma maneira, como se procurou mostrar nas andlises preceden: fos, os individhion que tem un nivel de instrugsio mais etevado tém as: Tnaiores chances de ter cresckdo num meio culto, Ora, nesse dorninio, © papel das ineitacdeseitisas propiciadas pelo meio familar ¢ partcularmen pevielenninantc: miaioria dos visitantes faz sua primeira visita ao museu antes da idade de quinze anos e a parte relativa das visitas precoces cresce, jegularmente, 8 medida que se se eleva na hierarquia soci 28,0 pate ta wan qnsnt canna 6 oc. vn cn 2 2 a nde cue a esc peed 82% pra rae ace mmbecs depos Maas.» 748 pro erecas 73 pan eyo panes prires Cl Pena GHETTA. Le nes mad ot (aed Exponn e fa o fque 21 december de 1964. p30. be ite age “iste cons entwa Dir asp ll 0 dos cuonnaieseonamics evox que as deter Pisce em demucor sus comes rable de o x Se.a agio indireta da escola (produtora dessa disposizdo geral diante de | todo tipo de bem cultural que define a aude “culta’) determinante, a a¢S0 | deta, soba forma do ensinoartisico ou ds diferentes ipos de nckacéo & | pratica (vistas organizades, etc), permanecefraca: deixando de dara todos, Prravés de uma educacso metédica, aqulo que alguns devem a0 seu meio | familiar, a escola sanciona, portanto, aquelas desiqualdades que somente cla ppoderia reduzir. Com eflto, somente uma institulcSo cuja func 2 fosse transmitir 20 maior numero possivel de pes Se as desiqualdades nfo so jamais téo acentuadas quanto obras de cullura envdita, elas permanecem, todavia, muito fortes nas Draticns culturais que uma certa deologia apresenta como mals universafs, Porque mais largamente acessiveis. Por exemplo, as enquétes sobre a redioncia radiolénica mostram que a posse de aparelhos de radio e Televisao & muito desigual entre os diferentes meios socias; ¢ intimeros indicios permitem inferr que as desiqualdades se refletem néo somente na feecolha dos programas vistos ou ouvides (escolha que depende estreita: frente do nivel de instrucso, tanto quanto a frequéncia a museus ou a Concertos), mas também, e sobretudo, no tipo de atengéo dedicada, Sube-se, com efeito, para usar a linguagem da teoria da comunicagéo. ue 3 recepeso adequada de uma mensagem supde uma adequacio entre as aptidbes do receptor (aquilo que chamainos grosseiramente de sua cultura) era natureza mais ou menos original, mais ou menos redundante, da ensagem. Essa adequacao pode, evidenterente, realizar'se em todos os hivels, mas é iqualmente evidente que 0 conteido informativo ¢ estético da mensagem efetivamente recebida tem tanto mais chances de ser mais, pobre. quanto a “cultura” do receptor for ela propria mais pobre. Coino toda mensagem é objeto de uma recepgao diferencia. seginido as caracteristicas sociais ¢ culturais do receptor, no se pode alitmar que 3 hhomogeneizacso das mensagens emitidas leve a uma homogeneizacio das mensagens recebidas, e, menos ainda, a um homogeneizagao «los receplores. E preciso denunciar a ficgSo segundo a qual “os meios de Conmnicagao de massa” seriam capazes de homogeneizar os gnipos ‘Sociais, transmitindo uma “cultura de massa” idéntica para todos e ilentt- camente percebida por todos, F preciso, também, par em diva a eficdcia de todas as teenicas de acdo cultural direta, desde os Centrus Culturais* até o¢ empreendimentos de educacao popular. Quer esteja apoiado num museu, como no Havre, Gurmim teatro, como em Caen, o Centro Cultural atraiu ¢ reagrupen = ¢ SNOT Nortel Moisons deere (2 61 iso sliciente pa justiiar sun existancia ~ aqueles cua formaro escolar ‘cu meio social haviam preparado para a pratica cultural. Se a agdo de ‘rganizagées prolssionais, esportivas ou familiares preexistentes pode incitar_ uma parte das classes médias e uma minoria das classes populares a uma, Es pratca cultural que nBo lhes era familiar, o Centro Cultural se vit edit dh) mente investido das caracteristicas das instituigdes, teatros ou museus, que ele pretendia duplicar ou substituir: os membros da classe “culta” se sentem no direito e no dever de freqlentar esses altos centros de cultura, dos quais (8 outros, por falta de uma cultura suficiente, se sentem excluidos. Longe de preencher a funco que uma certa mistica da “cultura popular” the atrbuls,o Cento Cultwsal continua sendo a Casa dos homens culos T como pees ser diferent? Se se sabe que o interesse que um cuvinte pode ter por una mensagem, qualquer que ee ela, , mais ainda, a Comprecntiy que dela venka ter. so, deta estrtamente,fungao de sua Care’ ou se. de sta educagio e de seu meio cura, nose pode sen dividers iin de tos a8 teeicas draco cultural deta, desde os Centos Cultnas af 9s enpreendinntos dle alacagSo popular. que, en “Gum pendinnean as destgtaldaes ene 3 escola nica siulgso eapaz dlecniar alive cuvade), apenas eonrbuirdo paradislargar as desgualdodes cuitrois que néo consegurm reduzr realmente e, sobretudo, de manera Sluraeaser Noo hs aalhos no eamninho que leva és obras da cutura e 08 Cnconoe atiicsinenteananjadosedivtamente provocades no tér futuro. Signiicaria iso que esses empreendimentos s6 poderbo ter alguma clicaia ese dstayemn dos meios de que a escola dpe? Com efeto, alérn dis fata de que toda tentatva de impor tarefas e disciplines escolores 205 ‘orgonismos marginals de dius cultural encontraia resistencias ideologt Gas por perte dos responsivels por esses organiamos, podemos ainda fnterrogernos sobre a verdadeir fungi da pola que consste em en- corajar sustentar tais organismos marginais e pouco eficazes, enquanto hao se tier fel tudo para obrigar e aulorizar a instiigso escolar a desempenhar a fungao que Ihe cabe, de fato e de direito, ou seja, a de dlesenvolver ent tgs os tienibios da sociedade, sem dsingSo, a api pn as praticascatuais que. sociedad considera conno as mais nobres Nao estariamas nds no direito de formular essa questdo, uma vez que esta cestabelecido cienfiicamente que, a um custo equivalente, a extensio da ‘escolanidade on 6 atimiento dla parte consagrada nos programas escolares: ‘ao ensing attistico levatiam, a longo prazo, aos muscus, teatros e concer- tos, uum niimero incomparavelmente maior de individuos que todas as técnicas de acio direta reunidas, quer se trate de animacao cultural ou de publicidade através da imprensa, radio ou televisio?” 26.1 BOURDIEL « Moto Lo YARBEL. Lim de ov les musées et leur public. Pans. Esions de sn | 1966 62. Como o deciframento de uma obra da cultura erudita supse © conhecimento do cédigo segundo o qual ela esta codificada, pode-se considerar que os fendmenos de difuséo cultural séo um caso particular da teoria da comunicagéo. Mas o dominio do eédigo s6 pode ser adquirido mediante 0 preco de uma aprendizagem metédica e organizada por uma institulgfo expressamente ordenada para esse fim. Ora, assim como @ ‘comunicagéo que se estabelece entre as obras da cultura enudita e ‘espectador depende da intensidade e da modalidade da cultura (no sentido subjetivo) deste tltimo, da mesma maneira a comunicagéo pedagogica depende estreitamente da cultura que o receptor deve, nesse caso, a seu ‘meio familiar, detentor e transmissor de uma cultura (no sentido etnologico) ‘mais ou menos préxima, em seu conteddo e valores. da cultura erudita que a escola transmite e dos modelos linguisticos e culturais segundo os quails, ‘essa transmisséo é [eita, Se é verdade que a experiéncia das obras da cultura enidita e a aquisicéo institucionalizada da cultura que essa experiéncia pressupae obedecem & mesma légica, enquanto fenémenos de comunica- ‘Gio, compreende-se 0 quanto é dificil romper o proceso circular que tende 4 perpetuar as desigualdades frente a cultura legitima, Platao relata, no fim de seu livro A Repiblica, que as almas devem ‘empreender uma outra vida: dever, elas mesmas, escolher seu destino = tenire modelos de vida de toda, tipo, dentre todas as vidas animais © humanas possiveis - e que, feita a escolha, elas devem beber a dgua do rio Amélés, agua do esquecimento, antes de retomarem & Terra. A fungéo de teodicéia que Platéo confere ao mito compete, em nossas socie:lades, {0s tribunais universitarios. Mas & necessério citar Plato mais uma vez: “Quando eles chegaram, tiveram que se apresentar imediatamen- tea Lachésis. E primeiro um hierofante os alinhou em ordem, depois, apanhando sobre os joelhos de Lachésis destinos e modelos de vida, ‘galgou um estrado elevado e gritou: ‘Proclamagao da virgem Lachésis, filhada Necessidade, Almas efémeras, ides comegar uma nova carreira @ renascer na condi¢éo niortal, Nao seré um génio que hé de vos sortear, sois vos mesmas que escolhereis vosso génio. O primero designado pela sorte escolherd, em primeiro lugar, a vida é qual ficard ligado pela necessidade (..). Cada qual é responsavel pela sua esr otha, ‘a clivintade no é responsavel™, Para que 0s destinos sejam metamorfoseados em escolhas livies, & suficiente que a escola, hierofante da Necessidade, consiga convencer os individuos a se submeterem ao seu veredicto e persuadi-los cle que eles, mesmos escolheram os destinos que lhes haviam sido a priori atribuidos. A. partir desse momento, a divindade social esté fora de questo. 27. PLATAO. A Replica, tro X 617 @. 5.4 63 (2) Co ‘Ao ito platdnico da escola inicial dos dlestinos se poderia opor ‘aquele que propde Campanella na Cidade do Sol: para instaurar imedia- tamente urna situagao. de mobilidade social perfeita e assegurar a inde- pendéncia absoluta entre a posigéo do pai ¢ a posicéo do filho, Interditando-se a transmissso do capital cultural, @ necessério e suliciente vecomo se sabe ~ afastar, desde o nascimento, as eriances de seus pais. Esse & 0 mito da mobilidade perfeita que os estatisticos™ Invocam impli tamente, quando constroem indices de mobilidade social referindo a situagio. empiricamente observada a uma situacao de independéncia Completa entre a posigSo social dos herdeiros e dos genitores. Sem divida, @ precisa alribuir a esse mito, ¢ 20s indices que ele permite construr, uma funcao de ctitica, pois eles concorrem para desvendar a fata de correspon dencia ‘exam mais superficial mostraria que a consideracso dessas abstracoes supde o desconhecimento dos custos socials e das condigGes sociais da possibilidade de um alto grau de mobitidade”. contre os ikleais dlemocraticos e a realidade social. Mas mesmo 0 ‘Assim, amelhor maneira de provar em que medida a realidade de uma cociedade "democratica” esté de acordo com seus ideais nao consistiria fem medir as chances de acesso aos instrumentos institucionalizados de vvensao social e de salvacdo cultural que ela concede aos individuos das Giterentes classes sociais?”” Somos levados, entao, a reconhecer a “rigidez Gxtreina de urna ordem social que autoriza as classes socials mais favore: doc a monopolizar a utilizacdo da instituicdo escolar, detentora, como diz Max Weber, do monopéslio da manipulacdo dos bens eulturais e dos signos insltucionais da salvacao cultural 228. Ct Movie SDODAK, “Chilo nfo anes. tay of mental velopment’ n Stes eae aa cal nen tues vel XUL_ m1 fanaa de 1989, p. 1156: B. eee et cueianSpnmn Qrtrly. 282, YOHO, p, 260 kn prc da abv e sere we inp eds ha que eve lero vio xa ace, cn rd rnc oh 6A O capital social — notas provisérias PIERRE BOURDIEU “Tradugio: DENCE BaRaa CATANTE AFRANO MESS CATINE FRevisao técnica: Maan ALsce NOGUPRA Fonte: Bouts, Phe, “Le capital sca - notes prose ‘ubuado onsalmente in Actes de To vecerche en ences soils, Pai, 3, nao de 1980.23. CAPITULO Ill

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