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fl serokat~ Mf RoUy Spruce. as Cusff Yt OS i Pe Se oscimento alo MILHO LIBERTY LINK PARECER Breve nota explicativa. Em atengao a confianga em mim depositada pela CTNBio, para emitir parecer técnico, e considerando 0 meu eprendizedo ao longo de mais de meio século, e sendo sempre um aprendiz, sou levado a considerar aspectos tecnicamente relacionados ao tema central. Reconhecendo a ampla gama de competéncia dos seus membros nas suas areas especificas, 0 que toma @ CTNBio a insidncia mais qualificada para as decis6es técnicas conclusivas de biosseguranca sobre OGMs, 0 tratamento adotado aqui, nao significa tentativa de acrescentar conhecimentos técnicos, mas tem apenas a finalidade de melhor suportar 0 parecer elaborado. Espero assim contar com a dovida compreensao pelo tratamento holistico empregado. O Processo. Trata-se do Processo n° 01200.005154/1998-36 enviado pela Hoechst Schering AgrEvo do Brasil Lida., hoje Bayer Seeds Ltda., a CTNBio em 27/11/1998, requerendo parecer técnico conclusive para as variadas atividades relativas ao milho OGM Liberty Link, Evento de transformagao T25, resistente ao herbicida Glufosinato de Amédnio (GA). O Processo 6 instruido com amplas Informacoes técnicas proporcionadas pela requerente, bem como por resultados de ensdios experimentais conduzidos por institui¢des publicas e privadas do Brasil € do exterior, além de varios pareceres técnicos, tudo englobando 1145 paginas. A ‘empresa informa ainda, que vérias liberagdes no meio ambiente relativas ao Evento T25, jd foram aprovadas pela CTNBio. O Evento T25. Trata-se do gene pat, que codifica a enzima fosfinotricina-N- acetiltransferase (PAT), a qual determina a converséo da L-Fosfinotricina, inativando 9 Glufosinato de Aménio, conferindo a planta resisténcia a esse herbicida, O gene em questdo corresponde a uma versdo sintética do gene pat isolado de Streptomyces viridechromogenes, no qual a seqiéncia de nucleotideos foi modificada, sem promover alteracao na seqiiéncia de aminodcidos da enzima. Intormacdes detalhadas como o mapa do vetor pUC/Ac, seqiléncia das 3983 bases nitrogenadas do plasmideo p35S/AC, seqléncias comparativas entre os nucleotideos sintéticos com os da forma nativa, atividade especifica da proteina PAT no polem (ausente), folhas, colmos, raizes e sementes, bem como outras informagGes pertinentes sd0 apresentadas. A avaliagao da proteina PAT no meio ambiente, demonstrou que apenas 0 Glufosinato de Aménio 6 acotilado, nao ocorrendo interferancia em outros processos metabdlicos das plantas nas quais a ‘transformagao genética foi efetivada. Glufosinato de Aménio. Trata-se de herbicida nao-sistémico e nao seletivo, de agdo pés-emergente, estando registrado no Ministério de Agricultura e no Ministério do Meio Ambiente, com monografia aprovada no Ministério da Satide. Apresenta elevada biodegradarao, auséncia de atividade residual, baixa toxidade ao homem, animais e outros organismos. A via metabdlica do herbicida nas plantas susceptiveis 6 bem caracterizada, pols promove o bloqueio da enzima Glutamina sintetase, ocasionando 0 acmulo de amOnia tOxica que mata a planta. jan 2005 E comercializado sob 0 nome Finale no manejo de plantas invasoras em pré- plantio ou aplicagdes dirigidas. Na agricultura, vem sendo utilizado com sucesso em especial no sistema de ‘plantio direto na palha’, a agricultura sustentével mais protetora do meio ambiente, ocupando o Brasil posigo de grande destaque internacional nessa tecnologia agricola. Para a utilizacéo em pés-emergéncia seletiva sobre organismos geneticamente modificados, a denominagao sera LYBERTY, e as sementes geneticamente modificadas resistentes ao herbicida serao identificadas como LIBERTY LINK Genética do T25. Em cultura de células, o gene pat foi incorporado no genoma do milho, no qual apenas uma cépia foi inserida, obtondo-se a seguir a planta regenerada. A partir da planta inicial, o gene foi transferido pelo metodo convencional de retrocruzamento, para materials genéticos da empresa, como linhagens de milho. Ficou evidenciada a sua estabilidade genética, bem como a segregacao monofatorial nas geragGes segregates. A empresa se preocupou em obter informagdes sobre a possibilidade de elementos de transposigéo serem inseridos no genoma do milho que resultassem numa nova e nao previsivel fungao do transgene. A Dra. Nina Fedoroff, uma das maiores autoridades no assunto, em bem elaborado parecer, demonstrou que tal evento é t&o raro que pode ser considerado como nao realfstico e, mesmo na improvavel hipétese de que isso ‘ccorra, o resultado seria uma ruptura da estrutura do transgene, tornando-o inativo, mantendo assim a biosseguranca. Equivaléncia substancial. Analises conduzidas no exterior @ no Brasil confirmaram a equivaléncia substancial do milho Liberty Link T25 com milhos convencionais, envolvendo as diferentes partes das plantas, inclusive o milho silagem. As variagdes obtidas, se situam dentro da amplitude normal encontrada nos milhos convencionais. Tal se vorifica com relacao aos componentes proteinas, lipidios, vitaminas, minerais, bem como ao comportamento agronémico relative aos valores fenotipicos das plantas, reacao a enfermidades e insetos-pragas, indicando que o milho em questo, com excecao da resisténcia ao Glufosinato de Aménio, nao difere fundamentalmente dos milhos convencionais, podendo ser cultivado com seguranga. Seguranca alimentar. A proteina PAT pertence a uma classe de enzimas freqiientemente encontrada na natureza, presente em microrganismos, plantas e animais, tem sido bem estudada em seus aspectos quimicos e cinéticos, indicando que nao se trata de uma toxina e no se conhece nenhuma propriedade téxica dessa substéncia. Tem sido confirmado experimentalmente, que a proteina PAT @ 0 DNA pat em canola resistente ao Glufosinato de AmSnio, 6 degradado in Vitro pelos sucos gastricos de suinos, galinha e gado bovino. Foi também contirmado que a proteina PAT é rapidamente degradada e inativada em simulagdes de fluido gastico humano em poucos minutos. Propriedades bioquimicas de proteinas alergénicas tem sido comparadas com a proteina PAT como estudo preliminar de avaliagéo de alergenicidade. Tais estudos nao indicaram qualquer homologia de PAT com alergénicos conhecidos. Os baixos niveis de PAT presentes nas diferentes fracdes das plantas e nos grdas e silagem, combinada com a sua instabilidade térmica e digestiva, indicam uma baixa probabilidade de que a proteina PAT se mantenha no aparelho digestive humano ou animal, a ponto de promover a produgao de anticorpos. Resumindo, nao existe = & evidéncia de que a proteina PAT possa envolver qualquer risco de toxidade ou alergenicidade para os consumidores do milho GM 125, suas progénies ou produtos derivados dessas plantas. SEGURANCA AMBIENTAL Conversao em erva daninha. O milho é a espécie que atingiu 0 mais elevado grau de domesticacao entre as plantas cuitivadas, tendo perdido suas caracteristicas de sobrevivéncia na natureza, 86 sobrevive cultivado pelo homem. Nao ha, portanto qualquer possibilidade de que o milho se transforme numa erva daninha. Ervas daninhas resistentes ao GA. No caso da existéncia de ervas daninhas aparentadas com 0 mitho e geneticamente compativeis, seria possivel antecipar o desenvolvimento da resisténcia ao GA, o que nao é 0 caso no Brasil. A ccorréncia de uma erva daninha adquirir a resisténcia eo GA por uma mutagao espontanea, embora teoricamente possivel, 6 praticamente nao realistica. Mesmo que {al evento ocorra no futuro, ajustes apropriados na tecnologia deverao ser Gesenvolvidos, entre os quais, 0 emprego de outros herbicidas. Fluxo génico. Nunca se disculiu tanto os efeitos, geralmente considerados adversos, do fiuxo génico a partir do desenvolvimento de plantas transgénicas, como se tal evento nunca tivesse oxistido antes da moderna bictecnologia. Na verdade, a capacidade de uma planta trocar genes com outras compativeis, é uma caracteristica da espécie e nao da sua condicao transgénica. Plantas transgénicas € no trensgénicas apresentam o mesmo modo de reprodugao, e as mesinas possibilidades benéficas ou adversas de fluxo génico. Fluxo génico decorrente de cruzamentos naturais vem acontecendo ha milhares de anos, com efeitos no geral benéficos. O trigo surgiu da combinagao os genomas de trés gramineas. AS duas melhores e superiores ragas de milho, 0 Corn Belt Dent para regides temperadas e o Tuxpefio para o trdpico, resultaram Ge cruzamentos naturais. Tom sido considerado o tisco de porda de diversidade genética em fungao do fluxo génico de OGMs. Como os OGMs nao diferem dos convencionais neste aspecto, as conseqlléncias sao identicas. Ha cerca de quinze anos, o Globo Rural me solicitou para examinar amostras de milhos dos indios Caingang do Parana, por coincidéncia assunto da minha tese de doutorado (Patermiani 1954), Embora percebendo-se claramente as caracteristicas especificas dos milhos Caingang, era também muito evidente a presenga de fiuxo génico provenionto do cruzamentos naturais cam milhos comerciais, 0 que estava comprometendo a integridade do milho indigena. Ha cerca de vinte anos, uma tribo de indios do Brasil Central, perdeu sua variedade nativa de milho. Dirigindo-se a EMBRAPA, os indios obtiveram sementes € recuperaram 0 seu milho da raca identificada pelo nome do Entrolagado. Felizmente a EMBRAPA/CENARGEN mantém preservadas as racas indigenas, comerciais antigas, comerciais recentes ¢ exéticas cultivadas no Brasil (Patemiani e Goodman 1977). Os pesquisadores, em especial os geneticistas, vem ha muito tempo se dedicando ao esiudo e preservacao dos matetiais genéticos, existindo hoje milhes de acessos ermazenados em bancos de germoplasma em intmeras instituigGes interacionais, Longe de reduzir a diversidade genética, os OGMs representam uma nova fonte de variabilidade genética, disponivel para estudos e eventuais aplicages agricolas. Algumas centenas de plantas transgénicas jé tém sido obtidas pelos Estados Unidos, Franca e China, os paises mais ativos nessa tecnologia. Face &s consideragdes acima, 6 evidente que para a preservacio da identidade genética das variedades cultivadas, ha a necessidade de medidas adequadas que evitem o fiuxo génico no desejavel. Tais medidas sao amplamente conhecidas e aplicadas tanto pelos pesquisadores, como pelos agricultores interessados em preservar seus materiais genéticos. Assim, como seria de esperar, em recente publicagdo (Brookes ef al. 2004), analisando pesquisas em varios paises, concluem que milhos geneticamente modificados (GM) e nao GM podem co-existir sem problemas. Transgénese e mutagénese. Ambas essas técnicas de manipulacéo genética tém 0 mesmo objetivo: incorporar no genoma de uma espécie genes exégenos que condicionem caracteristicas descjéveis ausentes na espécie roceptora. Apenas a metodologia é diferente. Varios documentos tém procurado comparar criticamente essas tecnologias, sendo o mais recente “Food Safety and GMOs" de 03/11/2004, assinaco por dezoito instituigdes cientificas italianas. O documento apresenta como exemplo, 0 trigo duro Creso, selecionado ha mais de 80 anos a partir de mutacao induzida por raios-X, ainda extensamente cultivado, qual deu também origem a vdrias novas variedades de trigo duro usadas na fabricagao de pastas Na transgénese, ao se identificar um gene de valor potencial, usando técnicas laboratoriais, 0 gene € incorporado em culturas de tecido da planta receptora. Em seqléncia, marcadores identificam as oéiulas incorporadas, ¢ plantas so regeneradas, obtendo-se um niimero de eventos, os quais séio analisados com relaco ao carater desejado e aspectos agronmicos. A seguir, 0 evento selecionado é extensamente avaliado quanto a natureza bioquimica da nova proteina, além de detalhada analise de biosseguranga alimentar ¢ ambiental. Na mutagénese, plantas (cultura de tecidos, gemas, etc.) sao submetidas a agentes mutagénicos (radiagdes ionizantes © nao ionizantes © outros agontos fisicos e quimicos). As plantas obtidas so levadas ao campo, onde sao observadas na expectativa da ocarréncia de alguma mutagao desejavel. Esta é muttiplicada e utilizada para a obtengao de novas variedades com 0 novo gene mutado. Como as mutagdes séo completamente aleatérias, milhares de plantas com 0s mais diversos genes mutados, séo cultivadas sem contengdo, evidentemente com amplas possibilidades de fluxo gnico. Para a selegao final, a avaliacdo é essencialmente efetuada de maneira pragmatica, em fungdo do comportamento agrondmico. Recentemenie, em visita 4 EMBRAPA Mandioca ¢ Fruticultura em Cruz das Almas, BA, observei o experimento com maméo transgénico resistente a mancha aneler, aprovado depois de tr8s anos, cercado com dezessate fios de arame e vigiado diariamente por 24 horas por guarda armado. Ao lado uma grande colegao de cultivares de banana, incluindo varias obtidas por mutagénese relativas ao convenio com o CENA (Gentro de Energia Nuclear na Agricultura) da USP em Piracicaba, SP. ‘As mutag6es induzidas podem dar origem a qualquer novo gene, inclusive eventualmente, genes que conferem resisténcia a herbicides. Tal € 0 caso do gene obtido em arroz. Variedades de artoz resistentes a esse herbicida j4 vérn sendo usadas com sucesso na cultura do arroz pelos agricultores do Rio Grande do Sul, no combate ao arroz vermelho, uma das principais pragas da cultura artozeira, praga essa, que cruza facilmente com 0 arroz cultivado. Essa tecnologia denominada de Clearfield, mata as plantas de arroz vermelho sensiveis ao hetbicida. ‘A mutagénese foi descoberta na mosca droséfila por Muller (1927) e por Stadler (1930) om milho. Foi a partir da década de 60, que a mutagénese passou ‘a ser mais empregada no melhoramento genético. Ahloowalia et al. (2004) apresenta o significativo impacto global devido as variedades derivadas de mutagdes, incluindo mais de 2250 variedades |iberadas comercialmente, envolvendo cerca de 160 espécies. Como se verifica, tanto a transgénese como a mutagénese se constituem em significativas fontes de aumento da diversidade utiiizavel no melhoramento genético. Pode-se questionar porque na mutagénese nao ha necessidade de andlise de biosseguranca. Uma resposta, é que estd na lei (Art. 4° da Lei N° 8.974 de 05/01/1995). Essa é uma perfeita resposta burocrética, que enseja, no entanto, algumas consideragdes de ordem técnica. Certamente o legislador considerou adequada a metodologia adotada na mutaggnese, em especial decorrente da experiéncia acumulada ao longo do tempo. Como as descobertas cientificas ocorrem em diferentes épocas pelas mals variadas raz6es, 6 Iicito inferir que, houvesse a transgénese sido desenvolvida nos anos 50 e a mutagénese nos anos 80 ou 90, hoje a lei de biosseguranga seria aplicada apenas para a mutagénese. CONCLUSAO Face &s consideracSes acima, parece mals correto e seguro conceder aos agricuttores brasileiros a liberdade de decidir cultivar ou n&o o milho Liberty Link, do que manter uma total proibigéio do uso dessa tecnologia. Como parecer final, considero que o milho Liberty Link Evento T25 pode ser aprovado para uso comercial no Brasil. Ernesto Pateriani Referéncias Ahloowalia, B. S., M. Maluszynsky e K. Nichterlein. 2004. Global impact of mutation-derived varieties. Euphytica 196: 187-204. Brookes, G, P. Barfoot, E. Melé, J. Messeguer, F. Benétrix, D. Bloc, X. Foueillassar, A. Fabié e C. Poeydomenge. 2004. Genetically mofified maize: pollen movement and crop co-existence. PG Economics: 1-20, Muller, H. J. 1927. Artificial transmutation of the gene. Science 66: 84-87. Patemiani, E. 1954. Estudos sobe as ragas dos milho indigena Caingang. Tese de Doutorado, ESALQ/USP, 94 pgs. Paterniani, E. e M. M. Goodman. 1977. Races of Maize in Brazil and Adjacent Areas. Centro Internacional de Mejoramiento de Maiz y Trigo, México, 95 pgs. Stadler, L. J. Some genetic effects of X-rays in plants. Journal of Heredity 30: 3-19. MCT / CTNBio caer scrokt le bra ue 17 FEN 2005 | / Ei oe | Péov Sten: a > [: fepeps Jairon Alcis ‘Coersah alt Namero de Controte: Sete Legoas, 16 de fevereiro de 2005. limo. Sr. Jairon Alcir Santos do Nascimento Coordensdor Geral da CTNBio : SPO Area 05 ~ Quadra 03 Bloco B - Térreo ~ Salas 08 a 10 70610-200 Brasilia, OF Prezado Senhor, Conforme combinado estamos enviando, o parecer técnico e copia do processo n° 01200.005154/1998-36, referente a milho tolerante ao glufosinato de amonio. Antecipadamente agradecemos e colocamo-nos a disposicao. Embrapa Milho © Sorgo Mstiro de farcstura Empresa erate Rodos Mo 424m 65 Tlf (x91) 3770-1000 ioReiocinanis ” — Gensnuisa Aaropecudia Cae Postal 151 Faxyousn 3771000 Cr apes Sero1.370- See Lacoes Ps mmwcnps.omtra08.0r Ninge Gerais secgonms embrapa br PARECER TECNICO Sete Lagoas, 10 de fevereiro de 2005 SOLICITAGAO: Liberaciio comercial do milho tolerante a Glufosinato de Aménio. SOLICITANTE: Hoescht Shering AgrEvo do Brasil Lida / Aventis Seed Brasil Lida PROCESSO N° 01200.005154/1998-36 |. HISTORICO O presente processo, datado inicialmente em 27 de novernbro de 1998, através de correspondéncia da Hoeseht Shering AgrEvo do Brasil Ltda, requerendo a Comissio ‘Técnica Nacional de Bioseguranga a anilisc ¢ a posterior emissiio de parecer técnico conclusivo de aprovagiio para o livre registro, uso, ensaios, testes, semeadura, transporte, armazenamento, comercializagao, consumo, importagio, liberagao e descarte do Milho Liberty Link ~ resistente ao herbicida Liberty, ingrediente ativo Glufosinato de Aménio ~ referente ao evento de transformag%o T25, inclui os pareceres téenicos do Dr. Manoel Xavier dos Santos (14 de janeiro de 1999), Dr. Joaquim A. Machado (02 de fevereiro de 1999), Dr. Sérgio Olavo Pinto da Costa (fevereiro de 1999), Dr. Emesto Paterniani (22 de fevereiro de 1999), Dra. Ednilza Pereira de Farias Dias (12 de margo de 1999), Dr. Manoel Xavier dos Santos (26 de outubro de 2000), ¢ Dr. Robinson A. Pi Ili (sem data). Inclui também neste proceso diversos relatérios que norteardio nosso parecer. Nestes documentos identificamos quatro grandes preocupagées para a liberagio do Milho Liberty Link: fluxo génico, performance agrondémica, impacto ambiental e seguranca alimentar, 08 quais relataremos a seguir. 1.1. Fluxo Génico (José Branco de Miranda Filho ~ abril/1998 — fothas 100 a 114) — O milho é um membro da familia Gramineae (Poaceae). O género Zea possui quatro espécies: mays, diploperenis (teosinte diploperene), uxurlans e perennis (teonsite perene). Das quatro espécies, encontramos apenas a espécie mays no Brasil, que inclui variedades cultivadas, variedades e populagdes melhoradas, variedades antigas, ragas indigenas e linhagens cendogamicas utilizadas em programas de melhoramento genético. parente mais prdximo do milho ¢ o teonsite (Zea mays sub. mexicana ou Ecuchlaena mexicana) que ‘corre somente na regitio do México. No Brasil sua presenga é constatada apenas em colegbes oficiais especificas ou de propésito de pesquisa. Tripsacum sp., capim Guatemala, também esti relacionado ao mitho, entretanto sua presenca pode ocorrer em baixa frequéncia em regides brasileiras. O milho é uma planta alégama com menos de 5% de autofecundago natural. Seu polen permanece vidvel por um periodo de até 30 minutos, sendo que a movimentagio pelo vento é limitada pelo tamanko relativamente grande deste. (Emmesto Paterniani —feveretro/1999 — folhas 600 a 602) ~O milho Liberty Link poderd ¢, certamente ird se cruzar com eventuais outros milhos préximos. O eventual cnuzamento com 0 milho Liberty Link tem conseqiiéneias idénticas ao cruzamento com qualquer outro milho. (Manoel Xavier dos Santos — fevereiro/1999 — folhas 585 e 586) ~ O milho Liberty Link é um milho como qualquer outro cultivado no Pais, sendo pouco provavel de causar danos devido a introgressiio em populagdes locais. (Manoel Xavier dos Santos — outubsro/2000 — folhas 938 e 939) — Em relago ao fluxo génico podem ocorrer cruzamentos entre milhos trangénicos e nao transgenicos. Apesar da baixa probabilidade destes cruzamentos ocorrerem, o aparecimento de segregantes transgénicos pode ocorrer e seu comportamento nas geragbes posteriores deve ser averiguado, (Robinson A. Pitelli ~ sem data — folhas 604 a 606) - Em suas consideragées finais para anilise do relatério (processo 5154/98-36) ¢ evidenciado a nao transferéncia de genes de milho para espécies selvagens no Brasil. PARECER: Do observado entte relat6rios e pareceres podemos, embora segundo 0 Dr. Manoel Xavier, geragdes posteriores a possivel cruzamento entre milho trangénico e nio trangénico devam ser averiguados, podemos concluir que a probabilidade de introgressio em populagGes locais devido 20 fluxo génico € a mesma do que com outros milhos nao trangénico, nao sendo, portanto esperado dano devido a introgressiio em populagdes, locais. 1.2. Seguranca Ambiental Glufosinato de AmGnio ~ bascado nas caracteristicas toxicolégicas ¢ ambientais pode se verificar elevada biodegradagio, com baixa atividade residual, baixa toxicidade ao hhomem, 20s animais e outros organismos importantes na cadeia alimentar. (Manoel Xavier dos Santos - janciro/1999 — folhas 585 ¢ 586) — As informayses, disponiveis no processo néo diferem na resposta para pragas e doengas entre o milho normal e 0 modificado geneticamente. Testes realizados na Europa e Estados Unidos nao devem ser validados rotineiramente para as condigdes tropicais. Joaquim Machado -fevereiro/1999 — folhas 589 ¢ 590) — bascado no relatério do Professor José Branco de Miranda Filho — nfo foi identificado qualquer efeito adverso organismos no alvo, tais eomo insetos pragas e insetos inimigos naturais. O impacto ambiental do milho Liberty Link nao ¢ maior que aquele que 0 milho nao modificado geneticamente Ernesto Paterniani — fevereiro/1999 — folhas 600 a 602) — observagées ofetuadas em experimentos aprovados pela CTNBio demonstram o comportamento semelhante do milho nao trangénico com o milho Liberty Link. A presenga de inimigos naturais foi ‘obscrvada em ambos os milhos no scndo detectado diferencas entre trangénico ¢ no trangénico, (Manoel Xavier dos Santos - outubro/2000 — folhas 938 e 939) — ha necessidade de realizacdo de estudos adicionais para organismos nio alvo. (Robinson A. —sem data ~ folhas 604 a 606) —bascado em relat5rio realizado pelo servigo de Inspesaio de Saiide Animal e Vegetal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA/APHIS) nfo foi detectado diferengas de comportamento de susceptibilidade ou desenvolvimento de doengas entre 0 milho Liberty Linke o milho nio trangénico. Varios outros pontos so levantados neste relat6rio relatando a igualdade de comportamento entre o milho Liberty Link com o milho nio trangénico. Favoriivel a autorizago solicitada no processo 5154/98-36 recomendando analise de alteragio de flora, aquisigao de resisténcia e sobre a variagio dos animais visitedores. PARECER: Conforms relatado nos pareceres jé inclufdos no processo ¢ na documentagdo apresentada, nao foram verificados diferencas de comportamento ambiental entre 0 milho trangénico € 0 nao trangénico, portanto no nosso ponto de vista, embora ressalvas do prof Pitelli e Dr. Manoel Xavier, nfio visualizamos problemas de seguranga ambiental diferenciados que possam comprometer a solicitago da empresa requerente a liberagdio do milho Liberty Link. 1.3. Performance Agronomica 5 relatérios apresentados pelos professores José Branco de Miranda Filho (abril/1998) © Luiz Lonardoni Foloni evidenciam a performance agronémica do glufosinato de aménio em parcelas com 0 milho Liberty Link. Nao foram detectadas diferengas entre o milho trangénico ¢ 0 nao trangénico inclusive na competicdo imposta pelas plantas daninhas presentes nas testemunhas sem a aplicago do herbicida. Estes resultados confirmam a ‘equivaléneia entre o milho Liberty Link e 0 milho nfo trangénico. PARECER: Neo detectamos nos pareceres e documentos incluidos neste processo diferengas de comportamento agrondmico no milho Liberty Link e milho no trangenico que justificasse qualquer diivida de comportamento entre estes materiais. Bascado nos resultados contidos neste processo nifo detectamos diferengas na performance agron6mica entre 0 milho Liberty Link e os milhos convencionais nao trangénico, sendo Pportanto os pareceres conclusivos quanto a equivaléncia na performance agronémica. Q e pote 1.4, Seguranga Alimentar (Joaquim A. Machado ~ fevereiro/1999 — folhas $88 a 590) ~ Os ensaios apresentados com suinos, aves ¢ bovinos bem como com sistemas digestivos simulados, nio indicam. resultados que possam diferenciar o mitho Liberty Link e 0 milho convencional nto trangénico, Embora tenka sido feito ressalva quanto de parecer do Instituto de Quimica de Araraquara - Unesp (folhas 233 a 246) o parecer do Prof. Joaquim foi favordvel 20 requerimento da empresa (Ernesto Paterniani — fevereiro/1999 — folhas 600 a 602) — Andlises comparativas entre © milho trangénico € 0 correspondente ndo trangénico no apresentam diferengas significativas nutricionais, Os valores de proteina, gordura, fibra, cinzas, carboidratos, umidade, amino écidos, dcidos graxos e dcidos fitico em silagem e no gro do milho ‘rangénico no diferem qualitativamente e quantitativamente aos padtdes estabelecidos para 0 milho. Os resultados nZo indicam qualquer risco alimentar relativo a0 Milho Liberty Link. (Edenilza Perei clinicos e observagSes em humanos demonstraram nfio haver evidencias de toxicidade, de Farias Dias — margo/1999 — folha $99) - Experimentos pré- alergenecidade ou diferenga na composicao quimica de milho convencional, para ser utilizado como alimento em quaisquer fases de maturag2o ou processamento, Bascado em investigagdo bibliogréfica a Dra, Edenilza foi favorivel & aprovagio do requerimento sob © ponto de vista alimentar e ocupacional PARECER: Nivo foram detectados, nos pareceres ¢ documentos inclufdos neste processo, evidéncias de riscos do milho Liberty Link & seguranga alimentar. Deve-se eniretanto lembrar dos riscos oriundos da aplicag2o do herbicida glufosinato de aménio que sio os ‘mesmos de uma aplicagao de qualquer defensivo agricola em milho nao trangénico (satide ocupacional do trabalhador). Pode-se inferir baseado nos resultados apresentados neste relatério que o milho Liberty Link no apresenta riscos A seguranga alimentar, embora este tipo de estudo deva sempre continuar, ie Silvie Berlanga de Moraes Barros ~ 25 de novembro de 2000 — fothas 944 a 946) — ‘Segundo parecer hi a necessidade de informagdes complementares as apresentadas para continuidade da avaliagao do processo, (Aventis Seed Brasil Lida ~ 18 de margo de 2001 ~ folhas 959 a 965) - Apresenta informagdes complementares a solicitagao da CTNBio. (Parecer Técnico Parcial 30 de novembro de 2000 — folhas 1102 a 1104) - Vérias solicitagdes sto requeridas para a Hoechst Schering Agrevo do Brasil Ltda Parecer Conelusivo: Apés a anilise e considerando os dados técnicos apresentados no processo, consideramos 0 milho Liberty Link ~ evento de transformagio T25 e progenies derivadas de cruzamentos com linhagens portadoras do evento T25, como sendo um milho como qualquer outro milho presente no mercado, diferenciando apenas na resisténcia ao glufosinato de aménio. Os riscos provenientes da utilizagao do milho _—Liberty Link a fluxo génico, performance agronémica, impacto ambiental e seguranca alimentar parecem pouco provéveis, refletindo nossa seguranga para a accitagio da \. solicitag0,realizada pela empresa Hoechst Schering Agrevo do Brasil Ltda para a ‘ikeracdo comercial do mitho tolerante a glufosinato de aménio yr, i. io Garam, ii i D PhD. &iéntia das Plantas Daninhas Embrapa Milho e Sorgo Sete Lagoas, MG karam@cnpms.embrapa.br

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