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Que cidade queremos?

Cristhian Magnus De Marco

A plis o local em que sentimos na pele as virtudes e as mazelas do


governo, da economia, da globalizao, do trabalho, da famlia, da
sociedade, enfim, da vida. A ps-modernidade amenizou sensivelmente
nosso sentimento de amor pelo torro natal. Muitas vezes, pela Internet,
nos sentimos um pouco "cidados do mundo", expresso denotada por
Aurlio como: "homem que pe os interesses da humanidade acima dos da
ptria". Porm, o termo soa ambguo, pois, cidado, tem origem latina na
palavra civitate, ou seja, cidade. Sem dvida, estamos conectados e
comprometidos numa cidadania planetria, em especial, nas questes
atinentes ao meio ambiente. Mas na cidade, municpio, comuna,
ayuntamiento, city que participamos do cotidiano. ali que vivemos na
alegria ou na tristeza, na riqueza ou na pobreza...
Eduardo Galeano, conhecido escritor uruguaio, pergunta: somos seres
humanos ou seres urbanos? Para o poeta, a cidade se tornou um crcere.
Os meninos de rua tm dois direitos humanos: roubar e morrer. Quem
possui algo, por pouco que seja, vive em estado de ameaa, condenado ao
pnico do prximo assalto. Assim, quem no est encarcerado na
necessidade, est preso ao medo. Ser que esta a cidade que
desejamos viver?
Cada populao local tem o direito e a obrigao de participar da
orientao do desenvolvimento de sua cidade. Precisamos estar
comprometidos com o planejamento e a sustentabilidade do meio ambiente
em que habitamos. As cidades brasileiras esto imersas em problemas de
urbanizao, herana do crescimento maluco e desorientado que temos
experimentado desde a invaso europia. Ar puro, silncio, sol, rvores,
gua pura, reas pblicas de lazer, desporto e convivncia comunitria so
artigos raros, quase utpicos em nossas cidades.
Com o Estatuto da Cidade (lei federal n 10.257/01), nossos legisladores
tentaram dar novo flego questo do planejamento urbano, atravs do
plano diretor, ou em termos mais modernos, plano de desenvolvimento
integrado. Nesse instrumento devero estar normas para o
desenvolvimento local sob os aspectos fsico, social, econmico e
administrativo (lio de Hely Lopes Meirelles). Mas, acima de tudo, essas
normas devem ser desejadas pela comunidade local, numa demonstrao
de que a democracia participativa est em alta, pelo menos na lei. Com o
plano diretor, portanto, podemos ouvir e ser ouvidos, podemos dizer que
cidade queremos. Mais humana ou mais urbana.

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