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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM
ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA E DE COMPUTADORES
por
Artur Manuel da Silva Ribeiro
Dissertação submetida à
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
para obtenção do grau de
MESTRE
em Engenharia Electrotécnica e de Computadores,
de acordo com o disposto no D.L. 74/2006 de 24 de Março e no
Regulamento de Estudos Pós-Graduados da UTAD
D.R., 2ª série - Deliberação n.º 2391/2007
III
Orientação científica:
V
Dedicatória
A todos os Munícipes do Concelho de Alcobaça, esperando que este trabalho contribua para a
melhoria da qualidade dos edifícios de responsabilidade Municipal.
A toda a minha família, em especial mulher e filhos, pelo apoio dado durante esta jornada, de
modo a que conseguisse realizar mais este sonho.
“Nunca deixem de sonhar. O sonho comanda a vida.”, pois tudo fiz para que este sonho se
torne realidade um dia.
VII
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
Dezembro 2008
IX
Concepção de edifícios energeticamente eficientes com
incorporação de energias renováveis
Artur Manuel da Silva Ribeiro .
Submetido na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
para o preenchimento dos requisitos parciais para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Resumo
Nesta dissertação, pretende analisar-se o estado da arte, respeitante aos sistemas activos e
passivos, que permitam conceber um edifício energeticamente eficiente e sustentável, tendo
como modelo de estudo um edifício escolar.
Para se obter uma base de comparação do modelo proposto foi analisado um edifício existente
e extrapolados os seus resultados para as dimensões e capacidade propostas. Com o modelo
proposto, espera-se uma viragem radical na forma de conceber um edifício tornando-o, em
última análise, auto-sustentável, deixando de ser uma fonte de despesa para ser uma fonte de
receita.
Foi conseguido o seu enquadramento bio-climático e disposição dos espaços, favorecendo a
integração de cada um dos sistemas passivos e activos.
Deu-se particular atenção às componentes da iluminação natural e sua articulação com a
iluminação artificial, minimizando esta, bem como sistemas de arrefecimento ou aquecimento
através de ventilação por permutador de calor ar-solo, colector de ar, efeito cruzado ou efeito
chaminé, garantindo uma excelente qualidade do ar e conforto interior.
A integração de sistemas auxiliares nos processos de aquecimento ambiente, AQS e
arrefecimento, visam garantir, em situações limite extraordinárias onde a componte passiva
não consiga suprir as necessidades, que sejam mantidos os parâmetros para um
funcionamento eficiente.
Outra das preocupações, foi a de que a qualidade da energia consumida tivesse padrões
elevados contribuindo também para uma redução da factura energética.
Do ponto de vista da sustentabilidade fez todo o sentido estudar-se a integração de um sistema
de reutilização de águas pluviais e “cinzentas”, o qual através da eficiência hídrica está
intimamente ligado à eficiência energética do edifício através do indicador das emissões de
CO2.
A automatização dos sistemas passivos e activos através da gestão técnica centralizada
levaram a criar nos sistemas de ventilação natural integrações de actuadores com perspectivas
inovadoras.
Na avaliação do comportamento térmico através do RCCTE, foram implementadas
metodologias dinâmicas associadas aos sistemas passivos. A avaliação energética, como
corolário do estudo, demonstrou o excelente desempenho do edifício onde no saldo anual,
com a integração de sistemas activos de produção de energia renovável, tornaram possível a
classificação do edifício como NZEB e “Zero” Carbono.
XI
Design of buildings with energy efficient incorporation of
renewable energy
Artur Manuel da Silva Ribeiro .
Submitted at the University of Trás-os-Montes e Alto Douro
for the partial fulfilment of the requirements for obtaining the degree of
Master in Electrical and Computer Engineering
Abstract
This dissertation, aims to examine the state of art in relation to active and passive systems,
which enable to design an energy-efficient and sustainable building, taking as a model of
study a school building.
To achieve a basis for comparison of the proposed model it was considered an existing
building and extrapolated its results to the size and capacity proposed. With the proposed
model, it is expected a radical change in the way of designing a building making it ultimately
self-sustaining, being longer a source of expenditure to be come a source of revenue.
It was achieved a concern bio-climatic environment and layout of spaces, encouraging the
integration of individual active and passive systems.
It was given particular attention to components of natural light and its relationship to artificial
light, minimizing this as well as systems for cooling or heating ventilation through a heat
exchanger air to ground, trap air, crossover effect or chimney effect, ensuring an excellent air
quality and inside comfort.
The integration of auxiliary systems in the processes of heating, cooling and AQS, seek to
ensure, in situations where the limit overtime passive component its not able to meet the
needs, that the parameters for an efficient functioning are maintained.
Another concern was that the quality of the energy consumed had high standards also,
contributing to a reduction of the energy bill.
From the perspective of sustainability it made all the sense studing the integration of a system
to reuse of rainwater and "gray", through which water efficiency is closely linked to energy
efficiency of the building through the indicator of CO2 emissions.
The automation of active and passive systems through centralized management technique led
us to create natural ventilation systems, integrations of actuators with innovative perspectives.
In assessing the thermal behavior through RCCTE it were implemented dynamic
methodologies associated with passive systems. The energy assessment, as a corollary of the
study has demonstrated the excellent performance of the building in the the annual balance,
with the integration of active systems of renewable energy production, that made possible the
classification of the building as NZEB and “Zero” Carbon.
Key words: energy efficiency, water efficiency, self-sustainable, natural light, natural
ventilation, heat exchanger air to ground, trap air, cross ventilation, chimney effect, active
systems, passive systems, centralized technical management, reusable water, CO2 and NZEB.
XIII
Agradecimentos
Ao meu Orientador, Professor Doutor José Baptista, pela aceitação desta tarefa, assim como o
reconhecimento no apoio dispensado, interesse e acompanhamento para a realização deste
trabalho.
Ao meu Co-orientador, Professor Doutor João Ramos, pela minha satisfação pessoal com a
aceitação desta tarefa, devida à grande motivação que sempre me emprestou noutras fases,
como aluno da ESTG-Leiria, assim como o reconhecimento no apoio dispensado, interesse,
acompanhamento e pelos meios postos à disposição para a realização deste trabalho.
Ao Engº Nuno Ferreira, meu colega de trabalho, pela ajuda e disponibilidade na abordagem e
discussão das questões térmicas do edifício, face à regulamentação em vigor.
À Arq.ª Sandra Felix, minha colega de trabalho, pela ajuda e disponibilidade na abordagem e
discussão das questões paisagísticas, bem como no processo de revisão do documento.
À Eng.ª Fabiana Fraga, minha colega de trabalho, pela ajuda e disponibilidade na abordagem
e discussão das questões hídricas, bem como no processo de revisão do documento.
Ao Arqº Rui Orfão, pela disponibilidade em esclarecer a concepção da escola Alto da Faia
que o levou a receber o prémio DGE 2003.
À Engª Mónica Monteiro, pela ajuda e disponibilidade na abordagem e discussão das questões
relativas ao sistema permutador de calor ar-solo.
Aos Eng.º Silva Afonso, Engº Vitor Simões, Engª Sara Rossa e Engª Cristina Baia, pela ajuda
e disponibilidade na abordagem e discussão das questões relativas à reutilização de água.
Ao Engº Francisco Trindade, pela ajuda e disponibilidade na abordagem dos sistemas AVAC.
XV
Ao Dr. João Viegas e Dr. Moret Rodrigues, pela informação disponibilizada relativa à
ventilação natural.
Ao Engº Michael Deppner e Engº Rui Castro, pela informação disponibilizada na temática
fotovoltaica.
Ao Engº Fernando Vaz, pela ajuda e disponibilidade na abordagem aos sistemas solares
térmicos.
Ao Engº Luis Sykes, pela ajuda e disponibilidade na abordagem à gestão técnica centralizada.
Ao Engº Luis Barata Feio, pela informação disponibilizada relativa aos actuadores.
Ao Sr. Manuel Dias, pela informação disponibilizada sobre o processo construtivo do registo
de fachada.
Obrigado a todos aqueles que com pequenos contributos foram de grande importância.
29 de Dezembro de 2008
XVI
ÍNDICE
RESUMO XI
ABSTRACT XIII
AGRADECIMENTOS XV
CHAVE DE ABREVIATURAS OU SIGLAS XXI
LISTA DE FIGURAS XXV
LISTA DE TABELAS XXXV
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 3
1.1. MOTIVAÇÃO.................................................................................................................................................. 3
1.2. OBJECTIVOS .................................................................................................................................................. 4
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ...................................................................................................................... 4
XVII
2.1.5. Sistemas passivos ................................................................................................................................ 51
2.1.5.1. Iluminação natural......................................................................................................................................... 52
2.1.5.1.1. Factor da luz do dia ............................................................................................................................... 56
2.1.5.1.2. Integração da iluminação natural e artificial.......................................................................................... 56
2.1.5.2. Ganho solar directo ....................................................................................................................................... 59
2.1.5.3. Ganho solar indirecto .................................................................................................................................... 61
2.1.5.4. Permutador de calor ar-solo .......................................................................................................................... 62
2.1.5.5. Colector de ar ................................................................................................................................................ 65
2.1.5.6. Ventilação natural ......................................................................................................................................... 66
2.1.5.6.1. Arrefecimento Passivo........................................................................................................................... 74
2.1.5.6.1.1. Ventilação ...................................................................................................................................... 75
2.1.5.6.1.2. Chaminé solar ................................................................................................................................ 76
2.1.6. Sistemas activos .................................................................................................................................. 80
2.1.6.1. Solar térmico ................................................................................................................................................. 82
2.1.6.2. Solar fotovoltaico .......................................................................................................................................... 83
2.1.6.3. Protecção solar .............................................................................................................................................. 87
2.1.6.4. Piso radiante .................................................................................................................................................. 91
2.1.6.5. Reutilização de águas “cinzentas” e pluviais................................................................................................. 96
2.1.6.5.1. Manutenção ......................................................................................................................................... 101
2.1.6.6. Gestão técnica centralizada ......................................................................................................................... 103
2.1.6.7. Eficiência energética ................................................................................................................................... 104
2.2. LEGISLAÇÃO ............................................................................................................................................. 107
2.2.1. Política energética ............................................................................................................................ 108
2.2.2. Sistema energético ............................................................................................................................ 112
2.2.3. Produtor de energia .......................................................................................................................... 113
2.2.4. Remunerações de produção .............................................................................................................. 114
2.2.5. Certificação de edifícios ................................................................................................................... 118
2.3. PROGRAMAS DE APOIO .............................................................................................................................. 119
2.3.1. Programa operacional regional do centro - 2007/2013 (FEDER) ................................................... 119
2.3.1.1. Regulamento Específico – Requalificação da Rede Escolar de 1.º Ciclo do Ensino Básico e da Educação
Pré-Escolar ............................................................................................................................................................... 121
2.3.1.2. Regulamento Específico – Acções de Valorização e Qualificação Ambiental ............................................ 122
2.3.2. Programa operacional - 2007/2013 (FEDER) ................................................................................. 122
XVIII
3.3.4.1. Térmico........................................................................................................................................................ 141
3.3.4.2. Qualidade do ar ............................................................................................................................................ 145
3.3.5. Termografia ...................................................................................................................................... 146
3.3.6. Indices de eficiência ......................................................................................................................... 147
3.3.6.1. Energética .................................................................................................................................................... 147
3.3.6.2. Hídrica ......................................................................................................................................................... 148
3.4. CARACTERIZAÇÃO METEOROLÓGICA ........................................................................................................ 148
3.5. CRITÉRIOS DE IMPLANTAÇÃO DO EDIFÍCIO PROPOSTO ............................................................................... 155
3.6. SELECÇÃO DA TIPOLOGIA DO EDIFÍCIO PROPOSTO ..................................................................................... 155
3.7. APLICAÇÃO DE TÉCNICAS ACTIVAS E PASSIVAS NO EDIFÍCIO PROPOSTO .................................................... 156
3.8. SIMULAÇÃO DO EDIFÍCIO PROPOSTO.......................................................................................................... 156
3.9. ANÁLISE DE RESULTADOS ......................................................................................................................... 157
3.10. CONCLUSÕES .......................................................................................................................................... 157
XIX
5. SIMULAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ........................................................................................ 209
5.1. EXTRAPOLAÇÃO DO MODELO EXISTENTE PARA AS CARACTERÍSTICAS DO MODELO PROPOSTO .................. 209
5.2. MODELOS, SOLUÇÕES E ANÁLISE DE RESULTADOS .................................................................................... 209
5.2.1. Reutilização de águas “cinzentas” e pluviais ................................................................................... 209
5.2.2. Permutador de calor ar-solo............................................................................................................. 214
5.2.2.1. Temperatura do ar exterior .......................................................................................................................... 215
5.2.2.2. Temperatura do solo .................................................................................................................................... 216
5.2.2.3. Temperatura do ar no tubo .......................................................................................................................... 216
5.2.2.4. Simulação .................................................................................................................................................... 221
5.2.3. Solar térmico ..................................................................................................................................... 225
5.2.4. Solar fotovoltaico .............................................................................................................................. 229
5.2.5. Cálculo comportamento térmico RCCTE ......................................................................................... 234
5.2.6. Cálculo Energético RSECE .............................................................................................................. 244
5.2.6.1. Iluminação................................................................................................................................................... 244
5.2.6.2. Consumos energéticos de equipamentos ..................................................................................................... 248
5.2.6.3. Indice de eficiência energética - IEE ........................................................................................................... 250
5.2.7. Cálculo das emissões de CO2............................................................................................................ 252
8. ANEXOS......................................................................................................................................................... 285
XX
Chave de Abreviaturas ou Siglas
AC Corrente Alternada
BT Baixa Tensão
CdTe Cádmium-Tellunide
CIS Cobre-Indium-Dislenide
XXI
DC Corrente Contínua
EU União Europeia
XXII
INETI Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação
MW Lã Mineral
PO Programa Operacional
PQ Protocolo de Quioto
XXIII
PV Photovoltaics
QG Quadro Geral
TC Comissão Técnica
XXIV
Lista de Figuras
Figura 2-1 Optimização dos ganhos solares de Inverno com fachada a Sul 12
(esq.) comparativamente a uma orientação a Nascente (dir.), com
menor radiação
Figura 2-2 Minimização dos ganhos solares de Verão com fachada a Sul (esq.) 13
comparativamente a uma orientação a Nascente (dir.), com maior
captação solar indesejável
Figura 2-14 Espaçador em janela (esq.) e janela com caixilho de alumínio com 36
corte térmico (dir.)
XXV
Figura 2-19 Probabilidade de ligação da iluminação artificial em função do nível 57
de iluminância pretendido
Figura 2-20 Rítmo circadiano típico humano para 24 horas luz / escuridão 58
Figura 2-31 Condução extrínseca com silício dopado com impurezas do tipo n e 84
p
Figura 2-36 Perfil de temperatura de conforto – Ideal (esq.), Piso radiante (dir.) 91
XXVI
Figura 3-2 Bloco 1 da escola existente 129
Figura 3-13 Cortes do bloco 1 pela escada (esq.) e pelas salas de aula (dir.) 134
Figura 3-23 Cálculo do PMV e PPD no período das 9H00 às 12H00 143
Figura 3-24 Cálculo do PMV e PPD no período das 13H30 às 17H30 144
XXVII
Figura 3-25 Cálculo do PMV e PPD no período das 9H00 às 17H30 144
Figura 3-26 PPD em função de PMV no período das 9H00 às 17H30 145
Figura 3-29 Termografia com problemas funcionais, com aquecimento ligado 146
em período incorrecto
XXVIII
Figura 4-5 Planta do piso 1 165
Figura 4-10 Matriz de optimização dos recursos para a Terra sustentável 167
Figura 4-12 Pormenor tipo de execução de caleira pluvial em cobertura metálica 169
Figura 4-14 Pormenor tipo de execução de pavimento intermédio com parede 171
interior
Figura 4-15 Representação esquemática da parede exterior com tijolo térmico 24 172
Figura 4-17 Representação esquemática da parede interior entre espaços úteis 174
(esq.) e não úteis (dir.)
Figura 4-19 Sistema de iluminação natural e artificial em sala de aula tipo 176
Figura 4-20 Corte de sala de aula tipo com integração dos sistemas de 176
iluminação natural e artificial
Figura 4-21 Corte de ginásio com iluminação natural zenital em forma de dente 177
de serra
Figura 4-23 Fachada Sul com aplicação de grelhas de colector de ar e grelhas 178
para efeito chaminé na cobertura
Figura 4-25 Pormenor de vista frontal (esq.) e corte (dir.) de bandeira em 180
XXIX
lamelas de vidro com actuador
Figura 4-26 Vista frontal (esq.) e corte (dir.) de ventilação natural por efeito de 181
chaminé
Figura 4-27 Pormenor com vista frontal (esq.) e corte (dir.), do ducto e difusão 182
de ar do sistema de permutador ar-solo no piso 0
Figura 4-29 Corte interior do sistema de ventilação natural com aplicação de 183
efeito chaminé com grelhas na cobertura, ventilação cruzada com
bandeiras sobre as portas e tubagem e difusão do permutador ar-
solo
Figura 4-30 Sistema de piso radiante a aplicar nas salas de aula e corredores dos 184
pisos 0 e 1
Figura 4-32 Termoventilação por bateria de água quente nos gabinetes de 186
professores no piso 2
Figura 4-35 Esquema de protecção solar por estores de lâminas orientáveis, 189
corte e pormenor
Figura 4-37 Esquema da inclinação solar no dia mais desfavorável (21 de 191
Dezembro)
Figura 4-40 Esquema do Quadro PV1, referente aos módulos em fachada 194
Figura 4-41 Esquema do Quadro PV2, referente aos módulos em cobertura 195
XXX
Figura 4-43 Agrupamento e ligação DC de módulos por circuitos no sistema 196
fotovoltaico em fachada
Figura 4-51 Esquema de vegetação em perfil para protecção dos ventos 203
dominantes
Figura 4-52 Esquema de vegetação para protecção dos ventos dominantes 204
Figura 4-55 Ganhos internos pelas pessoas em período lectivo e férias 206
Figura 5-3 Folha inicial do programa de simulação do permutador de calor ar- 222
solo
Figura 5-4 Gráfico anual das temperaturas de entrada na simulação do sistema 223
Figura 5-7 Perfil de consumos diário das instalações AQS e AQP nos regimes 227
de aula e férias
XXXI
Figura 5-8 Perfil de consumos mensais das instalações AQS e AQP nos 228
regimes de aulas e férias
Figura 5-10 Integração inicial do sistema fotovoltaico na fachada Sul do edifício 229
Figura 5-11 Resultado inicial da simulação do sistema PV1 na fachada pelo 230
Sunny Design da SMA
Figura 5-12 Resultado inicial da simulação do sistema PV2 na fachada pelo 230
Sunny Design da SMA
Figura 5-14 Integração final do sistema fotovoltaico na fachada e Cobertura Sul 232
do edifício
Figura 5-18 Resultado do cálculo dos ganhos solares, internos e passivos na 236
estação de aquecimento na ficha FCIV.1e do RCCTE
Figura 5-19 Resultado do cálculo dos ganhos úteis na estação de aquecimento na 237
ficha FCIV.1e do RCCTE
Figura 5-24 Gráfico das curvas de rendimento correspondentes aos 3 escalões de 242
inércia no cálculo do RCCTE
Figura 5-25 Resultado da produção de energia eléctrica por sistemas renováveis 242
contabilizados no RCCTE
XXXII
Figura 5-26 Resultado da verificação das necessidades de energia primário do 243
edifício no RCCTE
Figura 5-29 Diagrama de LENI - ELI para uma sala de aula 247
Figura 5-31 Cálculo do Indice de Eficiência, Classe Energética e Emissões CO2 251
XXXIII
Lista de Tabelas
Tabela 2-6 Descrição dos tipos de tratamento para reutilização de água 102
“cinzenta”
XXXV
Tabela 5-1 Extrapolação do edifício existente para o edifício proposto 209
Tabela 5-2 Balanço hídrico anual com aproveitamento de água pluvial e 213
reutilização de águas “cinzentas”
XXXVI
1. Introdução
1.INTRODUÇÃO
1
1. Introdução
1.INTRODUÇÃO
1.1.Motivação
A necessidade de construir um centro escolar que integre o 1º ciclo do ensino básico e pré-
escolar na cidade de Alcobaça é um imperativo. Esta necessidade resulta das deficientes
condições de ensino existentes na escola actual ao nível das infra-estruturas, que se traduzem
no desconforto dos alunos, professores e funcionários, ampliada pela sobrelotação. E ainda
devido aos novos estilos de vida dos pais, com a deslocação para os pólos de trabalho e as
medidas de política educativa com a “Escola a tempo inteiro”, conforme vem descrito na
Carta Escolar do Concelho de Alcobaça. [1]
Desde Outubro de 2006 foi constantemente adiada a decisão de se iniciar o projecto da nova
escola. Em Abril de 2007 dei início a uma caminhada a título individual, para criar mais uma
prespectiva, por forma a ser mais uma opção, no momento em que quem tem a obrigação de
efectuar boas decisões na utilização de recursos de financiamento públicos e bem estar dos
munícipes, pudesse analisar e comparar, que este projecto tem todas as condições para ser um
projecto vencedor.
Neste estudo foi dado ênfase às questões energéticas optimizando os diversos sistemas,
procurando uma disposição arquitectónica modular para maximizar a eficiência do edifício,
possibilitando múltiplas soluções de utilização.
3
1. Introdução
1.2.Objectivos
d) Qualidade do ar interior, tanto ao nível térmico como ao nível das partículas de CO2;
1.3.Estrutura da dissertação
- Capítulo 1 – Introdução;
4
1. Introdução
5
2. Estado da arte
2.ESTADO DA ARTE
7
2. Estado da arte
2.ESTADO DA ARTE
2.1.Pesquisa bibliográfica
Neste capítulo pretende-se abordar os aspectos teóricos até então desenvolvidos, que
suportem as matérias alvo de estudo, por forma a dar corpo à presente dissertação, trazendo
uma mais valia sobre a concepção de edifícios energeticamente eficientes com a incorporação
de energias renováveis, bem como apresentar a legislação vigente sobre a matéria e os seus
planos de acção e incentivos.
2.1.1.Estratégias bioclimáticas
A noção de conforto térmico está interligada com factores psicológicos e fisiológicos, sendo
esta subjectiva, dado que estes critérios variam de indivíduo para indivíduo, tendo como base
o mesmo referencial térmico. [2] [3]
1. Factores Pessoais:
2. Factores ambientais:
9
2. Estado da arte
Os primeiros estão totalmente dependentes dos utilizadores dos edifícios e da sua actividade e
os segundos estão dependentes da qualidade da envolvente dos edifícios. [2] [3]
As perdas térmicas compreendem fluxos energéticos do interior para o exterior, fluxos estes
que ocorrem fundamentalmente no período de Inverno, enquanto que no Verão o sentido do
fluxo tem tendência a inverter-se. [2]
No primeiro caso, estamos pois perante as denominadas perdas térmicas, que no Inverno
constituem a razão principal para a diminuição da temperatura interior num edifício e um dos
principais aspectos a acautelar no projecto. A redução das perdas constituí pois uma das
medidas mais eficazes no sentido de melhorar as condições de conforto no interior dos
edifícios. As medidas normalmente adoptadas resultam na utilização de soluções de
isolamento térmico nos elementos opacos (paredes, cobertura e pavimentos) e/ou a utilização
de vidros duplos nos vãos envidraçados. [2]
Já a situação dos ganhos térmicos por troca de calor, em que o fluxo de transferência de calor,
tem o sentido exterior – interior, ocorre preferencialmente no Verão e é uma situação que
contribui para aumentar a carga térmica do edifício e consequentemente a sua temperatura
interna. É portanto algo a evitar numa situação de Verão. [2]
A outra variável de grande importância para os edifícios é a radiação solar. Esta variável tem
um papel determinante no conforto térmico em qualquer edifício, sendo que no Inverno
constitui uma fonte de calor muito importante, contribuindo para o aumento da temperatura
interior, constituindo no Verão uma fonte de calor a evitar, precisamente para evitar o
aumento da temperatura interior nos edifícios. [2]
O sol é, pois, uma fonte de calor que importa compreender na sua interacção com os edifícios,
quer em termos energéticos (valores da radiação solar), bem como em termos da sua posição,
ao longo de todo o ano, para desta forma, melhor projectar o edifício na perspectiva aqui
utilizada, ou seja, em termos bioclimáticos, tendo a aplicação de sistemas solares passivos e
activos os seguintes princípios: [2]
1. Aquecimento
10
2. Estado da arte
2. Arrefecimento
3. Iluminação natural
2.1.1.1.Concepção
Uma criteriosa escolha da orientação do edifício e sua implantação, por forma a adaptar-se ao
local é essencial para optimizar os ganhos solares, verificando-se se o clima é favorável a
esses ganhos solares nas diferentes estações do ano, bem como nos cuidados a ter na análise,
às protecções solares no verão. [4]
Tendo o conhecimento das temperaturas exteriores e da sua amplitude ao longo do ano, pode
determinar-se com mais detalhe os fluxos energéticos ao nível das perdas e ganhos térmicos,
bem como a ventilação natural necessária.
11
2. Estado da arte
Nos Equinócios (21 de Março e 21 de Setembro) o sol nasce exactamente na orientação. Este
e põe-se exactamente na orientação Oeste.
A posição do sol ao longo do ano tem uma grande importância, quanto à definição da
dimensão, tipo de vidro e localização das fachadas envidraçadas num edifício.
Em termos anuais, verifica-se que uma fachada envidraçada orientada a Sul receberá um
maior nível de radiação solar do que fachadas noutras orientações, sendo que no Verão é uma
fachada mais facilmente protegida dessa mesma radiação:
Figura 2-1: Optimização dos ganhos solares de Inverno com fachada a Sul (esq.) comparativamente a uma
orientação a Nascente (dir.), com menor radiação [5]
12
2. Estado da arte
- No Verão, torna-se necessário minimizar os ganhos solares (Figura 2-2), uma vez que, no
seu percurso de nordeste (onde nasce) até noroeste (onde se põe), o sol “vê” todas as
orientações, sendo que é a horizontal (coberturas), a que maior nível de radiação recebe.
Assim, verifica-se que o percurso do Sol, sendo próximo do zénite, apresenta um ângulo de
incidência com a normal de valor mais elevado. Os seus ganhos solares podem ser menores,
facilmente atenuáveis, se existir uma pala sombreadora sobre o vidro ou outro dispositivo de
protecção exterior, no caso de uma fachada orientada a sul. [5]
Figura 2-2: Minimização dos ganhos solares de Verão com fachada a Sul (esq.) comparativamente a uma
orientação a Nascente (dir.), com maior captação solar indesejável [5]
Numa fachada orientada a Este, o dimensionamento dos vãos envidraçados deverá ter em
conta que:
- No Inverno, uma fachada com esta orientação recebe pouca radiação, uma vez que o sol
nasce próximo da orientação Sudeste, incidindo na fachada durante poucas horas do período
da manhã e com um pequeno ângulo de incidência; [5]
- No Verão, a radiação solar incide em abundância numa fachada com esta orientação, durante
longas horas da manhã, desde o nascer do Sol, que ocorre cedo e próximo da orientação
Nordeste, até ao meio-dia. Os ângulos de incidência são próximos da perpendicular à fachada,
o que maximiza a captação de energia solar, que nesta estação é indesejável, devendo os vãos
ser dotados de dispositivos sombreadores eficazes. [5]
13
2. Estado da arte
- No Inverno, uma Fachada orientada a Oeste recebe pouca radiação durante poucas horas do
período da tarde. Os ângulos de incidência são elevados, o que reduz o efeito da radiação; [5]
- No Verão, a radiação solar incide em abundância numa fachada com esta orientação, durante
longas horas da tarde, desde o meio-dia, até ao pôr do Sol, que ocorre tarde e próximo da
orientação Noroeste. Esta é a fachada mais problemática em termos de Verão. Estas fachadas
são responsáveis por grandes cargas térmicas nos edifícios, sendo necessário ter um maior
cuidado com elas, quer em termos de áreas, tipos de vidros e sombreamentos eficazes. [5]
- No Inverno, não recebe nenhuma radiação directa, porém recebe radiação difusa a partir da
abóbada celeste; [5]
- No Verão, recebe uma pequena fracção de radiação directa do Sol no princípio da manhã e
fim da tarde. [5]
Restringir a Condução é uma Estratégia Bioclimática que, num clima temperado como o de
Portugal, se deve promover nos edifícios, para conseguir obter conforto no seu interior, tanto
de Inverno como de Verão. Enquanto no Inverno interessa restringir perdas de calor para o
exterior através da envolvente, no Verão torna-se mais favorável restringir os ganhos
excessivos de calor exterior de forma a manter uma temperatura mais constante no interior
dos edifícios.
14
2. Estado da arte
2.1.1.1.1.Estratégias de aquecimento
15
2. Estado da arte
2.1.1.1.2.Estratégias de arrefecimento
– A zona N corresponde à zona (Neutra) de conforto para o ser humano onde as condições de
clima exterior estão próximas das condições de conforto. A arquitectura deverá acautelar a
existência de ganhos solares excessivos e requer que não sejam cometidos outros erros graves
em matéria de trocas térmicas por ventilação e condução. Nas zonas AC não é possível atingir
estados de conforto térmico sem recurso à utilização de meios mecânicos não passivos. [5]
Deverá haver especial cuidado na promoção dos ganhos solares a Sul, no Inverno, não
devendo esquecer a protecção dos envidraçados, por forma a controlar os ganhos solares de
Verão, tendo em conta as estratégias bioclimáticas da Figura 2-4 e Figura 2-5, que para o
clima I2-V1, estão resumidas na Tabela 2-1. [5]
16
2. Estado da arte
17
2. Estado da arte
Estratégias
Estação Sistemas Passivos
Bioclimáticas
Estação de
Restringir Perdas por
Aquecimento Isolar Envolvente
Condução
Restringir Ganhos
Sombrear Envidraçados
Solares
Estação de
Aquecimento Ventilação transversal (nocturna)
Ventilação
Tubos enterrados
2.1.1.2.Arquitectura
18
2. Estado da arte
4. Por fim, a aplicação arquitectónica dos conhecimentos obtidos nos três primeiros passos.
Para minimizar as flutuações através da ligação entre a edificação e seu ambiente imediato, a
manipulação de todos os factores físicos e os elementos climáticos deve ser estendida muito
além das paredes da mesma. Quando as condições de temperatura, humidade e amplitude
térmica se encontram dentro da zona de conforto que corresponde a uma determinada
actividade, é necessário evitar o impacto de outras variáveis meteorológicas que possam
produzir variações indesejadas na sensação térmica. A escolha correcta de recursos de
desenho bioclimático melhora ou optimizam a temperatura do ar interno. [6]
Para muitos estudiosos o processo de projectar a arquitectura assemelha-se à uma caixa preta,
imagem que representa um mecanismo do qual se conhece apenas a entrada ou alimentação e
saída ou produto, sem conseguir se observar o modo operativo, por estar oculto. Já o
pensamento contemporâneo compara o processo criativo a uma caixa transparente ou de vidro
(Figura 2-6), que representa um mecanismo do qual se pode observar e conhecer o modo de
funcionamento, podendo reproduzi-lo e aperfeiçoá-lo. [6]
19
2. Estado da arte
O mau desempenho ambiental e energético nas edificações ocorre em cada etapa do processo
de edificar, começando pelo projecto e indo até a fase de construção e uso. [6]
As fachadas viradas a Sul, por sua vez, são mais insoladas, proporcionando grandes níveis
luminosos no interior dos espaços. Este tipo de fachada é portanto recomendada para espaços
de actividade principal e sedentária. Deste ponto de vista os elementos orientados a Oeste e a
este produzem efeitos térmicos e de iluminação semelhantes, mas em diferentes alturas do dia.
20
2. Estado da arte
Assim, nas fachadas com orientação Oeste o nível de luz é maior durante a tarde, devido à
incidência de radiação directa nesta fachada durante este período. O mesmo se passa nas
fachadas de orientação Este, mas no período da manhã. [4] [7]
Qualquer edifício beneficia com uma forma rectangular e de preferência orientado ao longo
eixo Este-Oeste. Pois, deste modo o edifício tem a maior fachada virada a Sul, permitindo
assim a optimização dos ganhos térmicos na estação fria devido a uma retenção de calor e
contenção de perdas. [4] [7] [15]
2.1.1.3.Dados climáticos
2.1.1.3.1.Temperatura
Existe uma relação directa entre radiação recebida e a temperatura média do ar; o estado do
céu (nebulosidade) determina o andamento diário da temperatura. De facto, as nuvens
interceptam o fluxo de radiação infravermelha emitida pela superfície terrestre, modificando o
balanço térmico local; com céu sereno, o solo ganha energia solar e perde energia por
irradiação mais do que com céu encoberto. A temperatura do ar em uma determinada
localidade depende também do ganho de calor devido ao deslocamento de grandes massas
oceânicas (correntes) e massas de ar (ventos) e da proximidade de grandes massas de água
que atenuam as amplitudes térmicas. [2] [8] [9]
Também a humidade do ar atenua tanto a radiação absorvida quanto a radiação emitida, e por
este motivo as zonas de clima quente e húmido a amplitude térmica diária é baixa.
2.1.1.3.2.Humidade relativa do ar
21
2. Estado da arte
O parâmetro climático básico é a pressão parcial do vapor de água e não a humidade relativa,
que e um parâmetro derivado. A pressão do vapor permanece normalmente constante durante
o dia; a humidade relativa, ao contrário, é ligada a temperatura de bolbo seco, e varia de
forma significativa. Os valores mais elevados registam-se durante a madrugada, quando a
temperatura do ar atinge seu valor mínimo, e mais baixo no início da tarde,
correspondentemente ao máximo da temperatura de bolbo seco. A flutuação diária da
humidade relativa é mais sensível no verão do que no inverno, de forma análoga à
temperatura do ar. [2]
2.1.1.3.3.Pluviosidade
2.1.1.3.4.Ventos
Assim como os outros dados climáticos, o vento também apresenta variações diárias e de
estação a estação. Os ventos denominados “regionais” dependem dos movimentos de grandes
massas de ar através de grandes territórios enquanto as brisas são movimentos diários,
tipicamente locais. [2] [8]
A distribuição da orientação dos ventos é um dado importante seja para incorporar protecção
nos períodos frios, seja para aproveitá-los nos meses quentes com humidade relativa alta.
22
2. Estado da arte
Uma metodologia de análise e optimização do vento, pode ser utilizada para a definição de
projecto: [2] [9]
5. Definir a forma dos edifícios que desfrutam os factores desejáveis e evitam os indesejáveis;
6. Definir os espaços externos (pavimentação, superfície verde, vegetação, etc.), que podem
contribuir a modificar a incidência do vento;
7. Por fim, a escolha correcta da localização, dimensões e desenho das aberturas do edifício, o
que permite condições internas a nível óptimo, segundo a necessidade das diversas épocas do
ano.
2.1.1.3.5.Radiação solar
23
2. Estado da arte
terra em torno do sol; esta inclinação constante é a responsável pela variação das estações no
clima. [2] [9]
No solstício de 22 de Junho, o hemisfério sul recebe menos horas de sol e a radiação incide
com um ângulo menor, que por sua vez beneficia o Hemisfério Norte, onde a radiação é
máxima.
- difusa - radiação da qual uma fracção é interceptada pela atmosfera (nuvens), que a
difundem em todas as direcções;
- reflectida - radiação directa e difusa da qual uma parte é devolvida pelo edifício.
2.1.1.3.6.Vegetação
24
2. Estado da arte
Pode arrefecer o ar quente por evapotranspiração, criar sombra no chão e paredes, e reduzir ou
controlar a temperatura radiante. [8]
Uma das preocupações das zonas urbanas é a designada “ilha de calor” [10] [11], pois tem
impactos negativos sobre pessoas. Este fenómeno normalmente acontece na conjugação dos
seguintes factores: Temperatura superior a 17ºC; a humidade relativa superior a 85%; pressão
do ar maior do que 18,8 hPa; e a velocidade do vento próxima de zero.
Este micro design requer uma actuação de forma conceptual sobre como micro componentes,
tais como o vento e a radiação solar, podem ser significativamente afectados por vegetação e
árvores.
Estas zonas verdes são um "filtro" da zona urbana, com a poluição do ar, nestes espaços, a
poder ser inferior entre 20 a 40% em comparação com o resto da zona urbana. Podem
produzir oxigénio, purificar ar e da água, regular o microclima, reduzindo o ruído, protecção
do solo e da água, manutenção da biodiversidade, aumento humidade do ar, reduzir a
sensação de desconforto térmico, melhorar a circulação do ar local. [10]
A estratégia de “telhados verdes” (Figura 2-8) onde são implantadas diversas tipologias de
vegetação ao nível da cobertura dos edifícios, consegue reduzir o efeito da “ilha de calor” no
verão e no inverno, filtrar e armazenar as águas pluviais. [10]
Figura 2-8: Edifício “Chicago’s City Hall” em Chicago – USA, com um “Telhado verde” [10]
2.1.1.3.7.Conforto térmico
A norma ASHRAE define conforto térmico como “a condição na qual um indivíduo exprime
satisfação com relação ao ambiente que o circunda”. [2]
25
2. Estado da arte
Temperatura do ar: 18ºC a 26ºC. Estes limites podem ser excedidos em 2ºC por períodos
curtos.
A flutuação diária da temperatura durante os períodos de ocupação não deve ser superior a
±2ºC.
Em períodos de Inverno, a diferença em locais não aquecidos no edifício não deve ser
superior a 4ºC.
Humidade do ar: entre 35% e 85%. No Verão não deve exceder os 60%.
26
2. Estado da arte
2.1.2.Desempenho energético
Figura 2-10: Relação Evolução da temperatura num edifício passivo durante o ano (hemisfério norte) [3]
27
2. Estado da arte
A opção por um edifício bem adaptado (curva A), com bom isolamento, ganhos solares
passivos, sistemas de sobreamento eficientes, sistemas de arrefecimento passivo e sistemas de
habitação adaptativos, resulta num edifício que, na maioria dos climas europeus, fornece
conforto sem recurso a outra energia que não a do sol durante a maior parte do ano. A energia
usada para aquecimento é reduzida de forma substancial. Necessitando assim de menores
gastos energéticos no período de arrefecimento. [3]
Para além do anteriormente referido, elevados níveis de consumo de energia podem ser
causados por comportamentos inadequados, em termos da conservação de energia, por parte
dos seus utentes, tais como:
28
2. Estado da arte
- climatização desnecessária dos espaços, permitindo temperaturas interiores fora dos níveis
recomendados, isto é, demasiado quentes no Inverno e demasiado frios no Verão.
2.1.2.1.Pontes térmicas
As pontes térmicas são pontos localizados na envolvente do edifício, onde há maior perda de
calor em relação às restantes áreas dos elementos da envolvente. Este fenómeno aumenta o
consumo de energia para aquecimento e pode causar danos na envolvente do edifício,
reduzindo a sua durabilidade.
Existem pontes térmicas em vigas e pilares, pois estes elementos maciços têm coeficientes de
transmissão térmica superiores aos das paredes exteriores onde estão inseridos. Também
podem ocorrer pontes térmicas na intersecção de paredes interiores com paredes exteriores,
porque as superfícies internas têm aí menores áreas que as superfícies externas
correspondentes, permitindo assim um maior fluxo de calor. O mesmo pode acontecer à volta
de janelas e portas, porque a sua superfície interna tem menor distância ao ambiente exterior.
[15] [16]
2.1.2.2.Condensações
Se um edifício for insuficientemente ventilado, o vapor de água em excesso não poderá ser
totalmente removido e tende a condensar quando atinge qualquer ponto com uma temperatura
abaixo do ponto de orvalho do ar interior (condensação superficial). [15]
29
2. Estado da arte
Para prevenir o risco de condensação deve ser minimizada ou reduzida a produção de vapor
de água nas actividades e melhoranda a taxa de ventilação, por forma a reduzir a quantidade
de vapor de água existente no ambiente interior, aquecendo os espaços. Desta forma
aumentar-se-á a temperatura do ar interior e, consequentemente, diminui a humidade relativa.
Reforçando o isolamento térmico da envolvente do edifício aumentar-se-á a temperatura da
sua superfície interna. A inclusão de barreiras ao vapor associadas aos materiais isolantes
térmicos ajuda a evitar o risco de condensação interna. Quando necessárias, as barreiras ao
vapor devem ser colocadas o mais próximo possível dos paramentos interiores. [16] [18]
30
2. Estado da arte
2.1.2.3.Envolvente
A transmissão de calor por condução através da envolvente dos edifícios, quer sejam as
perdas de calor através dos elementos construtivos da envolvente no Inverno, quer os ganhos
indesejáveis de calor através dos mesmos elementos no Verão, são fenómenos que muito
influenciam o comportamento térmico dos edifícios [14]. Para minimizar estes efeitos em
ambas as estações, deve aumentar-se a resistência térmica dos elementos construtivos, o que
se consegue do seguinte modo: [4]
Nos edifícios as perdas e os ganhos de calor pela cobertura assumem por vezes um papel
particularmente importante, nomeadamente nos casos em que aquele elemento construtivo
possui uma percentagem de área elevada relativamente aos restantes elementos construtivos.
É pois um dos elementos da envolvente a ter mais cuidado a fim de evitar situações de
desconforto assinaláveis.
2.1.2.3.1.Paredes
O reforço do isolamento térmico das paredes exteriores tem como principais vantagens a
diminuição do consumo de energia e o aumento do conforto térmico, e pode ser concretizado
através de três grandes opções [19], caracterizadas pela posição relativa do isolante térmico a
aplicar: [16]
31
2. Estado da arte
Nas paredes enterradas a principal preocupação deverá ser a humidade. Para isso existem duas
soluções, que são possíveis de conjugar: [20]
- Barreira estanque;
As paredes têm uma função muito importante no que diz respeito à inércia do edifício, pois
têm a capacidade de armazenar energia oriunda dos ganhos solares e libertá-la posteriormente
para o interior do edifício.
O atraso térmico de uma parede com “n” camadas de espessura “e”, submetida a um regime
térmico variável e sinosoidal, num período de 24 horas, varia conforme a ordem de camadas
[9] [21], sendo dado por:
Sendo:
Vindo :
Bo (2)
B1 = 0,226
Rt
32
2. Estado da arte
B0 = CT − CText (3)
e (5)
R= [m2.ºC/W]
λ
Aa + Ab + ... + An (6)
CT = [KJ/m2.K]
Aa A A
+ b + ... + n
CTa CTb CTn
Onde:
e é a espessura da placa;
2.1.2.3.2.Envidraçados
33
2. Estado da arte
Para um dado edifício em média as janelas contribuem tipicamente em cerca de 30% das
perdas totais de calor. Assim as janelas podem ser usadas para aquecimento solar passivo nos
meses frios, e ajudar a reduzir os custos de aquecimento. A escolha mais indicada exige uma
solução de compromisso entre diferentes características de desempenho energético, e outros
assuntos não energéticos. [22]
A taxa de perda ou ganho de calor não solar, através de um material, é medida pelo factor U.
O factor U pode ser expresso somente para o vidro ou para a janela completa, incluindo o
efeito da estrutura e dos materiais. [22]
Um factor U baixo, fornece um valor de isolamento maior do que um elevado, logo, quanto
menor for este factor menor serão as perdas para o exterior do edifício (Figura 2-11).
Contudo, a passagem dos raios solares também será condicionada por este valor. [22]
Com a tecnologia de hoje, uma janela é considerada eficiente em termos energéticos se o seu
factor U for menor que 0,40. Para conseguir este padrão da energia-eficiência, o vidro é
revestido com uma camada muito fina de material que é projectado para transmitir ou rejeitar
determinadas frequências de radiação. Este vidro revestido é chamado de vidro de baixa
emissividade. [22]
34
2. Estado da arte
O coeficiente solar do ganho de calor (Sv) mede a transmissão de calor através do vidro, isto
é, a fracção da radiação solar admitida por uma janela. O Sv é um número decimal entre zero e
um. Um valor de 60% da radiação solar passa para o interior do edifício e 40% é reflectida
para o ambiente.
O aquecimento solar passivo requer um Sv elevado, ou seja, uma janela que deixe passar a
radiação solar (Figura 2-12). [22]
35
2. Estado da arte
- Os vidros das fachadas Este e Oeste devem ter um Sv baixo (menor que 0,40);
- Os vidros da fachada sul devem ter um Sv elevado se a casa tiver uma saliência apropriada;
Para aumentar a eficiência energética da janela deverá ser também tomado em conta um
elemento que faz parte da constituição da janela e que é o caixilho.
Existem vários tipos de caixilhos, em que diferem uns dos outros essencialmente devido ao
material utilizado na sua construção. Estes podem ser fabricados tendo como base vários
materiais dependendo da aplicação para a qual se pretende utilizar o referido caixilho. [22]
Os caixilhos de alumínio com corte térmico (Figura 2-14 (dir.)) são a solução mais comum
para os problemas de condução térmica dos caixilhos de alumínio, por oferecer um corte
térmico ao dividir os componentes do caixilho (de maior condutância), e usando um elemento
de baixa condutância (normalmente plástico) colado entre estes para reduzir o fluxo de calor.
[22]
Os espaçadores são um tipo de liga que separa dois vidros criando uma caixa de ar no meio
dos dois vidros (Figura 2-14 (esq.)), e entre os caixilhos com a finalidade de melhorar a
eficiência da janela. Estes tem como função manter os vidros da janela afastados, e fornecer
um fecho hermético numa janela cujos vidros contenham uma câmara de ar. Assim se
utilizados, pode haver uma melhoria de 10 a 20% do desempenho energético das janelas
dependendo das outras características de uma determinada janela. [22]
Figura 2-14: Espaçador em janela (esq.) e janela com caixilho de alumínio com corte térmico (dir.) [22]
36
2. Estado da arte
A selecção dos envidraçados, que podem ser duplos, triplos, podem ser instalados em
caixilharias simples ou duplas, etc., deve ter em consideração as suas características
principais, acima referidas. a escolha de vidros duplos isolantes permite aumentar o conforto
térmico nas zonas próximas às janelas, oferece uma maior flexibilidade na selecção de
produtos disponíveis, reforça o isolamento acústico e reduz as cargas mecânicas. Edifícios
que pretendam uma economia substancial nos gastos energéticos devem ser dotados de vidros
duplos isolantes em particular se as orientações dos vãos não forem as mais favoráveis e se a
eficácia de eventuais sistemas de sombreamento não for a mais adequada. [3] [22]
Se o objectivo primordial for o controlo dos ganhos solares de Verão, deverão ser escolhidos
envidraçados com factores solares o mais baixos possíveis associado a transmitâncias visíveis
o mais elevadas possíveis. [3]
Quanto maior forem as dimensões dos vãos envidraçados, menor será a transmitância visível
(Tv) dos vidros necessária para uma mesma quantidade de iluminação natural. Torna a
selecção dos envidraçados e a eficácia do sombreamento, numa preocupação mais acentuada,
de modo a poder-se controlar o encandeamento e os ganhos térmicos. A abertura eficaz (AE)
vem como: [3]
⎛A ⎞ (7)
AE = Tv ⎜ v ⎟
⎜ Ap ⎟
⎝ ⎠
Sendo:
Tv é a transmitância visível;
37
2. Estado da arte
Um valor médio aceitável para a AE é um valor entre 0,20 e 0,30. Quanto maiores forem as
dimensões dos elementos transparentes dos vãos, mais importante se torna a selecção dos
envidraçados e a eficácia do sombreamento, de modo a poder-se controlar o encandeamento e
os ganhos térmicos. Assim, quanto maior for a área envidraçada, menor deverá ser o factor
solar g e a transmitância visível Tv, devendo optar-se por vidro de características
marcadamente isolantes para grandes áreas transparentes. [3]
Em regiões cujo clima é dominado por Verões quentes e longos, e Invernos não muito
rigorosos, vãos envidraçados orientados a Sul, a Nascente e, principalmente, a Poente podem
contribuir de um modo mais positivo para as necessidades de arrefecimento. Deve encarar-se
a hipótese de se usarem envidraçados com factores solares mais elevados. A protecção para
vãos orientados a Sul também é importante, mas como podem ser (mais fácil e eficazmente)
protegidos por dispositivos de protecção solar exteriores, a necessidade de controlo solar
através dos envidraçados pode não ser tão premente.
- Minimização do encandeamento;
- Protecção térmica.
A escolha dos envidraçados deve ser feita tendo em consideração as suas principais
características, as quais são: [3]
É a percentagem da luz visível que atinge um envidraçado que passa para o interior.
Vidros com Tv elevadas possuem um aspecto transparente e proporcionam uma
iluminação abundante e vistas inalteradas. A utilização de vidros de baixa Tv, implica
quase sempre a necessidade de utilização de iluminação artificial complementar durante
períodos diurnos significativos;
38
2. Estado da arte
O factor solar (g) de um vão envidraçado, define-se como sendo o quociente entre a
energia solar total transmitida e a energia solar incidente. Varia entre 0.9 e 0.1, em que
os menores valores indicam menores ganhos solares. Constitui uma medida da fracção
da energia solar que efectivamente penetra para o interior dos compartimentos (Figura
2-15) e é variável com:
- Velocidade do vento;
- Espessura do vidro.
T + Ai (8)
g=
Ig
Sendo:
39
2. Estado da arte
Tv (9)
CSE =
g
A cor dos envidraçados afecta a aparência das vistas do exterior e a aparência das
superfícies e objectos interiores. Existe uma correlação estreita entre a cor dos
envidraçados e as suas propriedades fotométricas; de um modo geral quanto mais escura
for a cor, mais baixa será a transmissão da radiação visível e consequentemente maior
poderá ter de ser o recurso à iluminação artificial. A escolha das caixilharias é
determinante para a avaliação do comportamento total do envidraçado.
40
2. Estado da arte
2.1.2.3.3.Cobertura
Basicamente, para o reforço do isolamento térmico das coberturas horizontais, existem três
grandes opções, caracterizadas pela posição relativa do isolante térmico a aplicar em cada
uma delas: [7] [16]
- cobertura invertida;
De entre estes dois tipos de soluções, a melhor opção é a de “cobertura invertida”, pois
permite aumentar a vida útil da impermeabilização ao protegê-la de amplitudes térmicas
significativas, além de que, aquando a sua aplicação em reabilitação, permite aproveitar a
impermeabilização já existente, caso esta ainda se encontre em bom estado. [7] [16]
Em relação à aplicação dum isolante térmico em posição inferior à laje de esteira apenas se
aceita quando integrado num tecto falso desligado da esteira e, mesmo assim, tem a
41
2. Estado da arte
Quanto ao nível de isolamento térmico a colocar em coberturas horizontais, este não deverá
ser inferior ao mínimo exigido pelo novo RCCTE. No entanto, recomenda-se uma resistência
térmica adicional, com base numa análise económica. [16]
2.1.2.3.4.Pavimento
A intervenção ao nível dos pavimentos é fundamental quando estes estão em contacto directo
com o exterior ou com espaços interiores não aquecidos. Para o reforço do isolamento térmico
dos pavimentos existem três opções, dependentes da localização desse isolamento: [23]
2.1.2.3.5.Isolamento
O isolamento é assim um dos pontos fundamentais na construção, uma vez que uma boa
utilização de isolamento térmico em coberturas, paredes ou pavimentos irá traduzir-se numa
redução de trocas de calor através do abaixamento dos coeficientes de transmissão térmica.
42
2. Estado da arte
Neste pressuposto devem ser isolados todas as fachadas, cobertura e estrutura do edifício,
preferencialmente pelo exterior com poliestireno. Esta solução é mais eficaz, do que colocar o
isolamento no interior, por duas razões principais: [4]
- Por outro lado, no verão proporciona um melhor desempenho, uma vez que a temperatura
sofre um decréscimo na sua passagem, durante o período diurno, sendo muito maior do que
aquele que se verificaria se o material que constitui a parede fosse directamente exposta ao sol
ou ao ar exterior.
43
2. Estado da arte
tem-se revelado cada dia mais importante na construção, pela capacidade de aumentar a
resistência térmica das soluções construtivas, sem aumentar o peso da construção. [15]
Os materiais de isolamento são caracterizados por terem densidades abaixo dos 150Kg/m3 e
uma condutibilidade térmica abaixo dos 0,05W/m.ºC. Um aspecto particularmente importante
será o de encontrar um compromisso entre isolamento térmico e acústico. Nas soluções de
parede actuais, raramente se consegue este compromisso, já que os projectos térmico e
acústico se realizam apenas como um próforma e apresentam muitas vezes incompatibilidades
com as soluções construtivas implementadas. Muitas vezes, mesmo que a compatibilização
entre as especialidades fosse bem resolvida na fase de projecto, a direcção e fiscalização de
obra é em grande parte das vezes pouco eficaz. [15]
O poliestireno extrudido (XPS) tem a vantagem de ser mais uniforme que o EPS, já que as
suas células são de menor dimensão e por isso apresenta superfícies mais compactas e
uniformes e tem uma maior resistência mecânica e durabilidade. No processo de fabrico do
XPS, os grãos de poliestireno são fundidos e o gás agente expansor é misturado no
poliestireno fundido. A espuma é obtida após arrefecimento da mistura expandida. [15]
44
2. Estado da arte
Nas coberturas invertidas o XPS em conjunto com lajetas de betão são uma boa solução tanto
do ponto de vista térmico como de protecção mecânica ao ambiente exterior, tendo uma
condutibilidade térmica de 0,035 W/m2. [15]
Fibra de Vidro: a Fibra de Vidro é uma fibra inorgânica, elaborada a partir das matérias-
primas tradicionais necessárias para o fabrico do vidro: silicatos mistos (cálcio, borossilicatos
de alumínio e magnésio). [15]
A lã de vidro em manta é um material composto. A espuma está constituída por fibras entre
cruzadas desordenadamente, que dificultam as correntes de convecção do ar. A
condutibilidade, que varia entre 0,032 e 0,045W/m.ºC depende da densidade, que varia entre
10 e 110kg/m3. [15]
As suas desvantagens, verificam-se pelo facto de se apresentar em mantas e não ter rigidez,
não é indicado para caixas-de-ar verticais parcialmente preenchidas. Tem ainda a
desvantagem do seu manuseamento ser perigoso e de poder libertar fibras para o ar, tornando-
se nocivo para as vias respiratórias, o que pode também suceder já em fase posterior à
construção, quando as caixas-de-ar não são totalmente estanques, quando são vandalizadas,
ou no momento da demolição. [15]
Os sistemas compósitos de isolamento térmico pelo exterior (ETICS) (Figura 2-16) têm uma
camada isolante composta por placas de um isolante térmico fixadas contra a parede por
colagem, por fixação mecânica ou por ambos os processos. Recebem em obra um
revestimento exterior contínuo armado, como camada de protecção contra os agentes
atmosféricos. [24]
Existem dois subtipos de ETICS, que se distinguem pela espessura do revestimento aplicado:
[15]
45
2. Estado da arte
b) Nos sistemas com revestimento delgado, que é mais usual do que o anterior, utilizam-se
sobretudo placas de poliestireno expandido moldado (EPS) e um revestimento de ligante
sintético ou misto armado com uma rede de fibra de vidro protegida contra o ataque dos
álcalis do cimento. Por forma a melhorar a resistência mecânica do revestimento em zonas
sujeitas a acções mecânicas mais severas (por exemplo, em paredes localizadas em pisos
térreos de acesso público) é adicionada àquela rede uma outra reforçada do mesmo material.
Os sistemas com isolamento delgado são uma tecnologia de isolamento muito interessante,
pelas características térmicas favorecidas. As suas principais vantagens são a garantia da
continuidade do isolamento térmico, a diminuição da espessura das paredes exteriores, a
melhoria do conforto térmico resultante do aumento da inércia térmica interior e a facilidade
de aplicação. Existe porém um problema relativamente grave, que é a acelerada degradação
do aspecto, como resultado da deposição de sujidade e, principalmente, devido ao
desenvolvimento de microorganismos (Figura 2-17). [25]
46
2. Estado da arte
As trocas de radiação, com comprimento de onda longo, que ocorrem entre a superfície
exterior e a atmosfera durante noite, provocam uma diminuição da temperatura à superfície da
envolvente. Quando a temperatura da superfície exterior é inferior à temperatura de ponto de
orvalho, sobretudo nas fachadas voltadas a norte e a poente, ocorrem condensações
superficiais. São aquelas em que a humidade superficial do revestimento permanece alta por
períodos de tempo mais prolongados e se não tiverem um processo de secagem
suficientemente rápido, potenciam o risco de desenvolvimento de microorganismos. [25]
A radiação emitida pelo edifício é de onda longa, cuja intensidade total, Eed, é determinada a
partir da Lei de Stefan-Boltzmann: [25]
Onde:
47
2. Estado da arte
Como durante a noite não existe radiação solar, cria-se uma diminuição da temperatura na
superfície do edifício, a qual se mantem até que o calor por convecção e por condução
compensem a perda por radiação, sendo por isto um período de balanço negativo. [25]
No que diz respeito aos fungos, resultantes da humidade relativa, tem o valor mínimo de 80%
para o seu desenvolvimento, sendo esta capacidade relacionada com os nutrientes disponíveis
à superfície, os quais dependem da composição da camada de acabamento. [25]
2.1.3.Ventilação
A carga térmica induzida pelo processo de ventilação (fria ou quente) têm grande
importância, a quando do balanço térmico do edifício. Podemos estar perante um processo de
infiltrações que se efectuam através das frinchas das portas e janelas e podem representar uma
carga considerável de arrefecimento no Inverno, que deverá ser contrariada através de uma
boa vedação dessas frinchas. [5] [6] [11] [12] [26] [27]
Em regiões com clima bastante severo, deverá ser dada particular atenção à acção do vento.
As estratégias deverão ser convenientemente avaliadas e seleccionadas em função do clima.
Dentro destas poderão utilizar-se vegetação para protecção de ventos dominantes, que
provocam efeitos desconfortáveis nos edifícios, bem como a existência de sistemas de
captação do vento e de indução de correntes de circulação de ar para arrefecimento. [5] [6]
[11] [26] [27]
Acresce que estes processos são na maioria dos casos os únicos que permitem a renovação do
ar interior, necessária por questões de salubridade. Coloca-se a necessidade de se manter esse
48
2. Estado da arte
mesmo ar num estado higrométrico que possa evitar a ocorrência de condensações interiores.
[5] [6] [11] [26]
No Inverno, quando a temperatura exterior apresenta praticamente sempre valores abaixo das
condições de conforto, interessa limitar as infiltrações. No entanto, é imprescendível
assegurar um mínimo recomendável de renovação do ar interior de modo a assegurar a
manutenção das condições de salubridade interior dos edifícios. Poderão ser utilizados
sistemas de ventilação, natural, mecânico ou híbrido. Nas estações intermédias, Outono e
Inverno, a ventilação natural é o processo mais eficiente no controle do sobre / sub
aquecimento dos edifícios. No Verão, a ventilação natural assume um papel de relevo no
arrefecimento nocturno dos edifícios. [5] [6] [11] [26]
2.1.4.Qualidade do ar interior
Uma boa qualidade do ar é conseguida, com a ausência de odores, gases tóxicos e irritantes,
não causando desconforto ou problemas de saúde aos ocupantes. [11]
49
2. Estado da arte
Duma maneira geral, considera-se o ar como uma mistura de vapor de água e de ar seco, onde
a composição do ar seco se mantém praticamente constante, variando a quantidade de vapor
de água, como resultado da condensação e da evaporação. [26]
O vapor de água pode variar de 0 a 100%, sendo este último designado por saturação.
- 1 % CO2 - Má
- 6 % CO2 - Muito Má
O vapor de água, pela sua variação tem uma influencia decisiva nas transformações térmicas.
É um parâmetro a tratar com alguma relevância e não pode isolar-se da temperatura.
A passagem do estado físico sólido a líquido e do estado físico líquido a gasoso ocorre
mediante absorção de calor. O processo inverso dá-se com rejeição de calor. Mais ainda, as
mudanças de estado físico são sempre acompanhadas por uma variação de volume, que é
normalmente pequena na passagem de sólido a líquido, mas bastante grande na passagem de
líquido a vapor.
N CO (11)
C s − Co = 2
[ppm]
Vo
Onde:
50
2. Estado da arte
2.1.5.Sistemas passivos
Os sistemas destinados ao aquecimento passivo podem ser caracterizados como aqueles que,
fazendo parte integrante da sua estrutura construtiva, desempenham o papel de colectores
solares e acumuladores da energia solar neles incidentes e ainda de agente de distribuição da
energia-calor por processos naturais de transferência. [5]
Assim facilmente se depreende que os sistemas passivos podem ser caracterizados de duas
formas diferentes: [5]
51
2. Estado da arte
- Ganho Directo;
- Ventilação Natural;
- Arrefecimento Evaporativo;
- Arrefecimento Radiativo.
2.1.5.1.Iluminação natural
A luz natural que é admitida no interior das edificações consiste em luz proveniente
directamente do Sol, luz difundida na atmosfera (abóbada celeste) e luz reflectida nas
superficies. A magnitude e distribuição da luz no ambiente interno dependem de um conjunto
de variáveis, tais como da disponibilidade da luz natural (quantidade e distribuição variáveis
com relação às condições atmosféricas locais), de obstruções externas, do tamanho,
orientação, posição e detalhes de projecto das aberturas (verticais e/ou horizontais), das
características ópticas dos envidraçados, do tamanho e geometria do ambiente e da
reflectividade das superfícies internas [28]. Um bom projecto de iluminação natural tira
proveito e controla a luz disponível, maximizando suas vantagens e reduzindo as suas
desvantagens. As decisões mais críticas, a este respeito, são tomadas nas etapas iniciais do
projecto. [29]
52
2. Estado da arte
A admissão de luz natural deve ser optimizada, por forma a não causar desconforto ao
utilizadores pelo encadeamento. Este é motivado pelo brilho excessivo e consequente
aumento de constraste entre interior e exterior. Para tal devem ser controladas a luminância da
fonte de luz reduzindo os constrastes e aumentar as luminâncias das superfícies adjacentes,
devendo ter uma relação proporcional à fonte e ao ambiente interno. Este gradiente aumenta
aumenta o conforto visual e diminui o encadeamento. [29] [30] [31]
As reflectâncias recomendadas para superfícies interiores estão indicadas na Tabela 2-3. [3]
53
2. Estado da arte
com estas a serem posteriormente adicionadas para fornecerem o factor de luz do dia total no
ponto de referência. Este método tem como vantagem proporcionar uma visão imediata da
quantidade de luz que atinge o ponto de referência directamente do céu. O cálculo da
luminância do céu baseia-se em três métodos: [28]
- Céu limpo (sem nuvens), tanto com luz solar como sem esta.
( )
Tθ = 1,018T0 cos θ + sen3θ cos θ [%] (12)
Onde:
A temperatura de cor da luz do dia varia dos 5500 ºK aos 7500 ºK (CIE).
No que concerne à escolha das cores para optimizar a distribuição da luz natural deve utilizar-
se o valor médio de Munsell para obter a reflectância da superficie: [28]
R = V (V − 1) [%] (13)
Onde:
R é a reflectância;
V é o valor de Munsell;
Para obter um I.R.C. elevado, o valor médio das superfícies interiores, deve estar em 7 ou 8.
O pavimento, por receber primeiro a luz directa e efectuar uma intra-reflecção no espaço,
deve ter um valor de 6 ou 7. [28]
54
2. Estado da arte
EA (14)
F= [%]
U
Onde:
A é a área de iluminação;
No Inverno a utilização da radiação Solar que entra através dos vãos envidraçados, fornece
um efeito de aquecimento devido a ganhos directos, mas em períodos quentes pode ser causa
de sobreaquecimentos. A sua disponibilidade e o seu controlo devem ser avaliados de forma
rigorosa, podendo para tal utilizar-se cartas solares, ou programas de simulação solar (Figura
2-18). [3]
Figura 2-18: Determinação da penetração de radiação solar num compartimento orientado a Sul [3]
55
2. Estado da arte
O Facto da Luz do Dia (FLD), pode ser determinado pela expressão abaixo, onde o valor
mínimo para a sua utilização é de 2% para salas de aula. Este traduz o nível médio de lux para
a iluminação natural, num espaço interior, tendo como referência um valor externo médio de
5000 lux. [32]
Ei τAvεψ (15)
FLD = = [%]
Ee Atot (1 − ρ m )
∑ Ai ρi (16)
ρm = i
[%]
∑ Ai
i
Onde:
Quase sempre é necessária a ligação da iluminação artificial (Figura 2-19), mesmo nas
melhores condições naturais de iluminação, a fim de que possamos atender a todas as
solicitações visuais das tarefas que hoje realizamos. Com o desenvolvimento da arquitectura,
na sua multiplicação de funções, na sua concepção e uso do espaço, novos requisitos em
termos de iluminação tornaram-se necessários. [32]
56
2. Estado da arte
Figura 2-19: Probabilidade de ligação da iluminação artificial em função do nível de iluminância pretendido
[32]
A grande dificuldade encontrada pelo projecto integrado é o facto de que se estão a combinar
dois tipos de iluminação com características de variabilidade totalmente diferentes, ou seja, a
iluminação natural variável o tempo todo e a iluminação artificial praticamente invariável.
Tem-se procurado explorar as potencialidades das duas, desenvolvendo metodologias que
viabilizem esta integração, para que elas se fundamentem em princípios ditados pela nossa
realidade social, económica, climática, energética e tecnológica.
Uma das técnicas a utilizar para a integração da iluminação natural e artificial, é a na fila de
luminárias junto da janela, estas serem de distribuição assimétrica com projecção paralela à
iluminação natural. As filas posteriores deverão ser de distribuição simétrica. [33]
De acordo com alguns estudos, o olho não desempenha apenas funções visuais, mas também
proporciona um equilíbrio bioquímico do corpo humano. Nesse sentido surgiu a
caracterização da instalação de iluminação ligada ao lado ergonómico, a qual é designada por
ELI (Ergonomic Lighting Indicator). [32] [34] [35]
Neste campo a iluminação natural tem um papel muito importante, pois oferece ao corpo
humano a regulação, pela melatolina, do relógio biológico interno, no equilíbrio do ritmo
circadiano (Figura 2-20).
57
2. Estado da arte
Figura 2-20: Rítmo circadiano típico humano para 24 horas luz / escuridão [34]
Os critérios de qualidade da iluminação, tendo em conta a sua ergonomia, são avaliados pelo
indicador ELI e apresentados sob a forma de um diagrama pentagonal, onde cada vértice
corresponde a uma categoria. Estas correspondem às letras de A a E e representam
respectivamente o Desempenho Visual (avaliado pela EN 12464 [36]), Aparência, Conforto
Visual, Emoção e Individualidade. Cada categoria tem uma pontuação, onde o objectivo, para
a tipologia deste edifício, é atingir um ELI de 19 pontos (Figura 2-21).
No aspecto energético, a iluminação tem evoluído muito positivamente e para avaliar a sua
poupança, surgiram vários estudos. Um destes determina a poupança energética conseguida
pela maximização da iluminação natural num edifício, face à iluminação artificial, através do
método PALN [37].
Em 2002, a Comunidade Europeia lançou uma directiva para conter o elevado consumo
energético nos edifícios, designada EPBD – Energy Performance of Buildings Directive [38],
a qual classifica os edifícios em função da energia consumida. Neste sentido foi definida uma
metodologia para poupança de energia ligada à iluminação, da qual resultou a EN 15193 [39].
58
2. Estado da arte
No que diz respeito à avaliação energética obtida pela EN 15193 [39], esta traduz-se pelo
indicador LENI - Lighting Energy Numeric Indicator. [32]
W L + WP (17)
LENI = [kWh/m2.ano]
A
Onde:
No sistema de ganho directo (Figura 2-22), o espaço a aquecer dispõe de vãos envidraçados
bem orientados por forma a possibilitar a incidência da radiação no espaço e nas massas
térmicas envolventes (paredes e pavimentos). De notar que a construção corrente em Portugal
tem em geral massa suficiente, sendo que uma boa orientação dos vãos conduz à utilização
deste tipo de sistemas sem qualquer complexidade adicional. [5] [15] [22]
Os ganhos energéticos em Portugal, associados a esta tipologia, são máximos para inclinações
de 55º a 60º. É desaconselhável a utilização de janelas com esta tipologia, por questões
construtivas e de sujidade. [15]
59
2. Estado da arte
As massas térmicas envolventes têm então uma função estabilizadora nos valores das
temperaturas interiores, una vez que permitem armazenar os "excessos” de energia incidente.
Nos sistemas de ganho directo a inércia térmica tem uma importância fundamental sendo esta
tanto maior quanto a área de captação do sistema. [5]
Onde:
60
2. Estado da arte
Nos sistemas de ganho indirecto (Figura 2-23), a massa térmica dos sistemas é interposta
entre a superfície de ganho e o espaço a aquecer. A massa térmica absorve a energia solar nela
incidente, sendo posteriormente transferida para o espaço. Esta transferência pode ser
imediata ou desfasada, conforme a estratégia de circulação (ou não), do ar que for adoptada.
[5] [22]
A primeira casa a utilizar este sistema foi construída em França (Odeillo) em 1967 por Felix
Trombe e o arquitecto Jacques Michel, os quais desenvolveram, uma parede com
características especiais de captação, armazenamento e gestão de calor solar, a denominada
parede de Trombe.
61
2. Estado da arte
vidro duplo. A selecção do material, para o armazenamento térmico, deverá ser feita em
função da capacidade térmica e da emissividade, de forma a se obter o desfasamento
pretendido da onda de calor. Estes sistemas poderão ainda incluir aberturas na parte superior e
na parte inferior da parede de forma a permitir que o ar circule, por convecção, entre o espaço
compreendido entre o vidro e a parede e o espaço a aquecer. A existência das aberturas
permitirá que o aumento da temperatura nos espaços adjacentes às paredes se verifique muito
mais rapidamente. [15] [41]
Este sistema funciona por contacto indirecto com o solo, com o interior do edifício a ser
associado a um permutador existente no solo, por condutas subterrâneas colocadas de 1 a 3 m
de profundidade. O desempenho destes sistemas depende das dimensões e material das
condutas e da profundidade a que são colocadas, ou seja, da temperatura a que se encontra o
solo, da temperatura e da velocidade do ar que circula no seu interior e ainda das propriedades
térmicas das condutas e do solo. [26]
62
2. Estado da arte
Este sistema é caracterizado pela utilização da energia geotérmica de baixa profundidade para
aquecimento e arrefecimento das necessidades dos edifícios tem um enorme potencial de
aplicação.
É composto por tubos enterrados onde se processa uma troca térmica entre o ar interior e o
exterior, com o perfil de temperatura à sua superfície uniforme no sentido axial na vizinhança
da secção transversal da tubagem não sendo afectado pela sua presença. O solo em redor da
tubagem é homogéneo e tem uma condutividade térmica constante. [42]
A tubagem com melhor desempenho na troca térmica é a manilha de cimento, mas esta tem
problemas de absorção de humidade, o que provoca a criação de fungos, tornando a qualidade
do ar sem sistemas de filtragem, e manutenção regular, um problema que no caso dos tubos
em plástico não acontece com tanta frequência. [42]
A eficiência do sistema de aquecimento do ar, resultante da permuta do solo vem como: [43]
Com:
63
2. Estado da arte
A unidade de recuperação de calor, consiste numa troca de calor onde a energia da extracção é
transferida para o ar novo antes da sua distribuição no edifício, com a sua eficiência a vir
como: [43]
Onde:
'
TSu − TFr TEHX − TFr (22)
ε HR + EHX = = ε HR + (1 − ε HR ) [%]
TEX − TFr TEX − TFr
tic (23)
Ctot = [€.ano/kWh]
S ype
Onde:
64
2. Estado da arte
p(1 + p )n (24)
Ainv =
(1 + p )n − 1
Onde:
EH é a energia de aquecimento;
EE é a energia eléctrica.
2.1.5.5.Colector de ar
Nos sistemas de ganho isolado, a captação dos ganhos solares e o armazenamento da energia
captada não se encontram nas áreas ocupadas dos edifícios, pelo que operam
independentemente do edifício.
Os sistemas de colector a ar são geralmente constituídos por uma superfície de vidro e uma
outra absorsora sem qualquer capacidade de armazenamento térmico. Funcionam em
termosifão e permitem ventilar os espaços interiores adjacentes ao longo de todo o ano. Outra
possibilidade de colector de ar é a utilização de uma superficie radiativa, tal como a existente
na superficie posterior de um módulo fotovoltaico ligada a um canal de ar entre este e a
parede, permitindo que neste se faça uma troca energética entre o interior o exterior, através
de aberturas entre elas. [5] [22] [44] [45]
65
2. Estado da arte
2.1.5.6.Ventilação natural
A ventilação natural cria uma aceitável qualidade do clima interior tanto no conforto térmico,
como no controlo dos poluentes contidos no ar, nas condições de velocidade de ar que não
provoque desconforto. [26]
Tem como vantagens o facto de não consumir energia para funcionar, não provocar ruído,
resolver muitos dos problemas de humidades de condensação e impedir o desenvolvimento de
bolores. É de fácil integração no edifício e permite uma inter-relação dinâmica entre o homem
e a natureza. [26]
O tamanho das aberturas de saída devem ser maiores ou iguais às da entrada do ar, para evitar
velocidades do ar elevadas com uma taxa de ar limitada. Para a função de arrefecimento a
posição das aberturas deve ser à altura dos ocupantes, para manter as condições higro-
térmicas do edifício. Estas devem ser junto à superfície de trocas térmicas localizada junto aos
tectos.
- Efeito chaminé;
66
2. Estado da arte
Uma vez conhecidos os efeitos destas duas acções, assim como a resistência que a edificação
possa oferecer ao escoamento no seu interior, é possível determinar os parâmetros que
caracterizam a solução. Contudo, dada a natureza complexa do fenómeno no que respeita à
definição da característica de resistência ao escoamento no interior do edifício, torna-se
premente adoptar as seguintes hipóteses: [26]
A1 2 (27)
<< 1 ⇒ U << U1 ⇒ U 2 << U1
A
Pode então formular-se o conjunto de equações que irão sistematizar a situação conforme:
67
2. Estado da arte
⎛1 ⎞ ⎛1 ⎞ ⎛ 1 2⎞
(29)
⎜ ρ extU ventoCp1 ⎟ − ⎜ ρ extU ventoCpint ⎟ = ⎜ ς 1 ρ extU1 ⎟ − (Δρ int gh1 )
2 2
⎝2 ⎠ ⎝2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
⎛1 ⎞ ⎛1 ⎞ ⎛ 1 2⎞
(30)
⎜ ρ extU ventoCpint ⎟ − ⎜ ρ extU ventoCp2 ⎟ = ⎜ ς 2 ρ extU 2 ⎟ − (Δρ int gh2 )
2 2
⎝2 ⎠ ⎝2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
Q (31)
= ΔTint
Qv ρ ext Cp
Assim como se pode observar, as variações de pressão (Cpint), de massa específica (Δρint) e de
temperatura (ΔTint) no interior do edifício, bem como a velocidade em cada uma das aberturas
(U1 e U2) (5 incógnitas) estão relacionadas entre si por um sistema de 5 equações algébricas
não lineares. Conhecendo-se a carga térmica (Q), temperatura média ambiente (Text) ,
velocidade média do vento (Uvento) e os coeficientes de pressão exteriores (Cpab), o sistema de
equações poderá ser resolvido, possuindo solução única para os valores de A1 e A2 a
considerar. [26]
O fluxo de ar que entra ou sai de um edifício por ventilação natural ou infiltração, depende da
diferença de pressão entre as partes internas e externas e da resistência ao fluxo pelas
aberturas.
As perdas térmicas devidas às infiltrações podem ser calculadas pela expressão: [41]
68
2. Estado da arte
Onde:
V é o volume [m3];
No caso da transmissão de calor por convecção natural através de portas e janelas temos a
seguinte metodologia: [41]
⎛ 3⎞ (35)
Vij = 63,5 l ⎜⎜ h 2 ⎟⎟
⎝ ⎠
Onde:
l é a largura [m];
h é a altura [m].
1 - Evitar que as concentrações de bates, (CO, CO2,...) não ultrapasse um valor de referência;
U (36)
Rph ≥ [h-1]
V (Wi − We )
69
2. Estado da arte
Onde:
- Maximizar a ventilação induzida pelo vento, para arrefecimento, situando o ponto mais alto
do edifício perpendicular aos ventos de verão;
- Localização do edifico onde no verão tenha uma obstrução mínima devido a a obstáculos,
tais como árvores ou edifícios;
- Interposição entre o edifício e os ventos intensos e frios no inverno, de obstáculos para a sua
atenuação;
O caudal tipo para a ventilação natural, deve ser entendido como elemento de
dimensionamento e não como caudal a assegurar fisicamente, pois não há controlo sobre as
acções que promovem a ventilação natural.
O processo de ventilação a usar será geral e permanente com a evacuação de ar por tiragem
térmica, tendo nos compartimentos principais, aberturas directas para o exterior na fachada,
passagens de ar entre estes e os compartimentos secundários com saídas de ar nestes espaços.
As saídas das condutas de evacuação do ar devem ser dimensionados de acordo com o RGEU,
e complementado com a NP1037-1 [46], em que se avalia o posicionamento correcto da boca
de saída em função de:
-Eficácia da exaustão;
70
2. Estado da arte
Nestes edifícios, como a circulação do ar se faz por meios exclusivamente naturais, torna-se
também necessário conhecer os caudais de ar que circulam entre zonas distintas dos mesmos,
por forma a que seja possível proceder tanto ao seu correcto balanço energético como à
determinação de níveis de qualidade do ar nas suas diversas zonas constituintes. [47] [48]
Hoje em dia e de um modo geral, a maior parte das actividades humanas decorre no interior
de edifícios. Assim, para que nestes sejam satisfeitas as exigências de conforto térmico e de
qualidade do ar, é usualmente necessário fazer-se recurso a sistemas de ventilação, de
aquecimento e eventualmente, de refrigeração. Porém, desde a denominada crise energética
de 1973 assistiu-se a uma generalizada tendência de economia de energia que, nos edifícios,
se traduziu por uma preocupação com a redução das necessidades energéticas, quer de
aquecimento quer de refrigeração. [47]
- Renovação de ar;
- Fontes internas;
- Radiação solar.
71
2. Estado da arte
for excessiva, pode acarretar aos ocupantes dos mesmos uma exposição a concentrações de
poluentes para além de limites aceitáveis. Ressalta deste antagonismo que é conveniente
conhecer-se com alguma precisão, para cada edifício, o seu nível de infiltrações. [47]
Qualquer das quatro componentes atrás mencionadas são normalmente instacionárias, pelo
que o balanço energético apresenta um valor que varia continuamente com o tempo. Esta
característica instacionária dos balanços energéticos torna o seu cálculo extremamente
complexo sendo usual a sua determinação por métodos numéricos, fazendo-se recurso a
programas elaborados de simulação de comportamento térmico de edifícios. [47]
Assim, para a quantificação das trocas de ar através da envolvente de edifícios, existem vários
métodos utilizados por projectistas para o estabelecimento de cargas térmicas de espaços: [47]
- comprimento de frinchas.
As infiltrações, que não são mais do que o movimento do ar não controlado através da
envolvente de edifícios, resultam da existência de um diferencial de pressões entre o seu
interior e exterior, e dependem da resistência à passagem do fluxo de ar através de frinchas e
outras aberturas na envolvente. [47]
Se no interior do edifício houver partições que ofereçam uma resistência significativa aos
movimentos de ar, é de esperar que não haja uma pressão uniforme no seu interior, surgindo
por isso os caudais de ar multizona. Neste caso, existirão diferentes zonas, cada uma com a
sua pressão característica, que se interligam por caudais de ar que não podem ser calculados
independentemente dos das infiltrações. [47]
72
2. Estado da arte
73
2. Estado da arte
A ventilação é um híbrido de dois sistemas, que são controlados para minimizar a energia
num consumo aceitável, mantendo simultaneamente a qualidade do ar interior e os parâmetros
que mais influencia são o CO2 e conforto térmico. [49]
2.1.5.6.1.Arrefecimento Passivo
74
2. Estado da arte
solar, pelo que favorecem naturalmente o desempenho térmico dos edifícios no Verão. [5]
[26]
A atenuação dos ganhos de calor através da envolvente do edifício depende também da massa
térmica do edifício, ou seja, da capacidade que um edifício tem de armazenar calor na sua
estrutura, e dá origem a uma diminuição dos valores de pico das cargas de arrefecimento e a
um desfasamento entre as temperaturas exteriores e interiores. [22] [26]
2.1.5.6.1.1.Ventilação
A ventilação natural é um processo pelo qual é possível arrefecer os edifícios tirando partido
da diferença de temperaturas existente entre o interior e o exterior em determinados períodos.
O nosso clima caracteriza-se por importantes amplitudes diárias no período de Verão, que
poderão atingir cerca de 20 ºC (dia - noite). Assim, é possível e desejável implementar a
ventilação nocturna como uma estratégia muito eficaz de evacuação dos ganhos no interior
dos edifícios. Também é possível utilizar a ventilação natural durante o dia em períodos nos
quais a temperatura exterior é inferior à temperatura do edifício, por exemplo durante a
manhã. [5]
75
2. Estado da arte
2.1.5.6.1.2.Chaminé solar
Quando duas aberturas são colocadas em diferentes alturas e a temperatura no interior é mais
elevada do que no exterior, a diferença de pressão é formado de tal maneira que aumenta a
pressão interior na zona da abertura superior. Aquí o ar flui para fora, enquanto a depressão é
criada no nível inferior, induzindo um fluxo de ar para dentro. Quando a temperatura é mais
baixa no interior, as posições são trocadas e a direcção do fluxo é invertida. [50] [51]
O fluxo aéreo induzido pela força térmica é proporcional à raiz quadrada da pressão da cabeça
e área livre de abertura.
76
2. Estado da arte
Q = KA[h(ti − t o )] (38)
1
2 [m3/h]
Onde:
A utilização de energia solar para cria grandes diferenças de pressão no ar, induzindo o fluxo
de ventilação no sentido ascendente para a chaminé solar. Esta é independente da largura do
colector de ar na chaminé. [50]
2 - a chaminé.
O seu dimensionamento tem parâmetros críticos, os quais são a altura, área de secção
transversal e diferença de temperatura entre a entrada e saída do ar do sistema de aquecimento
solar. [50]
O ar num colector de uma chaminé solar é aquecido durante o dia. O ar no interior aquece,
expande e sobe, por sua vez, puxando para cima e para fora do ar interior. Uma vantagem do
sistema é a sua capacidade de auto equilíbrio. [50]
77
2. Estado da arte
Uma equação para o caudal de volume pode ser obtida com a ajuda de Equação de Bernoulli,
da Continuidade e Equação do Princípio da Conservação da Massa [50].
1 (39)
⎡ ⎛ ΔT ⎞ ⎤
(1 + A )
2 1
Qi = C D Ao ⎢2⎜ ⎟ gHsenβ ⎥ 2 2 [m3/h]
⎜ ⎟ r
⎢⎣ ⎝ To ⎠ ⎥⎦
1 (40)
⎡ ⎛ ΔT ⎞ ⎤
(1 + A )
2 1
Qo = C D Ao ⎢2⎜ ⎟ gHsenβ ⎥ 2 2 [m3/h]
⎜ ⎟ r
⎢⎣ ⎝ Ti ⎠ ⎥⎦
Com:
Ao (41)
Ar =
Ai
Onde:
CD é o coeficiente de descarga;
As equações foram derivadas considerando-se um colector solar térmico com uma inclinação
fazendo um ângulo B com a horizontal, dando vazão ao volume do ar na admissão e saída,
respectivamente, em termos de parâmetros mensuráveis (temperatura). [50]
78
2. Estado da arte
O número de renovações de ar pode ser determinada a partir destas equações e pela variação
do tamanho do colector solar térmico de ar em que as exigências de ventilação podem ser
satisfeitas.
O balanço energético das equações para a absorção chapa e o escoamento fluido do colector
solar térmico do ar pode ser determinado pela temperatura de entrada e saída do ar de todo o
sistema, tendo em conta com a absorptância do colector placa (dimensões), transmitância de
vidros (dimensões), a média da radiação solar, a transferência de calor coeficiente de absorção
placa temperatura, a temperatura média fluido, coeficientes de perdas, coeficiente de perdas a
baixas temperaturas e temperatura ambiente. [50]
Com:
A(t ) =
[(xτ )S (t ) + U iTo + U oTR ] (43)
(U i + U b + U t )
B(t ) =
[(xτ )S (t ) − U t (TR − Ta )] (44)
(U i + U b + U t )
Uma outra opção de utilizar o sistema da chaminé solar é a de aquecer as paredes da chaminé
unicamente por radiação solar, não existindo o colector. [50]
A chaminé solar funciona de acordo com a condição do vento e a radiação solar no local.
Quando o vento atinge um obstáculo, e uma vez que a densidade do ar é elevada do lado da
direcção do vento, nesse sentido há uma pressão positiva, sobre os outros lados a pressão é
negativa.
79
2. Estado da arte
Durante o dia, uma vez que o sol bate sobre a face sul da chaminé solar, o ar aquece pela
radiação emitida sobre a parede e sobe. No interior ocorre uma espécie de vácuo, que suga
para baixo o vento mais frio do lado norte. [50]
Durante a noite o ar torna-se frio no exterior, e este desloca-se para baixo. Este ar é aquecido
pela inércia térmica das paredes e torna-se quente, subindo. Este círculo continua até que a
temperatura das paredes e a temperatura exterior se tornem iguais, o que acontece
normalmente na altura em que se torna dia e se inicia o processo de aquecimento das paredes.
[50]
2.1.6.Sistemas activos
O Sol é uma estrela com matéria gasosa de altíssima intensidade de temperatura, com um
diâmetro de 1,39x109m e a sua distância média à terra é de 1,5x1011, podendo esta variar
cerca de 1,7%, devido à excentricidade da orbita terrestre. [52]
A temperatura do corpo negro solar é de 5777 K. Da radiação emitida pelo Sol para o espaço,
apenas uma parte chega à terra, a qual se designa como constante solar e tem o valor de 1367
W/m2 fora da atmosfera, com a possibilidade de variação em 1%. Na superfície terrestre, com
boas condições climatéricas ao meio dia o valor da radiação solar é de 1000 W/m2,
independentemente da localização. A radiação tem uma variação sazonal com grande efeito
em latitudes elevadas, pois o número de horas e a perpendicularidade da radiação solar é
menor no Inverno do que no verão no continente Europeu. [52]
80
2. Estado da arte
81
2. Estado da arte
2.1.6.1.Solar térmico
- Não juntar a energia solar com a convencional. O respeito deste quarto princípio, junto com
os três anteriores, resultará num bom funcionamento da instalação, assegurando um elevado
rendimento na conversão solar.
Na realização prática do anteriormente exposto podem apresentar-se dois casos: [55] [56]
82
2. Estado da arte
2.1.6.2.Solar fotovoltaico
O sistema fotovoltaico está emergir como uma solução cada vez mais competitiva e de
dimensão ecológica para produção de energia eléctrica de fonte renovável como é o Sol,
podendo ser instalado em terrenos, edifícios existentes ou a construir.
A célula solar consiste numa fina camada de material semi-condutor, que na maior parte dos
casos é silicone (Figura 2-30). O semi-condutor tem a propriedade eléctrica de ligação entre
condutor e isolante, efectuando unicamente condução para electricidade. [57]
Este processo designa-se por doping, onde uma pequena quantidade de impurezas é
adicionada ao semi-condutor, que cria duas camadas, designadas por tipo n e tipo p. A
camada tipo n tem um número elevado de electrões em zona de condução, a camada tipo p é
de silicio com adição de boro. Entre estas duas camadas é formada um junção p-n (Figura 2-
31). [53]
A luz passa por uma camada absorvedora, que cria electrões livres que circulam entre ligações
dos dois lados da célula. Para formar um campo eléctrico, de modo a existir condução, entra
em acção a junção p-n. [57]
83
2. Estado da arte
Figura 2-31: Condução extrínseca com silício dopado com impurezas do tipo n e p [53]
As células podem ser constituídas por material cristalino, no caso de monocristalino de silicio,
pode atingir uma eficiência de 20%. No caso de policristalino de silicio, tem uma eficiência
menor. Outro tipo de material cristalino é a composição de Gallium-Arsénio, com elevada
eficácia, mas de utilização restrita a aplicações espaciais devido ao seu elevado custo. [57]
Outra constituição, pode ser em material com menor camada, designado por Thin-film. Tem
como vantagem a de ter um processo de fabrico mais rápido e por consequência mais barato.
A principal desvantagem é ter uma baixa eficiência. Estes podem ser constituídos por Silicio-
amorfo (a-Si), Cobre-Indium-Dislenide (CuInSe2 – CIS), ou por Cádmium-Tellunide (CdTe),
existindo actualmente aplicações de Silicone cristalino em substracto de cerâmica, criando
Thin-film nos envidraçados. [57]
84
2. Estado da arte
- Ligação à rede;
- Abastecimento isolado.
Figura 2-32: Variação da curva I-V com a radiação incidente e tempertura constante [53]
85
2. Estado da arte
O excesso de energia produzida vai para as baterias de modo a se poder armazenar e ser
utilizada em alturas quando a produção não existir ou for insuficiente. Necessita de um
controlador de carga para supervisionar o processo de carga / descarga das baterias,
assegurando a sua longevidade. [57]
Antes de qualquer aplicação de PV, deve-se optimizar a eficiência energética do edifício, pois
sem isto é um desperdício de investimento para um edifício ineficiente, seguindo-se a
aplicação do fluxograma na Figura 2-33. [57]
86
2. Estado da arte
2.1.6.3.Protecção solar
Os prolongamentos dos telhados não são eficientes para as janelas orientadas a este e a oeste.
Neste caso árvores de folha caduca e ângulos no edifício poderão impedir a incidência do sol
da manhã e do fim da tarde. Todos os métodos de criar sombras funcionam bem com estufas,
paredes térmicas de alvenaria ou de água e outros colectores de energia passiva. A influência
dos beirais (prolongamentos dos telhados) de Verão sombreiam a fachada e de Inverno
deixam “entrar” o sol. [58]
Para evitar o sol forte da manhã e da tarde, devem ser criadas sombras sobre os telhados e
sobre os lados oeste e este. A vegetação possivelmente é o melhor método para as concretizar.
Com esta opção é preciso ter cuidado para evitar o bloqueamento dos ventos da noite, que são
uma das principais fontes de refrigeração. Os estores nas janelas são um método útil, quando
não é possível utilizar vegetação. [58]
Os dispositivos de sombreamento podem ser usados para os seguintes fins: controlar o ganho
solar directo; controlar a iluminação natural; prevenir encandeamentos. [3]
Devem usar-se cores claras no telhado e nas paredes este e oeste para reflectirem a luz solar
que se escoa através das sombras. [58]
87
2. Estado da arte
Sombrear os envidraçados a sul com uma protecção horizontal sólida – pala horizontal –
colocada acima destes, com comprimento igual a aproximadamente ¼ da altura da abertura
em latitudes Sul (36º) e metade da altura para latitudes Norte setentrional (48º). [58]
Hj
[m] (45)
P=
FLN
Onde:
FLN é o factor de latitude norte dado pela Tabela 2-5, onde valores mais elevados do intervalo
proporcionam 100% de sombreamento na manhã de 21 de Junho; os inferiores até 1 de
Agosto.
Figura 2-34: Dimensionamento de sobreamento exterior por pala horizontal e vertical [3]
88
2. Estado da arte
O desempenho dos sombreadores pode ser melhorado com a adição de reflectores e/ou
isolamento, que poderá ser móvel, de modo a evitar os ganhos directos de Verão e a aumentá-
los de Inverno.
Os dispositivos de sombreamento podem ser divididos em dois tipos: exteriores, que podem
ser fixos ou móveis e interiores. A cor dos dispositivos de sombreamento exteriores tem efeito
sobre a luz e o calor admitidos para os compartimentos interiores, existindo reduções das
necessidades energéticas de arrefecimento significativas com a existência de dispositivos de
sombreamento exteriores em vez de interiores Os dispositivos de sombreamento devem ser de
cores claras para uma boa transmissão difusa da iluminação natural e de cor escura para uma
redução o maior possível na luz e ganhos térmicos. [3]
Se for projectada uma protecção fixa, o seu correcto dimensionamento é determinado pela
largura e altura do elemento envidraçado do vão e pela distância entre o elemento de
protecção e o vão. Um método relativamente expedito de dimensionamento consiste em
utilizar cartas solares que permitem estimar o grau e duração do sombreamento causado por
uma determinada protecção (interior ou exterior, fixa ou móvel, horizontal, vertical ou
inclinada) no correspondente vão envidraçado a proteger. [3]
A eficácia dos sistemas de sombreamento fixos (Figura 2-35) varia de acordo com as
modificações sazonais na posição do Sol. Como as estações climáticas não coincidem com as
estações solares, é desejável, que em regiões com uma longa estação de aquecimento, sejam
usados dispositivos de sombreamento móveis que possam ser facilmente ajustados consoante
89
2. Estado da arte
90
2. Estado da arte
2.1.6.4.Piso radiante
Os colectores incluem válvulas de equilíbrio hidráulico para cada circuito e válvula de corte
termoestatizável onde são colocados os comandos electrotérmicos que regulam o caudal
necessário em função das necessidades térmicas de cada local. [59]
A regulação dos sistemas de aquecimento por chão radiante, permite enviar água à
temperatura desejada e controlar de forma independente a temperatura ambiente de cada
compartimento a aquecer. [59]
Figura 2-36: Perfil de temperatura de conforto – Ideal (esq.), Piso radiante (dir.) [59] [60]
91
2. Estado da arte
A fim de ser capaz de garantir condições de bem-estar fisiológico, o calor de saída transferido
pelo piso radiante não deve exceder a potência máxima definida como: [60]
Onde:
Qmax é a potência máxima que pode ser transferida pelo painel [W]
É difícil estabelecer dados significativos no que se refere aos custos de instalação de sistemas
de piso radiante, uma vez que existem muitas variáveis envolvidas, tais como: [60]
- O sistema de controle,
92
2. Estado da arte
Pode contudo, ser assumido que este sistema custará, em média, 10% a 30% mais do que
sistemas convencionais por radiador, com sistemas de controle climático. [60]
No que diz respeito, às despesas correntes, os sistemas de piso radiante permitem uma
poupança média de 10 a 15%, em comparação com os sistemas tradicionais, possibilitando
assim, a construção com um custo adicional de modo a ser compensado de forma
relativamente rápida. [60]
Este sistema contribui assim para a manutenção do bom ambiente e condições sanitárias
interiores, que impedem a formação de zonas húmidas no piso, eliminando, assim, as
condições ideais para ácaros e bactérias, bem como a ocorrência de bolores (fungos e
bactérias) nas paredes limítrofes do chão aquecido. [60]
A utilização do fluido a baixa temperatura, devido à sua elevada área de dispersão é uma das
características que torna o seu uso prático com fontes de calor, cuja eficiência (termodinâmica
ou económica) aumenta quando a temperatura exigida é reduzida, como é o caso de: [60]
- Bombas de calor,
- Condensação caldeiras,
- Painéis solares,
O emissor térmico é todo o pavimento da área a aquecer. Isto resulta numa emissão térmica
uniforme em toda a superfície. Este fenómeno contrapõe-se ao de "zonas quentes" e "zonas
frias", obtidos com outros sistemas de aquecimento onde existe um número bastante reduzido
de emissores de calor. [59]
93
2. Estado da arte
Para se obter a mesma sensação térmica percebida pelo utilizador, a temperatura ambiente é
inferior para um local aquecido por chão radiante do que aquecido por outro sistema
(radiadores, convectores de ar, etc.), devendo-se isto aos perfis térmicos. [59]
Ao aquecer através de outros sistemas, a temperatura nas zonas mais altas do local é maior
(temperatura não sentida pelo utilizador), isto é, para a mesma sensação térmica sentida pelo
utilizador a temperatura ambiente num sistema de chão radiante é significativamente menor
que nos outros sistemas. Sendo a temperatura ambiente interior menor, também serão
menores as perdas energéticas (pelas portas, janelas, por ventilação e por infiltração) já que
estas são proporcionais à diferença de temperaturas entre o exterior e o interior. [59] [60]
A moderada temperatura de impulsão da água de que o sistema necessita, faz com que este
seja compatível com quase todas as fontes energéticas (electricidade, combustíveis fósseis,
energia solar, gás natural, etc.). Particularmente, é o único sistema de aquecimento que pode
ser alimentado energeticamente por painéis solares. [59]
É um sistema de aquecimento que oferece uma total liberdade de decoração interior uma vez
que os emissores de calor são invisíveis. Pode-se dizer mesmo que é um "aquecimento
invisível".[59]
O espaço habitável é superior relativamente aos sistemas tradicionais porque não existem
elementos aquecedores à vista (por exemplo radiadores) e desaparece o risco de pancadas ou
queimaduras, típicas no contacto com os radiadores. [59]
O aquecimento por chão radiante instala-se em qualquer tipo de pavimento (madeira, pedra
natural, mosaico, etc…).[59] [60]
94
2. Estado da arte
α é o coeficiente de transmissão de calor do chão [W/ m2°C], o seu valor varia entre 10 e 12
W/m2°C. Tem duas componentes, o coeficiente de transmisão por radiação e coeficiente de
transmissão por convecção.
O valor da temperatura média da água nos tubos emissores (Tma) depende da transmissão
térmica do local (Q), da temperatura interior de projecto (Ti) e do coeficiente de transmissão
térmica (Ka) segundo a fórmula: [59]
O coeficiente de transmissão térmica da camada sobre os tubos [Ka] vem como: [59]
1 (51)
Ka = [W/m2ºC]
⎡ ⎛ e⎞ 1⎤
⎢∑ ⎜ λ ⎟ + α ⎥
⎣ ⎝ ⎠ ⎦
O caudal da água num circuito de aquecimento por chão radiante, é função da potência
térmica emitida, que supomos ter um valor idêntico à carga térmica (Q), e do salto térmico
entre a impulsão e o retorno no circuito. O salto térmico é uma constante de valor 10ºC, pelo
que o caudal é unicamente função da carga térmica segundo a fórmula: [59]
( )
Qi = mt Cp Timp − Tret [W/m2] (52)
Onde:
95
2. Estado da arte
A válvula misturadora divide a instalação num circuito primário (desde o gerador de calor) e
um secundário (desde a válvula misturadora até aos circuitos). Deve calcular-se o Kv de
equilíbrio do grupo de impulsão entre primário e secundário por: [59]
Ci (53)
Kv = [Bar.m3/h]
P
Qi (54)
Ci = [m3/h]
ΔTi
Onde:
Ci é o coeficiente de impulsão;
As águas residuais englobam água cinzenta e água negra. A distinção deve-se essencialmente
à composição da água, a qual, sendo proveniente de cozinha, lavandaria, casas de banho
(exceptuando sanitas), tanques e chuveiros se designa por água cinzenta e a restante,
96
2. Estado da arte
proveniente somente de sanitas, se designa por água negra. As duas grandes categorias de
água residual doméstica são: [61]
A diferença mais acentuada entre as duas águas reside na respectiva taxa de decomposição
dos poluentes. [61]
Nas considerações sobre água reutilizável, considera-se que aí se inclui a água pluvial e água
cinzenta proveniente de banhos e lavatórios, a água não reutilizável, é a água cinzenta
proveniente de cozinhas e lavandarias que deverá suscitar maiores cuidados incluindo
tratamentos dispendiosos. [61]
A NP 4434 [63], veio definir a qualidade que a água residual tratada deve apresentar para
poder ser utilizada como recurso para a rega. A existência de legislação específica facilita a
implementação desta solução. [62]
No caso de utilização de água da chuva, esta apenas tem de ser sujeita a filtração para poder
ser utilizada em irrigação, autoclismos e máquinas de lavar roupa. No entanto, não se deve dar
atenção apenas às características naturais da água pluvial, mas também à degradação da
qualidade sofrida desde que esta atinge a superfície de recolha até ao local de armazenagem
97
2. Estado da arte
A captação de água das chuvas pode ser feita na cobertura das casas e garagens, em terraços,
varandas, etc. O volume utilizável é expresso por: [64]
Onde:
Onde:
h é a pluviosidade anual;
98
2. Estado da arte
No entanto, convém notar que após um período significativo sem chover é natural que as
superfícies de captação apresentem alguma sujidade, podendo a mesma ser arrastada pela
água. Em princípio, para aplicações domésticas convirá rejeitar essas primeiras águas de
lavagem (“first-flush”) para o que existem diversas soluções. Embora não se possa
generalizar, há um certo consenso em torno da necessidade de cerca de 1 l/m2 para essa
lavagem, ou seja, será de rejeitar o primeiro milímetro da precipitação. [64]
Por outro lado, a eventual falta de capacidade do reservatório poderá levar a um desperdício
de água.
Isso deve ser feito através de uma análise fina baseada num balanço entre as afluências e os
consumos, através de um programa de cálculo automático baseado nos registos das
precipitações diárias. [64]
Em Portugal há ainda pouca informação sobre a adequação da água das chuvas para alguns
usos domésticos. Sabe-se que o pH é algo baixo, e isso poderá eventualmente acentuar-se em
regiões sujeitas a chuvas ácidas. O armazenamento em depósitos feitos à base de cimento
pode contribuir para melhorar este aspecto. O problema da eventual sujidade devida ao “first-
flush” pode ser ultrapassado, rejeitando as primeiras águas. Se a utilização prevista o exigisse
poderia ainda pensar-se nalguma desinfecção, eventualmente em certos períodos, o que não
seria demasiado complicado. No entanto, não há referências quanto a essa necessidade. Em
contrapartida, há quem defenda que a água das chuvas permite reduzir o uso de detergentes e
oferece melhor qualidade para rega, porque está isenta de cloro. [64]
Alguns dos materiais utilizados na construção de reservatórios são a madeira, pedra, blocos de
cimento, tijolos de barro, betão armado, ferrocimento (argamassa de cimento com armadura
metálica), fibra de vidro, polietileno, aço galvanizado, etc.
99
2. Estado da arte
económica para reservatórios até 2,5 m3, volume a partir do qual é substituído pelo betão
armado. [64]
100
2. Estado da arte
A água cinzenta será conduzida a um local frio, existindo a possibilidade desta ser
reencaminhada separadamente a todas as instalações sanitárias. A concentração de SO4 deverá
ser reduzida, considerando-se aceitável uma temperatura de armazenagem máxima de 17ºC.
Estudos apontam para reutilização de água cinzentas correspondente a 61% do total de água
consumida, não contabilizando a água proveniente de cozinhas. [61]
Para reutilizar água cinzenta sugere-se que seja evitado o contacto directo, armazenando-a em
reservatórios enterrados. Assim impede-se o contacto com a rede de água potável e proíbe-se
a irrigação superficial de algumas espécies, essencialmente os vegetais e frutos comestíveis
[61]. Deverá ainda evitar-se que se proporcionem condições propícias ao desenvolvimento de
insectos e promover sempre a sinalização do traçado de uma rede de água para reutilização.
[61]
2.1.6.5.1.Manutenção
- Fiscalização periódica;
- Limpeza fácil;
- Substituição de filtros com utilização de luvas;
- Sistema manual de substituição;
- Sinal de aviso em caso de interrupção do sistema;
- Tratamento adequado em reservatório;
- Impedimento do contacto directo com água potável;
- Impedimento do transbordar da água cinzenta em qualquer ponto da rede;
- Tempo de armazenamento de água não demasiadamente prolongado.
101
2. Estado da arte
Tabela 2-6: Descrição dos tipos de tratamento para reutilização de água “cinzenta” [65]
A retenção das águas realizada durante a noite permite que a concentração de cloro seja
reduzida por libertação deste. O cloro proveniente das águas das lavandarias poderá não ser
suficiente para a desinfecção da água cinzenta uma vez que se encontra demasiado diluído.
[61]
102
2. Estado da arte
A gestão técnica centralizada é uma ferramenta que tem a função de efectuar a gestão de um
edifício de uma forma activa e pré-estabelecida. Para isso utiliza uma rede de sensores que
adquirem a informação necessária, para que a qualquer momento se possa tomar uma decisão
automática ou semi-automática em actuadores criando uma sensação de conforto, segurança e
funcionalidade optimizadas para os utilizadores. A qualquer momento o gestor tem a
possibilidade de visualizar o funcionamento do sistema, receber e emitir alertas e efectuar
listagens.
A gestão técnica centralizada pode ser usada para controlar iluminação, AVAC, motores,
controlo de acessos, CCTV, etc..
Para se conseguir essa gestão técnica centralizada, podem usar-se diversos tipos de protocolos
de comunicações, EIB, Profibus, Ethernet, etc., mas vamos focalizar a descrição sobre o
protocolo Lon Works.
Este protocolo de rede criado pela Echelon [66] é aberto e funciona com endereços únicos dos
diversos elementos de gestão, assegurando uma transmissão de dados fiável de modo a
optimizar a supervisão. Os dados providos dos dispositivos são registados em base de dados,
onde são geridos, analisados e visualizados, com a informação a ser disponibilizada em
diversos tipos de ecrãs, onde estão representados os espaços a controlar em tempo real de uma
forma integrada.
A optimização deste protocolo é a combinação da internet com as redes Lon Works, obtendo-
se múltiplas vantagens:
- Mais fornecedores;
103
2. Estado da arte
A arquitectura da rede é constituída por um cabo de dois condutores entre controladores sobre
o protocolo ANSI/CEA-709.1, operando à frequência de 78 kbit/s usando a codificação
diferencial de Manchester, enquanto a alimentação funciona a 5,4 ou 3,6 kbit/s, dependendo
da frequência. [66]
2.1.6.7.Eficiência energética
Entende-se por eficiência energética, a obtenção de um serviço com baixo gasto energético. A
edificação mais eficiente será aquela que conseguir atingir ou chegar o mais próximo possível
das condições de conforto térmico, luminoso e optimizando os recursos energéticos ao seu
dispor. Ou seja, será aquela que apresenta as menores necessidades energéticas de
aquecimento, arrefecimento, iluminação artificial e outros gastos com funcionamento de
máquinas. [17]
Neste conceito entra a designação NZEB (Net Zero Energy Building), que se traduz pelo
saldo anual entre a procura e oferta energética do edifício, igual a zero. [67]
Deste menor desgaste percebe-se então a redução, ainda que indirecta e de segunda ordem,
dos custos de instalação, bem como uma segunda redução, igualmente de segunda ordem, dos
custos de operação, uma vez que o menor desgaste das instalações de um dado processo
produtivo implica directamente, em maiores vidas úteis, menores frequências de reposição e
maiores prazos de amortização/depreciação de seus respectivos sistemas, circuitos,
dispositivos e equipamentos.
104
2. Estado da arte
Este carácter redutor de custos da eficiência energética faz dela um factor de melhoria da
competitividade económica.
A partir desta definição, serão trabalhados alguns conceitos de economia ecológica e a partir
destes, poder-se-á compreender melhor de que modo a busca da eficiência energética resulta
em benefícios adicionais de sustentabilidade ambiental.
Os argumentos apresentados para defender a intervenção do Estado nesta área foram a larga
escala. Muitos investimentos em eficiência energética precisam ser coordenados e a natureza
intrinsecamente institucional de alguns destes, serão destinados a corrigir falhas de mercado.
[68]
- Aplicação de requisitos mínimos para o desempenho energético dos novos edifícios e dos
grandes edifícios existentes que sejam sujeitos a obras de renovação importantes;
105
2. Estado da arte
Os dois últimos requisitos poderão ser total ou parcialmente diferidos até 4 de Janeiro de 2009
se for demonstrada a inexistência de recursos humanos suficientes. O objectivo é criar a
certificação de desempenho energético para os edifícios e esta ser válida para todos os países
membros. [17]
Figura 2-38: Extracto do modelo de certificado energético de edifícios português para ed. serviços [71]
106
2. Estado da arte
De entre os diversos factores que afectam o comportamento térmico dos edifícios, destacam-
se sobretudo os relacionados com a localização, orientação e os materiais utilizados na
definição da envolvente. Verifica-se perfeitamente que, a partir de determinado ponto, o
aumento da espessura do isolamento não tem tradução directa na diminuição dos gastos com o
aquecimento. [70]
Normalmente é importante ter um edifício com a maior fachada voltada a Sul para receber o
máximo de energia possível, tendo no entanto sombreamentos programados para o Verão. A
orientação do edifício deve também contar com os ventos dominantes e a sua influência na
ventilação natural e infiltrações. Existem ainda outras particularidades interessantes, tal como
a orientação das diferentes divisões do edifício de forma a proporcionar o ambiente mais
adequada à sua função. [3] [4] [7] [14] [70]
2.2.Legislação
107
2. Estado da arte
agora, foram publicadas legislações, que para o presente estudo podem ser agrupadas nos
eixos de intervenção seguintes:
1. Política energética;
2. Sistema energético;
3. Produtor de energia;
4. Remunerações de produção;
5. Certificação de edifícios.
2.2.1.Política energética
E estabelece-se uma estratégia nacional para a energia, que tem como principais objectivos:
108
2. Estado da arte
Portugal deve assegurar, em 2010, a produção de 39% da energia eléctrica final com
origem em fontes renováveis de energia. Neste sentido, é estratégico maximizar o
contributo destas fontes no abastecimento energético, enquanto instrumento de
reduções da factura energética externa, da dependência dos combustíveis fósseis e das
emissões de GEE e, em geral, da melhoria do impacte ambiental na energia final.
109
2. Estado da arte
Por sua vez, entre a energia final e a energia útil há igualmente perdas que são, agora,
da responsabilidade dos utilizadores finais e dos responsáveis pela organização e
administração do território, em particular das cidades, onde se desenvolvem e
organizam aqueles sectores. Mas são sobretudo as ineficiências e perdas induzidas
pela procura que são a causa última da pressão ambiental imputada à energia, seja dos
combustíveis consumidos directamente seja da electricidade, cuja origem é
predominantemente fóssil.
110
2. Estado da arte
Portugal aprovou o Protocolo de Quioto em Março de 2002 (através do Decreto n.º 7/2002, de
25 de Março) e a Comunidade Europeia, em Abril desse mesmo ano, veio formalizar o
compromisso comunitário com a aprovação do Protocolo e do Acordo de Partilha de
Responsabilidades entre os Estados membros (através da Decisão n.o 2002/358/CE, de 25 de
Abril, do Conselho).
Ao nível nacional, tem-se igualmente dado resposta ao problema das alterações climáticas e
aos compromissos internacionalmente assumidos. Nesse sentido, foi elaborado pela Comissão
para as Alterações Climáticas (CAC), de carácter interministerial, criada pela Resolução do
Conselho de Ministros n.o 72/98, de 29 de Junho, o Programa Nacional para as Alterações
Climáticas (PNAC). A sua primeira versão foi apresentada a discussão pública em 2002. Em
Dezembro de 2003, a CAC aprovou as medidas adicionais do PNAC, que foram igualmente
objecto de discussão pública.
Dada a evolução recente das circunstâncias nacionais, os valores para as emissões foram
profundamente alterados. Entre eles avulta a revisão em baixa das projecções de evolução do
produto interno bruto no período até 2010, houve a necessidade de substituir esta legislação
111
2. Estado da arte
A proposta do PNALE 2008-2012 ou PNALE II, em fase final de elaboração, deverá ser
apresentada à Comissão Europeia, para sua aprovação, após apreciação da consulta pública e
decisão do Governo Português. [81]
Por sua vez, os edifícios, residenciais e de serviços, são hoje responsáveis por mais de 60% do
consumo de electricidade, representando uma fracção importante das emissões relativas à
produção de energia eléctrica com recurso a combustíveis fósseis.
A nova legislação sobre a eficiência energética dos edifícios, que concretiza uma das medidas
da Estratégia Nacional para a Energia, estabelece já os novos regulamentos para os sistemas
energéticos e de climatização nos edifícios (RSECE) e para as características de
comportamento térmico dos edifícios (RCCTE), bem como a criação do sistema de
certificação energética e qualidade do ar interior dos edifícios (SCE), a que agora se agrega a
presente medida.
2.2.2.Sistema energético
112
2. Estado da arte
Tipo A – instalações de carácter permanente com produção própria, não incluídas no tipo C;
Tipo B – instalações que sejam alimentadas por instalações de serviço público em média, alta
ou muito alta tensão;
Tipo C – instalações alimentadas por uma rede de distribuição de serviço público em baixa
tensão ou instalações de carácter permanente com produção própria em baixa tensão até 100
kVA, se de segurança ou de socorro.
2.2.3.Produtor de energia
O âmbito da figura do pequeno produtor de energia eléctrica pelo Decreto·Lei n.º 189/88 de
27 de Maio, [85] vem introduzir o carácter finito não só da fonte de energia mais vulgarmente
utilizada, como também das demais, e ainda, a necessidade de as diversificar e de a todas
aproveitar, motivadas sobretudo pelos denominados «choques petrolíferos», que tiveram o
mérito de evidenciar.
Com cada vez mais as questões ambientais a assumirem o topo da agenda nacional, foi
publicado o Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, [86] que regulamenta a avaliação de
impacto ambiental (AIA). Este é um instrumento preventivo fundamental da política do
ambiente e do ordenamento do território, constituindo uma forma privilegiada de promover o
desenvolvimento sustentável, pela gestão equilibrada dos recursos naturais, assegurando a
protecção da qualidade do ambiente e, assim, contribuindo para a melhoria da qualidade de
vida do Homem.
113
2. Estado da arte
Nesse sentido foi publicado o Decreto-Lei n.º 68/2002 de 25 de Março. [88] Adapta a
legislação para acolhimento de novas soluções de produção de energia descentralizada e da
inovação tecnológica, dando-se, assim, espaço a que também em Portugal possa surgir,
integrado no SEI, a figura de produtor – consumidor de energia eléctrica em baixa tensão (ou
do produtor em autoconsumo). Isto sem prejuízo de continuar a manter a ligação à rede
pública de distribuição de energia eléctrica, na tripla perspectiva de autoconsumo, de
fornecimento a terceiros e de entrega de excedentes à rede.
Por outro lado, a sua urgência decorre da existência de apoios no âmbito do MAPE (Medida
de Apoio ao Aproveitamento do Potencial Energético e Racionalização do Consumo) do
Programa Operacional de Economia (POE), que pressupõe o presente enquadramento legal.
Este diploma também concretiza a directiva do mercado interno de electricidade, constituindo
um avanço na liberalização da produção de energia eléctrica.
Vindo regular a actividade de produção de energia eléctrica em baixa tensão (BT) destinada
predominantemente a consumo próprio, sem prejuízo de poder entregar a produção excedente
a terceiros ou à rede pública, com a potência a entregar à rede pública em cada ponto de
recepção, não podendo ser superior a 150 kW.
2.2.4.Remunerações de produção
114
2. Estado da arte
Visa, também, permitir a escolha dos projectos mais atraentes para a prossecução da política
económica e energética nacional, com base no seu mérito e não apenas na prioridade da sua
apresentação.
⎡ IPC ⎤ (57)
m −1 ⎡ ⎤
VRDm = KMHOm [PF (VRDm ) + PV (VRDm ) + PA(VRDm )Z ]⎢
1
⎥⎢ ⎥ [€]
⎢⎣ IPC ref ⎥⎦ ⎣ (1 − LEV ) ⎦
Onde:
2. Para as centrais de energia solar fotovoltaica, até ao limite de uma potência instalada, a
nível nacional, de 150 MW:
115
2. Estado da arte
A aposta na microgeração é reflectida através da criação de uma tarifa específica para centrais
fotovoltaicas de microgeração, quando instaladas em edifícios de natureza residencial,
comercial, de serviços ou industrial.
O coeficiente Z, aplicável aos seguintes tipos de centrais, assume, para os respectivos regimes
de funcionamento anual, os seguintes valores:
116
2. Estado da arte
2. Para as centrais de energia solar, até ao limite de uma potência instalada, a nível
nacional, de 150 MW:
i) Instalações fotovoltaicas com potência inferior ou igual a 5 kW, com excepção das
previstas no nº3 – 52;
O montante de remuneração definido por VRD é aplicável, para cada megawatt de potência
de injecção na rede atribuído, determinado com base num factor de potência de 0,98:
1. Para as centrais de energia solar, durante os primeiros 21 GWh entregues à rede por
megawatt de potência de injecção na rede atribuído, até ao limite máximo dos
primeiros 15 anos a contar desde o início do fornecimento de electricidade à rede;
117
2. Estado da arte
2.2.5.Certificação de edifícios
Cumprindo este ponto foi publicado o Decreto-Lei n.º 78/2006, de 4 de Abril, [91] da
certificação energética, que permite aos futuros utentes obter informação sobre os consumos
de energia potenciais, no caso dos novos edifícios ou no caso de edifícios existentes sujeitos a
grandes intervenções de reabilitação, dos seus consumos reais ou aferidos para padrões de
utilização típicos, passando o critério dos custos energéticos, durante o funcionamento normal
do edifício, a integrar o conjunto dos demais aspectos importantes para a caracterização do
edifício.
Fazendo parte integrante deste sistema, o Decreto-Lei n.º 79/2006, de 4 de Abril, RSECE,
[92] procura introduzir algumas medidas de racionalização, fixando limites à potência
máxima dos sistemas a instalar num edifício. Isto sobretudo, para evitar o seu
sobredimensionamento, conforme a prática do mercado mostrava ser comum, contribuindo
assim para a sua eficiência energética, evitando investimentos desnecessários. O RSECE
exige também a adopção de algumas medidas de racionalização energética, em função da
dimensão (potência) dos sistemas, e considera a necessidade da prática de certos
procedimentos de recepção após a instalação dos sistemas e de manutenção durante o seu
funcionamento normal.
118
2. Estado da arte
2.3.Programas de apoio
Um dos actuais objectivos da Comissão Europeia consiste em, até 2010, reduzir em 20% o
consumo de energia primária no parque habitacional urbano. O comportamento energético
dos edifícios urbanos torna-se, deste modo, um alvo de análise e de intervenção prioritário.
Tendo em conta a estratégia das necessidades da zona centro (Figura 2-39), as orientações
políticas do Governo para os PO Regionais do Objectivo Convergência, o volume dos
recursos financeiros afectados ao PO Centro e as restrições de elegibilidade que pesam sobre
este PO (apenas acções elegíveis ao FEDER), o PO da Região Centro tem cinco Eixos
119
2. Estado da arte
prioritários, através dos quais se pretende intervir nas áreas a seguir indicadas, com um valor
global de 1 702 M€.
120
2. Estado da arte
Para o estudo presente mencionam-se apenas os eixos com possibilidade de apoio, os quais
são:
a) Eixo 1 - Competitividade, Inovação e Conhecimento (577 M€)
Energias renováveis
121
2. Estado da arte
122
2. Estado da arte
endógenos, incluindo no domínio energético, bem como à consolidação da cadeia de valor das
energias renováveis.
Por maioria de razão, a contribuição do QREN para os objectivos estratégicos definidos não
se esgota na Agenda Operacional Valorização do Território, já que as restantes duas -
Potencial Humano e Factores de Competitividade – estabelecem com estas relações de
complementaridade e sinergia bem evidentes, incidindo nos domínios da qualificação das
pessoas e da qualificação das organizações.
A natureza das intervenções previstas no PO Valorização do Território – intervenções no
domínio das infra-estruturas, de iniciativa quase exclusivamente pública – não é susceptível
de provocar sobreposições com as intervenções financiadas ao abrigo das restantes Agendas
Operacionais do QREN (Potencial Humano e Factores de Competitividade), pelo que os
riscos de redundância são muito ténues. De qualquer forma, os mecanismos previstos para o
acompanhamento dos PO temáticos (designadamente, a possibilidade de participação das
Autoridades de Gestão dos restantes Programas Operacionais temáticos na Comissão de
Acompanhamento) garantem a respectiva articulação.
No desenho dos Programas Operacionais, foi construído pelo facto de os PO regionais serem
estruturados tematicamente por forma a assegurar a prossecução, à escala regional e de acordo
com as especificidades e potencialidades de cada região, das prioridades temáticas relativas
aos Factores de Competitividade e Valorização Territorial (RCM n.º 25/ 2006).
As intervenções que beneficiam de uma gestão mais próxima dos beneficiários ou as que
decorrem essencialmente de lógicas regionais são atribuídas aos PO Regionais do Continente;
são particularmente relevantes neste domínio as intervenções que correspondem à dotação em
infra-estruturas ou equipamentos colectivos que correspondem a atribuições próprias das
Autarquias Locais ou as intervenções especialmente significativas em matéria de linhas
diferenciadoras das estratégias regionais de desenvolvimento;
123
2. Estado da arte
Serão apoiadas por este Eixo Prioritário três tipologias de intervenção, e para o estudo em
causa o mencionado em:
b) No âmbito das soluções inovadoras para problemas urbanos
124
3. Metodologia de trabalho
3.METODOLOGIA DE TRABALHO
125
3. Metodologia de trabalho
3.METODOLOGIA DE TRABALHO
3.1.Considerações preliminares
Neste capítulo pretende descrever-se a metodologia de trabalho, por forma a dar cumprimento
aos objectivos propostos. Essa metodologia, assenta nos seguintes vectores:
3. Caracterização meteorológica;
11. Conclusões.
127
3. Metodologia de trabalho
sistemas passivos como activos, para criar no edifício um nível elevado de eficiência
energética.
Como complemento desta pesquisa, será abordada a legislação enquadrável no que diz
respeito à forma de aproveitamento de energias renováveis e suas remunerações, bem como
dos apoios e incentivos à construção deste tipo de edifício.
3.3.1.Situação actual
128
3. Metodologia de trabalho
A escola (Figura 3-2) foi construída em 1963 e é composta por 3 blocos funcionais, um
principal, bloco 1, de 8 salas de aula num edifício de 2 pisos, com 4 salas por piso, instalações
sanitárias e arrumos no alpendre, no tardoz do edifício.
129
3. Metodologia de trabalho
130
3. Metodologia de trabalho
O bloco 2 (Figura 3-5) é composto por uma sala de apoio e uma sala para deficientes, com
interligação ao bloco 1.
O bloco 3 (Figura 3-7) foi construído em 1989 e é composto pela secretaria, sala de
professores, sala de jardim de infância, cozinha, arrumos, sala de aula, e instalações sanitárias.
131
3. Metodologia de trabalho
O bloco 1, tem como características construtivas paredes exteriores e interiores, com uma
espessura média de 50 cm, executadas em alvenaria de pedra ordinária de calcário duro
irregular com argamassa de cal hidráulica e areia, com reboco de cal, executadas com
espessuras de materiais conforme esquema.
Os valores de condutibilidade térmica para as paredes exteriores (Figura 3-9) e interiores são
respectivamente de, Uext= 0,6W/m2 ºC e o outro de Uint= 3,03W/m2 ºC
As janelas (Figura 3-10) são de vidro simples de 4mm em caixilho de madeira, tem áreas
brutas de 3,24m2 na orientação Sul e 0,96 m2, na orientação Norte e respectivamente, 1,89m2
132
3. Metodologia de trabalho
e 0,74 m2, de vidro. Tem um U = 5,8W/m2 ºC, Sv = 0,90, Tv = 0,83 e g = 0,85, [94] com
protecção interior de estores de lâminas claras.
O pavimento térreo (Figura 3-11) é de soalho de pinho pregado em vigas de madeira, assentes
sobre as paredes exteriores e um litel central, com um U1= 0,6W/m2 ºC e o outro de U2=
3,03W/m2 ºC, formando uma caixa de ventilação entre este e o terreno, que com as aberturas
na fachada permite uma ventilação natural do pavimento.
Figura 3-11: Representação esquemática do pavimento térreo, com disposição das vigas transversais entre as
paredes exteriores e o lintel ao eixo longitudinal da sala
O pavimento do piso 1 (Figura 3-12), com uma espessura de 30 cm, é em lage aligeirada
constituída por vigas de cimento e ferro, executadas no local, distanciadas de 40 cm, onde era
aplicado tijolo de 7, deitado, com 40cm e uma camada de betonilha, tendo como
revestimento, taco de pinho colado, vindo os U1=0,76W/m2 ºC e U2=0,68W/m2 ºC.
133
3. Metodologia de trabalho
A cobertura ventilada (Figura 3-13) é de quatro águas, com telha clara, com a lage de
cobertura em lage aligeirada constituída por vigas de cimento e ferro, executadas no local,
distanciadas de 40 cm, onde era aplicado tijolo de 7, deitado, com espessura de 20cm sem
revestimento superior, a qual tem os U1=0,94W/m2 ºC e U2=0,81W/m2 ºC.
Figura 3-13: Cortes do bloco 1 pela escada (esq.) e pelas salas de aula (dir.)
134
3. Metodologia de trabalho
Quanto ao enquadramento do edifício escolar existente, este está implantado numa ligeira
encosta orientada a Sul (Figura 3-15), beneficiando da excelente exposição solar e da
protecção aos ventos dominantes, Norte e Noroeste.
3.3.2.Auditoria energética
Em termos de potência instalada, a escola tem a seguinte distribuição conforme Tabela 3-1 e
Figura 3-16:
135
3. Metodologia de trabalho
136
3. Metodologia de trabalho
137
3. Metodologia de trabalho
Lavatório (l/min) Sanita (l/min) Urinol (l/min) Rega (l/m2 dia) Total Escola(l/dia.aluno)
6 6 9 2,5 50
Março 405,5
811 396,56 €
Abril 405,5
Maio 248,5
497 244,91 €
Junho 248,5
2005
Julho 256
512 260,14 €
Agosto 256
Setembro 189
378 191,52 €
Outubro 189
Novembro 73
146 77,03 €
Dezembro 73
138
3. Metodologia de trabalho
Março 81
162 107,28 €
Abril 81
Maio 231,5
463 459,04 €
Junho 231,5
2006
Julho 459
918 902,21 €
Agosto 459
Setembro 0
0 8,08 €
Outubro 0
Novembro 102
204 206,78 €
Dezembro 102
Março 242
484 479,50 €
Abril 242
Maio 255,5
511 505,79 €
Junho 255,5
2007
Julho 204
408 418,27 €
Agosto 204
Setembro 259,5
519 529,81 €
Outubro 259,5
Novembro 68,5
137 145,99 €
Dezembro 68,5
139
3. Metodologia de trabalho
3.3.4.Conforto interior
Em virtude da taxa de ocupação relativa entre o bloco 1 e a totalidade da escola ser de 93%, a
análise ao conforto interior será efectuada neste bloco, na sala nº5 do piso 0, conforme
assinalado na Figura 3-17, tendo esta escolha recaído aí pelo critério de protecção ao
equipamento a utilizar [95] [96], pois ficariam aí durante uma semana, conseguindo-se
implementar uma disposição do mobiliário e equipamento (Figura 3-18) satisfatória para o
decorrer das aulas, em que os sensores a utilizar estão ligados a unidades de registo de dados,
para posterior tratamento de informação em programas adequados.
140
3. Metodologia de trabalho
3.3.4.1.Térmico
Os parâmetros obtidos nesta análise, vem descritos nas imagens seguintes. Estes são as
temperaturas de bolbo seco, bolbo húmido, média radiante, e globométrica, velocidade do ar,
humidade relativa e pressão atmosférica.
141
3. Metodologia de trabalho
142
3. Metodologia de trabalho
Figura 3-23: Cálculo do PMV e PPD no período das 9H00 às 12H00 [97]
143
3. Metodologia de trabalho
Figura 3-24: Cálculo do PMV e PPD no período das 13H30 às 17H30 [97]
Figura 3-25: Cálculo do PMV e PPD no período das 9H00 às 17H30 [97]
144
3. Metodologia de trabalho
3.3.4.2.Qualidade do ar
Este parâmetro mede, no período referido (Figura 3-27), o índice de CO2 [96] na sala de aula,
aferindo até que ponto os sistemas de ventilação natural existentes conseguem manter a
qualidade do ar interior.
145
3. Metodologia de trabalho
3.3.5.Termografia
A análise termográfica [98] efectuada em 27 de Fevereiro de 2008, visou dar uma noção
global das pontes térmicas do edifício. Dos resultados obtidos, destacam-se por um lado
problemas construtivos por pontes térmicas na Figura 3-28 e por outro funcionais, por má
utilização, na Figura 3-29.
Figura 3-28: Termografia com problemas construtivos visualizando-se as diversas pontes térmicas [98]
Figura 3-29: Termografia com problemas funcionais, com aquecimento ligado em período incorrecto [98]
146
3. Metodologia de trabalho
3.3.6.Indices de eficiência
3.3.6.1.Energética
147
3. Metodologia de trabalho
Os valores de referência para o cálculo da classe energética são dados pela tabela de perfil
dinâmico da tipologia de estabelecimentos de ensino existentes, indicados pela ADENE [71],
com IEEref=15 e o factor S=8, uma vez que este edifício só tem aquecimento, resultando para
o ano 2006, na classe energética B-, conforme Figura 3-30.
3.3.6.2.Hídrica
Os consumos mensais na escola existente, irão permitir que na concepção do edifício proposto
sejam aplicados equipamentos e técnicas [61] [64] [100] [101] [102] [103] [104] [105], de
modo a obter-se um edifício de elevada eficiência hídrica [99].
3.4.Caracterização meteorológica
A caracterização meteorológica da zona de estudo será efectuada pela recolha de dados desde
o período de 1 de Janeiro de 2005 a 31 de Dezembro de 2007, da estação meteorológica de
Alcobaça. [106]
Os dados obtidos, diariamente, nas Figuras seguintes, são de temperatura máxima e mínima
do ar e valores médios de humidade relativa, velocidade e direcção do vento, bem como a
pluviosidade.
148
3. Metodologia de trabalho
Figura 3-31: Dados climáticos médios de temperatura e pluviosidade do ano de 2005 [106]
Figura 3-32: Dados climáticos médios de temperatura e pluviosidade do ano de 2006 [106]
149
3. Metodologia de trabalho
Figura 3-33: Dados climáticos médios de temperatura e pluviosidade do ano de 2007 [106]
Dos gráficos anteriores, constata-se que as amplitudes térmicas oscilam entre 12ºC a 14ºC,
superiores aos 10ºC estipulados na caracterização climática da zona I2-V1 [19], em que se
encontra Alcobaça, bem como os valores de pluviosidade para um ano padrão, rondam os 400
mm/m2 anuais, com a sua intensidade máxima a verificar-se nos meses de Outubro e
Novembro.
Dos gráficos mensais em anexo destacam-se valores médios mínimos de -5ºC, em períodos de
2 a 3 dias, nos meses de Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março, com o mês médio
mais frio e as temperaturas extremas negativas a verificarem-se tipicamente em Fevereiro.
150
3. Metodologia de trabalho
Um mês de Fevereiro típico, para anos frios, tem temperaturas exteriores abaixo dos 0ºC, com
78% de frequência de ocorrência, onde ocorrem dias com temperaturas extremas abaixo de -
4ºC, com frequência de ocorrência de 18% e duração média de 2 dias consecutivos.
Na modelização climática do edifício proposto, para a temperatura máxima, devem ser tidos
em conta os valores anteriores, mas mais importantes que estes são os ocorridos no mês de
Junho, porque dada a tipologia do edifício ser de actividade escolar, não se verifica nos meses
de Julho e Agosto a taxa de ocupação máxima, contando somente com a presença de alguns
professores e funcionários, que globalmente representam cerca de 7%. Como tal as
necessidades de arrefecimento não são tão importantes nesses meses como no mês de Junho.
Um mês de Junho típico, para anos quentes, tem temperaturas exteriores com 33% de
frequência de ocorrência, acima da temperatura externa de projecto, onde ocorrem dias com
temperaturas extremas acima de 35ºC, com frequência de ocorrência de 10% e duração média
de 2 dias consecutivos.
No que concerne à humidade relativa, pode-se resumir, que os seus valores médios oscilam
entre 80% a 90% no mês típico de Fevereiro, para anos frios e entre 75% a 80% no mês típico
de Junho, para anos quentes.
151
3. Metodologia de trabalho
Figura 3-34: Dados médios de velocidade e direcções predominantes do ano de 2005 [106]
Figura 3-35: Dados médios de velocidade e direcções predominantes do ano de 2006 [106]
152
3. Metodologia de trabalho
Figura 3-36: Dados médios de velocidade e direcções predominantes do ano de 2007 [106]
Figura 3-37: Dados médios de velocidade e direcções predominantes no triénio 2005/07 [106]
153
3. Metodologia de trabalho
Figura 3-38: Dados médios de velocidade e direcções predominantes em Fevereiro no triénio 2005/07 [106]
Figura 3-39: Dados médios de velocidade e direcções predominantes em Junho no triénio 2005/07 [106]
154
3. Metodologia de trabalho
A caracterização do vento dada pelas Figuras 3-34, 3-35, 3-36, 3-37, 3-38 e 3-39, segundo a
sua velocidade e direcções, é um elemento fundamental, tanto na modelização bioclimática do
edifício, como no aproveitamento do potencial eólico.
No que respeita às características do vento para os meses típicos de Fevereiro, verifica-se que
as orientações predominantes são O e N, com velocidades médias entre 6 e 8 km/h. Para os
meses típicos de Junho, as orientações predominantes são NO e N, com velocidades médias
entre 6 e 9 km/h.
Face a isso, devem ser tidos em conta o vento predominante, as orientações dos diferentes
declives do terreno e a optimização de encaixe do edifício no terreno, para tirar partido da
protecção a Norte e minimização de movimentações de terras na construção do edifício.
155
3. Metodologia de trabalho
A aplicação de técnicas activas e passivas, será garantida pela implementação de uma gestão
técnica centralizada, em protocolo Lon Works [66], que supervisionará todas as instalações
necessárias para esta integração e deve ter em conta a maximização e optimização de cada
espaço do edifício, tendo como objectivos, utilização preferencial de sistemas naturais de
iluminação, aquecimento, arrefecimento e renovação do ar interior, sendo a utilização de
sistemas artificiais condicionada ao momento a partir do qual os primeiros não dão resposta
satisfatória.
c) Aquecimento por ganho directo, bem como indirecto por colector de ar, permutador de
calor ar-solo, piso radiante ou baterias de água quente em AVAC;
A simulação tem por objectivo dar a conhecer o índice de eficiência energética, para a
tipologia do edifício e sistemas de climatização a utilizar, por forma a serem analisados todos
os sistemas com os seus ganhos e perdas. Pretende-se implementar uma metodologia
simplificada de simulação, utilizando um programa de acesso fácil e universal em folhas de
cálculo EXCEL, sob a plataforma de cálculo do RCCTE [19], para que mais técnicos possam
156
3. Metodologia de trabalho
Outro parâmetro a ter em conta na simulação é o valor das emissões de CO2 [71] [92] [108],
que se tentará ser idealmente zero.
3.9.Análise de resultados
Na análise de resultados pretende-se verificar a viabilidade de cada uma das técnicas a aplicar,
tendo como objectivo a concepção de um edifício com elevada eficiência energética.
Estes dados serão também comparados com a auditoria energética, conforto e qualidade do ar,
de um edifício escolar existente, servindo como referência para se retirarem as devidas
ilações.
3.10.Conclusões
157
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
4.CARACTERIZAÇÃO DO MODELO
PROPOSTO – EDIFÍCIO ESCOLAR
159
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Com o modelo proposto, espera-se uma viragem radical na forma de conceber um edifício,
tornando-o em última análise, não uma fonte de despesa, mas sim uma fonte de receita ou de
auto-sustentação.
Esta proposta passa em primeiro lugar por uma definição grosseira do tipo de edifício pela sua
volumetria e forma, dando-se assim início à escolha de sistemas a utilizar, onde
iterativamente, com a selecção dos espaços tipo, será construído o edifício até estar totalmente
harmonizado e com elevada eficiência energética.
A utilização de técnicas passivas complementadas por técnicas activas, das quais se destaca a
incorporação de energias renováveis, tornam o edifício com um potencial elevado de auto-
sustentabilidade.
O edifício em estudo visa ser uma solução para a substituição da escola do 1º ciclo e jardim
de infância, na cidade de Alcobaça, pelos motivos anteriormente mencionados, dando corpo a
um Centro Escolar, em consonância com o exigido pela Carta Escolar de Alcobaça. [1]
161
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
O concelho de Alcobaça, a vermelho (Figura 4-1), está inserido na zona climática I2-V1. [19]
Para esta zona climática os valores de referência são dados pela Tabela 4-1. [19]
4.1.Implantação
162
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
O edifício será implantado num ligeiro declive a Sul, conforme levantamento topográfico
representado na Figura 4-3, com uma inclinação de 6 a 7%, parcialmente encastrado no
terreno, principalmente as suas faces a Norte, de modo a permitir a sua integração
bioclimática. [4]
A face orientada a Sul deve ser a mais longa do que as orientadas a nascente e poente, pois no
Inverno, obtêm-se a maximização dos ganhos solares. No Verão a utilização de protecção
solar, anula a radiação nos envidraçados e outro tipo de orientação necessita de mais energia,
tanto para aquecimento no Inverno como arrefecimento no Verão. A intensidade do vento,
frequência e direcção dominante, condicionam o desempenho aerodinâmico do edifício. [4]
163
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
4.2.Arquitectura
A forma compacta e reduzida superfície exterior são as características ideais para um bom
desempenho térmico global, o qual é determinado pelo coeficiente de forma global, o qual
permite obter uma estimativa grosseira das perdas térmicas do edifício (Q), sendo tanto
melhor quanto Sext<V. [4]
S (58)
COF = ext ×100 [%]
V
COF [%] (59)
Q=
5
Daqui se pode aferir, numa primeira análise, que o desempenho do edifício sem qualquer
medida activa será excelente. Este edifício escolar objecto de estudo, é composto por três
pisos.
O piso 0 (Figura 4-4), contém um posto de socorros, secretaria, sala técnica, reservatório de
águas “cinzentas” e pluviais, instalações sanitárias e 12 salas de aula, com serviço de elevador
e acesso directo ao exterior por portas laterais e frontal (com zona tampão [4] guarda-vento na
entrada Sul).
O piso 1 (figura 4-5), contém um auditório para 150 pessoas, instalações sanitárias e 12 salas
de aula, com serviço de elevador e acesso directo ao exterior por escadas laterais de
emergência.
164
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
O piso 2 (Figura 4-6), contém o ginásio, arrumos, balneários, instalações sanitárias, cozinha,
refeitório, bar, posto de transformação, central térmica, armazém, vestiário, sala de segurança,
gabinetes de professores, biblioteca, corredores de circulação (com zona tampão [4] guarda-
vento na entrada Norte), sala técnica, serviço de elevador e acesso directo ao exterior.
165
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
A fachada Norte (Figura 4-8) deve ser cega e aí serem colocados os espaços secundários, por
forma a ser criada uma zona tampão, para optimização da temperatura interior.
A fachada Este (Figura 4-9), terá uma grande área de envidraçados, na zona do refeitório, por
forma a poder beneficiar da iluminação natural no período de ponta de utilização, entre as
11H30m e as 14H00.
4.3.Sistemas
Esta concepção visa cumprir a matriz de sustentabilidade da Figura 4-10, com optimização de
recursos, de modo a garantir uma Terra habitável e com qualidade de vida.
166
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Figura 4-10: Matriz de optimização dos recursos para a Terra sustentável [109]
4.3.1.Envolvente
A envolvente a implementar deverá ter baixos valores de U, contribuindo por isso desde logo
para uma poupança energética. Os valores implementados (imp) podem ser comparados com
os valores de referência (ref) e nível de qualidade, que para a zona climática I2 são os da
Tabela 4-3: [23]
Tabela 4-3: Valores de Uref e Uimp, espessuras de isolamento e nível de qualidade da zona climática I2 [23]
4.3.1.1.Cobertura ajardinada
A cobertura é a zona do edifício mais exposta à radiação solar durante o dia; à noite é onde,
por radiação, se efectuam as maiores perdas de calor. A utilização de cobertura ajardinada
diminui em 80% a temperatura à sua superfície, em comparação com a utilização de
revestimento com betuminoso negro ou em 55%, se a cobertura for de brita clara. [4]
167
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
A utilização de uma camada de terra com vegetação cria um nível de temperaturas com menor
amplitude, reduz e controla a quantidade de luz, promove o aumento da humidade relativa na
envolvente, por evapotranspiração e por processos metabólicos, durante o dia, a vegetação
absorve o CO2 e liberta oxigénio. [110] [111]
Por estas razões este tipo de cobertura será previligiada na sua utilização, sendo constituída,
acima da camada de forma, por uma camada de impermeabilizacão com protecção anti-raizes,
isolamento térmico XPS [23] [112] [113] [114], geotéxtil, camada drenante por seixo rolado e
terra vegetal, conforme pormenor tipo na Figura 4-11. [110] [111]
No perímetro da cobertura deverá ser aplicada uma zona de drenagem, constituída por seixo
rolado. [14]
4.3.1.2.Cobertura metálica
A área de cobertura metálica em painel de sandwich é de 609,39 m2, têm como isolamento
10cm de lã de rocha [115], representando 23% do total de cobertura. Esta destina-se
exclusivamente à cobertura do ginásio e será utilizada para potencialização da iluminação
natural, por superfície interna reflectiva, que entra pela zona envidraçada, na face Norte do
168
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
“dente de serra”, a qual suportará também um sistema fotovoltaico de 180 módulos, numa
inclinação de 30º, divididos em 15 filas de 12 módulos.
4.3.1.3.Cobertura invertida
Esta destina-se ao corpo central do edifício onde serão instalados diversos equipamentos do
sistema solar térmico, colectores e tubagem, unidades de AVAC, bem como caleiras técnicas
sobre elevadas onde correrão cabos e tubagem, para a sua interligação. A opção da cobertura
invertida, neste espaço, deve-se ao facto de esta criar boas condições de montagem dos
169
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
A resistencia termica do isolante é afectada pelo contacto com a água se não for utilizado um
material adequado. O rápido escoamento da água é conseguido pela utilização de um sistema
de drenagem pluvial a vácuo. [102]
A lage de pavimento entre piso 0 e 1, com pormenor tipo na Figura 4-14, será isolada, por
placas com tetones de poliestireno expandido, onde será instalado a tubagem de piso radiante
e terá todas as características necessárias a este sistema, no que respeita aos materiais e forma
de aplicação. [49] [59]
Na lage entre os pisos 1 e 2 no corpo central, como não existirá o sistema de pavimento
radiante, será simplesmente a lage com a camada de forma e o revestimento final.
170
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Figura 4-14: Pormenor tipo de execução de pavimento intermédio com parede interior
4.3.1.5.Parede exterior
Por forma a diminuir a amplitude térmica nas paredes exteriores, o isolamento deve ser
aplicado pelo exterior, contribuindo assim para, uma menor deterioração do material e maior
inércia térmica. É ainda um contributo para a estabilização da temperatura interior a níveis
adequados. [25] [119]
A parede exterior é constituida por um pano de tijolo térmico 30x20x24 e isolamento pelo
exterior em poliestireno expandido (Figura 4-15), de classe M1 com 6cm, com 0,33m no
limpo, assente com argamassa de cimento e areia ao traço 1:5, com parede a ser executada da
seguinte forma: [120] [121]
171
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Figura 4-15: Representação esquemática da parede exterior com tijolo térmico 24 [120]
Por forma a reduzir a condutibilidade térmica do solo, potencializada pela humidade, deve ser
aplicada uma camada de isolamento térmico nas paredes enterradas e pavimentos térreos. Tal
contribui ainda para uma redução das perdas térmicas pela estrutura e impedindo a
condensação de vapores nas paredes, originadas por temperaturas muito baixas. [20] [23]
[122]
O poliestireno extrudido é a melhor solução para paredes enterradas, pois é importante que o
isolante apresente baixa compressibilidade, bom comportamento mecânico em coesão e
flexão e seja pouco sensivel à humidade, uma vez que a pressão que as terras exercem sobre o
isolante é muito forte. [20]
172
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Esta escolha implementada no pormenor tipo da Figura 4-16, foi efectuada em função da
classe higrométrica relativa à permeabilidade do solo, da sua admissibilidade de humidade e
da sua inclinação, bem como da tipologia do edifício. [18] [20]
Figura 4-16: Pormenor tipo de execução de parede exterior enterrada e pavimento térreo
O pavimento térreo será constituído por uma lage aligeirada, de 20cm de espessura, acrescida
de camada de regularização, isolamento e revestimento, sob a qual existirá uma caixa de ar,
não ventilada, por forma a eliminar o contacto entre o solo e edifício, reduzindo por aí as
perdas térmicas. Esta caixa de ar deverá ter cerca de 30cm e em todos os pilares que nela se
atravessem, para suster o piso térreo, deverá ser aplicado o isolamento pelo exterior.
4.3.1.7.Parede interior
A parede interior entre espaços úteis, esquematizada na Figura 4-17 (esq), em alvenaria de
tijolo 30x20x15, ou tijolo 30x20x11, respectivamente com 19cm e 20cm no limpo, assente
com argamassa de cimento e areia ao traço 1:6, visa não só criar espaços físicos separados em
termos funcionais, mas também dotar esta separação com um nível de isolamento sonoro
melhorado, dado que o uso do edifício obriga a essa condição. Na ligação com espaços não
173
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
úteis será aplicado isolamento XPS [114] [123] e “Pladur” [124] [125] pelo lado não útil, para
reduzir as perdas térmicas, conforme esquematizado na Figura 4-17 (dir.).
Figura 4-17: Representação esquemática da parede interior entre espaços úteis (esq.) e não úteis (dir.)
4.3.1.8.Envidraçados
Os envidraçados são constituídos por vidro duplo incolor, com coeficiente global de
transferência de calor, U=1,4 W/m2K e factor solar, g=0,63 (Figura 4-18), para as orientações
N e S e g=0,47, para as orientações E e O, valores obtidos com o vidro exterior temperado,
com 4mm de espessura com capa de média emissividade e transmisão luminosa elevada,
câmara de ar de 18mm e vidro de dupla camada, intercalado com um filme de burital de
poliviníl (PVB) de 0,38mm, respectivamente com 4+4mm de espessura, sendo o segundo
laminado [94] [126]. Tem o factor de transmissão visível, Tv=77% e um índice de restituição
de cores, Ra=0,95, aconselhável para tipo de utilização escolar. A sua reflectância visível,
Rv=23%. A espessura é de 30,4mm e o seu peso é de 30,4 kg/m2. A sua principal função é o
controlo solar associado à segurança obtida pelo laminado no interior e temperado no exterior,
segundo a EN 12150 [127]. O coeficiente global de transferência térmica da janela é dado
pela expressão seguinte: [128]
Onde:
Ac - é a área do caixilho;
Av - é a área do vidro;
174
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Pv - é o perímetro do vidro;
4.3.2.Iluminação
Todos os espaços terão como sistema predominante, a iluminação natural. Esta é conseguida
principalmente pela existência de vãos envidraçados, recebendo a luz de forma directa em
todos os espaços orientados a Sul, zenital por poços de luz para as zonas de circulação dos
pisos 0 e 1 ou por clarabóias em espaços do piso 2.
Para a sala de aula tipo na Figura 4-19, cuja área é de 56m2, os sistemas serão dispostos com a
zona envidraçada a ter as dimensões de 5,0x1,5m, orientada a Sul.
O sistema de iluminação artificial disposto numa malha de 2x3, forma 2 linhas com zonas de
intervenção paralelas à janela, o qual é controlado por um sensor de luminosidade orientado
ao centro da janela. [129]
Este sistema conjunto é gerido automaticamente por um sistema de controlo “daylight” [129],
o qual a todo instante mede o nível de iluminância que entra na sala e indica a cada uma das
filas de luminárias, actuando directamente nos balastros electrónicos, qual a percentagem de
175
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
iluminação artificial a ser fornecida pelas lâmpadas de elevada eficiência T5, de 2x28W por
luminária, conforme se esquematiza na Figura 4-20. [130]
Figura 4-20: Corte de sala de aula tipo com integração dos sistemas de iluminação natural e artificial
176
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
No piso 2, o ginásio tem iluminação natural zenital orientada a Norte por cobertura em forma
de “dente de serra” (Figura 4-21), que com a sua superfície interna reflectiva permite uma
excelente uniformidade e sem encandeamento.
Figura 4-21: Corte de ginásio com iluminação natural zenital em forma de dente de serra
Outra forma de iluminação indirecta é a obtida pelos ductos de luz na vertical dos corredores
dos pisos 0 e 1, em que o efeito reflectivo, da iluminação natural, transmitida para as zonas de
circulação, permite aumentar o nível de iluminância. [72]
4.3.3.Ventilação
Para caracterizar a influência dos ventos no edifício, sem qualquer protecção, representa-se na
Figura 4-22 a sua distribuição por orientações e velocidades sobre a sua implantação.
177
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Descrição Tipo
Região A
Classe exposição 2
Rugosidade aerodinâmica I
Classe permeabilidade portas e janelas 0
Altura média do edifício 9,5m
Esta classe de exposição implica que as aberturas devem ser realizadas de modo a assegurar
caudais iguais ou superiores aos previstos para os compartimentos principais quando estão
aplicadas diferenças de pressão exterior /interior de 10 Pa, sem que contudo seja excedido o
quádruplo do caudal em correspondência a diferenças de pressão iguais ou superiores a 160
Pa. [26] [46]
A ventilação natural é conseguida por quatro aberturas, registos de fachada, com as dimensões
de 800x200, em cada secção de fachada por sala de aula, conforme Figura 4-23, duas no nível
inferior a 20cm do pavimento e duas no nível superior a 50cm do tecto falso, com uma
interdistância vertical, ao eixo, de 2,1m e horizontal, ao eixo, de 6,5m. Estas aberturas
funcionam integradas num colector de ar, na fachada, conforme pormenor na Figura 4-24.
Figura 4-23: Fachada Sul com aplicação de grelhas de colector de ar e grelhas para efeito chaminé na cobertura
Os registos de fachada aqui implementados foram desenvolvidos no edifício Solar XXI [131].
O seu princípio de funcionamento baseia-se na actuação de duas comportas, uma de rotação
sobre um eixo horizontal, colocada sobre o lado interior, outra de actuação transversal sobre o
plano horizontal, superior ou inferior do registo, que secciona o fluxo de ar no colector de ar.
178
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
No edifício Solar XXI [131], a sua actuação é manual, sendo deixada ao critério dos
utilizadores a sua manipulação. Neste estudo pretendeu-se automatizar o seu funcionamento,
através de dois actuadores, um linear e outro rotacional, [132] em cada registo, controlados
pela gestão técnica centralizada, optimizando a sua utilização e impedindo a sua não
utilização, tanto por desconhecimento como por desinteresse dos utilizadores.
Figura 4-24: Registos de fachada, implantação, corte e posições de funcionamento por estações climáticas
179
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Para se efectuar a ventilação cruzada, foi colocada uma bandeira de lamelas de vidro
orientáveis [133] sobre a porta de cada sala de aula (Figura 4-25), controladas pela gestão
técnica centralizada, que serão abertas ou fechadas em função da temperatura, humidade e
qualidade do ar interior, em comparação com a temperatura e humidade exterior, medida por
sensores aí instalados. [132] [134]
Figura 4-25: Pormenor de vista frontal (esq.) e corte (dir.) de bandeira em lamelas de vidro com actuador
O efeito da ventilação cruzada, criado entre as salas se aula e os corredores adjacentes, pode
ser complementado com o efeito de chaminé, conforme esquematizado na Figura 4-26. Nos
corredores existe um ducto que os interliga na vertical em todo o comprimento, formando
uma saliência na cobertura, na qual na sua face Sul, são implantadas as grelhas de ventilação
[133]. A colocação de um revestimento nos últimos 2m, do ducto, em chapa de alumínio
polido, permite elevar a temperatura nessa zona, potencializando o efeito de chaminé. [72]
180
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Figura 4-26: Vista frontal (esq.) e corte (dir.) de ventilação natural por efeito de chaminé
181
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Figura 4-27: Pormenor com vista frontal (esq.) e corte (dir.), do ducto e difusão de ar do sistema de permutador
ar-solo no piso 0
182
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
radiação solar absorvida pela superfície da terra, o fluxo de calor latente devido à evaporação
à superfície da terra assim como a radiação emitida pela superfície. [42]
Na Figura 4-29, pormenoriza-se em corte sobre o eixo AA’, da Figura 4-28, o sistema de
ventilação natural, com insuflação pelo permutador. As bandeiras sobre as portas, funcionam
como interligação entre a sala e o corredor por ventilação cruzada, permitindo que neste se
efectue o efeito chaminé, criado no ducto. No seu topo, em alinhamento vertical com as
bandeiras das portas, estão implantadas as grelhas de extracção, em lamelas de vidro
orientáveis, aplicadas em caixilharia sobre o envidraçado contínuo do ducto.
Figura 4-29: Corte interior do sistema de ventilação natural com aplicação de efeito chaminé com grelhas na
cobertura, ventilação cruzada com bandeiras sobre as portas e tubagem e difusão do permutador ar-solo
183
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
4.3.5.Aquecimento
No que respeita ao sistema de piso radiante, este é composto por tubos emissores, colectores e
grupo térmico de controlo.
Figura 4-30: Sistema de piso radiante a aplicar nas salas de aula e corredores dos pisos 0 e 1
184
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
No perímetro de cada espaço será colocado uma faixa de isolamento perimetral, composta por
uma banda de espuma de polietileno cuja missão principal é absorver as dilatações produzidas
pela argamassa colocada sobre os tubos emissores devido ao seu aquecimento / arrefecimento
e também de isolamento lateral. Em instalações com maiores superfícies para aquecer a fita de
isolamento de bordos não é suficiente, para absorver as forças da dilatação produzidas na
estrutura do pavimento. Nestes casos colocam-se juntas de dilatação adicionais no pavimento
(5 mm por cada 10m). [59]
185
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Figura 4-32: Termoventilação por bateria de água quente nos gabinetes de professores no piso 2
186
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Figura 4-33: Esquema de funcionamento do permutador de calor ar-solo e ganho directo, no Inverno
4.3.6.Arrefecimento
187
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Esta coordenação é efectuada por uma placa de comunicação entre as unidades e a gestão
técnica centralizada. [134] [142]
4.3.7.Protecção solar
A utilização de isolamento pelo exterior, evita também um ganho excessivo no verão, uma
vez que neste período o Sol está mais alto e o ângulo de incidência na fachada Sul é maior,
fazendo com que a temperatura seja mais estável. [5]
A protecção solar dos envidraçados (Figura 4-35) é conseguida pela utilização de estores
exteriores com lamelas orientáveis [139], permitindo a modulação da luz natural para o
interior sem criação de encandemento, minimizando os ganhos solares no verão, através do
seu factor g=0,09, quando na posição de fechado.
188
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Figura 4-35: Esquema de protecção solar por estores de lâminas orientáveis, corte e pormenor
Cada espaço pode ser actuado manualmente, por controlo local, durante um período de tempo
programável, permitindo ao utilizador criar cenários de funcionamento temporários. [129]
[134] [143] [144]
Esses cenários locais funcionam no painel LonWorks, da Figura 4-36, conforme a distribuição
das 4 funções nas teclas, no esquema seguinte:
189
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
1 - Iluminação;
2 - Temperatura;
3 - Estore:
4 - Ventilação:
Figura 4-36: Controlador local programável de iluminação, estores, ventilação e temperatura [143]
4.3.8.Produção de energia
O conceito de um edifício auto-sustentável, pressupõe que este possa criar grande parte da
energia que consome. Idealmente esta será de super-habit, o que tráz enormes vantagens
económicas na exploração do edifício.
190
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
4.3.8.1.Solar térmico
O sistema solar térmico está esquematizado com uma parte da área de captação na Figura 4-
37. A sua implantação de colectores interligados pela rede de tubagem primária, na cobertura,
esquematizada na Figura 4-39, é composta por colectores parabólicos compostos (CPC) [145],
com uma área de 1,99m2, dispostos segundo a orientação E-W em suporte metálico de
montagem em cobertura plana e com uma inclinação de 60º, de modo a obter o máximo
rendimento para o período de Inverno e minimizar os ganhos nos meses de Julho e Agosto.
Neste período as necessidades de água quente são praticamente nulas. Estes serão alinhados
com o azimute Sul, em paralelo de canais, formando baterias de 4, com uma interdistância
mínima de 2,5m, por forma a que no dia mais desfavorável, 21 de Dezembro, às 12horas,
nenhuma área do colector esteja com sombreamento. [55] [56]
Figura 4-37: Esquema da inclinação solar no dia mais desfavorável (21 de Dezembro)
191
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Para controlo do funcionamento das resistências será utilizada a gestão técnica centralizada
[134] que irá adquirir a temperatura de cada um dos depósitos, por uma sonda Pt100 e
mediante o periodo horário de tarifa reduzida e a temperatura mínima programada de 60ºC,
permitirá o aquecimento da água, com a ligação da resistência.
As válvulas de três vias no circuito primário dos depósitos servirão para uma distribuição
optimizada da água quente vinda dos colectores solares, e funcionarão mediante temperatura,
conforme esquema.
A caldeira de AQS será ligada à serpentina superior do primeiro depósito, e só deverá entrar
em funcionamento num último nível, mediante uma solicitação excepcional de água quente, à
qual os dois primeiros níveis não tiveram capacidade de resposta.
192
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
4.3.8.2.Solar fotovoltaico
O sistema solar fotovoltaico da fachada é composto por módulos com células de silício
monocristalinas com potência e tensão máxima, respectivamente, de 190W e 36,6V [148],
com uma tensão nominal de 24V, montados sobre uma estrutura em alumínio, sobre a
fachada, formando um colector de ar, dispostos no sentido N-S. A sua interligação em DC aos
inversores, localizados na sala técnica do piso 0, é efectuada por cabo ZZ-F (AS) 2x10mm2,
tipo “Flex Sol” [149] ou “exZhellent Solar” [150].
193
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
O sistema solar fotovoltaico da cobertura é composto por módulos com células de silício
policristalinas com potência e tensão máxima, respectivamente, de 205W e 26,1V [151]. Com
uma tensão nominal de 24V, montados sobre uma estrutura em alumínio, sobre a cobertura,
fazendo parte integrante desta, dispostos no sentido E-W. A sua interligação em DC aos
inversores, localizados na sala técnica do piso 2, é efectuada por cabo Flex Sol 2x10mm2
[149].
Apresentam-se os esquemas dos dois quadros dos sistemas fotovoltaicos, o da fachada QPV1
na Figura 4-40 e o da cobertura do ginásio QPV2 na Figura 4-41.
A potência global do sistema 1 é de 34,2kW e o seu equilíbrio foi conseguido pela utilização
de 6 inversores de 6kW com 3 saídas de 10 módulos cada. Cada módulo tem as dimensões de
1593x790x50mm, com classe II de isolamento.
194
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
A potência global do sistema 2 é de 36,9kW e o seu equilíbrio foi conseguido pela utilização
de 6 inversores de 6kW com 2 saídas de 15 módulos cada. Cada módulo tem as dimensões de
1500x1000x42mm, com classe II de isolamento.
Os inversores de 6kW têm um rendimento de 95,2%, conector ESS [152] que secciona a
potência em corrente contínua, com um IP65. [153]
A rede de cabos DC de cada uma “String”, dos módulos da fachada até aos inversores e
QPV1, está representada na Figura 4-42. Esta rede passa em tecto falso sobre calha, até à sala
técnica.
195
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Na Figura 4-43, esquematiza-se a ligação dos módulos da fachada, por “String’s”, formando
os circuitos DC, que interligam todos os módulos em cabo de 4mm2. A interligação ao ramal
principal de cada “String”, em cabo de 10mm2, conforme Figura 4-42, é efectuada em caixas
de junção PV [149], localizadas no tecto falso da sala de aula do piso 0, por onde passam.
Figura 4-43: Agrupamento e ligação DC de módulos por circuitos no sistema fotovoltaico em fachada
196
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
escoamento de 0,3; 0,8 e 0,95, respectivamente para cobertura ajardinada, cobertura invertida
com lajetas e cobertura metálica (Figura 4-45). [104] [154]
O abastecimento dos sanitários com a água reutilizada é efectuado a partir dos reservatórios
de cobertura, onde à saída é efectuado um tratamento com uma solução de hipoclorito de
sódio, sendo o doseamento proporcional ao caudal de água, que passa na bomba doseadora.
Nesta alimentação a juzante da bomba doseadora, será instalada uma válvula de três vias, para
realimentar o sistema em caso de falha de água reutilizada. [100] [103]
O sistema é composto por reservatório para recepção de águas pluviais e águas cinzentas,
canalização de água, filtro para retenção de folhas e outros materiais, filtro de areia, filtro de
carvão activado, bomba doseadora de solução de hipoclorito com contador de água com
197
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Designação Periodicidade
Manter o nível de solução de hipoclorito de sódio Semanal
Lavagem dos filtros de areia e carvão activado Trimestral
Lavagem dos reservatórios Anual
Esta reutilização de águas, aliada a uma redução nos consumos é de extrema importância. É
neste sentido que se conseguirá que a eficiência seja maximizada. Em Portugal, a ANQIP
[155], lançou recentemente a “primeira pedra” para a construção de um modelo de
certificação hídrica de produtos, onde na Figura 4-47 se apresenta um exemplo de rótulo de
produto de eficiência hídrica, com esse estudo a ter sido desenvolvido na Universidade de
Aveiro [99].
As conclusões a retirar para a sua implementação com eficiência máxima, são: [99]
- Nos chuveiros, estes deverão ter um caudal menor que 5 L/min, utilizando torneiras
termoestáticas com “eco-stop”;
198
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
- Nas torneiras de lavatório, estas deverão ter um caudal menor que 2 L/min, utilizando
torneiras termoestáticas com “eco-stop” e arejador;
- Nos fluxómetros dos mictórios, estes deverão ter um caudal menor que 1 L/min;
- Nas máquinas de lavar louça, estas deverão ter um caudal menor que 12 L/min, por cada 12
utilizadores;
Esta eficiência máxima implica, no caso dos autoclismos e bacias de retrete, que seja
compatibilizada a “perfomance” global do sistema, de acordo com a prEN 14055 [156], com
às condições da rede de drenagem, para se poder utilizar sistemas A++. [99]
Espera-se a curto prazo que seja alargado para um modelo de certificação hídrica de edifícios.
A gestão técnica centralizada utiliza o protocolo Lon-works [66], que por condicionalismos da
arquitectura do sistema, foi dividido em três circuitos alimentados por um router, ao qual está
associado o computador de supervisão, via Ethernet (Figura 4-48).
A divisão dos circuitos foi efectuada pelo critério, um circuito por piso. Estes são ligados a
cada um dos quadros eléctricos aí existentes onde estarão instalados os controladores dos
equipamentos, que não permitem ligação directa ao sistema Lon-works, com os restantes a
terem placa de ligação directa.
199
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
200
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Devido ao efeito pelicular, que restringe a secção condutora para componentes de frequência
elevada, também os cabos de alimentação têm um aumento de perdas devido às harmónicas
de corrente, bem como no caso dos cabos serem longos e os sistemas aí ligados tenham as
suas ressonâncias excitadas pelas componentes harmónicas, podem aparecer elevadas
sobretensões ao longo da linha, podendo danificar o cabo.
Tendo em atenção estes aspectos foi implementada no QG, uma bateria de condensadores
automática anti-harmónicas de 50kVAr (Figura 4-49), que em três patamares injecta de forma
progressiva, energia reactiva na rede, para que o sistema tenha um cosϕ próximo de 1 e
elimina as harmónicas através de filtros. Este sistema é de compensação passiva e a sua
escolha deveu-se, por um lado à tipologia da instalação não necessitar de um equipamento
sofisticado para a compensação do factor de potência, tal como o existente em compensadores
activos, por outro, a sua escolha deveu-se às menores perdas do sistema passivo
comparativamente com um activo, as quais são respectivamente de 15W e 2100W. [159]
[160]
201
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Figura 4-50: Esquema do Quadro Geral, destacando-se o controlo da qualidade de energia por bateria de
condensadores anti-harmónicas e ramal de produção fotovoltaica
202
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
4.4.Enquadramento bioclimático
Para protecção dos ventos dominantes e diminuição da temperatura radiante, será utilizada
vegetação de folha persistente, formando uma sebe viva, conforme esquemas da Figuras 4-51
e 4-52. A Tuia, da família das Cupressaceas, possui um alto débito de evapotranspiração, a
qual regulariza e equilibra as condições climáticas extremas, criando um micro-clima. Foi a
espécie nativa escolhida, devido à baixa porosidade conseguida na implementação de uma
sebe viva. [112] [162] [163]
Figura 4-51: Esquema de vegetação em perfil para protecção dos ventos dominantes
Têm alta eficiência até 2H, diminuindo a velocidade do vento até 90%. Os arrastos posteriores
devem-se ao comportamento do edifício, o qual até 5H e 2H (edifício), respectivamente na
horizontal e vertical, reduzem a velocidade do vento até 50%. Até 20H a velocidade volta a
atingir 100%. [27] [164] [165] [166] [167] [168]
Dado que a largura do edifício é maior que a sua altura, o fluxo do vento deverá ter um
comportamento mais acentuado no sentido vertical. Em todo o caso para se garantir uma
elevada protecção a vegetação a implantar deverá ter as características e posicionamento
indicados. [27] [161] [169]
203
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
A proximidade com o rio Alcôa, cria amplitudes de temperatura mais baixas, tornando o
edifício menos vulnerável a condições de temperaturas extremas, com a temperatura da água
do rio no Inverno, a ser superior às temperaturas mínimas, o que as modeliza, bem como no
verão esta proximidade origina um arrefecimento evaporativo, reduzindo as temperaturas
máximas. [110] [111]
204
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Esta cobertura será constituída por uma camada de terra vegetal de 30cm, a qual molhada têm
um peso de 480 Kg/m2, onde serão plantadas gramíneas e arbustos. [110] [111]
4.5.Padrão de funcionamento
Prof.
Actividade JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ alunos
/func.
Lectiva
21 18 22 11 20 20 0 0 15 21 21 11 180 180
(dias)
Férias
1 2 0 10 0 0 22 20 5 0 0 8 0 68
(dias)
Descanso
9 8 9 9 11 10 9 11 10 10 9 12 117 117
(dias)
Tempo
Lectivo 178,5 153 187 93,5 170 170 0 0 127,5 178,5 178,5 93,5 1530 1530
(horas)
Tempo
Limpeza 52,5 45 55 27,5 50 50 0 0 37,5 52,5 52,5 27,5 450 450
(horas)
Tempo
Férias 7 14 0 70 0 0 154 140 35 0 0 56 476 476
(horas)
Com os dados da Tabela 4-6, foi determinada a percentagem de ocupação do edifício, em dias
úteis, conforme as horas do dia, estando os valores indicados na Figura 4-54.
205
4. Caracterização do modelo proposto
Edifício escolar
Os respectivos ganhos internos horários pelas pessoas no período lectivo e férias, estão
indicados na Figura 4-55.
(W/m )
2 Padrão Ocupação Lectivo (W/m2)
10,00
Padrão Ocupação Férias (W/m2)
9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
Hora
206
5. Simulação e análise de resultados
5.SIMULAÇÃO E ANÁLISE DE
RESULTADOS
207
5. Simulação e análise de resultados
Tendo como base os valores globais de energia, água e resíduos da escola existente,
apresenta-se a comparação entre esta e o edifício proposto na Tabela 5-1, efectuada com base
numa extrapolação dimensional. A variação obtida corresponde à análise entre os dados
extrapolados e propostos.
209
5. Simulação e análise de resultados
⎡ ⎛ i ⎞ ⎛ i ⎞⎤ 3 (61)
Vp = ⎢Q p ⎜⎜ ∑ Ai ci ⎟⎟ − ε Q p ⎜⎜ ∑ Ai ci ⎟⎟⎥ 1000 [m ]
Mês
⎢⎣ ⎝ 1 ⎠ ⎝ 1 ⎠⎥⎦
Onde:
CL + CB 3 (62)
VR Mês = V AC [m ]
CT
Onde:
A determinação dos diversos consumos presentes no edifício, pode ser decomposta assim:
C S = Vs kP [L/dia] (63)
Onde:
210
5. Simulação e análise de resultados
C L = VL kP [L/dia] (64)
Onde:
C B = VB PB [L/dia] (65)
Onde:
CC = VC P [L/dia] (66)
Onde:
O consumo de limpeza é um valor estimado anualmente, que serve para que nos períodos de
manutenção programados, se retirem todas os resíduos do sistema acumulados durante o
período de funcionamento.
211
5. Simulação e análise de resultados
Com os consumos parciais, o consumo per capita e o seu regime de funcionamento obtém-se
o volume consumido mensalmente em m3.
O volume acumulado pelo sistema, serve para a sua realimentação e é obtido pela condição:
CT − C B − C L 3 (70)
VRJ Mês = V AC [m ]
CT
O volume não utilizado na recuperação das águas pluviais, designado por “first flush”, pode
ser obtido por:
⎛ i ⎞ 3 (71)
V ff = ε Q p ⎜⎜ ∑ Ai ci ⎟⎟ [m ]
⎝ 1 ⎠
V AC − VR (72)
E4 R = × 100 [%]
V AC
Onde:
212
5. Simulação e análise de resultados
Tabela 5-2: Balanço hídrico anual com aproveitamento de água pluvial e reutilização de águas “cinzentas”
Tendo em conta o tarifário em vigor (Tabela 5-3) [171] e os proveitos obtidos pela utilização
de águas pluviais e reutilização de águas “cinzentas” (Tabela 5-2), [61] [64] obtem-se uma
eficiência do sistema de 78,68%, com uma amortização em 2 anos, conforme período de
amortização descrito na Figura 5-1.
Custo (€/m3)
Distribuição de água potável Águas residuais Resíduos sólidos urbanos
Volume de
água Fixo mensal Variável Fixo mensal Variável Fixo mensal Variável
(m3/mês)
4,80 2,0347 1,50 0,47 2,40 0,445
213
5. Simulação e análise de resultados
No caso do arrefecimento por contacto directo com o solo, este constitui a extensão da própria
envolvente do edifício (paredes, pavimento e eventualmente cobertura). Do ponto de vista
térmico, o interior do edifício encontra-se ligado ao solo por condução através daqueles
elementos. Este processo é particularmente eficiente em regiões de clima temperado, só que
tem a desvantagem de no Inverno as perdas daí resultantes prejudicarem o desempenho do
edifício, pelo que se optou pela utilização de lage térrea com caixa de ar, com as perdas a
diminuírem significativamente. [26]
214
5. Simulação e análise de resultados
5.2.2.1.Temperatura do ar exterior
⎡ 2π ⎤ ⎡ 2π (73)
Ta (t ,0) = T aanual + Amp adiária cos ⎢ (t − fasediária )⎥ + Amp aanual cos ⎢ (t − faseanual )⎤⎥ [ºC]
⎣ 24 ⎦ ⎣ 8760 ⎦
Onde:
Amp aanual é a amplitude da temperatura anual, com base na máxima e mínima das médias
mensais;
215
5. Simulação e análise de resultados
Como para o local objecto de estudo existem dados meteorológicos sintéticos disponíveis,
foram utilizados estes, resultantes do ficheiro climático do programa “Solterm 5” [107], por se
demonstrar que os resultados obtidos eram mais rigorosos, comparativamente à formulação
anterior, uma vez que esta se baseia nos dados médios climatológicos disponíveis no sítio da
NASA. [172]
5.2.2.2.Temperatura do solo
Neste modelo foi utilizada a formulação que calcula a temperatura do solo não perturbado a
uma determinada profundidade, com base nas temperaturas médias do solo existentes nos
dados climáticos da NASA, devido ao facto de não estarem disponíveis, nem dados reais da
estação meteorológica, nem dados sintéticos, relativos à temperatura do solo. [42] [136]
⎛
⎜−z
π ⎞⎟ (75)
⎛ 2π
(t − faseanual ) − z π ⎞⎟⎟ [ºC]
⎜ α 8760 ⎟
Ts (t , z ) = T sanual + Amp s anual × e⎝ ⎠ × cos⎜⎜
⎝ 8760 α 8760 ⎠
Onde:
Amp sanual é a amplitude da temperatura anual do solo, com base na máxima e mínima das
médias mensais;
Para a determinação da difusibilidade térmica do solo, foi verificada qual a tipologia de solo
existente no local objecto de estudo, tendo-se verificado ser um solo argiloso húmido.
5.2.2.3.Temperatura do ar no tubo
216
5. Simulação e análise de resultados
A formulação utilizada para o cálculo desta temperatura, foi na sua maioria a utilizada no
modelo EnergyPlus [173], por quantificar com mais pormenor a contribuição do solo e do
material utilizado na permuta, pois muitos estudos não dão a esta última a devida importância.
Como é neste ponto que está a chave da eficiência do sistema, procurou-se que os parâmetros
utilizados, fossem mutáveis em função da temperatura exterior, para dar à simulação uma
componente dinâmica, inexistente em outros estudos até então efectuados. Nesse sentido
apresentam-se nas equações seguintes os parâmetros com variabilidade em função da
temperatura.
3 (76)
T + C ⎛ Ta ⎞2
μ = μ0 0 ×⎜ ⎟ [Pa.s]
Ta + C ⎜⎝ T0 ⎟
⎠
ρVD (77)
Re =
μ
V é a velocidade do ar;
( )
k a = 0,02442 + 10 − 4 (0,6992Ta ) [W/mºC] (78)
Onde: [177]
217
5. Simulação e análise de resultados
μCp (79)
Pr =
ka
Onde:
Pr é número de Prandtl;
Onde: [178]
Nu =
( f a 2)(Re− 1000)Pr (81)
1
f a ⎞ 2 ⎛⎜⎞
2
⎛
1 + 12,7⎜ ⎟ Pr 3 − 1⎟
⎜ ⎟
⎜ ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ ⎠
Onde: [178]
Nu é o número de Nusselt.
Nuk a (82)
hc = [W/mºC]
D
Onde:
1 (83)
Rc = [W/mºC]
2πr1 Lhc
218
5. Simulação e análise de resultados
1 r +r (84)
Rp = ln 1 2 [W/mºC]
2πLk p r1
1 r +r +r (85)
Rs = ln 1 2 3 [W/mºC]
2πLk s r1 + r2
Ut =
1
=
1 [W/mºC] (86)
Rt Rc + R p + Rs
2UL (87)
NUT =
ρCpVr1
Onde:
L é o comprimento do tubo;
Rc é a resistência de convecção;
Foi considerado por [136] [178], que o solo é imperturbável na função de permuta, até r3=2r1.
Assim sendo, será este o valor a ser inserido no cálculo.
Onde:
219
5. Simulação e análise de resultados
Com os parâmetros anteriores determina-se por fim a energia bruta obtida pelo sistema. [42]
( )
q = ρCpπVr12 T p − Ta × n [W] (89)
Onde:
A perda de carga na tubagem pode ser determinada pela seguinte expressão: [175]
L V 2 [Pa] (90)
Δp = f a ρ
D 2
220
5. Simulação e análise de resultados
5.2.2.4.Simulação
Em [42], o objectivo de simular este tipo de sistemas, considera que todos os parâmetros à
excepção das temperaturas, são fixos, bem como a formulação utilizada no modelo do
permutador. Considera ainda que o material utilizado na permuta não tem qualquer relevância
para o cálculo, tendo como base os estudos efectuados. Este estudo considera que a maioria
dos ganhos será sempre obtido na função de arrefecimento.
Com a continuação do trabalho até então desenvolvido por [42], pretende-se tornar o método
de simulação mais dinâmico e dotá-lo de ferramentas capazes de determinar com mais
pormenor os ganhos brutos transmitidos para o edifício e passíveis de ser inseridos no cálculo
221
5. Simulação e análise de resultados
do RCCTE [19]. Nesse sentido foram efectuadas algumas alterações que se mostraram
divergentes do estudo referido.
Na folha de “Inicio” (Figura 5-3), são inseridos em cada uma das grelhas, os dados relativos à
instalação, começando pela localização geográfica, que permitirá a interligação posterior ao
cálculo da radiação solar incidente na superficie horizontal do solo. São ainda necessários os
dados relativos à temperatura ambiente, ao utilizar-se a formulação da temperatura do ar
exterior, indicada anteriormente, ou então utilizam-se dados reais medidos por estação
meteorológica ou ainda a série climática sintética do local, bem como as temperaturas do solo
adquiridas da mesma forma, os quais tem a sua distribuição anual segundo a Figura 5-4. O
passo seguinte será a introdução de dados relativos ao permutador de calor ar-solo, com a
descrição do tipo de tubo, seu material e diâmetro, comprimento e profundidade de
enterramento, bem como a velocidade média do ar a ele associado.
222
5. Simulação e análise de resultados
Para a obtemção destes resultados globais, é necessário que numa folha de cálculo sejam
determinados hora a hora, para as 8760 horas do ano, todos os parâmetros descritos na
formulação do sistema.
Para resumir estes modos de funcionamento apresenta-se uma listagem dos dias 01 e 02 de
Abril, referentes à serie climática sintética de Alcobaça, onde estes estão presentes na coluna
“Aq/Arr” da Figura 5-5.
223
5. Simulação e análise de resultados
224
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-6: Análise de custos e rentabilidade considerando o limite energético para o RCCTE
5.2.3.Solar térmico
O sistema solar térmico foi concebido para ser a fonte principal do aquecimento de águas
quentes sanitárias, a utilizar nos balneários e cozinha, bem como no aquecimento ambiente,
através do sistema de piso radiante nos pisos 0 e 1 e no piso 2, por termoventilação com
baterias de água quente.
Face a estes critérios, foi utilizado o programa de calculo “Solterm 5” [107], para a
determinação das necessidades solares térmicas, sendo este programa de utilização obrigatória
225
5. Simulação e análise de resultados
No cálculo de consumo hídrico foi considerado, que por dia, no máximo, só seriam 96 os
potenciais utilizadores de banhos e que em termos médios o consumo por utilizador é de
19,73 L/dia. Deste cálculo resultou ainda que o volume de água para a cozinha foi estimado
em 3150 L/dia. [64]
Quanto às necessidade globais de aquecimento ambiente (AQP), foi considerado que apenas
seria servido cerca de 25% da estimativa máxima de aquecimento. Daí resultou que as
necessidades máximas do piso radiante [59] [60] [137], têm uma potência de 156,188 kW. A
estimativa máxima da potência a utilizar no sistema de termoventilação é de 121,759 kW o
que, considerando a maximização da utilização das máquinas a este sistema associadas, foi
distribuído a termoventilação por duas unidades, uma para os balneários e a restante para
todos os outros espaços do piso 2, restringindo-se então o valor máximo de potência a
considerar como o limite máximo fornecido pelas baterias de água quente presentes no
sistema, este a ser de 94,516 kW. Resulta então que o valor global bruto para as necessidades
de potência aquecimento são de 250,704 kW.
Para este sistema foi então considerado que um volume de 3000L, distribuídos num depósito
de 1000L de acumulação para AQS e 2000L como reservatórios de inércia para o
aquecimento ambiente. Com base nisso foi efectuada a distribuição da carga para os regimes
de funcionamento de AQS e AQP, em função da hora de utilização no programa “Solterm 5”
[107], tendo-se obtido o balanço energético, descrito na Figura 5-9.
A modelização dos colectores solares térmicos a utilizar, foi orientada para a maximização
dos ganhos no período de Inverno, em virtude de nos meses de Julho e Agosto não existirem
consumos representativos da tipologia do edifício e por neste período, nas condições normais
de instalação (inclinação de 45º), a produção energética ser máxima e não existirem sistemas
que permitam essa dissipação de energia em excesso. Nesse sentido foi considerada uma
inclinação de montagem de 60º, para os colectores solares [145] e a sua quantidade será de 64
unidades, distribuídas em 4 grupos com cada 4 baterias de 4 colectores, ocupando grande
226
5. Simulação e análise de resultados
Esta opção baseou-se ainda no resultado das necessidades energéticas calculadas através do
RCCTE [19], que demonstraram que para o AQS apenas seriam precisos 17843,65 kWh/ano e
no aquecimento ambiente, as necessidades auxiliares de aquecimento globais são de
273994,49 kWh/ano, o que na função AQP na utilização de um volume de inércia de 2000L,
se traduz em 28447 kWh/ano e os restantes são associados a outros sistemas passivos de
aquecimento e à inércia térmica do edifício.
Obtiveram-se então os perfis de consumo diários (Figura 5-7) e mensais (Figura 5-8), tanto
para AQS como para AQP, nos regimes de funcionamento lectivo e férias.
Figura 5-7: Perfil de consumos diário das instalações AQS e AQP nos regimes de aula e férias
227
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-8: Perfil de consumos mensais das instalações AQS e AQP nos regimes de aulas e férias
228
5. Simulação e análise de resultados
5.2.4.Solar fotovoltaico
O sistema solar fotovoltaico compreendia, quase até à conclusão deste estudo (Figura 5-10),
apenas a implantação de 184 módulos de 160Wp na fachada, com uma inclinação de 90º,
formando grupos sob os quais era aproveitado o calor dissipado pelos módulos e transmitido
para o colector de ar. Esse colector, existente entre os módulos e a fachada, permite efectuar
uma pré-climatização do ar que entra nas salas de aula, bem como extrair o ar quente no
período de arrefecimento.
Desta solução resultou que a a energia produzida pelos 184 módulos, traduzia-se em 25067
kWh/ano. Este valor é a soma dos resultados parciais obtidos pelos cálculos apresentados na
Figura 5-11 e Figura 5-12.
229
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-11: Resultado inicial da simulação do sistema PV1 na fachada pelo Sunny Design da SMA [180]
Figura 5-12: Resultado inicial da simulação do sistema PV2 na fachada pelo Sunny Design da SMA [180]
230
5. Simulação e análise de resultados
Com o resultado final do cálculo do RCCTE [19] ao edifício, chegou-se à conclusão que
poderia ser melhorado ainda mais o desempenho do edifício com pequenas modificações
arquitectónicas, ao nível da disposição da cobertura do ginásio, passando as janelas da
orientação Sul para a Norte e alterando o formato da cobertura, conforme Figura 5-13. Outra
motivação para esta alteração final, deveu-se a que no tempo passado entre o estudo inicial e a
sua conclusão, os custos dos módulos fotovoltaicos baixaram e a experiência adquirida
permitiu aprofundar novas soluções. Nesse sentido aumentou-se ainda mais a componente
electroprodutora do edifício, com uma nova solução para os módulos a implantar na fachada,
passando agora a ser 180 [148], com 190Wp e ainda com a nova solução da cobertura (Figura
5-13), foi possível implantar mais 180 módulos [151] de 205Wp, em 15 filas de 12 módulos
na posição EW, pela aplicação de diversos sistemas passivos. Ao nível da fachada,
mantiveram-se os 28 grupos de 6 módulos, que formam o colector de ar, tendo sido alterada a
disposição nesta ao nível do piso 2 (Figura 5-14).
Com a disposição final da cobertura [57] [181], conseguiu-se que a iluminação natural do
ginásio (Figura 4-21), fica-se com uma melhor uniformidade. E além disso, fosse possível a
disposição de módulos na superfície orientada a Sul, com uma inclinação ideal de 30º, sem
obstruções. Estes módulos além da componente electroprodutora, favorecem ainda o edifício,
na componente térmica, pois com um U menor, existe uma consequente redução das perdas
térmicas pela cobertura.
231
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-13: Planta e corte da implantação do sistema fotovoltaico na cobertura do ginásio, com orientação Sul
Esta solução é também mais vantajosa, pelo aumento da produtividade energética e também
pela diminuição das perdas nos inversores, conforme se pode confirmar pelas simulações
efectuadas no “Sunny Design” (Figura 5-15 e Figura 5-16) [180], que se traduziu numa
produção energética global de 84372 kWh/ano.
Figura 5-14: Integração final do sistema fotovoltaico na fachada e Cobertura Sul do edifício
232
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-15: Resultado inicial da simulação do sistema PV na fachada pelo Sunny Design da SMA [180]
Figura 5-16: Resultado da simulação do sistema PV na cobertura pelo Sunny Design da SMA [180]
233
5. Simulação e análise de resultados
O desempenho energético anual do edifício, foi calculado pelo RCCTE [19]. Neste cálculo
foram introduzidas alterações pontuais, por forma a considerar a influência dos diversos
sistemas passivos implementados no edifício.
Ganhos solares brutos + Ganhos internos brutos + Ganhos passivos brutos (91)
γ =
Necessidades brutas de aquecimento
Nos ganhos passivos brutos, podem ser contabilizados todos os sistemas passivos capazes de
contribuir para as necessidades de aquecimento. Neste caso foram considerados como
possíveis de contribuição, os ganhos solares térmicos introduzidos nos sistemas de
aquecimento, piso radiante e termoventilação, ganhos brutos do permutador de calor ar-solo e
ganhos pelo colector de ar na fachada (Figura 5-19). Destes não foi possível determinar o
valor da sua contribuição, ficando como um dos trabalhos futuros.
234
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-17: Resultado do cálculo das perdas associadas à renovação do ar na ficha FCIV.1d do RCCTE
235
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-18: Resultado do cálculo dos ganhos solares, internos e passivos na estação de aquecimento na ficha
FCIV.1e do RCCTE
236
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-19: Resultado do cálculo dos ganhos úteis na estação de aquecimento na ficha FCIV.1e do RCCTE
Inicialmente, foi prevista uma solução de orientação dos envidraçados da zona do ginásio a
Sul por forma a que o edifício tivesse menos perdas no Inverno. Tal solução foi modificada
pela necessidade de criar perdas térmicas no Verão, para que as respectivas necessidades
energéticas, Nvc, fossem nulas. Para que tal acontecesse foi modificada a orientação dos
envidraçados para Norte e estudada uma nova solução para essa cobertura [181], por forma
poderem implantar-se mais módulos fotovoltaicos, contribuindo assim para a aproximação ao
conceito de “Net Zero Energy Building”.
237
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-20: Resultado do cálculo das perdas na estação de arrefecimento na ficha FCV.1a do RCCTE
238
5. Simulação e análise de resultados
239
5. Simulação e análise de resultados
240
5. Simulação e análise de resultados
Quanto à verificação das necessidades de AQS (Figura 5-23), foram considerados para
cálculo apenas 180 dias, correspondentes aos dias úteis lectivos. O número de utilizadores
potenciais das AQS e o seu consumo médio, estão em consonância com o balanço hídrico do
edifício, apresentado anteriormente, os quais são respectivamente de 96 utilizadores/dia e
19,73L/dia per capita.
Neste cálculo foi introduzida a energia produzida pelo sistema solar térmico, destinada ao
AQS, conforme descrito no sistema solar térmico, bem como a utilização de uma caldeira de
condensação a gás natural [146], com um rendimento de 109%, na contabilização utilizando
sistemas convencionais.
241
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-24: Gráfico das curvas de rendimento correspondentes aos 3 escalões de inércia no cálculo do RCCTE
Para prosseguir esse objectivo inseriram-se as produções eléctricas dos diversos sistemas de
energias renováveis, numa nova folha (Figura 5-25) criada no RCCTE [19] para este efeito.
Figura 5-25: Resultado da produção de energia eléctrica por sistemas renováveis contabilizados no RCCTE
242
5. Simulação e análise de resultados
A produção de energia eléctrica pelos sistemas renováveis Pec, é inserida no cálculo do Ntc, a
subtrair, para que se possa considerar esta no referido balanço entre a oferta e procura
energética.
Toda a verificação apresentada face so RCCTE [19] em vigor, foi ainda reforçada, dando
solução a mais uma das fragilidades do RCCTE [19], no tratamento de edifícios bio-
climáticos ou auto-sustentáveis, onde se introduz um nova classe energética A++,
correspondente aos edifícios que conseguem ter um Ntc negativo. Este edifício é
comprovadamente um caso destes, pelo que se apresenta o seu valor final na Figura 5-26.
Figura 5-26: Resultado da verificação das necessidades de energia primário do edifício no RCCTE
243
5. Simulação e análise de resultados
5.2.6.1.Iluminação
A regulação “Daylight” [129] [185] [186], que foi implementada nas salas de aula, biblioteca
e corredores, irá permitir um ajuste automático na iluminação artificial, maximizando a
componente natural através da interacção do controlo solar nos estores de lamelas de lâminas
orientáveis [139], nos dois primeiros espaços.
Na Figura 5-27 e Figura 5-28, apresentam-se os resultados obtidos pelo cálculo no programa
“Dialux”, numa sala de aula tipo. Na primeira figura, os valores correspondem a uma
244
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-27: Resultados do cenário 2, cálculo de iluminação 100% natural, na sala de aula [184]
245
5. Simulação e análise de resultados
Figura 5-28: Resultados do cenário 1, cálculo de iluminação artificial a 100% com apoio da iluminação natural,
na sala de aula [184]
246
5. Simulação e análise de resultados
Em termos globais cada sala de aula tem um consumo 360,61kWh/ano, resultante das somas
parciais mensais descritas na Tabela 5-6, com o LENI [39] a ser de 5,78 kWh/ano.m2,
muitíssimo inferior ao limite de 38,1 kWh/ano estabelecido para esta tipologia.
Alargada avaliação energética aos restantes espaços do edifício, obtém-se uma estimativa de
consumo energético para a iluminação artificial no edifício de 12972,39kWh, a qual
distribuída pela sua área útil de 4585,88m2, obtém-se um consumo de 2,83kWh/m2.ano.
A avaliação qualitativa do ELI [35] e quantitativa do LENI [39], para a sala de aula tipo pode
ser expressa pelos diagramas apresentados na Figura 5-29.
Figura 5-29: Diagrama de LENI - ELI para uma sala de aula [187]
247
5. Simulação e análise de resultados
O equipamento que foi objecto de um estudo mais pormenorizado, foi a UPS [141], pois o seu
consumo inviabilizaria o atingir do objectivo NZEB, se não tivessem sido tomadas medidas
de eficiência. Estas medidas passaram pela análise das fichas técnicas do produto,
comparando as perdas em carga e as perdas em modo estacionário, complementadas com a
velocidade de comutação. Para tal, recorreu-se ao relatório da ERSE de 2006 [188], para
determinar o indicador de qualidade de serviço, em função da zona de implantação do
edifício. Este indicador SAIFI MT (interrupções/PdE), presente no relatório referido,
correspondente às interrupções de fornecimento de energia para instalações alimentadas em
MT, tem o valor de 2,35 por se encontrar na zona B. O tempo de interrupção correspondente,
no mesmo relatório, é dado pelo indicador SAIDI MT (minutos/PdE), ao qual corresponde o
valor de 113,83 min.
248
5. Simulação e análise de resultados
Numa análise sectorial os diferentes consumos podem resumir-se na Tabela 5-8 e distribuídos
graficamente pela Figura 5-30:
249
5. Simulação e análise de resultados
Energia consumida
21%
Climatização
13% Iluminação
66% Equipamentos
Com a auditoria energética efectuada por estimativa, conforme descrito anteriormente, cujos
dados completos fazem parte de cálculo existente no capítulo dos Anexos, inseriu-se os
valores globais de consumo e produção energética, nos campos respectivos da folha de
cálculo, descrita na Figura 5-31.
Neste cálculo obteve-se como valor final um IEE=-0,01 kgep/m2.ano, que se traduz na classe
energética A++, criada em virtude das considerações anteriores ao nível do RCCTE [19].
250
5. Simulação e análise de resultados
251
5. Simulação e análise de resultados
Outra metodologia [108], preconiza que o cálculo de emissões de CO2 deve ser efectuado,
considerando as influências parciais, de cada componente emissora, afectadas do respectivo
factor de conversão e só depois se poderá obter o seu valor global, somando os contributos
parciais, em função da quantidade de utentes no edifício.
⎡C × f × f ⎤ (92)
CO2 e = ⎢ c u
⎥ N util . [Kg/ano]
⎢⎣ fp ⎥⎦
⎡f ⎤ (93)
C E = ⎢ m5 × C ⎥ N util . [€]
⎣10 ⎦
Onde:
fm é o factor de conversão para determinar o custo pela emissão de CO2, dado pela Tabela 5-9;
252
5. Simulação e análise de resultados
Aplicando por fim esta metodologia aos consumos do edifício, considerando agora também a
componente de Residuos Sólidos Urbanos (RSU), resultante do consumo efectivo de água da
rede pública, temos um valor de emissões de CO2 diferente do obtido anteriormente, a que
corresponde a necessidade de plantação de árvores nativas e um custo monetário de emissões.
O valores globais relativos às emissões CO2, vêm então descritos na Figura 5-32.
Utilizando o factor de conversão 10 árvores para sequestro de 1,51 tonCO2e, temos que para o
presente estudo o sequestro anual é conseguido pela plantação de 1 arvore nativa.
253
6. Conclusões e trabalho futuro
6.CONCLUSÕES E TRABALHO
FUTURO
255
6. Conclusões e trabalho futuro
6.1.Considerações preliminares
A escolha da tipologia da parede exterior, constituída por tijolo térmico de 24cm, deveu-se
por um lado ao melhor desempenho térmico desta solução face a uma solução convencional
com parede dupla, constituída por tijolos de 15+11, como pelo custo de fornecimento e
montagem associado, onde aparentemente a solução tradicional seria mais barata. Tal não se
verifica, pois os custos associados a 1m2 de parede tradicional (15+11) são de 12,94€ e de
1m2 de parede térmica (24) são de 10,25€.
Além desta poupança imediata também se deve contabilizar a argamassa de assentamento que
se economiza por não existirem juntas verticais e uma eventual redução no custo de mão de
obra devido à facilidade de aplicação. Relativamente ao conforto térmico e acústico e à
poupança energética a médio/longo prazo as vantagens são evidentes.
No caso do arrefecimento por contacto directo com o solo, este constitui a extensão da própria
envolvente do edifício (paredes, pavimento e eventualmente cobertura). Do ponto de vista
térmico, o interior do edifício encontra-se ligado ao solo por condução através daqueles
elementos. Este processo é particularmente eficiente em regiões de clima temperado, com a
desvantagem de no Inverno as perdas daí resultantes prejudicarem o desempenho do edifício,
pelo que se optou pela utilização de laje térrea com caixa de ar, com significativa diminuição
das perdas.
257
6. Conclusões e trabalho futuro
As orientações dos envidraçados a Sul são as mais favoráveis tanto no Inverno como no
Verão, pois no primeiro as cargas térmicas resultantes da radiação incidente são significativas
e contribuem grandemente, em função do factor solar, para a energia absorvida para o interior,
enquanto que no segundo, como o Sol está praticamente numa posição zenital ao meio dia,
não se faz sentir com muita intensidade a radiação incidente nesta fachada. Nas fachadas Este
e Oeste os envidraçados são desaconselháveis, pois no Inverno a radiação incidente é fraca,
não contribuindo grandemente para o aquecimento e no Verão como as inclinações da
radiação são muito pronunciadas, dá-se uma invasão dos compartimentos interiores com
elevadas cargas térmicas.
Inicialmente a iluminação artificial da sala de aula tinha uma malha de 3x3, conseguindo-se
uma iluminância média de 506lux e uniformidade de 54%, no plano de trabalho aos 0,6m.
Com a solução final, malha 2x3, obteve-se uma média de 348lux e uniformidade de 49%. Esta
opção foi motivada pela redução de consumos ao nível da iluminação das salas de aula, uma
vez que corresponde a mais de 2/3 destes. A integração da componente natural assegura a
qualidade e o nível exigido ao espaço, uma vez que o nível médio exigido varia entre 300 e
500lux.
Embora o permutador de calor ar-solo por si só, não possa substituir um sistema de
climatização de ar convencional, pode reduzir significativamente a carga, arrefecendo o
edifício. Para um melhor desempenho no arrefecimento, deverá ser utilizada tubagem a maior
profundidade, com mais comprimento, menor diâmetro do tubo e velocidade do ar baixa. Por
outro lado, se o objectivo principal for o de reduzir as necessidades de aquecimento, deve ser
utilizado um enterramento o mais próximo da superficie, para beneficiar da radiação incidente
na superficie terrestre, actuando assim com a função acrescida de colector. Neste estudo foi
dada prevalência às necessidades de arrefecimento, pelo que se optou pelo enterramento à
profundidade de 3m.
258
6. Conclusões e trabalho futuro
Ao nível do colector de ar, na fachada, a automatização dos registos de ventilação foi uma
tarefa complicada, pois foi necessário assegurar que a montagem e manutenção de cada um
dos actuadores fosse efectuada pelo interior do canal de ventilação. Com a execução de um
protótipo poderá ser afinada a melhor forma de montagem que assegure o seu pleno
funcionamento.
A chaminé solar é um sistema extremamente útil, ainda mais quando aplicada na face Norte
dos espaços de maior utilização, as salas de aula. Esta consegue satisfazer tanto os processos
de ventilação, como os de iluminação natural. No sistema de ventilação, principalmente no
arrefecimento, substitui com eficácia a aplicação de sistemas activos. No sistema de
iluminação, face às características inter-reflectivas das paredes do ducto, conseguiu-se
garantir um elevado padrão de qualidade lumínica nos corredores dos dois pisos.
O sistema de piso radiante presente nos pisos 0 e 1 foi escolhido face a um sistema de
radiadores, por funcionar com um sistema de baixas temperaturas em contraponto ao outro de
médias temperaturas. Só assim é possível a integração com a produção de energia pelo
sistema solar térmico a custos rentáveis, além de que numa situação de necessidade de apoio
pela caldeira o seu consumo também será menor, pois não necessita de atingir uma
temperatura tão elevada.
A protecção solar utilizada irá com certeza desempenhar melhor a sua função
comparativamente a sistemas de palas fixas, pois a sua gestão automatizada permite a
maximização de vários subsistemas activos e passivos, a esta inter-relacionados. Esta também
elimina o que acontece actualmente na quase totalidade das escolas que é a existência de
259
6. Conclusões e trabalho futuro
Apesar da gestão técnica centralizada, ser um requisito regulamentar para esta tipologia de
edifícios face ao RSECE, mostrou-se que a sua implementação não deve ser entendida como
obrigatória, mas sim como essencial para o contributo de redução e eficiência energética,
sendo uma mais valia para o edifício tanto nos custos de exploração, como na facilidade de
manutenção.
A opção pela tecnologia Lon Works como protocolo de comunicações na rede da gestão
técnica centralizada, ficou a dever-se ao seu carácter quase universal entre os fabricantes de
componentes eléctricos, o que por si só liberta o estudo para um número infindável de
soluções.
A qualidade da energia na rede do edifico foi também uma preocupação desde início deste
estudo. Para tal foi introduzido a montante uma bateria de condensadores automática cujo
objectivo é garantir um factor de potência igual a 1. Neste campo, também se conseguiu que a
UPS seleccionada, fornecesse à rede socorrida energia com um factor de potência igual a 1.
260
6. Conclusões e trabalho futuro
O “chiller” não tem até ao momento qualquer etiqueta energética, mas comparativamente com
outros sistemas de arrefecimento, como a expanção directa, tem um EER bastante mais baixo,
o que à partida não recomendava a utilização tipo de sistema “ar-água”, por consumir mais
energia que o sistema alternativo referido. Só que a sua utilização tem de ser analisada num
contexto global e nesse é, com grande certeza um sistema eficiente, pois a climatização “ar-
água” utilizada no piso 2, recorre a uma fonte energética gratuita, sistema solar térmico para
aquecer a água, no modo de aquecimento. Com as técnicas activas e passivas descritas, o
edifício tem reduzidas necessidades de arrefecimento, já que nos meses de Julho e Agosto a
ocupação é muito reduzida. Um “chiller” de baixa potência é a solução mais eficaz, face ao
consumo energético e à rentabilidade económica.
Na análise relativa às emissões de CO2, podemos ter duas conclusões distintas: Uma com base
na contabilização apenas do comportamento térmico do edifício, tal como é indicado pelo
RCCTE e RSECE, outra na contabilização de todas as componentes energéticas entre oferta e
procura como se preconiza para um edifício NZEB. Caso a abordagem das emissões de CO2
seja pelo comportamento térmico, podemos ainda ter duas soluções, uma de valor global, que
no caso se traduz em 0 Kg CO2/ano, uma vez que o parâmetro Ntc é inferior a zero e é com
base nele que é obtido o valor das emissões, multiplicando-o por um coeficiente de conversão
de 0,0012, ou então uma solução resultante dos somatórios parciais relativos às emissões de
cada sistema por si só, afectado do respectivo factor de conversão, o que para o caso de estudo
se traduz num valor de 0 Kg CO2/ano.
Para a abordagem preconizada pela tipologia de edifícios NZEB, considera-se que o valor das
emissões de CO2 pelo edifício é o resultado das somas parciais de todos os sistemas, os quais
são afectados do respectivo factor de conversão o que, para o caso de estudo, se traduz num
valor de 0 Kg CO2/ano.
261
6. Conclusões e trabalho futuro
Outra perspectiva de análise é dada pelo cálculo das emissões efectuadas por cada sistema
emissor de CO2, tais como consumos de electricidade, gás e resíduos sólidos urbanos
relativamente à população servida no edifício. Nesta perspectiva as emissões de CO2 deixam
de ser 0 e passam a ser de 107,40Kg/ano. Para contribuir para o seu sequestro anual, foram
implantadas 97 árvores de tipologia nativa na área de implantação do edifício, que
funcionarão também como sebe viva na protecção aos ventos dominantes.
Também do ponto de vista de emissões de CO2 este estudo superou os objectivos, pois o
edifício poderá ser considerado como “Zero” Carbono, uma vez que para compensar as suas
emissões anuais seria necessária apenas uma árvore das 97 plantadas. Estas funcionarão como
pólo de sequestro de emissões de CO2, contribuindo assim, também, para a diminuição do
impacto ambiental local.
Quanto às dificuldades encontradas durante este trabalho, estas prenderam-se com aspectos
pontuais relativos a formulações termodinâmicas e na incapacidade, face ao tempo disponível,
de apreender e dominar o programa de simulação dinâmica de edifícios (Design Builder). Este
facto motivou a verificação do comportamento térmico do edifício, utilizando a metodologia
do RCCTE e não a simulação dinâmica pelo Design Builder.
Outro dos factos que contribuiu para essa forma de cálculo, foi a utilização do cálculo base do
RCCTE numa plataforma universal, que é o EXCEL e dar-lhe alguns aspectos dinâmicos,
especialmente no que toca aos sistemas passivos, onde foi introduzida uma formulação
simplificada numa base horária, ao longo de um ano, concretamente para sistemas de
permutador de calor ar-solo. Esta perspectiva pode ser alargada a outros campos de análise do
comportamento térmico, sendo a ventilação natural um bom exemplo disso, considerando os
subsistemas aqui implementados, tais como o efeito chaminé, ventilação cruzada e colector de
ar. Por manifesta falta de tempo não puderam ser formulados e implementados, dada a
complexidade da sua integração numa plataforma simplificada, como é o caso do EXCEL.
6.2.Trabalho futuro
O trabalho futuro, utilizando como base este trabalho é diverso, uma vez que as áreas aqui
tratadas são vastas e praticamente abrangentes de toda a problemática a considerar num
edifício.
262
6. Conclusões e trabalho futuro
Que seja realizada uma simulação dinâmica dos sistemas associados à ventilação
natural e garantia da qualidade interior, por forma a estimar com modelos de
comportamento passíveis de inserir na gestão técnica centralizada, continuando, se
possível com a implementação de um modelo simplificado, cuja simulação possa
introduzir os resultados no RCCTE, nos campos já abertos para introdução de
valores;
Avaliar com mais rigor a componente acústica, bem como a avaliação higro-térmica
dos elementos construtivos utilizados, pois neste estudo foram analisados de forma
superficial aquando do cálculo do RCCTE, permitindo eliminar na fase de projecto
os problemas relativos às condensações e garantir que do ponto de vista acústico o
edifício tem um comportamento excelente, tendo em conta as características exigidas
a um edifício desta tipologia;
263
6. Conclusões e trabalho futuro
6.3.Considerações finais
Esta superação verificada ao longo deste estudo foi notória após os dados preliminares do
cálculo do RCCTE, tendo-se obtido uma classificação qualitativa muito superior ao
regulamentado. Assim propõe-se a criação de mais uma classe energética, A++, onde este
edifício se incluiria.
Foi ainda seleccionada uma UPS de 30kVA, com elevada poupança no seu consumo
energético, utilizando uma tecnologia “on-line” de dupla conversão com “by-pass” estático,
com a rede de alimentação em funcionamento estável e com um tempo de comutação de 2ms.
Esta tecnologia permite que, em repouso, as suas perdas sejam de 2,2%, atingindo os 8% na
função “on-line”. Este equipamento era, sem esta opção de poupança implementada, o mais
consumidor. Para o cumprimento do objectivo NZEB, ponderou-se a sua não existência,
assumindo-se com isso as eventuais falhas da rede eléctrica de alimentação. Tal não foi
necessário conseguindo-se, por um lado a função de energia socorrida nos equipamentos mais
sensíveis ligados à rede estruturada e por outro uma redução dos seus consumos.
Quanto à avaliação relativa a cada sistema passivo implementado, esta é excelente, pois
verificou-se que, tem pertinência na aplicação e melhoria da qualidade técnica, bem como no
conforto do edifício. Isto traduz-se numa rentabilidade de curto prazo, contribuindo dessa
264
6. Conclusões e trabalho futuro
forma para desmistificar a teoria de que, dificilmente têm retorno, face ao investimento,
tornando-se necessário dominar a técnica e optimizar a sua integração no edifício.
Se este edifício for executado, tendo em conta as condições de financiamento pelo QREN, as
quais foram apresentadas sob as diversas perspectivas de optimizar as candidaturas em função
dos eixos eligíveis para as alcançar e que estão descritas no capitulo II, pode traduzir-se numa
excelente oportunidade de conseguir concretizar a necessidade de resolução de um problema
concreto.
265
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5. Simulação e análise de resultados
8.ANEXOS
283
5. Simulação e análise de resultados
8.ANEXOS
285
5. Simulação e análise de resultados
8.1.Cáculo RCCTE
8.1.1.Cálculo da envolvente
8.1.2.Cálculo de vãos
8.1.3.Fichas do RCCTE
287
1 - Parede exterior em zona corrente
Elementos Espessura λ R Mt mi Área
2
Orientação 2 Côr
Interior (m) (w/m.ºC) (m .ºC/w) (kg) (kg) (m )
1 Reboco 0,020 1,300 0,0154 1800 36 1 N 491,19 Creme
2 Tijolo térmico 24 0,240 0,224 1,0700 860 206 1 NE
3 EPS (15kg/m3) 0,060 0,042 1,4286 15 1 0 E 349,08 Creme
4 Fibra vidro 0,010 0,050 0,2000 400 4 0 SE
5 0 S 1166,17 Creme
6 0 SO
7 0 O 361,71 Creme
8 0 NO
9 0 Horiz.
Exterior 0,330 2,714 242 2368,15
Total Tau
4 - Cobertura invertida
Elementos Espessura λ R Mt mi Área
2
Orientação 2 Côr
Interior (m) (w/m.ºC) (m .ºC/w) (kg) (kg) (m )
1 Gesso cartonado 0,020 0,250 0,0800 750 15 1 N
2 Caixa de ar não ventilada 0,480 1 NE
3 Betão 20 0,120 2,500 0,0480 2400 288 1 E
4 Betonilha 0,040 1,300 0,0308 1800 72 1 SE
5 Impermeabilização 0,005 0,230 0,0217 400 2 1 S
6 EPS (15kg/m3) 0,050 0,042 1,1905 15 1 0 SO
7 XPS (25kg/m3) 0,050 0,037 1,3514 25 1 0 O
8 Betonilha 0,030 1,300 0,0231 1800 54 0 NO
9 0 Horiz. 1330,67 Creme
Exterior 0,795 2,745 377 1330,67
Total Tau
6 - Cobertura metálica
Elementos Espessura λ R Mt mi Área
2
Orientação 2 Côr
Interior (m) (w/m.ºC) (m .ºC/w) (kg) (kg) (m )
1 Chapa aço 0,003 39,000 0,0001 7800 23 1 N
2 Lã de rocha 0,100 0,040 2,5000 35 4 0 NE
3 Chapa aço 0,003 39,000 0,0001 7800 23 0 E
4 0 SE
5 0 S
6 0 SO
7 0 O
8 0 NO
9 0 Horiz. 318,69 Creme
Exterior 0,106 2,500 23 318,69
Total Tau
8 - Cobertura PV
Elementos Espessura λ R Mt mi Área
2
Orientação 2 Côr
Interior (m) (w/m.ºC) (m .ºC/w) (kg) (kg) (m )
1 Chapa aço 0,003 39,000 0,0001 7800 23 1 N
2 Lã de rocha 0,100 0,040 2,5000 35 4 0 NE
3 Chapa aço 0,003 39,000 0,0001 7800 23 0 E
4 Módulo PV 0,042 1,000 0,0420 35 1 0 SE
5 0 S
6 0 SO
7 0 O
8 0 NO
9 0 Horiz. 270,00 Azul-escuro
Exterior 0,148 2,542 23 270,00
Total Tau
Local Alcobaça
Zonas Climáticas I2 V 1N Altitude 46 m
Graus-dias: 1640 ºC.dia Duração Aquec. 6,3 meses Temp. V. 19 ºC
Edifício Escolar 4585,88 0,85 32,83 69,28 0,52 16,00 0,00 6,02 -5,33 1,58
FICHA nº1
REGULAMENTO DAS CARACTERISTICAS DE COMPORTAMENTO TÉRMICO DE
EDIFICIOS ( RCCTE)
Demonstração da conformidade Regulamentar para
Emissão de Licença ou Autorização Construção
( Nos termos da alínea a) do nº.2 do artigo 12º. )
Técnico Responsavel:
Nome:
Inscrito na ANET com o nº
Data:
Anexos:
1. Declaração de reconhecimento de capacidade profissional para aplicação do RCCTE.
2. Termo de Responsabilidade do Técnico Responsavel, nos termos do disposto na alínea e) do
nº.2 do artigo 12º. do RCCTE.
3. Declaração de conformidade regulamentar subscrita por perito qualificado, no âmbito do SCE,
nos termos do disposto na alínea f) do nº2 do artigo 12º do RCCTE.
FICHA 2
REGULAMENTO DAS CARACTERISTICAS TÉRMICAS
DE COMPORTAMENTO TÉRMICO DE EDIFÍCIOS
LEVANTAMENTO DIMENSIONAL,
2
Área útil de pavimento: 4585,88 m Pé direito médio (ponderado): 3,73 m
Total PAREDES
Paredes piso 1 140,15 1,35
PAREDES Paredes piso 0 108,95 1,55
Parede exterior em zona corrente 1 491,19 0,347
Parede exterior em zona corrente 2 349,08 0,347
Parede exterior em zona corrente 3 1166,17 0,347
Parede exterior em zona corrente 4 361,71 0,347 Pontes Térmicas Lineares
Parede exterior em zona betão armado 1 184,04 0,524 Comprimento Ψ
Parede exterior em zona betão armado 2 12,13 0,524 (m) (W/m.ºC)
Parede exterior em zona betão armado 3 12,13 0,524 Ligações entre:
Vãos opacos nas fachadas 10,33 5,873 Fachada com pavimento térreo
Fachada com pavimento sobre locais
212,57 0,55
Parede envolvente interior 1 258,75 0,456 não aquecidos
Parede envolvente interior 2 40,20 0,456 Fachada com pavimento intermédios 170,55 0,10
Parede envolvente interior 3 38,21 0,456 Fachada com cobertura
365,25 0,55
inclinada ou terraço
PONTES TÉRMICAS Fachada com varanda 116,65 0,45
PLANAS Duas paredes verticais 58,00 0,15
Total 2923,94 Com caixa de estore
Fachada com padieira, ombreira ou
639,26 0,20
COBERTURAS peitoril
Cobertura invertida 1330,67 0,328 Outras
Cobertura ajardinada 634,67 0,291
Cobertura metálica 318,69 0,379
Cobertura dos ductos 165,63 0,536
Cobertura PV 270,00 0,373 COEFICIENTE DE ABSORÇÃO - α
Total 2719,66 PAREDE 0,4 COBERTURA 0,8
Edificio Escola
Fracção Autónoma
Inércia Térmica Forte
Zonas correntes
Coeficiente U dos elementos exteriores U máximo admissível U máximo projecto Verificação
Zona corrente vertical 1,6 0,347 SIM
Zona corrente horizontal 1 0,536 SIM
Técnico Responsável:
Artur Manuel da Silva Ribeiro
Folha de Cálculo FCIV.1a
Perdas associadas à Envolvente Exterior
TOTAL
TOTAL 358,08
TOTAL 105,15
TOTAL 358,22
TOTAL
TOTAL
TOTAL
Incluir obrigatoriamente os elementos que separam a Fracção Autónoma dos seguintes espaços:
Zonas comuns em edifícios com mais de uma Fracção Autónoma;
Edifícios anexos;
Garagens, armazéns, lojas e espaços não-úteis similares;
Sotãos não-habitados.
Folha de Cálculo FCIV.1c
Perdas Associadas aos Vãos Envidraçados Exteriores
Horizontais:
V16 3,69 1,4 5,17
TOTAL 927,18
Folha de Cálculo FC IV.1d
Perdas associadas à Renovação de Ar
Cumpre a NP 1037-1? (S ou N) N N N N
Caixas de Estore (S ou N) N N N N
Recuperador de calor (S ou N) N N N S
η= 0,593
Taxa de Renovação Nominal (mínimo: 0,6) 11,00 11,00 3,61 (Vf /V+Vx)
Ganhos Solares:
Orientação Tipo Área Factor de Factor Factor de Fracção Factor de Área
do vão (simples ou A orientação Solar Obstrução Envidraçada Sel. Angular Efectiva
2 2
envidraçado duplo) (m ) X (-) do vidro Fs (-) Fg (-) Fw (-) Ae (m )
g (-) Fh.Fo.Ff
N Duplo 9,30 0,27 0,63 0,90 0,7 0,9 1,00
N Duplo 3,20 0,27 0,63 0,90 0,7 0,9 0,34
S Duplo 19,20 1 0,63 0,90 0,7 0,9 6,86
S Duplo 25,28 1 0,63 0,90 0,7 0,9 9,03
S Duplo 30,00 1 0,63 0,90 0,7 0,9 10,72
S Duplo 15,00 1 0,63 0,90 0,7 0,9 5,36
S Duplo 195,84 1 0,63 0,90 0,7 0,9 69,96
S Duplo 26,52 1 0,63 0,90 0,7 0,9 9,47
S Duplo 11,40 1 0,63 0,90 0,7 0,9 4,07
N Duplo 249,75 0,27 0,63 0,90 0,7 0,9 26,76
S Duplo 11,78 1 0,63 0,90 0,7 0,9 4,21
S Duplo 22,72 1 0,63 0,90 0,7 0,9 8,12
E Duplo 8,04 0,56 0,47 0,60 0,7 0,9 0,81
E Duplo 22,50 0,56 0,47 0,90 0,7 0,9 3,36
O Duplo 8,05 0,56 0,47 0,60 0,7 0,9 0,81
Horiz. Duplo 3,69 0,89 0,47 0,90 0,7 0,9 0,88
Ganhos Internos
2
Ganhos internos médios (Quadro IV.3) 7 (W/m )
x
Duração da Estação de Aquecimento 6,30 (meses)
x
2
Área Útil de pavimento 4585,88 (m )
x
0,72
=
Ganhos Internos Brutos 145 610,86 (kWh/ano)
Factor de forma
2
De FCIV.1a e FCIV.1c: (Áreas) m
Auxiliar
Ni = 4,5 + 0,0395 GD Para FF < 0,5 69,28
Ni = 4,5 + (0,021 + 0,037FF) GD Para 0,5 < FF < 1 63,35
Ni = [4,5 + (0,021 + 0,037FF) GD] (1,2 - 0,2FF) Para 1 < FF < 1,5 70,93
Ni = 4,05 + 0,06885 GD Para FF > 1,5 116,96
=
Coeficiente Global de Perdas (W/ºC) 13066,34
x
Graus-dias no Local (ºC.dia) 1640,00
x
0,024
=
Necessidades Brutas de Aquecimento (kWh/ano) 514291,02
+
Consumo de Electricidade para os ventiladores (kWh/ano) (de FCIV.1d) 32,98
-
Ganhos Totais Úteis (kWh/ano) (de FCIV.1e) 363760,95
=
Necessidades de Aquecimento (kWh/ano) 150563,05
/
Área Útil de Pavimento (m2) 4585,88
=
Nec. Nominais de Aquecimento - Nic (kWh/m2.ano) 32,83
≤
Nec. Nominais de Aquec. Máximas - Ni (kWh/m2.ano) 69,28
Folha de cálculo FCV.1a
Perdas
Int. de rad.
Ganhos
Coeficiente solar na
Solares pela
Área A U de absorção, α.U.A estação de
Orientação 2 Envolvente
(m ) (W/m 2ºC) α (Quadro (W/ºC) arrefec.
Opaca
V.5) (kWh/m2)
Exterior
(Quadro III.9)
N 491,19 x 0,347 x 0,4 = 68,13 x 200 x 0,04 = 545,02
N 184,04 x 0,524 x 0,4 = 38,54 x 200 x 0,04 = 308,35
E 349,08 x 0,347 x 0,4 = 48,42 x 420 x 0,04 = 813,40
E 12,13 x 0,524 x 0,4 = 2,54 x 420 x 0,04 = 42,68
E 10,33 x 5,873 x 0,4 = 24,27 x 420 x 0,04 = 407,72
S 1166,17 x 0,347 x 0,4 = 161,75 x 380 x 0,04 = 2458,54
O 361,71 x 0,347 x 0,4 = 50,17 x 420 x 0,04 = 842,83
O 12,13 x 0,524 x 0,4 = 2,54 x 420 x 0,04 = 42,68
Horiz. 1330,67 x 0,315 x 0,4 = 167,62 x 730 x 0,04 = 4894,55
Horiz. 634,67 x 0,281 x 0,8 = 142,49 x 730 x 0,04 = 4160,82
Horiz. 318,69 x 0,369 x 0,4 = 47,04 x 730 x 0,04 = 1373,46
Horiz. 165,63 x 0,517 x 0,4 = 34,24 x 730 x 0,04 = 999,78
19 181,58
(kWh)
Folha de Cálculo FC V.1d
Ganhos Solares pelos Envidraçados Exteriores
TOTAL 36 848,68
(kWh)
Folha de cálculo FC V.1e
Ganhos Internos
2
Ganhos Internos médios (W/m ) 7
(Quadro IV.3)
x
2,928
0,016
Total 2564429,25
⁄
Área útil de pavimento, Ap (m2) 4585,88
0,60
η 0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00
γ
Cálculo das necessidades de energia para preparação de água quente sanitária (Nac)
2
Ni (kWh/m .ano) 69,28
Nic (kWh/m 2.ano) 32,83
Nv (kWh/m 2.ano) 16,00
Nvc (kWh/m 2.ano) 0,52
Na (kWh/m2.ano) 6,02
Nac (kWh/m2.ano) 0,00
Pec (kWh/m2.ano) 18,40
Inverno Verão
Sistemas
COP % util. Fpui COP % util. Fpuv
Permutador calor ar-solo 0,9 74% 0 0,9 99% 0
Colector ar fotovoltaico
Solar térmico 0,3 25% 0
Caldeira a gás 1,09 1% 0,086
Chiller 3 1% 0,29
2
Necessidades nominais globais de energia primária, Ntc -5,33 (kgep/m .ano)
2
Valor máximo das nec. nominais globais de energia primária, Nt 1,58 (kgep/m .ano)
R= -3,37
A++
353
número nº equi. nº lâmp. Potência lâmp. Dias Horas Dias Horas Horas nº equi. nº lâmp. Potência lâmp. Horas
Potência instalada Dialux
instalações Normal normal Normal Lectivos Lectivas Férias Férias util. Dia Emergência Emergência Emergência carga
Local PN (W) kWh/ano (un.) (un.) (un.) (W) (un.) tL (h) (un.) tF (h) tD (h) (un.) (un.) (W) te (h)
Sala Aula 14016 7694,64 24 9 2 28 180 7 1260 1 1 8 24
Ensino
Sala Técnica 28 1,456 1 1 1 28 52
Regie 56 5,824 1 1 2 28 104
Sala Director 224 336,27 1 4 2 28
Gabinete professor 560 88,35 5 2 2 28
WC Professor 42 10,416 2 1 1 13 180 1 68 1 248 1 1 8
Arrecadação Gin. Piso 2 156 14,04 1 5 1 28 180 0,5 90 2 1 8
WC Piso 2 198 42,372 2 7 1 13 180 1 68 0,5 214 1 1 8
WC Def. Piso 2 21 1,302 1 1 1 13 180 0,25 68 0,25 62 1 1 8
Arrecadação Piso 2 13 0,806 1 1 1 13 180 0,25 68 0,25 62
Vest. Prof. Piso 2 56 6,944 1 2 1 28 180 0,5 68 0,5 124
Arrumos Piso 2 28 1,736 1 1 1 28 180 0,25 68 0,25 62
Segurança Piso 2 112 282,688 1 2 2 28 180 11 68 8 2524
Posto Transf. Piso 2 56 0,112 1 2 1 28 2
Central Term. Piso 2 64 3,328 1 2 1 28 52 1 1 8
Vestiário Func. Piso 2 64 7,936 1 2 1 28 180 0,5 68 0,5 124 1 1 8
357
Potência Potência Potência Potência nº nº nº Coef. Potência Potência Potência Potência Dias Horas Dias Horas Horas
Potência instalada Gás Electricidade
equip. repouso carregamento Gás inst. equi. fases Simult. equip. repouso carregamento Gás Lectivos Lectivas Férias Férias util.
Equipamento PN (W) PR (W) PC (W)
3
PG (m ) m3/ano kWh/ano (un.) (un.) (un.) (un.) PN (W) PR (W) PC (W)
3
PG (m ) (un.) (h) (un.) (h) tD
Ventilador sala aula 979 528,77 24 2 1 0,36 170 180 3 540
Projector video sala aula 1273 916,42 24 1 1 0,43 370 180 4 720
Projector video auditório 123 5,55 1 1 1 1 370 180 0,25 45
Registo fachada 1 38 14 119,62 24 4 1 0,34 3,5 1,25 180 0,08 68 0,08 19,84
Registo fachada 2 22 13 114,54 24 4 1 0,34 2 1,2 180 0,08 68 0,08 19,84
Ensino
Caldeira 33 8,53 158,658 0,62 1 1 1 1 100 8,53 180 0,075 68 0,075 18,6
Emissor/receptor wi‐fi 3 8,60 1 26 1 0,4 1 180 10 68 10 2480
Bastidor 120 1051,20 1 3 1 1 120 365 24 8760
CCTC interior 20 173,74 1 17 1 1 3,5 365 24 8760
CCTV exterior 64 560,64 2 2 1 1 48 365 24 8760
Monitor CCTV 20 175,20 1 2 1 1 30 365 24 8760
Gravador CCTV 36 315,36 1 1 1 1 108 365 24 8760
Regie 800 36,00 1 1 1 1 2400 180 0,25 45
Serviços