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DEMONSTRAÇÕES

CONTÁBEIS
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ÍNDICE

Conteúdo Página

1) Conceito das Demonstrações Contábeis 02

1.1) Divulgação das Demonstrações Contábeis 03

2) Balanço Patrimonial 04

2.1) Estrutura do Balanço Patrimonial 05

2.2) Critérios de Classificação 06

2.3) Levantamento do Balanço 11

3) Demonstração do Resultado do Exercício 13

3.1) Conteúdo da Demonstração – DRE 13

3.2) Estrutura da Demonstração de Resultado do Exercício 15

4) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 21

4.1) Estrutura da Dem. das Mut. do Patrimônio Líquido 21

5) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR 24

5.1) Estrutura da Dem. de Origens e Aplicações de Recursos 24

5.2) Espécies de Capital Circulante Líquido 25

5.3) Técnicas de Apuração 25

6) Demonstração de Fluxo de Caixa 33

6.1) Tipos de Fluxo de Caixa 33

6.2) Atividades que Interferem no Fluxo de Caixa 34

7) Bibliografia 38
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1) CONCEITO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As demonstrações contábeis são relatórios extraídos da contabilidade após o


registro de todos os documentos que fizeram parte do sistema contábil de qualquer
entidade (empresa) em um determinado período.

Essas demonstrações servirão para expressar a situação patrimonial da empresa,


auxiliando assim os diversos usuários no processo de tomada de decisão.

As demonstrações contábeis deverão obedecer aos critérios e formas expostos na


Lei 6404/76, onde estão estabelecidas quais as demonstrações que deverão ser
elaboradas pelas empresas, sejam de capital aberto ou não.

A Lei 6404/76 estabelece que as empresas de capital aberto deverão publicar as


suas demonstrações contábeis ao final de cada exercício social (01/01/x1 – 31/12/x1).

Nota:

Empresas de capital aberto são aquelas que podem ter seus títulos e valores
mobiliários negociados em bolsa de valores, para isso a empresa terá que fazer um
registro na CVM – Comissão Valores Mobiliários.

As demonstrações exigidas para as empresas de capital aberto são:

Balanço Patrimonial
Demonstração do Resultado do Exercício
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos

Para as demais entidades as demonstrações exigidas são:

Balanço Patrimonial
Demonstração do Resultado do Exercício
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

As demonstrações contábeis deverão ser elaboradas ao final de cada período base,


para incidência do imposto de renda, seja ele trimestral ou anual e deverão estar
contidas no livro diário. (Art. 274 RIR/99).
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1.1) DIVULGAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Conforme Art. 176 da Lei – 6404/76 as Demonstrações Contábeis serão: 1

§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos


valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior.

§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os


pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não
ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada
a utilização de designações genéricas, como diversas contas” ou “contas –
correntes”.

§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a


proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela
assembléia geral.

§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros


quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias para esclarecimento da
situação patrimonial e dos resultados do exercício.

As demonstrações contábeis devem especificar a natureza, data e/ou o período e a


Entidade (empresa) a que se referem.

Deverão ser elaboradas por profissional registrado no CRC, o mesmo deverá


respeitar e aplicar as normas e procedimentos determinados pelo Conselho Federal de
Contabilidade.

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Elaboração das Demonstrações Contábeis – Jr. Perez Hernandez José e Begalli A. Glaucos – Ed. Atlas 2ª ed. 1999
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2) BALANÇO PATRIMONIAL

O balanço é um relatório apurado em determinada data tendo por finalidade principal


apresentar a situação patrimonial - financeira de uma empresa. Ao comparar o ativo
circulante com o passivo circulante de uma empresa o usuário consegue visualizar qual
é a situação líquida dela, com relação ao que ele tem de recursos disponíveis a curto
prazo para sanar as sua dívidas, caso ele queira visualizar esta situação a longo prazo
basta inserir na análise o grupo das contas de longo prazo. Ex: Se o ativo circulante é
menor que o passivo circulante essa empresa terá dificuldades em quitar suas dívidas
se for o contrário a sua situação financeira será favorável.

As empresas são obrigadas a levantar o balanço pelo menos uma vez por ano ou
trimestralmente de acordo com o regime adotado lucro real anual ou trimestral.

A empresa também poderá levantar balanços mensais, isto facilitará a sua análise
em relação às variações ocorridas durante o ano.

O balanço também poderá ser elaborado quando ocorrerem:

Liquidação - Cisão – transferência do


a empresa deixa Patrimônio para uma ou
de existir. mais sociedades

Fusão – união de Incorporação – quando


duas ou mais uma ou mais sociedades
sociedades para criar tem seu patrimônio
uma nova absorvido por outra

Para levantamento do balanço será preciso analisar os três elementos que o


compõe: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido.

Como o balanço tem que demonstrar a situação patrimonial da empresa, podemos


dizer que ele é um resumo de todas as operações e registros contábeis elaborados pela
contabilidade ao longo do exercício ou período.
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2.1) ESTRUTURA DO BALANÇO

O balanço é composto de um cabeçalho, onde deverá conter a denominação da


empresa, título da demonstração (ex: balanço patrimonial) e data de encerramento;

A lei 6404/76 dispõe que as demonstrações contábeis deverão conter os valores


correspondentes do exercício anterior, ou seja, deverá existir uma coluna para
demonstração dos saldos atuais e outra para os saldos anteriores. Isto facilitará a
interpretação propiciando uma rápida comparação;

As demonstrações também poderão ser elaboradas com a eliminação de dígitos,


isto facilita na hora de demonstrar dois exercícios, pois os números não se misturam
tornando o relatório mais claro; Ex: ao eliminarmos 3 dígitos da demonstração, no
cabeçalho haverá a expressão em R$ milhares ou R$ mil.

O balanço deverá ser demonstrado de forma sintética, ou seja, as contas de


mesmas características deverão ser agrupadas; Ex: caixa, bancos que podem ser
demonstradas em uma única conta chamada disponível.

O Ativo deverá estar indicado no lado esquerdo ou na parte superior do balanço. O


Passivo no lado direito na parte inferior, e o Patrimônio Líquido será demonstrado no
lado direito ou inferior, somado ou subtraído do passivo caso seja negativo.2

Conteúdo do Balanço

Ativo Passivo

Ativo Circulante Passivo Circulante


Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a longo Prazo
Resultado de Exercícios Futuros
Ativo Permanente Patrimônio Líquido
Investimentos Capital Social
Ativo Imobilizado Reservas de Capital
Ativo Diferido Reservas de Reavaliação
Reservas de Lucro
Lucros (ou prejuízos)

Ativo – é composto de bens e direitos da sociedade, ele representa a forma como os


recursos (entradas) são aplicados na empresa, compra de mercadorias para

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Contabilidade Introdutória – Equipe de Professores da FEA/USP – Ed. Atlas 8ª ed. 1996
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estoque, móveis e utensílios, máquinas e equipamentos, contas a receber, caixa


etc.
Passivo – é representado pelos recursos originados, seja pela entrada de capital
dos sócios, fornecedores de curto e longo prazo, instituições financeiras, governo.

Patrimônio Líquido – é representado pelo capital social, onde está registrada a


entrada de recursos dos sócios, (capital próprio), mais as variações do lucro ou
prejuízo.

2.2) CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO

Para fazer uma adequada classificação contábil, será necessário elaboração de um


plano de contas que atenda os diferentes ramos de atividade.

A seguir será apresentado um modelo de plano de contas que poderá ser utilizado
em empresas mercantis ou de serviços, porém ele é só um modelo, pois, no dia-a-dia de
cada empresa, poderão ser acrescentadas novas contas de acordo com a necessidade.

O plano de contas modelo:3

1 – Ativo
Ativo Circulante
Caixa
Bancos C/ Movimento
Aplicações de Liquidez Imediata
Duplicatas a Receber
Duplicatas Descontadas – Credora
Provisão para Devedores Duvidosos – Credora
Estoques
Provisão p/ Perdas em Estoque – Credora
Adiantamentos a Fornecedores
Contas a Receber
Adiantamentos a Pessoal
Aplicações Temporárias
Despesas a Apropriar
Seguros a Apropriar
Impostos a Recuperar
Ativo Realizável a Longo Prazo
Créditos Controladas - Coligadas
Créditos Diretores
Aplicações Financeiras
Despesas a Apropriar
Impostos a Recuperar
Ativo Permanente

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Contabilidade Introdutória – Equipe de Professores da FEA/USP – Ed. Atlas 8ª ed. 1996
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Investimentos
Participações Controladas - Coligadas
Participações - Outras
Imóveis não de Uso
Ativo Imobilizado
Imóveis
Máquinas e Equipamentos
Instalações
Veículos
Móveis e Utensílios
Depreciação Acumulada – Credora
Benfeitorias em Propriedade de Terceiros
Marcas e Patentes
Amortização Acumulada – Credora
Florestamento e Reflorestamento
Exaustão Acumulada – Credora
Ativo Diferido
Gastos Diferidos
Amortização Acumulada – Credora
2 - Passivo
Passivo Circulante
Fornecedores
Contas a pagar
Obrigações Fiscais
Obrigações Sociais e Trabalhistas
Adiantamentos a Clientes
Financiamento de Capital de Giro
Financiamento do Permanente
Financiamento – Outros
Títulos a Pagar
Encargos Financeiros a Transcorrer – Devedora
Dividendos a Pagar
Provisões
Provisão p/ Imposto de Renda
Passivo Exigível a Longo Prazo
Financiamentos
Provisões
Resultado de Exercícios Futuros
Receitas de Exercícios Futuros
Despesas Correspondentes
Patrimônio Líquido
Capital Social
Capital Social
Capital Subscrito
Capital a Integralizar – Devedora
Reservas de Capital
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Correção Monetária do Capital Realizado


Doações e Subvenções p/ Investimentos
Reservas de Reavaliação
Reavaliações de Ativos Próprios
Reavaliações de Ativos Coligadas-Controladas
Reservas de Lucro
Reserva Legal
Reserva Estatutária
Outras Reservas de Lucros
Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lucros Acumulados
Prejuízos Acumulados

3 – Contas de Resultado
Receita Bruta de Vendas
Vendas
Deduções da Receita Bruta
Devoluções e Abatimentos
Impostos s/ Vendas
Custo das Mercadorias e Serviços Vendidos
Custos das Mercadorias Vendidas
Custos dos Serviços Vendidos
Despesas operacionais
Pessoal
Honorários
Salários e Ordenados
Férias
13º Salário
Salário Família
Encargos FGTS/INSS
Comissões s/ vendas
Lanches e Refeições
Representação
Viagens e Estadias
Condução
Outras
Impostos e Taxas
Imposto Sindical
Imposto e Taxas s/ Imóveis
Imposto e taxas s/ Veículos
Multas
Outros
Outras
Luz e Força
Telefone
Correios
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Aluguéis
Água
Donativos
Associação de Classes
Assinaturas/Jornais/Revistas
Serviços Prestados PJ
Serviços Prestados PF
Taxas e Emolumentos
Conservação e Manutenção
Bens de Natureza Permanente
Material de Escritório
Prêmio de Seguro
Propaganda e Publicidade
Depreciação, Amortização e Exaustão
Outras
Despesas Financeiras
Juros Passivos
Descontos Concedidos
Despesas, Juros e Comissões Bancárias
Despesas, Juros e Comissões s/ Financiamentos
Variação e Correção Monetária s/ Obrigações
Receitas Financeiras
Juros Ativos
Descontos Obtidos
Receitas de Aplicações Imediatas
Receitas de Aplicações Temporárias
Variação e Correção Monetária s/ Créditos
Outras Despesas e Receitas Operacionais
Resultado Equivalência Patrimonial
Lucros ou Prejuízos de Controladas-Coligadas
Resultados Não Operacionais
Perdas/Ganhos Não Operacionais
Perdas/Ganhos de Capital
Provisão p/ Imposto de Renda
Provisão para Imposto de Renda e Adicionais
Contribuição Social
Resultado do Exercício
Lucro
Prejuízo

De acordo com a Lei 6404/76 as contas do ativo serão elencadas em ordem


decrescente de grau de liquidez dos elementos registrados, ou seja, aquelas que se
convertem com maior rapidez em dinheiro.

Disponível – são os recursos de disponibilidade imediata representados: Dinheiro


em Caixa, Saldo de Bancos, Aplicações de Curto Prazo.
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Realizável a Curto Prazo – são os recursos que se realizarão até o exercício social
seguinte, ou seja, até 360 dias depois de encerrado o balanço. Ex: Duplicatas a
Receber, Títulos a Receber, Estoques, Adiantamento a Fornecedores, Adiantamento a
Funcionários, etc.

Realizável a Longo Prazo – são os direitos realizáveis após o término do exercício


social seguinte. Ex: Créditos com Controladas, Coligadas, com Diretores, etc.

Investimento – são as participações permanentes em outras sociedades, desde que


não haja interesse em vender, são itens que não são necessários para dar continuidade
às atividades da empresa.

Ativo Permanente – são registrados os bens ou serviços destinados à manutenção


das atividades da empresa. Ex: Máquinas e Equipamentos, Móveis e Utensílios,
Instalações, etc.

Ativo Diferido – são classificadas no ativo diferido todas as despesas pré-


operacionais referentes a projetos futuros que contribuirão para a obtenção de receitas.
Ex: Gastos de Implantação de Sistemas e Métodos, Gastos de Reorganização, etc.

As contas do passivo estarão dispostas em ordem decrescente de grau de


exigibilidade dos elementos nela registrados conforme Lei 6404/76, ou seja, aquelas
que tiverem seus vencimentos mais rápidos deverão ser destacadas das outras, com
maior prazo de pagamento.

Passivo Circulante – é representado pelas contas que originam recursos para


financiar os ativos e que vencem no exercício social seguinte. Ex: Empréstimos,
Encargos Financeiros, Provisão para Imposto de Renda, Fornecedores, Salários a
Pagar, etc.

Exigível a Longo Prazo – é representado pelas obrigações vencíveis após o


término do exercício social seguinte: Ex. Empréstimos, Encargos Financeiros a pagar,
etc.

Resultados de Exercícios Futuros – serão registradas nesta conta as receitas que


não fazem parte do exercício corrente em obediência ao Princípio da Competência,
pois não podemos alocar na receita do mês uma receita que não seja proveniente do
mesmo. Ex: Recebimento antecipado aluguel trimestral, seguindo o princípio da
competência reconheceremos esta receita mês a mês, quando então se fará a baixa;

D – Resultado de Exercícios Futuros


C – Receita de Aluguel

Patrimônio Líquido – é demonstrado pela entrada de recursos dos sócios chamado


de capital próprio, nele também serão classificadas as variações desses recursos sejam
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elas positivas = lucro ou negativas = prejuízo, conforme a Lei 6404/76 deverão ser
classificadas:

• Reservas de Capital – constituídas por valores que não influenciaram as


contas de resultado porque são destinadas a reforçar o capital social; Ex:
Correção Monetária do Capital Realizado, Ágio na emissão de ações,
Doações, Subvenções (incentivos governamentais). Esta reserva só poderá
absorver prejuízos acumulados quando o total das reservas de lucros já tenha
sido totalmente aproveitado. As reservas de capital também poderão ser
utilizadas para incorporação ao capital;

• Reservas de Lucro – são constituídas pela apropriação dos lucros da


companhia;

a) Reserva Legal – criada para dar proteção ao credor conf. Art 193 Lei 6404/76
deverá ser constituída destinando 5% do lucro da companhia, até que o seu
valor atinja 20% do capital social, quando então deverá deixar de ser
efetuada, ou a critério da empresa poderá deixar de receber lançamentos
quando o saldo desta reserva somada as reservas de capital (exceto a
reserva de correção monetária) atingir 30% do capital social;

b) Reserva Estatutária devem ser definidas pelo próprio estatuto da empresa,


deve ter uma finalidade específica de forma que não se confunda com as
outras reservas existentes;

c) Reservas para Contingências, criada conforme autorização da assembléia


geral com a finalidade de compensar em outros exercícios a diminuição do
lucro decorrente de perda julgada provável. Ex: geadas, secas, cheias,
inundações, etc.

d) Reserva de lucros a realizar – é constituída com uma parte dos lucros do


exercício pode ser optativa, seu principal objetivo é demonstrar a parcela dos
lucros ainda não realizados financeiramente e também para que não haja
distribuição de dividendos;

e) Reservas de Reavaliação de Ativos – são constituídas tais reservas quando a


empresa faz uma reavaliação dos seus ativos.

2.3) LEVANTAMENTO DO BALANÇO


Critérios para levantamento do balanço:

• Levantamento do balancete de verificação devidamente conciliado com o


razão, onde estarão registrados todos os lançamentos contábeis, os saldos
totais deverão ser os mesmos para ambos os relatórios, toda a conciliação
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bancária, livros fiscais, folha de pagamento, impostos, inventário do estoque,


etc;

• Ajustes de todas as contas, esta etapa consiste em verificar tudo o que


precisa ser lançado e alterado entre as contas, ou seja, verificação da parte
técnica; Ex. Provisão p/ Imposto de Renda e Contribuição Social;

• Transferência das contas de resultado para o patrimônio líquido, lucro ou


prejuízo do exercício;

EXERCÍCIO:

O Balancete de Verificação da empresa XYJ de dez/02 apresentava os seguintes


saldos:

Caixa R$ 5.000, Bancos R$ 45.000, Fornecedores R$ 250.000, Seguros a vencer R$


30.000, Despesas Antecipadas R$ 5.000, Aplicação Financeira R$ 159.438, Clientes R$
93.500, Estoques R$ 53.156. Imobilizado Máquinas R$ 100.000, Títulos a Receber
L.Prazo R$ 33.150, Empréstimos a pagar R$ 11.151, Reserva Legal R$ 3.296, Salários
a pagar R$ 33.000. Impostos a Recolher R$ 2.316, Despesas de salários R$ 93.500,
Capital Social R$ 155.153, Lucros Acumulados R$ 23.550, Despesas Financeiras R$
5.153, Receita financeira R$ 25.000, Despesas c/ salários vendas R$ 10.000, Despesas
c/ Refeições R$ 5.610, Despesas c/ aluguel R$ 35.910, Despesas c/ conservação
instalações R$ 1.916, Receitas de vendas R$ 300.000, Despesas Impostos s/ Receita
R$ 56.000, Custo merc. vendidas R$ 66.000, Despesa c/ água e luz R$ 5.133.

Com base no balancete calcular os ajustes:

O seguro foi adquirido em 30 de junho, vigência de 12 meses, falta apropriação para


despesa.

Calcular a despesa de depreciação da máquina, a compra foi efetuada no fim de março.

Calcular o Imposto de Renda à alíquota de 15% e a Contribuição Social alíquota de 9%

Após todos ajustes elaborar o Balanço Patrimonial da Cia XYJ.


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3) DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

A demonstração de resultado do exercício serve para informar aos usuários da


informação como foi que a empresa obteve seu resultado (lucro ou prejuízo) em um
determinado exercício, mês ou quinzena.

Esta demonstração deve ser elaborada de forma adequada seguindo o regime de


competência, ou seja, a empresa registra no resultado as despesas e receitas
incorridas não importando se o pagamento ocorreu, por isso há uma distorção do lucro
líquido contábil para o caixa, pois quando apuramos um lucro líquido na DRE este não
é o mesmo representado no fluxo de caixa;

A DRE demonstra o desempenho econômico de uma empresa é um resumo


ordenado das receitas e despesas, não envolvendo entrada e saída de dinheiro. Ao
demonstrar como foi formado o lucro ou prejuízo através da DRE é possível identificar
as variações do patrimônio líquido demonstrado no balanço patrimonial.

3.1) Conteúdo da Demonstração – DRE 4

O art. 187 da legislação vigente estabelece:

Art. 187 A demonstração do resultado do exercício discriminará:

I – a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos


e os impostos;

II – a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços


vendidos e o lucro bruto;

III – as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas,


as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;

IV– o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais;

V – o resultado do exercício antes do imposto de renda e a provisão para o


imposto;

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Elaboração das Demonstrações Contábeis – Jr. Perez Hernandez José e Begalli A. Glaucos – Ed. Atlas 2ª ed. 1999
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§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:

a) As receitas e os rendimentos ganhos no período, independente da sua


realização;
b) Os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos,
correspondentes a essas receitas e rendimentos.

Modelo

Cia Rio Sul


C.N.P.J:
Demonstração do Resultado do Exercício – DRE
31/12/x2
Em R$ mil

Receita Bruta de Vendas


(-) Dedução da Receita Bruta
(=) Receita Líquida de Vendas
(-) Custo das Merc./Prod./Servs.
Vendidos
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas c/ Vendas
(-) Despesas Administrativas
(-) Despesas Financeiras
(+) Receitas Financeiras
(=) Resultado Operacional
Resultados Não Operacionais
(+) Ganhos não operacionais
(-) Perdas não operacionais
(=) Resultado antes do
Imposto de Renda
(-) Provisão para Imposto de
Renda
(-) Participações
(=) Resultado do Exercício

No cabeçalho da demonstração de resultado deverá conter a denominação da


empresa, título da demonstração e data de elaboração.
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A DRE também deverá ser elaborada em duas colunas demonstrando o resultado


do ano anterior e do ano atual, isso facilita a análise das variações e interpretação do
resultado.

3.2) Estrutura da Demonstração de Resultado do Exercício

Receita Bruta – toda a receita obtida pela venda de mercadorias, produtos e


serviços, deverá ser demonstrada nesta linha, subtraindo os abatimentos, devoluções e
descontos concedidos. Estas informações deverão ser demonstradas em separado,
pois, através delas consegue-se medir o grau de eficiência da produção e do
departamento comercial, ou seja, se o índice de mercadorias devolvidas for crescente
ao longo dos anos será preciso analisar onde é a falha, será que a mercadoria não é de
boa qualidade não atendendo as expectativas do meu cliente ou será o departamento
comercial que não soube efetuar uma boa negociação para com ele;

Impostos Incidentes s/ vendas – são todos os impostos que deverão ser abatidos
sobre a receita bruta; Ex: PIS/ COFINS/ ISS/ ICMS/ IPI, etc;

Custo das Mercadorias/ Produtos/ Serviços – o quanto foi gasto de mercadorias,


produtos ou serviços para a geração de receita;

Lucro Bruto – é representado pela diferença entre a receita bruta menos deduções,
impostos incidentes s/ vendas e os custos das mercadorias, produtos ou serviços
vendidos. Ele representa o quanto a empresa terá disponível para utilizar em outros
setores da empresa, departamento de vendas, administrativo e financeiro;

Despesas c/ Vendas – onde são registrados todos os gastos com a


comercialização do produto, todas as despesas para efetuar a venda, propaganda,
salários e comissões do pessoal de vendas, transporte e frete dos produtos vendidos,
representações de vendas etc;

Despesas gerais e administrativas – todos os gastos relacionados com a


administração da empresa, salários e encargos do pessoal administrativo, conservação
e manutenção instalações, material de escritório, limpeza, segurança, honorários da
diretoria, etc;

Despesas Financeiras – são as remunerações s/ capitais de terceiros, ou seja,


quando a empresa utiliza empréstimos no mercado financeiro ou paga seus
fornecedores com um prazo maior para financiar seus ativos. Ex: juros pagos ou
incorridos, comissões bancárias, variação monetária passiva, etc;
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Receitas Financeiras – são os ganhos obtidos pelas aplicações financeiras, juros


ativos recebidos de clientes devido a utilização dos recursos da empresa por terceiros;

Resultado Operacional – é o resultado obtido após a apuração do lucro bruto


subtraído das despesas administrativas, financeiras e vendas, mais as receitas
financeiras relacionadas às atividades da empresa;

Resultados Não Operacionais – todos os gastos e ganhos não relacionados com a


atividade da empresa são considerados não operacionais. Ex: vendas de ativo, pois
não faz parte da atividade da empresa vender seu ativo, uma vez que eles são
utilizados para gerar recursos para ela;

Provisão para Imposto de Renda – as empresas que estejam enquadradas no


lucro real deverão transcrever o lucro líquido ou prejuízo contábil no Lalur fazendo os
devidos ajustes, após apuração dos impostos os mesmos deverão ser contabilizados a
débito da conta de Provisão p/ Imposto de Renda e crédito IRPJ e Contribuição Social a
Recolher.

Após a contabilização dos impostos a empresa deverá transferir todas as contas de


resultado (receitas e despesas) para uma conta intitulada Resultado do Exercício.
Depois de todas as contas de resultado zeradas deverá transferir da conta “Resultado
do Exercício” para a conta de Lucro ou Prejuízo do Exercício no patrimônio líquido de
forma que todas as contas de resultado encerrem o período com saldo zero.

Neste momento a empresa irá registrar as transferências do lucro do exercício para,


reservas de lucro, participações societárias e em seguida levantar o Balanço
Patrimonial.
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Exercício:
1) Elaborar a demonstração de resultado do exercício conforme os dados abaixo.
Depois elaborar a DRE de 2003 fazendo uma comparação do ano com 2002:

DRE ano 2002

Vendas de mercadorias R$ 253.111,00, icms s/ vendas R$ 44.918,55 devolução de


vendas R$ 12.113,00, icms s/ devolução de vendas R$ 2.180,34, abatimentos R$
1.225,00, descontos incondicionais R$ 3.563,50, custo das mercadorias vendidas R$
33.196,13, despesas c/ comissões R$ 1.114,50, despesas c/ salários e encargos
(contabilidade, recursos humanos, tesouraria, compras, serviços gerais) R$ 13.005,00,
salários e encargos depto comercial R$ 16.980,00, pró-labore R$ 10.183,00,
publicidade e propaganda R$ 1.109,00, brindes para clientes R$ 2.183,13, despesas c/
matl. escritório R$ 983.11, conservação instalações administrativas R$ 785,00, despesa
de depreciação R$ 813,50, lanches e refeições administrativo R$ 2.958,00, despesas c/
quilometragem (coml) R$ 11.213,00, despesas indedutíveis R$ 1.313,00, despesas c/
seguros R$ 2.455,00, despesas c/ Iptu R$ 3.199,00, despesas c/ TLIF R$ 213,00,
despesas bancárias 615,13, despesas c/ CPMF R$ 875,00, juros passivos R$ 777,00,
juros ativos R$ 1.689,00, descontos obtidos R$ 1415,13, rendimento de aplicações
financeiras R$ 10.213,00, ganho venda de ativo R$ 2114,50, despesas c/ aluguel R$
3.215,00, despesa c/ energia elétrica R$ 1.213,50.

DRE do ano 2003

Vendas de mercadorias R$ 340.000,00, icms s/ vendas R$ 61.200,00, custo das


mercadorias vendidas R$ 183.000,00, despesas c/ comissões R$ 11.553,00, salários e
encargos comercial R$ 35.283,00, brindes R$ 6.313,00, propaganda e publicidade R$
4.386,50, salários e encargos administrativos R$ 22.314,00, despesas c/ seguros
2.133,00, despesas c/ quilometragem R$ 15.911,50, despesas c/ conservação de
instalações administrativas R$ 569,70, despesas c/ IPTU R$ 3.233,00, despesas c/
TLIF R$ 315,70, despesas c/ lanches (sócios) R$ 1.333,50, juros passivos R$ 5.214,50,
despesas bancárias R$ 1.114,50, despesas c/ CPMF R$ 911,50, rendimento aplicação
financeira R$ 2.789,00, despesas de depreciação R$ 813,50, despesas com
assinaturas jornais R$ 1.101,10, multa de trânsito R$ 515,00, despesas c/ energia
elétrica R$ 2.415,00 despesa c/ aluguel R$ 5.216,50, pró-labore 13.213,00.
18

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO Em R$ mil


EMPRESA:
CNPJ:
PERÍODO: 01/01/02 a 31/12/02
19

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO Em R$ mil


EXERCÍCIO
EMPRESA:
CNPJ:
PERÍODO: 01/01/03 a 31/12/03 31/12/03 31/12/02
20

2) Apurar a receita operacional líquida do exercício e o resultado do exercício,


conforme os dados abaixo:

Vendas de Mercadorias R$ 950.000


Cofins s/ faturamento R$ 70.802
Custo das mercadorias vendidas R$ 313.000
Descontos Concedidos R$ 10.000
Incondicionais
Despesas Administrativas R$ 55.000
Icms s/ vendas R$ 166.770
Despesas financeiras R$ 11.500
Vendas canceladas R$ 13.500
Pis s/ faturamento R$ 15.372
Provisão para Imposto de Renda R$ 44.875
Provisão para Contribuição Social R$ 26.925
Rendimento aplicação financeira R$ 5.111
21

4) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido é utilizada apenas para


demonstrar a movimentação das contas do patrimônio líquido em um determinado
momento;

Esta demonstração é obrigatória devendo ser transcrita no livro diário juntamente


com o balanço patrimonial e a demonstração de resultado;

4.1) Estrutura da Demonstração das Mutações do Patrimônio


Líquido

Saldos iniciais – serão demonstrados os saldos apurados no exercício anterior;

Ajustes de exercícios anteriores – deverão ser demonstrados os registros


relacionados aos exercícios anteriores:

Mudança de critério contábil – conforme art. 177 da Lei 6404/76 a empresa


deverá fazer seus registros devendo seguir os princípios contábeis dentre os quais se
destaca o princípio da uniformidade que determina que a contabilidade deve manter
seus registros de forma uniforme para que não possa gerar uma análise distorcida dos
fatos, por este motivo se exige que tais mudanças sejam ajustadas no patrimônio
líquido. Ex: mudança no critério de avaliação dos estoques do PEPS para Média
Ponderada;

Retificação de erros de exercício anterior – valores que não são referentes ao


exercício atual e que de alguma forma afetariam o resultado deverão ser demonstrados
ou ajustados diretamente na conta do patrimônio líquido;

Aumento de Capital – as parcelas dos lucros acumulados que tenham sido


incorporadas no capital deverão ser demonstradas;

Reversões e Transferências de Reservas – esta linha será utilizada para


demonstrar as transferências das reservas ou reversões de reservas efetuadas para
atender a fatos que não se tem a certeza que se realizarão, por exemplo, a reserva de
contingência poderá ser criada para um fim específico que poderá ou não ocorrer e
caso não ocorra poderá ser revertido no futuro;
22

Lucro Líquido ou Prejuízo do Exercício – após apuração da demonstração de


resultado do exercício existirá a transferência do resultado para o patrimônio líquido
gerando uma variação no patrimônio líquido por isso a necessidade de demonstração
desta linha;
Destinação do Lucro – os lucros destinados aos sócios e empregados serão
descriminados nesta linha;

Saldo final – o saldo final da coluna de cada conta de reservas será o mesmo
demonstrado no balanço patrimonial.

Modelo

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Empresa:
CNPJ: Em R$ mil
Período:
Reserva de Capital Reserva de Reaval. Res. de Lucros
Descrição Capital Ágio na Ações em Ativos Legal Estatuária Lucros Acumulados Total
subscrição tesouraria

Saldos em / /
Ajustes de exercícios
anteriores
Efeitos mudança critérios contábeis
Retificação de erros exercícios anter.

Aumento de Capital
Reversões e transfer. de reservas
de lucro

Lucro líquido do Exercício


Destinação do Lucro líquido
Reservas
Dividendos

Saldos em / /
23

Exercício:

Elaborar a demonstração das mutações do patrimônio líquido conforme:

Em 31/12/x1 o saldo final das contas do patrimônio líquido era:

Capital Social R$ 350.000,00, Reserva Legal R$ 25.000,00, Reserva Estatutária R$


13.150,00, Reserva para Contingência R$ 7.500,00, Lucros acumulados R$
111.000,00, Lucro do Exercício R$ 15.313,00.

Em 31/12/x2 a empresa apurou um lucro de R$ 33.550,00, deste lucro destinou 5%


para reserva legal, houve aumento do capital social em dinheiro R$ 11.895,00, ao
iniciar suas atividades a empresa verificou que no exercício anterior deixou de transferir
para resultado parte das receitas de exercícios futuros que já haviam sido realizadas no
montante de R$ 20.000,00 e com isto deixou de contabilizar os impostos
correspondentes a mesma no total de R$ 6.660,00 ajustando diretamente no patrimônio
líquido tais lançamentos, a reserva de contingência foi revertida contra a sua própria
conta de origem R$ 7.500,00, neste ano a empresa efetuou a reavaliação dos seus
ativos R$ 26.983,00.
24

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Empresa:
CNPJ: Em R$ mil
Período:

Descrição

Saldos em / /

Saldos em / /

5) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR

A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos serve para demonstrar de


forma resumida e ordenada todas as informações relativas às operações de
financiamento e investimento durante o exercício, onde tais acontecimentos refletem o
aumento ou diminuição do capital circulante líquido – CCL;

Os financiamentos representam as origens de recursos, e os investimentos as


aplicações de recursos;

Através desta demonstração é possível explicar a variação do capital circulante


líquido de um exercício para outro facilitando a compreensão de como a posição
financeira mudou de um ano para outro.

5.1) Estrutura da Demonstração de Origens e Aplicações de


Recursos
25

O art. 188 da Lei nº 6404/76 estabelece os critérios de apresentação e o conteúdo


dessa demonstração5:

A demonstração das origens e aplicações de recursos indicará as modificações na


posição financeira da companhia discriminando:

I – as origens dos recursos, agrupadas em:

a) Lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e


ajustado pela variação nos resultados de exercícios futuros;

b) Realização do capital social e contribuições para reservas de capital;

c) Recursos de terceiros, originários do aumento do passivo e exigível a


longo prazo, da redução do ativo realizável a longo prazo e da alienação de
investimentos e direitos do ativo imobilizado.

II – as aplicações de recursos, agrupados em:

a) Dividendos distribuídos;
b) Aquisição de direitos do ativo imobilizado;
c) Aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo
diferido;

d) Redução do passivo exigível a longo prazo.


III – o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações,
representando aumento ou redução do capital circulante líquido.

IV – os saldos no início e no fim do exercício, do ativo e do passivo circulante, do


montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício.

5.2) Espécies de Capital Circulante Líquido

a) CCL próprio ou positivo – quando o ativo circulante é maior que o passivo


circulante;

b) CCL de terceiros ou negativo – quando o ativo circulante é menor que o


passivo circulante;

c) CCL nulo – quando o ativo circulante é igual ao passivo circulante.

5
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI – Ed. Atlas 4ª edição
26

O capital circulante é obtido através da diferença entre o ativo circulante e o passivo


circulante, onde o ativo circulante é composto pelas contas: disponível, contas a
receber, investimentos temporários, estoques e despesas pagas antecipadamente.
Enquanto que o passivo circulante é composto pelas contas: fornecedores, contas a
pagar, etc.

Quando houver uma operação envolvendo unicamente contas do circulante esta


operação não altera o CCL, por outro lado quando houver uma operação envolvendo
contas do circulante e do não circulante haverá alteração no CCL. Ex: compra de
mercadorias a longo prazo, portanto pode-se falar que a alteração do não circulante é a
causa da variação do circulante.

5.3) Técnicas de Apuração

Para a elaboração da DOAR será necessário apurar o resultado líquido do exercício


conforme o demonstrado na DRE e ajustar os valores registrados como despesa ou
receita que não representaram aplicações e nem origens de recurso no CCL.

Depreciação, amortização e exaustão – o valor correspondente a esses itens


deverá ser adicionado ao lucro líquido ou diminuído caso o resultado seja prejuízo, pois
tais despesas diminuem o resultado, mas não representam variação no CCL, portanto
quando elaboramos a DOAR retiramos tais valores;

Variação nos Resultados de Exercícios Futuros – este item deverá ser ajustado,
pois, ele é representado pelas receitas recebidas antecipadamente e que para atender
o regime de competência são classificadas no passivo em contra partida do ativo, caso
haja aumento na conta do passivo, isto acarretará em um aumento no CCL, caso
contrário ele estará representado no resultado e deverá ser ajustado, pois neste
momento ele não representa aumento nem diminuição no CCL;

Correção monetária – quando existia a correção monetária para atualização do


ativo permanente e patrimônio líquido o saldo devedor ou credor líquido também
deveria ser ajustado na DOAR, pois, não representava aumento ou diminuição no CCL;

Resultado Equivalência Patrimonial – o saldo da equivalência patrimonial deverá


ser adicionado ou diminuído do resultado do exercício na apuração da DOAR por não
representar ingresso ou diminuição no CCL;

Ajustes de Exercícios Anteriores – decorrentes de algum efeito de prática contábil


ou retificação de erros de exercícios anteriores, deverão ser ajustados diretamente na
própria conta do patrimônio líquido para que não haja distorção na análise da DOAR do
exercício atual;
27

Recursos de Terceiros – aumento no passivo exigível de longo prazo, os


empréstimos recebidos de terceiros para pagamento a longo prazo representam
aumento no CCL, portanto são considerados origens de recursos. Já a diminuição pelo
pagamento de tais empréstimos representa aplicação de recurso ou até mesmo a
transferência do longo prazo para o passivo circulante;

As variações monetárias decorrentes de atualização cambial ou variação que


aumentam o saldo desta conta deverão ser ajustadas ao lucro líquido ou prejuízo, pois
não representam aumento no CCL;

Redução no Realizável a Longo Prazo – representará geralmente uma origem


quando houver uma diminuição no seu saldo para o circulante e uma aplicação quando
houver um aumento. Ex: Venda a longo prazo de mercadorias;

Alteração e Baixas de Investimentos e Bens e Direitos do Ativo Imobilizado6 -


quando houver a venda de um investimento ou ativo imobilizado o valor da venda é o
que influencia no capital circulante líquido, por outro lado ao baixarmos o bem ou
investimento contabilizamos no resultado o valor líquido de ambos, como a DOAR deve
apenas influenciar os aumentos e diminuições no CCL ao elaborarmos, devemos
ajustar o efeito do ganho e/ou perda sobre o resultado do exercício. (temos que dar
maior atenção a este caso)

Ex: Venda de uma máquina por R$ 3.500,00 á vista, sendo que o custo de aquisição
foi R$ 2.000,00 e o saldo de depreciação até esta data é de R$ 1.500,00, logo o ganho
na venda é de R$ 3.000.

A DOAR poderá ser elaborada da seguinte forma:

Origens de Recursos

Lucro líquido R$ 6.000


(+) Vlr. líq. vda ativo R$ 500

Total gerado pelas operações R$ 6.500

ou

Origens de Recursos

Lucro líquido R$ 6.000


(-) Lucro na venda de ativo R$ 3.000
Total gerado pelas operações R$ 3.000

6
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI – Ed. Atlas 4ª edição
28

Outras Origens
Valor da venda do ativo R$ 3.500
Total das origens R$ 6.500

Após saber a particularidade de alguns fatos que fazem parte da DOAR agora será
necessário obter tais dados através das outras demonstrações para elaboração.

1º - Obter o Balanço Patrimonial do exercício atual e do anterior, calcular as


variações líquidas no CCL de ambos.

Balanço Patrimonial

Ativo 31/12/03 31/12/02


Ativo Circulante 8.550 6.950
Disponível 1.500 900
Duplicatas a receber 4.100 3.050
Estoques 1.900 1.000
Despesas Antecipadas 1.050 2.000

Realiz. a longo Prazo 1.720 1.365


Valores a Receber 710 710
Duplicatas a Receber 1.010 655

Ativo Permanente 5.616 6.118


Investimentos 3.000 3.000
Imobilizado 3.020 3.020
Depreciação 1.004 502
29

Diferido 600 600


Total do Ativo 15.886 14.433

Passivo 31/12/03 31/12/02

Passivo Circulante 6.714 7.183


Empréstimos 2.000 3.000
Fornecedores 2.731 1.200
Contas a Pagar 1.983 2.983
Exigível a Longo Prazo 4.050 2.474
Empréstimos 4.050 2.474

Patrimônio Líquido 5.122 4.776


Capital 2.776 2.776
Reserva de Lucros 1.100 1.100
Lucros Acumulados 1.246 900

Total do Passivo 15.886 14.433

Cálculo da Variação do Capital Circulante Líquido:

31/12/03 31/12/02 Variação


Ativo Circulante 8.550 6.950 1.600
Passivo Circulante 6.714 7.183 469

Capital Circ. Líq. 1.836 -233 2.069


2° - Relacionar os totais das contas que não fazem parte do circulante.
Os aumentos nos ativos e as diminuições nos passivos são valores positivos
representando aplicações, já os aumentos nas contas passivas e patrimônio líquido e
diminuições nas contas ativas são valores negativos que representam origens.

Exemplo7:

Contas 31/12/03 31/12/02 Variação


Ativo Circulante 8.550 6.950
Passivo Circulante -6.714 -7.183
CCL 1.836 - 233 2.069

Realiz. Longo Prazo 1.720 1.365 355

Permanente

7
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI – Ed. Atlas 4ª edição
30

Investimento 3.000 3.000 0


Imobilizado 2.016 2.518 - 502
Ativo Diferido 600 600 0

Exigível a L. Prazo - 4.050 -2.474 -1.576


Patrimônio Líquido -5.122 -4.776 -346

Total 0 0 0
Exemplo de como ficaria a DOAR:
Origens
(+) Depreciação 502
Aumento Ex. Longo Prazo 1.576
Aumento no Patr.Líq. 346
Total 2.424

Aplicações
Aumento no Realiz. a Longo Prazo 355

Aumento no CCL 2.069

Para elaborarmos a Doar de forma correta precisamos analisar de forma analítica


cada uma das contas não circulantes e apurar a variação de cada uma delas em
seguida separá-las em aplicações e origens e por último montar a DOAR, a variação
total das origens e aplicações terá que ser igual a variação do CCL.

Modelo
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

Empresa:
CNPJ:
Período:
Em R$ mil

Origens de Recursos
Das operações
Lucro Líquido
+ Depreciação
Var. Monet. de Emprést. L. Prazo
- Lucro na venda de ativo

Dos Acionistas
31

Integralização de Capital

De Terceiros
Recebimento de Empréstimos
Venda de ativo imobilizado
Venda de Investimentos
Resgate de Investimentos a L. Prazo
Redução do Realizável a L. Prazo

Total das Origens

Aplicações de Recursos
Aquisição de Ativo Imobilizado
Adições no Ativo Diferido
Integralização de Novos Investimentos
Transferência para passivo circulante de empréstimos de longo prazo
Aumento no Realizável a Longo Prazo

Total das Aplicações

Aumento no Capital Circulante Líquido

Exercício:

Elaborar a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos


Utilizando como base o Balanço Patrimonial de 31/12/02.
32

Balanço Patrimonial 31/12/2002

ATIVO PASSIVO

Circulante 263.000,00 Circulante 167.600,00


Disponibilidades 13.000,00 Fornecedores 73.500,00
Clientes 150.000,00 Contas a Pagar 12.500,00
Estoques 50.000,00 Empréstimos 53.000,00
Seguros a Vencer 30.000,00 Salários 15.400,00
Impostos a Recuperar 20.000,00 Impostos a Recolher 13.200,00

Realizável a Longo Prazo 99.500,00 Exigível a Longo Prazo


Contas C/C Controladas e Coligadas 66.500,00 Empréstimos 101.150,00
Títulos a Receber 33.000,00

Imobilizado 86.953,00 Patrimonio Líquido 180.703,00


Investimentos 44.154,00 Capital Social 117.363,00
Móveis e Utensílios 11.000,00 Reservas de Lucros 29.130,00
Máq. e Equipamentos 21.150,00 Reserva Legal 29.130,00
Veículos 17.330,00 Lucros Acumulados 34.210,00
Depreciaçäo (6.681,00)

Total do Ativo 449.453,00 Total do Passivo 449.453,00


33

Fatos Ocorridos em 2003

1) Venda de mercadorias R$ 500.000,00 sendo que 40% faltam ser recebidas


2) Compra de mercadorias R$ 350.000,00 só foram pagas 50%.
3) Compra de 01 máquina no valor de R$ 11.500,00 à vista em janeiro
4) Pagto empréstimos curto prazo de R$ 45.000,00 sendo que R$ 3.500,00 eram juros
5) Transferëncia de 03 parcelas do empréstimos de longo prazo para curto no total de R$ 8.429,00
6) Pgto salários R$ 114.400,00
7) Recebimento de Empréstimo de Longo Prazo em 01/03/03 R$ 65.450,00 correção no toal de R$ 2945,25
8) Aumento de Capital em dinheiro R$ 20.000,00
9) Recebimento C/C controladas e coligadas R$ 25.000,00
10) Rateio do Seguro a Vencer R$ 30.000,00
11) Contratação apólice de seguro de R$ 20.000,00 em 31/12/03
12) Pgto assinatura anual R$ 5.000,00 em 01/04/03
13) Aplicação financeira a curto prazo em junho de R$ 25.000,00
14) Despesa de Depreciação anual de R$ 7.831,00
15) Rendto da aplicação financeira R$ 15.000,00 e IRRF fonte de R$ 3.000,00
16) Leasing de 01 Kombi para entrega de mercadorias
início em junho/03, o valor de cada pc é R$ 2.000,00, sendo que R$ 500,00 corresponde a juros
17) Pgto de imposto de R$ 25.500,00
18) Pgto de fornecedores no ano de R$ 53.500,00
19) Pgto de outras contas a pagar R$ 12.500,00
20) pgto de despesas do próprio exercício R$ 49.153,00
21) Recebimento de clientes R$ 140.000,00
22) Saldo da conta de estoque no fim de dezembro/03 R$ 120.000,00
23) Fazer o lançamento da equivalência patrimonial considerando que o Patrimônio líquido da investida
no final do ano foi de R$ 160.000,00 e o percentual de participação é da empresa Gama é de 25%.
24) Constituir Reserva Legal ao final da apuração do resultado do exercício 5% s/ lucro.
34

6) Demonstração de Fluxo de Caixa

A Demonstração de Fluxo de Caixa não é exigida pela Lei 6404/76, porém este
demonstrativo é de grande utilidade interna para a empresa, pois demonstra as
entradas e desembolsos financeiros da empresa em um determinado momento;

A DFC tem como sentido empresarial demonstrar o ativo líquido em espécie (R$)
disponibilizado nos bancos e nas aplicações financeiras de curto prazo (FIF/FAF);

O objetivo principal é apurar os pagamentos e recebimentos que poderão ocorrer


em um intervalo de tempo, evidenciar o efeito periódico das transações de caixa por
atividade operacional, de investimento e atividades de financiamento;

Através desta demonstração a empresa consegue visualizar o que ela poderá


aplicar no mercado financeiro, qual o grau de flexibilidade que ela tem para quitar as
dívidas, pagar os dividendos, avaliar a situação presente e futura do caixa.

6.1) Tipos de Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa pode ser apresentado de duas formas: Método Direto e Método
Indireto.

Método Indireto - é semelhante a DOAR principalmente na parte inicial, onde os


recursos provenientes das atividades operacionais são demonstrados a partir do lucro
líquido ajustado, este método não é muito indicado, pois ao utilizar o lucro líquido para
demonstração do fluxo de caixa esta operação fica sem sentido porque o lucro líquido é
obtido pelas contas de resultado e o objetivo do fluxo de caixa é demonstrar ao usuário
o saldo das disponibilidades caixa ou banco da empresa.

Método Direto – a forma de apresentação começa pelo recebimento das vendas e


não com base no lucro líquido. Assim este método explica as entradas e saídas brutas
de dinheiro dos principais componentes das atividades operacionais, como os
recebimentos pelas vendas de produtos e serviços e os pagamentos a fornecedores e
empregados.

A diferença entre os métodos está apenas na forma de apresentação do fluxo das


atividades geradas pelas operações.

O fluxo de caixa deve ser finalizado com a explicação da variação do saldo de


disponibilidades. Cabe ressaltar que a DFC, como qualquer outro relatório financeiro,
não deve ser analisada separadamente das outras demonstrações.
35

6.2) Atividades que Interferem no Fluxo de Caixa

Atividades Operacionais – a atividade operacional tem como objetivo demonstrar a


movimentação do caixa decorrente da própria natureza das operações, visando a
produção e entrega de bens e serviços. Ex: compra de mercadorias, matéria-prima.

Atividades de Investimento – a movimentação do caixa com o objetivo de gerar


receitas futuras. Geralmente se refere aos aumentos ou diminuições dos ativos de
longo prazo que a empresa utiliza para produzir bens e serviços.

Atividades de Financiamento – refere–se aos recebimentos ou liquidações de


empréstimos que a empresa obtém junto a terceiros.

Atividades de Investimento e Financiamento sem Efeito no Caixa – ocorre


quando há uma movimentação no ativo e no passivo sem afetar o caixa, devendo ser
evidenciadas por notas explicativas. Ex: compra de uma máquina através de
arredamento mercantil.

A análise do fluxo de caixa é muito importante para a empresa, é nesse momento


que se verifica que as medidas tomadas anteriormente estão surtindo efeito, podendo
também verificar o grau de acerto nas projeções adotadas.
36

Modelo

Fluxo de Caixa – Método Indireto

Origens
Lucro Líquido do Exercício 500
+ Depreciação e Amortização 300
Variações Monet. de empréstimos L. Pr. 415
- Lucro na venda de ativo 293
Correção Monetária 417
+ Aumento em Fornecedores 50
Aumento em Contas a Pagar 40
Aumento em Imposto de Renda 40
- Aumento em Contas a Receber 100
Aumento em Estoques 270
Aumento em Despesas Antecipadas 30
Caixa Gerado pelas Operações 235
Resgate de aplicações temporárias 60
Venda de Ativo 520
Entrada de novos empréstimos 500
Integralização de capital 400

Total de ingresso de disponível 1.715

Aplicações

Integralização de Capital na empresa Beta 10


Aquisição de ativo 950
Aplicação no Ativo Diferido 100
Pagamento de Empréstimos 515
Pagamento de Dividendos 100

Total das aplicações de disponível 1.675


Variação líquida do disponível 40
Saldo Inicial 60
Saldo Final Disponível 100
37

Fluxo de Caixa – Método Direto

Para demonstração do método direto será necessário demonstrar a variação das


contas que envolveram o caixa:

Variações
1 – Recebimento de Clientes
Saldo inicial de contas a receber 200
Vendas no período 1.430
(-) Saldo final de Contas a Receber 300
(=) Recebimentos 1.330

2 – Pagamentos a Fornecedores
Saldo inicial de fornecedores 100
Compras no período 860
(-) Saldo final de fornecedores 150
(=) Pagamentos 810

3 – Pagamentos de Despesas:
Despesas do Exercício 250
Saldo inicial de contas a pagar 80
Saldo final contas a pagar 120
Saldo final despesas antecipadas 70
Saldo inicial despesas antecipadas 40
Pagamentos 240

4 – Pagamentos ref. Compra ativos 950

5 – Pagamentos por aplicações no Diferido 100

6 – Pagamentos de Empréstimos
Saldo inicial de empréstimos 120
Transferências do Exigível a longo prazo 575
Saldo Final de Empréstimos 180
(=) Pagamentos 515

7 – Pagamento do saldo da Provisão para


Imposto de Renda 60
38

Fluxo de Caixa – Método Direto

Ingresso de Recursos
Recebimentos de Clientes 1.330
Pagamentos a Fornecedores 810
Despesas do Exercício 240
Imposto de Renda 60
Dividendos Recebidos 15

Ingresso de Rec. Financ. das operações 235


Resgate de Investimentos Temporários 60
Recebimento por venda de imobilizado 520
Aquisição novos empréstimos 500
Integralização de Capital 400

Total dos ingressos de recursos financeiros 1.715

Destinações de Recursos
Integralização de Capital Cia Beta 10
Aquisição de Bens do Ativo Imobilizado 950
Aplicações no Diferido 100

Pagamento de Empréstimos Bancários 515


Pagamento de Dividendos 100

Total das Destinações Recurs. Financeiros 1.675

Variação Líquida de Caixa 40


Saldo de Caixa em 31/12/02 60

Saldo de Caixa em 31/12/03 100

Exercício

Montar uma Demonstração de Fluxo de Caixa Método Direto e Indireto utilizando por
base os mesmos dados do exercício da DOAR
39

7) BIBLIOGRAFIA

Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações - FIPECAFI


Autores: Sérgio de Iudícibus, Eliseu Martins e Ernesto R. Gelbcke
Editora: Atlas 4ª edição

Elaboração das Demonstrações Contábeis


Autores: José Hernandez Perez Jr e Glauco A. Begalli
Editora: Atlas 2ª edição.

Contabilidade Introdutória
Autores: Equipe de Professores da FEA/USP
Editora: Atlas 8ª edição

Análise de Balanço
Autor: Adriano Blatt
Editora Makron Books Ed. 2001

Contabilidade Empresarial
Autor: José Carlos Marion
Editora: Atlas 8ª edição

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