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RUI TORRES DA SILVA COUTO LAVRAS A CEU ABERTO E EQUIPAMENTOS PRINCIPAIS DISSERTAGAO DE DOUTORAMENTO APRESENTADA A FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS FACULDADE DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE DO PORTO 1990 Publicagao subsidiada pelo INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGAGAO CIENTIFICA PREFACIO Fora de toda a divida que foi & superficie da terra que o Homem comegou a colher as rochas e minerais de que carecia para a satistagao das suas necessidades e progresso. Primeiro, em escavagées maiores mas ainda a céu aberto e, em seguida, subterraneamente. E que cedo teria reconhecido que com aquelas primeiras praticas nao as conseguirla obter em quantidade suficiente para prover aquelas necessidades, quer ainda porque esta Ultima, embora impondo-Ihe um anti-naturalismo de vida, Inas permitia extrair sob menor esforgo. E, assim, também ele se foi habituando & mineragio subterranea e talvez criado o mito, ainda hoje persistente nos nao iniciados, de que era no interior da terra e nas suas profundidades que se encontravam as maiores riquezas minerais. Dai que, embora paralelamente, ambos os procedimentos de minerac&o tenham sido praticados desde a antiguidade e, nalguns casos, sob escaldes que ainda hoje nos espantam. A mineracao subterrénea, exigindo maior adaptagao ambiental, experiéncia ¢ © dominio de problemas nao existentes nas exploragdes a ou aberto, cedo teria levado a ser tida como uma ‘Arte’ e prerrogativado os seus iniciados; e enquanto o exercicio da exploragao a céu aberto seria tido como a prética duma “arte menor’ e os seus executores tidos om similitudes aos indiferenciados cabouqueiros, dos abridores de estradas ou doutras obras para a construgao civil, E este conceito parece-nos ter persistido ao longo dos tempos, ¢ ter atingido mesmo, embora indevidamente, os nossos dias. Repare-se que desde longa data os Tratados da Arte de Minas, aliteratura mineira e até as proprias Escolas, tem subestimado quantitativa e qualitativamente 0 ensino das lavras a céu aberto relativamente as subterraneas. Mas, hoje assiste-se, através da abundante mas dispersa literatura da especialidade, a um crescimento quantitativo e qualitative Insofismavel das exploragoes a céu aberto relativamente &s subterréneas e a um seu malor contributo e responsabill- dade na produgéo mineral mundial. Até no nosso Pais tal é bem visivel em especial nao metélicos. se nos reportarmos & produgéo dos miner Em consequéncia, um melhor conhecimento, senao uma actualizago deste procedimento extractive, impéem-se; bem como dos seus problemas actuais ¢ das solugdes para eles encontradas, e um seu estudo mais aprofundado e sistematico. Porque nao conhecemos e provavelmente nao existam reunidos num s6 volume e expressos na nossa lingua tais conhecimentos é essa a razo de ser deste nosso trabalho, elaborado com a humildade de quem quer prestar um servigo a alunos ea técnicos. Um dos nossos contributes, além do compilar orientado de estudos existentes, mas onde alguns exclusivamente de nés proprios se inscrevem também, 6 0 de procurarmos dar ura visdo esclarecedora independente e orientada, e até no sentido da sua selecgo, da variada e complexa maquinaria que consideramos a grande responsavel pelo actual incremento desta classe de operagdes mineiras. Acresce ainda que a vasta literatura técnica existente neste campo das maquinas e equipamentos est orientada no sentido do seu emprego nos trabalhos de construgao civil, cujos problemas sao bem diferentes dos das exploragdes mineiras, estes dotados dum cariz especttico. Por limitagdes de tempo e outras, nao pudemos aprofundar muitos dos assuntos tanto quanto 0 desejévamos, mas tivemos nesses casos 0 culdado de indicar a literatura actualizada existente para quem de tal careca. Por ja generalizadamente tratados, puzemos de lado todos aqueles temas do dominio da muito vasta literatura comum &s lavras subterraneas, como os problemas da perfuragao e desmonte das rochas por explosives, etc, bem como todos aqueles que, embora do dominio das exploragdes a céu aberto, constituem uma das suas modalidades muito especificas, como as exploragées dos depésitos aluvionares a seco ou por dragagem, etc. Embora de elevada importancia nas exploragdes a céu aberto, mas peloiongo percurso que este trabalho teria de ter, também nao trataremos aprofundadamente, 0 de como 0 desejariamos fazer, 0 pertinente assunto da estabilidade deste escavagées. A complexidade deste assunto, s6 por si, exigiria um tratamento especial e por especialistas, além de vir alongar este nosso trabalho, Procuramos ser claros e objectivos, nao sei se conseguimos esse nosso intento, mas pretendemos tornar a nossa exposigao acessivel e o proprio texto atraente @ no muito alongado, razdo de ser também dum tao elevado ntimero de figuras; mas esta 6, a nosso ver, a forma de linguagem mais curta e explicita em engenharia. Procuramos também estruturd-lo numa sequéncia natural e lagica. No 19 capitulo abordamos duma forma genérica as caracteristicas das exploragées mineiras, 0s factores dominantes e nelas sempre presentes. Naturalmente, deu-se ai uma atengdo especial & selec¢ao entre as lavas a céu aberto e as subterraneas. © 2° Capitulo 6 exclusivamente dedicado aos problemas que as exploragdes a céu aberto envolvem: & limitag&o econémica da profundidade destas exploragbes (procedendo-se neste caso ao exame critico dos varios processos para a determinar), & classificagao morfolégica dos jazigos minerais mais adequada a este método de exploragdo, e estabeleceu-se uma classificagao dos métodos de lavra a céu aberto em que, ndo esquecendo os aspectos didacticos, procuramos preencher as lacunas ou os defeitos que encontramos nas classificagées existentes. ‘As operagées principals e os equipamentos a elas ligados sao 0 objecto do 9° Capitulo. Estes so apresentados, tentando sempre, através duma exposicao critica, a sua comparagao no desempenho de tarefas similares. Julgamos deste modo ajudar e orientar quem necessite de seleccionar esta maquinaria. Em virtude nao s6 da sua universalidade, mas também devido a sua relevante importéncia na escalada das lavras a céu aberto nestas duas titimas décadas, demos um maior desenvolvimento ao conjunto dos equipamentos de remogao. ‘A evolugéio do mundo de hoje nao se compadece com estatismos e perante certos e determinados condicionalismos surgidos, como a orise do petréleo, a carestia da mao-de-obra, a baixa das cotagées, etc., a induistria mineira vé-se obrigada a reagir, procurando novas solugdes para baixar ou pelo menos estabilizar pregos de custos. Cientes deste esforgo no mundo mineiro em geral, abordamos ainda neste Capitulo as novas solugdes de equipamentos consideradas ja como pertencentes & 38 geragao. Embora duma forma que consideramos extremamente sintética @ resumida, mas pela sua Importanoia, néo quisemos deixar de tratar num 42 e titimo Capitulo os problemas ligados & manutengéo dos varios equipamentos usados neste tipo de exploracées. Porque julgamos ser util, sobretudo para os ndo iniciados, juntamos em anexo 08 pregos de custo de varias das operagdes que surgem nestas lavras, com a consciéncia do seu valor relative e da sua desactualizago no tempo, pois é nosso intuito retomar os assuntos da exploragdo das pedreiras (como rochas ornamentals ‘ou Nc}, como nosso primeiro trabalho a seguir ao apresentado. Ao Sr. Professor José Anténio Simées Cortez, meu professor orientador, quero aqui vivamente expressar os meus agradecimentos pelos incentivos, facilidades ¢ conselhos que ao longo da realizagdo deste trabalho sempre me prodigalizou. Para o Sr. Professor Mello Mendes e a todos os colegas ligados a este tipo de exploragées € equipamentos, e com quem discuti varios destes assuntos, vo também os meus agradecimentos, destacando muito justamente entre estes, os Srs. Eng?s Lisoarte Gomes e Brito Mendes. Seja-me permitido ainda aqui expressar também os meus agradecimentos ao Sr. Professor Alberto de Morais Cerveira, que desde os bancos da Escola aprendi a respeitar e a seguir e cujos ensinamentos, de saber e experiéncia {eltos, me foi sempre transmitindo, e aos quais este trabalho muito fica a dever. INDICE, PREFACIO CAPITULO | - AS EXPLORAGOES MINEIRAS . . 1 = Introdugo .. . ‘ 2 - Seleccdo entre as lavras a oéu aberto ¢ as subterraneas . . 2.1 — Critérios e factores influentes ...... 2.2 Caracteristicas das Exploragdes a Céu Aberto - Sua compara- do etendéncias ...........--6- CAPITULO II - LAVRA A CEU ABERTO .........- 1 Introdugao . 2 ~ Situagdo Actual e Previsbes para 0 fULUIO 6... eee eee eee ee 3 Profundidade e Contornos finais das exploragées a céu aberto. Rela- go estéril/minério . . 3.1 - Consideragées prévias ... 3.2 - Determinagdo analitica da profundidade limite em exploragdes acéu aberlo...... 3.3 - Métodos grAficos para a determinagao da profundidade e dos contornos finais das exploragdes a céu aberto ......... lade e dos contornos finais das exploragées a céu aberto ..... 3.4 — Métodos computorizados para a determinagao da profun 3.5 - Conoclusées crfticas finals ... . 4 - Frentes de desmonte e profundidade da exploragéo .........- 4.1- Morfologia das frentes de desmonte .... 4.2 - Dimensao dos degraus nas fases de exploragéo ..... 4.3 - Profundidade a atingir e estabilidade final dos taludes . 5 - Morfologia dos jazigos minerais e os métodos para a sua exploracao acéu aberto 2.0... cece reer eee 5.1 — A morfologia dos jazigos minerais de exploragao a céu aberto Pag. " 27 29 34 33 5.2- Os métodos de exploracao a céu aberto e a morfologia dos jazigos minerals ............. CAPITULO Ill -OPERAGOES E EQUIPAMENTOS PRINCIPAIS DA 1- 3- ae LAVRA A CEU ABERTO . . Introdugao. Operagdes fundamentais e subsididrias. Ciclo normal das operagoes . Escavagao. Os equipamentos para o arranque e a carga . . 2.1 - Classificagéo dos terrenos visando as operagdes de arranque ou desmonte e carga 2.2- © arranque e a carga mecanica usualmente sem o uso de explosives 2.2.1 - Maquinas escavadoras estacionarias ...... P& mecanica de balde frontal Balde de arrasto - “draglines" . Retroescavadora - "backhoe" Cadeia de baides .. Roda de baldes . 2.2.2 ~ "Bulldozers" e variantes .........- 2.2.3 - Escarificadores, ‘rippers’, trados ou “augers’ ¢ “continuous diggers" 2.2.4 ~ “Motoscrapers' e "scrapers" ‘ou arrastilhos’ . 2.25 - Dragas os... eee ee 2.2.6 - Fio helicoidal, diamantado e rogadouras . 2.3 - O arranque hidromecanico e por explosives Remogao. Equipamentos de carga e transporte ; 3.1 - Equipamentos de carga 3.1.1 - Pas carregadoras ....... 3.1.2-Gruas ...... 3.2 Equipamentos de transporte... . 3.2.1 ~"Dumpers", camides e semelhantes ~ "trucks" . . 3.2.2 ~ Caminhos de ferro ~ “tracks’ ..... 5.20 3.2.3 - Telas transportadoras ..........- 3.2.4 - "Skips"... . Comparagao entre varios equipamentos para tarefas similares 68 93 95 98 98 102 103 104 108 7 132 137 148 152 162 168 168 172 176 17 77 218 219 219 244 242 250 251 41 - Introdugdo ..... Bee corer 4.2 - Pa carregadora de pneus e a pA mecdnica hidratilica...... . 4.3 - Pa mecanica e a “dragline’ ..... 4.4 - Escavadoras de baldes milltiplos ¢ de baldes Unicos ....... 4.5 - Caminhos de ferro, amides e telas transportadoras 4,6 ~ Conclusao: Resumo comparativo entre os diversos equipamen- tos de transporte. Tendéncias actuais e futuras. 5 — Processos e meios de extracgao utilizados na lavra a céu aberto . CAPITULO IV - A MANUTENGAO DOS EQUIPAMENTOS E DAS VIAS DE TRANSPORTE ..... 1- Introdugéo ......... see eeee 2 - Reparagbes por avarias e conservagao preventiva 3- Amanutengdo das vias de transporte . 4 - Aproblematica das reparagdes ou substituicao dos equipamentos ANEXO ... eee eee BIBLIOGRAFIA ... . 251 252 253 260 261 ant 281 283 285 286 290 299 tt CAPITULO | AS EXPLORAGOES MINEIRAS: 1 - INTRODUGAO 2 - SELECCAO ENTRE AS LAVRAS A CEU ABERTO E AS SUBTERRANEAS 2.1 - CRITERIOS E FACTORES INFLUENTES 2.2- CARACTERISTICAS DAS EXPLORAGOES A CEU ABERTO. SUA COMPARAGAO E TENDENCIAS 2.2.1 - Vantagens 2.2.2 - Inconvenientes 2.2.3 - Conclusées e tendéncl CAPITULO 1 AS EXPLORAGOES MINEIRAS 41 - INTRODUGAO Desde os primérdios do seu aparecimento sobre a Terra, o Homem teve de se aproveitar dos minerais, quer como arma de defesa quer para os mais diversos fins. E a sua importancia é tal, que dela resultou a divisdo da Histéria da Humanidade nas conhecidas Idades: da Pedra (lascada e polida), do Cobre, do Bronze, do Ferro e do Ago, como constituindo periodos ou etapas de Civilizagoes. Naturalmente que inicialmente ele teria de encontrar estes materiais & superficie. Mas ndo tardaria que nao tivesse de os procurar & custa de escavagdes mais ou menos profundas, como o atestam os vestigios das grandes exploracées de silex de Grime’s Graves, em Norfolk, constituidas por cerca de 80 pequenos pogos ligados entre si por galerias e que s&o considerados como sendo as primeiras exploragdes subterraneas que se conhecem (8000 A.C.).[42]- Isto significa que logo desde muito cedo o Homem teve de optar por procadimentos diversos - exploragées a céu aberto ou subterraneas ~ para extrair os minerais de que carecia. Esté-se hoje bem longe desses tempos, podendo na actualidade afirmar-se que o sucesso de uma exploragao mineira depende em muito boa parte duma correcta selecgao dos processes utilizados e das solugdes adoptadas para a extracgio do minério, ou seja, da correcta selecgao do "método de exploragao". E usual agrupar os diversificacos métodos de exploragdo mineira, nos trés grandes grupos seguintes: ~ Exploragées a céu aberto, - Exploragées subterraneas, © - Exploragées subterraneas conduzidas a partir da superficie. Entende-se por exploracées_mi , aquelas em que os trabalhos de escavagdo realizados para o arranque da substancia util estao em contacto com 0 ar livre, ou aquelas em que os locais de trablaho nao sao constituidos por escavagdes cercadas em todo o seu perimetro pelos terrenos encaixantes. Verifica-se assim que os dois conceltos se completam, embora, em nosso entender, as lavras a céu aberto nao excluam o emprego de certos trabalhos tipicos das lavras subterréneas (pogos, chamings, galerias e tineis), quer para operagées auxiliares de pesquisa e de reconhecimento, quer e muito trequentemente, para racionalizar operagées de transporte", Em oposigao, nos processos de lavra subterrnea, os locais de trabalho sao rodeados pelos terrenos do subsolo. Pelas definigdes anteriormente dadas, vé-se bem qual a distingao entre as lavras a céu aberlo e as subterrdneas, 0 que néo significa que elas se excluam na exploragao do mesmo jazigo. No geral, tem-se a ideia de que aquelas apresentam grandes vantagens sobre estas, pelo que seriam de emprego sistemético se no existissem determinadas condigées limitativas das suas aplicabilidades. Ha ainda, como se sabe, exploracbes subterrZneas conduzidas a partir da supetticie. Sao de aplicagao menos geral e actualmente restritas a extraccdes sob a forma de fluidos (ex: exploragao de petréleos, de sais sédico-potassicos, de gases combustiveis naturais, etc.), as quais exclulmos dos abjectivos do presente trabalho. Resulta assim, que a escolha entre os métodos de exploragao dos jazigos minerais que consideramos teré de ser feita entre aqueles dois procedimentos gerais primeiramente enunciados: - Exploragdes a céu aberto e - Exploragées subterraneas. E certo que em determinados casos a op¢do por um destes procedimentos Nao oferece duvidas, tornando-se mesmo evidente; mas outros ha em que essa o Citese como exemple da grande apoio abu boro de Bingham (Utah Copper Min), que uiiza Verdadoios tino forroudron rosoubcs na extacao que Ge 800.000 mt ace escolha se nao torna tao inequivoca, requerendo exame aprotundado; como sucede quando se pretende saber quando se deve abandonar a lavra a céu aberto e passar a subterranea. Casos hd também, como ja referido, em que as duas lavras podem coexistir. Mas desde j4 se pode afirmar que a escolha, coexisténcia ou passagem de um para outro daqueles processos, se baseard nos bem conhecidos e sempre actuais principios que dominam toda a Exploragéo Minelra: = Economia, - Soguranga e — Aproveitamento do jazigo. ECONOMIA Em Engenharia, como talvez em tudo o que 6 material na vida humana, o critério selectivo é 0 da economia, isto 6, 0 de obter o maximo de utilidade com o minimo de esforgo ou de dispéndio econdmico. Esta ideia geradora do progresso material humano ~ principio do menor esforgo - subsiste, obviamente, na exploragao ira, e dela nos apercebemos tao facimente que nao necessitard de mais referéncias. ‘Assim, e referindo-nos tao somente agora aos trés prinipios que dominam a tecnologia mineira, vernos que os dois a seguir indicados ~ seguranga e aproveita- mento do jazigo ~ tm aquele subjacente ou a ele se subordinam. Um grau de seguranga desnecessario, por exagerado, resulta em maiores dispndios, tomando-se portanto antieconémico a partir de certo valor; como o aproveitamento dos jazigos passa a ser antieconémico também se forem aproveitadas téo somente as suas partes mais ricas - lavras ambiciosas ~ por os beneficios totals que podem produzir se reduzirem no total e no tempo; como também © aproveitamento excessivo de partes ou de jazigos pobres ~ lavra de teores inferiores = conduziro a prejuizos e a exploragdes anti-econémicas que nao poderao subsistir. HA pois que conciliar estes trés principlos; mas, conforme simplisticamente se acabou de expér, 6 0 principio do maior beneficio — econémico e social ~ que constitul © indice aferidor da melhor solugdo adoptada [6, 7, 18, 41]. Nao so explicitados aqui os beneficios sociais, pela sua dificuldade de quantificagao (mas eles existem sempre em ligagéo com o aproveitamento das riquezas minerals). Por mais objectivaveis, referimos somente os beneficios econémi- cos das exploragdes mineiras, dizendo que o principal objective destas é o da maximizagéo dos lucros. Uma vez que estes sao obtidos pela diferenga entre os pregos de venda e de custo, poderia pensar-se que toda a exploracao deveria ser conduzida de maneira a aumentar aqueles e reduzir estes. No entanto, o valor maximo do lucro pode nao ser atingido com o valor minimo do prego de custo, Os pregos de venda e de custo, dentro de certos limites, dependeréo da qualidade do produto mineral fi al obtido; devendo calcular-se o grau de beneficiamento a dar-lhes para que essa diferenga entre os dois pregos seja a maxima [23]. E do dominio da “Preparagdo de Minérios" tentar obter o mais elevado prego de venda A custa de melhorias introduzidas na qualidade dos produtos minerais, j& que, por via de regra, os minerais nao so aplicaveis ou até comercializaveis tal como so extraidos ~ minerais em bru- to-, mas antes sob a forma de concentrados, resultantes da concentragao e purificagéo daqueles, separando os minerais tteis das gangas e impurezas que os acompanham. Dos varios processos utiizados para reduzir os custos de produgdo, poderemos destacar a organizagao e racionalizagao do trabalho, a mecanizagao, 0 aproveitamento das qualidades humanas e a manutengo preventiva dos equipamentos @ instalagdes. SEGURANGA Claro que a conclusao anterior nao minimiza os aspectos da seguranga, antes até os maximiza dentro dum sao equilibrio do seu emprego. E que aquele conceito de “Seguranga" deve por todos ser entendido num sentido lato, englobando também os aspectos que habitualmente eram incluidos na *Higiene". Deve pois este conceito ser tido como abarcando, além dos aspectos normais que podem conduzir a acidentes, graves ou nao, ou a doengas profissionais (silicose, reumatismo, etc.), todos os factores que possam provocar no operario, mesmo a longo prazo, perturbagdes maiores ou menores, tiando-Ihe o legitimo direito que todo o trabalhador tem de encontrar uma natural alegria no trabalho [2]. A opiniao publica, no geral, tem a Indistria Mineira como uma actividade de alto-risco humano, até altamente perigosa. Consideramos infundada e errada esta classificag4o, pois estatisticamente prova-se que, nas exploragdes mineiras, os indices de risco de acidentes sao multo inferiores, quando muito iguais, aos de multas outras industrias. E que, 0 que mais impressiona a opiniao ptiblica, conferindo-Ihe uma elevada carga psicolégica, so os grandes acidentes, felizmente cada vez mais raros, sendo antes os pequenos acidentes os que, pela sua frequéncia, geram maiores repercus- sdes sécio-econémicas. De facto, a impossibilidade temporaria de um operério sinistrado prestar a sua colaboragao representa um pesado encargo para a empresa e pata o Pals, ¢ que todos os seus concidadaos terao de pagar. Dai, excluidos mesmo outros aspectos, 0 assistir-se a campanhas de todas as entidades intervenientes (privadas, sindicais e estatais) no sentido de ser reduzida ao minimo essa percentagem de inactividade a nivel de todos os tipos de indtstrias. Mas hoje comega a entender-se que este conceito devera ainda ser nao s6 encarado ao nivel particular da exploracéo mineira em si, mas também ser extensivel ‘em geral ao ambiente que a rodeia. Assim, tem perfeito cabimento, dentro deste “lato sensu", a preocupagao e obrigagéo que as explorages mineiras devem ter de assegurar uma minimizagdo da degradagao e alteragao do meio ambiente externo, que eventualmente possam provocar, quer no aspecto estélico, quer no da salubrida- de, como a poluigao de efluentes, da atmosfera € dos solos. Esta preocupago inlegra-se perfeitamente no imperativo crescente da consciéncia colectiva da Sociedade no sentido de proteger e manter ou criar ambientes dentro de bons niveis de Qualidade de Vida. Sabe-se que as exploragées mineiras podem concorrer para a degradagao progressiva do ambiente, alterando a qualidade do ar, das aguas e dos solos, causando desiquilibrios dos sistemas ecolégicos e originando reais atentados a vida ‘em geral e & humana em particular. Pode interferir até nos usos e aplicagbes diferentes que a Sociedade deseja para os seus ambientes. ‘As exploragées a céu aberto, mais que as subterraneas, podem conduzir a grandes degradacées dos ambientes, se nao forem tomados, durante © apés a sua exploracdo, certos cuidados no sentido daqualas serem minimizadas. Essas degrada- gdes ambientals que inexoravelmente criam, originam custos suplementares que as oneram @ que nao poderao ser esquecidos, podendo mesmo imped-as. Uma dessas preocupagdes consiste hoje no sé na obrigatoriedade da fecomposigao do terreno original mas até na da sua reconversio™, ®) sobre este assunto a Legislagéio Portuguesa contempla-o através dos seguintes decretos: =" Decreto-Lei 451/82 de 16 de Novembro, que insttui a reserva agricola nacional; = Decreto-Lei 321/83 de 5 de Julho, que insitui a reserva ecolégica nacional; = Decreto-Lel 613/78 de 27 de Julho, alterado pelo Decreto-Lei 401/79 de 6 de Margo que define as condigées om que podem ser ciiadas as reservas natura, = Decreto-Lel 196/88 de 31 de Maio 1988. De facto, 0 antigo e simplista conceito de *recomposigao" tem vindo, a nivel geral, a ser substituido pelo de “reconversdo", visando uma solugdo final mais adequada em termos ecolégicos e recorrendo a regras de planeamento [33]. APROVEITAMENTO DO JAZIGO Encarada sob este aspect, sabe-se que a Indistria Mineira incide sobre riquezas que nao se regeneram e que os jazigos minerals nao pertencem as entidades exploradoras mas sim ao Patriménio da Nagao e até da Humanidade. Terao pois de ter o melhor aproveitamento, dat se inferindo dever a técnica mineira satistazer também a este principio. Claro que, como é sabido, este bom aproveitamento do jazigo, nao significa uma sua exploragdo total ou desmonte de todas as suas zonas mineralizadas; mas também nio deve incidir s6 sobre zonas ricas ou de exploragéo menos onerosa e comprometer 0 imediato ou futuro aproveitamento de outras areas ~ lavras ambicio- sas, Os trés principios que regem a condugao das exploragdes mineiras — ‘economia, seguranga (encarada no duplo aspecto, o particular e 0 geral) e aproveita- mento do jazigo, jogam entre si, até certo ponto, em sentido contrério, exigindo pois um s&o equilfbrio entre todos eles), Lavras muito econémicas podem conduzir a insegurangas na exploragdo e levar a desperdigar irrecuperavelmente fraccdes importantes do jazigo; bem como lavras excessivamente seguras, e quantas vezes s6 na aparéncia, podem tornar-se anti- econémicas e serem conducentes ao mau aproveitamento do jazigo [22]. Necessério € pois que se procure obter na escolha e condugdo das ‘explorages uma perteita interligacao e equilfprio entre os citados principios ou regras (9) 4 poitica mineira seguida neste campo pela Africa do Sul parece-nos um exemplo bastante elucidativo da correcta aplicagao do principio que temos vindo a expér. Com um perfeito conhecimento dos sous Jazigos, do quarto a sua Independencia econémica se baseia no ouro © qual a sua infuncia no sstabelecimento das cotagéas, tom vindo a orentar a sua poltica mineira no sentido de manter esta, stuagéo 0 mals duredoura possivel, procurando uma manutengao de reserva, ‘Assi, ipa que as suas minas rabalhem dont de prineipios que respetem a economia, mas fxendo-hes um teor de corto que sera tanto mais baixo quanto msl elavada for a cotagao do Ouro. Com este procedimento, @ consiserando que a manutensao das reserves 6 mais important, para © fim gue persegue, que a manutencdo dos teores, contoland @ eviande qualquer tentative de lava ambiciosa, esta politica mineira dé-nos um exemple notavel de como deve ser encarado 0 conceito de bom aprovetamento do jazigo. o Em boa verdad 08 tds principies poderiam redu-se a dois economia e seguranga ~ ou até aum “nico, © de economia, embora este termo tomado com um significado lato, fundamentais da Exploragéo de Minas. ELE BERT ERRANEAS 24 - CRITERIOS E FACTORES INFLUENTES A escolha do método de exploragéo e 0 seu processamento no tempo nao so problema cuja solugao seja to facil como parece evidenciar-se. O saber, a experiéncia pessoal, a observacao e o bom senso sao aqui to Gteis como em qualquer outra indiistria. Hé, no entanto sobre este assunto, uma J& vasta doutrina ou conhecimento que, embora nao criem paradigmas sempre a adoptar, deles se deve ter sempre conhecimento, para que a melhor solugao seja encontrada, E essa doutrina ou conjunto de conhecimentos que reunimos e procuramos expér. Tratando-se de exploragées industriais, obviamente que o critério base de selecgao entre os dois processos ~ lavras a céu aberto/lavras subterrneas ~ se situara sempre numa analise dinamica dos custos totais comparados. Genérica e simplisticamente, poderia pensar-se que as lavras a céu aberto so mais simples que as subterrdneas, e que nelas podem ser conseguidos custos mais reduzidos de explorago e portanto aquelas a deverem ser sempre de prefer relativamente a estas. No entanto, como 6 sabido, a sua aplicagao apenas 6 possivel quando nelas se encontram reunidas um certo niimero de condigses, das quais se destacam, para ja, as seguintes: = que 0 jazigo nao se encontre coberto com formagées de terrenos e materiais rochosos estéreis demasiado possantes; ~ e que as suas reservas sejam suficientes para cobrir as despesas efectuadas nas operagdes de remogao daqueles terrenos sobrejacentes @ adjacentes. Obviamente que, além das espessuras da cobertura de rocha estéril @ possanga do jazigo, as caracteristicas mecanicas daquela e do proprio minério € 0 seu valor comercial so factores decisivos na escolha do método a adoptar. Com efsito, estes factores possuem importante influéncia nas oneragdes ou economicidades que em cada caso originam, podendo conduzir a selecgdes diferentes. Assim, exceptuando os jazigos possantes e pouco protundos, a remogo das rochas de cobertura e ou adjacentes com caracteristicas mecnicas que exijam o seu desmonte com explosives, redundaré numa operagéo no geral demasiado onerosa, 10 no havendo vantagens econémicas na aplicagao das lavras a céu aberto em relagao as subterraneas. Numa primeira andlise bastaria comparar, neste caso, o custo total do volume de rochas estéreis a retirar nos trabalhos de preparacéo inerente & lavra subterranea, com o custo total muito maior das mesmas rochas a remover, se a exploragao fosse conduzida a oéu aberto. Uma analogia curiosa pode levar a concluir que os trabalhos de preparacdo das lavras subterraneas esto para estas, assim como os trabalhos de remoc&o dos estéreis esto para as lavras a cu aberto; quando encarados no sentido de que ambes significam trabalhos de acesso e que a anélise dos seus custos totais serio influentes na decisdo, independentemente dos seus custos unitarios simples. As lavras a céu aberto tornar-se-4o mais vantajosas no caso contrario ao citado anteriormente, isto é, quando se trate de terrenos relativamente incoerentes, portanto de dificil suporte mas de facil desmonte™, Estes conceitos dominam as exploragdes mineiras, devendo pois estar bem presentes logo nas primeiras decisées a tomar. Sabe-se como varios outros factores, além dos até agora simplisticamente reteridos, ter8o de ser devidamente ponderados quando se procede a selecgao entre os dois métodos de exploragao, como: a) configuragao geométrica relativa da rocha estéril e do minério e caracteris- ticas mec&nicas de ambos; b) teores, distribuicao da mineralizagdo, reservas e valor da extracgdo a realizar; ©) distancia no transporte de estéreis e seu modo de armazenamento; d) Areas necessdrias para as escombreiras, etc.. @) A configuragao geométrica relativa da rocha estéril e a do minério, juntamente com o volume de terrenos estéreis sobrejacentes e adjacentes, & habitualmente quantiicada através da relacdo estérii/minério e definida como sendo © numero de unidades de estéril que se teré de remover para obter uma de minério. ‘Como 0 custo da exploragao aumenta com esta relagao, havera um valor limite desta ‘© Nalguns casos a difeudade de explorar subterraneamente sob tectos de mé qualidade, conduz A deciséo de abandonar aquola lavra e optar pela Gnica possivel:alavra a céu aberto, Ainda nestes casos, 60 aspecto econémico que assiste & decisao. Citamos como exerplo os casos das minas portuguesa de Bejanca e Penamacor e da francesa de Moniredond, " para o qual a lavra a céu aberto seré economicamente menos vantajosa que a subterranea. Esta relagdo 6 um factor necessdrio, mas no suficiente, para determinar os limites da aplicabilidade das lavras a céu aberto. E que a seguranca nestas, ligada & establlidade dos taludes, impde também um limite natural & aplicagao destas lavras. b) E possivel, como se vera, estabelecer relagdes entre o teor do minério em substAncia util A entrada da lavaria e a relagao estéril/minério para diversos valores das cotagdes daquela. De tal resultaré poder concluir-se, de uma maneira geral e aprioristicamente, que as profundidades atingivels sero tanto maiores quanto mais elevados forem os teores e ou as cotagoes. As reservas do jazigo tem, como era de presumir, uma influéncia grande na decisdo; pois, em conjunto com o valor da extracgéo a realizar, vao definir a duragao da vida da mina, 0 que permitiré economicamente justificar 0 recurso a potentes eficientes equipamentos de explorago, permitindo a obtengao de baixos custos unitérios de produgao. ¢) Também as distancias no transporte de estéreis e o seu modo de armazenamento irdo influenciar grandemente a selecgdo do método e dos equipamen- tos de carga e de transporte, uma vez que os volumes de rocha a remover serdio diferentes nos dois processos a seleccionar. ¢) A aquisicao de terrenos suplementares para a deposicao de estéreis pode alguns casos influir na escolha do método de exploracéo. Como se veré, mesmo admitindo que o método de exploragao a céu aberto seleccionado permita a deposigao de grande parte dos volumes estéreis nos vazios criados pela exploragao sequencial (opencast’, ‘strip mining" ou “cut and fill); 0 facto 6 que, devido ao empolamento, ¢ para certas relagdes estéril/minério, nao raras vezes se tera de recorrer a Areas suplementares e situadas mais ou menos longe do local da exploragao. 2.2 ~ CARACTERISTICAS DAS EXPLORACOES A CEU ABERTO SUA COMPA- RAGAO E TENDENCIAS. As exploragées a céu aberto e as subterrdneas possuem determinadas caracteristicas em oposicao, pelo que as vantagens de um destes procedimentos de lavra dos jazigos minerais so os inconvenientes do outro e inversamente. Obviamente que cada uma das vantagens e inconvenientes tem o seu peso préprio em cada caso, resultando somente indefinigdes em posigdes de fronteira. S20 estas posigdes, menos evidentes e de indecisdo, que se procura esclarecer. Também 2 a importancia na ponderagao exigida no exame das vantagens e inconvenientes que caracterizam cada um dos tipos de exploragao leva a uma sua anélise pormenorizada. 2.2.1 - Vantagens das Lavras a Céu Aberto Além das duas vantagens, talvez as maiores, j4 apontadas - a simplicidade @ a economicidade ~ ainda outras, sintelizadamente, poderao ser indicadas, como: A ~ Possibilidade de melhores aproveitamentos e conhecimento do jazigo; B - Lavras, no geral, mais concentradas; C - Eliminagao, ou simplificagao, de certas operagées: suporte do tecto, ventilagao, iluminagao e esgoto; D - Melhores ambientes fisicos de trabalho; ~ Encurtamento dos tempos de entrada em exploragao; ~ Flexiblidade relativamente as flutuagdes dos mercados. A- bili meth roveits do jazigo. - Sabe-se que as lavras subterréneas s6 muito raramente atingem recuperagées dos jazigos da ordem dos 50 @ 80%, enquanto as a céu aberto permitem trabalhar com valores da ordem dos 80 @ 100%. Daqui 0 poder-se, de um modo geral, concluir que estas conduzem a melhores aproveitamentos dos jazigos. Efectivamente, nas exploragdes subterraneas, © excepto talvez nos métodos de lavra por desabamento de blocos ("block caving"), uma boa parte do jazigo nao aproveitada, sendo frequente recuperagées iguais as anteriormente indicadas. Haverd pois, nalguns casos, como nos métodos de “camaras e pilares' (fig. 1), de se equacionar o valor da substancia util nao aproveitada € 0 Seu uso Como suporte do tecto, © completo conhecimento do jazigo, sob os seus milltiplos aspectos, como € sabido, 86 6 obtido no terminus da sua exploragao; mas também se sabe que uma “© Emboratradicionalmente 06 “block caving" sejam considerados processos de lavra subterrénea, talvez udessem ser antes inciuldos num tipo misto, ou nos métodos de lavra a céu aberto com vias de acesso suibterraneas. 13 Fig. 1 - Método das cmaras ¢ pilares exploragdo mineira nao poder ser correctamente orientada se nao forem antecipada- mente previstos palo menos os dados principais de que aquela depende, o que simpli- ficadamente designamos por conhecimento actual _do jazigo e ilagdes imediatas Efectivamente, as exploragdes do tipo “open pit", dando uma visio directa, conjunta e particular do depésito mineral em exploracao, fora de qualquer divida, que habilitam Aqueles conhecimentos melhor que as subterraneas [1]. Pelas suas caracteristicas, as exploragdes a céu aberto sao, obviamente, muito menos sensiveis aos acidentes microtecténicos que as subterrneas; nao sendo raro que nestas passem despercebidas certas zonas tectonizadas dos jazigos, por no terem sido detectadas, e daf se obtendo um conhecimento insuficiente, com piores aproveitamentos. Ainda porque as exploragdes a céu aberto, pressupondo jazigos com reservas bastante subsuperficiais e até sub-horizontais, como tipo morfolégico habitual, eles sero de mais fAcil ¢ talvez de menos oneraso reconhecimento. No entanto, nao pode ser esquecido que, estas caracteristicas impdem a necessidade de neste tipo de lavra ser exigido um melhor reconhecimento do jazigo, para justificar 0 total e imediato afluxo de capitais logo no inicio da exploragao. Lembre-se ainda que, mesmo naquelas lavras que se iniciem a céu aberto com posterior passagem a subterranea, durante aquele periodo, ela permite recolher informagées valiosas: comportamento geomecdnico do minério e dos terrenos encaixantes, acco dos explosives na fragmentagao da rocha, comportamento dos futuros equipamentos de carga e de transporte, além de outros numerosos elementos 4 essenciais para uma criteriosa seleccio do método de exploragao subterrinea a adoptar. B - Lavras, no geral, mais concentradas. ~ Ainda no geral e para iguais niveis de extracgéo, as exploragées a céu aberto permitem maiores concentracdes de desmonte, o que 6 desejével por conduzirem a rendimentos e produtividades mais elevadas, com vigilancias mais faceis e barateamento dos custos. Estas concentragées de desmonte resultam fundamentalmente do uso de equipamentos mecanicos (de Perfuragao, de carga e de transporte) capazes de realizarem elevadas produgdes com baixos custos unitarios de laboragao. E que aqui, e contrariamente ao que sucede nas itagdes das dimensdes das maquinas exploragées subterraneas, nao existem (atravancamentos), podendo as suas velocidades ser também comparativamente mais elevadas [56, 57, 58]. Relativamente & vigilancia dos trabalhos e laboral, ela é notavelmente mais facil que nas subterraneas, onde, simultaneamente e como naquelas, uma viséo de conjunto das vérias frentes de desmonte nao é possivel de realizar. Em abono da verdade, aquela facilidade de vigilancia, pelo abarcar total e conjunto da exploracao a céu aberto, leva a que ela seja até, por vezes, em excesso facilitada, C - Eliminaca implificaca operacdes. - Como se sabe, nas lavras a céu aberto nao existem as operagdes de suporte do tecto e dominio dos terrenos, as quais constituem o problema mais importante das lavras subterréneas. Tal no quer dizer que, nas lavras a céu aberto ndo seja necessério dispender certos cuidados com a estabilidade dos taludes ou dos paramentos das escavagdes, o que, em certos casos, pode mesmo envolver elevados custos: ancoragens, drenagens e necessidade de fazer sucalcos (0 que iria provocar o aumento da relacdo estéril/miné- rio) @ © consequente aumento dos dispéndios da exploracao. Também este’ tipo de lavras, além de serem praticadas num ambiente psicolégico e fisico mais adaptado ao Homem, permite eliminar os gustos da ventilacao g iluminagao individual. A evacuagao dos fumos orlginados pelo rebentamento das Pegas de fogo deixa também de constituir preocupagéo, pela sua toxicidade e dificuldade na organizagao dos trabalhos e no seu planeamento, com consequente eliminagao dos tempos improdutivos. Também os perigos de incéndio expontaneo @ da inflamagao do grist, que podem ocorrer em algumas minas de carvéo, assim como 18 08 da silicose, s40 aqui nulos. Relativamente ao esaoto, ele nao é eliminado, mas, excluidas as precipitagbes pluvials directas, de qualquer modo ele é facilitado, sendo tornados muito mais visiveis, 08 niveis aquiferos. D - Melhore jentes fisic ite . — Indubitavelmente que as exploragées a céu aberto propiciam melhores condigdes de trabalho sob os pontos de vista da seguranga, higiene, psicolégico e social, constituindo estes aspectos uma das suas grandes vantagens. O trabalho subterraneo nao constitui o "habitat" proprio do Homem, que bem cedo se apercebeu deste facto. Ele processa-se, com efeito, num ambiente anti- humano, © que justifica, por certo, as maiores dificuldades de recrutamento de mao de obra para as lavras subterraneas, (mesmo melhor remuneradas) ¢ ainda porque estas exigem um tipo particular de especializagdo, cuja aprendizagem e perfeito dominio, exigem certo tempo e aptidées naturais especificas, se nao mesmo uma certa tradigao familiar. Sucede ainda que as laborages a céu aberto, predispdem a uma maior polivalénoia dos operdrios pelo facto de elas utilizarem equipamentos e operagdes comuns a outras actividades (construgao civil, obras publicas, transportes, etc.) ea sua rentes. Estes conhecida reluténcia, ou imposicao sindical, na execugao de trabalhos factos permitirao no s6 maiores facilidades de gestao, de planeamento e um mais vasto mercado de recrutamento de mao de obra, como também conferem a esta uma maior valorizagao, ampliando-the 0 mercado de trabalho fora da mineracao. Relativamente — - & famento dos tempos de entrada em exploragéo. a este aspecto, sabe-se que as lavras subterraneas impdem periodos mais longos de preparagao do jazigo para a sua entrada em fase produtiva (2 a 5 anos). Nas lavras a céu aberto, essa fase é consideravelmente encurtada, podendo até, no caso de jazigos aflorantes, ser “praticamente ula’. Contudo, nos casos em que © jazigo nao aflora, sendo necessario retirar terrenos de cobertura, 0 inicio da ©) eter que 0 ato apersigoamentoaingido na minerage pelos romanos, seria em muito boa pare, dovida a esta arte pasear obrigatoiamente dos pals para os fihos. 16 exploragao poderd ser retardado; mas, de qualquer maneira, demorando menos tempo que a periuragao das galerias ou pogos de acesso. Nos jazigos sub-horizontais, mesmo quando haja que remover coberturas estérels, 0 tempo de preparagao & encurtado, pols essa operagao poderd ser felta simultaneamente com a desmonte do minério. Estas diferencas nos tempos exigidos para a entrada na fase produtiva, sao uma das consequéncias das lavras a céu aberto poderem usar meios mecanicos potentes sem limitagdes de atravancamentos, com maiores produtividades e operando em espagos menores — concentrac&o da lavra conforme ja referido. F - Flexibii lativament flutuagdes_de mercado. - Como consequéncia do que se tem vindo a expér e ainda relativamente & maior flexibilidade elativamente as flutuacdes do mercado, sabe-se que o alto risco financeiro 6 uma das \ércia caracteristicas da indistria mineira, o qual é ainda agravado pela sua grande ou lenta reacgao as acgdes que eventualmente se tenham de vir a tomar. Sempre que as variagdes das cotagées 0 impéem, é necessério ajustar 0 “teor de corte", o nivel das extracgées a realizar, et 3,7] de maneira a optimizar ou equilibrar a gestéo da exploragao Tanto nos casos em que se impuser o aumento, como naqueles em que se impée a diminuigdo das extracgées a realizar, as lavras a oéu aberto possuem uma menor inércia relativamente &s acgdes que eventualmente se tenham de tomar, o que se traduz numa minoragao dos riscos financeiros. Acontece n&o raras vezes, que nas exploragées subterraneas a causa pode cessar mesmo antes do efeito das acgoes intencionais tomadas se manifestarem, descontrolando decisivamente a sua gestao e conterindo-the um mais elevado risco. Assim, @ sob 0 ponto de vista da mao de obra, o aumento da extracgao nas exploragdes a céu aberto, pode ser conseguido com a admissao dum muito reduzido numero de operérios e ou com a criagao imediata de mais frentes de trabalho, o que Nao 6 tarefa tao facil nas exploragées subterraneas”), Mesmo nos casos em que se impée uma redugao dos niveis de extracgao ou até, nos casos extremos, em que se impde 0 encerramento, as exploragoes a céu aberto nao acarretam, em geral, problemas sociais tao graves como as subterrineas, Naquelas situagoes de recessdo ou de encerramento temporario, é mesmo possivel ®) ‘As exploragées a cbu aberto sfc consideradas exploragtes do tivo "capt intensive’, o que sioniica Que a maior parte do capital, 6 investido na aquisiggo de equipamento. Inversamente, as lavas subterraneas, sao classificadas como exploragées de ‘mao de obra intensiva’ 7 desviar a mao de obra e o proprio equipamento para trabalhos de construgéo civi obras publicas, etc.. Vé-se assim da maior flexibilidade e da maior rapidez de resposta as flutuagdes dos mercados por parte das exploragdes a céu aberto, quer nos periodos de expansao quer nos de recessao, conferindo-lhes menores riscos financeiros, caracteristicas que as tornam capazes de melhor atrairem as atengdes dos mercados de capitais. 2.2.2 — Inconvenientes Embora, como jé dito, sejam numerosas e importantes as vantagens destes métodos de exploragao, tal n&o significa que nao Ihes seja possivel imputar alguns ingonvenientes. Como mais evidentes poderemos citar ¢ examinar os seguintes: ‘A — Profundidades limitadas da exploragao; B - Menor selectividade geral; C — Destruigdo da superticie topografica natural do terreno objecto de exploragdo, 0 qual h& necessidade de adquirir, bem como os destinados & deposicao de estéreis; D — Processamento e trabalhos sujeitos as variagdes climaticas; E - Exigéncia de investimentos mais elevados e rapidos na aquisigao de equipamentos. A - Profundidades limitadas da exploracéo. ~ Talvez que o m: inconveniente apontado as lavras a céu aberto seja o das limitadas profundi- dades. Se bem que na actualidade, e em certos casos, seja possivel atingir profundida- des que hd décadas atrés eram apenas do dominio das lavras subterraneas™, o facto 6 que existe um limite de explorabilidade a n&o ultrapassar, ou porque a sua rendibilidade se torna inferior & que se poderd obter com a exploragdo subterranea, ou porque se torna impossivel manter a estabilidade dos taludes. HA assim um limite "econémico" e um ‘natural* que podem ser malores ou menores um que o outro, Em cada caso particular, 0 menor deles limitaré a profundidade maxima que a exploragao a céu aberto podera atingir. (©) & hoje wulgar atingirem-se valores da ordem dos 200 a 300 m. A mina de Bingham nos E.U.A., com os seus 700 mn de profundidac @ 2000 m de clameto, 6 considerada a maior crtera criada palo Homem. 18 B - Menor selectividade geral. - Os métodos de exploragao subterranea, e vincadamente quando aplicados a fides de média ou elevada possanga, sao perfeitamente selectivos, pela possibilidade da néo mistura ou isolamento do minério relativamente & rocha encaixante. Tal j& ndo & possivel quando se trate de jazigos tabulares delgados, em que a largura imposta & escavagao exige que a rocha estéril seja simultaneamente desmontada, levando & degradago do teor do minério extraldo, por mistura com a rocha eneaixante, Claro que os exemplos apontados correspondem a casos em que existe uma delimitagdo bem definida entre a espessura mineralizada e a rocha estéril encaixante. Sabe-se, no entanto, que jazigos hd em que essa delimitagdo nao existe sendo entre zonas de minério superiores e inferiores ao teor limite econémico de exploragao (escilando pois até com as cotagies). Vé-se pois que o grau de selectividade a praticar numa exploragao depende, nao s6 da morfologia do jazigo em lavra, mas também do modo como esta é processada, e portanto do método de exploragéo @ do processo de desmonte seguides, além de outros aspectos, como: as economias de escala-valor da extracgao a obter, teor limite a admitir, etc. E evidente que, quando se trate de jazigos possantes - massas, stockworks, bancadas possantes de jazigos estratiformes - e com mineralizagées uniformemente distribuidas, as lavas a céu aberto, mesmo quando praticadas com grandes equipamentos, sdo tdo selectivas quanto as realizadas por outra via. Mas, de um modo geral, porque as lavras a céu aberto sao praticadas sobre frentes mais amplas, impostas e até dependendo dos equipamentos, sucede que os métodos de exploragéo a céu aberto séo de uma maneira geral menos selectivos que os subterraneos. Actualmente, e em certos jazigos explordveis a céu aberto, a selectividade nao tem qualquer interesse, interessa sim, muito mais, a quantidade (reserves) do que a qualidade (teor) do produto a tratar. Tal conduz a que se tenham presentemente desenvolvido exploragées sob fraca ou nula selectividade, interessando mais uma economia de escala pelo uso de meios potentes de exploragao: “bulk mining’. Vé-se pois que 0 grau de seleogio desejado depende ainda de factores econémicos, nos quais os volumes a movimentar e os equipamentos usados, tm uma vincada intervengao. Nao pode olvidar-se que a Preparagao do Minério se inicia com a exploragao do jazigo, sendo ela levada tanto mais longe quanto maior for a selectividade, o que pode impor limitagées nos valores da extracgéo a praticar. 19 Nos titimos anos, em Preparagdo de Minérios, tm surgido procedimentos com altas recuperagdes e baixos custos, que permitem exploragdes nas quais 0 aspecto selectividade 6 minorado. E evidente que este tipo de exploragdes apenas poderé ser aplicado em jazigos que reunam certas e determinadas caracteristicas mineralogicas, morfolégicas e econémicas (‘bulk minable deposits’), correspondendo a jazigos de elevadas reservas @ baixos teores, os quais exigem, para que selam economicamente exploraveis, a aplicagéo de economias de grande escala, e estas geralmente mais ‘compativels com as exploragdes a oéu aberto [60]. Quando se trate de jazigos de mineralizagao irregularmente distribuida, com modestas capacidades de extracgao, interessard que as préprias lavras a céu aberto tenham obrigatoriamente de ser praticadas sob um certo grau de selectividade ou de separagdo, entre minérios ricos, ou mais ricos, e minérios pobres ou mesmo estéril Tal, leva a que nestas ultimas se utilizem equipamentos menos potentes e elas proprias conduzidas de modo a evitar misturas indesejaveis de minérios, operando em degraus de altura reduzida, em detrimento dos rendimentos'™, etc.. c- igao da rficie topografica natural dos terre bjecto de exploracio - A destruigao total, ou pelo menos, temporaria da superficie topogréfica natural colide, e hoje cada vez mais, com os ambientes naturals que se procuram manter, facto que constitui um grave inconveniente das exploragoes a céu aberto. Assiste-se, no nosso tempo, a uma forte e generalizada oposi¢ao da opiniao piblica relativamente ao estabelecimento das exploragées a céu aberto. Poder-se-ia procurar saber quais os motivos desta actual manifestagao de repulsa, quando as exploragées a céu aberto sempre tiveram lugar, tendo sido mesmo as primelras a que © Homem terd recorrido na busca dos metais essenciais de que carecia. Uma das razées que se poderd apontar relaciona-se com o facto de que, °9) 56 polo que diz respeito a cistribuigko da mineralzagSo, poder-seia estabelecer uma carta analogia tenito a altura dos degraus das exploragées a céu aberto e a altura dos ps0 nas lavras subterraneas. Com efsit, so a exploragao incidir sobre jazigos regulares, rolativamente a sua morfologia e cistribukra0 dda mineralizacao, poderse-4 racorrer nas lavras a céu aberto, a auras rezodveis de bancacas (12, 15 ‘até 20 m), com todas as vantagens inerentes aos elavacios rencimentos que dai advém @ sem que 2 selectvidade seja diminuida, o mesmo sucedendo com a altura dos pisos (30 a 50 m ou mais) Nas iavras subterraneas. O inverso sera de praticar em ambos os tipos de lava, se se tratar de jarigos de mineralizagao @ morfologia irregular Como exemplo destas prétcas, cham-se alturas de degrau néo excedendo 2,5 m, nas lavas & chy abet das mins Go estnto do Morano ax ge uwie do EN Pozo do Bispo e Cunha durante muito tempo, as dimensées das exploragées, e portanto das areas afectadas, jas e nao haver necessidade que suscitasse qualquer interesse pela eram muito redi sua ulterior recuperagao. Do aparecimento, no dealbar do século XX, das primeiras p&s mecanicas a vapér, aliado ao progressivo aumento da mecanizagéo e das melhorias experimentadas na perfuragao e nos explosivos, resultou que muitas exploragées se expandissem para areas em que os terrenos possuem mais valor. Durante esta evolugao, alguns pafses, com a finalidade de proteger os seus ambientes, estabeleceram regulamentagdes punitivas, cedendo a pressées politicas, nao raras vezes baseadas em extremismos emocionais. Estas restrigoes travam o Progresso da Industria, afectando seriamente a economia desses paises. Geram-se, Por vezes, situagdes paradoxais em que, por um lado se exige que a Industria Mineira ‘cumpra com o contingente de minérios que a Sociedade necessita para a sua natural ambigao de bem-estar, quando por outro lado se criam barreiras a esse progresso “de facto ou de jure" [61]; outros paises, quanto anés mais sabiamente, conjugam os seus esforgos com a Indistria Mineira, ajudando-a a recuperar as Areas afectadas no mais curte espago de tempo. Partindo do comum reconhecimento de que, durante certos periodos de exploragao, é impossivel evitar alteragdes ambientais, acordam porém que ndo hd necessidade de perpetuar essa destruicao. A sua filosofia comum 6 baseada no facto de que /e cannot excuse oursleves nor will future generations excuse us, if we continue to exploit natural resources and leave behind devastated landscapes". Dentro desta filosofia, as empresas tém recorido a pessoal técnico especializado noutros campos de diversas ciéncias. Imensas experiéncias tm sido feitas @ os seus trutos comecam a aparecer. Muitas empresas procederam, antes do io da sua actividade, a uma inventariagdo ambiental (sob 0 ponto de vista biolégico, hidrolégico, meteorolégico, das caracterlsticas do solo, da atmosiera, dos interesses arqueolégicos das éreas de exploragao, da previsdo e impactos sécio-econémicos e culturais que poderao advir com a exploragao mineira), com o fim de apés a exploragao, a reproduzirem fielmente. Hoje em dia, muitas exploragdes mineiras dos E.U.A. sabem perfeitamente quais as correcgées que tém de ser feitas nos seus terrenos depésitos de estéreis: quais as espécies vegetais que t8m mais probabilidades de se adaptarem ¢ de melhor Contrariarem os efeitos da erosdo; quais os caudais de rega que deverdo aplicar para Fa ‘0s tomar novamente produtivos; como estabilizar os taludes das escombreiras recorrendo a sebes de arbusto e outras técnicas de fixago (consistindo na cimentago dos materiais que constituem os taludes das escombreiras), etc. (40, 44, 45]. Em virtude do que se tem vindo a expér, poder-se-é dizer que, estes métodos de exploragao exigem a aquisigao dos terrenos de superficie, das Aguas, regadios, etc., © que origina despesas suplementares; enquanto nas exploragdes subterraneas, apenas se tera de efectuar a aquisigao dos terrenos, quando se prevejam fenémenos de subsidéncia. Anecessidade de se ter de proceder & remocao de quantidades relativamente maiores de terrenos estéreis e, na impossibilidade de os depositar nos vazios criados nas zonas jé exploradas, exige o seu transporte para locais em que os terrenos tenham pouco valor e se prestem a sua deposigao e fixagao. Nas exploragées subterraneas 0 movimento de estéreis 6 muito menor, sendo possivel, salvo nos métodos por desabamento, a sua aplicagao total ou parcialmente no enchimento dos vazios criados pela exploragao. D - Processamento e suleicao dos trabalhos as variacdes meteorol6aic ~Pelo facto dos trabalhos de exploragao serem afectados pelas condigées meteorol6- gicas, resulta que,nas lavras a céu aberto, os rendimentos da exploragéo possam diminuir durante certos periodos de condiges meteorolégicas adversas e sazonais. Tal JA nao se verifica nas lavras subterréneas, em que os ambientes ndo so por aquelas praticamente afectados [97]. Sabe-se também da influéncia que as aguas das chuvas podem ter no rendimento dos equipamentos de desmonte @ de transporte ¢ nas maquinas de fragmentagao e trituragao ao humedecer os minérios a tratar (80). Também nas minas a céu aberto situadas em zonas de elevado indice pluviométrico, ou sujeltas a regimes de neves intensas, com grandes areas de exploragéo, funcionando como amplas bacias receptoras, podem ocorrer grandes quantidades de Agua que poderdo obrigar a operagdes de esgoto relevantes, com inerentes custos suplementares. E - Exigén equipamentos - Porque as lavras a céu aberlo tim uma mais répida entrada em de investimentos mais elevados dos ni exploracdo que as subterrneas, elas exigem praticamente e de imediato, a aquisigao total de todos 0s equipamentos, implicando pois, ¢ a mais curto prazo, a disponibili- dade do valor total do investimento. Tal deve-se a que, 0 tempo de criagdo do acesso 2 preparagao do jazigo para exploragao 6 praticamente nulo se comparado com 0 exigido pelos jazigos de lavra subterrénea. Também constitul inconveniente o grande porte dos equipamentos utilizados nas grandes exploragdes a céu aberto, 08 quais s40 geralmente fabricados em pequenas séries, quando no constituem protétipos fabricados por encomenda. Em qualquer dos casos, os prazos de entrega das referidas méquinas poder&o ser bastante dilatados, o que podera constituir um obstéculo ao cumprimento de programas estabelecidos. A problematica das pequenas e médias exploragdes 6 no entanto bastante diferente das grandes, Naquelas, os equipamentos utiizados sao de dimensdes bastante menores e comuns a outras actividades, nao sendo pois de estranhar que os seus prazos de entrega sejam menores, quando nao imediatos. 2.2.3 - Conclusées e Tendéncias Do balango comparativo em cada caso em estudo parece poder concluir-se, simplisticamente @ como tendéncia geral, ser ele favordvel as lavras a céu aberto. Mas hé que atentar-se nos pesos assumidos casulsticamente por cada um dos factores intervenientes. De facto, embora as permanentes inovagées tecnolégicas mantenham os dois processamentos em continua competigao, e obviamentenos casos limites, nota-se actualmente certa tendéncia ou preferencialidade pelas exploragées a Céu aberto e, muito particularmente, nos paises industrializados. O debrugarmo-nos sobre a evolugao histérica dos tipos de lavras, talvez nela Possamos encontrar, além do mais, explicagao para a actual preferencialidade verificada pelas exploragbes a céu aberto, e particularmente nos paises industrializados. Logicamente que os primeiros jazigos descobertos ¢ explorados pelo Homem foram os situados a superficie e, dentre eles, os mais ricos. As necessidades Grescentes de matérias primas minerais levaram-no, na continuidade ou por esgotamento daqueles, as lavras subterraneas. Estas, por exigitem maiores esforgos € dispéndios, pressupunham, para que a exploragao fosse possivel, que se tratasse @ trate, de minérios de teor mais elevado que os extraidos das lavras a céu aberto, Assim, e neste evoluir, os paises antigos, com certa histéria mineira e hoje industrializados, em consequéncia do seu progressive esgotamento em minérios ricos, terlam de procurar novos tipos de fontes de abastecimento para as suas necessidades. Uma seria, naturalmente, a descoberta de novos jazigos, profundos e ricos, langando mao das correspondentes tecnologias de prospecgao geofisica e geoquimica 23 que entretanto, e para satisfagao de tals imperativos, se foram desenvolvendo. Assim teriam sido, e continuarao a ser, encontradas estas formas de jazida. Na negativa ou em simultaneo com imporiagdes, aqueles palses industrializados teriam procurado abasiecer-se também langando mao de jazigos pobres e superficials de minérios complexos, caracteristicas estas que impunham que eles ocorressem sob grandes reservas e condigdes de explorabilidade a céu aberto. Complementarmente, desenvolver-se-iam as industrias de reaproveitamentos ou de metais secundérios (a partir de sucatas), em detrimento dos primétios, Aquelas exploragées, de jazigos pobres, apenas poderiam ser conseguidas recorrendo as grandes economias de escala e estas apenas compativeis com 0 uso de potentes mecanizagoes. E, com base no préprio concsito econémico de jazigo mineral, estes deveriam apresentar-se relativamente superficiais e com grandes reservas. ‘Também nao serd de estranhar que este tipo de exploragdes predomine nos paises industrializados ja que, dispondo estes de mao de obra reduzida e cara, mas qualificada, e ainda com grande facilidade de acesso & mecanizago, assim procurem aproveitar os seus recursos minerais. Naturalmente que, paises novos ¢ em vias de desenvolvimento, com valores minerais inexplorados, com mao de obra abundante e barata, percorrendo ainda o inicio da trajectéria da sua historia mineira, estario mais aptos a que neles se desenvolvam ambos os tipos de lavras mas, tendencialmente, as exploragoes subterr&- neas. Numerosos exemplos poderiam ser apresentados, comprovando o que se tem. vindo a expér. A figura 2 diz respeito a progressiva diminuigo, no tempo, do teor médio dos minérios de cobre, explorados nos U.S.A. @ ao menor contributo das lavras subterr&- neas relativamente as de céu aberto. Vé-se na fig. 2 que entre 1940 e 1975 0 teor médio dos minérios de cobre explorados, baixou de 1,2% para 0,6% Cu, enquanto que a produgao de cobre (expressa em %) proveniente das exploracées a o6u aberto, aumentou cerca de 30% [59]. 26 3 40 = mo0ugso OF COORE Hh PROVENIENTE OAS CxPLoRACOES A EeU ABERTO Fig. 2 - Progressiva variagao,no tempo, do teor médio dos minérios explorados, e maior contributo das lavras a céu aberto relativamente as subterraneas (Minerals Yearbook) gi 2 10. | CLASSES DE EXTHACGEO~ MILNES DE TONELHOAS Fig. - NUmero de minas em fungao de classes de extracgao, relativas a 1986. Outros exemplos poderiam ser apresentados; mas, continuando nos U.S.A., 25 verifica-se que, mercé das suas exploragdes de lavra a céu aberto, passou da posicéo de 5® produtor mundial de ouro em 1982 para a 3# posigéo em 1986. E 0 que pode verificar-se através da fig. 3, em que pode ser visto que as lavras a céu aberto s8o as existentes em maior nimero (cerca de 80%), @ as de mais elevadas extracgées e de contributo na produgdo de ouro (cerca de 75% laboram com extracgoes anuais entre 0,5 e 3 milhdes de toneladas) [60]. CAPITULO II LAVRA A CEU ABERTO INTRODUGAQ SITUACAO ACTUAL E PREVISOES PARA © FUTURO PROFUNDIDADE E CONTORI FINAIS DAS EXPLORACOES A CEU ABERTO. RELACAO ESTERIL/MINERIO 34 3.2 3.3 34 3.5 CONSIDERAGOES PREVIAS DETERMINAGAO ANALITICA DA PROFUNDIDADE LIMITE EM EXPLORAGOES A CEU ABERTO 3.2.1 Profundidade limite considerando os taludes_verticais, conforme Gruner 3.2.2 Profundidade limite considerando_taludes _inclinados, contort ‘orodetsky, Bogoliubov, Yumatov, Black _e Labrousse METODOS GRAFICOS PARA A DETERMINAGAO DA PROFUNDI- DADE E DOS CONTORNOS FINAIS DAS EXPLORAGOES A CEU ABERTO METODOS COMPUTORIZADOS PARA A DETERMINAGAO DA PROFUNDIDADEE DOS CONTORNOS FINAIS DAS EXPLORACGOES A CEU ABERTO CONCLUSOES CRITICAS FINAIS FRENTES DE DESMONTE E PROFUNDIDADE DA EXPLORACAO 4.1. MORFOLOGIA DAS FRENTES DE DESMONTE 4.2 DIMENSOES DOS DEGRAUS NA FASE DE EXPLORAGAO 4.3 PROFUNDIDADE A ATINGIR E ESTABILIDADE FINAL DOS TALUDES IORFOLOGIA DOS JAZIGOS MINERAIS E OS ME R, A EXPLORACAO A CEU ABERTO 5.1 A MORFOLOGIA DOS JAZIGOS MINERAIS DE EXPLORAGAO A CEU ABERTO 5.2 OS METODOS DE EXPLORAGAO A CEU ABERTO E A MORFO- LOGIA DOS JAZIGOS MINERAIS 5.2.1 Introdu¢do. 5.2.2 Classificacdes de tipo praamético 5.2.3 i ifica s de ti lidatic 5.2.4 Uma classificacdo de tipo didatico-técnicista A - Justificagao B - Grupos e subgrupos ou tipos de classificagao baseada na localizagio das escombreiras relativamente ao contorno final da explorago OS _DAS ESCOMBREIRAS NO INTERIOR E SEUS SUBGRUPOS OU TIFOS b) METODOS DAS ESCOMBREIRAS NO EXTERIOR c) METODOS DAS ESCOMBREIRAS MISTAS E SEUS UBGRUP( Tl d) METODOS DAS ESCOMBREIRAS MUITO PEQUENAS. 5.2.5 Observag6es e conclusées CAPITULO II LAVRA A CEU ABERTO 4 - INTRODUCAO Desde longa data que o homem tem recorrido a estes métodos para a explorago de jazigos aflorantes ou situados perto da superticie. ‘As exploragées mineiras fornecem produtos minerais a Humanidade ha, pelo menos provadamente, 30.000 anos. Foram encontrados na Checoslovaquia, fragmentos ceramicos que remontam ‘a0 ano 30.000 A.C., @ presume-se que os minerais argilosos para a sua confecgao foram provenientes de exploragdes rudimentares a céu aberto"”), A utilizagao dos metais 6 datada de 18.000 A.C. para 0 ouro e o cobre, de 3.700 A.C. para o bronze (cobre e estanho), e de 3.000 A.C. para 0 ago e€ 0 ferro (11) alguns dos elementos apresentados foram retirados de literatura recolhida durante visitas efectuadas ‘a diversos museus europeus da tecnologia - nomeadamente Museu da Técnica de Munique, Museu de Transporte de Luzerna, Museu Geolégico de Londres, Museu de Birmingham, Museu de Carvéo da Mina de Litri (Normandia) e Museu das Minas de Sais Potdssicos de Salzburg - Austria. Sao alguns. dos repositérios importantes da evolugdo histérica da Industria Mineira da Europa, cuja visita se considera de muito interesse, fundido"®), Assim a preferencialidade que hoje parece verificar-se pelas exploragdes a céu aberto, embora outros factores intervenham e elevados progressos tecnolégices se tenham verificado*), nao é mais que o seu retomar a partir dos mais antigos tempos. (2) parece poder-se considerar de fonte segura (62, 63], que teriam sido os Sumérios (Mesopotamia) quem em 2,000 A.C. a 3.000 A. teriam sido os primsiros fundidores de ferro, 08 quais teriam transmitido 08 seus conhecimentos & Babilénia, Assifiae Caldola. Os gregos e os romanos dominaram bem a arte, mas parece que os verdadeiros herdeiros da arte suméria teriam sido os chineses, (9) progresses Tecnaldgicos Mineiros [42, 64]: Anteriores a 2,000 ac: — Paquenas exploragées mineiras a céu aberto de “fnt’, ferro metesrico, cobre @ ouro natives. Pequenas exploragées subterréneas. Emprego de chitres de veado @ renas, como ferramentas rudimentares. Numerosos trabalhos mineiros superfciais de cobre, estanho, ouro, prata @ zinco, Indicios da utiizagao da ace8o dilerenclal do calor, provocado pelo fogo, para desagregar 2s rochas coerentes. Trabalhos subterraneos de pequena envergadura, |& com elementos de revestimento @ ventiiagao. De 1800 - 50 ac: ~ Encontram-se jé em laborago a maior parte dos minerals actuais. = Trabalhos relativamente grandes a céu aberto @ pequenas minas subterraneas, embora relativamente profundas. Algumas minas egipcas de esmeraldas atingem os 250 m de profundidade, trabalhando com 400 operérios! = Drenagens empragando alcairuzes. = Transporte manual do minério para o exterior om sacas e cestos de cabedal, através de escadas em poses. De 50 ac. - 300: Notas ou turbinas rudimentares, bem como parafusos de Arquimedes, utlizados em trabaihos de esgotos © drenagem. = Lucemnas fixas utilzadas na exploragio subterrdnea. = Algumas minas de prata chumbo espanholas atingem a profuncidade de 200 m. De 300 ~ 1.550 (Meciaval): = Muares utllizados no transporte de minério. Uslizagéo sucessiva de bombas de concepgéo primitva para drenar trabalhos mi subterraneos (até 180 m de profuncidade). = Aparecem 08 primeiros caminhos de ferro em minas. = Aplicagdo de energia mecénica na moagem e insuflagdo de ar nos fornos de fusdo de «@ galeras perturadas com a finabdade de drenar minas profundas (@ a 10 Km de comprimento). = Utlizagao de poivora (1619). = Aparocimento das primeiras barras de minas. = E publicado o primera tratado ~ "Da Res Metalica’ ~ sobre a exploragdo de minas (Georgius Agricola 1556). 1700 - 1800: = Primeira maquina a vapor aplicada a bombas de esgoto (1712). = Engenhos movidos a vapor @ aplicados & extraccdo e bombagem. Acad de caminitos de fae com cris de feo (ao de constugi som slemerton de liga) = _Infeio da maior expansio rincira conhecidana Europa, especialmente nos campos do carvéo © do ferro, 1800 - 1900: =" Introdugo da maquina de extracgao em pogos. = Aplicagao de cabos metalicos. = Ventiladores. = Primeira maquina de extracgao de carvao (1859-1860). = _Aplicagao de compressores e ar comprimido na perfuragdo (1870) e tambérn no transporte. = Uso dia eloctrcidadie na extracgo e bombagem (1880). = Desenvolvimento da prospecgao sistematca. = Sto ullizadas ae tecrias geoldgicas (estatgricas) na prevso @ localizagéo de novos, jazigos. 3t & também de notar que, 0 niimero de minerais explorados aumentou consideravelmente, pois se, nos primeiros tempos pré-hist6ricos, as exploragdes se confinavam apenas aos “flints" e argilas, nos tempos actuais a Industria Mineira explora a maior parte dos elementos que ocorrem na Natureza e, actualmente os mais sof icados (germanio, tel , etc.). E também de referir que poucos ou nenhum dos minerais cairam em desuso (mesmo os “flints* ainda hoje so utilizados, embora com fins diferentes dos de entéo) j4 que as necessidades da Humanidade oresceram e se diversificaram. A procura de minérios aumentou exponencialmente (em relagao com © progresso ci izacional e com © crescimento demogratico e trocas comercials mundiais totais) e, em consequéncia, 0 nimero de minas e principalmente a sua produgao individual sofreu aumento consideravel. Tem-se assistido também a uma continua implementagao de métodos cada vez mais sofisticados que permitem a prospecgao, 0 reconhecimento, a exploragao e © tratamento de minérios capazes de proporcionarem o equilfbrio oferta ~ procura. Também sera de interesse notar que o trabalho fisico humano fol sendo aligeirado e, ‘em grande parte, substituido pelos explosivos e equipamentos mecanicos varios. Naturalmente, como jé referido, que as primeiras exploracdes mineiras foram realizadas a céu_aberto e sempre devem ter sido as preferidas relativamente as subteraneas, desde que aquele modo de proceder 0 justiicasse ou se tornasse possivel. 2 - situa STUAL E PREVISOES PARA O FUTURO Como se disse, embora as exploragdes a céu aberto tivessem sido as primeiras a que 0 Homem recorreu, 0 certo 6 que elas apenas conheceram um [mucins de pin macnn acon a rumah no (1890). eee ee 7 oo ash de tion srs = "Salaun de inl aN acoso chs eo = Re ett sa ate anos evens see aint wl as nie pts muna inn meas, ro fees aunainr ean o8 Ce ato 32 desenvolvimento realmente espectacular na segunda metade deste século. Se, por volta de 1960, 0 “Bureau of Mines Minerals Yearbook indicava que cerca de 20% da produgao mundial de minérios era obtida com exploragdes a céu aberto, j& em 1970 a mesma fonte informativa indicava valores quatro vezes superiores, Ou Seja cerca de 80%. Assim, e reportando-nos aos E.U.A. e durante essa década, 90% da produgao de minérios de ferro e 80% dos de cobre, era proveniente de exploracées a céu aberto. Entrando em linha de conta com 0 total da produgao proveniente das minas metélicas, das nao metilicas e de materiais de construgo, essa percentagem era da ordem dos 86%. Na U.R.S.S. [36], em 1970, 50% de todos os minérios, 28% do carvao, 70% dos minérios de ferro, 75% dos de manganés, praticamente 100% dos materiais de construgao e 64% de todos os outros minérios, foram extraidos a céu aberto; e em 1880, essas quotas subiram para 52% no carvao, 80% nos minérios de ferro e nos de manganés, 100% nos materiais de construcdo e 70% para todos 0 outros minérios. Também nos paises que constituem resto do Mundo, a maior parte das produgées minerais provieram de minas exploradas a céu aberto, embora a percenta- gem indicada nao fosse tao elevada — 70% [4, 10, 11, 25, 38]. No nosso Pals, 100% dos materials de construgo, todos os minérios nao-metalicos (excepto o sal-gema e parcialmente o gesso € 0 talco), grande parte dos minérios de uranio, estanho, ferro e carvées foram, so e serdo explorados a céu aberto [43]. Actualmente, as mesmas fontes estatisticas indicam que na presente década estas percentagens referentes & proveniéncia das principais produgdes mundiais de minérios s&o ligeiramente inferiores e citam-se valores da ordem dos 75%. € claro que a relagao lavras a céu aberto/lavras subterraneas sofreu @ sofrera variagdes ao longo dos tempos, pela permanente competitividade dos equipamentos usados em cada uma delas, pelos novos procedimentos adoptados, pelas cotagées e ainda pelo prego dos combusitvels (afectando estes mais largamente as lavras a céu aberto, por efeito dos equipamentos méveis utilizados). Provando o que se acaba de dizer, no momento actual, parece voltar a verificar-se um recrudescimento do aumento das lavras a céu aberto relativamante as subterraneas, em consequéncia: 32 desenvolvimento realmente espectacular na segunda metade deste século. Se, por volta de 1960, 0 “Bureau of Mines Minerals Yearbook" indicava que cerca de 20% da produgao mundial de minérios era obtida com exploragbes a céu aberto, j& em 1970 a mesma fonte informativa indicava valores quatro vezes superiores, ou seja cerca de 80%. Assim, e reportando-nos aos E.U.A. e durante essa década, 90% da produgao de minérios de ferro @ 80% dos de cobre, era proveniente de exploragbes a céu aberto. Entrando em linha de conta com 0 total da produgao proveniente das minas metalicas, das néo metélicas e de materiais de construgao, essa percentagem era da ordem dos 86%. Na U.R.SS. [36], em 1970, 50% de todos os minérios, 28% do carvao, 70% dos minérios de ferro, 75% dos de manganés, praticamente 100% dos materiais de construgao @ 64% de todos os outros minérios, foram extraidos a céu aberto; ¢ em 1980, essas quotas subiram para 52% no carvo, 80% nos minérios de ferro e nos de manganés, 100% nos materiais de construgao ¢ 70% para todos os outros minérios. Também nos paises que constituem o resto do Mundo, a maior parte das produgées minerals provieram de minas exploradas a céu aberto, embora a percenta- gem indicada nao fosse tao elevada ~ 70% [4, 10, 11, 25, 36]. No nosso Pals, 100% dos materiais de construcdo, todos os minérios Nao-metalicas (excepto o sal-gema e parcialmente o gesso eo talco), grande parte dos minérios de uranio, estanho, ferro @ carvées foram, sao @ sero explorados a céu aberto [43]. Actualmente, as mesmas fontes estatisticas indicam que na presente década estas percentagens referentes a proveniéncia das principais produgdes mundiais de minérics so ligeiramente inferiores e citam-se valores da ordem dos 75%. E claro que a relagao lavras a céu aberto/lavras subterraneas sofreu e sotreré variagBes ao longo dos tempos, pela permanente competitividade dos equipamentos usados em cada uma delas, pelos novos procedimentos adoptados, pelas cotagoes @ ainda pelo prego dos combustivels (afectando estes mais largamente as lavras a céu aberto, por efeito dos equipamentos méveis utilizados). Provando 0 que se acaba de dizer, no momento actual, parece voltar a verificar-se um recrudescimento do aumento das lavras a céu aberto relativamente as subterraneas, em consequéncia: = do grande ntimero de jazigos aflorantes surgidos, adaptaveis aquele tipo de exploragdes (sendo exemplo tipico os jazigos de ouro em “greensto- nes", com minétios tratados por cianetagéo, em “heap leaching” e/ou “dumps leaching", sé a exigirem fragmentagoes grosseiras ¢ tornarem aplicdveis as lavras denominadas "bulk mining’); ~ @ da actual tendéncia ao emprego das telas transportadoras, mesmo em longas disténcias, em substituicao do transporte por frotas de camides, consumidores de combustivel e impondo mao-de-obra. 3 - PROFUNDIDADE E CONTORNOS FINAIS DAS EXPLORACOES A CEU ABERTO. RELACAO DE ESTERIL PARA MINERIO 3.1 - CONSIDERAGOES PREVIAS Repete-se que as exploracées a céu aberto se impdem econémica e portanto tecnicamente, quando se trate de jazigos minerais: — possantes e aflorantes ou — com terrenos estéreis de cobertura nao demasiado espessos. Ha ainda alguns factores dos quais pode depender a escolha entre este tipo de exploragées @ as subterraneas, como: — as caracteristicas mineralégicas e mec&nicas do minério e da rocha estérl encaixante; = 0 valor comercial do minério; a profundidade prevista para a exploragao, e a = topogratia e o valor dos terrenos de superficie, etc. Em muitos casos, a selecgo entre aqueles dois métodos de exploragao & 6bvia, nao oferecendo qualquer divida, @ os jazigos correspondentes sao exclusiva- mente explorados por uma destas vias; mas, outros hé em que aqueles referidos factores influentes conduzem a que a exploragao se inicie a céu aberto @ passe posteriormente a subterranea. Necessario se torna entao fixar “a priori", e com certa precisdo, qual o limite em profundidade, a partir do qual, se justificard a passagom de um tipo de lavra ao outro. Este problema preocupou e tem sido objecto de antigos tratadistas [5, 8,70, 78] © estudiosos actuais [12, 13, 14, 21, 36]. A determinag&o deste limite baseia-se em comparagbes econdmicas dos custos para cada um destes procedimentos. Sabe-se, a partida, que os custos unitarios das exploragdes subterraneas s4o, no geral, mais elevados que os praticados a céu aberto; que estas so tanto mais econémicas quanto mais préximas da superficie forem realizadas, e que os acréscimos dos custos com a profundidade assumem valores maiores nestas que nas exploragdes subterraneas. Resulta assim que 0 problema da determinagao do limite econémico das exploracdes em profundidade se poe mais rapidamente nas exploragées a céu aberto que nas subterraneas‘™? e, nalguns casos daquelas, a passagem de um a outro tipo de lavras. O que se acaba de dizer pode facilmente ser observado através das figuras n?s4e5. Afig. 4 traduz uma representagéo gréfica, na qual se indica em ordenadas os custos unitdrios de exploragao do minério desmontado (tanto para as lavras a céu aberto como para as subterraneas) em fungo das correspondentes profundidades da exploragdo que séo marcadas em abcissas. Nela se vé que ~ H ~ representa a profundidade do limite econémico da exploragéo a céu aberto, por interseccdo das linhas representativas dos custos de cada um destes tipos de lavra. A fig. 5 explicita, para um tipo de jazigo escolhido, as variagbes que se vo operando com o aprofundamento das lavras a céu aberto, terminando por definir 0 seu valor limite & profundidade H. De facto, 0 prego de custo total da exploracéo a céu aberto por unidade de volume de minério ~ pa - podera ser determinado através duma expresséo como a seguinte: pa = pm + Rip + po"; em que se representa por: “© Na biblograia consultada sobre este assunto, alguns autores consideram a existoncia nfo de um, mas sim de dois limites de profundidade nas exploragdes a c6u aberto: © econémico @ 0 natural, sendo aquele resutante da viabilidade econémica da expioragao e este iitino imputavel a cificuldade em ‘manter a establidade dos taluces a partir de determinada profundidade. Em nosso entender, julgamos {que neste titime caso, 6 ainda 0 critério econémico que define o limite da profundidade que ser& Possivel ser atingida, j4 que tecnicamente a estabilidade dos taludes poderd ser mantida para qualquer Rivel, tudo dependendo dos processos utilizados © dos custos resultantes, (> Expressio simpliicada, 6 horizontal, embora se marginal foi estabelecida admitindo, como todos os tratadistas, que a érea superficial a que ela possa ter importancia relevante @ também que a exploragao & custo DA exeLonacéo ‘sma wine ———— PROFUNDIOADE Of EXPLORACAO Im! Fig, 4 — Variagdo genérica dos pregos de custo das exploragdes a céu aberto (pa) © das subterrneas (ps), com a profundidade Fig. 5 - Explorago de um jazigo sub-vertical. H representa o limite econémico em profundidade da exploragao a céu aberto pm ~ 0 prego de custo de desmonte e de transporte da unidade de volume do minério; R - a relagao estéril/minério em volume; - _ oprego de custo de desmonte e transporte da unidade de volume de estéril; Po- 08 pregos de custo totais fixos por unidade de volume de minério extraido; Ps - custo total da exploragdo subterrénea por unidade de volume de minério. A grande diversidade de factores e de condigées intervenientes no estabeleci- mento do prego de custo das exploragées subterraneas - ps ~ levam-nos a que ele, para este efeito, seja simplificadamente apresentado nas expressées a seguir por um simples parametro, embora se saiba que ele seja susceptivel de uma maior decompo- nibilidade, A vantagem econémica das exploragdes a oéu aberto sobre as subterrineas justifica-se, como j4 referido, enquanto for valida a expressdo: pas ps ou seja, quando, pm + Rip + po Py; entao vird que dx v = P, @ desta expressao e da fig. 6 poder-se-A concluir que: Fig. 6 - Célculo da profundidade limite duma exploragao a céu aberto (Gruner) vehxLxe Logo, sera dxLxexh>P, e como Lx ¢ representa a area superficial do jazigo tem-se: dxh>pxH+C. Substituindo nesta expresso o valor de h = e/cosi e explicitando-a em ordem aH, obtem-se a expressao final: Da anélise desta expressao final de Gruner conclul-se ser a profundidade tanto anto 9 for também. Por certo que foram também as relagdes dos custos das lavras a céu aberto 42 e subterraneas, que ao tempo de Gruner, levaram a que, durante muito tempo, se considerassem como recomendaveis profundidades nao superiores a 5 vezes a possanga (H < Se). Este valor & hoje largamente uttrapassado em inimeras explora- ges. \Vé-se de imediato deverem estas conclusées ser encaradas sob reservas, pois 6 admitido que os taludes da exploragao sao tidos como verticals, o que se sabe ndo corresponder & realidade. Mas, resulta ainda da expresso de Gruner que, no caso dos Jazigos verticais (cos i=0), a profundidade seria infinita, o que nao é exacto, pois & medida que a exploragao progride em profundidade, o volume de terras a desmontar aumenta rapidamente, limitando a profundidade (fig. 5). E que a expresso dada por este autor aplica-se a jazigos tabulares horizontais ou sub-horizontais, e foi deduzida considerando um paralelipfpedo quadrangular e taludes verticals. Ora os taludes verticais ou préximos da vertical s6 existem em casos particulares'"”). 3.2.2 Protundidade limite considerando taludes inclinados conforme: Gorodet- ky, Bogoliubov, Yumatov, Black Diversos outros autores, além dos referenciados, apresentaram expressoes analiticas mais generalizaveis que a de Gruner, considerando os taludes das exploragdes a céu aberto nao verticais, 0 que as aproxima um pouco mais da realidade, Todas elas admitem também que o limite em profundidade das exploragdes a céu aberto é atingido quando os pregos de custo unitario dos dois tipos expressos em minério Util so iguais e que os jazigos assumiam a morfologia de sélidos geométricos regulares. As expresses que a seguir se apresentam, nao sao pois mais que tentativas de maior aproximagao & realidade, mas enfermam ainda todas elas de considerar como horizontal a superficie topografica da rea da exploragao do jazigo, eo volume da exploragao assimilavel a sélidos geométricos regulares, 0 que se sabe s muito excepcionalmente poder verificar-se. a) A profundicade limite - Hx - para o autor russo Gorodetsky, é dada por: ps - pa Pp coig 7 + colg 7” e po Hx = +S «he, Pp (°7) Uma quase verticalidade dos taludes 6 verificada em exploragées de certas padreiras de marmores, ») em que pS, pa, p, ee tém o mesmo significado anterior, € po representa ‘0 custo de remogo dos terrenos de cobertura e 7 e 7' 840, respectiva- mente os Angulos de talude das rochas encaixantes do muro e do tecto do jazigo, conforme a fig. 7. Bogoliubov [36] considera a expressdo do seu compatriota Gorodetsky pouco precisa, afirmando que ‘os dados iniciais geolégicos e de exploragao, que Ihe serviram de base, sdo imprecisos". Jide ete) cat Partindo da igualdade entre a relagao estéril/minério maxima possivel ¢ a marginal, este autor calcula a profundidade limite pela expressao: pe 2 (re RS + 1) -F coigy + cotgy * ‘em que as letras e, 7, 7’, @ RS tém os significados jé atribuidos, ¢ em que Cr e F correspondem: Cr = coeficiente de recuperagdo do minério; F - largura minima da ditima bancada ou praga final, Este autor preconiza 0 emprego da expresso anterior para jazigos de grande andamento relativamente & profundidade; enquanto parajazigos de andamento limitado (C/H < §), nos quais se justifica ja considerar a remogao de estéril das zonas terminals, propde a expressao: H = 0.25 tg B[V (C + + 4CL Cr RS - (C + @)] (condidera os ngulos de talude laterais verticais e iguais a 8). Para o também especialista russo, Yumatov [36], 0 célculo da profundidade limite da exploragao a céu aberto deve basear-se, nao na igualdade das relagdes estéril/minério consideradas pelos autores anteriores, mas sim na igualdade entre a relagdo estéril/minério economicamente desejavel ¢ a marginal. Este autor, contrariamente a todos os outros considerados, introduz a nogao de lucros finais admissiveis da exploragao. Ainda para Yumatov, a profundidade das exploragdes a céu aberto devera ser obtida mediante dois estégios: num primeiro seria determinada uma profundidade com base nos custos correspondents a despesas minimas; num segundo seriam estabelecidas variantes, seleccionando-se aquela que conduzisse ao menor custo. A profundidade Ho correspondente ao primeiro estégio e de acorde com 8, seria dada pela expressao: -b + Jb? + 2aR5xCxe a Ho (metros), na qual: a =n (cotg 81 + cotg 82) cotg 6; b = 2x cotg xe + C (cotg 81 + cotg 62); RS = Ré4 — relacdo estéril/minério marginal m°/m°; @ = possanga média do jazigo; B1, 82 ~ inclinagées finals dos taludes laterais; 6 ~ inclinagées finais dos taludes dos topos da exploragao; C - andamento do jazigo (m). Fig, 8 - Profundidade maxima de exploragao (Yumatov) 3) No segundo estégio, correspondendo a uma fase de maior aperfeigoamen- to, e depois de determinado Ho, consideram-se varias variantes com profundidades entre 1.3 e 1.4 Ho, uma vez que, para este autor, a variante correspondente ao custo minimo (Cm) cai dentro destes limites. A formula geral utilizada para 0 cdlculo dos custos 6 [36] Om = Ca + li. Bir, na qual se representa por: Ca - custos anuais de exploragao; |i — juro do capital investido; Zin investimentos feitos para o arranque da exploragao e manutengao da capacidade produtiva. A profundidade limite, sequndo Black, ¢ uma consequéncia do facto intuitivo de, salvo para as exploragées de jazigos horizontais ou sub-hori- zontais localizados em zonas de topografia plana, a maior parte das exploragdes mineiras a céu aberto se tornarem cada vez mais profundas, & medida que progridem. Daf resulta que se obtém uma diferente relagao estéril/minério para cada perfodo de vida da mina, com incidéncia particularmente importante dos angulos dos taludes. Para este autor [12], esta relago 6 uma fungao de trés factores: — forma, dimensdes e comportamento do jazigo; = topografia dos terrenos de superficie; — geometria das escavagdes. Considerando fundamental a fixagao dos angulos de talude para o estabelecimento da profundidade limite, estabelece para eles dois valores limitativos: um ‘superior’, acima do qual a seguranga pode ser afectada, eum ‘inferior’, abaixo do qual a exploragao deixa de ser lucrativa. E tarefa importante do projectista a fixagao de um valor intermediério, para o que tera de recorrer-se a consideragées de ordem técnica e econémica por via gréfica @ ou analitica. Este autor chama a atengao para 0 facto de, numa exploragao cujas dimensdes sejam de 1500 x 1200 x 300 m, uma variagao de 1* num Angulo de talude inicial de 30°, poderé evitar a remogao de 2.10® toneladas e que para 10° essa diminuigao seré de 220.10° toneladas. este MINERIO Fig. Com base na fig. 9 conclui que, sendo: Vt - volume total (minério + estéril) © Vo - Volume de minério, se tem que: Vt = H/6[C'.L’ + (C+ OL’ + UCU = Fyth),e Vo = H.C.L = f,(h), e que: C=C + 2Hoolg 8 = fyih),e Li = L + 2H cotga = f,(h). A partir deste valores é possivel determinar a relacdo estéril/minério marginal e a diferencial. Q autor francés Labrousse [21] admite que qualquer das relagdes estéril/minério aumenta com a profundidade, segundo um polinémio do 29 grau, verificando-se que, a partir de um certo valor, os custos unitarios da exploragao a céu aberto iguaiam os da subterranea. Partindo também de hipéteses teéricas e simpliicadoras (superticie do solo horizontal, Angulos de talude constantes, fildes verticais de possanga constante em profundidade, definidos pela sua superficie $ e perimetro P, correspondentes & tltima bancada) determina que a profundidade limite H ‘ocorre numa expressae em que a relago estéril/minério marginal Ry & dada por: pene HV H? H°S “tge S ge a ‘Com base em expressées analiticas deste tipo 0 autor recorre, compiemen- tarmente, a abacos que permitem determinar, néo sé a profundidade limite (H), mas também os contornos finais da exploragao, introduzindo-Ihe ainda correcgées influenciadas pelo ntimero de bancadas e por efeito das de acesso. 3.3 — METODOS GRAFICOS PARA A DETERMINACAO DA PROFUNDIDADE E DOS CONTORNOS FINAIS DAS EXPLORAGOES A CEU ABERTO Conforme o anteriormente exposto, para a determinagao da profundidade e dos contornos finais nas exploragSes a céu aberto por métodos analiticos, era, simplisticamente, de concluir da sua muito reduzida aplicabilidade. Os processos graficos surgem-nos de emprego mais genérico e preciso, pela sua simplicidade @ mais facil adaptagéo as irregularidades morfolégicas dos jazigos. ‘Assim, parece-nos que aqueles serao talvez de empregar como uma primeira aproximago do valor provavel limite da profundidade, ¢ introduzir, de seguida, os necessérios ajustamentos utilizando os processamentos graficos. Situando-se na fase do Projecto Mineiro, que se ocupa fundamentalmente da extracgao do minério de um jazigo suficientemente reconhecido (sem preocupagao das fases situadas a montante desta e as de juzante da dos problemas relativos & valorizagao dos minerais e &s InteracgSes entre os reconhecimentos geoldgicos os mineraldirgicos), Benjamin C. Koskiniemi [10]""® coligindo diversos trabalhos de varios autores (Sodeberg @ Rausch [4], Popov [36], Sheviakov [65]), propde o seg processo gréfico, de que se apresenta em seguida as suas linhas gerais. A elaboragao de um Projecto Mineiro circunscrito ao contexto que anterior- menie foi fixado, contempla as seguintes fases esquematicamente representadas na fig. 10. Estas etapas, como é sabido e se verifica através da figura anterior, nao sao pois sequenciais, mas derivam de ligagdes interdependentes. Por exemplo, 0 céloulo sta exige 0 conhe- das reservas 86 6 possivel depois de definida a contiguragéo final; (18) Membre do Michigan Collage of Mining and Technology, USA. Fig. 10 cimento dos pregos de cusio e estes, por sua vez, dependendo da extracgao anual, acabam por ser fungao da determinagao das reservas. E um ciclo semethante ocorre ma determinago dos contornos finais. Estes, como se sabe, baseiam-se na fendibilidade marginal das ultimas toneladas de minério extraido; 0 custo destas depende muito dos custos de transporte e portanto da profundidade e da configuragao final. \Vé-se que a elaboragao de um Projecto Mineiro se ira basear numa série de tentativas que se vao aproximando cada vez mais da solucdo éptima “Vingt fois sur le metier...", como diz P. H. Bastid [19, 67]. Assim, a determinagao do contoro final aparece como o passo primeiro e fundamental dessa série de aproximagées. Koskiniemi [68] apresenta-nos a seguinte marcha geral esquematica para um caso particular de um jazigo de cobre: 1) Os contornos sao definidos por um conjunto de secgdes verticais, transversal e longitudinalmente ao jazigo e radiais nos seus extremos. 2) 3) 4) 49 Em cada uma destas secgdes, além de se representar a superficie topogréfica, deve 0 jazigo ser dividido em blocos relativamente aos quals se conhega, pelo menos 0 indice de mineralizacao e os pesos espectiicos, para que seja possivel determinar as relacdes estéril/minério (em m?/ton. ou ton./ton.). Os Angulos de talude que se pretendem implantar nas diversas seogdes verticais, devem ser os correspondentes a Angulos médios aproximados, incluindo rampas e vias de acesso (fig. 11). Os contornes ou configuragdes finais so localizadas em cada secgdo transversal e de maneira a que 0 teor de minério, ao longo das linhas representativas desse contorno final, suporte uma relagao estéril/minério de acordo com curvas previamente estabelecidas e anélogas as represen- tadas na fig. 12. ‘Apés a localizagéo dos contornos finais em cada uma destas secgbes, os pontos de intersecgaio daqueles com as superficies topogréficas da superficie e do fundo sao transferidos para uma planta geral como a que se representa esquematicamente na fig. 13. 5) Procede-se de seguida a anélise de cada nivel horizontal dividindo a exploracao por sectores afim de se verificar se as relagdes estéril/minério 51 maximas possiveis nao séo neles excedidas. 6) Se existirem alguns sectores anormais, 0 projecto teré de ser revisto. Ainda P.H. Bastid [19, 67] propée um método grafico semelhante ao anterior, mas mais expedito, embora apenas aplicavel numa fase de desengrossamento e mais adaptavel a jazigos que apresentem grande andamento. A novidade deste processo 6 a utilizagao de uma matriz transparente que se sobrepde aos cortes verticais do jazigo. 3.4 - METODOS COMPUTORIZADOS PARA A DETERMINACAO DA PROFUNDI- DADE E DOS CONTORNOS FINAIS DAS EXPLORAGOES A CEU ABERTO ‘A aplicagéo dos métodos computorizados @ Engenharia de Minas e em particular ao ramo da explorago mineira, tem sido um campo de inimeras e produtivas investigagoes. A necessidade de investigar um grande numero de projectos alternativos em curto espago de tempo justifica o recurso a estas técnicas. E vasta a bibliografia relativa a este assunto [17, 19, 20, 67, 69, 71, 73, 74], sendo nela de destacar o trabalho de Young C. Kim que, s6 por si, se baseia numa longa lista de autores cujos contetidos pretende sintetizar. Embora nao esteja no &mbito deste trabalho tratar este problema como matéria de fundo, considera-se no entanto que devido ao seu interesse ele soja abordado nas suas linhas gerais. ‘Amarcha seguida no estabelecimento dos contornos finals de uma exploragao mineira pelos métodos graficos e autométicos com recurso aos computadores (CAD ~ Computer Aided Design) so muito coincidentes. Sendo assim, considera-se que 0 computador deve ser entendido como um éptimo auxiliar ocupando-se com muita precisdo e rapidez de varias tarefas repetitivas, monétonas e cansativas, libertando 0 projectista para “tarefas mais criativas, para as quais ele foi preparado e treinado" (69. Hoje em dia numerosas e conceituadas firmas forecedoras de "software" oferecem elaborados programas para a resolugao deste tipo de problemas, que possuem caracteristicas que os tornam aliciantes: = 880 compativeis com um grande ntimero de marcas ¢ tipos de "hardware" (‘main-frame" e micro ou minicomputadores); € = 08 programas podem ser utlizados por qualquer pessoa, quer saiba oundo qualquer linguagem de programagao. Considera-se acertado este rumo de acontecimentos, pois veio “desmistificar” um precisoso auxiliar que muitos receavam. Anteriormente, nao era raro deparar-se, em muitas empresas, com situagdes nas quais os responsdveis sabiam muito bem o que queriam obter do computador, mas nao se encontravam disponiveis para o uso daquele procedimento quando deles se acercavam os que, conhecedores da computagao, desconheciam a problematica da empresa", tratamento computorizado da determinacéo da configuracéo final duma exploragao mineira, exige um intenso trabalho de preparacdo, aliés muito semelhante, com jé referido, a0 exigido pelos métodos gréficos @ até aos analiticos que inclu; 1) Modelizagao do jazigo - Em que se procede & divisdo do jazigo em blocos identificados pelas suas coordenadas (X, Y, Z), contendo, além do teor, outros factores codificados de importancia para a fixagéo dos contornos finais (tipos de rochas, mineralogia, caracteristicas metalirgicas, tragos de elementos @ potenciais subprodutos, etc.). Nesta modelizagao do jazigo, nao deve ser esquecida a supericie topogritica, Areas habitadas, cursos de agua, etc.. 2) Angulos de talude - Determinagéo do Angulo de talude pratico (n), recorrendo a estudos de mecanica das rochas, experiéncias prévias, exigéncias de seguranca e dimensées dos equipamentos a utilizar 3) Altura das bancadas - E outro parametro que tera de ser previamente fixado. E, como se sabe, fungao da selectividade, da dimenséo dos equipamentos e da estabilidade dos taludes. A seleccao da altura das bancadas é uma decisdo que se ird reflectir nas dimensdes dos equipa- mentos de carga e transporte, nas larguras das vias e noutros items. Uma vez iniciada a exploragao com uma dada altura de bancada, sera muito dificil alteré-la posteriormente. A altura da bancada repercute-se na altura dos blocos da modelizacdo do jazigo, pelo que na maior parte das vezes ha vantagens em igualar esses dois valores. 4) Cortes e plantas - Ha que elaborar também uma série de cortes e plantas de trabalho, que podem ser tragadas & mo ou obtidas com 0 auxiio de (9) Este divércio conduziu ao facasso de muitas tentativas de computorizagao aplicadas a problemas *écnicos, pois cada empresa ou cada mina tem a sua problematica propria, © que nao acontecia aos problemas de indole administrativa, mais gerais, 0 gue motivou que os piimeiros computadores instalades em muitas minas tivessem apenas um funcdo meramente administativa 53 plotters". Estas pecas desenhadas permitiréo implantar as pragas finais, as vias de acesso e rampas, e as direcgdes das frentes de avango. © estabelecimento dos contornos finals, 6 obtido a custa de uma série de tentativas denominadas na linguagem da especialidade de ‘pushbacks, phases ou increments", Esta operagao significa uma diviséo ou subconjunto légico do contorno final que contenha minério suficiente para manter o nivel de extracgdo constante durante um certo periodo de tempo. O dimensionamento destes “pushbacks" é fungéo, além de outros factores, da dimensao dos equipamentos e do nivel de extraccao. Na fig. 14 apresenta-se, nas suas linhas gerais, o diagrama ou “flowsheet* seguido nos sistemas computorizados. Programa para determinacao dos contornos finais™” ‘A escavagao provocada pela exploragao é definida pelo programa como afectando a forma de um cone em que o vértice representa 0 fundo, ou a praga final, ¢ a sua base a superficie topogréfica. © complemento de metade do seu angulo 6 igual ao do talude. © programa calcula quais os blocos, ou as suas partes que caiem dentro da explorago. Seguidamente, percorrendo todo o referencial de blocos com o arranjo cénico acima mencionado e fazendo 0 bloco da base ocupar as posigdes de todos os blocos do jazigo, nivel por nivel, 6 possivel determinar qual © bloco da base que corresponde a um arranjo cénico, contendo o maximo teor recuperdvel. Selecciona- se desta forma, e numa primeira aproximagao, 0 arranjo cénico de blocos que contenha © maior valor econémico da substancia ist Com este programa pretende-se assim seleccionar, por tentativas, qual 0 sub-conjunto de blocos interiores ao jazigo que, respeltando condigdes geomecanicas de estabilidade e condigdes técnicas de dimensionamento, conduza a uma escavagao a céu aberto optimizada [71]. ©) Connacem-se dois processos distintos de tratamento por computador, para a resolugéo deste problema: =O algortmo de Lerch-Grossman e A técnica dos cones miitipios ou deslizantes: (69, 71, 73}. [A descrigéo geral que se apresenta, retere-se a esta ultima técnica. TSTABELECIMENTO DR BASE OU PRAGA FINAL PROGRAMA DA DETERMINACAO 0 CONTORNO FINAL, CONTORNG FINAL GERADO PLO compurapor “Ee | \ COMPARAGAO | eee) Reservas | CALCULA DAS _ rusnaace, wio a ANALISE FINANCEIRA Fig. 14 - Diagrama dos sistemas computorizados REPOSICAO DO MODELS INICIAL ~T 55 Quanto aos limites laterais, eles s6 podem ser definidos atendendo a consideragées de establlidade dos taludes. Estas, para cada caso concreto, exigirao uma determinagao prévia do angulo méximo admissivel para o talude geral da escavagao estabelecido de acorde com um factor de seguranga aceitavel, o que dependeré da intuiggo e da experiéncia de quem conduz 0 projecto. Comparacao do programa "Matching Program” Em virtude do angulo de talude depender intimamente das dimensdes dos blocos, s6 por mero acaso estas titimas coincidiréo no contomo final da exploragao. Assim, em ordem a definir uma dimens&o mais apropriada dos biocos, haverd que supor todo 0 volume desmontado correspondente ao arranjo éptimo jé referido estudar as condigdes de estabilidade da cavidade assim obtida, fazendo uso de critérios geomec&nicos apropriados. CAlculo das reservas ‘Ore reserves output © cAlculo das reservas dependeré do minério que se vai explorar, dos teores de corte e do que o projectista pretender. Da analise do caloulo das reservas, 0 projectista poderé entao analisar os resultados do ‘pushback". A viabilidade econémica 6 0 tilimo dos factores a ser analisado. © éxito econémico do "pushback’ é fungao de: = relagao estéril/minério; — custos da exploragao; — condigdes impostas pela lavaria; = teor de recuperagao da lavaria e = prego de venda do produto final. Se 0 "pushback* nao for aceitavel 6 reposta a modelizacao inicial e efectua-se um “pushback’ diferente. Se ele satisfizer 0s critérios considerados aceltéveis, projectam-se outros até que 0 jazigo modeiado seja explorado. Os varlos "pushbacks" ‘so entdo calendarizados e processa-se uma anélise financeira detalhada, reak even analysi O aiitério geralmente utiizado 6 0 seguinte: a) Na fase de exploragao do contorno final, é condig&o necessaria para que a mesma seja economicamente vidvel, 0 facto de a relaco estéril/minério global ser inferior & relagdo estéril/minégrio maxima admissivel (R3). b) Na fase de expanséo lateral do contorno final, depois de atingida a profundidade limite, & suficiente que a relagdo estérii/minério diferencial seja inferior & relacao estéril/minério maxima possivel (R2), pois nessa fase dos trabalhos supée-se que a maior incidéncia das amortizagdes j& terminou. P. H. Bastid cita dois tipos de programas de computador, que permitem desenhar os contormos finais das exploragées a céu aberto. = Oprimeiro ‘constroi’ os contornos finais a partir do fundo da exploraco, dos angulos de talude e da topografia. O cemputador forece um "output" do contorna final @ um calculo das reservas nele contido. - © segundo desenha um contorno final optimizado a partir do valor dos produtos em todos os pontos do jazigo e do lu ro marginal Este autor, na empresa "Socomine" (minas de ferro da Mauritania), fez um estudo comparativo entre 40 projectos feitos “& méo" por processos gréficos da mina de Tazadit 1, e 5 determinados por programas de computador recorrendo ao algoritmo de Lerchs et Grossman. Fazendo corresponder a cada contorno obtido um ponto do referencial reservas/(relagao estéril/minério), verificou que os contornos finals obtides pelo segundo processo sao realmente optimizados (fig. 15). © algoritmo de Lerchs e Grossman tem um caracter mais tedrico que a dos cones miitiplos e consiste numa técnica de optimizagdo em que se recorre a teoria dos graios [71]. Uma das criticas que se Ihe tém feito 6 a de ter sido idealizado para jazigos semi-horizontais. No entanto, 0 simples bom senso poderd superar esta aparente limitacao e |& existem programas que permitem a sua aplicagao a diferentes tipos morfolégicos de jazigos (87, 71] 87 = Contorno final obtido a pattir do algoritmo de Lerchs et Grossman. © = Contomo final obtido manualmente por processos gréficos a partir de um programa nao optimizante. Fig. 15 3.5 - CONCLUSOES CRITICAS FINAIS Pelo que se tem vindo a expor conclui-se que, actualmente, os métodos computorizados tém vindo a substituir gradualmente os métodos analiticos e gréficos. No entanto, estes tltimos, nao so seguramente uma “arte perdida’, como afirma Koskiniemi [68]. E que, mesmo com 0 tratamento por meio de computadores denominados autométicos, é necessario nas fases preliminares e finais uma certa interferéncia e recurso aos processos graficos. De facto, estes representam até a melhor maneira do téonico conhecer © seu jazigo, 0 que Ihe transmitiré a confianga necesséria para “acreditar’ nos resultados por computador. A utllizagao do computador deve ser entendida como uma ferramenta de trabalho [15], cujo sucesso dependerd da justeza dos dados introduzidos e nele memorizados, e principalmente des conhecimentos, da sensibilidade e da capacidade técnica da pessoa que os utiliza, Em nosso ver cremos que © senso pratico e critico desempenham uma parte importante do sucesso do seu emprego. Consideramos também oportuno, ao encerrarmos este assunto, a alusdo a uma série de adverténcias compiladas ao longo da investigagao bibliogréfica realizada, e que néo devem ser esquecidas sempre que se enceta um trabalho deste tipo: a) A determinagao dos contomes finais duma explorago a céu aberto antes, de se dar inicio aos trabalhos baseia-se na verificagdo da coeréncia entre 0s objectivos de ordem econémica e as solugdes de cardcter técnico para os atingir, baseado em simulagées [15, 16]. b) Nao existem métodos universais. Cada mina deve ser encarada como um caso particular [16], pois cada jazigo e minério so sempre casos particulares, evoluindo no tempo e no espago. ©) A configurago obtida inicialmente, por mais elaborada que seja, nunca passara de uma estimativa. A determinagao da configuragao final 6 um processo dinamico que se vai corrigindo a medida que os trabalhos vao progredindo. ¢) Assim, ena gener lidade dos casos, nas estimativas dos contoros finais para andlise prévia da viabilidade dos projectos ¢ preferivel adoptar ji-los contornos um pouco mais largos. Durante a exploragao é facil corri com base nos dadas reais da exploragao, sendo o contrario praticamente impossivel ou muito dificil, quando se atinge uma certa profundidade [75]. ©) A comparagao entre os custos da exploragio a céu aberio e da subterranea da Ultima bancada ndo é tarefa fécil pois que as reservas de minério exploradas nos dois casos nao so iguais - a exploragao a céu aberto engloba todo o minério, enquanto que a subterranea no abrange pequenos niicleos que possam existir mais ou menos afastados. Também ‘os teores de corte e as unidades ou dimensées dos desmontes sao muito diferentes nos dois casos [75]. Juigamos que o uso da computadorizagao tem um particular interesse na fase de decisdo da entrada ou nao em exploraco, pelas potencialidades que oferece, mas os resultados obtidos nao dispensam uma boa anélise critica, 4 - FRE} EE PROFUNDIDADE DA EXPLORACA( 4.1 - MORFOLOGIA DAS FRENTES DE DESMONTE Desde longa data é sabido que as exploragdes a céu aberto sao tipicas dos jazigos superficiais ou subsuperficiais processada em decraus direitos e estas conduzidas frequentemente mesmo num nico degrau. No entanto, como elas tém cada vez mais vindo a ganhar terreno, permitindo exploragées de jazigos relativamente profundos, obviamente que a sua condugéo em degraus miiltiplos é a mais frequente. Assim, a frente geral de desmonte nas lavras a céu aberto pode ser conduzida num Unico degrau (fig. 16-2), ou por degraus miitipios (fig. 16-b); e no plano de exploragao de cada degrau o seu desmonte individual pode processar-se em frentes corridas, paralelas (fig. 17-a) ou estas assumirem-se em blocos de desmonte (fig. 17-b). ‘err Fig. 16-a - Corte de uma frente Fig. 16-b ~ Corte de uma frente geral de desmonte geral de desmonte por num Unico degrau degraus direitos mutipios Fig. 17-a - Frente corrida continua Fig. 17-b ~ Frente em blocos ou paralela miltiplos em cada degrau Vé-se que a disposigao a adoptar para a direcgdo geral e particular de desmonte depende da produgao exigida, do perimetro da frente (num nico ou em varios degraus), da topografia e do tipo de jazigo e dos equipamentos de transporte. Nao raras vezes podem adoptar-se na mesma exploragao varios tipos de avango das frentes. Quanto & situagao relativa das frentes de desmonte e das vias principals de transporte, podem estas localizar-se no nivel inferior ou superior dos degraus, correspondendo as denominagdes que por vezes ouvimos dar-lhe de exploragoes em “pedreira’ (fig. 18-2) e em “corta’ (ig. 18-b). *pedreira’ (fig. 18-a) ¢ em “corta’ (fig. 18-b). @ (b) Fig. 18- Posigdes relativas das frentes de desmonte e das vias principais de ‘transporte Vé-se que no caso da fig. 18-a, o equipamento de transporte se situa no nivel inferior do degrau, podendo o de desmonte situar-se igualmente na base ou no topo; enquanto que no caso da fig. 18-b ambos os equipamentos se localizam no nivel superior do degrau. Estes aspectos acabados de referir so comuns a todos os métodos de exploragao a céu aberto. 4.2.- DIMENSOES DOS DEGRAUS NA FASE DE EXPLORACAO As dimensées adoptadas para cada degrau ou bancada vao depender, obviamente, das caracteristicas do terreno e do modo de processamento do desmonte. Além destes dois factores ter-se-4 de entrar ainda em linha de conta com a selectivida- de exigida e também com o valor comercial dos produtos Duma maneira geral, quanto maior for a selectividade exigida na exploracdo @ mais elevado for o valor comercial das substancias a explorar, menor deveré ser a altura do degrau. Quanto aos angulos de talude, a fig. 19 mostra a altura ~ h ~ do degrau eo seu angulo de talude - a -, sendo o angulo de talude de trabalho representado por 8 @ por 7 0 angulo de talude final. Quanto a rendibilidade de desmonte, poder-se-A dizer que ha vantagens em trabalhar com elevadas alturas de degraus, 0 mesmo se passando quanto aos transportes. 61 Fig. 19 - Angulos de talude e altura de degraus Mas, alturas exageradas originam alguns inconvenientes, com insegurangas devido & maior probabilidade de queda de blocos ou pedras (podendo atingir operérios e equipamentos vias de transporte; dificuldades de saneamento das frentes (principalmente durante os yerturbagées no ritmo da extracgao por obstrugao temporéria das turnos da noite); “oversizes" excessivos no caso de desmonte com explosivos por isso impondo “taqueios" exagerados. Infere-se assim das dificuldades em fixar regras rigidas gerais para a maximizagao econémica da altura dos degraus de desmonte, devendo este aspecto ser objecto de estudo em cada caso particular. De uma maneira geral, quando se efectua o desmonte mecénico sem recurso a explosivos, as alturas de cada degrau variam entre 4 a 10 metros e raramente excedendo este tiltimo valor, o qual deveré ser tanto menor quanto mais brandas triévels forem as rochas. No caso de se tratar de rochas duras em que as escavadoras séo utilizadas como equipamentos de carga apés fragmentagao adequada pelo explosivo, as alturas dos degraus podem atingir valores de 10 a 15 metros ou até um pouco mais, mostrando-se favordveis do ponto de vista de rendimento e seguranga os valores de 44 a 16 metros [25]. Quanto & largura de cada degrau esta variard dentro de largos limites, dependendo do equipamento utilizado e do modo operatério, podendo atingir valores da ordem dos 40, 60 ¢ até 100 metros. No caso em que as caracteristicas mecanicas das rochas permitem 0 seu desmont trabalho em que, area de em que, No caso em que as caracteristicas mecanicas das rochas permitem o seu ite mecdnico por meio de escavadoras a largura minima, L, da frente de poderd ser calculada pela férmula [6 L=(1ats)Ro+ 2+ 014 02 conforme a fig. 20-a, se representa por: ~ Roo raio de alcance da escavadora; - @ distancia entre a aresta inferior do degrau e a via ferrovidria ou rodoviéria (geralmente 3 a 4 metros); = @1 largura da via; - £2 margem correspondente ao desmonte do degrau inferior. Popov [36] cita a seguinte expressao para a largura, L, correspondente a uma trabalho situada numa rocha dura: L=A+ 2+ 01+ 02+ 03, conforme a fig. 20-b, se representa por: - A a extensdo ocupada pelo amontoado de rocha projectada apés o desmonte; - Ga distancia entre a base da pitha e 0 eixo da via ferrovidria (3 - 4 metros); ~ 1 metade da largura da estrutura de assentamento da via; ~ 02 largura correspondente & area marginal a manter para assegurar a extracgéo das reservas preparadas para desmonte do degrau inferior (10 a 20 metros); ~ 83 largura de terreno destinada & perfuragao (6, 10 e 12 metros). (a) (b) ig. 20 ~ Largura minima das éreas de trabalho. (a - Desmonte mecanico; b - Desmonte com explosives) Allargura A depende do método de perfuragao e do diagrama de fogo. No caso geral esta largura pode ser calculada pela expressao: A=C H+#bin-4), em que, H é a altura da bancada (m); C um coeficiente que varia entre 15 2; ba distancia entre as diversas fiadas de tiros e n o numero destas fiadas. Para uma exploragao a céu aberto em que o transporte principal seja feito por camiao, sao necessérias larguras relativamente maiores, de maneira a permitir o cruzamento de camides, bem como as manobras de posicionamento para a sua carga fa. A largura minima que o degrau deve ter para que o trabalho efectuado pelos ‘equipamentos de carga e transporte (camiées e ‘dumpers’) seja suficiente, pode ser visto na fig. 21 em que uma p& mecanica de 12 m® carrega dois camides de 85 toneladas. Fig. 21 - Largura minima do degrau de trabalho. (P& mec&nica de 11m® carregando camides de 85 ton,) 4.3. ~ PROFUNDIDADE A ATINGIR E ESTABILIDADE FINAL DOS TALUDES Sabe-se que 0 ntimero de degraus que uma dada exploragéo poderé ter dependera, em principio, das profundidades finais a atingir. Também, como ja se teve ocasiao de referir, as exploragdes a céu aberto atingem hoje profundidades cada vez maiores e que, anos atras, eram tidas como do dominio das exploragdes subterraneas. Estas praticas tém vindo a pér, por sua vez, problemas de estabilidade de taludes e outros. O estudo aprotundado da estabilidade dos taludes é assunto que esté fora do Ambito deste trabalho, ja que a sua especializagao e complexidade obrigaria a um tratamento sé a ele dedicado. Ha porém certos aspectos que consideramos de interesse e que nao dispensamos de referir. Efectivamente a estabilidade dos taludes tem uma componente activa importante na condugao da exploragao, intervindo nos seus trés principios fundamen tais da exploragao de minas: = economia; = seguranga e — bom aproveitamento do jazigo mineral. Muitos especialistas tém dedicado cuidada atengdo na fase do projecto & importancia do angulo de talude previsto no final da exploragao e & influéncia dele na economia das exploragées a céu aberto (83, 84, 85). Todos os autores realgam 0 facto de que, com o fim de se obterem relagoes estéril/minério suficientemente pequenas, os angulos de talude correspondentes as configuragées finais (4ngulo de talude final da fig. 19) deveréo ser o mais elevado possivel, conforme mostra a fig. 22, que, embora relativa a um estudo tedrico e particularizado [83], 6 porém suficientemente elucidativa e por isso dispensando as conclusées que dela podem ser tiradas, Sabe-se também que a profundidade atingida por uma exploragéo a céu aberto podera ser tanto maior quanto menor for a relago estéril/minério, 0 que significa melhores aproveitamentos dos jazigos, pois que maiores reservas de minério poderdo ser exploradas por este processo. Canaan ae erro tae ANGULO pE TALUDE Fig, 22 - Variagdo da relagao estéril/minério com 0 Angulo de talude final 7 Os beneficios anteriormente expostos acarretam dbvias redugdes nas condigdes de seguranga dos operarios e dos equipamentos. Vé-se que os beneficios inerentes & pratica dos taludes correctos impoem que estes se mantenham estaveis durante a vida da exploragao, pelo que 6 assim de concluir que a “estabilidade dos taludes* deve ser considerada como uma parte importante no planeamento mineiro deste tipo de exploragdes. Com base em célculos de “cash flow’ é mesmo possivel demonstrar [85] que nao 6 apenas o &ngulo de talude final que tem influéncia na rendibilidade operacional total, pelo que hé quem defenda [84] as vantagens econémicas resultantes de, logo no inicio da remogo dos terrenos de cobertura, se trabalhar com angulos de talude relativamente elevados. Vé-se pois que 0 estabelecimento dos angulos de talude a, 8 e 7, exigem ponderado exame e estudo, sob os aspectos de economia, de seguranga e de aproveitamento do jazigo mineral em exploragéo. 5 - AMORFOLOGIA DOS JAZIGOS MINERAIS E OS ME" A EXPLOR: c AT 5.1, - MORFOLOGIA DOS JAZIGOS MINERAIS DE EXPLORACAO A CEU ABERTO Sao conhecidas varias classificagSes de jazigos minerais. Pondo de lado as Classificagées petrograficas e as genéticas, mais visando a Ciéncia dos Jazigos Minerals, considera-se com mais interesse para o fim que se tem em vista, a seguinte Classificagao pragmética dos jazigos que sdo susceptiveis de lavra a céu aberto (fig. 23) ~ Jazigos constituidos por rochas incoerentes situadas 4 superficie da terra (aluvides e eluvides) ou na plataforma maritima — ‘offshore’. ~ Jazigos tabulares horizontais ou sub-horizontais, geralmente camadas estratificadas, aflorantes ou sob terrenos de média ou pequena espessura e impregnagées. - dazigos de tipo stockworks ou campos filoneanos complexos, massas, camadas e files verticais de grande possanga e chaminés de elevado diametro. Ede notar que, enquanto as classificagdes dos métodos de exploragao a céu aberto de tipo pragmatico se baseiam na morfologia dos jazigos minerais, nas do tipo didatico tal j4 n&o acontece. Mas qualquer classificagao nao poderd, no entanto, divorciar-se da morfologia dos jazigos minerais pois cada método de exploragao apresenta caracteristicas que se adaptam melhor ou pior & sua morfologia, bem como @ outras caracteristicas, como: - possanga e inclinagao do jazigo e — natureza, proporgao e posi¢ao relativa do minério e do estéril; = equipamentos seleccionados e - seguranga dos préprios terrenos, etc... 67 rorrine ‘minenio / esrerit mineRio ow MASSAS (PIRITES - HUELVA) CAMADA OU FILAO SUB. VERTICAL (FERRO - EL-BARZUD-ARGELIA) nl esreRit ST MINERIO Te esreeit CHAMINES - PIPE VEINS JAZIGO ESTRATIFICADO (CARVAO) (CU/MO) - UTAH - USA yy MINERIO STOCKWORK - (ESTANHO) ALTENBERG - BELGICA CAMPO FILONEANO - (OURO) (CRIPPLE CREEK) - US.A. oe oe sagt: 2 el, S80 awviXo ALUVIAO - (ESTANHO) Cea ele etn sts NAVE DE HAVER, MINA STF MARGARIDA CITA TTOTLT#=°- *°** PORTUGAL Fig. 23 - Representagéo esquemiatica de alguns jazigos susceptiveis de lavra a céu aberto. 5.2,- OS METODOS DE EXPLORAGAO A CEU ABERTO E A MORFOLOGIA DOS JAZIGOS MINERAIS 5.2.1 - Introdugdo Os métodos de exploracao a céu aberto sao em niimero menor que os das lavras subterraneas, facto que advém da maior simplicidade operacional, e o que tem levado a que a maior parte dos tratadistas nao Ihe tenham dedicado a atengao que, em nosso entender, eles merecem. Contrariamente, & muito elevado o nimero de métodos e variantes das exploragées subterraneas, 0 que em grande parte é motivado pela complexidade que as operagdes de sustimento dos tectos implica. Porém, se bem que em menor niimero que o dos métodos subterraneos, a grande import&ncia que hoje em dia todos Ihe reconhecem é sé por si justificagao suficiente para um seu tratamento mais amplo, razéo das classificagdes que a seguir apresentamos, Como se sabe, as classiticagdes de qualquer dos tipos de métodos podem basicamente ser do tipo diddctico, pragmatico, ou afectar caracteristicas intermédias ou de tipo misto [2]. As classificagdes didaticas baseiam-se em um ou dois critérios ou elementos descritivos e didaticos capazes de caracterizarem o método e a permitirem distinguir as suas variantes. As de tipo pratico orientam-se no sentido de agrupar em primeiro lugar os jazigos minerais em tipos com caracteristicas morfolégicas semethantes, seguindo-se ‘0s métodes aplicaveis a cada grupo. Ambas apresentam vantagens e inconvenientes e assim as de caracter "misto" pretendem reunir as vantagens de umas e de outras. Restringindo 0 problema ao assunto em estudo - exploragdes a céu aberto - diversos tratadistas abordaram o assunto imprimindo-lhe caracteristicas diferentes. 5.2.2. Classificagdes de tipo pragmatico Utlizando este tipo de classificagdes podem citar-se, entre outras, as de Gurs e Cardinal [39], de Vidal [9] e de diversos outros autores [42]. A -Classificagéio de Gurs e Cardinal A classificagao subscrita por estes dois autores, ordena em primeiro lugar os jazigos em dois tipos fundamentais e para cada um deles estabelece subconjuntos definidos pelos bindrios das operacées de carga e transporte que consideram de aplicag&o economicamente fundamental. Eles ordenam a sua classificagao da seguinte maneira: a — Jazigos em forma de massas e mais ou menos profundos: = carga por pas e transporte por camides; = carga por pas ¢ transporte por caminhos de ferro; b ~ Jazigos estratiformes: b, — ‘strip-mining’ - carga e transporte associados e executados por intermédio de pas mecanicas trontais (‘shovel’); - idem com “draglines* ou baldes de arrasto; = idem com pas de baldes nas duas variantes - cadeia e roda, b — escarificagao (‘rippers’) ~ "bulldozers" e pas. B -Classificago de Vidal Este autor opta pelo seguinte esquema [9]: 1 — Jazigos constituides por uma s6 camada horizontal ou sub-horizontal, + terrenos de cobertura, encaixantes e intercalares duros - remoga0 do minério e do estéril feltos numa sé operagao; 2. — Jazigos constituidos por uma ou varias camadas horizontais ou sub- horizontais; + terrenos de cobertura, encaixantes ¢ intercalares tenros; 3 — Jazigos constituidos por massas, campos filoneanos e fides de possanga variavel. Para cada um dos ts tipos de jazigos considerados cita os tipos de equipamento de desmonte, de carga e de transporte mais aconselhaveis. © - Diversos autores ingleses colaborantes na obra “Mining and Mineral Processing’, sob a responsabilidade de John Stocks e Chris Down [42], adoptam também a seguinte classificagao de tipo pratico: 1 = Jazigos constituidos por rochas incoerentes, situados perto ou a superficie, localizadas em terra ou na plataforma maritima (‘offshore’); 2 = Jazigos horizontais, ou sub-horizontais, constituides geralmente por camadas estratificadas; 3 - Massas, fildes ou camadas verticais ou sub-verticais. Trata-se pois de uma verdadeira classificagao dos jazigos seguida posterior- mente das técnicas de exploragao mais aconselhdveis. Assim, para estes autores, 0 primeiro tipo de jazigos s4o exploraveis por técnicas de lavra aluvionar ou marinha, que podem ser consideradas como variantes dos métodos 2 3, denominados por aqueles autores como métodos convencionais "a seco". As técnicas aplicaveis aos jazigos dos 2? @ 3° grupos baselam-se mais nas caracteristicas das rochas depois de desmontadas (soltas) do que nas caracteristicas das rochas “in situ". Com base neste critério obtém-se dois grandes grupos: “open pit bench mining’ — exploragao por degraus direitos ou bancadas, aplicaveis a jazigos de extensdo lateral limitada, mas de elevada possanga ou profundos, em que nao é possivel a deposicao de estéril nos vazios. criados pela exploracao; - ‘open cast* ou ‘striping mining” - explorago por degraus direitos ou bancadas, aplicaveis ajazigos horizontais ou sub-horizontais (estratificados ou estratiformes) com reas laterais extensas e de limitada possanga, em que é possivel, total ou parcialmente, depositar o estéril nos vazios criados pela exploragao. Assim, para estes autores, a selecgo dos métodos de exploragao sera determinada pela moriologia do jazigo, excepeao feita, obviamente, para pedreiras de certas e determinadas rochas de baixo valor comercial empregadas na construgao civil. Nestes casos, mesmo quando tals depésitos so horizontais, apresentam-se multas vezes muito possantes e iateralmente extensos, explorando-se frequentemente uma Parte do jazigo pelo método “open pit" com degraus direitos. Neste caso a localizacéo das escombreiras 6 factor muito importante, ¢ quase sempre a exploragao apenas 6 viével 86 para aqueles jazigos que contenham pouco ou nenhum estéril. n 5.2.3. - Classificagbes do Tipo Didactic Como classificagdes do tipo didéctico, poderemos citar as de Gerbella [8], Peele [78], Bastid [67], Melkinov e Sheshko [36]. Todos estes autores baseiam a sua classificagaio em aritérios de ordem técnica @ relacionados com as caracteristicas dos terrenos, A) Classificacto de Gerbella Este autor classifica os métodos conforme as caracteristicas das rochas que consituem os jazigos, definindo aqueles que sao aplicaveis a: @) Materials incoerentes: a, - areias ap - saibros ag - aluvioes b) Materiais coerentes: b,- tenros; = argilas, gesso, caulino, talco, etc.; = lenhites, etc. - duros; - desmontados ou fragmentados em granulometrias ou formas irregulares; = minérios metaliferos; + pedreiras (britas @ balastros) - granito, calcério, etc.; = desmontados de modo a responder a especificagdes de regularidade de forma e dimensdes pré-fixadas pelo mercado (ochas ornamentals — mérmores, calcérios, granitos, lousas, etc,). B) Classificagao de Peele Este autor base a) Manualmente; b) Pas mecdnicas; ©) "Dragline: se nos processes de carga do minério e do estéril: rR 4) Processes hidrailicos ou com monitores; €) "Glory holes"; 1) ‘Strip mining’: 1, - pas 1, - pas e “draglines* f, - ‘draglines*. Esta classificagao nao considera as caracteristicas dos terrenos, a granulome- ttia, as dimensées e a forma dos produtos a carregar e a morlologia des Jazigos que, como se sabe, tém grande importéncia na selec¢ao do método de desmonte a aplicar. C) Classificagao de Bastid Atendendo & maior ou menor dificuldade dos transportes e & sequéncia da exploragao, este autor classifica os métodos de exploragao nos quatro tipos: a) Exploragao por cortes horizontals; b) Exploragao por contornos sucessivos encalxantes; ©) Exploragao mista; 4) Exploragéio com desmontes sucessivos de estéril Esta classificagao parece-nos pouco clara e particularizada para a exploragao, dos jazigos de ferro da Mauritania, sob a direcgao do autor. D) Classificagéo de Melnikov e Sheshko [36] Esta classificagao baseia-se na conduta das operagdes de remogao de estéril € estas ainda caracterizadas pela localizagao das escombreiras relativamente ao contormo final das exploragdes e modo como nelas 6 depositado o estéril. 5.2.4. Uma classificagao de tipo didéctico-tecnicista A. Justificagao: Foram as razées dominantes seguintes que nos levaram a elaborar uma classiticagao didéctico-tecnicista dos Métodos de Exploragao a Céu Aberto: 18 Sendo as classificagdes de tipo pragmatico essencialmente baseadas na mortologia dos jazigos minerais, elas apresentargo, a nds exploradores 3 mineiros, uminteresse manifestamente menor do que as didéctico-tecnicis- tas baseados em critérios eminentemente técnicos. 22 Preteridas assim as primeiras, em favor das segundas, verifica-se apos uma rapida anélise das abordadas, que todas elas possuem aspectos de intoresse a considerar, embora nao nos satisfagam completamente, como por certo tera acontecido também com os seus proprios autores. 3° Efectivamente, as de Gerbella e de Peele nao se apoiam nos critérios que ‘nosso ver reputamos de mais importantes, e a de Bastid, além de pouco clara, 6 particularizada para os jazigos de uma determinada substancia mineral. A de Meinikov e de Sheshko, embora baseando-se em critérios, muito validos e que também perfilhamos, implica alguns conceitos técnicos pouco precisos e claros e designagées muito longas e portanto incémodas para a identificagao e referenciagdo dos diversos métodos. A classificagéo que propémos e apresentamos no quadro | é resuitante dos aspectos positivos evidenciados pelas classificages anteriores, representa uma tentativa de complementagao de certos conceitos e ainda pretende fazer a ligagéo ao uso dos equipamentos técnicos actuals. € ela foi ainda incentivada pelo facto de nao conhecermos nenhuma classificacéo portuguesa que, quanto a nés, contemple satisfatoriamente os “Métodos de Exploragao a Céu Aberto*. Ela baseia-se em conceitos subjacentes e jé referidos nas classificagses anteriormente indicadas, e essencialmente na ultima, a de Melnikov e Sheshko. Concordamos pois com esta, visto estes perflharem como critérios de base a conduta das operagées de remogio do estérile localizagao de escombreiras, por entendermos que as quantidades de estéril que ¢ necessério remover sao de uma maneira geral muito maiores que as de substancia util e também, e principalmente, porque tero os critérios seleccionados de atender aos principais parametros técnicos determinantes dos diversos métodos de explorago: a altura, a largura ¢ © nimero de bancadas de estéril, o nimero de rampas de ligagao ou de vias de acesso, o ntimero de frentes do minétio, a ordem @ o ritmo de avango destas e reservas preparadas, etc.. No entanto, embora de uma maneita geral concordemos com os critérios seguidos por aqueles ditimos autores, 0 mesmo jé no acontece com a sua ordem, pois consideramos que 0 critério principal deverd ser a localizacho das escombreiras ‘elativamente ao contome final da exploracio: pois ele define imediatamente o método, permitindo distinguir quatro grupos fundamentais. 4 a1wodshvel 30 $0914}03483 SOLNGHYEINOS 30 OLG3HYBINI AOE - wri (08 nO YOINSINI ON S¥ETzHEHOOSS ~ ¥EnOHR ¥ 11gis3 30 S30vaLLNYNE S¥NaNoZE OL1TH SHONGLS svUIRE MOOS Ka SLNVITHOUBEE O¥DISOUI0 - SHONGINI s¥ur3u6 -W0083 Ha SINVITHOOSHA O¥3IS0A30 - ANOJSNYAL 30 3 OYO¥AYOSS 3a SOLNGAYEINO} 30 OIGMEINI Od ~ BLWOdSHYAL 30 $0914}92453 SOLNEHYEINO] 30 O1GRNYSINI 20d ~ SVISTH SVUTIREROTSS ~ oySvvovexs vo [Si¥W14 somwo1NOD S00 YO1¥1X3 OM 3 YOINBINE (ON svavnits svaiausioasa Yaa Z1¥0UsnvEL ‘nas 3 vunt43809 30 SONS¥¥3L S00 Z1NOHSIO aL¥OsSHEL 30 $0914}93483 SOLNGMYEINO 30 OLG3HADINI aod - OF SVE STGROOST = GOAT TR loxdvaovaxa vo Siv¥i4 sov01NGD Soa YOrRSLX3 OW SYayNLIS SyuiauaHoDS3 Ya¥d S120USNVEL 1935 3 VanL43909 30 SONAL S00 BLNOKSIG SIBNIN sOlayA Wa OYdIS0830 - “TBNIM 98 WON oYdIs0830 - ALBOSSNVAL 30 $0914}93453 SOLNGMYGINO| 30 OLGGHEBINI 20d - “"S31Nod no syaraavssv ¥ soovia -OSS¥ S301B 30 s¥oo¥ 3 S¥13—V9 ~ SOTATLTON S3oT¥a 30 OYD¥AVIS3 30 SOTaYN -O19¥183 Sonm}.no2 SoLnaavain03 30 O103K¥3INI YOd OYDISOUSHVEL NO HADVEIE - nSBNI79¥UGu 3 SYOINYOSM Syd - ODIND 30T¥a 30 YORYD 30 3 OYSVAVISS 30 SOT “oyava -014x3 Va SIVNIS soMBOINOD SOd ¥OIRSINI Om 3 OYSYUOTaKS YT34 SOGVI8D SOIZYA SON OFS Va 30 JINR S¥G YoXNND¥LI34 Y O¥dIS04I0 -yWOIO¥IS3 $0017219 SOLNSHYaINOS 30 OLO3WAALNE 2O4 OFDISOUSHYEL TO HaBVETY - | YM 3 VeNL¥SEOD 30 SONAL soa 31HOHSI oydisoaaa v YSS300¥d 3S 0409 OGOH O¥ OND ‘SYa13uBHODS3 SY Yaa OOVI¥OASHVAL 19 OaINONSE 3 1183153 0 O09 OGOM O¥ LAINE OFS VeOTaN Ya SIVAI4 SoNBOINOD SOY SLNaKYALLYTRG S¥BI3¥BHOIS3_S¥O_OYdISOd_¥_OLNYNO Ouaqy gO eB oBSes0jdx3 ep sopoyeyy Sop oRdEOYISSEID - | CupEND 5 Para segundo plano & relegado o eri rio relativo ao modo como o estéril é removido, transportado e depositado, definindo-se assim nove subgrupos. B Grupos e subgrupos ou tipos de Classificagéo baseada na localizagéo das escombreiras relativamente ao contorno final da exploragao ‘Atendendo aquele primeiro critério é posstvel distinguir os seguintes quatro grupos fundamentais: a) Método das escombreiras no interior da escavagao; b) Método das escombreiras no exterior da escavacao; ©) Método das escombreiras mistas; ¢ d) Método das escombreiras muito pequenas. a) Ao primeiro grupo correspondem aqueles métodos em que se efectua 0 desmonte dos terrenos estéreis de cobertura, seguindo-se a sua imediata deposi¢ao a retaguarda das frentes de trabalho nos vazios criados pela exploragao da substancia til e no interior dos seus contomos finais. A literatura anglo-saxénica designa sintetizadamente estes métodos por “cut and fill’, “open cast" ou “strip mining”. Com a preocupagao constante, nem sempre conseguida, de empregar uma designagéo portuguesa que nao atraigoe o significado da terminologia estrangeir mantenha a comodidade da sua sintese, adoptamos a designagao de "Método das escombreiras no Interior’ e b) No segundo grupo sao englobados os métodos em que nao 6 possivel depositar 0 estéril subjacente e adjacente ao jazigo nos vazios criados pela exploragao, sendo necessério transporté-los para escombreiras situadas no exterior dos contomos finals daquela. Estes métodos s&o denominados na literatura anglo-sax6nica por “bench mining" e a que daremos a designagao de "Método das escombrelras no exterior". A tradugéo ou denominagao tao frequente de "Método das bancadas ou degraus direitos" surge-nos imprecisa, em virtude desta caracteristica nao ser especifica dum determinado método, mas antes comum a todos eles. ©) Para os métodos em que, apés o desmonte dos terrenos de cobertura, se processa o seu transporte para escombreiras localizadas parcialmente no interior e no 6 exterior dos contornos finais da exploragao, adoptamos a designagdo de “Métodos das_escombreiras_mistas". Alguma literatura citada atribui-he a designacdo de “Combined mining’ 4) Sao de incluir no Gitimo grupo aqueles métodos em que a quantidade de estéril a remover 6 insignificante, ou mesmo nula, S40 métodos aplicéveis com trequéncia nas pedreiras, em virtude do baixo valor comercial das substdncias extraidas exigir que 0s jazigos contenham pouco ou nenhum estéril, para que a exploragao seja viavel. © segundo critério sequido, isto 6, o modo como se processa a remogao ou transporte e deposigao do estéril, permitiu dividir os quatro grupos anteriores em nove subgrupos ou tipos, conforme se pode observar no quadro | jé referido. Apés a escolha dos dois critérios ou caracteristicas que anteriormente se citaram, e que de certa forma pretendem dar uma imagem como que "fotogréfica’ de cada método, como convém, para permitir defini-lo @ distingui-to dos outros [2], impde- se 0 estabelecimento de designagdes abreviadas e sintéticas que permitam a sua identificagao cémoda, precisa e sem arbitrariedades. No quadro Il, apresentam-se essas designagées juntamente com as correspondentes estrangeiras habitualmente empregadas na literatura da especialidade e associadas a um esquema simplificado para cada método, a) Métodos das escombreiras no interior e seus tipos Nos métodos pertencentes a este grupo o estéril 6, como j4 foi dito, removido Para 08 locais vazios provocados pela exploracdo e situados, portanto, junto da frente de desmonte. Esta operagao pode ser efectuaca por intermédio de equipamento de dois tipos: ~ _ Equipamento que, sendo especificamente de escavagao e carga, permitem um transporte limitado dentro do seu raio de alcance; e, — Equipamentos especificos de transporte. Quadro I 7 DESIGNAGHO ABREVIADA DOS METCDOS ESOUEMAS SIMPLIFICAOOS FSCOUEREIAAS NO _IWTERTON C/0EPOSTCKO WM 50 NIVEL POR INTERNEDIO DE PAS MECANTCAS ‘OU DE "DRAGLINES' Cy DIRECTO SIDE CASTING “cur awp Fut’ “open cast” STRIP MINING” at eo ESCOMBRE RAS NO INTERIOR C/OEPOSTCNO EW VARIO WIVEIS POR INTERNEDIO OE PAS MECENICAS| ‘cur me) DE *ORAGL INES" BoA FB vopen cast’ 4 cy mOLTIPLO MOVER CASTING" GU "RECASTINGY| |S ss SS "stRIP MINING!) [ESCOMBRERAS NO_INTERIOR C/ DEPOSTENO POR INTERNEDIO DE | @.3 PASSADEIRAS ASSOCIADAS A CADEIAS| : (OU RODAS OF BALDES OO re * ‘cor ano Fite! P 7 ‘OPEN CAST’ > C/OVER CASTING POR HELO DE *STACKERS" 04} a ‘srerp miwinc') saerocese yg ESCOWBRETRAS NO INTERIOR C/DEPOSTCAO POR INTERAEDIO DE EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE "our avo FIL" ‘oeK cast” “sta mininc! Cy MHALLAGE™ ESCOVBREIRAS WO EXTERIOR C/DEPOSICKO FOR INTERMEDTO OE EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE, "BENCH MINING C/*WAULAGE™ FSCOVBRETEAS WISTAS C/DEPOSTGAO POR TNTERNEDIO DE EGUT™ PAMENTOS DE TRANSPORTE, COMBINED MINING* C/*HAULAGE™ {ESUOMBRE WAS HISTAS C/DEPOSIGO POR InTERHEDIO DE EaUT- PANENTOS DE TRANSPORTE E DE ESCAVA- [GH € PREDOHINANCIA DE ESCOMBREIRAS NTERIORES COMBINED MINING" C/ "OVER CASTING! E MALLAGE® PARCIAL ESCOMERE RAS WISTAS C/0EPOSIGKO POR InTERNEDTO DE EQUT- PAMENTOS OE IRANSPORTE E DE ESCAVA: lO, PREDOMINANCIA DE ESCENBRETRAS EXTERIORES COMBINED MIMING! C/“HAULAGE® & MOVERCASTING® PARCIAL ESEDNBRETIAS MUIVO PEOUEWAS C/TRAVSPORTE INS TGNIFIOANTE be esténn STRIPPING! INSIGHT FICANTE 8 a, - Nos "Métodos a iras no inte nivel, por intermédio de pas mecanicas ou "draglines" - “strip mining" com directo “side casting’ (fig. 24, a, b), 0 estéril 6 removido directa- ‘cut and fill, “open cast" ou mente para as escombreitas interiores aos contornos finais da exploragéo por intermédio ou de uma operagao de *ripagem’ lateral - “side casting’ -, ou de uma operagao de transposigao - “over casting’ - por cima das frentes de trabalho. No primeiro caso recorrendo a pas mecdnicas e no segundo a “draglines* ou pas de arrasto. S40 métodos aplicaveis a jazigos do tipo camada ou a massas estratificadas delgadas e situadas relativamente perto da superficie, como acontece em certos tipos de jazigos aluvionares de bauxite, fosforite, carvées, argilas, etc.. A espessura dos terrenos de cobertura n&o deve ser muito elevada, (5 a 10 m no caso das pas mecénicas ou retroescavadoras e 18 a 22 m no caso das “draglines’), de maneira a permitir a realizagao das operagdes de arranque, carga e transporte, por meio destas escavadoras ciclicas estacionérias de balde Unico. As relagdes maximas de estéril/mi- nério que podem ser atingidas por estes métodos séo da ordem dos 12/1 ou até superiores. Fig. 24 - Método de expioragao das escombreiras situadas no interior; a e b com deposigao de estéril num sé nivel; ¢ com deposigao de estéril em varios niveis, a, - Nos méto a ombreiras_no interior com _deposica: 79 Arios nivels, por intermédio de pas mecanicas e de “draglines" - “out and fil", “open cast" ou ‘strip mining", com miitiplo "over casting* ou “recasting”, opera-se com uas ou mais escavadoras, executando com a primeira - geralmente uma pA mecnica = a remocao de estéril da frente e com uma das outras “draglines* a remogao do estéril depositado pelas anteriores, conforme fig. 24 ¢. Este método 6 aplicavel aos jazigos do tipo anterior mas em que os terrenos de cobertura tém espessuras relativamente maiores. Nestes métodos, e uma vez que as “draglines" irao trabalhar sobre uma escombreira “primaria’, € necessério assegurar que ela trabalhe sobre uma soleira suficientemente estavel, para que opere em boas condigdes de seguranga. Também sera de exigir que, pela mesma razo, 0 seu ritmo de trabalho nao seja afectado de maneira a que o custo da segunda operagao nao venha a ser superior ao que eventualmente se poderia obter com a remogao do estéril para locais afastados das frentes. ag ~ Nos ‘métodos das escombreiras no interior com deposicéo por intermi assadeiras, i cadeias ou rodas de baldes'~ "cut and fil’; “open cast" ou ‘strip mining" com “over casting’ por “stackers* ou “bridges*, o estéri 6 removido para locais situados relativamente perto das frentes e na sua rectaguarda, sendo esta operagao felta em simultineo ou em continuidade com 0 desmonte da substancia itil. No caso apresentado esquematicamente na fig. 25, S80 processadas em simultaneo as operagoes de escavagao e remagao, tanto do estéril como da substancia sti, O estéril que 6 habitualmente desmontado por meio de uma escavadora de balde miltiplo, do tipo de cadeia de baldes (‘chain diggers") ou rodas de baldes (‘bucket wheel"), 6 enviado para as escombreiras interiores por meio de passadeiras (‘sauterelles* ou ‘stacker") ou pontes ("pont de transfert" ou “bridges"). Com estes métodos 6 possivel transferir, por passadeiras, o estéril para ‘escombreiras situadas entre 50 a 100 m ¢ de 300 a 500 m com as pontes. E evidente que este método 6 de emprego em jazigos de camadas horizontals ou semi- horizontais, soleira regular (‘regular hipsometry’), cobertos com terrenos brandos & secos ¢ com elevadas reservas de minério. Esta tiltima imposigao deriva do elevado custo dos equipamentos exigidos. Fig. 25 - Método das escombreiras no interior com deposig¢ao de estéril por intermédio de pontes e passadeiras a, - Nos ‘métodos das escombreiras no interior com deposicdo por intermédio mentos de transporte" ~ "cut and fill, “open cast’ ou ‘strip mining" com "haulage" - o estéril continua a ser depositado no interior dos contornos finais da escavagao, constituindo este o enchimento dos vazios criados pela exploragao. Mas, em virtude das caracteristicas da explorago, a sua remogao tera de Ser ofectuada através de equipamentos especiices de transporte. Estes métodos s40 de aplicar aos jazigos constituides por camadas horizontals, de possanga acima da média e profundas, e em campos de expioragao correspondentes a areas considerd- veis. Os métodos das escombreiras no interior que se tém vindo a expor séo os mais simples e econémicos, mas apresentam o inconveniente de, contrariamente aos outros, os seus parametros dependerem das dimensées dos equipamentos emprega- dos. b) Método das escombreiras no exterior Neste método, e como ja anteriormente foi dito, nao se torna possivel Gepositar 0 estéril no interior dos contornos finais da exploragao, uma vez que o fundo desta apenas é alcangado na fase final. Assim sendo, a deposicao do estéril teré de at ser feita em escombreiras situadas no exterior e por meio de equipamentos de transporte - "bench mining” com “haulage”. E 0 método de exploragao a céu aberto de emprego mals frequente e também o mais questionado sobre 0 seu limite de aplicabilidade relativamente & fase de passagem para a lavra subterranea. E 0 método classico habitualmente utlizado para a exploragao de jazigos possantes desenvolven- do-se em profundidade: massas, fides possantes, stockworks e jazigos de impregna- go. ©) Método das escombreiras mistas e seus tipos Nestes métodos procede-se ao desmonte dos terrenos de cobertura @ ao seu transporte para escombreiras situadas no interior e no exterior dos contornos finais da depositado ou removido para as exploragéo. Conforme 0 modo como o est escombreiras 6 possivel distinguir trés tipos diferentes: ¢, - Nométodo das escombreiras mistas com deposi termédio de equipamentos de transporte o estéril é transportado tanto para as escombreiras interiores como para as exteriores por intermédio de equipamento de transporte "combined mining" com “haulage’ - (figs. n° C.1 do quadro Il). ¢, ~ Nométodo das escombreiras mistas com deposicéo por intermédio le equipamentos de trat rte. le escavat I breiras interiores - ‘Combined mining" com ‘overcasting" e "haulage" parcial a maior parte do estéril é enviado para escombreiras interiores sendo o restante transporiado para escombreiras exteriores (fig. n® C.2 - quadro II). 3 - Contrariamente, nos métodos das escombreiras mistas_com leposica ir intermédio de equi ntos de trar predominancia de escombreiras exteriores - “Combined mining* com "haulage" e ‘overcasting’ parcial - a maior parte do estéril 6 transportado para escombreiras situadas no exterior, sendo 0 restante enviado para escombreiras interiores por intermédio dos equipamentos tipicos de escavagao. Estes dois Ultimos métodos, como ¢ evidente, serdo de aplicar naqueles casos em que qualquer um dos outros anteriores ndo seja aconselhavel pela grande 82 espessura das coberluras a remover. Assim, 0 exemplo apresentado na fig. 26 corresponde ao método das escombreiras mistas, mas em que o transporte da maior parte do estéril correspondente &s bancadas superiors & enviado para o exterior da 1as bancadas é depositado ainda dentro escavagao, enquanto o estéril das duas desta. Este método misto permite torear 0 problema da dificuldade do estabeleci- mento de vias de comunicagao nas bancadas profundas, 0 que representa uma solugéo economicamente vantajosa. Fig. 26 - Representac&o esquematica do método "misto” de lavra a céu aberto até & passagem a subterranea e visando varios procedimentos de transporte d) Método das escombreiras muito pequenas Neste método 0 volume de estéril a remover é insignificante, nao representan- do qualquer problema a sua remogao ou area de deposigao. Contrariamente, o mesmo Zo acontece com a remogao da substéncia util que neste caso assume particular importancia. 5.2.5, - ervacés Verifica-se pelo anteriormente exposto que é possivel estabelecer uma certa relagao entre o volume das extracgdes e os diversos métodos de exploragdo a céu aberto, uma vez que, para que 0 valor daquele se mantenha uniforme e regular, as dimensées das frentes terao de ser obviamente também diferentes, consoante o equipamento e o método. As frentes de menor e de maior dimensao ocorrem, respectivamente, nos ™Métodos das escombreiras no interior e no exterior da escavag4o. No quadro Ill seguinte © segundo E. Sheshko [36], apresenta-se para os diferentes métodos ¢ tipos, 0 avango médio anual e as relagdes estéril/minério verificados no caso de emprego em minas de carvao. QUADRO II TAVANGO AMUAL DA] RELACKO EST. MINE NET ODOS coRUPOS E TIPOS) FRENTE gen m (atten) NETODO OAS ESCOMBREIRAS NO INTERIOR: 24 + ef deposieso mum 56 nivel 250 - 400 w- 2 ag * ef deposigéo om varios ntveis | - 5-12 19g * &/ deposi cio por pontes € passedeir: 200 + 250 6-10 1g ~ €/ depesi¢io por equipanentos de transporte 150 - 200, s-7 |b — meto00 DAS ESCOMBREIRAS NO EXTERIOR: by = ef doposigio por equipamentos de transporte 100 - 150, 3-5 METODOS DAS ESCOMBREIRAS MISTAS 1 * ef deposieo por equipanentos de transporte - aes q+ 6/ deposi¢So predoninante en esconbretras interiores 200 - 300 5-8 eye exteriores 100 - 150, 46 METOOOS DAS MUITO PEGUENAS ESCOMBREIRAS = ° Observando 0s quadros Il ¢ Ill vé-se que 0 modo de agrupamento realizado € a sua subdivisdo em subgrupos ou tipos nao depende somente da localizago das. escombreiras relativamente aos contornos finais da exploragao e do seu transporte @ maior ou menor distancia da frente, mas neles intervém a relagao estéril/miné: x valor comercial da substancia Util e 0 tipo de equipamentos de desmonte, de carga de transporte. Também sera de interesse notar, quanto & aplicabilidade dos varios métodos, © que a seguir se diz. A maior variedade de métodos de exploragao diz respeito aos jazigos constituidos por camadas horizontais ou sub-horizontais, 0 que se justifica pelo facto de haver uma maior variagao relativa nos parametros em que a classificagao se baseou. Em todos os métodos com escombreiras no interior com deposicao por intermédio de escavadoras ciclicas ou continuas, os seus parametros dependem dos equipamentos de transporte utilizados, enquanto que nos restantes tal j4 nao sucede. Sa porém os métodos mais simples e econdmicos, pois além de reduzirem consideravelmente as operagdes de transporte, associando-as com outras operagées, eliminam ou reduzem substancialmente as vias de acesso e até a sua manutengao. Muitos autores chamam-thes “métodos sem transporte", quando seria muito mais adequada a denominagao de métodos sem vias de transporte. O método das escombreiras exteriores é 0 Unico aplicavel aos jazigos verticals ou subverticais, sendo todos os outros aplicavels a jazigos horizontals ou sub- horizontais. Os métodos das escombreiras interiores so aplicdveis a jazigos horizontais, ‘ou sub-horizontais com areas laterais extensas e de pequenas possangas. Os métodos das escombreiras exteriores so aplicdvels a jazigos de extensdo lateral limitada mas de elevada possanga ou profundos. Os dois métodos anteriores correspondem a *métodos puros*. Sabe-se que faramente um determinado jazigo 6 explorado até ao fim pelo mesmo e Unico método ~ método puro, Em virtude de variagées experimentadas nos jazigos ter-se-a de recorrer a variantes que originam o aparecimento de métodos mistos. © método das escombreiras muito pequenas um método frequentemente aplicado as pedreiras. Normalmente aplicavel a jazigos horizontais ou semi-horizontais de grande possanga com pequenas espessuras de terrenos de cobertura é explorado Por métodos que se assemelham mais aos do tipo "bench mining" do que ao "strip mining’, contrariando assim a ideia generalizada e errada de que os jazigos horizontais sao sempre explorados por métodos deste tiltimo tipo. Tomando como base os quadros Ill ¢ IV é de concluir que, com excepgao de quatro dos métodos, todos os outros se encontram perfeitamente definidos, conforme se concretiza no quadro V. Quadro IV POssanca T1908 Oe néToOOS| wineRro estén pouicavers , , % ’ 4 e- % x ¢ 3 | x * meee « ‘ % 6 | , 4 6 v > A distingao entre as aplicagdes dos tipos a.3 e ¢.1, respectivamente, método das escombreiras interiores com deposig&o por intermédio de passadeiras associadas a cadelas ou roda de baldes, e método das escombreiras mistas com deposigao por ‘equipamento de transporte é estabelecida sem ambiguidade recorrendo & natureza dos terrenos. Efectivamente, 0 primeiro tipo dos métodos 86 seré de aplicar quando os terrenos estéreis ¢ 0 minério forem “brandos*, enquanto o segundo tipo sera de empregar no caso contrario. A aplicagéo dos tipos 2.2 € ©.2, relativa aos métodos das escombreiras no interior com deposigao do estéril em varios niveis e aos métodos das escombreiras mistas com deposig&o predominante em escombreiras interiores, jA nao é tao distinta como a do caso anterior. Como ja referido, é necessério considerar neste caso se a estabilidade da maquina que executa a transferéncia do estéril colocada sobre terrenos no compactados, provoca perturbagdes na sequéncia operacional de que possam resultar oneragdes que levem a preferir a aplicagio do segundo método. ‘A classificagao apresentada no Quadro V, ao fazer intervir a natureza dos terrenos (estéril e minério) sob o ponto de vista da aplicagéio do desmonte mecanico, pode mascarar ou trair os critérios fundamentais ou basicos da classificagao. Nos métodos a.1, a2, a2 6 a3 a natureza branda dos terrenos permite que a mesma maquina que executa o desmonte @ a carga possa executar a operagao de curto transporte do estéril da frente de desmonte para as escombreiras situadas na sua imediata rectaguarda. No entanto, mesmo que os terrenos sejam duros é possivel aplicar qualquer um desses métodos. Quadro V | EouTpanENTaS TIFIED ossanca | netacto |ripo oe renneos| | suv0 ve saztco uae E TaawsPoaTe v0 | néro00 L MiNERIO/ESTERIL ” * [rnéeio [esTeRtL ESTERIL TRAE WORTEONTATS TAS wECIWT CHE > ler]. 2 | om | Ps eon wt a S8-NontZ0NTAIS racine UAE WORTZENTATS is nec toa P x G B BO 1“ . Gu Su8-HoRLz0NTALS rac. nes CAS WORLZONTATS COEIAS BABES »]« [oe | | eo a3 a S8-font2ONTALS fooxs saLves 7 ~T ‘CAMIOES OU AFINS AWDAS NoRTZONTAIS cmos | @ | @ | «| ow | eo | cantnios ne rer | 2.6 reus, tte. canTGES OF AFINS caMkoAS oR 20NTAIS mw Joe] © | | o | comnts oF rerio | ct a su-honrzonTats eus, tre. is MEGIAT ORS cauoas wort z0uTAls | forscines’ exrroswv| ej» |» | oo | eo ez a Sub-tortzoNTAIs eaurces, cawinnos oe feano, ec. AS HECINT CRS CAUDAS HoRIzouTAIS fonaccives, exeLostvo w]e] ou | em | oo es a Sun-tontzonTais eawtces, casinnos oe emo, £10. ANTES ob FTN CAUADAS HORIZONTALS casvonmomes | © | 9 | 9/0 | so ] = | cannes ve remo | reus, #0, cme BT FLEES VERTICALS ob sueven- camtoes ov Arius reals, sassas, o}ay| > | > | canmes ve remo | ‘srociones, «PIPE TeUs, fc. | verse fo - wa LeGEWOA: Possanca E > * peavens feu. est/Miw Jae > MEDIA {6 2 Genie Arandos - preniten o desaonte necénico ro ve “ earenos'” |p - cures ~ nlo perniten o deseonte nactnico (a) = Tipo de terrenos classifieadot segundo 2 posstbilidede ou nfo do desnente mecénico ou (0) = vartvel com a profundidade (v). Sabe-se que 0 comportamento dos equipamentos de transporte dependem ‘mais das caracteristicas das rochas depois de desmontadas ou “soltas" do que das “in 87 situ’; e a este propésito pode acrescentar-se que no caso das rochas duras, para as quais se tem de recorrer ao desmonte por explosivos, é aconselhavel analisar em conjunto 0s custos individuais das diversas operagées da lavra para optimizar as ‘operagées de transporte em fungao do grau de fragmentagao a realizar. E o que permite observar-se a este propésito na fig. 27. Fragmentagao, Britagem @ Moagem 54 a Carga e Transporte Arranque Finos — Grav de Fraamentag3o —- Grossos Fig. 27 - feito do grau de fragmentagao nos custos das diversas operagoes da lavra a céu aberto Sabe-se que os explosives poderao representar em varios casos a forma de energia mais barata para a tragmentagao: @ ainda porque o custo das operagdes de transporte representam multas vezes mais de 50% do custo total, um dos processos de 0 minimizer seré 0 de conseguir obter 0 grau de fragmentagéo adequado de maneira a obter os custos minimos totais. A classificagao por nés agora apresentada no pretende ser exaustiva, até porque nos apercebemos que as técnicas e os equipamentos sofreram, sofrem € continuarao a softer profundas evolugdes. Na situagao actual ela pretende ser geral e englobar todos os métodos, antigos e modernos, de lavras a céu aberto. Assim, por exemplo, os métodos em flanco de encosta (fig. 28), comuns a diversas explorages do “tipo pedreira’, podem ser incluidos no grupo dos métodos de escombreiras muito pequenas. Fig. 28 - Exploragao em flanco de encosta A exploragao dos depésitos aluvionares é teoricamente muito simples e todos eles caem também, quanto ao método de explora¢do, no grupo das escombreiras no interior. Isto, quer se trate de grandes depésitos aluvionares “hémidos* em que a sua exploragao se processa por dragagem ou bombagem com lavagem das terras préximo das frentes de desmonte (fig. 29), quer nos de tipo "seco" em que a sua exploracao se processa conforme a fig. 30. WET BR RGUE chossos NN Fig. 29 - Exploragdo de um aluvido *himido* por dragagem [82] Os “glory-holes" (fig. 31), bem como todos aqueles métodos que recorrem a trabalhos subterraneos para a racionalizagao dos transportes, podem ser inclufdos nos "métodos das escombreiras no exterior’, ou das “escombreiras muito pequenas*. 89 oe ovensunaeve Fig. 31 - "Glory holes* Os métodos considerados novos, em que se provoca intencionalmente 0 abatimento dos taludes ~ “slope caving" (fig.s 32, 33 e 34) podem ser considerados como variantes dos métodos das escombreiras exteriores, mistas, ou muito peque- nas? (Os métodos das lixiviagbes (“heap leaching’ e “dump leaching’) podem ser aplicaveis a qualquer um dos tipos, embora seja mais frequente a sua identificagao com os métodos em que as escombreiras se localizem no exterior dos contornos da exploragao. 2) 0 método da figura 33, considerado um método modemo foi jé aplicacio nas minas portuguesas de smacor pelo Professor A. Cerveira, curiosamente entao denominado por "Método da sowuTo LixIIADo PA MECANICA Fig. 83 ~ "Slope Caving" associado a pé mecanica a a (srorraporas MOveIs Fig. 35- Método dos "britadores primarios méveis nas frentes associados a telas transportadoras" © curioso método denominado de "Explosive Mining" [30, 31, 47] em que se procura realizar a operacao de arranque, de carga, transporte e deposigao do estéril & custa do explosivo (ig. 36), pode ser considerado uma variante do método das escombreiras no interior com deposigao num s6 nivel. — soo 1 I ESCOMBREIRA /CARVAO 20m Fig. 38 © método dos britadores primérios mévels situados perto das frentes com transporte por meio de telas (fig. 35), embora possa ser aplicado a qualquer dos métodos, 6-0 com mais frequéncia e vantagem aos métodos do tipo das escombreiras no exterior. QA PRACLINE, pep euRADoRA fee ou‘aucens, TELA TRANsPORTADORA. Fig. 37- Método das valas e trados “augers” (‘trench strip mining") como variante do método das escombreiras no interior (segundo Treuhatt) No método das valas @ trados - “trench strip mining with augers" — fig. 37, utilzam-se m&quinas continuas do tipo trado, - "augers", para desmontar 0 carvao, reduzindo ao minimo as operagées de remogao do estéril abrindo valas conveniente- mente espagadas [47, 81, 86, 87, 86]. Estes métodos podem ser considerados como variantes des métodos das escombreiras interiores. CAPITULO III OPERAGOES E EQUIPAMENTOS PRINCIPAIS DA LAVRA A CEU ABERTO 1- DUCA, OPERACOES FUNDAMENTAIS E SUBS! IAS. Cl NORMAL DAS OPERACOES 2 - ESCAVACAO - EQUIPAMENTOS PARA EEA 2.4- CLASSIFICAGAO DOS TERRENOS VISANDO AS OPERAGOES DE ARRANQUE OU DESMONTE E CARGA 2.2- O ARRANQUE E A CARGA MECANICA USUALMENTE SEM © USO DE EXPLOSIVOS 2.2.1 Méquinas escavadoras estacionérias: A ~ De Balde dnico: 4 mecanica de balde frontal ~ "Shovel" Balde de arrasto ~ 'Draglines" Retroescavadora - "Backhoe" B — De Baldes Miltiplos: Cadeia de baldes - "Chain diggers" Roda de baldes - "Bucket wheel" 2.2.2 “Bulldozers" e variantes 2.2.3 Escarificadores, "rippers", trados ou "augers" e “continuous diggers" 2.2.4 *Motoscrapers" e “Scrapers’ ou arrastihos 2.2.5 ‘Dragas* 2.2.6 Flo helicoidal, diamantado e rocadouras 2.3- © ARRANQUE HIDROMECANICO E POR EXPLOSIVOS REMOCAO ~ EQUIPAMENTOS DE CARGA E TRANSPORTE 3.1- EQUIPAMENTOS DE CARGA: 3.1.1 Pds carregadoras 3.4.2 Gruas 3.2~ EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE: 3.2.4 "Dumpers", cami melhantes ~ "Trucks" 3.2.2 Caminhos de ferro - "Tracks" 3.2.3 Telas transportadoras 3.2.4 "Skips" COMPARACAO ENTRE VARIOS EQUIPAMENTOS PARA TAREFAS SIMILARES 4.1- INTRODUCAO. 4.2- PA CARREGADORA DE PNEUS E A PA MECANICA HIDRAULICA 4.3- PA MECANICA E A “DRAGLINE" 4.4— ESCAVADORAS DE BALDES MULTIPLOS E DE BALDES UNICOS 4.5- CAMINHOS DE FERRO, CAMIOES E TELAS TRANSPORTADORAS 4.6- CONCLUSAO: RESUMO COMPARATIVO ENTRE OS DIVERSOS EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE. ~ TENDENCIAS ACTUAIS E FUTURAS PROCESSOS E MEIOS DE EXTRACCAO UTILIZADOS NA LAVRA A CEU ABERTO CAPITULO HI OPERAGOES E EQUIPAMENTOS PRINCIPAIS DA LAVRA A CEU ABERTO 1 - INTRODI PER) FUNDAMENTAIS & SUBSIDIARIAS. CICLO NORMAL DE OP! I Sabe-se bem que a lavra mineira, para atingit os seus fins, recorre a um certo ntimero de operacées ciclicas, umas mais fundamentais e ou complexas do que as outras, mas todas elas importantes quando se pretende optimizar 0 processo produtivo, Limitagées de ordem temporal e esp: obrigam-nos a restringir a extenséo de tratamento de certos assuntos a ela ligados relativamente a outros que considera- mos de maior importancia ou nao tratados na literatura nossa conhecida,ou porque sobre eles temos modos de pensar diversos. Optou-se pois por abordar de uma maneira geral todas as operagdes & equipamentos. Dé-se, porém, maior destaque aquelas e aos equipamentos de remogo; porque podem representar mais de 50% dos custos totais de laboragéo a céu aberto. Dos equipamentos de remogo utllizados neste tipo de exploragées procuraré dar-se um desenvolvimento maior aos que se movimentam sobre pneus ou lagartas, Porque a sua utilizagao é a mais frequente, quer nos trabalhos mineiros quer nos de construgao civil. De facto, consideramos este tipo de equipamentos como responsaveis pelo grande desenvolvimento observado nos titimos 30 anos neste tipo de exploragées, revolucionando-as e dando mesmo origem ao aparecimento de novos procedimentos caracteristicos de exploragao, como os denominados “trackless mining" ou exploragao sem carris,ou também aos “bulk mining’ [25, 28]. O binérlo pa carregadora ou escavadora frontal ou “retro" sobre pneus ou lagartas e camiao ou dumper" 6 mesmo caracteristico da maior parte das exploragées mineiras de superficie, laborando quer com materiais rochosos duros quer brandos, podendo mesmo afirmar-se que 0 seu uso 6 quase geral. Actualmente, mas sé nas grandes exploragdes, conforme referido, procede-se 4s lavras de tipo "bulk mining’. Também nelas comega a surgir 0 uso de britadores primérios junto das frentes e uitterior transporte dos britados por telas transportadoras (‘in pit crushing’), neste caso em detrimento das grandes frotas de camides ou estes em protétipos de grandes dimensées. Do exposto e porque na nossa literatura técnica nao vemos tratado estes equipamentos e sobretudo sob uma “6ptica” mineira, optou-se aqui por dar maior desenvolvimento aos processos de carga e de transporte de tipo “trackless*, incluindo neles também as telas transportadoras. Nao deixaremos no entanto de citar ou tratar, mas com um desenvolvimento muito menor, os outros equipamentos. As _operacées fundamentais nas lavras a céu aberto sao Ppraticamente as mesmas da lavra subterranea, embora alguma delas sejam mais simples @ até em certos casos de diminuta importancia, sendo de destacar desde j4 as do ndo sustimento do tecto ¢ de um menor ou nulo emprego de explosives. Relativamente 20 emprego de explosives n4o est4 no Ambito deste trabalho aqui apresenté-lo por ser assuntc icientem: domin: dado itadi ric Mas, orientados como estamos no sentido das exploragdes a céu aberto, diremos que, relativamente as subterraneas, se caracterizam por uma ébvia maior seguranga @ pela no limitagdo das dimensdes dos equipamentos pelos terrenos envolventes, permitindo simplicidades de manobra e elevadas rendibilidades, 0 que conduz naturalmente a grandes redugdes nos custos de exploragao. E se o agora referido é imediatamente conclusivel nas operagées em terrenos duros, cujo desmonte exige 0 emprego de explosivos e mesmo no caso de praticos autosustimentos dos 7 tectos, aqueles aspectos de simplicidade e rendibilidade mais se evidenciam no caso dos terrenos brandos ou incoerentes, em que o sustimento dos tectos e o dominio dos terrenos s6 por si cneram, complexam e tornam inseguras as lavras sublerraneas. E evidente que as operages de carga e transporte ocorrem tanto num como no outro tipo de lavras, mas elas permitem, como jé referido, 0 emprego de meios mec&nicos mais potentes na lavra a céu aberto. Q dominio dos terrenos, aspecto de fundamental importancia nas lavras sub- terraneas, confina-se aqui ao estabelecimento de Angulos de talude convenientes & sua estabilidade, podendo nos casos mais complexos conduzir a ancoragens simples, com redes metélicas ou de materiais compésitos, ou ao revestimento dessas mesmas paredes. Embora constitua operagéo a n&o descurar, ela assume aqui sempre ‘expressao de menor importancia que nas lavras subterréneas. Efectivamente,citam-se valores maximos @, respectivamente, de 1 a 24% dos custos totais de laboragdo a dispender com 0 dominio dos terrenos nas lavras a céu aberto @ nas subterraneas [9 24). Também aqui a ventilacdo & facil e natural, o mesmo acontecendo com a iluminaco durante o dia. Nos turnos noturnos, quando existam, ha necessidade de se recorrer & iluminagao artificial e colectiva, muito embora hoje ja todas as maquinas possuam no geral iluminagao propria. JA quanto ao esgoto, a partir de cerlas profundidades, e quando se atingem 08 niveis freéticos, em regiées de elevada pluviosidade, pode este causar problemas delicados: quer pela sua influéncia na estabilidade dos taludes, quer mesmo na deterioragao dos pisos de trabalho e podendo comprometer significativamente a eficiéncia dos equipamentos que se movimentam sobre pneus ou lagartas. Deve também a operaco de esgoto merecer uma especial atengdio quando se prevém lavras mistas no mesmo jazigo ~ a céu aberto e subterraneas. Em qualquer dos casos ter-se-hé sempre de evitar que as Aguas atinjam o nivel dos trabalhos, bombando-as @ protegendo a area daqueles das invasées de 4gua provenientes das zonas confinantes (superiores ¢ laterais). A remocao do esiéril de cobertura,inexistente nas lavras subterréneas,é uma operagao geralmente classificada de subsidiéria nas exploragdes @ céu aberto; no entanto, quando a espessura daquele ¢ elevada, ela pode constituir uma operagao de elevado custo. Também, hoje, a reconversao dos terrenos é uma operagao olhada com certa importancia, bem como os impactos ambientais. Resumida e sintetizadamente, a sequéncia ou ciclo normal das operagoes fundamentais da lavra a céu aberto poderd ser vista no diagrama da fig. 98. As diversas operagées podem ser executadas no estéril sobrejacente e ou no minério, simultanea ou desfasadamente, mas aquelas precedendo sempre estas, libertando-o superficial- mente. Ressalta do atrés exposto que as diversas operagées so de aplicagao mais simples na lavra a céu aberto que nas subterraneas, 0 que néo significa que a sua condugao e manutengao o sejam. TERRENOS DUROS TERRENOS INCOERENTES PRIMARIA | perrueacto DESHONTE MECANICO ‘SECUNDARIA (TAGUEIO) CARREGAMENTO E INFLAMACHO DOS TIROS ARCA TRANSPORTE CESTERIL E MINERIOD Fig. 38 - Ciclo normal de operagdes 3 VACA AMEN’ AO ARRANQUE E A CAR 2.1 - CLASSIFICAGAO DOS TERRENOS VISANDO AS OPERAGOES DE ARRANQUE E DE CARGA Desnecessério serd referir que as maquinas ou equipamentos necessatios para efectuar cada uma das operagées da lavra mineira ~ escavacdo, carga e transporte - terao de se adaptar ao tipo de terrenos em que se opera. Assim, escavar @ remover terrenos duros ¢ compactos 8 muito diferente do que realizar estas operagdes em terrenos incoerentes ou brandos, sendo necessaria- mente também diferentes os procedimentos. Ao pretender seleccionar-se os equipamentos para realizar aquelas operagoes de arranque, de carga e de transporte, quer na Construgao Civil e Obras Péblicas quer na Exploragdo Mineira a Céu Aberto, torna-se necessario que se conhegam os terrenos em que se vai operar. Dai até a necessidade duma sua classificagdo, sendo 0 critério usual o que traduz a maior ou menor dificuldade que eles oferecem ao seu destaque do macigo rochoso. Sob © aspecto em estudo, as classificacdes petrograficas nao tém grande sentido, devido 4s mesmas rochas, por efeito de poderem apresentar diferentes estados de alteragao, coesao, etc., no geral, se comportarem de modbs diferentes relativamente a resisténcia que apresentam no seu desmonte. Identicamente, também as classificagdes da Mecdnica dos Solos nao sao de grande significado nesta matéria. Cite-se como exemplo e simplesmente que variagdes no teor da humidade numa mesma rocha, poderao determinar diferentes comporta- mentos na sua resisténcia ao arranque. Parece assim ser de maior interesse referir as classificacdes baseadas no seu compo! mecéni nto de vista, monte. Entre estas destacamos a do Prof. Farinas de Almeida [22] que divide os terrenos em dois grupos: 1 Rochas trabalhadas sem explosivos (Rochas Brandas) - Incoerentes - desmonte a pa ou picareta — (areias, terra vegetal, aluvides, etc.); - Brandas (argilas, etc); ~ Fisseis (carvao brando, certos xistos argilosos, etc.). Il -Rochas trabalhadas com explosives (Rochas Duras) - Plasticas (carvéo duro, xistos, caledrios, grés brandos, rochas decompostas, xistos siliciosos @ de um modo geral todas as rochas pobres em sflica). Trabalhadas com explosives com velocidades de 1,500 a 4.500 m/seg... = Fridveis (granites, micaxistos, quartzitos, conglomerados, calcarios a). Trabalhadas com explosivos com velocidades entre 4.500 a 7.000 cristalinos @ de um modo geral todas as rochas ricas em si m/seg.. Embora nao explicitamente, subentende-se, desta classificagao 0 critério da maior ou menor dificuldade que as varias formagées rochosas oferecem ao seu desmonte, correlacionando-o com 0 recurso ou nao a explosivos, mas nao quanto ao seu comportamento relativamente aos equipamentos de desmonte hoje em dia ultiizados nas lavras a céu aberlo. 25) 6 autor desta classificago alarta para o caso em que as pressées naturais que incidem sob os terrenos Poderem, também, fazar passar uma rocha pléstica a fissil (fochas semi-duras). 100 Pensa-se assim que haverd interesse em compiementar a classificagao anterior introduzindo-Ihe uma componente também mais virada para 0s equipamentos de desmonte e carga, hoje mais capazes de realizar estas operagdes sob maior rendibi- lidade econémica. Pela sua evidéncia, nao se tornaré necessério justificar a existéncia duma classificagao dos terrenos sob 0 ponto de vista do seu comportamento relativamente a0 seu arranque e carga mas particularmente em relagao & primeira, Procurou-se assim obter uma classiticagdo que fosse simples e pragmatica, muito embora se admita uma certa dificuldade na sua caracterizagao nos tipos de transigéo - quadro VI. Quadro VI - Classificagao dos terrenos sob 0 ponto de vista do arranque e da carga EXENPLOS GU TIPO WINERALOGICO [asses DOS TERRENOS ene aeaen tered cedia Tey anv orate. Nacht otras : rater rcs inserts : cormues | Matte, batee, brian aol | race : ** | osas, laterites, areias argi Semicuros: . Rochas es-| Argilitos, calcérios, grés, Camades horizontais ou sub-ho-| | tratitien.| morgen, rater, ete rtnotta ¢ can plano doo a trai tlene epiate de : 0,40 no nai coneee | tata a tints : Coren betincoe ale incrcive Ses | Rochas des| Andesites, Arsilitos, barita, | Muito bem fraguentados | | montaveis | basalto, brecha $< 20 cn * | | for ent| ervey ainrae Geese, | Skee] artes, dolenas, lneria | frome | de ferro, gabros, gneiss, gra- a _ nitee,arantdtorttee, ary | oat freguaeaion geste, meee, fonteoe, ga: | ab ey ecm : vuleo ml traps | tna | Rochas abg| Riolitos, xistos, sal gemas, Blocos imbricados | . Ladas por | serpentinas, tufos, etc. | spss | 101 No quadro resumo Vil, estabelecemn-se 4 classes de terrenos definidos pela maior ou menor facilidade de penetracdo dos baldes dos equipamentos capazes de assim efectuar 0 seu desmonte mecanico, da sua goeséo, da maior ou menor facilidade de enchimento dos baldes e da presenca de blocos de grandes dimensdes. Existem classificagdes de terrenos [4, 76, 91, 92, 95, 96, 98] em que é estabelecido um correlacionamento do processo de desmonte a adoptar em relagao com a velocidade de propagac&o das ondas sismicas, conforme pode ser visto no quadro Vill. Quadro VII- Resumo da classificagao dos terrenos atendendo ao tipo de escavagao e carga Clesse 1 = _Terrenos incoerentes por si prépries ou assim tornados mercé da acco de explosives; considerados' de escaveréo e carga faceis pare todos fs equipanentos e dando erigen a coeficientes de enchinento dos baides 2 orden dos 85 0 100%; Classe 11 - Terrenos pouco coerentes ou brandos, © duros bem fragnentados, considerados de escavario ¢ carga de média diticuldade, permitindo Sbter eoeficfentes de enchinente dos baldes da orden dos 80 8 90%; Clesse 111 Terrenos coerentes, semiduros ouduros, mal fragmentados, cons derados de escavacio ¢ de carga dificels, permitinde obter cosficientes de fenchimente dos baldes da orden dos 60 a 80%; Classe IV Terrenos cosrentes dures ou muito dures, considerados de escavaciio ite diffeil, raze pela quel o¢ equipanentos nfo os podem desnontar sen a prévie ‘acco de escarificaclo ou abelanento por explosives. Poden tanbén equi ser incluidas as Fochas com planos de estrat ificaeae afastedes de 0,40 m no méxina uns dos outros, bem como os terrenos que por acgio dot explosives se epresentam muito mal fragnentados. En qualquer dos casos o coofiiciente de enchimento pode atingir valores da orden dos 40 8 60%. E pratica corrente, hoje em dia, a utllizagao do desmonte mecanico em terrenos rochosos que ainda ha bem pouco tempo apenas eram do dominio dos explo- sivos, A sua aplicago 6 evidentemente condicionada néo s6 pela natureza dos terrenos mas também pelo estado de alteragao ¢ fracturagao, natural ou provocada do macigo rochoso em causa. Com o fim de bem caracterizar os terrenos sob estes pontos de vista procede-se frequentemente a recolha de dados quer no laboratério quer no campo), com os quais é possivel obter Abacos de facil e proveitosa consulta. (2) Velocidades das ondas sismicas determinadas “in stu" e no laboratério, médiulo de fracturagao, “R.0.0." “rock quality designation” ~ cargas de ruptura & compressao e & traceo por via indirecta (méiodo brasileiro) @ outros. 102 Quadro VIII — Velocidade de propagacao das ondas sismicas PROCESSOS DE VELOCIDADE DE PROPAGAGHO DAS CNDAS SISHICAS | DESMONTE N/ses. | | ESCAVAGKO 300 A 900 ESCARIFICACHO 1000 A 2000 (Transi¢io) 2200 A 2600 POR EXPLOSIVOS > 2600 2.2 - O ARRANQUE E A CARGA MECANICA USUALMENTE SEM O USO DE EXPLOSIVOS A realizagao de trabalhos mais ou menos importantes de escavagao por processos manuais ndo $40, nos nossos dias, de considerar, a nao ser, talvez, em paises subdesenvolvidos e com excessos demograficos. Reportando-nos as antigas civilizagdes, estes procedimentos levaram a realizar obras e trabalhos perante os quais nos quedamos ainda hoje admirados ao contempla- los, Mas desde longe o homem tem procurado eliminar estes trabalhos ou pelo facto de serem penosos ou porque sentiu necessidade de os realizar em tempos mais curtos. Dai a procura da, também |4 nao recente, sua substituicdo por processos mecanicos, substituigao essa dependente necessariamente da evolugao destes. Como marcos importantes desta evolucdo, aliés permanente e continua, é justo citar: 0 aparecimento no final do século XIX da pa mecanica "Shovel" accionada a vapor e em 1920 Hold e Best, ao criarem um tractor movimentado a gasolina a que aplicaram uma lamina, percursores da fabricagao em série dos modemos equipamen- tos aplicados nas escavacées quer da construgao civil quer mineiras [76]. Nesta curta resenha histérica ¢ justo também citar R.G, Le Tourneau que na década de 1920 a 1930 criou o primeira ‘Scraper" rebocado por um tractor, percursor () $20 notéveis muitos dos trabaihos minelios levados a cabo pelos nossos antepassados em certas zonas do nosso Pais (Trés Minas, Pogo das Freitas, Valongo, Vila Vigosa, etc). 108 do “tournapull" que em 1938 apareceu e que constitui também um marco importante na moderna movimentagao de terras, (primeiro “scraper” automotor [35]). A partir desta data, assistiu-se a um rapido desenvoivimento de todos os equipamentos para estes fins, com um consequente aumento da produtividade e melhores condigées de trabalho, nao podendo ser posta em divida a sua importancia na obtengao das elevadas metas de civilizacdo alcangadas pelo Homem as quais no teriam sido atingidas sem 0 contributo destas maquinas. 2.2.1 - Maquinas escavadoras estacionérias As escavadoras so as maquinas habitualmente utlizadas pare efectuar mecanicamente as operagoes de arranque e ou de carga,tanto dos terrenos estereis, como do minério. S40 maquinas estacionérias, porque muito embora possuam orgaos préprios de locomogio, estes praticamente nao participam no ciclo operatério. Sao pois equipamentos destinados: ou ao arranque e carga de produtos provenientes de macigos virgens constituides por rochas brandas; ou @ carga de produtos desmonta- dos pela prévia aogéo dos explosives, no caso dos macigos formados por rochas duras. Podem ser subdivididos em dois tipos fundamentais: de balde unico e de balde miultiplo, conforme © quadro IX. Naquelas o processamento das operacdes € cictico enquanto que nas titimas ele € continuo. Quadro Ix MAQUINAS ESCAVADORAS ESTACTONARIAS A | be aioe ontco = PAMECANICA DE BALDE FRONTAL ~ SHOVEL” ~ Fig. 37 = BALDE DE ARRASTO ~ "ORAGLINEW — Fig. 62 = BALDE CASCA DE OSTRA ~ "CLAMSHELL" ~ Fig. 44 | = RETROESCAVADORA ~ “BACKHOE™ — Fig. 47 8 | bE SALDES wuLTIPLoss = CADEIA DE BALDES ~ "CHAIN DIGGERS" ~ Fig. 55 = ROOK DE BALDES ~ “BUCKET WHEEL" ~ Fig. 58 104 As escavadoras de balde Unico podem ainda ser subdivididas nas quatro variantes, conforme o tipo de langa, apresentadas no quadro anterior. Por apresentarem muitas caracteristicas comuns sao estas tratadas em conjunto, apenas se tratando em separado as caracterfsticas que as dliferenciam. A ~ Méquinas escavadoras de balde unico Acconstituigao destas maqiunas 6 do conhecimento geral, pelo que apenas ela aqui seré sumariamente relembrada. Nela se poderé distinguir uma infraestrutura e uma superestrutur A infraestrutura inclui uma base que se apoia sobre o sistema de locomogao e sobre 0 qual se apoia a superestrutura mével em tomo de um elxo vertical. O ido por uma roda de coroa e mecanismo que permite a rotagéo de 360° é cons! pinhdo. A superestrutura esta intimamente ligada & roda de coroa de modo que o accionamento do pinhao provoca a rotagao de toda a superestrutura. Nesta, além da cabine de comando, encontra-se localizado 0 elemento motor e as transmissoes necessérias para accionar os diversos elementos méveis. INAS ESCAVADORAS DE BALDE UNICO FRONTAL ~ "Power Shovel" A fig. 39 representa esquematicamente este tipo de escavadora carregadora. Fig. 39 - Partes componentes principais de uma pa mecéinica Nela se pode observar a langa propriamente dita (1) sustentada por um cabo (6), 0 qual permite, aproximadamente, variar 0 seu Angulo de inclinagdo entre 35 a 65°. Na parte intermédia da langa encontra-se o brago mével que pode rodar em torno de uma articulago (14), executando nesse movimento, de baixo para cima, o desmonte 105 através do balde (3). © accionamento deste brago 6 comandado por intermédio de um cabo (11), acclonado pelo guincho (10). Este brago pode também ter um movimento de translacgao através de uma cremalheira (8). Este movimento permite nao s6 facilitar 0 trabalho de desmonte como também o de carga. A operagao de descarga do balde pode ser feita frontalmente ou por meio da abertura de uma tampa mével situada na parte inferior do balde. © ciclo de trabalho duma pa mecénica inclui os seguintes movimentos elementares (fig. 40): ~ movimento lento de translacgao da maquina (1,5 a 2 m/seg.); ~ levantamento do balde; - avango ou recuo do brago mével através do sistema de cremalheira; — rotagao da plataforma superior; ~ descarga pela abertura do fundo ou por basculamento do balde. Fig. 40 - Movimentos basicos de uma p4 mecénica © accionamento destas unidades tanto pode ser feito A custa de energia eléctrica (corrente alterna, continua ou mista do tipo Ward Leonard) produzida exteriormente a maquina, como mecAnico (motores de combustdo interna, geralmente do tipo diesel) como do tipo misto (grupos geradores diesel/eléctricos). A lectricidade constitui a forma de energia mals aplicada, principalmente nas pas mecdinicas de grande capacidade. Esta forma de energia produzida no exterior, em grandes instalagdes e no geral fixas, de grande produgao e distribuigéo varia, & 108 normaimente de menor custo do que a fornecida por unidades mais pequenas, como a dos grupos diesel/eléctricos auto-transportados. Muito embora, pelas razdes expostas, 0s custos de laboragao das unidades escavadoras diesel/eléctricas sejam relativamente maiores, elas possuem uma maior liberdade de movimentagao e implantagao, o que interessa particularmente quando os locais de trabalho se situam longe das redes gerais de distribuigdo. Assim, as pas mecénicas com sistema diesel eléctrico auto-transportado sero de aplicar naqueles casos em que se prevém trabalhos de relativamente curta duragdo mas requerendo frequentes destocacées, enquanto que o sistema de alimentaco eléctrico do exterior deverd ser aplicado nas situagées inversas das acabadas de indicar. © accionamento pelo simples sistema diesel, com comando éleo-hidratilico, est@ naturalmente indicado e aplicado com vantagem nas unidades pequenas ou médias e sendo estas escavadoras geralmente designadas por escavadoras hidrauli- cas. £ elas t8m vindo a ocupar progressivamente o lugar das que usam os cabos guinchos na movimentagao do baide, particularmente nas de pequena capacidade, mas mantendo-se aquele accionamento ainda, nas de média ou grande capacidade. Seleccio das dimensdes e caracteristicas das méquinas escavadoras ~ ela vai depender da A equipamento ao trabalho a reali 3 exigidas, Duma maneira geral, poder-se-A dizer que as unidades de grandes dimensoes sero de empregar quando: = as frentes de desmonte tiverem elevadas alturas; ~ 08 terrenos forem duros ¢ coerentes, em virtude das grandes escavadoras apresentarem maiores forgas de penetragao relativamente as mais Pequenas; ~ se exigirem elevadas capacidades hordrias de producao; — 08 equipamentos de transporte forem de grande dimensao. E evidente que o critério final de selecgao vai, como sempre, ser 0 do mais balxo custo unitérlo de produgao; ¢ sem duivida que quanto maiores forem estas mé- quinas menores custos unitarios de laboracao poderao ser conseguidos. Ainda nos ca- os em que se proceda a fragmentagSes prévias por explosivos, as grandes unidades 2 Nestas co 08 incluimos a dimenséo da gosla do fragmentador primario, 107 permitem obter custos unitérios menores, dado serem dotadas de baldes que admitem maiores blocos, levando ainda a menores custos de mao de obra. ‘As grandes unidades apresentam também alguns inconvenientes e que em cada caso interessa ponderar: menor mobilidade, custos ou taxas de amortizagao mais elevados (tendo normalmente um valor residual relativamente pequeno) e tempos de paralisagéo e custos de manutengéo que geralmente séo con: jeravelmente maiores que nas pequenas unidades (com o agravamento de se poder traduzir em rupturas totais da extracgao). E habitual classificar estas mAquinas em dois tipos (com caracteristicas dimen- sionals bem diferenciadas) em fungéo dos métodos de exploragao empregados No método de exploragao das escombreiras situadas no interior - ‘cut and fill” = interessarao as méquinas escavadoras de grandes dimensdes e capacidades, por serem dotadas de grandes raios de alcance e o seu accionamento ser felto por cabos. A literatura anglo-saxénica denomina estas maquinas como pertencendo ao tipo "stripping shovel"; Pelo contrério, nos métodos de expioragéo em que as pas mecénicas procedem apenas a carga directa em unidades de transporte (camides, vagées, etc.), empregam-se as de menores dimensées @ capacidades, e de relativamente pequeno alcance e accionadas hidraulicamente. Estas sao as unidades habitualmente utilizadas nas pedreiras e minas a céu aberto. A literatura anglo-saxénica denomina-as de *Qua- try/Mine-shovels Q.M". Na fig. 41 sdo apresentadas as principais dimensdes e caracteristicas de que normalmente se tem necessidade de conhecer para seleccionar este tipo de equipa- mentos. Nos quadros X, XI e XII apresentam-se, respectivamente, as dimensées & alcances dos trés tipos de pas mecdnicas (pequenos, médios e grandes). Modo operat6rio. Estas maquinas sao fundamentalmente projectadas para realizarem o desmonte mec&nico em terrenos incoerentes ou brandos, podendo no entanto, ser também utiizados em terrenos duros, quando estes sojam previamente fragmentados por intermédio de explosivos, trabalhando entéo como carregadoras. Pelo facto de praticamente poderem executar trabalhos de desmonte e ou de carga em todos os 108 tipos ou classes de terrenos ((, Il, Ill e IV) do quadro VI, elas séo de uso comum em quase todos os métodos de exploracao a céu aberto, podendo realizar operagées tanto no estéril como no minério, mas sempre em frentes situadas acima do nivel do degrau em que se situam (fig. 18-a). Fig. 41 - Dimensées e alcances das pas mecénicas Nas pequenas e médias exploragdes sao ainda preferidas as de comando hidradlico, por escavarem mais suavemente e permitirem um controlo mais flexivel ¢ preciso na carga dos camiées ou outros equipamentos de transporte, do que o conseguido com as de cabo. Verifica-se que a tendéncia, como era de esperar, é a de utilizar nas grandes explorages mineiras, unidades de dimensées cada vez maiores e, obviamente, catregando camiées também de grande capacidade. Actuaimente, pensa-se que nas muito grandes exploragées esta solugao tenha JA atingido o seu limite [10]. MAQUINAS ESCAVADORAS DE BALDE UNICO DE ARRASTO OU "DRAGLINE" Conforme pode observar-se na fig. 42, as escavadoras deste tipo sao constituldas por um balde ou cesta (9) que se desioca, por meio de cabos, de um lado para 0 outro, “raspando" as frentes em exploragao e enchendo-se dos produtos (minério ou estéril), que sdo transportados e descarregados sobre veiculos de transporte, silos ou em locals destinados a sua deposi¢ao (constituindo geralmente escombreiras). 109 Quadro X - . Dimensées e alcances das pas mecénicas pequenas segundo a *Power Crane & Shovel Association’ (PC&SA) COMPRIMENTOS ALTURAS_WAKINAS RAIOS DE caPaciDADE uawca cay | araco (cy | 9 conte | oe nescaRca | ALCANCE MACIHO 0 BALDE o @ wo aRons Oo @ om o @™ ~ custeas se oz] 6-45 | 34-40 | 52-58] « - 4,5 67 we | 0,38| «5-50 | 37-40 | 58-73 | 43-5,0 64-73 | su os} so-ss | 60-46 | 66-82 | 45-5,0 76> 85 joa 0,76) 6,0 5,0 7,0- 82 45° 5,5 94 - 98 ve] 0,96] 6,5 5,0 70-82 | 5,0-5,8 94-98 tie|11s| 65-70 | 50-55 | 73-98 | 55-60 9.8 - 10 t3«l4s5| 67-73 | 50-55 | 80-90 | 55-60 9,0- 10 2 |1al o7-75 | 52-50 | ao- 90 | 58-60 10,0- 11 212}roi} 75-80 | 55-60 | as-10 | 5.38-6,5 10-146 Modo operatério das ‘draglines" Este 6 diferente do das pas mecanicas e fundamentalmente por elas operarem em frentes situadas abaixo do degrau em que se posicionam (ver fig. 24). A pa de arrasto constitul mesmo um dos Unicos equipamentos deste tipo cujo balde pode operar debaixo de agua e © que possui o maior raio de alcance. 110 Quadro XI - Caracteristicas das pas mecdnicas médias do tipo “Quarry/Mine” utilizados nos U.S.A. CCAPACIDADE DO BALDE ~ ww-27] 23 6-46 (53-61) 76 ALTURA MAXIMA DE CORTE - m= 19 93 2 | 13 | ze RAIO DE ALCANCE MAXIMO = M 11,6 15 39 | 14S | 174 [ESFORCO MAXIMO NA POLIA DO BALDE, Ton. 5 a2 - 30 mS POTENCIA INSTALADA - Ki we ze 206 609 253 DURAGHO DO CICLO COM ANGULO DE ROTAGKO a a5 2 zB ar be 90° = sec. | PESO DA ESCAVADORA - Ton. % 8 46 207 335 Quadro XII - Caracteristicas das pas mecdnicas grandes do tipo “Stripping utlizadas nos U.S.A. | | a > pele | POTENCIA INSTALADA ~ Kw 1076 176s | 67 | aso Saw Ta OS TTI 7 te). ts Na fig. 42 pode ver-se o sistema de suspensao do balde, que Ihe permite posicionamentos diferentes e possibilita o desmonte, a carga e a descarga através do cabo e do suporie articulado. Para efectuar a descarga basa soltar 0 cabo de arrasto, mantendo-se a cesta ou balde na posigao vertical. Todo o sistema de suspensao e 0 proprio balde so de construgdo muito aligeirada, podendo a langa atingir comprimen- tos duplos dos das pas mecdnicas de igual capacidade. Esta caracteristica permite-thes alcances obviamente duplos dos conseguidos pelas pas mecdnicas, o que aliado a maiores simplicidades do balde, Ihes possibilita manobras mais répidas. t= Langa, 2 Cabo de suporte da langa; 3 ~ Guincho de elevagao da costa; 4 Guincho de arrasto; 5 ~ Cabo de arrasto; 6 ~ Cabo de elevacdo da costa; 7 ~ Articulagao da langa; 8 ~ Extonsdo Intormedidria da langa; 9 Costa Fig. 42 - Escavadora do tipo “dragline* Quanto ao seu modo de locomocao ele pode ser feito sobre e por meio dos equipamentos normais de transporte (vagdes, camides e similares), sobre lagartas para as de pequena ou de média dimensao, ou sobre sapatas proprias e mévels accionadas por intermédio de excéntricos para as escavadoras de grandes dimens6es (assentando elas no seu préprio chassis inferior durante 0 periodo de trabalho). Este Ultimo sistema, denominado por ‘walking’ na literatura anglo-saxénica, permite 0 emprego de langas de grandes dimensdes (70, 80m e até mais). Mantendo uma 412 grande estabilidade, conseguida & custa da possibilidade da maquina ser projectada de maneira a comportar grandes dimensées e pesos, ela transmite ao terreno pressoes muito pequenas (1 Kg/cm? no trabalho normal ¢ cerca do dobro ~ 2 Kg/cm? - quando a maquina se desloca por si apoiada nas sapatas). Em face destas caracteristicas as maquinas equipadas com este ultimo sistema estao particularmente indicadas para aqueles terrenos cujas caracteristicas mecénicas nao permite suportar as maquinas deslocando-se sobre lagartas, j4 que, para igual peso, podem transmitir pressées unitérias duas ou trés vezes superiores aos terrenos que as suportam. No entanto, se as mAquinas do tipo “walking possuem boas caracteristicas de establlidade, o mesmo j& se nao verifica relativamente & mobilidade, que é notoriamente afectada (a sua velocidade de avango 6 da ordem dos 150 a 250 m/h contra os 2 km/h que é possivel atingir com outros sistemas de locomogao). Porém, nas frentes de trabalho em que os desiocamentos possam ser frequentes mas curtos, a desvantagem proveniente da sua baixa mobilidade pode ser irrelevante. Os sistemas de accionamento e comando das “draglines* séo muito semelhantes aos das pas mecanicas de cabos. © seu modo operatério baseia-se na queda livre do balde sobre 0 terreno a desmontar, o que Ihe confere a necessaria forga de penetragao ou de arranque. Este procedimento pode ser complementado através de um movimento provocado e controlado de "arremesso" do balde, cuja eficiéncia dependeré da pericia do operador. As maquinas de grande porte, como aquelas a que nos temos vindo a referir, permite geralmente a utilizagao de langas de diferentes comprimentos e compativeis com diferentes capacidades dos baldes. Em virtude da maxima capacidade destas maquinas ser limitada por condigdes de equilibrio, ela dependerd do aleance da langa; além dos habituais factores interventores, como 0 peso especifico dos produtos, etc.. Com efeito, também as normas especificam que nestas maquinas o peso do balde somado ao da sua carga n&o deveré exceder 75% da forga capaz de provocar o desequillbrio da maquina — “tilt force’. ‘Também 0 angulo — K ~ feito entre a langa e a horizontal, fig. 43, pode variar, sendo a sua regulacao feita através dos cabos de manobra. O seu aumento permite também 0 da altura de queda do balde, o que permite maiores forgas de penetragao, mas & custa da reducdo do seu raio de acg’o. Se os terrenos apresentarem um elevado grau de dificuldade, quer de escavagao quer de carga (tipo Il e IV), pode ser preferivel o uso de baldes de pequena dimensao e elevados angulos - K -, 0 que conferiré maiores forgas de penetracio e consequentes aumentos da capacidade da maquina. As “draglines" so habitualmente designadas pela capacidade dos seus baldes expressa em m® ou jardas cUbicas, e que para as unidades de pequena a média di- mensao sao iguais as das pas mecanicas, nas quais alias se podem converter. Na fig. 43 € nos quadros Xili e XIV indicam-se diversas caracteristicas dimen- sionais destas maquinas para diferentes capacidades (pequenas, médias e grandes) Fig. 43 - Dimensées e alcances das pas mecanicas Ocampo de emprego das “draglines' nao difere muito do das pas mecanicas, com os quais aliéis competem. O seu rendimento varia entre 50 a 80% do de uma p& mecanica de igual capacidade. Tém particular aplicagéo naqueles casos em que conver manter a maquina fora da escavagao por razées de maus terrenos, de acesso, ou de invasée de aquas. Na lavra mineira 0 seu campo de aplicagao ideal, principalmente no caso das grandes mAquinas, é 0 da remogao dos terrenos de cobertura estéreis pouco espessos € constantes dos jazigos cuja morfologia aponta para o método de exploracao das mbbrei interior dos contornos d ao”, Devido & sua concepgao, estas maquinas permitem alcances superiores aos das pas mecanicas, mas a sua utlizagao como equipamento de carga directa em camides ou noutro equipamento de transporte nao permite manobras tao precisas. er ™ Na Conetrugio Civil estes equipamentos so uizads na abertur de tincheies,canais, baragens, 114 Quadro XIll_ -Caracteristicas de “draglines* de pequena e média dimensao ~ locomogao por lagartas CAPACIDADES 00S BALDES/n3 CARACTERISTICAS os for] 1] us| as] ae] 3 Conpeimento da Lanca - = 1,5] 2 | 2 | 5 | w | 20 | 20 Inetinaede da Lanca - grous wo | a | 40 | ao | 4o | as | as Rojo de Descarga - m | 90] 10,5 | 10,8] 13,5] 1,0] 15 | 16 Altura nixina de Descarga - m 42] 42] a2] 7s} aap - | - Profundidede de corte - 36] 68] 5,7] 721 9,0 Rajo de alcance - m * 12,0 | 13,5 | 13,8] 17,1 | 20,4| 17 | 18 Peso ~ ton. -|a}] - | - | 50 | oo | a Poténeia inetalada - ev 110 148 | 205 | 250 * depende das condicdes locais da pericia do manobrader Quadro XIV -Caracteristicas de “draglines’ de grandes dimensées ~ locomogao tipo *walking* CAPRGIOADES OOS BALDES CARACTERISTICAS ‘ ‘ 8 20 = Conprinento da Lanca = m “0 oo %0 6 = Inetinagdo da Lance ~ sraus | 3s 30 30 | 20/30 A= Raio de descarga - m % 30 7 7 ~ Altura méxina de descarga - a 16 % z 2 © ~ Profundidade de corte = 6 30 2 2 | 9 — Raio de alcance - 4 5 a ae Duragio do cicto - seg. - rotacso de 135° 46 ey 6 © Pressio sobre ot terrenos - ka/en® + ourante @ trabelho 0 | 072 | o8 | o8 + durante a Locomocao 10 no | tar | nar Peso - ton. too | sez | 1200 | t150 Velocidade de Locamoclo - kavh oar | 02 | 018 | 0,18 Poténcia instateda - ev 30 | 750 | 1750 | 1900 115 ‘Também a sua forga de arrasto, sendo condicionada pela resisténcia do cabo tractor, limita mais a sua acgdo a terrenos das classes | € Il do quadro VI Para dar maior utiidade a estas mAquinas, o seu balde pode ser substituido por uma série de aparelhos de desmonte, de carga ou de elevagdo que podem também equipar as pas mecanicas, conforme se pode observar na fig. 44. ‘el Fig, 44 - Variantes de aparelhos que podem ser montados nas “draglines" Dentro destes aparelhos acessérios 6 de destacar os de tipo "balde casca de stra’ ou “olamshel" constituidos por duas mandibulas, com ou sem dentes, que se podem abrir e fechar por meio de cabos. A forga de penetragao 6-Ihe conferida pela queda do balde e posteriormente pelo fecho das mandibulas, de modo que a remocao dos produtos avanga verticalmente e em profundidade. Sao equipamentos que podem pontualmente complementar o trabalho das “draglines" e mesmo das outras méquinas, naqueles casos em que os terrenos apresentam caracteristicas que no permitem a aplicagao dos baldes normais. Nas figs. 45 @ 46 @ nos quadros XV e XVI apresentam-se as dimensdes & caracteristicas das maquinas de emprego mais frequente. No pardgrafo 4.3 deste Capitulo estabelece-se uma comparagao critica entre as ‘draglines" e as pas mec&nicas, quando aplicadas em tarefas mineiras a céu aberto similares. Também al se vera que, muito embora, estes dois tipos tenham campos de aplicagao diferentes, casos haverd em que elas nao competem entre si, mas antes se complementam, 116 Fig. 45- Caracteristicas dimensio- nais duma "Clamshel" wtio— Pes Fig, 46 - Ralo maximo de descarga em fungio da inclinagéo e do comprimento da langa. Quadro XV - Cargas de trabalho admissiveis (Kg) para a "Clamshell" de 3,5 m® mato COMPRINENTO A LANCA ¢m) ao % | ar 30 3 13,5 13.600 - - 7 | 15 13.600 13.600 5 = 16,5 13.600 13.600 13.400 5 18 13.430 13.256 13.075 12.930 19,5 12.100 11.930 an750 11.590 a 11.000 10.830 10.640 19.480 2,5 - 9.080 | 9.700 9.500 2% = 5 2.870 8.700 35 - - 8.170 8.000 Fa | = 5 = 7371 Quadro XVI —Pesos e dimensées das lamshells* para diversas capacidades ALTURA ABERTO AALTURA FECHADO PESO 00 BALDE (+) 25 27 2a 3.0 3,2 © peso total do balde (peso Util + peso mortoy nfo devers exceder os valores indicados. Estes valores foram calculados an 66,7% da carga de equil brio. 417 BA RETROESCAVADORA Conforme pode ser observado na fig. 47 e 48, 0 tipo de langa da retroescava- dora 6 semelhante ao da pa mecnica, apenas apresentando a diferenga no posiciona- mento do balde que, contrariamente ao daquela,é voltado para baixo. -on4e0 Da LANGA ago Moves 8 8 teeter on cacaman Eetto oe susteanadle 26 testo |S: CABRESTANTE OE ELEVAG49 DOBRAGO DALANGA® S-elonestanre oe etevapao on capanaa T-ARTICULACAD BO BREGO MOVEL bcekgan Sou cstes Fig. 47 - Retroescavadora accionada por cabos pas) Fig. 48 - Retroescavadora acclonada hidratlicamente 118 As retroescavadoras séo maquinas concebidas para executarem essencial- mente trabalhos de escavacao. Com efeito, o seu raio de alcance é limitado e o balde de pequena capacidade, afectando uma forma peculiar - ‘Hoe" - 0 que Ihe coniere boas caracteristicas de penetracao, pois os dentes dos seus baldes podem exercer grandes pressdes sobre os terrenos. O seu funcionamento, embora semelhante ao das pas mecanicas, apresenta no entanto, duas caracteristicas que as distinguem: ~ a posigdo invertida do balde; ~ uma maior estabilidade, pois & medida que se processa o seu enchimento ele aproxima-se da maquina, contrariamente ao que sucede nas pas mecanicas (fig. 49). Fig. 49 - Comparagao entre o trabalho efectuado por uma escavadora trabalhando como pa mecanica ou "retro" Pelas razdes anteriores as retroescavadoras possuem relativamente A pa mecénica: ~ maiores estabilidades axiais e transversais; ~ menores poténcias consumidas e ~ melhores reparticées dos esforcos e consequentes menores efeitos gerais de fadiga. Compreende-se pois que estas maquinas permitam escavar ou desmontar terrenos um pouco mais duros que os normalmente escavados pelas pas mecanicas (classe Ill ou mesmo IV). Analogamente as pés mecdnicas, 0 comando por cabos esté a ser posto de lado a favor dos comandos hidratilicos, que permitem gbter ciclos operacionais mais fapidos ¢ sobretudo grande precisao no trabalho. Este tipo de escavadora pode trabalhar segundo trés modos operatérios distintos, [90] conforme esté situado: 118 = no nivel inferior do degrau - fig. 50-a, — numa plataforma formada pelos préprios produtos desmontados - fig. 50-b, ~ ou no nivel superior do degrau - fig. 50-c. © modo operatéri representado nas fig. 50-b e 51, parece oferecer certas vantagens, como: — uma boa establlidade da maquina durante o trabalho, por um apoio total das superficies que compée as lagartas, donde resulta uma excelente degradagao das cargas de apoio; ~ menores esforgos solicitados aos aparelhos de locomogao; = deslocamentos praticamente nulos; — cargas mais suaves e devidamente controladas devido a excelente \isiblidade proporcionada ao manobrador (0 plano da superficie inferior da caixa dos camides coincide com a de apoio das retroescavadoras). (@ (b) (0) Fig. 50 - Modos operatérios da retroescavadora

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