Você está na página 1de 2

Jr6'~tÚAm&'.

9J

o bilhete do alllor
Mineiro nascidoemSanta
Cruz da Prata, em 1936,Elias
Josétem uma grandeprodução
literária: adultos,juvenis,
infantis, contos,romances,
novelasepoesiastotalizam 60
livros. É professordeliteratura
brasileira,teoriada literatura e ~gO que colocou os objetos embaixo da carteira,
Pitu encontrou o bilhete. Leu, ficou vermelho, colocou no
dirigeuma escolaestadual.
Comoescritor,ganhouvários bolso, não mostrou pra ninguém. De vez em quando, mor-
dia-lhe uma curiosidade grande, uma vontade de reler pra
prêmiosno Brasil e tem mui.tos
deseuscontosepoemas ter certeza. Era uma revelação que ele não estava esperando.
Não podia dizer que estivesse achando ruim, pelo contrá-
publicadosna Itália, no México,
rio... Ele estava com vontade de olhar pra trás, para as últi-
Revivendoa magia na Argentina,na Nicarágua,nos
mas carteiras e procurar uma resposta com o olhar. Era um
I\, EstadosUnidose na polônia.Jtí
do universo vendeumais deum milhão dI' tímido e não se encorajava. A professora explicava num
infanto-juvenil livros infanto-juvenis,façatllw
mapa as regiões do Brasile ele viajava num rumo diferente.
Ainda bem que ela não estava olhando pra ele, nem fazen-
cujosmotivosvocêdescobrirtí""
ler "O bilhetedo amor", (('/tllll do perguntas, só estava expondo a matéria. Na hora da veri-
temo e envolventesobr('(/\ ficação, acabaria saindo-se mal. Não gostava de ignorar as
rolsas perguntadas. Só não se saía muito bem quando se tra-
expectativasdo primC'iTtl
amor de um garoto/flllicltl. lava de fazer contas de números fracionários. A professora
I'
I IIwsma dizia-lhe que em Português e matéria de leitura e
l'ull'ndimento ele se saía bem; mas nos cálculos tinha difi-
I I.ldades. Agora estava distante, pensava em poesias român-
Ih .1', em música sentimental. Estava meio perdido nos pen-
I1l1t'ntos confusos. O bilhete queimando no bolso. Uma
1111I..dl'de relê-Io, palavra por palavra. Intl'r(,'is.III\I', 11,101".1
11111IIllhcte bem escrito, Ullh.1 .11('"11'0 dI !'IIIIIIVIII . 1"11
'1111 .ll'Ilrlosldadt'l \0,'1,' ...1111.1
dI 11 111111111. "111" 11" .lI. .10
1I11I'lo.t'lt,~.III\I', p.11 11111I 1'111,111' I." ,I, "'"' ,"' I'"
I. lido ,.1111'1,tI,lIlIlo 1',111'11' \, ,,' I 11.11., 1111.10111..
I. . ,. t

I
J76'd~@~.9S

diferente. Tinha um bilhete que trazia uma declaração de


amor e uma assinatura. Trazia mais: trazia um convite para
um bate-papo na praça, às duas horas, se ele quisesse namo-
rar de verdade. Marina era bonitinha, ele queria. Falta-lhe
jeito de dizer, tinha que escrever um bilhete respondendo,
era mais fácil. No intervalo, escreveu o bilhete, fechado no
banheiro. Quando ela chegou, a resposta a esperava na car-
teira. Quase no fim da aula, ele criou força e olhou pra trás.
Marina sorria, confirmando. Ele sorria também. Diversas
vezes, ele olhou pra trás e a encontrou olhando. Trocaram
sorrisos e olhares. Os dois estavam vivendo uma ternura pri-
meira e não sabiam escondê-Ia mais. Tanto assim que a pro-
fessora pediu que ele virasse pra frente, observasse o que ela
estava pedindo pra pesquisa do fim de semana. Naquele fim
de semana, ele iria pesquisar alguma coisa nova que não
tinha experimentado, como alguns outros de sua idade e
turma.

Você também pode gostar