Você está na página 1de 107
Scam -Jubmarina Claudio Guardabassi Waldir Naccarato ¢ Ceca -Jubmarina Claudio Guardabassi Waldir Naccarato 18 Edigao 3.000 exemplares Direitos autorais reservados & EDITORA MARAZUL LTDA Planejamento grafico, capa e ilustragdes: Paulo Nilson Tlustragdes do capitulo Peixes retiradas da obra Teleostei - Manual de Peixes Marinhos do Sudeste do Brasil, de J. L-Figuciredo e Naércio Menezes Impressao Eletr6nica: AD Central Tecnologia Grafica Laser 1996 Impresso no Brasil Indice Introdugao Prefacio Um pouco de historia... Breve hist6rico Brasil Armas de caca A mascara O respirador As nadadeiras O equipamento Equipamento bdsico e acessérios Mascara semi-facial Refragao da luz Embagamento Nadadeiras - utilizagio Respirador - utilizagao Posigao do respirador Posigao do respirador na apnéia Cinto lastreado - utilizagéo Roupa isotérmica - funcionamento Roupa molhada Faca Luvas Lanterna Boia de sinalizagao Sacola Transporte de peixes Caixa de ferramentas 15 17 19 21 21 22 25 25 26 27 29 29 31 32 34 36 36 37 38 40 42 44 45 46 47 49 50 50 ai p In fu) té p m p oi mH tui m Fisica hidrostdtica e o mergulho Principios de Fisica aplicada Flutuabilidade Principio de Arquimedes Influéncia da salinidade na flutuagaéo Pressao Lei de Boyle-Mariotte A apnéia segura Fisiologia Aparelho Circulatério Aparelho respiratorio Funcio respiratéria Dindmica da respiragao Regulagao da respiragao Difusio do ar Tabela de seguranga Compensacio do Ouvido Médio Barotraumas Barotrauma do ouvido médio Barotrauma do Ouvido externo Barotrauma Sinusal Barotrauma Facial ou Ocular - sintomas Compensagao da mascara Barotrauma Pulmonar - sintomas Barotrauma dental Mergulho em apnéia Quanto dura a apnéia? O limite de profundidade Efeitos Fisiolégicos da hiperventilagao Respiracao completa (pranayama) Apagamento A apnéia segura 51 53 53 55 S7 58 60 65 66 66 66 67 67 68 69 72 73 74 75 76 77 79 81 81 82 83 84 86 87 88 89 92 Consideragées sobre o mergulho em apnéia Os efeitos da apnéia A apnéia no mergulho O trabalho muscular Salvamento Reanimagao Cérdio-pulmonar Restauragao da respiragao Restauragao da circulagéo O maior risco: 0 afogamento Reboque do nadador cansado Reboque do peito cruzado Mergulhador no fundo O organismo humano e o mergulho A temperatura da 4gua Procedimentos basicos de emergéncia A alimentagdo do mergulhador Dieta equilibrada Seres marinhos perigosos tubarao barracuda, enchova e sarda moréia dgua viva ourigo do mar peixes venenosos Caga Submarina Técnicas e fundamentos Locais de pratica Ilhas continentais e lages Ilhas oceanicas Parcéis e recifes de corais Costeiras Naufragios 93 94 95 96 97 99 99 100 101 102 102 103 103 104 105 106 107 108 110 110 111 113 114 117 119 119 119 120 122 123 124 In| Técnica de caga submarina Virada em trés tempos Caga com lastreamento fixo Caca com lastreamento varidvel Exploragao pela superficie Exploragao pelo fundo Exploragao das tocas A abordagem da toca A aproximagao Comportamento de peixe O tiro Recuperagao e embarque O segundo tiro O trabalho de recuperagao A técnica da espera A caga submarina em equipe A caga submarina em 4gua turva A caca submarina em agua doce Peixes esportivos de 4gua doce tucunaré dourado corimbatad pintado A caga submarina noturna Armas Armas pneumaticas Armador de pé Arbalete de elastico Balanceamento e equilfbrio Molinete Molinete de brago linhote 125 126 129 130 131 136 137 140 140 141 142 146 148 148 151 154 156 159 160 160 161 162 162 164 163 165 167 167 168 169 170 171 Peixes pratica de nés né de escota simples né de escota simples com soltura né de escota dobrado lais de guia Peixes do mar territorial brasileiro Peixes de passagem Peixes de toca Bijupira Caranha Vermelho Cioba Garoupa Badejo-mira Badejo-de-areia Badejo-quadrado Sargo-de-beigo Sargo-de-dente Olho-de-boi Pitangola Barracuda Robalo Pampo Pampo-galhudo Sernambiguara Xaréu Xaréu-branco Xaréu-preto Tubarao Sarda 169 172 173 173 173 175 177 177 178 179 180 181 182 183 186 187 188 189 192 191 194 195 196 198 199 200 201 202 203 204 207 In, at in Ful) tél pa F mil po al Tr tul " ext m Paru-de-pedra ou enxada Enchova Bonito Galo e Galo-de-penacho bibliografia 208 209 211 213 © programa deste livro é reconhecido e adotado pela "NATIONAL ASSOCIATION OF UNDERWATER INSTRUCTORS" Introducao homem, antes de tudo é um ser aquatico. So varias as evidéncias que denunciam sua origem e a mais contundente é a notavel resposta do organismo quando submetido & pressao hidrostatica. Nossa constituigao basica é a igua e por este motivo nos adaptamos perfeitamente ao meio A Agua é 0 principal elemento do planeta Terra ¢ dela sim, dependerao as futuras geragdes pois o homem nao s6 ocupou de forma indiscriminada as adjacéncias de mares e rios, como -instalou também suas fabricas e langa, sem piedade nas Aguas, todos os dejetos organicos e inorganicos, prejudicando piedosamente o meio ambiente aquatico. Mas, todos sabemos e os mecanismos de depuraciio deste meio ambiente podem rfeitamente minimizar os efeitos da poluigaéo, reduzir os omponentes nocivos e até propiciar condi¢gées tolerdveis a uutengfio dos organismos aqudticos assegurando a vida as pécies animais e, por que nao dizer, 4 propria raga humana geracdes futuras. O problema é que 0 oceano, embora de mensées respeitdveis vai perdendo sua forga depuradora e minha sem controle para 0 ponto de saturagao, pois o homem ‘© aprendeu a avaliar o limite de saturagio do ambiente \juitico. Hoje sabemos que existem grandes extensdes de rios almente mortos e sem nenhuma possibilidade de nvolvimento a vida aquatica. Quem decretou a morte destes © mares? Quais sangdes foram atribufdas aos verdadeiros iIpados? Que providéncias nossos governantes tomaram diante juntos crimes ecolégicos? Quando nos reportamos a pesca profissional sabemos jtamente dos problemas que envolvem 0 assunto. O homem 15 explora o ambiente lacustre ¢ marinho de forma deliberada e sem controle, pois a fiscalizagao é timida e omissa. Temos plena certeza que cada cagador ou pescador sabe perfeitamente que 0 conhecimento do meio ambiente e sua preservagao é fundamental para o sucesso das pescarias futuras. Nossa posigao | nao € de confronto e sim de soma de esforgos no sentido de alcancar um objetivo comum que é a conquista de um espago racional para cada espécie habitante deste Planeta. Entendemos que a atividade de caga submarina seja, antes de tudo, uma forma de fiscalizar os abusos que se cometem contra a integridade do meio ambiente, pois cada cagador tem acima de tudo respeito ao seu proprio ambiente. W. Naccarato Prefacio osso pafs de dimensées continentais, possui uma cos- teira de 8500 km banhada pelas 4guas do Oceano Atlan- tico, considerado o mais prolffero em espécies mari- do mundo, Assim o Brasil, em seu extenso mar territorial sui grande potencial, tanto no extrativismo mineral como ante suplemento alimentar do futuro. O desenvolvimen- diversas técnicas de cultivo de animais marinhos em cati- ), contribui expressivamente para o estabelecimento do equi- entre 0 aumento populacional e a demanda de alimentos. Paralelamente observa-se que a atividade de mergulho vem, tornando cada vez mais presente na vida do brasileiro, quer sj em atividades profissionais, pesquisa cientifica ou mesmo Jazer. De qualquer forma, para se realizar em seguranga a ‘ificante atividade do mergulho, seja em apnéia para a prati- le caga submarina ou utilizando-se os equipamentos de ar imido, o praticante deverd, antes de tudo, acercar-se de ‘Mlagiio racional e objetiva, que o coloque em condigio se- de operar seu equipamento. O conhecimento das transfor- ges que ocorrem em seu organismo, face 4s novas condi- hidrostaticas e hiperbaricas a que ser submetido enquan- submerso, é de igual importancia para a realizagao segura da itica do esporte. O presente livro tem a finalidade de orientar os pratican- 4 do mergulho livre, especificamente os aficionados da caga ‘bmarina, no sentido que cada mergulhador possa desfrutar dos fasefnios e maravilhas do fundo do mar, de maneira sadi: te) esportes aquaticos esté na pratica da caga submarina; 0 cagador integra-se ao ambiente marinho, assimila suas regras de sobre- vivéncia e, quando dele se utiliza, procura faz6-lo mantendo inal- terado o seu equilfbrio bioldgico. A divulgacio honesta de parte dos segredos do mundo submarino, contribui também para a formagao de um consenso conservacionista, no sentido de estabelecer 0 respeito necessd- rio aos fendmenos biolégicos que ocorrem na natureza, de for- ma a permitir a preservagao das espécies que habitam 0 oceano. Na certeza de atingir os objetivos propostos, congratulo- me com os demais autores deste trabalho, convicto que serao plenamente alcangados, visto que os assuntos abordados foram elaborados de forma criteriosa assegurando aos leitores 0 con- junto necessério de conhecimentos para 0 aprendizado da caga submarina em seguranga. Claudio Guardabassi In: at pe in fal | me " Crh, Trl tu ex "4 vida é uma ousada aventura, ou ado é uada." (W.7.) Caga Submarina SS Breve histérico do Mergulho... acertada a hip6tese de que as relagGes entre o homem e 0 mar tenham nascido da necessidade de conseguir alimen- to. Todavia a idéia de explorar as pogas deixadas pelas 8, tal como penetrar diretamente sob as Aguas, tem sua ori- em parte, no espirito de aventura do homem e também na insacidvel curiosidade. F dificil se calcular com exatidao, a no ser de forma apro- a €poca em que foram realizadas as primeiras tentativas Ses subaquaticas na histéria. Em Creta havia um co- florescente de esponja e de purpura. A purpura era ex- li de um molusco bastante conhecido - 0 biizio da purpura trunculus). Esses moluscos forneciam a matéria prima le mais cobigada da Antiguidade: a purpura, cor dos reis e jobres. A Fenicia, em cujo litoral havia abundancia deste chegou a ser uma das nagées mais ricas do Mediterra- as 4 exportagao de purpura. "Amas" do Japaio e da Coréia, munidas de mascaras mtares de mergulho e utilizando uma vestimenta branca entar os tubardes, mergulham hd mais de 1500 anos ca de ostras perlfferas, conchas, crustaceos e algas co- No Brasil, as primeiras atividades de mergulho registra- im sem dtividas as dos nossos indigenas, notadamente 0 do litoral principalmente nas regides onde a maré re- ‘umas espécies de peixes. Diversos escritores e cronis- Hans Staden, José de Anchieta e outros, descrevem os 21 té FPR) cri Tr¢ Yl en ext m Um pouco de histéria... silvicolas como eximios mergulhadores "que nadam sob o mar com os olhos muito abertos". Os indicios mais evidentes da ati- vidade subaquatica dos nossos indigenas foram os “sambaquis" que sao diversos tipos de conchas coletadas através do mergu- Iho, A destreza desses indigenas no combate aquatico fica evi- denciada em diversas narrativas como a do assalto a naus fran- cesas no Cabo Frio, onde o Governador Salvador Corréa de Sa foi salvo trés vezes pelos Tupiminéds que "na dgua sdo como peixes". Em 1946, 0 francés Cemama, chegou no Rio de Janeiro com os primeiros equipamentos individuais de mergulho e ar- mas de caca submarina. Cemama instruiu os atletas do Clube Marimbas do Rio de Janeiro e, no Costio do Leme, fizeram a primeira cagada submarina no Brasil. O primeiro campeonato de caga de foi em Angra dos Reis e aconteceu em 1952, organizado por Bruno Hermany. Em 1953 foi fundada a Associagao Brasileira de Caga Submarina, que passou a organizar os campeonatos. Em marco de 1959, ocor- reu o primeiro Torneio Internacional de Caga Submarina. O tor- neio foi realizado entre a bafa de Guaratiba e a ponta de Trinda- de incluindo toda a bafa de Angra dos Reis. Participaram do evento: Itlia, Portugal, Argentina e Franca. O Brasil participou com trés equipes e venceu em primeiro & segundo lugar. Nesta época a Confederago Brasileira de Desportos era comandada por Joaio Havelange que deu grande incentivo ao esporte 0 que permitiu aos atletas brasileiros participarem das competigdes internacionais. armas de caga submarina A data precisa em que 0 homem se serviu de uma langa para pescar nao se conhece, mas sem dtividas, os artefatos guar- dados no Museu Briténico mostram que os urinatores armados 22 Caga Submarina ye ¢ flecha conseguiam “arpoar" peixes a pouca profundi- . Lista documentagao data de 900 anos d.C. Além da langa, esbogava a "farpa", para impedir que o peixe escapasse. A era fabricada de conchas, ossos de rena ou unha de foca. lianos utilizavam grandes langas de madeira e, valendo- amente de rudimentares 6culos, conseguiam arpoar em bons peixes. As modernas armas de caga submarina sur- Nos anos trinta. Em 1930, um polinésio de nome Canaldo, /isto cagando nas Aguas de Marselha, com uma langa muni- ponteira com trés pontas. Na mesma época Guy Gilpatrick, ‘ventureiro meio jornalista, comegou a cagar na Costa Azul 0 polinésio. O rendimento da caga de Guy em relagao ca tradicional era muito superior e despertou a atengao ios interessados. As atividades de Guy chegaram aos ou- de um certo Pulvanis que morava em Nizza. Numa ma- ntou a bomba pneumiatica de sua bicicleta e a transfor- espécie de pistola subaquatica. noticia se espalhou e, em Marselha, Beauchat, que ha- © artefato do polinésio Canaldo, utilizou dois elasticos Jano levando para a Agua o primeiro "arbalete". René , um jovem campeiio de natagao francés, teve a idéia a sua langa um tridente na ponta arremetido por um . Em 1943 René Cavalero registrava a marca do Arbale- pion. Nas décadas de 40 e 50, época em que a caga na comegou a crescer e adquirir 0 status de esporte, 8 brasileiros contavam apenas com equipamentos im- 8 da Europa e Estados Unidos. sta 6poca em Sao Paulo, José Magalhaes desenvolveu de mola que denominou "Cernia". Esta arma consis- mola de ago embutida num cano de aluminio, dotado 41 ¢ gatilho. Gigio del Maschio concebeu a “Piranha", ele cujo elastico era armado dentro do cano. ~ Orlando Alexandre e Louis Guttin desenvolveram os pri- 23 te pa cri || Tr en} | ex mé | Um pouco de hist6ria... meiros ensaios do atual arbalete de eldstico brasileiro. Louis Guttin, integrante da Resisténcia Francesa durante a ocupagao alema, imigrou para o Brasil e, nas horas de folga de seu traba- tho na Ceramica Sao Caetano, fabricava artesanalmente armas de caga submarina para os amigos. Conheceu o seu compatriota Wladimir Besnard, e através deste conheceu Orlando Alexan- dre que trabalhava como torneiro mecinico no Instituto Ocea- nografico da Universidade de Sao Paulo. Formaram entéo uma parceria no desenvolvimento de projetos de armas para caga submarina. Antes de se desligar do Instituto ¢ montar uma ofi- cina propria, Orlando foi o responsdvel pela montagem da Uni- dade Oceanografica do Saco da Ribeira em Ubatuba. Em 1950 Louis, Orlando Alexandre e Takaoka, na regifio do Cabo Frio - Rio de Janeiro - com uma cdpsula de CO, , usada para gaseificar bebidas, montaram os primeiros prototipos da poderosa arma "Coca-cola". No Rio de Janeiro surgiram entéo as "Coca- colas", armas de ar comprimido ou gas carbénico. Estas armas tinham a caracteristica de serem extremamente potentes. Em 1953, na cidade de Sao Sebastiao, Louis Guttin, conseguia chegar até a Ponta da Sela na Ilha de Sao Sebasti- fo, para praticar caga, a bordo da tinica embarcacao disponi- vel na cidade de propriedade de José Leite. As dificuldades para se atingir o pesqueiro eram muitas e comegavam na pro- pria viagem rodovidria; a compensacao todavia era muito grande, com a satisfagio de vislumbrar grandes cardumes das mais variadas espécies de peixes. Louis deixava para ar- poar um ou dois peixes no final da tarde, para que nao se estragassem na viagem de volta, uma vez que 0 calor era intenso e nao havia ainda as geladeiras portateis, nem mes- mo caixas de isopor. Ao chegar em terra, os peixes eram en- rolados em toalha molhada e colocados sobre os para-lamas do automével; esta era a nica forma de conservar a tempe~ ratura mais baixa durante a viagem de regresso a Sao Paulo. m4 Caga Submarina baad A empresa espanhola Nemrod, fabricante de produtos de gulho, instalou uma montadora de armas em Sao Paulo, sen- ‘jue as armas de ar comprimido foram modificadas por espe- islas como Orlando Alexandre, que aumentava 0 comparti- de ar, adaptando-as as nossas necessidades. Em Santos, ‘io elaborou 0 projeto da arma de ar comprimido com o recuado. Em 1953 no Campeonato Mundial de Caga Sub- 41 do Rio de Janeiro surgiu a "Orca", arma pneumiatica © cano recuado. Em seguida Eduardo Santarelli desenvol- "Cobra". a mascara O Mediterraneo foi bergo de toda atividade submarina na lade. Nesta regido apareceram os Urinatores, precurso- atuais homens-ra que, conforme conta Plutarco, leva- boca cheia de azeite que iam soltando gota a gota, a fim rar a Visio subaquatica. Sem dividas foi esta a tentati- primaria de melhorar a viséo submarina. Os primeiros is de mascara foram feitos pelos pescadores de pérolas 8 que utilizavam bambu com chifres, cascos de tartaru- ‘oss808 polidos a ponto de permitir a visdo. Mikimoto ex- projeto em Barcelona e Kramarenko pediu a patente do de mergulho em 1937. Em 1938, o francés Maxime Forjot, lou o modelo classico de mascara semi facial. As mas- pensadoras apareceram na década de 60. ; respirador © tespirador foi provavelmente também inventado por Vorjot, que requereu a primeira patente e m 1938, mas esbogos do respirador que datam de 1500 elaborados nro da Vinci, que concebeu este aparelho dotado de 25 te pa. me | pd |) cr\\| ||| Tr tu | ext | Um pouco de histéria... um tubo respiratorio, cuja extremidade superior permanecia fora d'égua gracas a um flutuador de cortiga. O tubo respirador € também denominado "snorkel", adaptacao da palavra alema que designa o aparelho inventado durante a Segunda Grande Guer- ra - 0 "Schnorkel" - que consistia num tubo que fornecia ar da superficie ao submarino, permitindo que os motores a diesel, funcionassem mesmo com a nave submersa, economizando as baterias dos motores elétricos. Em 1939, Kramarenko requereu 0s direitos sobre um tipo de snorkel ao qual estava acoplado uma valvula que impedia a entrada da 4gua durante o mergulho. nadadeiras Leonardo da Vinci também participou do desenvolvimento das nadadeiras com os primeiros esbogos, mas foi patenteada e popularizada na década de 20 por Louis de Corlieu, Oficial aposentado da Marinha Francesa. Na €poca os banhistas da Riviera Francesa se espantaram com um homem que, equipado com barbatanas fixadas nos pés atravessava rapidamente as praias. Em breve tornou-se moda nadar pela Riviera com mas- cara, respirador e nadadeiras tentando arpoar peixes em 4guas pouco profundas. Em 1956 surgiu na Rtissia as competigdes de nado equi- pado espalhando-se por toda a Europa nos anos 60. O advento da nadadeira longa surgiu com a necessidade de melhorar a ve- locidade do nado equipado uma vez que 0 esporte tornou-se olimpico, sendo adaptada para utilizagdo em caga submarina. 26 : if : Caga Submarina > ipamento basico e acessérios cara semi-facial mergulho de caga submarina necessita de um tipo de -tmdscara naturalmente diferente das destinadas ao mer- pulho aut6nomo. Existem diversos modelos no mercado lem ao mergulhador a escolha da mascara ideal ao seu to, Mas a escolha deve sempre recair nas mascaras de interno. Isto permitiré ao mergulhador maior facili- compensar a diminui¢aéo do volume de ar interno e, a imidade do vidro com o globo ocular, permite ao caga- assimilagao aos efeitos da refragdo da luz com conse- linuigdio da distorgaio aparente. E evidente que uma més- eno volume, provoca um arrasto muito menor que volume e isto tem grande influéncia no resultado anlo a0 consumo de energia, principalmente quando pen- vu deve ser de pouco volume para facilitar a manobra de compensagao 29 O equipamento Aescolha da cor da mascara do cagador é muito importante, sendo as escuras mais indicadas, pois as transparentes de silicone uzem um efeito de espelho quando na superficie prejudicando a boa visualizagio do fundo. O excesso de luz através do corpo transparente, dificulta a adaptagao da visio dentro das tocas. As miascaras sao produzidas de diversos materiais tais como: neoprene, silicone injetado, silicone liquido e material termoplas- tico. As produzidas de neoprene € borracha sintética esto pratica- mente em desuso pois apresentam o inconveniente de se deforma- rem e resistirem pouco a acdo do tempo, dos raios ultravioletas e do ozénio além do fato de existirem pessoas alérgicas ao contato direto da pele com este tipo de material. O silicone injetado confe- re ao material boa resisténcia e longa durabilidade. A deformidade pode aparecer com 0 uso depois de muito tempo. As mascara pro- duzidas com silicone liquido n&o deformam, possuem alta resis- t8ncia as intempéries, e 0 efeito meméria permite ao material retor- nar ao formato original aps 0 uso. A utilizagao do termoplastico como matéria prima para fabricagao de mascaras torna 0 produto mais econémico, porém apresenta 0 inconveniente de ser defor- mavel e possuir pouca elasticidade. No caso de necessitar de lentes corretivas (miopia, astig- matismo) a cortegao poderd ser feita de duas formas: a. aplicando-se a lente diretamente sobre 0 vidro da mascara; b. substituindo-se os vidros da m4scara por lentes pre- concebidas para aquela mascara. Algumas empresas tém a dis- posicdo lentes corretivas de 0,5. 7,0. A mascara semi-facial de boa qualidade deve apresentar os seguintes requisitos: ° perfeita vedagao © bom campo visual * perfeita aderéncia ao rosto + permitir facilmente a manobra de compensagao * pouco volume interno de ar ° vidro temperado de seguranca. 30 Caca Submarina > Como todo material de mergulho, a mascara devera rece- nento especial quanto a manutengao, transporte e con- Logo apés 0 uso deve ser lavada em Agua doce cor- 4 total remogao dos cristais de sais provenientes da ‘mare areia. No transporte evitar coloca-la no fundo da pois isso poderia deforma-la comprometendo a boa ve- mascara é um equipamento de uso pessoal nao deven- iprestada. A tira de fixag’o deve ser ajustada de ma- porcionar o maximo de conforto ao mergulhador, nao ficar nem apertada nem muito folgada. Algumas tiras onveniente de se prender aos cabelos e por vezes ar- 08. O cagador pode optar pela utilizagao de tiras reco- tecido de neoprene para eliminar este problema. mascaras de micro volume podem apresentar vaza- do utilizadas sobre o capuz. Neste caso o mergulha- usd-la sob 0 capuz e aplicar o prendedor do respirador de fora. agdo da luz es que tiveram a oportunidade de abrir os olhos debai- puderam verificar a pobreza de visio que 0 contato dire- gua com os olhos acarreta. Isto se deve ao indice de refragao Indice de refragdo é a grandeza que determina o desvio do inoso, quando este passa de um meio fisico para outro. O 0 est concebido para a viso no ar atmosférico; a cur- os olhos age como uma lente convergente, fazendo incidir a 0$ raios luminosos vindo do ar. Os raios de luz vin- ua, nao sofrem o mesmo desvio, devido a incidéncia dos ide vefracdo. O resultado é que as imagens se formam de- retina; portanto o olho humano em contato direto com a vmétrope. Com a utilizagao da mascara este inconveni- O equipamento visdo no ar visdo na dgua visio na dgua com o uso de méscara ery gov embagamento Oar quente e saturado que temos nos pulmées, em conta- to com o interior da mascara, tende a esfriar em contato com 0 vidro mais frio, devido a menor temperatura da Agua; assim, parte do vapor d'agua formado pelo ar dos pulmGes, se deposita nas paredes internas da mascara € do visor. E 0 embagamento que prejudica a visao subaquatica. 32 Caga Submarina Me ws de silicone recém adquiridas é comum o surgimento de embagamento mais persistente; é que apés a fabrica- i deposigao de residuos de silicone que escorre na parte vidro da mascara, tornando dificil a boa visualizagdo im © uso de anti-embacantes. Neste caso é necessario os de limpeza a base de amoniaco diretamente na parte dro para a remogiio completa deste residuo. inconveniente pode ser evitado empregando-se pre- Jiva espalhada nos vidros da mascara pelo lado in- caso o vidro deve estar seco antes da operagao. yersos produtos disponiveis no mercado préprios para » do embagamento, que a exemplo da saliva criam anti-embagante no vidro. iras olha das nadadeiras deverd ser criteriosa, tendo em vista os modelos existentes so especificos para cada situagao. io, a nadadeira deve ter o sapato de borracha maior que o pé w para permitir a utilizagiio de uma meia de neoprene * 0 contato direto do pé com o material. Isso evita o surgi- ocasionadas pelo atrito. A palma da nadadeira deve se ¢ para possuir uma memdéria, ou seja, capacidade de gllo original, como se fosse uma mola. As nadadeiras uutilizagaio em caga submarina sao as longas (70 cm) uma maior economia de movimentos. Essas nadadeiras palmas de ndilon, fibra de vidro e fibra de carbono; silo de alta flexibilidade e resisténcia; as palmas séo ile desenhadas para produzir maior rendimento, tanto no horizontal como durante as imersdes. Assim, 0 design 4s bem como a utilizagao da matéria prima adequada, pro- yudor resposta imediata no trabalho muscular necessério A superficie ou mesmo durante a penetragao na dgua. 33 O equipamento A palma deve ter uma rea razodvel de deslocamento em relagiio direta com 0 seu comprimento. As nadadeiras destina- das a produzir tragao sao curtas e tém as palmas mais largas; as longas sao nadadeiras destinadas especificamente aos apnefstas pois permitem grande mobilidade através da flexibilidade pro- gressiva (memédria) do componente de fibra da palma. utilizagdo O mergulhador deve ter em mente que a utilizagdo da na- dadeira deve ser de maneira a se conseguir 0 maximo de rendi- mento como minimo de esforgo. Ao se utilizar nadadeiras cur- tas (normalmente usadas no mergulho auténomo), deve-se im- primir movimentos amplos, regulares e lentos; ao se usar nada- deiras longas os movimentos devem ser de menor amplitude, regulares ¢ mais rapidos. A movimentagao de nadadeiras obedece a um procedi- mento ondulatério desde 0 eixo dos quadris até os pés. No mo- yimento descendente das pernas, admite-se uma ligeira flexao ‘fig. 3 - movimento ascendente € descendente das nadadeiras. 34 Caga Submarina > hos, mas na ascensio devem permanecer esticadas, desde 1 dos pés até os quadris. tando o mergulhador em deslocamento horizontal na su- deve-se evitar que as nadadeiras ou parte delas saiam fora te ‘Procedimento prejudica o rendimento e no caso da a, espanta os peixes. Para se evitar isso, durante 0 nto, o mergulhador deve assumir uma posigio ligeira- ada do corpo em relagao a linha d'dgua. fig. 4 movimento incorreto movimento correto O equipamento respirador O respirador, embora seja um equipamento simples, € de ex- trema utilidade na pratica do mergulho. Alguns modelos apresen- tam como aperfeigoamento a vdlvula direcional de expulsao da Agua préxima ao bocal. Este aperfeicoamento auxilia 0 mergulha- dor apnefsta no sentido de reduzir o esforco no ato da expulsao da Agua ao longo do tempo. Especial atengao deve ser dispensada ao diametro do bocal que pode ser de 1/2", 3/4" e 1". Os respiradores com difmetro de 1/2” devem ser reservados As criangas, os de 3/4" se destinam aos mergulhadores de porte médio ¢ os de 1" sao usa- dos pelos mergulhadores de grande porte fisico. A superficie de apoio no interior dos labios deve ter 0 tamanho suficiente para permitir que 0 bocal permanega firme na boca no momento da expulsdo da égua. O comprimento do respirador nao deve ultrapassar os 40 cm. utilizagdo A principal fungao do respirador: € permitir a respiragaio do mer gulhador, enquanto na superficie, sem que o mesmo tenha necessidade de levantar a cabega para respirar. A coluna vertebral age como se fosse uma alavanca, quando 0 corpo est na superficie na posigao horizontal. ‘Assim 0 ato de levantar a cabega para respirar, empurra 0 quadril para baixo, sendo necessdrio mais movimentos com as nadadeiras para re- tomar & posicio horizontal de deslocamento. posigao do respirador A posi¢do do tubo do respirador deve ser contréria a mao que executa a manobra de compensagiio. O esgotamento do tubo deve ser feito com um assopro stibito, de forma a expelir totalmente a Agua acumulada durante o mergulho. O respirador deve se posicionar em 36 Caga Submarina cabega numa inclinagdio de aprox. 45° para, quando na dgua, na posi¢ao perpendicular em relagao a superficie. No caso usar capuz de neoprene sobre a tira da mascara, a 5 manobra de expulsdo da dgua do respirador (io do respirador durante a apnéia > iler 0 respirador preso aos dentes durante o mergulho, evita los de recolocé-lo novamente na posigao a cada retorno a No entanto, a safda de uma eventual bolha aprisionada no ar a entrada de um pouco de égua no momento do de como melhor se sente. jnyerter a posi¢do do corpo no fundo. Isso pode produzir suficiente para afugentar um bom peixe. A posigiio do res- inte @ apnéia fica portanto a critério do costume de cada um. 37 O equipamento cinto lastreado Existem varios modelos de cintos de lastro para escolha do mer- gulhador. Destacamos como a qualidade mais importante do cinto a fivela ser de facil libertagfio. Os lastros de chumbo ideais para a caga submarina devem ser de 0.5 a 1.0 kg distribufdos no cinto de maneira equilibrada. O cinto para a colocagao dos lastros é normalmente con- feccionado de nailon. Estes cintos apresentam 0 inconveniente de alte~ rar a posi¢ao a cada mergulho, motivada pela inversaio do corpo com conseqiiente diminuigao da cavidade ventral. Isto pode ser solucionado utilizando cinto de borracha ou mes~ mo adaptando um pedago de borracha de neoprene no cinto de ndilon, utilizagao O perfeito equilfbrio do corpo quando submerso é condigao indispensdvel para se executar qualquer atividade. Uma vez que 0 corpo humano (com os pulmoes cheios de ar) flutua positivamente na Agua, esse equilfbrio somente sera alcangado com a utilizagao de lastreamento. Um mergulhador com pouco Jastreamento (sub: lastreado) tem flutuabilidade positiva nos primeiros metros proxi- mos A superficie; com a execugao perfeita da virada, consegue-se romper a camada superficial e, a medida que aprofunda, vai adqui- rindo progressivamente flutuagao negativa motivada pela compres sibilidade do corpo e da roupa isotérmica. A quantidade de lastre~ amento deve ser calculada no sentido de se atingir 0 equilfbrio hi- drostatico quando o cagador estiver no fundo. No caso de notar flutuagdo positiva exagerada das pernas quando estiver no fundo, 0 cacador poderd utilizar 500 gr de lastro em cada nadadeira. O uso de lastreamento nas nadadeiras nao deve ser confundido com acrés mo de lastro; a mudanga de posigao do cinto para as nadadeiras permite um aumento considerdvel na forga de empuxo negativo no momento da virada, o que resulta numa penetracao mais silenciosa e profunda, 38 Caga Submarina od tergulhador em perfeito equilfbrio hidrostatico, pode uti- ilo como fator de seguranga. O lastreamento anula a positiva; ao se desvencilhar do lastro numa emer- orpo adquire imediatamente a flutuagao positiva, vindo . A fixagao do cinto deve ser na altura dos quadris, para cur a ventilagao pulmonar e evitar que mude de posi¢ao nles imersdes. de tornar um ato condicionado o desvencilhamento or deve tocar constantemente a fivela e manté-la original. Ao executar um mergulho mais fundo, na 0 cagador deve desarmar a fivela e subir segurando ie procedimento evita qualquer tipo de acidente uma vez se desprender, no caso de ocorrer um desmaio, por exem- 0 de soltar o cinto, deve fazé-lo na frente e distante do evilar que se prenda acidentalmente. + @ einito de borracha adere mais ao corpo do cagador 39 O equipamento roupa isotérmica A roupa isotérmica tem como principal fungao a de pro- teger o mergulhador contra 0 frio mas, serve também na pre= vengao de acidentes provocados pelo contato da pele com os corais e pedras (cracas, mariscos, caravelas, corais, seres urti- cantes etc.). E fabricada em varias espessuras sendo as de 3.a5 mm mais indicadas para as nossas aguas. Cabe ressaltar que, sendo o Brasil um pais de dimensoes continentais, encontramos diferentes faixas de temperatura da dgua nos diversos pontos do litoral. Nas 4guas superficiais do Atléntico equatorial e sub-equatorial, a temperatura média anual varia entre 25° e 29° C. A medida que distanciamos do eixo do Equador, a temperatura média da agua tende a diminuir, atingindo na regiao Sudeste a média de 20° Ce 0 Sul ficando em torno de 18°C. Ebem verdade que as correntes marinhas exercem grande influéncia na temperatura da agua. Assim a regidio de Cabo Frio que recebe dire- tamente as 4guas provenientes da Antartida transportadas pela Corrente do Brasil, é uma regidio de ressurgéncia com Aguas extre- mamente frias. Eo mais curioso é que essas correntes frias ocorrem justamente no verdio ocasizio em que ha o degelo da calota polar. Desta forma ¢ comum o mergulhador do sudeste brasileiro encontrar diversas faixas de temperatura em profundidades varidveis. Essas faixas séo quentes na superficie efrias em. profundidades varidveis, tendendo mais ao fun do a medida que nos distanciamos do verio. Podemos afirmar que it espessura ideal do neoprene para 0 mergulho no Norte e Nordeste do Brasil é de 3 mme, para o Sul e Sudeste 4 a 5 mm. O mergulho de caga exige sempre a roupa completa pari oferecer maior proteg’io mesmo em temperaturas mais elevadas. A roupa do cagador pode ser confeccionada sem o ndilon interno, permitindo uma ajuste ideal ao corpo e maior flexibilidade, sendo recomendada preferencialmente a cor preta para maior absorgiio 40 Caga Submarina Correntes ===> Fria mm Quente 7 mapa demonstrativo das correntes do Atlantico Sul ‘melhor camuflagem junto as rochas. Usar 0 neoprene liso diretamente na pele, nos punhos e tornozelos torna a ideal para os meses de inverno. dos cotovelos e joelhos devem estar protegidas com podem ser do préprio neoprene ou outro sistema que 1a a flexibilidade do material. nto io de funcionamento da roupa baseia-se na reten- § tecidos internos criando uma camada térmica en- tecido da roupa, sendo esta camada aquecida com a wuperficial da pele. O neoprene é portanto um tecido juitural expandida sob alta presséo e temperatura, no 41 O equipamento qual é injetado gas de nitrogénio, formando células de ar fechadas e distantes umas das outras. Depois da formagao, 0 material recebe a laminagdo com tecido poliéster puro, de um Jado s6, ou dos dois lados. Desta forma o tecido adquire as propriedades de: reter calor, resisténcia, elasticidade e impermeabilidade. Para o perfeito funcionamento do neoprene, a roupa deve ajustar-se perfeitamente ao corpo, sem impedir os mo~ vimentos nem permitir a livre circulagéo da 4gua em seu interior. Uma das propriedades do tecido neoprene é sua elas ticidade em todas as diregdes, 0 que lhe confere a condigio basica para utilizagao em roupas de mergulho. Existem vari- os modelos de roupas isotérmicas. Os mais indicados para a caga submarina sao os modelos de roupa molhada desenvol- vidos para permitir maior mobilidade ao mergulhador. roupa molhada Este é 0 tipo mais comum de roupa de neoprene usada para mergulho. A roupa mothada recebe esta denominagao porque per mite a livre entrada da 4gua por suas aberturas tais como: punho, capuz ¢ tornozelos. No entanto, a Agua entra e nao circula perma necendo entre a pele e a borracha, adquirindo a temperatura aque~ cida pelo calor do corpo € 0 neoprene. Este tecido é constituido de microcélulas fechadas de nitrogénio que tem como principal fun- co evitar que a temperatura externa atinja o corpo do mergulha dor, Isto torna o mergulho mais confortével permitindo uma per manéncia maior dentro d'égua sem 0 desconforto do frio. A flutuabilidade positiva é sensivelmente aumentada com © uso da roupa ¢ isto pode ser usado como fator de segurangil, Assim, aroupa aumenta a seguranga do mergulhador numa emer géncia ao se libertar do cinto lastreado. Sendo 0 nitrogénio wm fluido gasoso, 0 neoprene altera sua espessura na razao direti da pressdo ambiente. Isso traz como conseqiiéncias umaaltera: 42 Caga Submarina baad tuabilidade 4 medida que atingimos maiores profun- OU seja, o cagador adquire progressivamente flutuabi- aga submarina. nas pernas e bragos. ativa na razdo direta da profundidade. Por esse mo- do sub-lastreamento é a mais acertada para a pratica swoprene deve proteger o cacador do frio e permitir ampla mobitidade 43 O equipamento faca A faca é material de seguranga e de uso constante sendo equipamento indispensdvel, uma vez que no fundo do mar ¢ comum a ocorréncia de linhas de pesca ou mesmo redes que podem eventualmente se prender ao mergulhador. O lado exter no da perna € 0 local mais comumente usado para fixar a faca, mas pode ser presa também no brago ou no cinto lastreado. fig. 9 - faca de caga - utilizagao da ranhura para cortar cabos. Lael Caga Submarina tante é que deve ser localizada facilmente numa Os tipos de faca mais adequada para caca sao os ores, que permitem maior facilidade no manuseio dam. A exemplo do cinto lastreado a faca também nto de seguranga, sendo necessaria a automati- vimento de sacé-la no caso de emergéncia. Para uilhador deve tocd-la de vez em quando, criando eondicionado no caso de uma situagao real. de ser um equipamento de seguranga, a faca 6 um ulensflio do cagador, pois permite o improviso de bo do arpao da arma, safar um peixe que "costu- mesmo para "apagd-lo" antes de embarcé-lo. leristicas principais da faca sao: possuir corte liso © pequeno serrilhado do outro para corte répido is. O. gancho recortado na lamina é proprio para de ndilon. Para a manutengao de bom corte na faca é enga de uma liga e carbono agregado ao ago inox. haverd sempre a ocorréncia de discreta oxidagao que ada lavando-se sempre em dgua doce ap6s 0 uso. lique uma fina camada de silicone em pasta sobre a a 0 lado cortante é boa pratica refazer o fio seja ‘molar ou xaira de agougueiro. {im equipamento acess6rio de protegao individu- 40 mergulhador se apoiar nas rochas sem se , eracas OU mesmo em seres urticantes. Deve fesistente a Agua (tecido sintético, neoprene ou em contato direto com a dgua se desidrata, e nile sensivel a cortes, sendo a luva o isolante eontatos. A luva ideal é constituida de neo- fa parte superior da mao e couro sintético na 45 al Caca Submarina i> O equipamento ser eventualmente utilizada como equipamento de seguranga na sinalizagao e balizamento numa operagao de busca. ibmarina geralmente se usa so- regido da palma. Na caga su 5 aa da arma. No caso de usé-la mente a luva da mao contrarii em ambas as maos o dedo indicador deve estar em contato direto com o gatilho para nao comprom eter a sensibilidade. fig. 11 - lanterna - utilizagao béia de sinalizagao Nos locais onde se pratica a caga submarina, é comum a circulagao de lanchas. A falta de sinalizagao pode resultar em acidentes quase sempre fatais aos mergulhadores. Assim, a béia de sinalizag&o deve ser usada a principio para balizar o local onde se esta praticando o mergulho. Além de tornar explicita a presenga de mergulhadores na drea, o cagador pode usar a béia como importante coadjuvante principalmente para demarcar um determinado parcel, ou mesmo um sitio qualquer de interesse. Além disso, a béia pode servir numa emergéncia, como lanterna sistema de flutuagao auxiliar no caso de cdimbras, fadiga, enjo etc. Nos mergulhos abaixo de 15 metros de profundi- dade, a bdia poderd ser usada para prender 0 cabo do lastre- amento varidyel. Este sistema consiste em largar 0 lastro 47 fig. 10 Iuvas - utilizagaao A lanterna é utilizada para iluminar os locais escuros (to- cas) e mergulhos noturnos. A Janterna deve ser apropriada para utilizago submarina, portanto ser dotada de boa vedacao. Pode 46 O equipamento quando o cagador se aproxima do fundo, permitindo a volta a superficie sem esforgo. Este assunto seré abordado com mais pormenores no capitulo das técnicas de caga. ; ‘A béia de sinalizacZo deve ter uma bandeira desfraldada aci- ma do nivel d'égua a aproximadamente 50 cm. Sua cor deve ser contrastante com a 4gua do mar, preferencialmente laranja ou ver- melha. Isto facilita a localizagio répida ptincipalmente do barco que est4 apoiando os mergulhadores ou mesmo na eventual apro- ximagao de uma outra lancha. Como complemento, na béia podem ser colocados acess6rios a critério do mergulhador, tais como: a. pendurico de peixes b. lanternas c. lagosteira d. bicheiro e. apito f. lastros complementares, gua doce g. arpao de reserva. fig. 12 a béia serve de baliza e apoio ao mergulhador 48 caepel— Caga Submarina > sacola Todo material de mergulho deve ser conferido e acondicio- nado dentro de uma sacola apropriada para o transporte. Este pro- cedimento evita o eventual esquecimento ou mesmo o extravio de algum equipamento, o que inviabiliza a pratica do mergulho. Logo apdés o mergulho todo o material deve ser lavado com Agua doce e seco na sombra. O equipamento deve ser acondicionado em locais arejados, principalmente quando vai permanecer por longo perio- do sem utilizagao. A sacola confeccionada de material drenante permite o escorrimento da 4gua e maior ventilagao do material nela guardado evitando-se o umedecimento prolongado. ‘fig 13 - bolsa para transporte de materiais de mergulho. transporte de peixes O transporte de peixes e frutos do mar deve ser em gela- deiras de isopor ou em caixas plasticas que evitam o contato 49 O equipamento dos peixes com os demais equipamentos ou mesmo com a forragaio do automével. No veriio, 0 acondicionamento de pei- xes em recipientes isotérmicos deve iniciar na embarcagao, o que evita a eventual deterioragao. caixa de ferramentas E importante que o mergulhador tenha uma caixa conten- do o material basico para algum reparo de emergéncia no equi- pamento. Alguns metros de linha de nylon 180 e 200, bem como as luvas (presilhas usadas na pesca oceanica) sao bastante titeis numa eventual necessidade. Borrachas de reposi¢fo para os ar- baletes e terminais articulados e um pequeno recipiente conten- do graxa de silicone servem para substituir uma borracha que se rompeu. Lembramos que todo o material de ferro oxidavel (alicates, chave inglesa etc) deve ser acondicionado dentro de embalagens plasticas préviamente lubrificadas para evitar que se enferrugem. Um kit de material de pronto-socorro para a even- tualidade de um acidente também é oportuno manter na bolsa de equipamentos. 50 fisica hidrostatica e o mergulho ape Caga Submarina > Principios de fisica aplicada Sflutuabilidade J) este capitulo abordamos um dos principais temas da pré- y tica do mergulho livre, notadamente dos aficionados da caga submarina. Vale lembrar que o cagador nado conta com o colete equilibrador hidrostatico para estabelecer seu equilibrio. Assim, necessario se torna um apurado estudo deste delicado tema para se prevenir acidentes quase sempre fatais, quando se faz mau uso do lastreamento. Em primeiro lugar vamos conhecer as condig6es va- ridveis da 4gua que ocorrem nos lugares frequentados pelos cagadores submarinos. O mergulho de caga normal- mente é feito préximo a ilhas, lajes ou costeiras onde, nos primeiros trés metros, a condigao de flutuagdéo é bem acentuada tendo em vista a formagao de micro bolhas pro- duzidas pelo batimento da agua de encontro as pedras. Isto determina um aumento considerdvel da flutuabilida- de positiva nessa faixa. Ao passar esta camada e, estando jd nos 5 metros de profundidade o mergulhador experi- menta uma diferenga na sua flutuagado, que, na maioria das vezes, atinge o equilibrio. Para se estabelecer um lastreamento seguro devemos ter em mente os diversos fatores que concorrem para a vari- agao de flutuabilidade: a. diferentes densidades (primeiros 3 m); b. diminuigao do volume pulmonar em fungao da profundidade; c. diminuigdo da espessura da roupa de neoprene. Desta forma, no mergulho livre o apneista deve levar em conta todos esses fatores para estabelecer com seguranga a quan- 53 Fisica hidrostdtica e 0 mergulho tidade ideal de lastreamento. O mergulho livre é uma atividade fisica praticada em con- digdes adversas de temperatura e pressdo. Essas situagdes im- pdem ao cacador uma adaptagao orginica progressiva as novas condigées hiperbéricas de temperatura, conduzindo sua prati- ca a um minimo de movimentos possivel para se atingir 0 mint- mo dispéndio de energia. Assim, 0 apneista para atingir profun- didades abaixo dos 10 metros, deve fazé-lo com 0 minimo de movimentos possivel. Os fatores de flutuaciio negativa que ocor- rem depois dos 5 metros, devem contribuir para melhorar aper- formance do mergulhador e nao para aumentar 0 risco No mer- gulho. Assim, depois dos 10 metros de profundidade ° apnefsta apenas navega com 0 seu corpo, utilizando as nadadeiras como leme para direcionar o mergulho. Estando corretamente lastre- metros fig. 14 - gréfico demonstrativo do esforgo durante 9 mergulho em apnéia amet Caca Submarina baal ado para a profundidade, o cagador no tera de imprimir grande esforgo nos movimentos natat6rios para alcangar a superficie. O grafico demonstra um diagrama de esforgo do apneis- ta, para atingir 30 m de profundidade. Na descida, a medida que aumenta a profundidade diminui 0 esforgo, o que se verifica de maneira inversa na subida. As Areas escuras simbolizam as pro- fundidades em que o apnefsta consome a maior quantidade de ener- gia. Nas profundidades onde esté sinalizado em preto, esto locali- zadas as regides criticas do mergulho em apnéia. Assim, a quanti- dade de lastro deve ser dimensionada de forma a se consumir 0 minimo de energia posstvel durante 0 deslocamento seja vertical ou horizontal. Principio de Arquimedes Diz o enunciado do Princfpio de Arquimedes: "todo cor- po imerso num liquido, sofre um empuxo debaixo para cima, igual ao peso do volume do liquido deslocado pelo corpo". Desta forma a flutuagao dos corpos fica condicionada ao peso do volume dos liquidos deslocados quando submersos. O corpo humano tem densidade muito semelhante a da figua, isto porque, o componente principal do organismo € figua, perfazendo cerca de 70%. Se insuflarmos nossos pul- m6es de ar, e permanecermos sem movimentos na agua, ve- rificaremos que nossa flutuagdo é positiva. Ao contrario, se esvaziarmos os pulmées, a tendéncia do corpo é submergir. Isto porque com o aumento do volume total do corpo provocado pela dilatagéo pulmonar, 0 empuxo positivo se forma maior do que o peso pelo aumento do volume de agua deslocada. Quando esvaziamos os pulmées, o volume deslo- eado de dgua diminui, e o empuxo se torna menor que 0 nos- 80 peso tornando-nos negativos. A flutuabilidade do corpo humano serd positiva ou ne- 55 Fisica hidrostatica e o mergulho gativa conforme sua constituigdo e estrutura. O fator de mai- or alteragao é a estrutura celular do sistema ésseo. Sendo o constituinte mais denso do corpo humano, as pessoas de os- sos leves flutuam com mais facilidade do que as de ossatura reforcada; h4 casos em que essas Uiltimas nfo flutuam nem mesmo com os pulmées plenos de ar. De um modo geral, todas as pessoas necessitam de lastro para atingir 0 equilibrio hidrostatico na Agua, principalmente quando levamos em conta 0 cagador que geralmente esta equi- pado com roupa de neoprene. AD fig. 15 -0 corpo humano (sem equipamentos) flutua com os pulmdes cheios de ar. 56 al Caga Submarina ea Influéncia da Salinidade na Flutuagdo A Agua marinha, bem como a agua dos rios e lagos, possui _ sais em dissolugao. Nos oceanos e mares abertos essa salinidade apresenta pouca variagio, Os sais presentes na composi¢ao quimi- ca da Agua do mar encontram-se numa quantidade média de 35g/ _ kg (um litro de 4gua destilada pesa aprox. | kg). ; Dizemos que a quantidade 6 média porque o contetido de sais tende a variar de mar para mar. Essa variagao é determina- da pela evaporacao constante da agua para a atmosfera. A sali- nidade da égua vem indicada com um "S" e é calculada em va- lores por mil; portanto, 35 g/l correspondem a "S 35 %o". Nos lugares onde os indices de evaporagio da 4gua superam os ni- veis de precipitag&o pluviométrica, temos como conseqiiéncia um aumento de salinidade. A lagoa de Araruama, nas proximi- dades de Cabo Frio, € um exemplo deste fendmeno. Abaixo -_indicamos as diferentes salinidades dos mares e lagoas em fun- ¢ao das regides geograficas: Oceano Atlantico Sais 35 o Mo, Mar Mediterraneo Sie3739. Ko Lagoa de Araruama S 384 %o Mar Vermelho S 45 %o Lago Amaro (Suez) Ss 56 eo Mar Morto S 250 %o O peso especifico da 4gua do mar depende diretamente ja salinidade. Podemos afirmar que a densidade da 4gua mari- a € cerca de 1/40 a mais que a 4gua doce ou aproximadamen- 1025. Isso significa que, se um litro de 4gua doce pesa 1000 as, um litro de 4gua salgada pesa 1025 gr (1/40 a mais). Aplicando-se 0 acima exposto ao Principio de Arquimedes razao direta da nossa flutuagao, concluimos que temos na 37 Fisica hidrostdtica e 0 mergulho Agua salgada uma flutuagao maior que na égua doce. Vamos tomar como exemplo um mergulhador que pesa 80 kg. Seu corpo quando submerso ird deslocar aproximada- mente 80 litros de 4gua. Ao imergir em agua salgada os 80 li- tros deslocados pesarao 1/40 a mais que na Agua doce, ou seja: 82 kg. Portanto, esse mergulhador, ter um empuxo positivo de 2 kg a mais na agua salgada. Teoricamente serao necessarios para ele 2 kg de lastro para se atingir em dgua salgada 0 equili- brio ideal. Na mesma linha de raciocinio concluiremos que uma pessoa de 40 kg de peso, tera na dgua salgada | kg a mais de flutuagao em relagio a agua doce, bem como uma de 60 kg tera necessidade de anular 1,5 kg. Vale lembrar que a base de cAlculo do acima exposto, con- sidera o mergulhador sem nenhum equipamento. Desta forma todo o conjunto deve tomar parte do cdlculo (mascara, respira- dor, nadadeiras, roupa de neoprene, faca, arma etc.) para se ter uma definigao exata da quantidade de lastreamento necessaria. Como ja foi dito, o lastreamento deve obedecer a doutri- na do mergulho sub-lastreado, ou seja estar com ligeira flutua- co positiva quando submerso até 5 metros de profundidade. A pratica de se utilizar lastro em excesso (hiper-lastreamento), € condendvel, uma vez, que torna a volta & superficie mais dificil o que demanda em maior consumo de oxigénio, podendo pro- vocar acidentes graves. pressao Pressdo € a forga que age sobre a superficie de um corpo num fluido qualquer. A pressao esta diretamente relacionada com a vertical, ou seja, a altura do corpo a superficie do fluido e densidade deste. Vale lembrar que fluido pode ser um Ifquido ou um gas. A unidade de me- dida que mede a pressao atmosférica, que corresponde ao 58 sat Caga Submarina vate peso que a massa de ar exerce sobre a superficie da Terra € 0 kgf/cm’. Ao nivel do mar a press4o de atmosfera € de 1,03323 kgf/cm? o que corresponde a aproximadamente 1| kg/cm’. Desta forma, todos os corpos ao nivel do mar es- tio constantemente sofrendo o peso da massa de ar que envolve a superficie terrestre (J ATM = I kg/cm’). O or- ganismo humano é dotado de um mecanismo de compen- sacdo da pressdo atmosférica, equalizando com pressio idéntica de dentro para fora. O meio liquido é um fluido muito mais denso que o ar © que determina uma variagao de pressio muito grande em funcao da profundidade. Como parte da ciéncia fisica, a hi- drostatica estuda o comportamento dos Ifquidos em repouso, e seu princfpio fundamental diz o seguinte: "A diferenga das presséo de 1ATM = nivel do mar. 1,24 kgf/cm? fig. 16 - a pressao atmosférica é dobrada a 10 m de profundidade, 59 Fisica hidrostdtica e 0 mergulho pressdes entre duas superficies iguais num meio liquido pode ser medida pelo peso da coluna liquida que tenha por base uma das superficies e por altura a diferenga de nivel entre as superficies". A coluna d'4gua que tenha 10,3323 metros de altura, por uma segio de J cm“, corresponde exatamente ao peso de 1,03323 kgf/em® (aprox. = | kgf/cm*), que é igual ao valor de uma atmosfera de presso. Essa grandeza denomi- na-se pressdo hidrostdtica. Aplicando 0 principio fundamental da hidrostatica sobre um. corpo imerso na 4gua a uma profundidade de 10 metros e conside- rando a tona d'4gua como uma das superficies, verificamos que ela sofre aproximadamente a pressdo de 1 atmosfera hidrostatica. A pressao absoluta a que estaria sujeito esse corpo seria a soma da pressaio atmosférica com a hidrostatica, portanto 2 ATM ou seja 2 kgffen’. Assim, a cada 10 metros de profundidade a presso abso- luta que um corpo sofreria corresponde ao peso da coluna d'égua (pressiio hidrostética) mais uma atmosfera. A agua é praticamente incompresstvel. Jé os fluidos gaso- sos apresentam a propriedade de serem extremamente compres- stveis. Acima do nivel do mar a pressdo € maior nos pontos mais baixos ¢ nas profundidades maiores. Um balao transportado para diversas altitudes ficaré cada vez maior, aumentando seu volume quanto mais alto tiver em fungiio da expansio das moléculas componentes do gas. Essa expansio é motivada em fungao da diminuigao da pressao e do aumento da altitude. Lei de Boyle-Mariotte O enunciado da Lei de Boyle-Mariotte diz 0 seguinte: "0 volume ocupado por um gas é inversamente proporcional a pres- sdo absoluta a que esta sujeito". Dizemos que a pressao é abso- 60 soap — Caga Submarina > luta quando consideramos o conjunto da pressio atmosférica mais a presso da coluna d'égua. A pre: é relativa quando € considerada apenas a medida de pressaio do ambiente despre- r) 4 1U 2 | superficie 1 kg cm? ig 24 K 1a -10 2kg cm? 12L 1/3 C1 5 ( \ 9 Kg. -40 fig. 17 - a medida que diminui o volume, 0 empuxo positivo também diminui. Fisica hidrostatica e 0 mergulho zando-se a pressio atmosférica. O entendimento da Lei de Boyle importante para o mergulhador porque, quando submerso, es- tara submetido diretamente aos efeitos da pressdo sendo 0 volu- me dos espacos aéreos do seu organismo modificado de acordo com a variagao da pressao. 62 a apnéia segura al Caga Submarina i> Fisiologia onhecer as reacdes do nosso corpo face a variagGes de pres- 10 e temperatura é fundamental para estabelecermos os parametros de compensacio e equilfbrio. Para tanto, fare- mos um estudo da adaptacao do organismo do mergulhador as no- vas condig6es hidrostaticas encontradas abaixo da superficie. Nes- te capftulo, vamos conhecer o funcionamento do organismo nos setores que mais nos interessam ou seja, aqueles que estarao sujei- tos aos efeitos das variagGes hiperbaricas.. fig. 18 ~ as artérias levam 0 O, aos tecidos e.as veias trazem 0 CO, até os pulmaes onde sao realizadas as trocas gasosas, 65 A apnéia segura aparelho circulatorio A funcao do aparelho circulatério é levar 0 sangue ao te- cidos para abastece-los com oxigénio trazendo-o de volta aos pulmées, onde 0 gds carbénico produzido nos tecidos é elimi- nado para o meio ambiente através da expiragdo, quando um novo suprimento de oxigénio € recebido através da inspiragdo. O coragio, érgao central desse sistema, é uma verdadeira bomba aspirante e premente que impulsiona o sangue arterial para os tecidos, recebe-o de volta e manda-o aos pulmGes para ser reoxigenado. Vejamos agora como se processa a circulacdo sanguinea: uma gota de sangue localizada no alvéolo pulmonar, livra-se do gas carbnico, carrega-se de oxigénio e dirige-se pela veia pul- monar para 0 lado esquerdo do coragio. Daf é langada pela arté- ria aorta para todos os tecidos do corpo onde, através dos capi- lares tissulares, cede 0 seu oxigénio as células (0 0,€0 carbu- rante energético das células ) e recebe 0 gas carbénico proveni- ente das queimas energéticas que se processam nessas células. i conduzida entao pelas veias cavas para 0 coraciio direito que aenvia aos pulmées pelas artérias pulmonares, recomegando 0 ciclo. O sangue é 0 meio circulante respons4vel pelo transporte do oxigénio e dos elementos nutrientes, bem como do gés car- bénico e de outras impurezas. Encontra-se na sua fragao Ifquida - o plasma - e dentre os elementos figurados, os glbulos ver- melhos - hemdcias - principais responsdveis pelo transporte do oxigénio e do gas carbénico. aparelho respiratorio O aparelho respiratorio conduz.o ar do meio exterior para © contato {ntimo com o sangue, permitindo as trocas gasosas 66 ase Caga Submarina > entre o ar e o meio ambiente. £ constitufdo pelas vias aéreas (boca, faringe, laringe, brdnquios e bronquiolos) que permi- tem a passagem do ar para o interior dos pulmées atingindo os alvéolos -Os alvéolos sio como micro bolsas encapsuladas por capilares finissimos onde se processam as trocas gasosas. As vias aéreas, por nado tomarem parte efetiva nessas trocas gaso- sas, constituem 0 espago morto anatomico, Envolvendo os pul- ices © servindo como revestimento para a superficie da caixa pordxica temos a pleura, uma membrana que delimita entre seus folhetos a cavidade pleural. fungdo respiratéria dindmica da respiragéo pulmonar A respiragao se processa através de dois movimentos: o de inspiragdo e o de expiragdo. A inspiragio é um movimento fig. 19 - 0 miscuto diafragmdtico é 0 principal no ato inspiratorio. 67 A apnéia segura ativo que se faz pela acao dos musculos inspiratérios, dialatan- do acaixa tordxica. O diafragma, mtsculo principal da respi- racao, intervém com 75% deste processo, € os demais, denomi- nados misculos acess6rios participam com 0 restante. A dilatagiio da caixa tordxica leva ao aumento da pressao negativa intrapleural de menos dois para menos cinco centime- tros de 4gua, caindo também a pressao intrapulmonar. Segundo a Lei de Boyle o ar 6 admitido nos pulmées através da inspira- cdo, pelo aumento do volume pulmonar. Cessado 0 estimulo inspiratorio, o diafragma se relaxa, a cipula se eleva, os pul- moes elasticamente se retraem pela reducao da pressio negati- ya intrapleural que volta a menos dois centimetros, sendo a ex- piracao portanto um fendmeno passivo. O centro respiratorio € também estimulado pelos nervos dos mtisculos acess6rios (intercostais, esternocleidomastéideo, escaleno, abdominais e outros) O conjunto inspiragao - expira- co constitui o ciclo respirat6rio e o ntimero de ciclos por minu- to éa freqiiéncia respiratoria que vai de 10 a 20 vezes por minu- to no homem normal. Regulagdo da Respiragdo Sabendo-se das importantes funges do aparelho respira- t6rio e circulatério na manutengao das concentragGes sanguine- as adequadas de oxigénio e gas carbénico, compreende-se que estes aparelhos necessitam de centros para regula-los e coordena- los nessa fungao. No bulbo est4 localizado o centro respiratério. O centro respiratorio, encarregado de manter 0 ritmo respiratério, sofre a agao central do gds carbénico (CO,), através de receptores os- méticos que reagem as variagSes de concentracao de hidrogé- nio nos tecidos locais. No caso da respirag4o, os pulmées nao tem um sistema 68 al Caca Submarina baa autonomo de comando como o corag4o. Os miisculos nao tem comando proprio, sendo controlados pela medula e pelo cé- rebro. No bulbo também se encontram, como vimos, os centros reflexos inspiratério e expiratério com fungao de insuflagdo e desuflagao alveolar. O centro respiratério é também estimulado pelos nervos sensitivos cutdneos, gracas as excitagdes térmicas e dolorosas, isto é, quando sentimos dor, frio ou calor. difusdo Ea fase da respiragao que abrange a passagem dos gases do sangue para os alvéolos e vice-versa. Essas trocas ocorrem devido iis diferengas de pressao parcial desses gases no ar alveolar, sangue arterial e sangue venoso, criando-se um verdadeiro gradiente res- ponsdvel pela movimentagao constante desses gases. Examinando o quadro abaixo, podemos constatar a natureza e sentido desses gradientes e avaliar a sua importancia na dinamica respiratéria. Presses parciais dos gases nas diversas etapas das trocas: Pa. a Sm 0,5 + 1 ATM = 1,5 kg/cm Ra, a 10m 1,0+ 1 ATM = 2,0 kg/em ipa a 25m 2,5+ 1 ATM = 3,5 kg/cm ipa. a 3000m 300 + 1 ATM = 301 kg/cm Por esta explicagao podemos verificar que nosso corpo, pura sofrer uma variagdo para menos uma ATM, precisarfamos subir até sairmos da camada de ar que envolve a Terra e bastaria iergulhar a 10 m de profundidade na dgua para que a pressao ilimentasse uma ATM. 69 A apnéia segura Como 0 organismo humano é constitufdo de aproximada- mente 70% de égua e sabemos que a Agua € praticamente in- compressivel, 0 corpo humano € para todos os efeitos praticos, 4 prova de pressdo. As regides vulnerdveis sao as vias aéreas € dentre elas as que mais interessam ao nosso estudo sao: as cavi- dades pulmonares, 0 ouvido médio, e os sinus da face. Ao imergir em apnéia, enchemos os pulmées de are a medida que aprofundamos, a caixa tordxica € compri- mida pela pressio hidrostatica, diminuindo o volume de ar nela contido. A compressao toraxica provocada pelo aumento da pressdo é automaticamente compensada por um mecanismo de socorro do organismo que irriga de san- gue os tecidos da cavidade tordxica ocupando os espagos tissulares. O peso especifico da agua € quase 800 vezes superior ao do ar. Desta forma, o mergulhador tem apenas que descer a 10 metros de profundidade para experimentar um acrésci- mo de pressao equivalente a uma ATM. Pela Lei de Boyle vimos que o volume do ar contido nos pulmGes a essa pro- fundidade cai pela metade, porém seus pulmes nao se "des- colam" da pleura tendo em vista a elasticidade da caixa tord- xica e o mecanismo automéatico de compensagao. Por esta raz4o, a profundidade maxima que um mergulhador experi- ente pode alcangar depende da elasticidade de sua caixa to- rdxica, da ventilagdo pulmonar e de treinamento espectfico. Poder-se-ia fixar em 30 metros a profundidade limite que um mergulhador medianamente preparado poderia atingir. Com treinamento pode-se superar amplamente esta marca como 0 caso do brasileiro Américo Santarelli que atingiu 44 metros nas aguas de Circeo em 11 de setembro de 1960. Pou- cos dias depois este recorde era superado por Enzo Maiorca que, em Siracusa, atingiu a cota de -45, Em 4 de outubro do mesmo ano, Santarelli desce a profundidade de 46 metros, e 70 al Caca Submarina baad mais recentemente, Jacques Mayol e Enzo Maiorca que su- peraram os 100 metros em mergulhos com lastreamento va- ridvel. Em 30 de julho de 1994, 0 cubano Francisco Ferreras Rodriguez, mais conhecido por "Pipin", atingiu a surpreen- dente marca dos 126 metros de profundidade em apnéia uti- lizando lastreamento de 40 quilos. E novamente em julho de 1995 "Pipin" atingiu 128 metros na Sisilia beneficiando-se das boas condigées climaticas do momento. O mergulho foi re- alizado com um lastreamento de 45 kilos proporcionando uma velocidade de descida de 1,6 m/seg. Nos tiltimos metros é frea- do o dispositivo e iniciadas as manobras de subida. Em 1' 18s, "Pipin" atinge o fundo e aciona o dispositivo que infla seu traje (sistema que auxilia a volta 4 superficie). A duragao total da imersao ficou em 2' 15s. |Volume pulmonar | i Fluxo sanguineo | 5m | 10m SG | 15m NY aa J Jl. 20+ 0 volume pulmonar diminui na razéo direta da profundidade. O fluxo sanguineo é aumentado no t6rax, para neutralizar a compressibilidade da caixa tordxica. A apnéia segura Tabela de seguranca de mergulhos em apnéia O mergulho em apnéia profundo (abaixo dos 25 metros) para a pratica da caga submarina est sendo praticado cada vez mais por cacadores mais experientes, em razdo da natural defesa dos animais que procuram abrigos em pontos cada vez mais afastados da costeira e naturalmente mais profundos. O Mar Mediterraneo, palco de atuagao dos grandes cagadores europeus, apresenta profundidades de até 45 metros para a caga. Damesma forma, no Brasil os cagadores procuram atingir maiores profundidades para conseguir arpoar bons exemplares. Recentes estudos comprovam que o cagador profundista pode ser acometido de doenc¢a descompressiva pela expansao dos gases do nitrogénio residual acumulado depois de varios mergulhos profundos. A tabela abaixo, foi desenvolvida para prevenir acidentes hiperbaricos provocados por mergulhos em apnéia na cota abaixo dos 25 metros. ae 2 horas | 3 horas 4 horas 5S horas prof. | tempo de niimero de merguthos apnéia ie 37 34 30 29 25m |2' 18 7 15, 14 2 12, i 10 9 | | Ls 31 28 25 24 30m | 2" 15 14 12 12 at 10 a 8 8 u 26 24 22 | 20 35m | 2' A3. 12 st 10 = 2 8 - 7 fig. 21. Exemplo: durante uma cacada com 4 hs de duragdo, na qual o cacador mergutha ‘a 30 m de profiundidade, néio deveré ultrapassar a marca de 25 imersGes com 0 tempo de I minuto, 12 com 0 tempo de 2 me 8 com o tempo de 3 minutos. 1 aa Caga Submarina > compensagao do ouvido médio O problema principal surge em virtude da cavidade do ouvi- do médio, que contém ar e isto j4 pode comegar aos 3 metros de profundidade. A pressao se fard sentir, principalmente sobre os fig 22 - a equalizagdo da pressao no ouvido médio é feita através da manobra de compensagao. timpanos, traduzindo-se por uma dor de ouvido aguda e crescente com 0 aumento da profundidade. Essa dor é causada pela pressaio da Agua que penetra no conduto auditivo empurrando a membrana timpanica para dentro. Se mergulharmos mais fundo, desprezando esse fendmeno, os timpanos acabariam por se romper, causando inclusive a perda do senso de equilfbrio; além da dor intensa, 0 mergulhador teria dificuldade em orientar-se em diregio 4 superfi- cie pela traumatizacao do ouvido interno onde esto mecanismos responsdveis pelo senso de diregao. 73 A apnéia segura Pela figura 23, podemos verificar que separando 0 ouvi- do médio do ouvido externo esté a membrana timpanica em equilibrio de pressiio. Como foi exposto anteriormente, na na- tureza tudo esté em equilibrio, assim a pressao de 1 ATM exer- cida pela camada de ar ao nivel do mar, sobre o timpano, tam- bém corresponde a uma pressao idéntica de ar dentro do ouvido médio ¢ esse ar chega até 1 por um canalzinho de aproximada- mente um centimetro de comprimento por menos de meio milf- metro de espessura chamado Tuba auditiva, que liga 0 ouvido médio a faringe. Quando ha um ligeiro desequilfbrio de pres- sio, a nossa audic&o é prejudicada. Quem desceu a Serra do Mar para ir 4 qualquer cidade do litoral paulista, ja sentiu isto. Pela pouca diferenga barométrica, 0 organismo assimila com facilidade esta situagao durante a descida. barotraumas consideragées: Denomina-se Barotrauma os efeitos diretos da pressao sobre 0 organismo do mergulhador, atuando nas cavidades pneu- méticas por impossibilidade de equilibrio de pressio do meio ambiente e a do interior dessas cavidades. No mergulho livre podemos encontrar os seguintes tipo de barotraumas: - barotrauma do ouvido médio - barotrauma do ouvido externo - barotrauma sinusal - barotrauma da face ou ocular - barotrauma pulmonar - barotrauma dental. - doenca descompressiva (pag. 72) 14 saspel— Caga Submarina Cd Barotrauma do ouvido médio A obstrugao da tuba auditiva por espasmo, processo in- flamatério das vias aéreas ou md formagdo, pode levar ao ba- rotrauma do ouvido médio, agravado pela velocidade com que o mergulhador deverd equilibrar as pressdes no tempo escasso em que dispée. A ruptura do timpano, com a invasio do ouvido médio pela agua fria, provoca nduseas e desorientagao espacial. podendo levar a morte por afogamento. , fig. 23 - corte esquemético mostrando as cavidades aéreas da face sujeitas as variagées de pressiio, 75 A apnéia segura Quando mergulhamos, o aumento de pressao externa cau- sado pela 4gua empurrando o timpano para dentro, pode ser equilibrado se forgarmos a chegada de mais ar dentro do ouvido médio até igualar as presses € isto se consegue através da tuba auditiva, de diversas maneiras, como: deglutir engolindo sali- va, mover 0 maxilar como 0 ato de bocejar, apertar as asas na- sais e assoprar com forga. A maneira mais pratica desde que estejamos munidos de uma mascara compensadora é apertar as asas nasais e forcar a saida do ar. Desta maneira impulsionamos um pouco de ar pela tuba auditi- vae sentimos quando a compensacao da pressao se realizou pelacomo- didade do cessar a dor de ouvido que est4vamos sentindo. A esse ato de igualar as presses endireitando a membrana timpanica através da in- trodugao de arno ouvido, denominamos: compensagdo ou equalizacao. Se o mergulhador estiver resftiado dificilmente conseguird realizar a manobra compensadora em virtude de secregéo que obstrui a entrada de ar na tuba auditiva, além do que nd se deve mergulhar nessas con- digdes por causa da inflamagdo dos condutos aéreos do pulmao. O mergulho quando se esta gripado é muito prejudicial 4 satide. Num individuo com as vias respirat6rias sadias, a compensagao se fard facil- mente. Coma pratica o cagador experimenta maior facilidade na reali- zaciio da manobra de compensagao. Barotrauma do Ouvido Externo O uso de toucas de neoprene muito ajustadas nas orelhas, ou concentragdo muito intensa de certimen obstruindo por com- pleto o conduto auditivo, forma-se na descida uma camara aé- rea isolada no conduto auditivo. A pressdo dos tecidos circun- jacentes e do ar no rinofaringe, certamente acompanha a pres- siio ambiente. Se a tuba auditiva esté permedvel, esta pressao se transmite para 0 ouvido médio e conseqiientemente a pres- io no ouvido externo vai se tornando relativamente mais bai- 76 al Caga Submarina i> xa que a dos tecidos circunjacentes e ouvido médio, como se uma bomba de succ¢io no ouvido externo. Ocorre entéo o abaulamento da membrana timpanica para fora, surgin- do edemas e hemorragias no conduto auditivo. Quando a membrana do timpano ultrapassa o seu limite de distensibilidade, ocorre a ruptura. Este quadro é denomina- do barotrauma do ouvido externo. Existe 4 venda tampGes de plastico, para proteger os ou- vidos das penetragdes de 4gua, que podem servir para nadado- res, mas nunca para mergulhadores, pois durante a descida vao provocar os fendmenos mencionados, pelo isolamento do con- duto auditivo, com graves conseqiiéncias. Dependendo dos ni- veis de tensio criados, os tampées serio forgados para dentro do conduto auditivo, podendo mesmo perfurar a membrana do timpano em casos extremos. Se ocasionalmente, durante a evolugdo do barotrauma do ouvido externo, a tuba auditiva estiver obstruida, haveré uma situ- agiio de baixa pressao nos ouvidos médio e externo em relagaio ao meio ambiente. A membrana do timpano nao sendo solicitada nao se moverd, mas por outro lado, os efeitos da sucgio se farao sentir no ouvido médio, com edema e hemorragia na caixa timpanica, sem comprometimento da membrana do timpano. Barotrauma Sinusal Os seios da face comunicam-se com a faringe, pelos ésti- os sinusais que permitem o equilfbrio da pressdo no seu interi- or. A obstrugiio de um desses condutos por processo inflamaté- rio ou ma formagao, impede o equilfbrio da pressao nos tecidos circunjacentes com a pressao no interior do sinus, criando uma pressao relativamente negativa e iniciando um processo de ede- ma e congestéo da mucosa sinusal que pode evoluir para um estravazamento de sangue para o interior do seio facial em ques- HED A apnéia segura tio. Os seios faciais geralmente comprometidos so os fron- tais e os maxilares. A semelhanga do barotrauma do ouvido médio, esse acidente geralmente ocorre durante a descida do mergulhador. sintomas A dor é menos frequente do que no barotrauma do ouvido médio, podendo localizar-se na regido malar ou no supercilio conforme seja comprometido o scio maxilar ou frontal respec- tivamente. Essa dor manifesta-se de maneira continua, de in- fig. 24 - sinus frontal e malar equilibrados - sinus frontal dolorido em razéo de secrecao 78 at Caca Submarina a> tensidade crescente, cessando ou aliviando pela interrupgao do mergulho. Pode ocorrer também sensagao de peso nas regides mencionadas e eliminagao de secregio nasal. A compressao di- gital da érea compreedida é dolorosa. De acordo com a evolu- ¢ao do caso, esses sintomas poderao desaparecer apés alguns dias ou aumentar de intensidade assumindo caracteristica pul- sante, o que denuncia um estado crénico de sinusite que deverd ser atendido com cuidado. Da mesma forma que 0 ouvido médio os sinus da face possuem conduto pelo qual o ar é reservado, por- tanto sujeito As variagdes da pressio que sao compensados pela minima manobra feita para 0 ouvido médio. Individuos portadores de sinusite sio altamente sen- siveis ao aumento de pressio, que se apresenta através de uma dor bastante aguda em geral nos sinus da face ante- riores e superiores e sobre os olhos. No entanto, o mergu- lho podera ser um grande coadjuvante na cura da sinusite pela constante hidratagéo de dgua salgada, forgando a distilagdo da secregao. Barotrauma Facial ou Ocular A pressio no interior da mascara, deverd ser mantida equilibrada coma pressao exterior, o que é perfeitamente possivel pela sua comuni- cagao com as fossas nasais. Para tanto o mergulhador deve injetar ar no interior da mascara a medida que é submetido ao aumento de pres- so. Caso contrario, a pressio relativamente menor no interior da mas- cara transformard esta numa verdadeira ventosa, que sugaré os tecidos moles da face do mergulhador, podendo provocar les6es graves. As méascaras de micro-volume especialmente desenhadas para a caga sub- marina, oferecem mais facilidade para realizar esta manobra, uma vez (que a quantidade necesséria de ar a ser injetado no interior da mascara ser4 minimo. A manobra de compensagao do ouvido médio pode ser simultanea com a da compensagio da mascara (fig 25). 79 A apnéia segura sintomas O mergulhador acusa sensagio de sucgdo ou repuxa- mento na face, podendo surgir, em concomitancia do baro- trauma tordxico, dispnéias e compressao tordxica. Na su- perficie é constatado edema, equimose facial, manchas he- morrdgicas nos olhos, sangramento pelo nariz, podendo nos casos mais graves ocorrer a protuberancia dos olhos com hemorragia franca do globo ocular e da conjuntiva. Nos ca- sos leves, recomendamos a aplicagdo de compressas geladas na regiao comprometida e analgésicos. Nos casos mais graves, com comprometimento ocular, é indispensavel o encaminhamento ao oftalmologista. Todo mergulho deve ser feito de forma progra- mada e controlada, evitando-se 0 uso de lastreamento excessivo para descer mais rapidamente. Se a pressiio da mascara comegar a cair, o mergulhador deverd procurar equilibré-la e se nao conse- guir, deverd inundar a mascara imediatamente, tentando resolver 0 problema. Como tiltima alternativa, deverd libertar-se do cinto las- treado e tender a superficie. fig. 25- equalizagdo do volume interno da mascara. 80 cept Caga Submarina Compensagdo da mascara Quando nos aprofundamos na Agua, a pressao sobre a mas- cara, também passa a ser uma cavidade aérea do mergulhador, pois internamente ela estd cheia de ar e isto se traduz em uma forte suc¢do na regido onde esta colocada a mascara. Isto ocorre em virtude da subpressio interna em relacao a externa que foi aumen- tada, Para compensar basta soprar ar em seu interior através do nariz e rapidamente estaré equalizada sem maiores problemas (fig. 25). E portanto, vedado para uso em caga submarina, mascara ou 6culos, que nao tenham ligagdes com o nariz. Quanto menor o volume interno da mascara facial, mais facilmente realizaremos sua manobra de compensagao. Por este motivo, o uso de mdscaras de micro volume interno é aconse- lhével para a caga submarina. Barotrauma Pulmonar No mergulho livre, os pulmées vao se comprimindo e re- duzindo seu volume a medida que a pressado ambiente vai au- mentando. Assim, segundo a Lei de Boyle, a capacidade total dos pulmées, que na superficie é de aproximadamente seis li- tros, aos trinta metros nao ird se alterar, mas por outro lado, os efeitos da succao se farao sentir no ouvido médio, com edema e hemorragia na caixa que passa a ser um litro e meio, 0 que cor- responde ao volume residual. A partir desse ponto, os pulmées passam a se comportar como cavidades aéreas incompressiveis ©, se o mergulhador prosseguir, haveré congestao, e passagem de sangue para o interior dos alvéolos e finalmente edema agu- (lo de pulmao. Da mesma forma no mergulho com equipamen- tos, se o mergulhador prender a respiragio ou o suprimento de ar é interrompido bruscamente na descida, pode ocorrer as mes- mas conseqiiéncias. 81 A apnéia segura sintomas Inicialmente ha uma sensagao de opressio e dor tordxica de intensidade crescente durante a descida. Ao voltar a superficie, de- pendendo da intensidade do quadro, 0 mergulhador poderé apre- sentar dispnéia, desconforto tordxico e tosse, podendo recuperar- se depois de alguns minutos. Casos graves evoluem para 0 edema pulmonar agudo. Aos primeiros sintomas 0 mergulhador devera interromper a descida, voltando imediatamente A superficie, onde deverd ser feita uma avaliag&o do seu estado. Mesmo se tratando de sintoma leve, 0 ideal é que o mergulhador encerre suas ativida- des de mergulho nesse dia. No mergulho livre as_ primeiras incurs6es deverao ser limi- tadas em profundidades menores. A capacidade de alcangar pro- fundidades maiores, vai sendo desenvolvida gradativamente. As descidas intempestivas deverao ser sempre evitadas, e a qualquer sinal de desconforto toraéxico o mergulhador deverd interromper 0 mergulho e voltar a superficie, encerrando suas atividades de mergu- tho nesse dia. Barotrauma Dental O mergulhador pode ser acometido de forte dor de dente durante uma descida, obrigando-o a voltar 4 superficie precipita- damente, ocasionando por vezes, graves problemas. Acredita-se que isto ocorre pela presenga de pequenas bolhas gasosas no inte- rior da polpa dentéria ou em tecidos moles adjacentes que, nao se comunicando como ambiente, apresentam no seu interior uma pres- sfio relativamente negativa, o que explica o fenémeno doloroso. ‘Admite-se também um mecanismo de comprometimento sinusal por vizinhangas, justificando muitos destes casos. O barotrauma dental ocorre mais comumente em dentes recém tratados, nesses casos o mergulhador deverd retornar ao dentista para uma revisdo do dente comprometido. 82 ap Caga Submarina ae mergulho em apnéia Qual pode ser a duragdo da apnéia? Qual a profundidade maxima que se pode atingir sem riscos? Quais os fatos que li- mitam a duracao da apnéia voluntéria? Qual a influéncia da ap- néia nas funcgées fisiolégicas principais? Todas estas questdes pretendemos esclarecer através do resultado de pesquisa cir- cunstanciada sobre 0 assunto. As atividades subaquaticas realizadas em apnéia tem a primeira vista 0 conceito de nao apresentar nenhum perigo aque- les que a praticam. No entanto o ntimero de acidentes vem au- mentando de ano para ano em nossas 4guas territoriais. O pt- blico em geral é escarsamente informado sobre os perigos da _ imers&o em apnéia, mantendo a imagem de uma pratica total- mente inofensiva. O conhecimento pleno sobre esta atividade, afasta total- _ mente qualquer perigo de acidente. Torna-se oportuno a expo- sig&o dos conceitos fundamentais da imerso em apnéia, indis- pensdveis para se compreender as causas dos principais aciden- les caracteristicos desta atividade. Por apnéia entende-se uma suspensao temporaria da ati- yidade respiratéria: pode ser voluntdria (caso da imersio suba- (udtica sem equipamento de ar comprimido), ou involuntaria, sendo neste caso de natureza patolégica. A técnica empregada para imersao em apnéia, consiste basicamente na pratica de mo- yimentos respiratérios amplos e lentos, no fim dos quais, apds a inspiragao profunda o individuo mergulha. A apnéia ter- mina com o retorno a superficie assumindo-se novamente a res- piragdo. O efeito da inspiragdo profunda é duplo: consiste basi- lente no armazenamento de oxigénio em uma certa concen- ioe também manter na corrente sanguinea um volume de jusdio alveolar de anidrido carbénico, aumentando assim 0 wfodo de duragdo da apnéia. A inspiragao profunda permite 83 emg eernaenemesene A apnéia segura também aumentar a profundidade maxima de imersio, sem o peri- go da exposicao do mergulhador a um barotrauma pulmonar. No término da apnéia o mergulhador devera executar atos respirat6rios amplos e lentos, procurando expirar profundamente para remover 0 ar saturado dos alvéolos, de modo a restituir aos pulmées, volume ¢ percentuais normais, seja de oxigénio (em- pobrecido pelo consumo durante a imersiio), seja de gas carb6- nico que vinha sendo acumulado durante a suspensao da respi- ragio. A volta 4 calma é a condigiio determinante para 0 caga- dor iniciar nova hiperventilagao. Quanto dura a apnéia? A duragio do tempo em apnéia, é extremamente varidvel de in- dividuo para individuo, mas de modo geral podemos afirmar que pode variar de alguns segundos, a dois minutos aproximadamente, e depen- de de numerosos fatores, sendo os principais constitufdos de: composi- io inicial do ar alveolar, sendo que a pressao alveolar de O, e do CO, depende da condic’io momentinea do individuo (ex. esforgo recente, ventilagdo pulmonar certa ) volume gasoso pulmonar e sua reserva de O,,e volume de difusiio de CO, no sangue; consumo de O, ¢ produgao de CO, em resposta ad combustiio celular que é aumentada pelo trabalho eae pelo frio, pela condigéo emocional etc; resisténcia do Centro Nervoso Respiratério aos estimulos induzidos pela diminuigao da taxa de CO, e pela diminuig&o do pH sangufneo; outros fatores sao repre- sentados pela constituicdo individual, pela posigao do corpo, pela ali- mentagio etc. ‘Todos estes fatores agem determinando diferengas individu- ais na duracao da apnéia voluntéria e também diferengas substan- ciais no mesmo individuo dia para dia, se nao hora para hora. Para se ter uma idéia indicativa, fornecemos alguns da- dos médios de tempo em apnéia baseados em individuos nor- mais sem treinamento: 84 sak Caga Submarina > depois de expiragao forgada: 15% depois de expiragao normal: 20" depois de inspiragdo norma 30"- 3; depois de inspiragao forgada: 50"- 60" depois de hiperventilagao: 100"- 110" Em individuos com treinamento sao registrados as seguin- tes médias de tempo em apnéia: depois de inspiragao forgada: 110" com exercicio fisico: 60" na 4gua com a cabega submersa: 80" em imersao total (repouso): 100" em imersao (com exercicio): 70" Como se pode observar, 0 exercicio muscular diminui a durag&o do tempo em apnéia, devido ao aumento do consumo de O, e uma produgio maior de CO,. E portanto natural a idéia do mergulhador livre, praticar uma intensa hiperventilagao pul- monar antes do mergulho, para aumenta 0 tempo de duragao da apnéia. No entanto a intensidade desta hiperventilagdo nao deve exceder 30", sendo que uma sensagao de formigamento nas extremidades ou tonturas € sinal evidente que houve excessiva hiperventilagao. A hiperventilagao preventiva deve ser efetuada num rit- mo respiratério lento, nunca devendo ultrapassar a metade do ntimero de ventilagdes necessdrias para produzir formigamento fas extremidades ou tonturas. Vale lembrar que quando se hi- perventila, o sangue assimila uma quantidade de O, cerca de 3% superior a de uma respirac¢ao normal, depois disso as con- entragdes de O, ficam saturadas e o mergulhador apenas ven- tila as reservas de CO, para o ambiente. Durante o perfodo de deslocamento na superficie 0 caga- 85 A apnéia segura dor pode manter seu nfvel de saturagdo de O, sempre em condi- ges de saturagao pronto para o préximo mergulho. Isto se con- segue mantendo um ritmo respiratério ligeiramente acima do normal, utilizando a técnica da respiragéo completa. A descri- ¢4o pormenorizada desta técnica trataremos mais adiante. o limite da profundidade A medida que a profundidade do mergulho aumenta, a pressdio ambiente também aumenta. As partes sélidas ¢ liqui- das do corpo nao sofrem variagGes substanciais de forma e vo- lume, no entanto as partes que contém ar, particularmente os pulmées, sofrem compressées as quais farao diminuir progres- sivamente seu volume, segundo a Lei de Boyle e Mariotte. As- sim se o volume inicial dos pulmées era de 6 litros, a 10 metros de profundidade sera de 3 litros, a 20 metros de 2 litros, a 30 metros serd reduzido a 1/4 e assim por diante. Esta diminuigado do volume pulmonar ocorre pela contrapressdo da agua no t6- rax com abaixamento das costelas e pela elevagiio do misculo diafragmatico. A profundidade maxima do mergulho tedrico em apnéia pode ser calculado com base na seguinte formula: P=Vi:Vr, onde Vi representa o valor em litros do volume pulmonar inicial, ou seja aquele existente no momento da imer- siio e Vr o volume pulmonar residual; em outras palavras a profundidade da imersdo é diretamente proporcional ao volu- me pulmonar inicial e inversamente proporcional ao volume do ar residual. Convém ressaltar que as duas medidas sao varia- veis segundo a constituigdo ffsica atuais do individuo variando como conseqiiéncia a profundidade maxima da imersao de in- dividuo para individuo. Tomando como exemplo de célculo, um individuo que tenha um volume pulmonar total de 5 litros e um volume resi- dual total de 1,5 litros, poderd atingir profundamente maxima 86 pee ae Caga Submarina > de imers&o a 23 m (5: 1,5 = 3,33 kg/cm? = 23 metros). No decorrer da apnéia o consumo de O, é maior que a correspon- dente produgdo em CO,, diminuindo como conseqiiéncia 0 vo- lume gasoso pulmonar total; também 0 aumento da pressdo to- tal e da pressdo parcial de cada gés componente da mistura gasosa pulmonar, transfere uma certa quantidade de O,, N e CO, dos alvéolos para o sangue, diminuindo assim 0 volume pulmonar total em profundidade. Esta perda aparente de gds reduz o limite da profundidade maxima do mergulho, mas nao é acessivel aos cdlculos porque o fendmeno é complexo e nao se tem informacGes precisas sobre suas variagées. efeitos fisiolégicos da hiperventilagao Muitas pessoas podem suspender 0 ato respiratério por 1 ou 2 minutos, mas geralmente nao mais, sem treino ou prepara- gio especial. Em algum ponto durante a tentativa de segurar a tespiragao, o desejo de respirar vird e se tornaré tao intenso que nao haverd possibilidade de prolongamento. Esta demanda é assinalada pelo centro respirat6rio respondendo ao aumento de niveis de didxido de carbono e dcidos no sangue, e a correspon- dente queda do nivel de oxigénio. A pratica repetida de segurar i respiracao para se conseguir um aumento de tempo na apnéia, provavelmente tem um efeito positivo no poder da vontade para resistir 4 demanda de respirar; contudo, a duragdo de tempo na qual um homem consegue segurar a respiragao, pode ser dra- ‘Maticamente estendida por dois métodos que sao frequentemente usados por mergulhadores amadores livres: hiperventilagio e fespiragdo de oxigénio puro logo antes de um mergulho. O uso do oxigénio é desaconselhavel aos apneistas ama- dores por ser t6xico sob pressao. A utilizagao deste gas é desti- nada a célculos experimentais. Mergulhadores livres que hiper- yentilam e respiram oxigénio puro antes do mergulho, tém mar- 87 A apnéia segura cadamente, mais tempo para seus mergulhos. A respiragao de oxigénio pde uma alta concentragao do gds nos pulmées, o que por outro lado, mantém uma razodvel quantia de oxigénio no sangue por um perfodo maior de tempo do que se os pulmGes estivessem cheios de ar. O recorde cientffico atual de apnéia conseguido através da inspiragio de oxigénio € mais do que vinte minutos. Contudo, como vimos, é vedado 0 uso do oxigé- nio puro no mergulho esportivo. respiracdo completa (pranayama) Executar a respiragao completa utilizando os conhecimen- tos da Yoga, nada mais é do que otimizar o trabalho pulmonar, procurando envolver no ato inspiratério a base, a parte média e o dpice dos pulmées. Pranayama é a parte da Hata-Yoga que trata diretamente deste assunto. A respiragao completa serve para renovar 0 ar residual dos pulmées e promover uma respi- fig. 26 - a inspiragao ¢ feita em trés fases para melhor aproveitamento pulmonar, 88 oh — Caca Submarina > rag&o com maior taxa de aproveitamento do oxigénio do ar. Para uma execugao correta podemos dividi-la em trés fases: na pri- meira fase, que compreende a respiragdo abdominal, 0 abd6- men deve ser projetado para frente o que resulta numa flexao da musculatura diafragmdatica, obrigando o preenchimento de ar em toda a base pulmonar uma vez que os pulmées esto assen- tados sobre o diafragma; na segunda fase que é a respiragdo mediana, 0 ar preenche a parte média dos pulmées, facilitado pela expansio das costelas da parte mediana do t6rax, num au- mento lateral do volume toraxico; na terceira fase que compre- ende a respiragdo subclavicular se consegue preencher 0 dpice dos pulmées, erguendo ligeiramente os ombros para cima ao mesmo tempo que o abdémen (que estava projetado para fren- te) retorna A sua posigdo normal. Embora a respiragaéo completa tenha as trés fases descritas, 0 ato de inspirar deve se processar como se fosse um ato tinico e uniforme, com uma movimenta- gio ondulatoria harmoniosa do ventre que se projeta para o res- tante do térax. Com efeito, na pratica da caga submarina, nao é © némero de ventilagdes pulmonares que determina uma boa apnéia e sim a qualidade das ventilagdes. Com o treinamento, 0 cagador poderd executar suas imersdes, com trés ou quatro hi- perventilag6es utilizando os ensinamentos do Hata- Yoga. apagamento Hiperventilagao é respirar repetidamente mais que o ne- ssdrio para eliminar 0 diéxido de carbono produzido pelo tabolismo. Através da super ventilagao dos pulmées, o mer- uilhador reduz a pressao parcial do didxido de carbono no san- e abaixo do nivel normal , e pode assim segurar sua respira- por mais tempo, enquanto 0 nivel de didxido de carbono vai scendo até o ponto em que o centro respiratério forga a volta respiragio. 89 A apnéia segura ‘fig. 27 ~ 0 apagamento ocorre quando 0 cagador hiperventila de forma excessiva e dispende muito esférco durante a apnéia. Portanto a prdatica da hiperventilagao deve ser usada com cautela, uma vez que 0 didxido de carbono tras o estimulo para a respiracao e leva o mergulhador a sentir fome de ar. Se as reservas de didxido de carbono forem ventiladas abaixo do nivel de estimu- lo, haverd pouco estimulo para reassumir a respiragao. Enquanto 0 periodo de apnéia estiver se prolongando por- que o mergulhador nao experimenta nenhum desconforto, a pres- sio do oxigénio caira progressivamente. Uma vez que baixos niveis de oxigénio nao forgam uma demanda poderosa para se reassumir a respiragiio, 0 nivel de oxigénio no sangue pode atin- gir um ponto critico no qual o mergulhador perde a consciéncia antes de sentir necessidade de respirar (apagamento). 90 aa Caga Submarina ~~ A hiperventilagdo pode ser nao intencional ou entao vo- luntaria. Pode ser causada por ansiedade, e pode ser experimen- tada por individuos normais em situag6es de stress. Por exem- plo: um mergulhador usando SCUBA pela primeira vez esta predisposto a hiperventilar devido a sua ansiedade natural. A hiperventilagdo pode também causar a Hipocapnia, uma condigao que resulta de baixos niveis de didxido de car- bono no sangue que sai dos pulmGes. Os sinais de Hipocapnia variam de tonturas e sensagao de espasmo muscular e até mesmo perda da consciéncia. Um dos maiores perigos de mergulho livre em profun- didade € a possivel perda da consciéncia durante a ascensio. O oxigénio nos pulmées durante a descida é comprimido, e a pressao parcial prontamente satisfaz a demanda do corpo por oxigénio. Durante a subida, contudo, a pressao parcial do oxigé- _ nio restante, é reduzida conforme diminui a pressao hidros- tética do corpo. Se a pressio parcial cai para menos de 0,16 ATM, pode ocorrer a inconsciéncia, com seus conseqiientes perigos. Este perigo aumenta posteriormente quando a hiperventilagao eli- mina os sinais de aviso do corpo, e pode ocorrer mesmo com. a respiracdo posterior de oxigénio, se a permanéncia sob a gua for muito prolongada. Concluimos portanto que, existem duas situagdes que predispdem ao apagamento: a) hiperventilagao excessiva b) hiperventilagdes sucessivas sem 0 devido espago de tempo na superficie. O acidente do apagamento pode ser perfeitamente elimi- nado desde que o cagador siga atentamente todos os preceitos de seguranca abordados neste capitulo. 91 A apnéia segura a apnéia segura Para evitar a ocorréncia no primeiro caso, o mergu- lhador deverd conhecer seus préprios limites. Isto podera ser medido através do teste que o proprio mergulhador faz pela manha e descansado. Inicialmente deverd hiperventilar (a seco) varias vezes procurando utilizar ao maximo seu volume pulmonar para cada ventilag&o, contando o ntimero de ventilagGes realizadas até que sinta tontura ou formigamento nas extremidades. Essa hi- perventilagiio deve ser executada observando-se os preceitos do pranayama (Hata-Yoga) descrito anteriormente. Quando atingir este ponto, fica determinado o seu niimero maximo de ventilagdes que serd a metade o niimero alcangado para produzir formiga- mento ou tonturas. Assim, jamais serio ventilados suas reservas de CO, abaixo dos niveis necessérios para que haja o estimulo da respiracdo, permanecendo o mergulhador sempre com seu "siste- ma de aviso"” em condigées plenas de funcionamento. No segundo caso, o mergulhador devera respeitar um periodo de tempo na superficie, suficiente para voltar a situagéo de repouso antes de iniciar nova hiperventila- ¢ao. Desta forma seus batimentos cardfacos e sua freqtién- cia respiratoria deverdo voltar ao normal antes de iniciar a hiperventilagado para realizar varias imersdes sucessi- vas sem 0 devido intervalo de superficie, predispondo seu organismo a ventilar cumulativamente suas reservas de CO,, 0 que poder determinar 0 acidente do apagamento, depois de muitas imersGes, mesmo respeitando os limites maximos estabelecidos para a hiperventilagdo preventiva colocados no primeiro caso. Com o advento dos mergu- lhos mais profundos (abaixo de 25 metros) 0 cagador deve também se prevenir contra acidentes hiperb4ricos pela expans4o do nitrogénio residual. Para estes casos foi ela- borada uma tabela para mergulhos em apnéia (pag.72). 2 pel —- Caca Submarina > consideragdes sobre o mergulho em apnéia O mergulho em apnéia em geral, estd sujeito a fatores limitantes e regras que, conhecendo e respeitando-as evita- mos acidentes. Para o homem comum, permanecer por al- guns segundos em apnéia é praticamente intolerante. Advi- rao dai manifestag6es de natureza nervosa, que induzirao a interromper prematuramente sua permanéncia em apnéia, tanto, pelo despreparo psfquico como pela necessidade fisi- oldégica. Ja vimos que a hiperventilagao seguida de uma inspi- ragao favorecem a permanéncia em apnéia. Os efeitos da apnéia Durante uma apnéia prolongada, as trocas gasosas podem continuar somente, por uma certo tempo, isto por- que no misculo alveolar, cria-se um aumento do gas car- bénico e uma diminui¢do do oxigénio, alterando os con- tetidos gasosos do sangue; quem primeiramente ressente desta situagdo é o centro nervoso que controla a respira- gao, que é estimulado pela maior presenga de CO, na cor- rente sanguinea, dando como conseqiiéncia, contragdes na musculatura diafragmAtica, e uma sensagao de "fome de ar". O fato de nao assumir novamente a respiragdo até um certo ponto, perde-se a consciéncia, a boca se contrai impossibilitando a respiragao, por um bloqueio do centro hervoso respiratorio. Tal fendmeno recebe o nome de sin- cope de apnéia prolongada, que pode ocorrer pelo exces- so de CO,, seja pela caréncia de CO, ou mesmo pela con- temporaneidade dos dois fendmenos. A possibilidade de se prolongar o tempo em apnéia, depende de diversos fa- lores. Jé sabemos que a hiperventilagao seguida de uma inspiragdo méxima, aumenta este tempo; porém sabemos bo A apnéia segura também que isto ocorre em situagao de repouso muscular. A elevada dispersao de calor do corpo, provocada pela temperatura quase sempre mais fria da 4gua, e o emprego de energia muscular, contribuem para diminuigao efetiva do tem- po de apnéia. Dai a conclusao que um bom mergulho em ap- néia, se faz com a maxima economia de energia, ou seja, pro- curando movimentar-se, somente 0 necessdrio e protegendo- se das perdas de calorias pela 4gua com roupas isotérmicas. A apnéia no mergulho Na verdade, nem todas as condicées sao desfavoraveis ao homem em apnéia quando submerso. O organismo, hu- mano quando submerso, obedece ao chamado reflexo da imer- sdo, respondendo com uma diminuigao da circulagao san- guinea que representa, em Ultima andlise, um menor consu- mo de oxigénio.Quando submerso, nossa freqiiéncia cardia- ca pode diminuir de 30 a 40%. Outro fator favordével é que em profundidade, a pres- sao do mtsculo alveolar se eleva, em relagao a pressao ex- terna. Em conseqiiéncia deste fato, quando a porcentagem do oxigénio alveolar diminui a niveis insuficientes, sua pres- sao parcial podera ser todavia, em relagdo a profundidade, mais que suficiente para consentir a oxigenagdo do sangue e dos tecidos. Jé vimos que a sincope da apnéia prolongada, bloqueia somente o aparelho respiratorio; neste caso, se a vitima for socorrida, transportando-a imediatamente para a superficie na atmosfera, diferente do que ocorre na hidro- cussdo (afogamento), é possivel reanimd-la sem maiores pro- blemas. No caso de demora na recuperagao do mergulhador, levando-o a superficie, a possibilidade de reanimagao se tor- na cada vez mais dificil, e é praticamente nula quando este atraso se aproxima aos dez minutos. 94 pel i Caca Submarina > E importante reconhecer que a sincope da apnéia pro- longada difere do fenémeno do apagamento, uma vez que este ocorre quando ventilamos as reservas de anidrido car- bénico abaixo dos niveis de estimulo (hiperventilag&o ex- cessiva), e a perda da consciéncia advém da escassez de oxi- génio na corrente sanguinea, sendo que este gas foi consu- mido sem que houvesse alarme da caréncia (contragéo da musculatura diafragmatica provocada pelo estimulo do gas carb6nico no centro respiratério). O trabalho muscular no mergulho Nas atividades desportivas desenvolvidas no ambi- ente aéreo, o trabalho muscular determina uma produgao de calor com consegqiiente aumento da temperatura cor- poral. No mergulho, a atividade muscular produz uma quantidade de calor inferior Aquela que vem dispersa na figua, nfo sendo portanto em grau suficiente para manter 0 corpo aquecido. Desta forma, o mergulhador nao deve tentar melhorar seu balango térmico através de intensa atividade fisica. O trabalho muscular na atividade de mergulho deve ser portanto limitado e prudente, procurando o mergulha- dor sempre conseguir a melhor eficdcia da tarefa a reali- zar com um minimo de esforgo. Uma forma eficaz de diminuir o esforgo muscular e conseqiientemente o consumo de oxigénio no mergulho em apnéia é utilizar o sistema de lastreamento varidvel. Com este sistema o cagador desce sem esforgo, uma yez que est4 equipado com a quantidade total de lastrea- Mento, portanto em flutuacdo negativa; antes de atingir 0 fundo, parte do lastreamento se desprende automatica- mente do corpo do mergulhador; neste ponto, ja em equi- 95 A apnéia segura librio hidrostatico devido a compressibilidade da roupa isotérmica e de seu prdprio corpo, 0 cagador se encontra em plena apnéia para os trabalhos de exploragao e caga. Ao empreender o retorno a superficie, o trabalho muscular serd igualmente facilitado pela crescente flutuagao positiva adqui- rida a medida que se aproxima da tona. O lastreamento varidvel € portanto a forma mais se- gura de se realizar mergulhos em apnéia abaixo de 15 metros de profundidade. salvamento Os acidentes na sua grande maioria podem ser evita- dos, principalmente quando so observadas as regras basi- cas de seguranga, tais como: mergulhar sempre acompanha- do, evitar o hiperlastreamento, utilizar lastreamento varidvel em mergulhos abaixo de 15 metros, usar béia etc.. Mas, no caso do cagador se deparar com um companheiro acidenta- do, é importante seguir algumas regras basicas. E importan- te se ter em mente que na maioria dos casos de afogamento, a vitima pode ser salva quando se aplica os métodos de rea- nimagao em tempo habil. Antes de iniciar os trabalhos de reanimagao, 0 so- corrista deve diagnosticar 0 quadro real em que se en- contra a vitima, ou seja saber se € uma parada cédrdio- respiratéria ou somente uma parada respiratéria. Exis- tem duas espécies de afogados: a asfixia mecdnica pro- vocada pela inundagdo das vias respiratérias (0 afogado fica azulado); e uma parada cdrdio-respiratéria sem ina- lagdo de 4gua (afogado branco). O reconhecimento do tipo de parada podera ser definido através da observagado di- reta do movimento do térax, ruido da respiragdo ou o embacgamento de superficie polida. 96 cal Caga Submarina > Para definir se juntamente com o quadro de parada respi- tat6ria hé também o de parada cardiaca, o socorrista deve ob- servar se hd pulso radial, pulso da carotida, auscultagao direta no peito da vitima ou o exame de pupila que mostraré se hé um. quadro de parada cardfaca quando, na presenga de luz, a mesma permanecer dilatada. Quando ocorre a falta de oxigenagao nas células, seja pela parada da respiragio ou da circulagao, iniciar-se-a a degenera- G40 do tecido celular decorridos 8 a 10 minutos. O tecido ner- yoso, que se concentra na sua grande maioria no cérebro, por ser o mais fraégil do corpo humano, é o primeiro a ser afetado, de maneira progressiva e irreversivel. Assim, a morte aparente € quando ocorre a interrupgao da chegada de oxigénio as célu- las, motivada por uma parada cardio-respiratéria. A partir dai, inicia-se a morte do tecido nervoso. Nestas condig6es a vitima pode ainda ser salva, principalmente se ndo foram decorridos mais de 8 minutos desde a perda da consciéncia. A morte clini- ca é definida quando ocorre a degeneragao total das células do tecido cerebral, calculado num tempo de no maximo 10 minu- tos da morte aparente. Com o emprego do método da ressuscitagao cardio-pulmo- nar (RCP), faremos funcionar artificialmente as grandes fung6es vitais do organismo, que fornecerd oxigenagao a vitima, impedin- do que a mesma passe da morte aparente para a morte clinica. ressuscitagdo cdrdio-pulmonar Para efeito de estudo, a reanimagao cardio-pulmonar se di- vide em trés fases: a. desobstrucio das vias aéreas respiratérias; b. restauragao da respiragdo; c. restauragao da circulagao. 97 A apnéia segura reanimagao boca-a-boca e massagem 15 massagens X 2 ventilagoes. cardiaca. Um socorrista dois socorristas: 5 massagens X uma ventilacao apl— - Caga Submarina > desobstrugao Para maior eficacia da R.C.P. 0 socorrista deverd antes deso- bstruir as vias respiratérias superiores. A eventual obstrugdo pode se dar de duas maneiras: - pela lingua: quando a vitima cai desacordada, a lingua re- trocede, obstruindo a faringe impedindo a passagem de ar; colo- cando-se a cabega da vitima para trds e pressionando-se a nuca para cima, a faringe é desobstruida. - pela presenca de corpos estranhos: virar a cabega da viti- ma para o lado ¢ retirar os corpos estranhos que possam eventual- mente obstruir a passagem do ar. restauragdao da respiragdo Quando a vitima nao tiver 0 impulso para o movimento respiratorio, deverd ser iniciada imediatamente a respiragado artificial boca a boca, como se segue: apés liberar as vias respiratorias, como vimos, deve-se tapar.o nariz da vitima, envolver sua boca totalmente com a boca do socorrista e in- suflar até ver o peito da vitima mover-se. O socorrista deve efetuar tal movimento num ritmo de uma vez a cada quatro segundos, aguardando a saida do ar. Nao deve aumentar o ritmo, pois iré hiper-oxigenar © socorrista, deixando-o tonto; por outro lado nao deve também reter por muito tempo o ar, pois diminuiré a taxa de oxigénio. restauragdo da circulagao O coragao esta situado entre duas superficies rijas no interior do t6rax: 0 esterno e a coluna vertebral. Sendo o A apnéia segura mesmo um misculo eldstico, com uma pressio exercida so- bre o esterno, 0 coracao seré comprimido e, cessada tal pres- sao, retornara 4 sua posig¢4o normal, completando assim o ciclo circulatério. Essa manobra denomina-se massagem car- diaca externa, que deve ser executada obedecendo-se alguns cuidados, tais como: - a vitima deve estar em dectibito dorsal sobre uma su- perficie rigida; - 0 socorrista, deve posicionar-se de joelhos, ao lado e no mesmo nivel da vitima, na diregdo de seu t6rax. Suas maos devem estar espalmadas uma sobre a outra, evitando que os dedos toquem a vitima. - os ombros do socorrista devem estar exatamente na diregio do esterno da vitima, com os bracos perpendiculares e semi-flexionados. - a mio deverd tocar o tergo inferior do esterno, deno- minada apéndice do esterno; - a pressao a ser exercida devera ser suficiente para que tal ponta, denominada apéndice xifdide, desga aproxi- madamente cinco centfmetros; - oritmo a ser seguido deve ser de uma compressao por segundo; ritmos e generalidades A RCP deve ser aplicada, segundo o ntimero de socor- ristas conforme se segue: um socorrista: 15 massagens para duas inalagées; dois socorristas: 5 massagens para 1 inalagio. o maior risco: afogamento No mar, no rio ou em qualquer meio liquido, uma pessoa em 100 cae Caga Submarina > fig. 30 - reboque do nadador cansado perigo geralmente entra em panico - justamente seu maior inimigo. Evité-lo a todo custo, ¢ resistir 4 tentagio de se debater é o primeiro passo para conseguir se salvar. A melhor forma de atrair a atengao da embarcacao ou de um provavel socorro é levantar 0 brago aci- ma da cabega acenando com ele. reboque do nadador cansado No caso de necessitar rebocar um mergulhador, 0 so- corrista deve antes fazer uma rapida andlise da situagéo para avaliar o estado da vitima. Se for o caso de uma simples céim- bra e 0 individuo esteja calmo, o reboque pode ser feito com © auxilio da vitima, ou seja a vitima consciente participa do alvamento. Desta forma sem o respirador na boca, a vitima rojeta seu corpo para trdés, desvencilha-se do cinto lastrea- lo, e assume a posi¢ao do nado de costas com os bragos es- ndidos ao longo do corpo; 0 socorrista apdia seu ombro as mAos da vitima empurrando o nadador e nada para 0 lo- cal seguro onde tomard as providéncias decorrentes. O rebo- jue deve ser realizado com a participagao da vitima. 101 A apnéia segura fig. 31 - reboque do peito cruzado reboque do peito cruzado No caso da vitima estar acometida de panico, 0 socor- rista deve nadar em sua diregao e, ao se aproximar 3 a 4 me- tros, com os pulmées cheios de ar, mergulhar e agarrar com firmeza as pernas da vitima, impulsionando-a para cima, fa- zendo com que "sinta o pé", ou seja, tenha possibilidade de respirar ar e eventualmente voltar 4 calma. Ao voltar a su- perficie 0 socorrista deve fazé-lo por tras da vitima e, na su- perficie, passar 0 brago por cima do ombro e firmar a mao abaixo da axila do outro lado. No caso do mergulhador, 0 socorrista deve liberar 0 cinto lastreado para manter a maxi- ma flutuabilidade positiva através da roupa de neoprene. mergulhador no fundo Quando o mergulhador acidentado estiver no fundo, 0 mais provavel é que tenha sido vitima de um apagamento durante a subida e, estando hiper-lastreado, voltou para o fun- do; se o companheiro conseguir trazé-lo a superficie antes 102 ape Caga Submarina baad de decorridos 8 (oito) minutos e, imediatamente iniciar as manobras de reanimagio artificial, é muito provavel que o salvamento seré bem sucedido. Para maior facilidade das manobras, o socorrista deve retirar o lastreamento da vitima _ ainda no fundo e, ao atingir a superficie, procurar liberar as vias aéreas respiratérias inclinando a cabega para tras. 0 organismo humano e o mergulho a temperatura da dgua O corpo humano submerso fica exposto 4 uma conside- ravel dispersio de calor, porque na agua a equalizagao da tem- peratura corporal verifica-se em ritmo duas vezes maior que no ar. A sensibilidade ao frio que se identifica normalmente por palpitagSes, sensagao de constrigdo toraxica, falta de ar, bati- mento dos dentes etc., difere de pessoa para pessoa. De manei- ra geral, a escassez de calorias na alimentagiio, 0 abuso de bebi- das alcodlicas, predispde o organismo humano a ressentir mais aacdo do frio.Uma protegao fisiolégica muito valida em rela- gio a sua espessura, é aquela constituida de tecido adiposo. E _fato conhecido por todo mergulhador, que 0 trabalho subaquati- co ou mesmo o simples mergulho em Agua fria, por longos peri- odos, requer o uso de roupa protetora isotérmica. A 4gua tem uma condutividade térmica 24 vezes maior do que 0 ar, isto quer dizer que 0 corpo perde calor, muito mais rapidamente na ‘igua, do que no ar 4 mesma temperatura. Quando a temperatura da dgua cai abaixo de 26,7° C 0 corpo humano pode tornar-se frio em menos de uma hora. Abai- xo de 15,5° C 0 uso de roupas isotérmicas é praticamente obri- gatério. Uma exposigao prolongada ao frio, pode ser perigosa e denomina-se "hipotermia" o acidente decorrente. Isto ocorre quando os tecidos profundos e érgios internos do corpo huma- 103 A apnéia segura no, atingem temperaturas internas inferiores a 36,1° C, quando comegam ocorrer disttrbios fisiolégicos. Hipotermias leves podem causar danos fisicos, enquanto que as mais severas po- dem levar 4 morte. A espessura da roupa de neoprene deve ser dimensionada de acordo com a temperatura média da 4gua que se pretende mergulhar para se evitar a hipotermia. procedimentos bdsicos de emergéncia O homem do mar deve ter sempre em mente a possibili- dade de ver-se um dia nessa situagdo, e por isso fazemos as seguintes recomendag6es: - se sua embarcacio tiver problemas, transmita pelo radio a posic¢ao mais precisa. Vista um colete salva-vidas. - descreva os danos que ocorreram e o tipo de embarcagao. - faga sinais visiveis: fumaga de dia., fogo de noite. - permanega a bordo até que o naufragio seja inevitavel. - aps 0 naufragio agarre-se a um objeto flutuante e o mais rapido possivel. - tente entrar na dgua com bote salva-vidas, tomando o cui- dado para manter as roupas secas. - se tiver roupas isotérmicas de neoprene vista-as. - na falta de roupas isotérmicas ,vista todas as roupas que puder, pois 0 ar contido entre elas ird funcionar como isolante tér- mico mesmo dentro d'égua. - proteja especialmente a cabega, pescogo, virilhas e axilas pois sao dreas de répidas perdas de calor. - se for necessério entrar na Agua, faga-o lentamente. - se for necessdrio pular feche o nariz e prenda a respiragao. - uma vez na dgua oriente-se para um bote salva-vidas ou um objeto flutuante. - a noite ligue imediatamente um sinal luminoso, antes que perca a destreza das mios pelo frio. 104 al - nao nade, a ndo ser para aproximar-se de um compa- nheiro ou objeto flutuante; a natag4o ira bombear para fora, a Agua aquecida que esteja entre as roupas, e forgaré o sangue do interior, para as extremidades do corpo, aumentando assim a perda do calor. - mantenha a cabeca e 0 pescogo fora d'dgua. - a melhor maneira para conservar 0 calor, é segurando os joelhos contra o t6rax, envolvendo as pernas com os bragos. - mantenha os joelhos juntos para evitar perda de calor. - se existirem outros companheiros, juntem-se todos for- ¢ando o maior contato possfvel. - mantenha pensamento positivo, pois a vontade de viver pode fazer uma grande diferenga. Caga Submarina > aalimentagao do mergulhador Uma correta alimentagao também é importante sob o ponto de vista da seguranga. Os alimentos ricos em gordura so aque- les que entram diretamente na composigio dos tecidos adiposos do corpo, dando maior protegao quanto a perda de calorias. A cota de aguicares e vitaminas devera se sensivelmente aumenta- da durante a temporada de atividade subaquatica. Nos perfodos de maior empenho (competigGes, pescarias prolongadas etc.), devem ser escolhidos alimentos de alto valor energético e de facil digestéo. O momento de iniciar o mergulho , deve ser bem distanciado (oito horas) da Ultima refeigio, deixando-se para consumir durante o mergulho, apenas pequeno lanche, barras de chocolate, mel, leite condensado, sanduiches e Agua. Duran- te 0 periodo digestivo verifica-se no organismo importantes fe- nOmenos a cargo de muitos aparelhos e 6rgiios, implicando em atividade cardio-circulatéria adequada ao abastecimento do ple- xo solar para facilitar a digestio em detrimento a periferia do corpo (sistema muscular principalmente). A dorméncia muscu- 105 A apnéia segura lar que sentimos logo apés um farto almogo, é devido a esse fendmeno. A congestio é uma sincope que se diferencia da sincope da apnéia prolongada que bloqueia somente o aparelho respiratorio. E caracterizada por perda de consciéncia e inter- tup¢io repentina do reflexo do centro respiratério e cardio-cir- culatério, que pode ser definitivo se a vitima nao for pronta- mente socorrida. Este fenémeno pode ocorrer no momento da entrada na 4gua ou mesmo depois de um certo tempo. Os fatores predisponentes a este tipo de acidente so di- versos. De modo particular a atividade digestiva, seguida de prolongada exposi¢ao ao sol ou uma sudorese abundante, se- guida de repentina queda n'Agua, principalmente se for fria, pode predispor a um quadro de congestio. O intenso estado emocio- nal, ou excessivo e prolongado cansago, também sao fatores predisponentes. E verdade que nem sempre entrar na Agua de- pois de haver se alimentado, ocorre a congestao; no entanto é oportuno observar um intervalo entre a ingestio de alimentos e omergulho. Em caso de extrema necessidade pode ser ingerido um pouco de dextrosol, que é um agiicar facilmente digerivel. A quantidade de 2 gr por dia de vitamina C é recomendavel. dieta equilibrada A dieta do mergulhador deve ser antes de tudo: a) quantitativamente suficiente; b) facilmente assimildvel; c) qua- litativamente graduada e d) garantir um suporte hidrico adequado ao trabalho muscular a ser realizado. Os hidratos de carbono de- vem constituir a maior parte da ragao alimenticia (de 60 a 65% de calorias), entrando majoritariamente na forma de agucares lentos, ou seja de assimilagio lenta. Os hidratos de carbono estio contidos nas massas, pastas, batatas, pao etc. Os lipideos devem ser limita- dos a menos de 25% de calorias, evitando-se as frituras. Deve-se dar preferéncia as gorduras vegetais (azeite de oliva) ou animais 106 el na forma de manteiga. Deve-se tomar especial cuidado com as "gor- duras ocultas" como € 0 caso das encontradas nas carnes verme- lhas. Nao se deve abusar das proteinas que sao os alimentos que contém nitrogénio devendo entrar na alimentagio com um limite de 10 a 15% de calorias. 200 gr de carne magra (bovina ou de pescado) por dia sao suficientes para a manutengdo dos niveis ideais de proteina no organismo. Legumes crus ou cozidos sao indispensdveis para assegurar um bom suprimento de fibras. Na alimentagao cotidiana devem figurar as frutas e leite (ou seus derivados), que sao fontes de calcio e vitaminas. No dia que precede o mergulho deve se ter especial cuidado com a alimentagaio. Os carbohidratos (massas) sao ali- mentos facilmente digerfveis e que repdem as calorias necessirias. Frutas secas sao ricas em glicose que é 0 combustivel do mtsculo. Um suplemento de glicose ingerido no dia anterior, restabelece as Teservas necessdrias para 0 consumo organico no dia do mergulho. Bebidas alcodlicas nao devem ser ingeridas em hipdtese nenhuma. O consumo de alcool modifica a qualidade dos reflexos diretamen- te na coordenaciio muscular e a duragao da apnéia se altera drasti- camente pela aceleragio do ritmo cardfaco. Pode produzir ndéuseas e problemas de equilibrio. O mergulhador deve respeitar os principios elementares da dietética: a alimentagao deve ser equilibrada, adaptada e va- riada. A quantidade de calorias deve ser suficiente e proporcio- nal. No dia do mergulho o apnefsta deve se acostumar a ingerir pequenas quantidades de alimento em intervalos regulares. Para tanto recomenda-se a ingestio de: barras de cereais, chocolate, frutas frescas, frutas secas, leite condensado etc.. Os refrige- rantes gasosos devem ser evitados. E normal que o mergulha- dor tenha sede ao sair da Agua pois o mergulho e 0 frio facilitam a eliminagio urindria. B conveniente que beba moderadamente figua, suco de fruta ou de legumes em pequenas quantidades Caga Submarina > _ evitando-se o gelado. 107 A apnéia segura seres marinhos perigosos Quanto a agressividade dos animais marinhos, vertebra- dos ou invertebrados, podemos afirmar que € praticamente nula. Na maioria das vezes as criaturas marinhas fogem ao contato direto com o mergulhador, limitando-se a se defenderem quan- do atingidas casualmente. Desta forma, a agressividade dos se- tes marinhos estd sujeita a fatores mesoldgicos, variando por- tanto nas diversas regides geograficas: elementos considerados fig. 32 - tubaroes 108 al Caga Submarina > perigosos numa determinada regiao, podem ser quase inofensi- vos em outras. E sempre importante antes de iniciar a caga sub- marina em uma drea desconhecida, um contato com habitantes do local para identificarmos quais os perigos da regiao. tubardo Ha mais de 370 espécies, mas apenas 12 delas podem ofe- recer algum perigo ao homem. O risco de ataque é pequeno mas existe potencialmente e é imprevisfvel. Os tubar6es tém a sensi- bilidade olfativa extremamente desenvolvida além de boa visio, sendo atraidos por sangue, carne em decomposigio, fachos de luz, cores claras, lixo, explosdes e barulhos anormais. Dispdem ainda de 6rgaos sensores localizados de cada lado do corpo, sensiveis a vibragGes de baixa freqiiéncia: um peixe arpoado transmite na dgua tais vibragGes atraindo-os de longa distancia. Também as quilhas de uma prancha de surf pode atrair tubar6es, o que explica a grande ocorréncia de acidentes com surfistas no nordeste do Brasil. Os tubarGes possuem uma epiderme coberta por pequeninas escamas atrofiadas que atuam como uma verdadeira lixa abrasiva. Desta forma, o simples contato com estes selaceos pode ocasionar feri- mentos graves. Em regiGes onde é provavel a presenga destes selé- ceos é imprescindivel 0 uso de béia para a colocagio dos peixes arpoados. Tratamento: 0 prognéstico depende do comprometimento de vasos calibrosos. Logo que retirada da 4gua, a vitima deve ser colocada em lugar abrigado, estancadas as hemorragias e tratado um possivel estado de choque, pela reposi¢do de Agua, soro e seda- go a dor. A seguir a vitima deve ser removida para um hospital onde serao tratadas as grandes laceragGes. Afastado 0 perigo ime- diato, o paciente deverd receber vacinagao antitetanica pois os dentes do tubarao sao impregnados por microrganismos patogénicos. 109 A apnéia segura barracuda, enchova e sarda As barracudas bem com as enchovas e sardas podem ocasi- onar acidentes ao cagador tendo em vista seus dentes pontiagudos ecortantes. No caso de acidentes desta natureza procure nao tentar afastar a regiao atingida puxando a mio deliberadamente; com au- xilio da faca abra a boca do peixe e retire com cuidado a mio evi- tando dilacerages. Esses peixes tm notadamente muita fora nas mandibulas e seus dentes so muito afiados, no entanto nao ofere- cem perigo direto de ataque. Tratamento: procure limpar a regiao atingida com bastante dgua doce, merctirio-cromo ou qualquer anti-séptico para desinfetar 0 local c, em seguida estanque a hemorragia com gaze e esparadrapo fig. 33 barracuda moréia Asmoréias sao encontradas no fundo, dentro de tocas ou esguei- rando-se entre pedras e corais. Algumas espécies pode atingir 3 metros. Muito embora nao haja possibilidade de agressao, quando o mergulha- dor invade seu habitat, deve fazé-lo prevenido pois sua mandibulas so armadas com dentes agugados e, no sentido de defender seu territério 0 animal pode ferir o intruso. Nao devemos confundir 0 ato respiratério 110 aa Caga Submarina > ‘fig. 34- moréia da moréia que escancara sua boca permitindo a passagem da gua, com pretens6es de agressividade. Tratamento: no caso de um acidente, a melhor forma de sol- tar a moréia é ir 4 tona e abrir sua boca com muito cuidado com auxilio de outra pessoa ou de uma faca que exerga a fungao de vanca; puxar a mao sé fard feri-la ainda mais. O local deve se sinfectado com anti-séptico e a hemorragia estancada com auxi- de gaze e esparadrapo. dgua viva Tém aparéncia gelatinosa, cor rosada ou azul-arroxeada, im filamentos que, enrolados, assemelham-se a cachos de ca- los. Possuem flutuadores que as fazem ser carregadas pela nte, e normalmente aparecem jogadas na praia ap6s uma ipestade. Encontram-se por vezes em tal concentragao que io € possivel evita-las, principalmente a noite. No caso de con- 10, as leses s&o produzidas por estruturas localizadas nos ten- ulos (nematocistos), por um mecanismo semelhante a um ho que podem disparar milhares de agulhas microscépicas silica, impregnadas de toxinas de agio histamindide. As le- 8 que produzem, embora superficiais provocam dor acentu- , tolhendo os movimentos do cagador. did A apnéia segura Os sintomas dependem da espécie de dgua viva, exten- sao, duragao e localizacao do contato e das condigées fisicas da vitima. As lesdes vao desde de uma area de vermelhidao e discreto edema (com aspecto urticariforme) até a formagao de bolhas. Nos casos mais severos pode ocorrer choque, caim- bras musculares, rigidez abdominal, néusea e v6mitos. Tratamento: no caso de exposigao de grande area do cor- po, saia da dgua imediatamente. Espalhe generosamente pela regiao atingida alcool metilico que os fragmentos de tentaéculos aderentes a pele se retrairao, podendo ser facilmente retirados; no caso de nao haver disponibilidade de alcool, utilize agua doce em grande quantidade; as manobras de esfregar a regiao sdo condenadas pela possibilidade de enterrar ainda mais os espi- nhos urticantes de silica na area atingida. A reagao local pode ser reduzida com a aplicagao de pomadas corticosteréides, anti- histaminicos, anestésicos locais e compressas frias. fig. 35 - dgua viva ie ah Caga Submarina RS ourigo do mar Existem em grande quantidade nos fundos rochosos ¢ de recifes de corais, e as lesdes so geralmente causadas pe- los espinhos que rodeiam o seu corpo que se fragmentam facilmente quando se tenta remové-los. Algumas espéci- es de ourigos dispdem de sistemas injetores de toxinas, ocultos nas bases das espiculas. A penetragao dessas es- piculas ocasiona sensagao de queimaduras, vermelhidao, edema e, por vezes, infecgdo secundaria. Tratamento: a principio o cagador deve evitar 0 con- tato direto com 0 ouri¢go protegendo-se com luvas e, prin- cipalmente com reforgos localizados na roupa de neopre- ne; a regiao dos joelhos é extremamente sensivel a toxina do ourigo-do-mar, portanto procure manter esta regiao sempre protegida com reforgos de neoprene. No caso de acidentes remova tantos espinhos quanto possivel com o auxflio de uma pinga; logo apés, lave a regiao atingida com gaze esterilizada e trate a infecgao secundaria se for 0 caso. fig. 36 - ourigo do mar A apnéia segura peixes venenosos Sao muito encontrados em Aguas tropicais, sendo muito comum em nosso meio 0 mangagd. Seu comporta- mento é completamente diverso das espécies comuns, pois tendem a permanecer quietos no fundo, mimetizando-se com o ambiente para surpreender pequenos peixes, sendo diffcil a sua localizagdo. O contato com o cagador é sem- pre acidental e suas espiculas envenenadas podem causar lesdes puntiformes, muito doloridas provocando infecgdes localizadas. fig. 37 - peixes venenosos Tratamento: o acidente com este tipo de peixe somente sera possivel se 0 cagador pisar no fundo deliberadamen- te e for atingido por um espinho dorsal do peixe; procure fazer uma pequena incisado no local e provocar um san- 114 Aa Caga Submarina ~ gramento, removendo todo o material contaminante. Em seguida lave o local com soro fisiolégico, lfquido anti- séptico e faga um curativo com gaze e esparadrapo. E claro que existem muito mais espécies animais e vegetais capazes de agredirem o cagador mas € importan- te se ter em mente que nenhum organismo aquatico mari- nho ou de agua doce ataca deliberadamente o cagador. O simples uso da roupa de neoprene e luvas, elimina a agio da quase totalidade dos seres urticantes conhecidos. Ao cacar em local estranho deve se informar detalhadamente sobre as espécies nocivas locais, principalmente quando for mergulhar no exterior. Via de regra, 0 cagador deve estar sempre em dia com suas vacinas, especialmente a anti-tetanica. Todo e qualquer machucado deve ser limpo e desinfetado. O estojo de primeiros socorros deve con- ter liquido de Dakin, desinfetante iodado, esparadrapo e todos os componentes necessérios para executar uma per- feita assepcia e curativo local. 115 caret Caga Submarina baad Técnicas e fundamentos da caga submarina ® 9 0 estudo das técnicas e fundamentos da caga submari- na, abordaremos os assuntos principais que 0 mergu- Ihador apnefsta necessita assimilar, para a melhora efe- tiva de sua performance e rendimento quando na pratica do es- porte. locais de pratica A caga submarina pode ser realizada em diversos locais podendo ser em rios, lagoas, represas e principal- mente no mar. O mergulho no mar oferece a maior gama de opgdes ao mergulhador. Assim, os principais locais para 4 pratica da caga no mar sao: ilhas continentais e lages ilhas ocednicas parcéis e recifes de corais costeiras naufrdgios ilhas continentais e lages As ilhas continentais e lages constituem a maior parte dos identes geograficos brasileiros de interesse para a pratica da ‘a submarina. Estas ilhas e lages sao na grande maioria de equenas dimensGes com excegao das Ilhas de Marajé, Itaparica, 10 Sebastiao e Santa Catarina. A maior parte das ilhas conti- ntais brasileiras localizam-se sobre a plataforma continental, jituando-se na maioria das vezes pr6ximas ao continente, per- itindo facilidade de acesso e apresentando boas condi¢ées no que se refere a visibilidade da 4gua durante boa parte do ano. 119 Caga submarina Esses fatores lhes confere excelente condigao para a pratica de caga submarina, uma vez que servem de abrigo a diversas espé- cies de peixes e crustdéceos e apresentam boa oferta de alimen- tos quer seja aos diversos cardumes de peixes de passagem ou aos territoriais. A regiao costeira das ilhas continentais que fica expostas diretamente ao mar aberto, apresenta maior interesse aos diver- sos cardumes; nesta parte das ilhas, 0 batimento do mar de en- contro as rochas retira grande quantidade de material organico, essencial a alimentagao dos peixes. Desta forma, estando 0 mar em condigées ideais de mergulho, principalmente quanto aos fatores de velocidade e diregao da corrente, 0 lado externo das ilhas continentais e lages é sem diivida o local mais indicado para se surpreender bons exemplares. Pode-se encontrar nas ilhas continentais cardumes de olho- de-boi, olhetes, ciobas, garoupas, bijupirds, anchovas maris- queiras, caranhas, badejos, sardas etc.. ilhas ocednicas As ilhas oceanicas constituem-se em verdadeiros para- isos da caga submarina, no entanto, ao contrario do Pacifico ou do Atlantico Norte que sao mares ricos em ilhas e arqui- pélagos, o Atlantico Sul é praticamente desprovido de ilhas ocednicas. O Brasil detém em seu mar territorial cinco aci- dentes geograficos deste tipo a saber: Arquipélago de Fernando de Noronha, composto de uma ilha principal e dezoito ilhotas de origem vulcanica, numa su- perficie total de 18,4 km?, Trindade com 8,2 km’ e arquipélago de Martim Vaz composto de cinco pequenas ilhas numa area de 2,5 km’; Atol das Rocas, com 7,2 km’, arquipélago dos Abro- lhos Penedos de Sao Pedro e Sdo Paulo. Nesses locais a caga submarina € proibida principalmente nas costeiras da ilha princi- 120 al Caga Submarina > fis. Maré alta itha parcel pal, quando é habitado por guarnicdes militares ou populagio local. No entanto pode-se praticar a caga nos parcéis ¢ pontos mais afastados das ilhas. O relevo submarino desses locais quase sempre apresenta uma mistura de formagao coraligena com rochas vulcdnicas, apresentando 4guas quentes na maior parte do ano e extrema- mente transparentes, chegando a uma visibilidade na ordem de 40 metros, E abundante a presenga de cardumes, havendo uma grande variedade de peixes predominando os de passagem. E comum a ocorréncia dos peixes de bico habitantes do mar azul tais como o marlim, o espadarte e o dourado. A caga submarina € feita quase sempre fora das tocas. Sao comuns 0 xaréu, o bo- nito, o atum, a cavala, a barracuda, 0 badejo e 0 dentéo, no entanto, o mais abundante é 0 tubardo. Nas ilhas oceanicas en- contram-se tubarées de todos os tamanhos, desde os pequenos ¢des-viola até os grandes mako, que, na presenga de farta ali- Mmentacdo, néo oferecem perigo ao cagador. Destacamos entre 121 Caga submarina os diversos tubardes 0 mangona, o martelo, o olho de vidro eo galha preta. No mar territorial brasileiro é comum também a presenga de grandes tubardes como 0 anequim e a tintureira, no entanto menos frequentes que os primeiros. parcéis e recifes de corais Parcel é a denominagao de um determinado conjunto de pedras ou corais que nao chegam a aflorar na superficie sendo a sua presenga denunciada nas marés baixas quando uma onda ou outra quebra no seu ponto mais elevado. A maioria dos parcéis do mar brasileiro esto plotados nas cartas nduticas por se cons- tituirem um perigo muito grande para a navegagao. Os parcéis sio mais abundantes que ilhas e lages, e apre- sentam a caracterfstica de serem bastante habitados por pei- xes, notadamente os de passagem. E evidente que os parcéis nao oferecem nenhum tipo de abrigo para correntezas, sendo importante o planejamento prévio do mergulho bem com ado- gao de medidas adicionais de seguranga no sentido de se prevenir acidentes. O parcel mais importante do Brasil € 0 Parcel dos Abro- Jhos situado no Sul da Bahia, apresenta caracteristicas singula- res que o distingue das demais formagées do Atlantico e tam- bém do resto dos oceanos. Suas formagées apresentam grandes colunas de recifes em forma de cogumelos conhecidas com "cha- peirées". Esses recifes chegam até 25 metros de altura, sendo que muitos deles se descobrem na maré baixa, tornando-se ex- tremamente perigosos para a navegagao. Devido a grande extensdo desta drea (910 km?) podemos dividi-la em duas partes distintas: 0 Arquipélago, formado pe- las ilhas e o parcel propriamente dito e o Recife das Timbebas. O Arquipélago dos Abrolhos é formado por 5 ilhas: Re- donda, Siriba, Guarita, Sueste e Santa Barbara. Nesta Ultima 122 sak e Caga Submarina pale que é a maior delas, habita uma guarnigao da Marinha respon- sdvel pela manutengao do Farol dos Abrolhos. No Arquipélago que dista 70 km da costeira, foi criado em 1983 0 Parque Nacional Marinho dos Abrolhos sob respon- sabilidade do IBAMA. Nesta drea bem como no Recife das Timbebas que dista 14 km de Alcobaga, nao é permitida a caga. A caga submarina bem como qualquer atividade pesqueira so- mente é permitida fora do Recife das Timbebas e do Parcel dos Abrolhos nas proximidades do Arquipélago. Os peixes que ocorrem nesta regio sao, entre outros: tu- barées, vermelhos, garoupas, badejos, cavalas, meros, dentées, sardas, bijupirds, piragicas, budides, barracudas etc.. costeiras A caga na costeira apresenta como fator positivo a boa oferta de peixes e crustéceos bem como a facilidade de acesso Wii fig. 39 - costeira Caga submarina nao sendo necessdrio por muitas vezes 0 uso de embarcagiio de grande porte. As costeiras brasileiras apresentam uma variedade muito grande de elementos comestiveis para peixes de di- versos tamanhos. Assim os mariscos incrustados em grande maioria das rochas litordneas e outros pequenos moluscos e crustaceos em grande profusio, atraem peixes como 0 sargo de dente, sargo de beigo, badejos, garoupas, pescadas, robalos, parati, anchovas etc.. O mergulho para caca submarina nas costeiras em alguns casos, até dispensa o uso de embarcagiio. No entanto, a costeira tem o inconveniente de apresentar quase sempre pouca visibili- dade na agua. A pouca transparéncia da agua é motivada pela presenga de muitos rios que desembocam no mar trazendo da terra gran- de quantidade de nutrientes e sais minerais - elementos que en- riquecem de componentes organicos e inorganicos a fauna pré- xima aos desembocadouros - mas turvam as 4guas na maior parte do ano. Com um pouco de sorte e mergulhando em épocas favo- rveis (verao) o cacador pode conseguir 4guas limpas e arpoar bons exemplares principalmente de robalos e pescadas. naufrdgios Existem no litoral brasileiro diversos navios naufragados que, com o passar do tempo, tornaram-se verdadeiros criadou- ros de peixes territoriais, uma vez que os diversos comparti- mentos servem de esconderijos para esses peixes. Os naufragi- os atraem também os peixes de passagem uma vez que formam- se nos escombros grandes quantidades de colénias de corais, crustdceos e moluscos. Ao cagar em navios naufragados o mergulhador deve se acer- 124 _ frio, demanda de O. cael Caga Submarina > car de alguns cuidados pois as chapas de ago enferrujadas cortam facilmente 0 cabo do arpao quando o peixe (mal arpoado) tenta reftigio no interior dos compartimentos. Desta forma é imprescin- divel um bom tiro para se conseguir levar a bom termo a pescaria. Até por aspectos morais o cacador nao deve atirar num peixe que reconhecidamente nao conseguiré embarcar. Em qualquer local que se queira praticar 0 esporte, o mer- gulhador deve, antes de tudo, se resguardar dos procedimentos e principios basicos de seguranga. Como vimos no capitulo de fisiologia, o mergulho em apnéia é uma atividade esportiva que conta com diversos fatores de consumo de energia, tais como ),»» trabalho muscular etc.. Considerando estes fatores, o mergulhador deve, ao chegar no local onde sera realizada a caga, proceder a um estudo minucioso das condi- gdes do mar antes de cair n'dgua. Caga submarina No caso de estar em terra e nado contar com embarcagaio para o seu deslocamento, deve-se antes de tudo verificar se o mar esta suficientemente calmo para que possa cobrir um deter- minado trecho da costeira sem contratempos; em seguida deve ser verificada a diregdo e velocidade da corrente, e quanto a esse aspecto podemos afirmar que uma correnteza forte (acima de 2 milhas por hora) inviabiliza a prética do mergulho em ap- néia. No caso do mergulhador estar num determinado ponto e estabelecer como ponto de safda um local adiante que esteja na diregdo da corrente, a correnteza pode ser usada como auxiliar no deslocamento. Lembramos ainda que todo mergulho de caga, quer seja em costeira ou parcéis proximos da costa deve ser sinalizado por béia, uma vez que € grande o ntimero de embarcagdes que transitam por estes locais. Parcéis stio geralmente bons pontos de caga embora muito perigosos a navegacao. Técnica de caga submarina Antes de abordarmos as técnicas de caga submarina que certamente irao ajudd-lo a melhorar 0 rendimento no esporte, deve-se ter em mente que a base do sucesso esté sobretudo no conhecimento. Assim, 0 conhecimento das préprias condigées fisicas, bem como das reagées instintivas diante do inesperado sao fundamentos importantes para melhorar a performance su- baquatica. Nao é suficiente estar bem treinado ou ser fisicamente forte, se nao tivermos 0 conhecimento necessario para desfrutar deste potencial. Ter capacidade de saber se concentrar também faz parte do treinamento. O conhecimento do ambiente aqudti- co e seus habitantes, bem como de todo 0 material utilizado na caga submarina sao fatores que integram 0 contexto necessario para se alcangar 0 sucesso. Ao abordarmos a questo flutuabilidade, vimos que as apli- 126 al Caga Submarina > cagées do Principio de Arquimedes afetam diretamente a per- formance da imersdo. Em outras palavras, 0 rendimento do mergulho pode ser sensivelmente melhorado quando se esta ade- quadamente lastreado. Sabemos que a roupa de neoprene diminui de volume a medida que a presséo aumenta, tornando a flutuabilidade do mergulhador cada vez mais negativa. Assim, 0 sub-lastreamen- to, €a condigao ideal para se realizar mergulhos de caga subma- rina em seguranga. Isto evita o dispéndio de energia (O, ), re- serva necesséria para se atingir a superficie. Para tanto 0 caga- dor necessita, antes de tudo, conhecer a quantidade ideal de seu lastreamento, que poderd ser conseguida com fragGes de até 1/2 kg. Lembramos que 0 cdlculo do lastreamento € personalizado, tendo em vista o equipamento individual utilizado, tais como: Janterna, arma, faca etc.. Cada item anexado ao cacador no ato da imersao, entra no calculo final da flutuabilidade. Se conside- rarmos que o cagador arpoou um peixe aos 15 metros e tenta resgatd-lo 4 superficie trazendo-o pelo arpao, veremos que a técnica do sub-lastreamento é fundamental para a seguranca. virada em trés tempos Assim como 0 retorno a superficie, a penetragéo na 4gua para se atingir o fundo deve ser executada com 0 minimo de movimentos, com a finalidade de se conseguir a melhor aproxi- magao possivel do peixe gastando-se 0 minimo de energia € so- bretudo, com a maxima seguranga. A virada em trés tempos € uma das técnicas que possibilita 0 aproveitamento do empuxo negativo proporcionado pelo peso das pernas no momento em que estio fora d'dgua na posigio vertical. Assim, 0 cagador ao terminar os movimentos respira- \6rios da hiperventilagao, eleva ligeiramente os quadris, infiltra 4 cabega e t6rax (primeiro tempo) e em seguida eleva as pernas 127 Caga submarina fig. 41 - virada e posicionamento para o tiro. unidas ¢ estendidas na posi¢ado perpendicular em relacio a su- perficie (segundo tempo). Nesse momento o peso das pernas proporciona um empuxo negativo maior por estarem fora d'dgua, agindo como um émbolo do movimento. A massa muscular das pernas constitui-se no maior peso muscular do corpo humano. Existem algumas nadadeiras que apresentam a possibilidade de acrescentar mais 0,5 kg de lastro, adaptado na propria nadadei- ra. O cagador permanece nesta posigdo, até que as nadadeiras estejam totalmente abaixo da linha da superficic. O mergulho inicia propriamente quando o mergulhador co- mega a movimentagao das nadadeiras (terceiro tempo). Com a execugao correta da virada em trés tempos, 0 cagador atinge 128 ah Caga Submarina baad com facilidade os cinco metros de profundidade, sem dispéndio de energia e sem provocar muita vibragao na agua. Algumas variagdes do mergulho em trés tempos podem aperfeigoar a penetragao na agua, mas o principio fundamental do movimento é baseado no aproveitamento maximo do empu- XO negativo no momento em que as pernas estado fora d'4gua. caga com lastreamento fixo O lastreamento fixo é a técnica mais convencional utiliza- da pela grande maioria dos mergulhadores. E 0 tipo de lastrea- mento ideal para os mergulhos em apnéia limitados até 15 me- tros de profundidade. Permite grande mobilidade de movimen- tos ao mesmo tempo que nao chega a comprometer a seguranga do cagador desde que utilize o sistema de sub-lastreamento. No diagrama acima podemos verificar 0 consumo de energia do Subida_ Descida — 18 fig. 42 - lastreamento fixo. metros 129 Caga submarina mergulhador, durante uma imerso onde, logo apés romper os. primeiros metros, a penetragdo na dgua é progressivamente fa- cilitada pelo aumento gradual da flutuabilidade negativa provo- cada pela compressibilidade da roupa isotérmica e de seu pré- prio corpo; no entanto a subida é dificultada, pois 0 cagador gasta maior quantidade de energia para atingir novamente a zona de equilfbrio. As partes escuras do diagrama, representam as profundidades onde o cagador consome maior quantidade de energia, para vencer a inércia do movimento de penetragao na Agua somada com desequilibrio hidrostatico provocado pelo las- treamento. caga com lastreamento varidvel Oestagio atual da caga submarina nos permite estabelecer como boa norma de procedimento a adog4o da técnica do las- treamento varidvel para mergulhos abaixo de 15 metros de pro- metros fig. 43 - lastreamento varidvel 130 capaho Caca Submarina > fundidade. A escolha desta técnica é importante por duas gran- des raz6es: equilibrio e seguranga. Como sabemos a compres- sibilidade do corpo humano e da roupa isotérmica, so as duas causas principais das variagGes de flutuabilidade a que esta su- jeito o mergulhador quando pratica caga submarina. Para se al- cangar um perfeito equilfbrio abaixo de 15 metros, ou seja, a neutralidade, o ideal é que pudéssemos nos despojar do cinto lastreado quando atingissemos a profundidade desejada a cada mergulho. O cagador dos 15 m para baixo, estaria neutro em sua flutuabilidade e em condig6es plenas de arpoar um peixe € resgatd-lo a superficie, aproveitando-se do aumento progressi- vo da flutuabilidade positiva durante seu retorno. A técnica do lastreamento varidvel pode ser utilizada de di- versas formas: 1) liberagdo do cinto; neste caso o cinto lastreado deve estar fixo por um cabo numa bdia. Logo apés a subida 0 caga- dor recolhe seu lastreamento. 2) liberagdo de um lastro tinico, adap- tado convenientemente no cinto, posicionado nas costas ou na frente do cacador, de forma que quando atingisse 15 metros, o mesmo se desprenderia, permanecendo preso na bdia. Este lastro tinico deve ter em peso 0 correspondente as necessidades do cagador perma- necer em equilibrio hidrostatico na agua. Normalmente um cagador vestindo uma roupa isotérmica de 3 ou 4 mm, deve utilizar 5 a 6 kg de lastreamento normal; a quantidade de peso para o lastreamento mével deve ser calcula- da em funciio do peso total que o cagador necessita para alcan- gar o equilfbrio; assim, o peso mével pode ser de 4 kg e 0 caga- dor manter 0, 1 ou no maximo 2 kg fixo no cinto durante o trabalho de fundo e regresso a superficie. O cabo utilizado para fixago do peso mével nao deve ser muito fino para que nao prejudique o trabalho de recolhimento. A utilizagdo deste tipo de lastreamento resulta em pro- funda economia de energia (O,) com eliminagao total do risco de apagamento, além de uma penetragio suave e silenciosa até 131 Caga submarina o fundo. A técnica de lastreamento varidvel, fica mais facil de se aplicar quando utilizada em dupla. Como complemento, pode-se adaptar ao sistema de las- treamento varidvel uma béia intermedidria com volume ligeira- mente superior ao peso do sistema. A principal fungdo desta béia é manter o cabo de fixagao sempre na vertical, mesmo sob acdo de correnteza e vento. A técnica do lastreamento varidvel é reservada aos mergu- Thadores profundistas que efetuam mergulhos abaixo de 15 mem. Agua clara. Basicamente, o principio da técnica consiste em: 1) execugao de uma descida mais rapida, em siléncio e com o minimo de dispéndio de energia. O cagador inicia a explora- ¢4o do fundo em plena apnéia. 2) Quando o cagador chega no fundo ou nas proximidades é liberado do lastreamento o que Ihe confere uma ampla mobi- lidade e facilidade nas manobras de caga, com sensfvel aumen- to da seguranga na subida. 3) Facilidade na recuperagio do lastreamento por si pré- prio ou pela equipe. E importante lembrar que a utilizagao da técnica do lastre- amento varidvel nao faculta ao mergulhador a penetragao em profundidades “abissais" inadvertidamente; quando se usa a téc- nica, tem-se como objetivo principal assegurar ao cagador 0 mé- ximo de seguranga na fase mais critica do mergulho: a subida. No sentido de facilitar 0 estudo do lastreamento, podemos conceituar trés tipos de lastro conforme a profundidade a ser atingida: 1) lastreamento médio: o lastreamento médio é determi- nado pelo cagador, munido de todo 0 equipamento e pode ser estimado na superficie da 4gua salgada. Permanecendo submerso respirando pelo respirador, 0 cagador deve permanecer na su- perficie com a linha d'égua na altura da mascara. Este lastrea- 132 cae Caga Submarina ——_ mento pode ser usado para mergulhos até 12 a 15 metros de profundidade no maximo. 2) lastreamento leve: a base de calculo deste lastreamento deve ser condicionada ao anterior, ou seja, deve-se retirar de 1 a 2 kg de lastreamento médio, de forma a permitir uma subida mais facilitada. O equilfbrio estaria em torno dos 10 - 12 me- tros, permitindo atingir a partir deste ponto com facilidade os 20 - 22 metros, auxiliado pela ligeira flutuabilidade negativa. O trabalho muscular na subida estaria amplamente facilitado pela diminuigao do lastro, principalmente depois de ultrapassado a zona de equilibrio. 3) lastreamento varidvel:. Este tipo de lastreamento deve ser utilizado para imersGes abaixo de 20 metros. _, _médio leve variavel - cequitorio apa | bol | 12 equiltrio) 20 25 exploragao pela superficie Durante a permanéncia na superficie, 0 cagador se des- loca acionando as nadadeiras com movimentos suaves, pro- 133 Caga submarina fig. 45 - observagdo pela superficie curando explorar o fundo no alinhamento do fim da pedraria com 0 inicio do fundo arenoso. A selegao do ponto mais apro- priado para o mergulho e a caga propriamente, fica por conta do desenvolvimento da faculdade instintiva e intuitiva do cagador. A respiragdo pelo respirador deve ser trangiiila e regular; com mais experiéncia e adaptacdo, 0 cagador verd que instintivamente sua respiragao serd mais lenta e mais pro- funda, para manter sua corrente sanguinea sempre enrique- cida de oxigénio. Este é 0 momento em que o mundo exteri- or nao deve existir, pois sua atengao deverd se concentrar unicamente no ambiente em que se encontra: aprender a se concentrar faz parte do conhecimento necessdrio para se atin- gir 0 sucesso na arte da caga submarina. A observagio do fundo nao deve ser generalizada de for- ma superficial e sim particularizada, procurando estudar setor por setor, lembrando que quase todos os animais que habitam as pedras se mimetizam, ficando parecidos com algas, pedras, areia enfim, ao ambiente em que se encontram. Com uma ex- ploragao lenta e metédica 0 cagador se habituard a observar bem e se condicionard a ter "olhos para ver", ou seja, educar seus sentidos para uma perfeita distingao dos organismos aquaticos. 134 pel Caca Submarina rhe Assim, adquirindo um pouco de experiéncia, poderd discernir entre uma toca com probabilidades de outra desabitada, como também escolher um setor que seja rico em vida animal daquele que pouco interesse apresenta. O controle emocional como ja abordamos anteriormente, se adquire, pois as surpresas enquanto o cagador esté no fundo, sdo naturalmente frequentes inclusive para 0 mais experiente mergulhador, mas com 0 costume, a pratica, o conhecimento da vida aquatica e principalmente 0 conhecimento das préprias re- ag6es instintivas diante do inesperado, pode-se reduzir ao mini- mo este "efeito surpresa". Antes de se decidir qual diregao se- guir ao longo da costeira é oportuno que o cagador tenha em mente dois fatores: a diregao da corrente e a posigao sol. A cor- rente deve ser a seu favor, para evitar que seja desperdigada energia ao se nadar no sentido contrario, o que abrevia 0 tempo de apnéia e diminui drasticamente 0 rendimento; 0 sol deve pre- ferencialmente estar nas costas, nao importando a inclinagao. No caso da direcio da corrente assim nao o permitir, no mo- mento da virada posicione-se de costas para o sol. E certa a afirmagao que a sombra do mergulhador projetada no fundo venha a advertir algumas espécies de peixes de sua presenga. O peixe tem, além deste, outros meios para detectar a pre- senga de invasores do seu territério. Como sabemos, a capaci- dade de percepcao tatil dos peixes é extremamente apurada. A luz do sol sobre as costas resulta numa visaio subaquatica mais limpa, até mesmo pelas leis 6ticas da refragao do feixe lumino- so. Assim, 0 cacgador deve posicionar-se de forma a nao permitir que sua sombra se projete diretamente na diregéo do cardume ou toca que pretenda abordar. Lembramos que uma das gran- des virtudes do cagador submarino completo, é a intuigdo e 0 avistamento rdpido, seguro e constante do peixe no fundo. Este resultado se alcanga sempre que o cagador executa uma explo- ragao de superficie bem conduzida. 135 Caga submarina fig. 46 - a movimentagdo no fundo deve ser cuidadosa e sem ruidos. exploragao pelo fundo As 4guas costeiras brasileiras, em condigGes excepcionais de transparéncia, incluindo das ilhas continentais mais afastadas nao permitem uma visao vertical superior a 17-18 metros. Uma visibi- lidade superior aos 20 metros somente é possfvel nas ilhas oceani- cas. Sabemos que, quando a dgua apresenta visibilidade de 10 me- tros, em nossa costeira, estamos em excelente condigdo de transpa- réncia. Excepcionalmente, correntes de Aguas oceAnicas podem banhar ilhas continentais tornando suas 4guas muito transparen- tes; mas, sabemos que estas sao circunstancias raras em Aguas cos- teiras. Vale lembrar que, dependendo da posigao do sol, e princi- palmente pela maior densidade de pequenas partfculas em suspen- sao que permanecem na camada superior da agua, a visibilidade horizontal no fundo é superior a vertical na superficie. 136 aa Caga Submarina > Uma boa pratica é explorar o fundo mergulhando a meia Agua (7-8 metros), 0 que permite observar mais apuradamente setor por setor. Ao avistar algo de interesse no fundo, o cagador pode retornar a superficie para preparar outro mergulho, ou, se estiver em plena apnéia, descer até o fundo. Préximo as pedras écomum a formacio de espuma branca, resultante do batimen- to da Agua de encontro as pedras o que prejudica sobremaneira a visio subaquatica que, somando-se as particulas em suspen- sao bloqueia totalmente a visibilidade do mergulhador. exploragao das tocas Como sabemos, os peixes territoriais habitam as tocas tais como: garoupas, badejos, sargos etc. A titulo de esclare- cimento devemos lembrar que, quando o cagador perscrutar o fundo rochoso e conseguir por exemplo, ver dentro da toca: cinco sargos, trés badejos e uma garoupa, pode estar seguro que, longe de seu alcance visual, porém nas proximidades se ocultam ao menos quinze sargos, dez badejos e trés ou qua- tro garoupas. Isto significa que a exploragao das tocas pelo Caga submarina cagador é muito mais rendosa do que a simples observagao pela superficie e eventual mergulho quando ocorrer algum avistamento. Dentro desta linha de raciocinio devemos lem- brar que os peixes, tanto territoriais como os de passagem, a titulo de defesa dos predadores naturais, tém o dorso escure- cido e a parte ventral mais clara, 0 que dificulta a sua visua- lizac4o pelo Angulo da superficie. Assim a observagao pela superficie deve se limitar a se eleger a toca ou 0 grupo de tocas que valham a pena mergulhar e se proceder uma obser- vagao mais apurada. As tocas se apresentam com estrutura e dimensées das mais variadas possfveis. E importante para o cacador saber distinguir entre uma toca que 0 peixe utiliza como refiigio tempordrio e aque- la que usa como morada fixa. A primeira usada principalmente por sargos e diversas espécies de peixes tais como marimbds, salemas etc., € de estrutura mais simples, vulnerdvel e facilmente violavel; estas so as tocas que o mergulhador chega com facilidade e visu- aliza bom movimento de peixes, pois so entradas e saidas de ro- chas sobrepostas que se intercomunicam, permitindo aos peixes mais timidos se deslocarem de uma toca a outra, sem serem vistos pelos seus predadores. As tocas utilizadas como morada fixa, ao contrario da primeira, sao extremamente complexas, com subdivi- ses internas, formando diversos compartimentos normalmente es- curos, oferecendo um refiigio perfeito. Sua entrada normalmente é na base da rocha seguindo- se um corredor que dé acesso a uma c4mara maior onde o peixe normalmente se refugia na parte de cima. Quando a toca é ampla mas de pouca profundidade, o cagador podera rapidamente explorar seu interior e descobrir se tem alguma coisa de seu interesse. A observagio das parte altas da rocha é importante, pois a garoupa, por exemplo poderé estar im6- vel junto a parede, colada lateralmente na parte de cima, con- fiando em seu mimetismo. 138 Caga Submarina i> laterais. Uma toca que se apresenta com maior profundidade tor- na-se necessdrio penetrar com 0 corpo o mais possivel: 0 ca- cador deve ter em mente que a penetragao na toca deve ser no maximo até a linha dos pés; inicialmente pode parecer um tanto estranho penetrar com 0 corpo na escuridao da toca despertando um pouco de medo, mas com 0 tempo 0 cagador se acostuma e executa a manobra instintivamente. A movimentagao da dgua, entrando e saindo na toca, a principio, obedece a mesma do fluxo e refluxo das ondas na superficie. Assim, pode ocorrer um movimento da massa d'égua “empurrando" o mergulhador para dentro da toca; é importante se ter em mente que 0 mesmo movimento de “em- purrar" tera, em segundos, sua ag4o em sentido contraério. O cacador deve evitar os parcéis muito rasos onde o mar forma ondas; para se aproximar destes pontos, ocagador deve esco- lher 0 lado contrario ao da correnteza. 139 Caga submarina a abordagem da toca Levando-se em conta que na dgua a transmissdo das ondas vibratérias e sonoras produzidas pelos movimentos de descida e aproximagao sao facilmente percebidas pelos peixes, 0 caca- dor ao abordar uma toca deve fazé-lo com a manobra da com- pensagao completada e com a lanterna ligada. Ao se acercar da entrada da toca deve eleger um dos lados evitando ocupar 0 espaco central da entrada principal; isto porque visto de dentro da toca a imagem do cagador sera projetada como uma grande figura ameagadora, afugentando os peixes para o fundo ou para locais inatingiveis. No momento da abordagem 0 cacador deve direcionar o facho de luz para as partes mais altas da toca, com a arma apontada na mesma diregao. a aproximagao E de conhecimento que 0 alcance titil do tiro disparado de uma arma pneumatica, nao supera 3-4 metros; ao se utilizar ar- baletes de eldstico pode-se atingir 5-6 metros. Desta forma, para se atingir com seguranga um animal marinho é importante que o cagador se aproxime o mais possivel. Para finalizar, elencamos quatro regras gerais: 1) 0 caga- dor, ao se aproximar de uma toca deve sempre apoiar a mao livre numa rocha para permitir 0 equilfbrio e evitar 0 desvio do arpao com o eventual movimento da gua; 2) quando nas pro- ximidades da toca, avizinhar-se pelas laterais introduzindo o arpao junto com o facho de luz, sem tocd-lo nas pedras e ligar antes a lanterna; 3) assegure-se que efetuou com sucesso a ma- nobra da compensagao do oouvido médio e da mascara e que nao tenha bolha de ar no respirador; 4) se necessdrio, procurar entrar na toca e comecar a exploragao pela parte mais escura e no alto. 140 sak . Caga Submarina > comportamento do peixe FE de conhecimento também que 0 peixe dispdes de meios extraordindrios para captar e sentir elementos e movimentos es- tranhos em seu territério. Como seria possivel esta aproxima- cao sem que os animais se apercebecem de sua presenga? A resposta é simples. O peixe ignora que o homem seja um ani- mal predador. A prova disso é a aproximag&o que permitem os peixes nos locais de preservagdo, permitindo inclusive que os mergulhadores os toquem. Podemos encontrar diversas rea- gdes nos animais marinhos que podem apresentar atitudes nervosas, agitadas bem como de absoluta tranqiiilidade; o comportamento dos peixes pode se alterar sobretudo por ra- z6es objetivas tais como fatores meteorolégicos, astrolégi- cos, térmicos, quimicos, elétricos, magnéticos, fisiolégicos etc.. Podem reagir instintivamente por fatores condicionan- tes da memoria hereditdria adquirida dos antepassados, fu- gindo precipitadamente ao pressentir a presenga humana. Isto acontece principalmente pelas proporcionalidade das dimen- sdes existentes entre a figura humana e 0 peixe. Observamos que os peixes menores (até 20 cm), demons- tram absoluta indiferenga 4 presenga do cagador, e os maiores precipitam-se a fugir pois, proporcionalmente, 0 homem pode representar um predador natural. Um outro aspecto do compor- tamento dos peixes é que os carnivoros (garoupa, caranha, cio- ba, enchova etc.) demonstram uma temerosidade muito mais acentuada que os herbivoros (frade, piragica, cirurgido etc.).Para se aproximar de um peixe com a maxima probabilidade de su- cesso, € necessario se reconhecer a espécie e recordar seus ha- bitos, adequando no momento, a técnica a espécie encontrada. De uma forma geral podemos estabelecer alguns procedimen- tos que podem servir de base para a maioria dos peixes: avista- do o peixe o cagador nao deve nadar ou mergulhar precipita- 141 Caga submarina damente em sua diregao; ao contrario, deve permanecer o mais imdvel possivel estudando seu movimentos. Mergulhar quando o peixe est4 nadando no fundo ou na Agua livre, serve somente para induzir e acelerar-Ihe a fuga. E conveniente segui-lo da superffcie a distancia aguardando o mo- mento favordvel. Este momento ocorre quando: 1) 0 peixe entra dentro da toca; 2) para para se alimentar; 3) se volta para observa- lo. Nesta situagao, executa-se uma virada o mais perfeita possi- vel, e com a arma apontada diretamente ao objetivo o cagador submerge procurando aproximar-se com o minimo de movimen- tos; 4 medida que se avizinha do peixe o cacador deve diminuir gradativamente sua movimentagao e proceder o enquadramen- to perfeito da arma com 0 objetivo, no prolongamento do brago da empunhadura. fig. 48 colocar 0 tiro no ponto certo tiro lateral ajuda no trabatho derecuperagéo, legenda E timo | bom _ tiro frontal ais | regular No caso do peixe se mover, 0 cagador nao deve ace- lerar sua movimentagio e sim se deslocar em sua direcio o mais lentamente possfvel. Estando numa distancia que assegure 0 tiro titil, o cagador deve disparar e, em seguida evitar que 0 peixe se refugie nas tocas, abandonando a arma que deverd flu- tuar na superficie e procurar safar 0 peixe das pedras, traba- Ihando com o linhote e arpao. 142 soap ° Caca Submarina > o tiro As armas de caga submarina nao tém "massa de mira",e mes- mo que tivessem, de pouco adiantaria. A mira se faz no prolonga- mento do brago, acertando a linha de visada ao longo do cano da arma, procurando guiar o tiro por aproximagao. No momento do tiro o cacgador deve permanecer imdvel, para evitar 0 desvio do arpao. No sentido de conseguir melhor precisdo, 0 cagador deve encostar a parte posterior da arma junto a face lateral da mascara (0 respirador deve estar posicionado no lado oposto). Em ordem de preferéncia e, se pudéssemos escolher 0 melhor ponto de impacto do arpao, em primeiro lugar viria 0 cérebro. Eo ponto mais mortal do peixe onde conseguimos "apagd-lo", isto significa imobilizé-lo totalmente, impedindo-o de se refugiar nas tocas ou debater-se ten- tando se livrar do arpao. Este tiro é frontal, e atinge o peixe de cima para baixo. No caso do peixe se apresentar de lado, 0 cagador deve procurar acertar 0 tiro o mais proximo possfvel da cabega e, de preferéncia, na metade superior, tomando como base 0 inicio da linha lateral com o opérculo branquial. Devemos considerar que os peixes ndo tém sensibilidade dolorosa. Desta forma, ao serem atingidos no centro do corpo, por exemplo, continuam com toda a vitalidade, procurando de toda forma se desvencilhar do arpao que, por vezes, "rasgam" € o cacador perde sua presa. Acertar um peixe em movimento é mais dificil sobretudo nos animais menores. Assim, os peixes de corrida, que passam velozmente na frente do cagador, a mira deve ser na diregao da boca que, com a somatéria do movimen- to do peixe com a velocidade do arpao, certamente sera atingi- do nas proximidades do opérculo branquial. Deve-se ter em mente que no momento do tiro o brago deve estar estendido e firme de forma a oferecer 0 méximo de apoio e resisténcia ao recuo natural da arma; devido a densida- de da agua, sabe-se que 0 arpio precisa de forga para acelerar e 143 Caga submarina vencer sua resisténcia e, se no momento do tiro o braco estiver em descontragio, iré diminuir sensivelmente a poténcia do im- pacto, ou mesmo inviabilizar 0 tiro. Se o cagador nao puder manter seu brago estendido por alguma particular contingéncia, como por exemplo dentro de uma toca, mantenha-o ao menos rigido no momento do tiro. Disparar a arma muito préximo a peixes grandes, pode ser contraproducente, pois devido ao mecanismo propulsor das ar- mas pneumiaticas, o arpao precisa percorrer um espaco fora do bocal, para adquirir total aceleragdo e eficécia no impacto; as- sim, a distancia ideal do tiro com armas pneumiaticas é de 1,50 a 2,00 metros a partir do bocal. Como ja vimos, a aproximagio € um dos principais fatores de sucesso, quando se pretende obter um bom resultado na caca submarina. Mas 0 tiro Util ou seja, o tiro que serd realmente aproveitado, tem um conceito mais complexo do que se imagi- na. Assim, para se definir um tiro Util, necessdrio se torna consi- derar diversas varidveis tais como: avaliagdo correta da distan- cia, o tipo de arma que se esta usando e a espécie de peixe que estamos querendo atingir. A avaliagao da distancia deve ter em conta o fator de refra- ¢4o da 4gua que tem como resultado o aumento das reais di- mensdes dos objetos submersos. Além do aumento aparente, temos que a avaliacao da distancia também deve sofrer corre- ¢ao, uma vez que os objetos estio na realidade cerca de 1/4 mais longe. Nas primeiras imersdes € comum o mergulhador subavaliar a distancia de tiro, principalmente se 0 objetivo esti- ver a menos de trés metros (para as distancias maiores a altera- ¢ao aparente € menor, principalmente pelos fatores de transpa- réncia e incidéncia dos raios solares). Uma outra varidével que influi de forma fundamental na determinagao da distancia valida para 0 tiro Util € 0 tipo de arma utilizada. E claro que a disparidade de poténcia das diversas 144 ah Caga Submarina > armas disponiveis no comércio condiciona a possibilidade de se chegar a uma conclusio precisa. E também verdadeiro 0 con- ceito que define a espessura do arpao como fator de aumento ou redugéo do rendimento da arma. O atrito da 4gua, que limita inexoravelmente o tiro de todas as armas depois dos trés metros de distancia, influi de maneira determinante nos arpdes muito leves, que dotados de pouca forga inercial, perdem sua capaci- dade de penetragio muito antes desse limite. Por outro lado, um arpao muito pesado pode eventualmente resolver o problema do tiro longo, no entanto esta arma estaré inadequada para a grande maioria dos nossos peixes (2 a 6 kg) e, se considerarmos a caga dentro de toca, veremos que uma arma muito potente fig. 50 - segurar o peixe pela cauda, facilita o trabalho de recuperagdo e embarque. 145

Você também pode gostar