Você está na página 1de 14
INTRODUGKO 1 um lugar comum, hoje em dia, em trabalhos de historiadores, socilogos, exonomistase centistas politicos, que estadam a6 trans- om face dn cise do trabalho esera- tora Srrmagao de que a servidio negra fi substituida pelo trabalho WSalasiado, “Um don mis prestigiosos hstriadores brasileiro, Calo Prado Tino, observa que a lavoura cafecira baseot-se “aa grande Proprledade.mopocutual.trabalhada por ,esravos.negrs,_ subi Migoa mais tarde (...). por trabalfadores.assalarados" . | Mal ‘ante aerescenta que, como abandono do sistema de parceria, @ sarnmncraghe do tabalho 'deixard de sr feta com a divsto do pro- Gato, pasando a realzarse com 0 pagamento de salrios"?. ‘Un sociSlogo no menos prestigioo, qe & Forestan Fernandes, autor do taballos notivels a respeito do negro © da escravidio, Stina qu, com a aboligdo da escravatora em 1888, “as tendéncas Geitciaclyagto da ordem social e econdmica expelicam, de. modo shais ou menos intenso, o:nepro ¢ 0 mulato do sistema capitalista de felagdes de. produgao mo campo” > vas afrmagbes de autores cgsicos da literatura brasileira de citnclan socials, pesqisadores conscienciosos © reputados, que eal sear bomoradat invesigagoes sobre a escravidao e seu desapareci- Jeno, alem de susitaem novos e probleméticos temas para pesquisa, Therm ewdobramento emt tabalhos de autores recente, com um {eoramnis enfatice, Um delesafiema que “com a imigragfo massva, {trabalho escravo cedeu Tugac a0 trabalho asslaiado nas plantagdes Gercate"®, Out, repistra que “ja no inicio da, década de 1880, 1, Caio Prado dtinlor, Histria Eeonsmien do Brasil, * eich, Battora rasliense, $80, Palo, 1961, pp. 160170. ‘R. Ibidem, p- 12. 3. Morestan’ Fernandes, A Integragdo do Negro na Sociedade de ‘ctascr, volume T, Dominus Baitora — Haitora da Universidade de So Paulo, ‘0 Paulo, 1065, p. 20. ee Sengio silva, Expansdo Cofecira ¢ Origens da Indistria mo Bras, ‘autre ‘Alfe, Omega, Sto Paulo, 1078, p. 50. 9 grande parte da nova expansio cafeeira de Sto Paalo, se dava, em Brande medida, com trabalho assalariado” *. E competa, mais adiante, ‘que “o primeiro grande salto da expansio cafecin de So Paulo, entre 1875 2 1883 (...) jf seria feito, parcialnente, dentro de relagdes capitalistas de produgio. .."® Outro. aut, ainda, aliema que “0 momento decisivo em que se consttuiram relagdes eapits- Tistas de produgio na érea de Séo Paulo ocorreu com. a liquidagio final do sistema escravista e a entrada das. grandbs levat de imi "7. O mesmo autor, em outro trabalho, leva essa premissa as ltimas conseqincias, dizendo que da “empresa cafeeira con- ‘entrada no Oeste paulista nasceria uma nova clase assentada em relagées capitalstas de produgS0, com consciéncia de seus interesses f€ um projeto de estruturacdo politica do pais", auretcentando que 8 producto cafecira apoiavarse em bases capitalistas,sendo que, por isso, “as relagGes tipicas entre colono ¢ fazendaro tinham’ este carter" ®. “Ainda esse autor completa o seu raciocino com a consta- tagio de que a natureza capitalista. das relagSes de producto na fazenda de café se expressa “na compra da forga de trabalho — ‘pagamento de trabalho necessirio (salario) — apropriagio do exce- dente, sob a forma de maisvalia, embora 0 salicio provieste de fontes monetirias ¢ no monetésias”®. Um pesquisador j citado completa as suas formulagées, nessa mesma diregdo, a0 indicar que © tabalho livre assumiu, na tubstituigao do escravo, diferentes for- ‘mas #. 0 historiador Caio Prado Jtnior j havia, lds, em vigorosas imprecagées, questionado a orjentacio dos que definiam como feu- dais ou semi-feudais as relagSes de produgdo no campo. Indicava como, na verdade, elagées do tipo parceria e colonato teriam se constituide ‘em variantes de relag6es.capitalisas de producio 5. Wien Cano, Rates dz Conoentragdo Industriel em Séo Poul, Die, lo de JanatonSto Palo, 7h, py 3 6. roidem, p35 1, Bovis Foust, Trabalho Urbano « Confito Socit (189-1920), Die, ‘ko Paulo-Rio do Janae, 178, pM 8, ‘Boris Fausto, “Expansio do café e pollen cafeera", fe Boris aus (org), ston Geral da Crete Braalera, tomo Ii, 1" vole, Dita, sto Paulo, 015, 1 9. Ibidem, p. 190 10, Walon Cano, ob. et, . 88. 11, aio Prado Jtnlor, “ContrbucHo para a andlise de questi agré- nig Bo Biase Rea Brean oh oral 10, 9D 2-216; Calo Prado. nor, €"Rewlusdo. Brastr, HalvorsDralenue, ‘Sto’ Paulo, 06h, passim. A propio dat anise esse auto, el Beas Sout de_Araijoy “Calo Prado” dunior ea quesiso. agrarian "Brat", ‘Tomar de clencias Murnanas, 1° 1, Balorel Gnjabo, 860 Paulo, 197, bp. ao 10 Em anos recentes, tais definigdes foram direta ou indiretamente mareadas c estimuladas por um confuso debate intelectual sobre. a ttansigio do feudalismo ao capitalismo, como processo definidor do momento hist6rico brasileiro, que por’ sua yez justficaria a titica politica de lutar pela remocio dos chamados “estos feudais” que se evidenciariam em diferentes relagdes de trabalho no meio rural, quase todas, de modo. eral, originadas com @ extingo do trabalho cescravo #. ‘A questio da transformagio das relagdes de produgio {oj remetida, pois, a0 terreno cedico do falso argumento de que, ‘Go sendo formalmente feudais, seriam formalmente capitalistas as relagoes de produgio posteriores ao escravismo e amplamente vi- gentes, ainda hoje, em muitos setores econdmicos e regiées do pals. ‘Como obviamente a classiicagio de tais relapses como feudais violava 0 conhecimento que se tem sobre o feudalism, parecendo an- tes procedimento primério e simplistae, por iss0, equivocado, foi qua- se como decorréneia natural que tais situagSes ¢ relagbes passaram a ter a priori definidas como capitalistas ®, esindo-se' no formalismo ‘posto’ multas vezes no ardil de consideré-las formas distarcadas de relagées capitalistas. E claro que tais polarizagies © equivocos ‘ém muito pouco a ver com a reconstruc histérica da realidade muito mats com os dilemas e impasses politicos do momento. Por Jsso mesmo é que trabalhos séios ¢ signifcatives, como os que foram citados, entre outros, acabam, de_alguma forma, marcados por tais dilemas, sem deixar, porém, de expressar as dlifculdades ue tais definigdes envolvem. De fate, & medida que os préprios pesquisadores. descrevem ts relagdes de trabalho que predominaram na substituicio do escravo pelo trabalhador livre, bascadas na producio direta ‘dos meios de Vida necessérios & reproducio da forca de trabalho, jf se constata que tais relagées mio podem ser definidas como capitalistas (nem © trabalho como assalariado), seno através ce muitos © questio~ niveis artfcios. Essa 6, na verdade, uma questio de método. O pprocedimento clastificatGrio descarta ‘a reconstiuigao das relagdes, tensbes e determinacdes que se expressam nas formas assumidas pelo tuabalho. 12, Sobre cue debate ¢ ce seus aspectos mals incusios, cf Cio iamnarion 8. Cardoso e Hictor Péree Brignol, Los Métodce de ta Historia, torial Critca, Barcelonn, 196, ep. Dp. 0-70 nese sentido exereeu grande tnfuéncia foi André xe MOE, Porat, recomsiuy a divenidade de_ mediates © cterminagdes das relegen de proigdo que configuraram @ fepine dg trabalho que veioa ser conivedo Como repme de coisa sob 0 qual durante cerca de um séelo, a hi poucos anos, fol realzada'a maior parte das taefas no interior de Tasende Ge cafe © ‘primeiro ponto, a_ponio ie. putida, &0 de que na erise do. trabalno eseravo foi engendrads ® modaidade de tablio qos ‘© superaria, 0 €, 0 trabalho livre seado essa a sua inca € al adjeliagio. verdade que 0 teoslhador lire je ere conteide amplamente na cocedade brasitia, sbretudo porque, por diferente: ‘cis, muitos nogrs Jt haviam so lertados or sas seshoress ‘obrefodo, porém, porque 0 calito indigena j'hava slo etn 40 século XVII, de que provelo ima extensa’ populaglo de mes. ‘eo deinion ‘ene logo como bastard, gue neem se ganecidos como cablocs eeaipias, peralmente agregadas de grandes fazcndcivos. Tal precedéncia, porém, ndo. deve sr confuniifs com © teabaho live produaido ‘detanente va cise do caver A Presenga quinitativa do homem ive na\sociedade estswera: Dresenga complementar & integra, no fol for de aus, te’ breqaeio. “Na verdade, ese Romum Ive. desagreptrse amen ‘quando o mundo do catvero te eoroou, porque & sus liberdade fra cssencialmente fundamentada a escravi Ye utron © trabalba tive gecadopela ese do eaves diferia qualtai- amente do trabalho livre do agezad, pois era definide por ume nova relagéo ent 9 fazendei € 0” Ubalhador. O.tabsthader live que veio subsite oescravo dle nfo ifetia po eter aivoreads os mtion de produto, caraterteacomum a ambos. May dere ‘nu medida em_ que 0” sabatho Hie se basewva, ou sperscso do itabathador de. sua forga de tbulho.e nea se tundava'a se silo a0 capital persncado no prope da tera Entrant, £ neste pontoo tabathador livre se dstinguia do tabaihador caer: ‘0, mam outro a situacio de ambos era igual Reliome a que a Imodiieagio ocorera para. preservar a economia fandada nex. portato, de mereadoray tropicals, como ‘0 cafe pasos mereasoy ‘metopoitane, e baccada na grande propiedad’ fundtia 14, agora, nese momento que nos oatpa, pars at prosir café, ammo no pass te profiare tgdca, apelarace pare a ioireeto care: Pia cn dantes ae secre ao tetiodafcnnn. "0 alea® pereaneca {undamentaimente © meso, es, berbetunya Roe ‘nowotestror sherioe ‘ara a cltrn do care pelaautelasgso do trifen plana, do (eraro, srieano ‘pelo imiganto eeropea” “Cf ‘Caio "Frade Sisier Sh Imigracso brasetre-no pastado » ‘no Rar Becapdn Petia do Brant gh dator itudon, edi, iors Brains Un, le Pat, Tit, 20 “certamente nio'e'a menor dae inlay i Matra {to de gos, unndo tinier em mas finaitente cing, el ns 2 A_contradigio que pemeia a emerpincia do trabalho livre expressi-te na transformagio das relagdee de produgso como meio para preservar a economia elonial, isto 6, para preseryar 0 padrio ‘de realizagio do capitalisme no Brasil, que se definn pela subor- ‘inagio da produgao a0 coméeio, ‘Tratavaae de mudar para manter. Convém, a propssito, er presente as insstentes referéncs ‘de Marx a personificagio do capital na pessoa do burguts ®, susci- ftando um tema que, mais tarde, seria retomado por Weber na lanilise do esptto. do capitiismo. °O problema da" personiticagao do capital no deve ser desartado, muito a0 contrisio, sua const Aeracio & indispensivel para entendermot as formas mediadoras reprodupio do capital. Entreanto, se eseas formas slo 0 ponto de ppartida ndo podem ser ao mesmo tempo o porto de_chegada. da fanslise, dado que sede um lado temos. exprestSo. dat relagoes, {de outro precisamos ter as rlagtes explicadas, Por outro lado, & fungio da’ forma é a de reves de coeréncia aqulo que ¢ coatrad trio e tense. E por isso negagio mediadora das relagoes, que express, ‘A personiticagio do capital no burgués acoberta as rlagies que ‘engendraram esse mesmo capital, revestndo de uma lineardade ulo- pice a descontinuidade tensa em que se dia exploragao do trabalho, Ora, 0 capital comercial também se. personifiea no burgués, que ‘sume sua racionalidade nn busca ‘incesante do Iuero. Nessa condigao € que 0 fazendeit do café entrava na tela de relagbes produzidas pela sua mereadoria tropical, E significative, como vere. ‘mos mais adiante, que a sus contabilidade fosse toda organizada com base nos livros de contas-correates. Difciimente 1 pode em contrar referéncias a uma contabilidade de custos nas fazendas dessa época. Tso basicamente indica que a racionalidade do capital perso. niffeada pelo. fazendeiro esgolava-te no nivel da circulagd0. daa mereadorias. Inert, simplesmente, as relagies de produglo ‘ot ‘qualificé-las com bate no capital personifieado no fazendeiro, € wm Procedimento que necessariamente acoberta real natureza do tra. bao nas fazendas, levendo quase inadvertidamente & definigto das suas relagdes de produgio como eapitalistas Tal fato constitu 4 projecio do capital personticado sobre as slagies de que tal capital resulta, “O importante, porém, & desecrit que forma de capital 0 fazendeiro personifcava, ‘As ‘elagdes sociais que engendravam o tizendsiro-capitalita ‘lo eram estritamente a relagées de producio nointerior da fazenda, ‘mas também e signifieativamente as felagSes do roca que ele mani: ‘ha fora da fazenda com os comissirios de cab e, mais tarde, ja no final do século XIX, com o8 exportadores ®, por essa Tazo ‘que a transformagao das relagdes de trabalho n. eafsicultura ovigh rouse na esfera da circulagio, na crise do conércio de. escraven, que produsia os seus efeitos mais drdstcos no Brasil a parti d¢ 1850, quando © twéfico negreiro foi definiivanente proibido, “A Ihegemonia do comércio na determinacio das relagSes de produgio colonia, ‘nee cso pacar, deve ser rsa, economia ilo se define. apenas’ pelo. primado capitalista de coagir © trabalhador a ceder a sua forca de trabalho em termos de uma luoed aparentemente igual de ealio-portrabalo. 34 que 1 sujeiglo dda produgdo ao comercio impunha a extraglo de ero antes. que ‘0 abalhador comecasse a produsit, represeniando, pois, um diane {amento de capital, ele no enteava no procesio de trabalho como vendedor da mercaderia forca-de-tabalho e sim disetamente como Imereadoria; mas, no entrava também como capil, no sen {ido “estrto, sim como equivalente do capital, como renda capitazada, A exploracio da forra. de tabalho se deter minava, pois, ela taxa de juros-no mercado de dinhelro, pelo femprezo alternative do capital nele investido antecipadamente, isto 0 cilculo capitalista da produgio' era mediado’ por fatores © felagdes estranhas & produ. [esse sentido, as.lagies_de_produgia.entre_a.senhor © 0 sseravo_produziam, de um'lado, um capitalsta muito especifico, ‘para quem a sujeigdo do trabalho a0 capital nao estava principal” mente baseada no monopdlio dos meios de produsio, mas no mono- polio do préprio trabalho, transigurado em renda capitalizada, De futro lado, essas relapses, sendo desiguals, nfo. sendo fator, mas condigéo do capital, prodiziam um rabalhador igualmente especk fico, euja.ginese nfo era mediada por uma relaeso de troca de ‘equivaleates (aio era mediada pelo fazendeiro-comerciante), mas fer mediada pola desigualdade que detivava direamente da sia condisdo de renda capitalizada, de-uma sujeigio previamente produ 15 ‘prtanioy como ma. modalidade tp baseadadireta'e-prevamente 48 suelo do uabalo, através do abalhador, a0 capital comercial Tal como acontece com a_popriedade fundira, 0 tabalho fo € produto do proprio trabatho, nto tem valor embora a pessoa do-trabalhador posa tr prego no Yepie escravista om a sa forge Ae abalo posta ter preg n0 regi de trabalho asaarindo, Neste Simo, 0 prego. da forga de trabaho. do opersio'€ medida pelo tempo’ de tabalko necesito haus reprodugio como tabalhador Jno ¢, o tempo representado pelo aot edado qe reorna 20 ti bahador sob forma de mci de ida, J& soo trabalho acre, én do tempo de tao necessixo 4 reprodusio do tabslhador lprecno anteciar mm parte do ser tabelbo excelente par pagar So taficate 0 seu no, nua exphracio. como produfor de valor Mas, do mesmo modo que na fends terior captalizada, © pro: Prieto experaexrair do seu esravo umn renlimento exonOnico que E neo pelo Toero méio, que ew a0 menos equivaler ao rear Iento que seu dinero Ihe daria se fsse apticado em outro neécio. ‘Arexplorasio do esravo no proctsy prodtive Je ext, pois, prece- dida'de parimezon c relagdes comercias gue a determina. Fisa exploragio no sbrangs apenas hero médio, mas também a fonverio do copia cm rendn capalzad, a parcla do excedete ‘que 0 exravo. pode ‘prodvrir_e que ¢ antecipadament papa oo Imereador de esoravos ‘A eocrego do eativiro encaregse de tans, ferr para © proprio ecravo 0 Gnas dese trabalho, Bese modo, 9 regime esravste apdi-se'natanferénea.compulsia de trasfho txcedente, 30 forma de capital comercial, do proceso de. pro Seto para @ procewo de chculeio, insisindD a sujet da produsio ao comercia. Envctano, como 0 ero. do faztndetr ¢ Fepilado pelo lero médio,o seu caivo no representa uma fo pre-capiatsta de ronda ~~ tratase efivamente de rend, capital Fada fog expla eds, end qu eevee oh fore fe lus, Examen eo farendeo nto pode set sini como um rents de tp fen um consmidor de tends Para ser langado nas slags scisis da sociedade excravocrata, « tabathador ea despojado do toda © qualger propria, it slusve da propriedade' asa propria frga de taba. Dives. Inente do-que so di quando a produglo & cretamente ornizade Feo cal ("no pl ei 6 en), gue abchader Prescr Ghica propdade gue pods tr que 2a da\mua de trabalho, condigto para enttar no mercado com vended des mercadoria, esse despjamento absoluto € & pré-condigao para que ov tabalhador aparya na produgio como crave. “Por iso, 9 16 advento do trabatho lve, coporificado na imigsagfo, nto fol pro- iso faa pra ose onal ear quem for eereo, 2 orimigrante earopes. Com ele. primeiro ganhow «proprio: Eade ‘da sen focca de tmbalho; enguanto o segundo, expulso da terra liberado Sowers oe (© captalsmo engend rights de. producto. niocapialisas como. reais part ara sum- propria expansio, como forma Gr pwnne produto nfo-cpiatina do capa, nagucles lugares & Rote: sees de economia. que se Vnelam 20. modo csp ult SC protugto. times Gas selgies comercas. (A prime tape da ekpansto do capitalism € 2 produto de méreadodas & Sa necesarlamente a provugo de rlagdes do produ expt Gipeouese que isitn\e eine + formacio econdmico-social capita. Ped mefian Se dfsentese contlrios momentos articladoe ‘eit 'num tes temon 2 produpio da mercadriae 2 produgao eth vals orgies de um modo caratersicumeate capital ominado. pela matcratia rave, mum oulo temos a cirulago {e'meradona, sabordigada 2 produgio, num outro tems & ro ‘ilo subordinada circular Mas, esses momentos eto arti Salads entre si'nom neo proceso, embora possum star dis ‘Sinides por espagos dierent Exon, portato, trabslhando, com Tremink do que mereadoia dum cardtr mundial so capitalism. A2'sneano toto o meu Into 60 de ir além de procedimentos “re anspantam Go plano telco para'© plano pico da fesldade istorea a clapas da tansforagto soil. Marx Eedoalog, cm mas de wma ocaif, 9 questo do fo, dss ras- fonmayoes Htgries com 0 sdvento do' capitalise, indcando. que ‘Situyees captains de prodogho, ume ver instarada, se dis rminam pouco a pouco, de forma até impereeptivel, como se nenhuma transformagio estivesse ocorrendo™. O problema do ritmo e das formas de disseminacio do eapitalismo é a relerincia mais funda ‘mental deste trabalho, ‘No Brasil, 0 estabelecimento das novas_relayées de producéo ‘combinou-se com @ imigracdo de trabathadores etropeus, como re- curso nio 36 para constituir @ forca de trabalho necessaria & cultura o café, mas também como recurso para pér no lugir do trabalhador calivo um trabalhador livre cuja heranga nao fosse a escravidio. Mais do um milhio e seiscentos mil imigrantes viram para o pais no espago de pouco mais de 30 anos, entre 1881 © 1913, a imaioria dos quais para trabalhar como colonos nas fazendas de cate Devido justamente 4 modalidade das relagbes de produgao al vie fgentes, m0 chamado colonato, a imigragio.constitau um requisito dde importagao constante e maciga de tabalhadores em grupos fami liares. O eolonato diversamente das relagies de producto caractersti ‘camente“ capitalists, criou uma subpopulagdo reltiva no campo, que tomou a imigragio subvencionada pelo Estalo um dos. seus ingredientes bésicos. 28, “De outro Indo, as mesmas clrcunstincas que determisam 9 candigio fundamental” da produgso capitate, —m exiléncis “de Umma ‘Ghise tabainadora stslaruade —exgem que tola «© produglo do tact ‘dries Sagara forma eapltalsta, didn, que esta’ oe desenvaie, de frepoe'eisealve todas as formas anterores ae produto que, diigldas Drefereociaimente para 0 consumo aeeto do produto, somente tansformam fm mereadoras es tebras da produgde. A. pradugio capitalise. de. Tete ‘ore fag cn. vend do prouuto 0 interere primordial, sem it, 0 Drincipo, so aparentemente fete 0 propio mouo de produraa.<{.) {Comore ‘generatzando.produgio de" mercadoris logo vat canine Tanda, pouco’e pouco, toia s preueto de meroadoriae em Drodugho Gapltlita” CE Caclee Marx, BI Cepltal, tty tmo Bf, p3t 2 A METAMORFOSE DA RENDA CAPITALIZADA E, ‘AS FORMAS DE SUJEICAO DO TRABALHO NA GRANDE LAVOURA A renda capitalizada foi a principal forma do capital da fazenda cefesira tanto s0b-0 regime do trabalho escravo quanto sob o regime ddo trabalho livre. Por isso podia, a um s6 tempo, fazer d ‘um empresirio-capitalista e da fazenda um empreendimento baseado principalmente em relagSes nfo capitalstas de producio. Parece-me ue os principals autores que se dedicaram ao estudo da economia 40 café, na tentativa de definir cariter capitalista da produgio cafeeira, nfo lograram de fato dectrar contradica capitalstas da atuacio do fazendeiro ¢ as relagées niio capitalstas dda produgéo do café por nio terem inclufdo em suas anélises a problemitica da renda capitalizada, isto é, da metamorfose do capital Ro seu oposto ainda que mantendo a aparéncia de capital. "A palavra “fazenda” tomada no seu sentido eoevo, © no no sentido que tem hoje, teria ajudado a chegar a esse ponto. De fato, fazenda” significave 0 conjunto dos bens, a rigueza acumilada, significava sobretudo os bens produzidos pelo trabalho e 0 trabalho personificado no escravo. Estava, pois, muito préxima da nogio de Capital € muito longs da de propriedade fundidria, que ¢ 0 sentido que tem hoje, Um fazendeiro fluminense no século XIX, grande Cafeicultor, 20 dar um balango dos seus bens falava no’ “estado dda_nossa fazenda", incluindo no inventério objetos que ninguém hhoje em dia associaria & concepcio de fazenda. Um comissério de café dia em carta de 1864 a um seu cliente no Vale do Paraiba que “zelo sempre com muita solitude na fazenda de meus amigos © comitentes” #, Referiase, pois, aos bens do fazendeiro depostados 24. CE Alves Motia Sebrinho, A Ciettapdo do Café (1420-1620), Ral- tora Bistiense, Sto Paulo, 82, P15. 23 fem suas mios — elém de dinheio, café © outras mercadorias — ‘0 que hoje se chama capital de taceiros. Fazendeio, als, signi ficava desde 0 século XVI, pelo nenos, o homem que administra a riqueza, mesmo nfo sendo 6 propretirio dela. Someate nos tltimos fom anos € que a palavra perdea a soa antiga conotacko para significar estrtamente o proprietiso de terra, o lalifundiseo Nas diferentes anslses obsewarse, em geral, que, as formas 0 capital sf0tratadas como se conatituisem uma nic “uma fespécie de capital genérco, que 1a producio no podia originar Sendo relagdes captalistas. Tss0 inposiblita que so estabelega qual © vineulo entre relagdes de prodvpao, que por suas caractersicas rio podem ser clasificadas como captalisas, © 0 capital. Por outro lado, a definigio da escravatura no Taifindio cafeeiro como simples institugdo, devido A difcullade de conceitus-la como modo ‘de produgio escravista®, pode ter como wma. das implicacoes a redugio do problema do eseravo e das relagies de praducso. 8 xu mera expresso jridica, sem aleangar as bases concretas e histricas Entendo, pois, que o ponto nuclear da andlise das relapbes de produelo no! café estd em identficar as transformagdes ocorridas fom a renda capitalizada eo seu vineulo com as transformagées {do trabalho, ‘Durante a crise do tiabalho servil, 0 objeto dn renda ‘apitalizada passa do escravo para a terra, do predominio num para © outro ‘De fato, na viggncia do trabalho eseravo a terra era paticamente ‘destituida de valor. Genericamente falando, ela no tisha a equi leneia de capital, sleangando te veves um prego nominal para efeitos Dritizos, sobretudo quando pequenas indenizagSes eram oferecidas 4 posseires encravados no interior das sesmarias, pera pagamento de Seus rogados®, Iso porque a ccupagio da terra obedecia a dois Caminhos distintos: de um lado © pequeno lavrador que ocupava terras presumivelmente devolutas; de outro, © grande fazendeiro que, por via legal, obtinha carta de sesmarias, mesmo em areas onde a existiam possiros. A carta de sesmaria tinha precedéncia sobce 25. Maria Sylvie de Curvatho vranco omens Fret na Ordem Bora oot, ty BIL Maia Stella’ Maring Bressanl mentariontendéncaa itmaree “Cl? iSpramento de mlo-de-obm pars 8 ancl! um doe 4 fender lstrion dn abel", Rewta de Bt, ‘a Lit, sno XXVit, W108 So Pano, sono de 17, eo. bp. 38 «2 28. SCuja pase de terms cath dentro da seamara qe a ta snore wou 2 Pera posslr um so (-) dentty Stan do ‘CeptsLits Sand Rerare de Qucrar "Cl. Galo Perea de Gtr, Be ese” Paste 0 Stevo ix, Conano Badal de Cute, m ‘4 mera posse, raxdo por gut em goral o sesmeiro ou comprava a yoga do oeupante, ou 0 expulava ou 0 sncorporava como agregado ‘de sua propridade, Quando a presenca de posseiros era muito fande, a desccupacio da tera podia ser onerosa, no compensando 2 confirmacio da sesmaria jt obiida™. A aplicacto de dinheiro na terra envolvia um grande rio por falta de mereado imobiltio Sendo as terrax devolutas abundantes, mesmo apés a extingdo do regime de sesmarias com a Independéncia, a ocupasio era expediente simples eficaz Em 1882, a Asociagio Comercial de Santos estimava que, do valor de uma’ fazenda de calf, uns 20% poderiam correspondr & Avallagio ‘da terra, Mas ¢"bistoriador Taunay assinala- que. as tvaliagdes inventarias impatavam ao terreno preges meraments. no- minais, nfo realicives. Quando muito iferiores a essa estimativa ®, ‘Mais valiowos que a terra eram o: excravos2®. Isso porque “antes {do séu aparecimento ali 0 valor venal da rerra era mulo. Assim, fa fazenda nada mals represeniava sendo 0 trabalho eseravo acum Tada” (grifo. meu) Na verdade, tinha valor bem sujeto a Ccomérci coisa que com a tera ocorria apenas limitadamente. Esse Tato marcari, como veremos adiante, a histbria do eafé posterior 2 tholigio da eseravature. A fazenda consisia, pois, no Conjunto {dos ens essencialmente.consituidos pelos frutes ‘do trabalho. Ese trabalho era, como sabomos, trabalho compulsirio. En- tretanto,o earater compulséro do trabatho nao provinha da escassez fagoluta de mao-de-obra, mas do fato de que a oferta desses traba- Thadores no mercado eta regulada pelo comécio negreiro™. Dat 1, Djalma Fuias, 0 Sonador Vepuaro — Sua Vide e S10 Ep0cs, 1, Companhia Melnoramentay de’ Ste Pale, Sto Palo, 1802, p17 ae B, Van Dedden Laure, Le Brés et dava:, Rapport cur La cure du Cafe en Ament, Asef afin, Mavs Not Called ‘Sin ta nage 0h. 96 fara Mhaoes unk, Ferner, do Cello rast, ep: hain tits hors ait, "Unm praueneropriciade pro- uta eeate, cm Giarninguld, ‘no séulo XIX", tO. Cale =. Ancts SO°TP Cimartea de ‘tire te $30" Pana, Cteghe Ga "Revista de ‘tae, So abe ‘So Paato, rs, ph ‘i, ef, Masa taire ere do Qucvos, “A earatinieasso « @ mo- bande Soci nas comunidades ngrivns do. Vale dn Paral ence 180 Suiits, im Revtate ae Mitra, So fn" 2, tao Pasi, abeljunba de {typ 186 "vsto“que a arta igen tecupdada pels gros tne ‘rmfamenie un tle vena! quase nile «fawenda, no seu woo etal, ‘apreceia, poisabutho sereso ecu Louie Couty, ade de Bio: {Dpie Indust arte ape ety 8 “rt umn das nn importer impinges oa qforeviaio 6 que stem imereantl expands cndiclonsdo © uma" fonts eterno 25 decortia a um s6 tempo a cosrgio fisea © a ccasser relativa de Uwabalhadores Portanto, of mecanismos reguladoes. da organizagao feconfmica da fazends, ‘io dependiam imodistarente da oferta e procure dos bens por ela prodtzdos, café ou caa, mas da oferta © procura de trabathadores'cativos. [Nese sentido, o principal capital do fazendei estava investido nna pessoa do escravo, imobilizado como renda epitalizada, isto é, Utibuto antesipado 0 traficante de nogros com bate numa probabi- lidade de ganho futuro, O fazendeiro comprava a capacidade do ‘scravo erat’ riqueza. De fato, a teva sem inbalhadores nada ‘Tepresentava em fermos econdmicos; enquanta iro, ndependentemente a terra, 0 tabalhador era um bem precioso, (© excravo tinha dupla funciona economia da fazenda. De tum Tado, sendo fonte de tabalho, era o fate privilegiado da rodugio, Por esse motivo era também, de outro lado, a condicio ppara que o fazcndeiro. oblivese dos capitalistas (empresadores de Sinieito), “dos comisssrios (ntermediérios na cemercializagao do ‘eafé) ou’ dos bancos 0 capital necessirio seja 20 casteio sci a ‘expansio de suat fazendas, "O eseravo era o pentor de pagamento dos empréstimos. Por isso, praticamente todo capital de custeio provina ‘de hipotecas lancadas sobre a escavaris das fazendas*. TFendo o fazendeiro imobilizado nas pessoas dos calivos 0s seus cepittis, transfigurados em renda capitalizads, sabordinava-se uma Segunda ver a0 capital comercial, mediante emprésimos, para poder por em movimento os seus empreendimentos ecovdmicos, inclusive para promover a abertura de novas fazendas © adguirir equipamentos Se beneticio. Ese fato eve significativas implicagdes na economia do café. Quando foi proibido ‘0 trafieo negreiro, houve uma acentuada € ‘compreensivel elevario no preso dos escravos. Um levantamento de primento de trabalho ¢ sto nfo por rates do umm perene carta ‘kta -"attin"gyn, de carrie, Panes ob ees id Pare FEZ uol'e Sla‘e contin” Sursando A Nevain arstare © ‘Dingmica “do” Antigo “Sitema Colonial (Seeulos XVI-XVIi), edi, cbr, Bo Pao, as, pan "Bec, ase cou? Foinshes Sovloiqe: Le Brést 1886, Pro Sumy, a chop 16 eit Gy, Wes Deen lari ht Ot rivet 5, “anmia coilgery “A Pollten Monctare” do” Brest find" ihotis Mesias Reto, Compenin.‘chorn Nacional, Sto Paulo, iim, prion, 9k Ves castro "Um fmndevo so pasa We amiata en" Argise snip," apo" Volume “RCV, ‘Depa. 6 Gaia So Pad” Tabo-geio ee HA, Be 3B 26 pregos realizado junto a érea de fazendis novas, no ceste paulista, presenta © seguinte resultado: Prego médio do escravo — 1843/1887 Perfodo Prego em mieréis 1843 ~ 1867 ose ‘$0000 1848 - 1852. 498500, 4853 = 1857 2. : 1:1775500 1858 - 1862 rs 1:8405000 1863 = 1867 ©. TINT :an7s000 1868 = 1872 1.792850 1873 - 1877 20768862 1878 - 1882 1:8825912 1883 — 1887 ee overs Fonte: Warren Dean, Rio Claro — A Brasian Plantation System, 1120- My aes Com a cessagio do tific, os pregs se elevaram 1 quase 0 dobro. Como 0 prego do escravo era o fundimento das hipotecas, ist0 representow desde logo um grande sumento no. capital disponivel para os fazendeiros, renegociado pelas casas comissirias junto 20s bbancos. Esse capital, aliés, provinha da propria desimobilzagao de recursos antes aplicados no trfico negrevo, como observa um dos Imalores empresirios da. época™. ‘Tudo indiea que essa expansio de oferta de capitis é que explica » intenificagio do. avanco dos cafezais do Rio de Janeiro robre os municipios paulstas lie twofes a provincia fluminense, no Vale do. Paraiba, jf que um ‘ispostivo legal circunserevia os empréstimos hipotecdrios & regio ‘do. Rio, de Minas, Espirito Santo edeeas préximas. Além desses limites, os eomisstios Sozinhos ou os eapitalsias individvais tinam ‘que arcar com os riscos de adiantamentos em dinheir.. Tals recursos {arantiam a Importagio de escravos das provincias do nordeste © ‘do sul que vinkiam suprir a erescente demanda das éreas cafecras ‘Ao mesmo tempo, porém, os fazendciros © 0s comissérios sa- biam do ‘aréter conjuntural dessa situagio favorivel. A. possbil- dade de crescimento da oferta de mio-de-obra era visivelmente limi- {ada e a curto prazo e, por iso, desproporcional ao erescimento da ‘conomia eafeera, De fato, a expansio do crédito, que aparente- ‘mente beneficiava a producdo, encerrava uma contradigho: a elevagio 34. Visonde de Maus, Autobionrafia *Espodede aot eredores e 0 vie, ages de Ouro, lo ae dunelo, IbHe, pe 12 Stanley’ Sain Grande’ @ Decedfncla do Cajé no Vale do Paraiba, tad, Bight Meh Tes, Batre Baaienss, Pato, 196, pp. 2-20 21 do prego do escravo incrementava a bas de obtengdo de emprésimnos hipotecdfios a0 mesmo tempo em_ qua expansio dos empremndi- rmentos cafecirosficava na dependénciale uma maior imobiizao de Situagio, portanto, nio beneficiva ofazendeiro, mas sim 0 tali- fants, inefementahdo 0 tibuto que x produgio devia pager 20 comérco. ‘A dupla funcio da escravatura, ono fonte de trabalho e como fonte. de capital para o fazendeiro, sucitava, na eonjuntura de ex- ppansio do crédito e dos eafezts, roblema de como resolver a Contradigso que nela se encerrava’ Obptivamente falando, a solucho Incvitivel sera a aboligo da escravatun. Com a demanda eresente e trabalho escravo e conseqiente ebvagio do prego do cate, ‘os fazendeiros teriam_ que imobilizar parcelas cresentes do seus readimentos monetérios sob a forma de reada capitalizada, pagendo 408 tafcantes de negros um tributo que crescia desproporcionalmente rmais do que 2 produtividade do taballo. Esse clrulp vioso atn- ia dictamente os elementos do cilcalo de lucro. do fazendeiro, ‘Quo se norteava menos pela avaliapio direta ¢ explicit de eustos {do que pela comparagio’ dos seus rendimentos liquldos com a taxa ‘de juros do mercado de dinheiro®., ‘Segindo essa orienta, Deen ‘Lagrne’estimava que jé em 1882, seis anos antes da abolicéo ds cacravatura, 0 resultado liguida do. empreendimento cafeeiro corces- pondia a uns 85% do capital invesido, quando a taxa de juros aga pelo mesmo fazendeiro oscilava enire 10 e 12% 20 ano™, ‘A consequéncia deta desse fato foi a intensfieagdo da Jornada’ de ltaballo do escravo, aumentando 0 nimero do pés de café que Teabalhador devia cuir Entretanto, a aboligfo da escravatura no envolvia apenas deso- nerar a fazenda da renda capitalizada, do tributo ue ela pagava 0s taficantes de negros ‘para obter’ a sua mlo-de-obes. "Tudo indica que tais problemas jé‘eram prevstos por oeaiao de oficilizar a cessagdo do trifico negréiro da Africa para o Brasil em 1850, No ‘mesmo ano foi promulgada uma lei que previa o desenvolvimento de uma politica de imigragie de colonos estangeiros, sobretudo curo- ‘Mertra de Csato iia, Tuubal, 6 de outubro de 166, oped’ Ares ota Sebranho, ety Ms" eC P Wah Deiden Lacroe, ob, it, p18. Bt. foidem,p. 80 0 254-255. 8 peas, que produzis wna feta de tabaledores lives nas épocas Ee motor Jemanda yr pate das fazndas de café. Mas, ampia fn etn dee no ft egcanene jor dns tcupagto por parte Os intereseados,podeva te constitu num grande Snitave ndo 20-1 ibnagio dos esravos como a entrada de trabae Thadores lives de wigem entangsin =”, Asa Tadependéaca, regime de sesmarias (um regime de concesio. de tras devolias a pariculares beac em Tegasitos que aifcaltavam a lgalizagto {kocupagio indiscrminads dor terenoe) oponha um obtaculo 3 fnera eeapacio. A vat de entio, porém, fis diGeuidades. dea {im de exis” Somente em 1850" que 0 govern legs sobre ‘ asunto, estpulands que a tera devoluta nao poderia ser ocupada por out titulo que nfo fisse 0 de compra 1H abundants sndcages de qu tals precitos no foram res peitados. "Os ocuputes de eras ¢ os possudores de tulos do SSomanas fleam syjitos A lgitimagio de seus dititos, 0 que {oi feio em 1854 raves do. que ficou conkecido como “registro fron Tal retro validava ou revaldava. a ocupanie. de {era até essa data iso nao Smpedia 0 surgimento de wna verdadeira Instn do faluificarto de Uitelos de propriedades, sempre datados 4 cpoca.snteor a0 reps. paroqual, registrados em cartrios ‘cat, geralmente mediante seborno tos eserves notrios ATE St‘ peintins decadar dene seul” cscs documentos cxavam na ‘au! de grandes conflios de terranes fentes loners de So Polo. {Tis procedimentos, porém, eram.geralments inacessives 20 antigo tecravo ¢ a0 igri, seh por ignordaia da. pratca excuse por faa de recrsce fimanceos para. cobrie_dspesas jigs Sibornar_atiordades (cosh despenis efam provatelmenta Tim fm rlaglo A extensio e 20 vlor potncial dat tereas glass, mas tam também dsproporconai oe anos do traathador sem recurso). 7 imposibiidade de ocupasio sem pagamento das tras devo- lita, recava as. condiges Ge sujeig’ do tabslho. que. despa. teceriam com 0 fim do eativero. Mas, nfo reolia outro problema je preocypavs o fazendsro em ial extenio: uma nova gare Decitio, cap, IV" wPaucn de tras no Dale nor Bends Unica, iol Gao, io Palo, ot p16, nbors, ho sorte estlsadresbratern_ent gue 5s Wie fendrn do seou9 DE 2» Formalmente, a legislagio territorial acentuara as garantias de negociablidade das teras. Mas, isso nao revogava « desimportancia {do mereado imobilério em face’ do mercado de escrivor. Em 1873, © governo estendera_o crédito hipotecério a todos os municipios do Estado de Sio Paulo, Parana ¢ Santa Catarim, tendo como fuporte a fazenda, representada sobtetudo elas plantagoes e pelas instalagdes ®. Esse procedimento 6 seguramente ums das eausts da intensifiagao da expansdo do café em direcfo_ac este de Sio Paulo, para a regiio de Campinas ¢ mais além. Esa expansio tem sido aiibuida exclusivamente & mentalidade capitalista dos fazendeiror do oeste, em contraste com seus iguais do Vale do Paraiba, que ro posstiriam tal aributo. bem verdade que na regido campineira desde 0 século XVIII havia surgido uma elite de plantadores de ceana-de-agicar, senhores de engenho, na qual tem origem algumas das. principals’ fortunas modernas de Sio Paulo, Entretanto, a substituigao da cana pelo café demandava capital, Os senhores de fengenho mais abonados preferiam, no entanto, invesir seus capitals no comércio © alo na agrcultura, proeurando incrementar ses Iucros nos setores intermedirios ®."Todavia, tanto os fazendeiros de cana- dde-agcar do oeste quanto os fazendeizos de café do Vale do Paratba ependiam do trabalho escravo ¢ estavam, portanio, basicamente sujeitos & mesma forma de capital: a ronda capitaizada, Person ficavam, tanto num lugar como.no outro, o rentsta e 0 comercinte Nao s6 no oeste, mas também’ no Vale era possivel encontrar capitalistas atvos, cuja orientagio de modo slgum se baseava numa Vinevlagio emocional & terra'®. Por outro lado, tanto no oeste quanto no vale era possivel encontrar na mesma época escravisas empedernides. Avextensio do crédito hipotecério a todo o tertitério paisa, ‘com base. agora nos iméveis, abria assim a possbilidade de substi: tuigio do escravo no 56 como trabalhador mas também como fonte do capital de custeio. Entretanto, quando as primeitashipotecas foram execuiadas, surgiram também as primeiras dificuldades com essa inovagio. Os comissrios, os bancos, os comerciantes no esta- 48. CE ©. P, Van Delden Laeme, ob ol pp, 569-04 41, Gt Sinrren Dean. ito Claro’ — A Branton” Plantation Sprtem, eon uniod Uvisty Pr, Stal” Cly 1p. 3 “G. Shania Teress Sehorer Pessone, O Bardo dé, Iovoye. (Um empre~ sario aa) epoca de Independencia), Compania ‘eters ‘Nasonal, Sea Paula 170 ‘S. Bobre o& negicon dos fvendeos-captalistes do Velo do Paraiba, sf, Alva Motia“Sobrinho, 4. Chllzapdo do Gofé, ob, elt, pesim; carila Pens de" Quel, Pide"e-Morte ae ume Cepltéo-for, Conelto’Eetadsal 4" Cute, Sto Paul, 1808, passin, 30 vam interessados em se tomar fazenéiros. Alguns alegavam até {que nem mesmo sabiam como lidar com uma fazenda de café, Os proprios comissirios haviam teaballado pela eriagio da carteira hipoteciria do Banco do Brasil. Mas a legislagio estabelecera “a ijudicaco forcada do imével penhoraé> e executado ao etedor, na ‘ima praga de liquidago © na austnda do licitantes” ®, Ora, Solugio. nfo interessava aos eredores dos fazendeitos.insolventes, dado que o que tinka curso no comério © que era o objetive de todo 0 aparato, era o café, a mercaloria em condigdes de. ser comercalizada, ‘Obtiveram com. isso, m 1885, modificages nat leis, de modo que, no lugar da hipoteca do imével, Thes fosse garan- tida a penhora do frto pendente e do fro colhido', Essas.alte- agOes eram necessirias igualmente porque, como se vé no. quadro anterior, a queda no preco dos escratos, ante o fim previsivel © Iminente do regime. servl, diminaia a capacidede dos azendsiros levantarem capitais junto a seus eredotes em proporga0 a0 volume de seus negocios.” Basicamente, as relgGes comerciais tendiam 's

Você também pode gostar